A antagonista - capítulo 33
A aeronave tinha aterrissado no
final da tarde no litoral.
Hellen parecia bastante
entusiasmada, enquanto Gabriele apenas permanecia quieta. Não sabia se tinha
sido uma boa ideia aceitar a viagem, porém não podia realmente deixar o Pierre
na mão, não depois de tudo o que o homem tinha feito por si quando decidira
abrir o restaurante.
O plano na sua cabeça era organizar
todo o buffet e depois voltar para a casa, sem correr o risco de importunar a
esposa.
-- Esse lugar é realmente lindo! –
Hellen comentava entusiasmada. – Imagina trabalhar com uma vista dessas?
-- Você falou para o Pierre não
comentar com a Ana Valéria que eu estaria aqui? – Indagou preocupada, ignorando
a felicidade da amiga. – Foi esse o combinando.
A outra mordiscou a lateral do
lábio inferior pensativa.
-- Claro, baby, eu falei sim! –
Respondeu com um sorriso. – Vamos descer?
Gabriele fez um gesto afirmativo
com a cabeça. Pegou a mochila, colocando nas costas, acompanhou Hellen.
Desciam as escadas quando viu
Pierre com seu sorriso acolhedor. Ele esperava as duas jovens.
Hellen recebeu o abraço, depois foi
a vez da Bamberg.
-- Mon ami, parece mais magra... –
Comentava preocupado. – Não acredito que só anda chorando pelos cantos. –
Tocou-lhe a face. – Espero que não fique nessa tristeza toda aqui, estamos em
um lugar feliz. – Beijou-lhe a bochecha.
-- Prometo que farei os melhores
pratos para a inauguração. – Desconversou. – Não haverá reclamações.
-- Fico triste por não ter aceitado
ir à inauguração... – Segurou-lhe as mãos. – Porém respeitarei sua vontade.
Gabriele sorriu.
-- Mas agora vamos indo, imagino
que estejam cansadas, apenas amanhã começaremos os preparativos.
Os três seguiram para o veículo,
deixando a pequena pista de pouso.
O jantar foi servido nos aposentos
da baronesa. Ela não descera para o restaurante, pois não parecia interessada
em socializar com ninguém. Encontrara Paloma quando deixou a academia, mas não
tinha dado muita atenção à modelo, pois ainda pensava na informação que
recebera de Pierre.
Não tinha falado com Luna
naquela noite, pois a pequena tinha ido a uma festinha de aniversário de uma
coleguinha da escola. Clarice tinha acompanhado a pequena.
Caminhou até a varanda, sentando-se à mesa e
começando degustar o jantar.
Então Pierre tinha conseguido
convencer a Bamberg a ir até o litoral.
Devia ter recorrido à muita
chantagem emocional para convencê-la, pois sabia que ela estava determinada a
não vir.
Ficara preocupada com o fato
de ela ter enfrentado o Otávio. Naquela manhã conversara com Branca e pedira
que ficasse de olho nos passos do advogado. Não desejava que ele se aproximasse
da neta de Bernard, temendo que pensasse em se vingar.
A administradora narrara todo
o acontecido. Relatando que a Bamberg precisara de gelo na delicada mão depois
do ocorrido.
Sorriu.
Conhecia muito
bem a força daquela mãozinha, já provara daquela mesma fúria.
Ela mesma ainda estava com Otávio e
Lorena atravessado na garganta, mas como dissera a Paloma, não estava esperando
a vingança, mas a justiça pelos atos que ele tinha praticado e ainda
permaneciam escusos diante de todos.
Suspirou.
Pelo que ouvira de Pierre, Gabriele
só tinha vindo para ajudá-lo nos preparativos das exóticas comidas que seriam
servidas no dia da inauguração do resort, sendo assim, talvez nem se vissem.
Fitou a aliança que ainda carregava
consigo.
