A antagonista - Capítulo 34
Uma ventania
fria varria a noite no litoral. O céu estava estrelado, brilhante como um
trilhão de vagalumes a iluminar a grande abobada noturna.
Branca, Hellen
e Pierre jogavam algum tipo de jogo sentados na beira da piscina. Gabriele
continuava na água, mas acompanhava o entusiasmo dos presentes que apostavam o
precioso vinho do chef de cozinha. A neta do barão não aceitou o convite, pois
temia perder a cabeça como ocorrera antes.
O lugar estava
bem iluminado. As luzes de led faziam efeito aconchegante e diurno.
Os garçons que
serviam no local já tinham sido dispensados, apenas os presentes cuidavam das
bebidas.
Deu algumas
braçadas, nadando para esfriar a cabeça. Seu corpo ainda estava muito sensível
após o diálogo que tivera com a esposa. Já fazia um bom tempo que ela fora para
os aposentos e decerto não retornaria.
-- Vamos, mon
ami, prometo que eu mesmo te levo ao teu quarto caso fique muito bêbada, assim
não terá a baronesa a te recriminar...—Gargalhava. – A ruiva parecia uma virgem
que fora tentada pela própria Afrodite...um drama só...será que você estava
nua?
Hellen também
ria.
-- Ora, não
creio que a Ana Valéria se passou para isso? – Branca provocava. – Irritar-se
por encontrar a esposa em um corredor sem conseguir abrir a porta do quarto...acho
que tem medo de não resistir ao seu charme.
Gabriele
recriminou-os com o olhar de advertência.
Graças aos
céus a empresária tinha deixado a área da piscina meia hora antes, afirmando
que iria colocar a Luna para dormir e desde então não mais retornou. Sabia que
ela ficaria furiosa se ouvisse aquelas insinuações.
Em parte,
ficava feliz por ela não ter retornado, mas também havia a decepção, afinal,
não podia negar que ficara ansiosa com as palavras que trocaram na piscina.
Queria-a, isso
era algo que estava bem resolvido em sua cabeça há muito tempo. Sentia-se mal
por ter agido de forma tão estúpida e não podia negar que temia que a esposa
deixasse de amá-la devido a isso.
A Wasten
estendeu uma taça para a jovem.
-- Não seja
boba, querida, às vezes para enfrentar uma fera como a Del La Cruz, é
necessário um pouco de álcool no sangue.
-- Eu também
acho, eu mesma beberia todas e depois iria confrontá-la. – Hellen falava sem
segurar o riso. – Assim ela deixaria de ser tão dona da verdade.
Gabriele
olhava para o líquido vermelho.
Talvez, isso a
ajudasse a dormir naquela noite fria. Sempre era difícil conciliar o sono.
Acordava inúmeras vezes assustada, temerosa com toda aquela situação.
-- Beba! – O
chef de cozinha insistia a lhe entregar o copo. – Faço um brinde a sua bela
amada.
Mesmo
relutante, aceitou a bebida, mas dessa vez tomou-a devagar, parecia temer
embriagar-se rapidamente. Gostava do sabor das bebidas do amigo, porém sabia
que isso era apenas uma armadilha. O gosto delicado não demorava a embriagar a
quem se rendia a sua doçura.
Felizes, os
presentes aplaudiram a coragem da jovem, gritando palavras de encorajamento.
-- Agora entre
no jogo. – Pierre já embaralhava as cartas. – Vamos ter uma noite muito boa
hoje.
A neta do
barão aceitou, continuando com parte do corpo submerso na água, participava da
brincadeira.
Na manhã
seguinte iria embora, retornaria à capital, até já tinha combinado com o chef
de cozinha para pedir o avião, porém ele desconversou, mas depois afirmara que
tudo estava certo.
Não negava que
gostaria de ficar, desejava ficar com a esposa, com a filha e com todos, mas
não fora convidada e também não iria se humilhar para que Ana Valéria lhe
pedisse para ficar.
-- Encontrei a
Paloma... – Branca comentava. – Creio que está aqui em busca de uma
oportunidade com a ruiva...
Com exceção de
Gabriele, todos sabiam quais eram a intenção da administradora a soltar aquela
informação que permanecera bem guardada até aquele momento.
A Bamberg
pegou a taça, bebendo todo o conteúdo de uma única vez.
Nem mesmo
teria algum direito de reclamar diante da presença da modelo, afinal, já fizera
uma burrada, então não poderia discordar da presença da mulher, mas em seu
interior o fogo do ciúmes começava a queimar. Não queria nem imaginar que a Del
La Cruz poderia voltar para a antiga amante.
-- Ela veio
falar comigo... – Pierre confidenciava em tom baixo. – Reclamou por que de
acordo com ela, eu estava protegendo a Ana da sua teia de sedução...até parece,
levei bronca dela e da senhora da guerra por ter deixado a Gabizinha bêbada.