Não podia negar que estava muito
magoada com a forma que a esposa se comportara, sentia-se muito irritada por
tudo o que tivera que passar pelo fato de ela não ter lhe contado tudo. Quando
respondera diante das inúmeras mensagens e ligações que recebera da Bamberg que
precisava de um tempo não estava fazendo isso para feri-la, mas para
resguardá-la da sua raiva.
Na grande cozinha do hotel, tudo ocorreria
em ritmo acelerado.
O lugar era ocupado apenas por
Pierre, Hellen e Gabriele. Tachos enormes estavam sendo usado.
Um delicioso aroma saia do forno.
Uma enorme bandeja estava sendo
montada com frutas de diversos tipos.
O evento seria um dos maiores na ilha.
A maioria dos convidados eram empresários de fora do país que pareciam disposto
a colocar seus bilhões no local. Ana Valéria tinha trabalhado bastante nesse
empreendimento, iniciando-o ainda quando o barão estava vivo, porém teve que
dar uma pausa diante de tantos problemas que enfrentara.
Um curto-circuito tinha acontecido
mais cedo, porém já estava sendo resolvido esse problema, pois fora o resultado
de uma grande tempestade e danificara alguns transformadores, mas os
trabalhadores já estavam arrumando esse defeito.
Pierre e Hellen conversavam
bastante, Gabriele já estava mais calada desde que chegara ao lugar.
-- Mon ami, não pode permanecer em
tanta tristeza.
O homem ofereceu-lhe uma taça de
champanhe que fora recusada.
-- Não, não aceito seu “não”, vamos
lá, beba, vai se sentir bem melhor, minha pequena. – Voltou a ofertar. – Não se
desgaste tanto pelo que aconteceu, já aconteceu, não precisa de mais vítimas ou
que sua dor seja maior, isso não vai mudar muito na forma que a baronesa vai
encarar.
-- Na verdade, não quero apenas,
Pierre, prefiro me manter sóbria para que terminemos tudo o mais rápido
possível.
O chef de cozinha trocou olhares de
cumplicidade com Hellen.
-- Já é quase meia-noite e não
vamos passar a noite acordados nisso. – Fez um gesto com a mão. – Beba e depois
vamos para o meu chalé, lá jantaremos.
Gabriele mordiscou a lateral do
lábio inferior demoradamente.
Não podia negar que passara todo o
dia desejando ver a esposa, encontrá-la, vê-la, mesmo que fosse de longe, porém
não ocorrera, nem deveria ir atrás, pois ela deixara bem claro que precisava
daquele tempo, deveria respeitar o desejo da ruiva, mesmo que isso a matasse
pouco a pouco.
Com um longo suspiro, aceitou a
taça, bebendo o líquido de uma única vez.
-- Pronto, fiz sua vontade! – Devolveu
o cristal.
Pierre aplaudiu a decisão da jovem.
-- Vamos ao chalé, tenho um ótimo
jogo para distrairmos a cabeça.
No apartamento, Otávio arrumava as
roupas.
Estava disposto a destruir de vez a
baronesa, não permitiria que ela saísse daquela história vitoriosa.
Odiava-a!
Odiou-a todos os dias da sua vida
desde que a conhecera, odiara por ela nunca ter cedido ao seu desejo como fazia
com os homens que o barão lhe obrigava a transar. Ele sempre ficara lá,
esperava que Bernard obrigasse a sua bela esposa a agir como prostituta para
si, mas quando esse momento tinha chegado, ela quase o matara, vingando-se e
expondo-o diante de todos com seu caso com Paloma.
Ouviu a campainha.
O porteiro tinha avisado sobre a
visita de Lorena.
-- Para onde está indo? – Ela indagou
assim que o viu. – Vim aqui te contar que a Ana Valéria já sabe de tudo, o
idiota do Trevan mostrou as imagens das câmeras. – Sentou-se pesadamente na
cama. – Por que sumiu durante todos esses dias?
Ele não respondeu de imediato.
Seguiu até um cofre que ficava na
parede do quarto, abrindo-o, tirou de lá uma arma.