Branca olhava
a esposa da ruiva.
-- Se eu fosse
você, eu não iria embora, não mesmo, claro que a Ana não vai cair nas graças
dela, mas a Paloma passa dos limites sempre, então te aconselho a ficar aqui e
de olho...
-- E o que
irei fazer? – Gabriele indagou aborrecida. – Já fiz muita besteira nessa
história para ter certos direitos. – Estendeu a taça que prontamente foi
enchida. – Não quero que a minha mulher chegue perto da Paloma, porém já agi
como uma idiota antes e estou pagando caro por isso...
-- Não precisa
fazer escândalos, mon amour... – O chef dizia. – Nós sabemos muito bem que a
herdeira de Antônio é muito passional...dê apenas o que ela quer...e nós
sabemos muito bem o que ela quer... – Riu alto. – Ou você acha que ela foi
fazer aquele espetáculo comigo só porque você estava bêbada? Ela não consegue
ficar perto de ti...
A Bamberg
sentia a face corar, enquanto bebia o vinho devagar.
-- Ele está
certo, isso que você deve fazer, amiga, sabemos bem que sua esposa não resiste
aos seus encantos... – Hellen complementava.
-- E eu vou me
oferecer é? – Perguntou sem esconder a indignação. -- E se ela me rejeitar? – A
jovem questionava horrorizada com a hipótese. – Se falar que não me quer?
Branca fez um
gesto negativo com a cabeça.
-- Claro que
ela te quer...nós sabemos que ela está chateada, mas para sexo ela não está,
tenho certeza.
-- O que me
aconselha? – A jovem questionou temerosa. – Que eu vá até o quarto nua e me
deite na cama? – Fez um gesto negativo com a cabeça. – Não quero provocá-la
ainda mais com tudo isso.
-- Não precisa
de muito...apenas vá lá, pergunte sobre como a Luna dormiu...—A Wasten dizia. –
Basta ter contato e ela perde a cabeça...
Gabriele ponderava
se seria uma boa ideia um comportamento daquele tipo. Sabia que não seria
aconselhável, pois poderia ter ainda mais problemas, então apenas continuou a
jogar a para sua sorte, não perdera tanto como na vez anterior, assim, não
ficaria bêbada mais uma vez.
Na suíte que
fora reservada para Clarice, Luna dormia tranquilamente sobre a cama.
-- Gabi, vai
vir para cá, ela falou que queria ficar com a menina.
Essas palavras
foram ditas pela mãe de Ana Valéria que se aproximava vestindo uma camisola e
tinha duas xícaras de chá nas mãos. Entregou-a uma, ficando com a outra.
Ana já tinha
tomado banho e usava um roupão depois de ter entrado na piscina.
-- Se conheço
bem o Pierre, ela não vai sair da área tão cedo. – Sentou-se no sofá. – Pode
dormir, mamãe, não deve ficar acordada e a Luna só vai despertar amanhã, está
cansada da viagem.
A mulher mais
velha sentou-se ao seu lado, segurando-lhe a mão.
-- E como você
está? Espero que retorne comigo para a capital, estou sentindo muito sua falta.
A ruiva beijou
os dedos da genitora carinhosamente, depois cruzou as longas pernas.
-- Não
retornarei agora, pois preciso deixar o resort funcionando perfeitamente.
-- E isso não
pode ser feito por um dos seus subordinados?
Ana Valéria
não respondeu de imediato. Não queria nem mesmo falar sobre esse assunto. Ainda
sentia o corpo em brasa pelo contato breve que teve com a esposa na piscina.
Não conseguia nem mesmo controlar a vontade de senti-la, mesmo ainda estando
magoada.
-- Filha, por
que não conversa com a Gabriele? – A mulher parecia adivinhar seus pensamentos.
– Ela te ama, eu sou testemunha de como vem sofrendo com sua frieza e desprezo.
Um pesado
silêncio caia sobre as duas.
A ruiva não
gostava de falar sobre seus sentimentos, sentia-se exposta quando isso
acontecia, por essa razão sempre guardava para si tudo o que sentia, mas diante
do olhar insistente da mãe, acabou falando:
-- Mamãe, me
sinto temerosa...frágil...até mesmo assustada diante do poder que a Bamberg tem
para me ferir...sabe, depois da Lorena, nunca mais tive essa fragilidade diante
de alguém...e olhe que fui muito machucada física e psicologicamente, mas não
doeu tanto como quando ouvi dos lábios da Gabi que ela não me amava mais...
Clarice fitava
os olhos claros da única herdeira. Às vezes tinha a impressão que a adolescente
sonhadora ainda estava ali. A garota que parecia pronta para conquistar o mundo
e que fora tão maltratada.
Tentava não
odiar Antônio, mas não era algo fácil ainda mais quando pensava em tudo o que
sua menina tinha passado durante aqueles longos anos.
-- Eu entendo,
entendo muito, mas penso que poderiam conversar, talvez possa existir uma
solução...ela é inexperiente, ciumenta, normal agir por impulso.
-- Nesse
momento quero focar apenas nos negócios, não quero nem mesmo pensar nessa
situação com a minha esposa, pretendo apenas gastar minhas energias no meu
trabalho.
Clarice fez um
gesto afirmativo com a cabeça.
-- Eu sei que
acha que estou exagerando, mas por tudo o que vivi, não anseio de forma nenhuma
repetir essa decepção.
-- A Gabi não
é como a Lorena...
-- Mas tem
muito mais poder que ela para me machucar. – Disse levantando-se. – Eu vi o que
senti...como tudo perdeu o sentindo em frações de segundo diante das palavras
que ouvia da neta do Bernard... – Passou a mão pelos cabelos úmidos. – Esse não
é o momento para conversar com ela, mamãe, apenas pretendo continuar a focar
nos meus projetos.
A ex-esposa de
Antônio aproximou-se, beijando a testa da ruiva.
-- Confio em
você...—Sorriu. – Preciso dormir um pouco, pois amanhã quero estar linda ao seu
lado.
Na área da
piscina, Pierre, Branca e Hellen já tinham se retirado, mas Gabriele continuava
lá.
Deitou-se em
uma espreguiçadeira e usava uma toalha para cobrir-se. Estava frio, silencioso.
Mas era possível ouvir o som das ondas do mar ao longe.
Esfregou os
olhos, pois pareciam irritados.
Não tivera
coragem de seguir os planos que fora traçado. Não conseguira nem cogitar a
possibilidade de seguir a louca ideia de Pierre de aparecer nua na porta da
esposa.
Riu.
Teria sido
expulsa a gritos, sem nenhuma piedade ou usada sexualmente até a exaustão?
A última
alternativa era bem mais atraente.
Brincava com a
aliança que trazia no anelar.
Deveria ter
retornado para o quarto, ficado com a filha, mas preferiu deixar que Ana
Valéria aproveitasse o tempo com a pequena ruiva, pois sabia que ela estava com
saudades.
Estendeu a
mão, pegando a taça, bebia devagar. Talvez estivesse mais tolerante ao álcool
ou aquele vinho tivesse uma taxa baixa de embriaguez, pois ainda se sentia
bastante sóbria.
Suspirou.
Por que fora
tão burra em acreditar nas mentiras da Lorena e do Otávio?
Fechou os
olhos.
Se pudesse,
iria naquele momento embora, retornaria para a capital, ficaria bem longe da
frieza da ruiva.
Sim,
sexualmente era desejada, mas sua presença era rejeitada.
-- Não acha
que já está tarde para ficar aqui ou não consegue andar para seu quarto de
tanto beber?
A voz baixa e
arrastada da dona dos seus pensamentos soou tão perto que ao abrir os olhos,
viu-a parada diante de si.
Observava os
cabelos presos em um nó frouxo, o roupão de seda preta, os pés descalços.
Prendeu a
respiração por alguns segundos diante da beleza da amada, mesmo exibindo uma
grande carranca de exasperação.
Ana Valéria
observava tudo ao redor. Havia garrafas, taças, bandejas com restos de comidas.
Como imaginara, só Gabriele estava lá. Recebera uma ligação de Branca dizendo
que a Bamberg tinha ficado sozinha da piscina e que seria melhor pedir para Lia
ir até ela, mas decidira não acordar a cozinheira e ela mesma fora. Ainda
discutira com a administradora, intimando-a a acompanhar a neta do barão, até
mesmo fora até os aposentos dela, mas estava tão bêbada que não falava nada com
nada.
Fitaram-se por
longos segundos.
-- Estou bem,
não voltei para o quarto porque decidi apreciar um pouco mais a lua...—Explicou
diante da raiva da amada. – Acho que todos deveriam tirar um tempo para apreciar
uma noite dessas.
A ruiva não
podia negar que estava impaciente, pois sabia que Pierre e a Wasten tinham
armado para que ela estivesse ali e não suportava quando tentavam manipulá-la,
porém ao chegar no espaço e ver a esposa parecendo tão frágil e assustada,
começava a aliviar sua irritação.
Olhou para o
céu.
Tentava controlar
a respiração, manter o controle dos seus atos.
Puxou uma
espreguiçadeira para perto, sentando-se. Fitava os olhos negros, via os lábios
entreabertos. Via a cicatriz que fora resultado de um dos seus atos de heroísmo
quando era apenas uma criança. Seu olhar baixou até o decote do biquíni,
arrependendo-se em seguida. Encarou-a.
-- Me diga, a
ideia dos outros eram me trazer aqui e eu perder a cabeça e transar contigo?
A expressão da
neta do barão exibia perplexidade diante do que estava ouvindo.