-- Ganhei do barão! – Apontou para
a loira. – Dizia que um homem sem uma arma é um homem sem um pênis.
-- Muito sábio! – Ironizou. – Para
que precisa disso?
-- Não sei... – Colocou dentro da
mala. – Pode acontecer muitas coisas.
-- Você está mesmo indo viajar,
enquanto tudo está desmoronando? Meus cartões foram bloqueados por falta de
pagamento, estou usando alguns recursos que guardei, porém temo que terminem.
O advogado cruzou os braços sobre o
peito.
-- Esse tempo todo e nem mesmo
conseguiu ficar milionária? – Acusou-a. – Você tem a cobertura e a casa da
fazenda.
-- Hipotecadas por Antônio! –
Esbravejou, levantando-se. – O miserável me fez assinar alguns papéis dizendo
que eram para o nosso casamento e no final foi isso que fez.
Otávio gargalhava.
-- Não há graça em tudo isso!
-- Há sim, afinal, você acabou
sendo enganada pelo homem que desejou enganar e agora ele está em cima de uma
cama sem conseguir mover nem os olhos.
-- Espero que morra!
-- Isso não vai ajudar em nada,
afinal, nem casada conseguiu ser. – Voltou a arrumar a mala. – Até mesmo
destruiu a única chance que tinha de acabar com o casamento da baronesa.
-- Eu? – Gritou. – Seu plano não
deu certo.
-- Não é verdade! – Ele falou com
um sorriso triunfante. – Sua querida Ana Valéria separou-se da Gabriele, está
no litoral há dias sozinha.
Os olhos da loira brilharam diante
da informação.
-- Tem certeza?
-- Claro, contratei um detetive e
ele me confirmou. – Arrumava a gravata. – No final, era isso desejávamos, que
elas se separassem e isso aconteceu.
-- Eu a quero para mim! – Lorena esbravejou.
– Quero que ela fique comigo!
-- Creio que isso não vai mais
acontecer... – Disse de forma misteriosa. – Creio que Antônio não conseguiu se
livrar da filha naquele acidente de avião, o Diabo decidiu dar uma nova chance
para a ruiva, mas acho que a sorte dela vai acabar em breve.
A loira parecia apreensiva diante
do que ouvia.
-- O que pensa em fazer?
-- Colocar um fim de uma vez por
todas na baronesa...acho que esse mundo será muito melhor sem a sua presença
arrogante. – Retirou as passagens aéreas de uma pasta. – Preciso da sua ajuda e
depois vamos para longe, você e eu iremos torrar tudo o que ganhei durante os
anos que trabalhei para Antônio.
-- Vai matar a Ana? – Indagou temerosa.
-- Se ela continuar viva nunca vai
nos deixar em paz...ela vai usar todo o poder que tem para nos destruir, não
haverá sossego.
-- Mas se você a matar vai acabar
sendo preso!
-- Isso não vai acontecer, eu sei
como fazer...vai haver um grande evento...Ana Valéria não é um ser amado, ao
contrário, um ser que muitos odeiam...poderia ser qualquer um.
A loira voltou a sentar-se. Seu
olhar demonstrava temor pelas palavras do advogado.
O rapaz ajoelhou-se diante dela,
tomando-lhe as mãos.
-- Pense bem, Lorena, desde que Ana
Valéria deixou aquele hospício tudo o que ela vem fazendo é te perseguir e
tentar de todas as formas te destruir...não entendo por que não aceita meu
plano, afinal, não se importou quando Antônio armou tudo para ela ser morta no
avião.
Realmente, ela estivera até mesmo
presente diante de todos os preparativos. Aceitara de bom grado tudo o que fora
planejado, pois sabia que esse era o preço a pagar para conseguir sua vida de
luxo, porém agora temia que tudo pudesse sair errado e ela acabar pagando caro
por uma tentativa fracassada.