-- Claro que
não! – Negou. – Eu nem sabia que você viria até aqui, imaginei que já estivesse
dormindo uma hora dessas. – Desviou o olhar. – Nem sabia que viria até aqui. –
Falou a última frase em um sussurro.
-- Ah, Gabi,
por favor, sei muito bem que a Branca, o Pierre e até a Hellen estão fazendo
tudo para que eu caia nesse joguinho estúpido de sedução. – Respirou fundo. –
Acha mesmo que ele te trouxe aqui por que não havia mais ninguém para fazer
esse seu trabalho?
-- Vim apenas
para ajudá-lo, pois tenho muita gratidão por tudo o que ele fez quando eu
decidi seguir com o restaurante. – Retrucou calmamente. – E não tem motivos de
ficar tão irritada com nenhum deles...fique com raiva de mim, não deles, pois
apenas agem para buscar uma forma de ajudar na nossa relação.
-- E você acha
que sexo vai ajudar? – Indagou cruelmente. – Saí da capital para evitar esse
tipo de confronto contigo, porém acaba sendo difícil não acontecer, não é?
A Bamberg
mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente. Parecia concentrar todas
as suas forças para não cair em um pranto diante da mulher.
Levantou-se da
espreguiçadeira, já pronta para deixar o lugar, mas Ana Valéria a deteve pelo
pulso.
-- Você não
queria conversar? Não queria uma chance para se humilhar pedindo perdão? Faz
isso agora.
Os olhares se
cruzavam em uma batalha cheia de dor e rancor.
-- Não, não
farei, acho que você estava certa quando veio para cá, é patético que me
humilhe, que te peça perdão quando eu sei que isso não vai te comover...—Respirou
fundo. – Você está certa, baronesa, eu errei, então eu devo pagar por isso.
Ambas estavam
próximas, Ana segurava-lhe, mantinha a jovem cativa, sentia o cheiro do corpo
feminino, sentia o cheiro do vinho, uma mistura que começava a embriagá-la. Via
o corpo praticamente todo exposto pela minúscula peça.
-- Ora, então
isso já entrou nessa sua cabeça dura.
Gabriele
tentou puxar o braço, mas foi segurada com mais força.
-- Me solte,
quero ir para meu quarto...ou se quiser, peça o jatinho e me mande embora daqui
agora mesmo. – Falava tentando segurar as lágrimas. – Sim, vou embora, vou te
deixar em paz, afinal, minha presença não é bem-vinda...—Limpou uma os olhos. –
Porém quero que saiba que não vim aqui para te seduzir...nem mesmo queria te
encontrar, pois sei que você me desprezaria, como o fez e como vai continuar
fazendo.
A Del La Cruz
estreitou os olhos ameaçadoramente.
-- Sim, não é
e não deveria ter vindo! – Falou um pouco mais alto. – Mas sabe, já que acha
que vamos resolver tudo com sexo...vou te provar que não é bem assim...
Antes que
Gabriele pudesse reagir e entender o que estava acontecendo, já estava sendo
praticamente arrastada pela filha de Antônio. Ela protestava, pedia para Ana
seguir mais devagar, para que conversassem, porém a ruiva não parecia ouvir,
apenas continuava puxando-a. Seguiram pelo corredor e as luzes automaticamente
acendiam, enquanto elas passavam.
-- Chega,
baronesa, me deixe em paz! – Pedia.
-- Continue
gritando, daqui a pouco vamos ter uma linda plateia para acompanhar essa cena
escrota.
A Bamberg
cessou suas resistências, apenas se concentrando para não acabar caindo. Logo
chegavam diante da porta quarto da ruiva que foi aberta sem nenhuma
dificuldade.
O interior dos
aposentos estava mergulhado na penumbra, mas a luz do luar penetrava pelas
janelas e iluminava o espaço.
Antes que
pudesse falar algo, foi empurrada contra a parede.
Fitava os
olhos claros, agora escurecidos pela raiva ou pelo desejo.
Pensou em
novamente pedir que ela lhe perdoasse, mas não teve tempo para isso, pois sua
boca foi tomada com toda a raiva que a Del La Cruz sentia. Não protestou,
permitindo que agisse como quisesse, até mesmo correspondendo, ainda que só
houvesse grosseria no ato.
Gabriele
vestia apenas o minúsculo biquíni, então não havia muitas barreiras para que a
esposa precisasse romper.
As mãos da
empresária passeavam por seu corpo e mesmo que estivesse com raiva e triste
pela forma cruel que a esposa lhe tomava, não podia controlar as sensações
prazerosas que passavam por sua pele.
-- É isso que
você quer, minha senhora? – Encarava-a, enquanto deslizava os dedos pelos seios
expostos. – O plano de sedução envolvia o que mais? O que mais vai fazer para
me enlouquecer? – Esfregava o polegar nos biquinhos sensíveis dos seios. – Vai ajoelhar diante de mim e me chupar até
que goze nessa sua boca bonita?
A face da neta
de Bernard tingiu-se de rosa diante do que ouvia.
-- Não! –
Negou alto. – Me deixe ir embora e fique aqui em paz.
Um sorriso
sarcástico brincava na face da ruiva.
A mão de dedos
longos acariciava o abdômen liso, descendo perigosamente para a parte de baixo
do biquíni.
-- Quer ir
embora? Pensei que quisesse brincar com fogo...
-- E você
quer? – Desafiou-a, encarando os olhos claros. – Porque eu começo a achar que
na verdade você deseja isso até mais que eu...no final, creio que deseja que eu
te seduza para colocar a culpa da sua “fraqueza” em cima de mim.
Ana continuava
a exibir aquela expressão de que não parecia muito preocupada com as suposições
que a outra estava fazendo.
Ousada, tocou
o sexo feminino e não parecia surpresa em senti-la tão escorregadia.
-- Por favor,
Ana... – Pediu sem nem saber como expressar que não desejava que ela parasse.
A ruiva colou
os lábios em sua orelha.
Inspirava o
delicioso aroma do corpo da amada, tentando manter o controle do desejo que
pulsava em todas as células do seu corpo. Usava os dedos para incitar o sexo ansioso,
guloso que logo lhe devorava para seu interior. Não agia com pressa, apenas
seguia os próprios instintos.
-- Se
quer...eu me importo em dar...tampouco em receber...pode dar, freirinha...pode
dar gostoso até que não aguente mais...
Gabriele tinha
a respiração acelerada, movendo os quadris contra a mão da esposa que parecia
pronta para saciar o anseio da sua carne.
O ritmo
continuava ainda mais frenético e não demorou para a chef de cozinha cravar os
dentes nos ombros da amada para evitar o grito de êxtase.
Ana não se
movia, continuava no mesmo lugar, sentia
as batidas aceleradas do coração da Bamberg e sentia o próprio corpo exigir a
satisfação que vibrava em seu íntimo.
Algum tempo se
passou, enquanto ambas continuavam paradas, mas a voz da baronesa soou
debochada.
-- Nos planos
era você quem era seduzida?
Gabriele
levantou os olhos, fitava a esposa em desafio.
-- Não... –
Negou com um gesto de cabeça. – Não era bem assim que acontecia... – Segurou as
amarras do roupão de seda. – Mas se você quiser...eu te mostro...—Provocou-a. –
Afinal, acho que quer ser seduzida...
Um sorriso
sarcástico desenhou-se nos lábios da filha de Antônio.
-- Continua
atrevida, freirinha...
-- E você
arrogante, baronesa...
Delicadamente
livrou-a das barreiras de roupa e para sua surpresa só havia uma minúscula
calcinha sob o traje.
Circundou o
pescoço da empresária, beijando seus lábios, mas não o fez com brusquidão,
tomou-o de leve, enquanto esfregava o corpo no dela, roçando pele com pele,
pondo a coxa no meio das dela.
Ana Valéria sentia
a língua sendo capturada, enquanto sentia a mão delicada entrando no interior
da sua calcinha.
Gemeu alto,
parecia um animal ferido quando os dedos começaram a tocar em seu sexo molhado.
-- Esse plano
te agrada, Ana Valéria? – Indagou, encarando-a. – Ou prefere que siga outros...tenho
vários na minha cabeça...mas sei que você gosta de um em particular...
Antes que a
ruiva pudesse responder, observou a amada agachar diante de si, então apoiou-se
na penteadeira, pois temia não conseguir sustentar o próprio corpo quando a
boca feminina deslizava por seu sexo, beijando-o, incitando-o. Abrindo-o,
enquanto deslizava a língua por toda sua extensão.
A Del La Cruz
dobrou o joelho, deixando o contanto ainda mais intenso.
Inclinou a
cabeça para trás, cerrou os lábios e depois voltou a observar o que a Bamberg
fazia.
A lua prateava
o ambiente, deixando-as iluminadas em seu brilho.
Viu a neta do
barão afastar os grandes lábios, beijando a pele com maestria.
Sorriu.
Amava o toque da
chef de cozinha, nunca provara nada igual em toda a vida.
Não demorou
muito para sentir o polegar massagear o centro do seu prazer...
Segurou nos
ombros dela, pois uma forte vertigem tomou seus sentidos. Nem teve tempo de
perceber o que se passava, quando sentia a cama sob seu corpo e a amada sobre
si.
Pensou em
falar algo, porém sua boca foi tomada mais uma vez, recomeçando o ato de
prazer.
Passava das
dez da manhã quando Lia seguiu para a suíte de Ana Valéria. A baronesa tinha
pedido que nesse horário ela fosse até lá.