-- Veja, essas passagens mostrarão
que estamos bem longe quando tudo acontecer...já flertei um barco de um amigo,
com ele chegaremos à ilha e faremos tudo e voltaremos para o lugar onde estaremos
hospedados...teremos um álibi perfeito.
-- Não é tão fácil assim...
-- Sim, é, pois Ana Valéria é
arrogante o suficiente para dispensar todo tipo de segurança, sabemos bem disso...entro
no quarto, faço o que deve ser feito e deixamos o local.
Lorena ponderava.
Não sabia se desejava que a ruiva
morresse, mesmo que em muitos momentos a odiasse por lhe rejeitar, mesmo assim,
acalentava a ideia de que ainda havia esperança de que poderiam ficar juntas.
Sabia que fora o grande amor da vida da filha de Antônio. Sabia disso muito
bem. Ela se entregara quando ainda era uma menina, pois amava-a e não era
possível que um sentimento tão forte morresse tão rápido. Claro, era orgulhosa
e arrogante a ponto de não ceder, mas isso poderia mudar.
-- Não seja tola, a Del La Cruz
nunca vai te querer, ela te odeia, sabe bem disso! – Otávio disse irritado
parecendo adivinhar os pensamentos da loira. – A única coisa que ela sente por
ti é nojo! – Levantou-se. – Pensei que fosse inteligente, mas vejo que não
passa de uma boba apaixonada.
-- Tenho medo de ir para a cadeia! –
Ela defendeu-se. – Não desejo terminar meus dias em um lugar como aquele.
-- Isso não vai acontecer! – O homem
praticamente berrou impaciente. – Já te falei como vai ser o nosso plano, eu
entendo dos procedimentos...
-- E a Gabriele? – Lorena indagou. –
Ela vai sair dessa história feliz e bilionária, afinal, é a viúva da ruiva.
Otávio tocou a face da loira.
-- Acabaremos com ela também! –
Completou com um sorriso. – Ela também tem muito para pagar!
Nos aposentos da ruiva, ela
permanecia na cama, lia o livro, parecia concentrada, mas novamente aconteceu a
falta de energia.
Já tinha sido programado para ser desligada,
pois os engenheiros estavam trabalhando. O importante era que no dia do evento
tudo estivesse consertado.
Deixou a brochura de lado.
Observou o relógio da cabeceira.
Quase duas da madrugada.
Ainda não conseguira dormir.
Sentia-se cansada, mas não conseguira pegar no sono ainda.
Usou a lâmpada à bateria para
iluminar o espaço, depois deixou o leito.
Seguiu até o frigobar.
Estava com sede.
Pegou uma jarra, enchendo um copo,
bebendo-a de uma única vez.
Onde estaria Gabriele?
Sim, essa era a pergunta que era
responsável por sua falta de sono. Sabia bem que Pierre tinha um propósito ao
trazê-la para o hotel, tinha certeza disso, mesmo que ele argumentasse que se
tratava apenas de ajuda para o buffet.
E a freirinha tinha aceitado entrar
naquele jogo?
Não sabia, apenas ouvira de Clarice
que a Bamberg tinha relutado bastante em ir até a ilha, mas não sabia se podia
acreditar totalmente em tudo o que mãe lhe falava.
Voltou a encher o copo com água.
Não era fácil resistir à esposa
quando ela estava tão perto e isso fora um dos motivos por ter seguido para
longe, fugia do encanto que chegava a lhe dominar na maioria das vezes.
Bebia o líquido devagar.
A prova disso fora o que se passara
na noite que descobrira o motivo da esposa mentir que não a queria mais. Mesmo
diante da raiva por ela ser tão tola, mesmo assim a tomara para si várias vezes,
sem mesmo conseguir controlar a vontade de tê-la de diversas maneiras.
Sentia um arrepio na nuca quando se
recordava das cenas. Tentava não pensar em como fora maravilhosa cada uma das
vezes que tocara em Gabriele, de como ela era apaixonada, de como reagia ao seu
toque e ao seu desejo com a mesma vontade.