Quando a
mulher entrou no quarto, encontrou Gabriele com os olhos abertos, fitando-a em
surpresa.
Despertara
há pouco tempo e se sentiu decepcionada por estar sozinha na cama depois da
noite cheia de prazer que tinha experimentado. Cedera a todos os desejos da
amada e fora recompensada ricamente. Ana Valéria sabia como tratar uma mulher
na hora do sexo, sabia como agir, sabia como enlouquecer e foi isso que se
passara.
--
Bom dia, filha! – Colocou a bandeja sobre a cama. – Sua esposa pediu que te
acordasse nesse horário, mas vejo que já despertou sozinha.
--
Que atenciosa! – Disse desdenhosamente. – Não estou com fome, apenas preciso me
arrumar para pegar o avião… -- Enrolou o lençol no corpo. – Onde está a Luna?
--
Está com a senhora Ana.
--
Preciso vê-la antes de deixar o hotel.
--
Mas por que vai embora, filha? Pensei que tinha se acertado com sua mulher.
Gabriele
suspirou enquanto olhava para a cama desarrumada. Pouca coisa tinha sido feita
sobre ela, pois a Del La Cruz gostava de ousar nos lugares.
--
Não, Lia, não nos entendemos…
--
Mas…--Apontou para a bagunça dos aposentos com as roupas jogadas no chão.
--
Ana Valéria queria apenas me mostrar que pode se deitar comigo e continuar me
odiando. – Limpou uma lágrima que insistia em molhar sua face. – Acho que ela
sempre esteve certa…
Lia
foi até a Bamberg, abraçando-a.
Lorena
e Otávio já tinham chegado ao litoral. Não se hospedaram em nenhum hotel,
ficando em uma cabana de um amigo do advogado.
--
Consegui falar com uma camareira, paguei caro e vai nos ajudar a chegar aos
aposentos da ruiva. – Ele dizia arrumando a arma. – Não podemos titubear, temos
que ser rápidos nas ações.
A
loira tomava um pouco de café, parecia ponderar diante do que ouvia. Não estava
totalmente convencida dos planos do advogado, pensando que poderia mudar a
ideia dele e eliminar apenas a Bamberg.
--
Se Gabriele sumisse seria mais fácil destruir a Ana… -- Comentava pensativa. –
Ela é a força que a baronesa tem…
--
Acabarei com a Del La Cruz e você fará o mesmo com a tola da Gabi. – Esmurrou a
mesa. – Eu farei Ana Valéria pagar por tudo o que me fez.
--
Sua filha é linda, sua cara…
A
voz de paloma soou bem próximo do ouvido da ruiva.
Ana
tinha colocado a criança em um carrossel e observava-a, nem tinha percebido
quando a modelo se aproximara.
--
Sim…concordo contigo. – Disse orgulhosa.
--
E pretendo ter outros filhos?
A
baronesa não respondeu, pois esse assunto era sempre muito doloroso, ainda mais
depois do que passara com sua gravidez. Mas não podia negar que em muitos
momentos já imaginara ter um garotinho com olhar travesso da freirinha.
Suspirou
ao lembrar do que se passara em seu quarto na madrugada.
Era
óbvio que não resistiria por muito tempo à vontade de tocar a neta de Bernard.
Sabia disso quando deixara à capital para seguir até o litoral. Sentia um
desejo incontrolável só em ver a doce chef de cozinha.
Arrumou
uma mecha de cabelo atrás da orelha, ato que parecia querer distrair seus
sentidos e suas lembranças.
--
E já fez as pazes com sua amada?
Ana
acomodou-se em uma das mesas, continuando a observar a pequena ruiva.
--
Por que te interessa saber disso? – Questionou sem se voltar.
--
Bem, não cedeu aos meus encantos, nem a perdoou…então não entendi…
A
Del La Cruz a fitou.
--
Prefiro não falar sobre minha relação com Gabriele.
--
Bem, eu até prefiro assim, não aguentaria te ouvir falar sobre sua esposinha
perfeita… -- Desdenhou.
Na
recepção, Gabriele buscava falar com Pierre, mas o homem precisara resolver
alguns problemas e só depois de quase uma hora apareceu. Ele via a expressão da
Bamberg, sabia que teria que usar muito do tato para não a deixar mais
irritada.
--
Por que não me chamou para embarcar junto com a Hellen?
A
chef de cozinha questionou assim que ele se aproximou.
A
neta do barão ficara furiosa quando descobrira que a amiga tinha partido cedo,
sem nem mesmo ser informada do acontecido.
--
Ana Valéria só permitiu que uma aeronave deixasse o litoral, eu tentei falar
com a empresa, mas não havia voos para hoje.
--
Mas você sabia que eu iria, poderia ter ido me chamar.
--
Mas eu fui, mon ami, porém você não estava em sua suíte…não sabia onde te
procurar...
Gabriele
sentia a face corar, mas não disse nada a esse respeito.
--
Você pode falar com a Ana e pedir para ela mandar a aeronave de volta…
Gabi
fez um gesto afirmativo com a cabeça, seguindo em direção da suíte.
Ana
deixara Luna com Clarice e seguiu para o quarto, precisava fazer algumas
ligações.
Tudo
estava pronto para o evento, precisava garantir que não haveria nenhum
imprevisto.
Digitava
no computador portátil quando sentiu que alguém estava nos aposentos e ao se
virar viu Otávio a lhe apontar uma arma.
--
Olá, baronesa… -- O homem sorriu com sarcasmo. – Não se preocupe, estamos
sozinhos e ninguém vai nos perturbar… -- Apontou para as câmeras. – Estão
desligadas, então o melhor é que se levante devagar, não faça nenhum movimento
brusco...não vamos querer danificar sua pintura antes da hora.
Os
olhos claros olhavam a cena em total desconserto. Não entendia como aquele
homem conseguira entrar ali.
--
O que quer? Enlouqueceu foi?
--
Levante-se! – Ele ordenou. – Ou te mato aí mesmo.
A ruiva fez o que ele disse, pois percebia que
ele estava descontrolado. Via o olhar doentio, a mão que não parecia muito
firme em segurar a arma que apontava em sua direção.
Perto
da escrivaninha havia um botão de emergência, se conseguisse chegar até lá,
poderia obter alguma ajuda.
--
Otávio, acho que está com problemas...
--
Calada! – Rosnou.
Ela
fez um gesto afirmativo com a cabeça.
--
Não sabe como me sinto satisfeito por colocar um fim na sua vida miserável…seu
pai não conseguiu, mas eu o farei em sua homenagem, quem sabe isso não o traz
de volta a vida.
Ana
cruzou os braços sobre os seios.
--
Sabe que se fizer isso vai destruir sua própria vida…não seja tolo!
Otávio
aproximou-se com a arma engatilhada.
--
Você deveria tomar cuidado com as suas palavras…-- Exibiu um sorriso. – Não se
preocupe comigo, a culpa vai cair sobre a burra da Lorena…eu a convenci a vir
comigo, precisava dela aqui…imagina, vai ser uma boa manchete nos principais
jornais: “ Ex-amante mata empresária após ser desprezada.”
--
E por qual razão acha que vão acreditar? Vai acabar sendo preso, então pense
bem, vale mesmo a pena cometer essa loucura?
O
homem esbofeteou forte a face da ruiva que cambaleou.
A
expressão no olhar do advogado era de prazer ao ver a marca que deixara no
rosto bonito.
--
Você sempre me desprezou, mesmo quando o barão te obrigava a transar com
homens, mas nunca cedeu a mim…ao contrário, me humilhou publicamente quando se
deitou com a Paloma na véspera do meu casamento. – Gritava. – Seduziu-a para me
humilhar, sua puta!
A
baronesa sentia gosto de sangue na lateral do lábio.
Observava
o homem que a olhava com ódio e via que ele não cederia, então teria que fazer
algo para conseguir sair de tudo aquilo com vida.
Estranho
esse pensamento, esse medo, pois nunca se importara muito em morrer, porém
agora tinha memórias de Luna, imaginava que não a veria crescer...a
freirinha...
--
Otávio, eu pago o que você quiser...pode ir embora...pode sair, não vou te
denunciar...—Tentava acalmá-lo.
Ouviu
o barulho da porta sendo aberta e ele escondeu-se na lateral e fez um gesto
para que a empresária fizesse silêncio o atiraria. Sentiu uma pressão no peito
ao imaginar que seria a neta de Bernard, afinal, ela tinha ficado com um dos
cartões que davam acesso ao quarto.
Fechou
os olhos e depois de tanto tempo sem fazer uma oração, ela o fez, fê-lo,
implorando para que não fosse a Bamberg a entrar ali, mas suas piores
expectativas se confirmaram.
Gabriele
entrou e só percebeu a presença do homem ao ver a expressão assustada da
esposa.
--
Ora, então vamos ter duas pombinhas na rede. – Apontou a arma para Gabriele. –
O bom é que as duas vão juntinhas para o inferno.
--
Deixe a Gabi fora disso! – A Del La Cruz exigiu. – Ela não tem nada a ver com
tudo o que aconteceu.
A
neta de Bernard não parecia ter entendido a situação ainda.
Deixara
a recepção e fora em busca da empresária. Tivera o desprazer de encontrar
Paloma e fora a modelo que dissera que a ruiva tinha subido para o quarto.
Pensara em pedir a Lia para ir falar com Ana Valéria, porém acabara usando a
chave que tinha e entrara.
--
O que se passa, Otávio? Abaixe essa arma. – A neta do barão dizia assustada. –
Está louco?