Tola!
Uma garota tola!
A neta do barão era apenas isso,
uma menina estúpida que acreditava em tudo o que lhe diziam, sendo manipulada
por qualquer um sem nem mesmo ter forças para agir de forma diferente.
Bebeu todo o líquido.
Precisava dormir.
Já seguia para a cama quando ouviu
um som de um riso conhecido e ébrio.
Caminhou até a porta e para sua
surpresa diante do quarto da frente era possível ver, mesmo pela pouca luz do
corredor a chef de cozinha tentando abrir os aposentos.
Uma luz de emergência estava acesa,
mesmo assim, parecia que ela não conseguia usar o cartão para abrir a porta.
Gabriele tentava pela quinta vez e
esperava.
Mal conseguia ficar de pé.
Tinha ido até o chalé de Pierre
junto com Hellen e lá começaram a jogar, tendo como punição para os perdedores,
ingerir vinho, ela nem precisava dizer que não ganhara uma única vez.
Deixara o lugar sob protestos dos
dois, porém estava muito cansada, mal conseguia ficar de olho aberto e para
completar não conseguia destravar a porta. Ainda buscava saber como conseguira
voltar ao hotel.
Encostou a cabeça na madeira.
Talvez, pudesse deitar ali mesmo e
dormir, afinal, não haveria problemas quanto a isso, seria apenas alguém que
não conseguira entrar no quarto. Também não ficaria constrangida, afinal, não
morava ali para ouvir os comentários.
Ou quem sabe conseguisse forças
para ir até a recepção e pedir que alguém lhe ajudasse.
Riu alto.
Sabia que não devia ter aceitado a
bebida do chef de cozinha, porém não podia dizer que não tinha se divertido
depois de todos aqueles dias de sofrimento.
Batia com os punhos fechados na
estrutura como se isso fosse abri-la.
Voltou a gargalhar.
-- Vai acabar acordando os outros hóspedes!
A voz soou bem em seu ouvido e
quando tentou se virar, não conseguiu fazê-lo, pois a Del La Cruz estava colada
a suas costas.
-- Que escândalo é esse uma hora
dessas?
A voz soava ríspida.
Ela virou o rosto e viu a expressão
furiosa e fria da amada.
-- Eu...eu... – Gaguejava. – Que faz
aqui? Deus, como pode ser tão linda?
-- Você está bêbada! – A ruiva
constatou exasperada. – Fale baixo, daqui a pouco vamos começar ter plateia. –
Repreendia.
-- Eu nem sabia que éramos vizinhas...
– Voltou a rir alto. – Pierre deve ter achado que você gostaria...vizinhas... –
Gargalhava. – Castigos e mais castigos...
A voz soava alta.
A ruiva lhe tomou o cartão da mão e
isso a fez ficar ainda mais próxima da esposa.
Sentia o cheiro de um delicado
perfume mesclado a vinho. Adorou o aroma dos cachos soltos, respirou fundo para
apreciar o frescor. Amava o cheiro dela.
-- A porta não abre...baronesa...eu
já tentei...tentei...tentei...acho que vou deitar aqui mesmo...
Gabriele tentou se afastar, mas
acabou tropeçando, precisando de apoio da ruiva que a segurou.
-- Deus do céu!
-- Você está ainda mais bela,
senhora!
A ruiva fitava os olhos negros, a
expressão embriagada e teve vontade de deixá-la lá, seguindo para o próprio
quarto.
Apoiou contra a porta para que não
voltasse a tropeçar, depois voltou a tentar abri-la.
Não era fácil se concentrar, ainda
mais quando era observada de tão perto pela bela Bamberg que ria sem parar estimulada
pelo álcool em seu sangue.
-- Essa cara de má está me
assustando... – Ela dizia. – Não parece muito feliz em me ver...me odeia tanto
assim?
-- Fique calada! – Ordenou-a
irritada. – Até no inferno devem ouvir você uma hora dessas.