--
Fique quieta ou atiro nas duas agora mesmo. – Fez um gesto para as mulheres encostarem
na parede, depois ele travou a porta para que ninguém entrasse. – Qualquer
movimento eu atiro, então acho melhor não pensar em nada, Bamberg. – Virou-se
para ela. – Acho que agora a cena do crime vai ser ainda melhor, afinal, a
Lorena tem motivos de sobra para destruir vocês duas. – Dizia sorrindo de forma
descontrolada. – Depois de tudo isso irei para longe…com o dinheiro que roubei
do seu papai…
--
Por favor, não faça isso…vamos conversar… -- Gabi iniciava.
--
Chaga, Gabriele, fique quieta! – Ana a advertia com o olhar temeroso. – Apenas
fique parada...—Suspirava. – Nem tem motivos de envolvê-la nisso, nem mesmo
estamos mais juntas... Nem a quero mais em minha vida! – Mentiu. – Vamos sair
daqui, você e eu, eu peço um helicóptero e a gente vai para onde quiser...
--
Está louca, Ana! – A chef repreendia. – Otávio, eu acho que tudo pode ser
resolvido com uma conversa...sei que perdeu o controle...é normal, eu já me
senti assim...mas depois passa...
O
advogado olhava curioso para as duas.
--
Ah, então estão separadas...—Gargalhou. – Eu te disse, Gabriele, que não ia
demorar para essa aí cansar de você...é normal...
A
baronesa tentava se aproximar da escrivaninha.
--
Sim, estou cansada dela, uma pirralha dependente, ciumenta...vou terminar
tudo...até já dei entrada no divórcio...então não há motivos para mantê-la
comigo...
--
Mas meu plano envolve as duas morrendo...a história vai ficar muito
melhor...talvez eu repense... – Gesticulava a arma. – E se você, Gabi, fosse
acusada de matar sua esposa e depois se matar?
--
Está louco, Otávio! – A Bamberg o acusava. – Vai ser preso se fizer isso, então
o melhor é sair daqui agora mesmo.
--
Calada, Gabriele! – A baronesa voltou a adverti-la. – Fique em silêncio de uma
vez, droga!
--
Acho melhor que ouça a sua esposa, Gabizinha…
Ana
Valéria olhava tudo ao redor, buscava algo que pudesse fazer para conseguir
deter o homem, mas agora o melhor era não cometer nenhum ato impensado, pois
temia que ele fizesse algo contra a neta de Bernard. Temia por ela naquele
momento, esquecendo até mesmo de si.
--
Posso te dar muito dinheiro… -- Disse tentando ganhar tempo. – Sabe que sou
muito rica…te dou as ações que o vovô me deixou… -- A Bamberg falava tentando
negociar. – Assino o que quiser…
--
Calada! – Ele atirou na lateral das duas mulheres.
O
barulho não foi ouvido, silenciosa. Ele pensara em tudo com muito cuidado para
não chamar a atenção.
A
chef de cozinha gritou diante da violência temendo que tivesse acertado a
ruiva, mas nada acontecera.
--
Se continuar falando, vou atirar na cabeça da baronesa! – Ele esbravejava. –
Estou cansado das suas tolices!
Ana
estava com as mãos para cima, temendo que ele voltasse a disparar. Devagar, ela
tentava manter a esposa atrás de si.
--
Não precisa disso...vamos conversar e prometo que farei tudo o que quiser...
--
Tudo o que eu quiser? – O homem praticamente berrou. – Não está em posição de
me oferecer nada...não mais...
Mais
uma vez ele atirou, mas não atingiu nenhuma das mulheres. Parecia se divertir
diante da tensão que provocava. Ria alto do grito de pavor expresso por
Gabriele.
Ana
abraçou-a, sussurrando em seu ouvido.
--
Vai ficar tudo bem, tenha calma...apenas se acalme...deixe que eu converse com
ele...
Os
olhos negros fitaram os claros por frações de segundos cheios de temor.
--
Que bonito, você protegendo sua amada...pensei que estavam brigadas...veja, nem
fiz tanto mal assim, eu mesma estou unindo vocês...
--
Por favor, Otávio, não faça isso...não há motivos para sua raiva...
Ana
voltava a tentar se aproximar do botão de alarme. Apoiava-se de costas na
escrivaninha.
--
Eu tenho muito dinheiro...podemos ter uma sociedade... – Tateava a madeira. –
Já sei, fique com a parte do meu pai, ele já está quase morto mesmo...podemos
trabalhar nisso...
Ela
conseguiu encontrar o botão, apertando-o.
--
Já chega de conversa, sua vagabunda! – Ele gritava. – Volte para lá. – Apontava
com a arma a parede. – Sei que está querendo me enganar, então já basta...
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Que capítulo intenso!E esse final e para o nosso desespero!Por favor volte logo!
ResponderExcluirNão demora, por favor🥺
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