Novamente a neta de Bernard ria.
-- Você está muito perto...sinto o
seu hálito...gosto...seus olhos...eles são tão lindos e frios...seu
corpo...ain...—Gemeu. – Isso é um sonho, eu sei...
Depois de intermináveis minutos,
Ana conseguiu abrir a porta e Gabriele entrou nos aposentos trôpega. Não
parecia conseguir se manter de pé. Andava como se estivesse em uma corda bamba.
A ruiva precisou entrar, pois tudo
estava escuro e ela precisava achar a lâmpada de emergência e ligá-la.
Encontrou o objeto sobre a mesa e
acionou-a, iluminando o espaço.
Surpresa, viu a esposa deitada
sobre o sofá de bruços.
-- Você precisa de um banho e um
café forte para ver se consegue curar essa bebedeira.
A jovem levantou apenas a cabeça,
os olhos semicerrados.
-- Ah, não, isso é apenas mais um
sonho...você não está aqui, baronesa, estou apenas devaneando por causa do
vinho... – Voltou a afundar a cabeça na poltrona. – Estou sendo maltrata até no
sonho...
A empresária olhava-a, enquanto
sentia a irritação lhe consumir diante do plano de Pierre. Claro, ele armara
tudo aquilo e ainda por cima jogara a chef de cozinha no apartamento em frente
ao seu, embebedou-a, sem nem se importar com as consequências.
Caminhou a passos largos até o
lugar onde a jovem estava deitada, segurando-a pela cintura, levantou-a sob
protestos.
-- Me deixa...me deixa...para...
Ana nem se importava, levando-a consigo,
arrastando-a até o leito, sentando-a.
-- Olha para mim, Gabriele! –
Ordenou-a. – Olha para mim!
A jovem tentava manter os olhos
abertos, mas parecia um grande desafio consegui-lo.
-- Vá tomar um banho e depois volte
aqui, pois temos que conversar sobre sua estadia aqui no hotel.
A jovem estendeu a mão, tocando-lhe
a face.
-- Você é real? – Fez um gesto
negativo com a cabeça. – Não, não é...é só mais uma ilusão da minha cabeça...
-- Claro que sou real, estou aqui e
você também! – Segurou-a pela cintura, fazendo-a ficar de pé. – Precisa de um
banho...parece que bebeu todo o álcool do universo. – Torceu o nariz.
-- Não! – Gabriele negava-se em tom
alto. – Preciso de você...da sua boca na minha...isso que preciso...deixa eu
ver se isso é real...
Antes que a ruiva pudesse virar a
face, teve os lábios tomados pela neta de Bernard.
De início, manteve-se rígida,
sentindo o delicado toque acender seus instintos. Então segurou a face bonita
entre as mãos, aprofundando o contato. Beijando-a com vontade, sentindo o gosto
do vinho da melhor safra. Capturou-lhe a língua, chupando-a com vontade,
ouvindo-a gemer diante do toque.
Sabia que não devia continuar, mas
era como se não conseguisse controlar a vontade de sentir a amada depois de
tanto tempo separadas.
Os lábios da Bamberg pareciam
prontos para devorá-la, tirá-la tudo o que queria. Abraçou-a pelo pescoço,
roçando o corpo no dela como uma gata que ansiava pela satisfação dos seus
instintos mais antigos.
Ana colocou as mãos por sob a
camiseta que a jovem usava, encontrou a barreira do sutiã, mas logo abria o
fecho frontal e já tocava os delicados seios redondos, acariciando os mamilos,
provocando-os, fazendo-a gemer contra sua boca diante do prazer que sentia.
Eram tão macios, desejosos de mais
carinho.
-- É só um sonho... – Dizia ebriamente.
– só estou sonhando como acontece todas as noites...
Ana Valéria retirou-lhe a blusa e
logo baixava a cabeça para tomar os pequenos montes. Passava a língua nos
biquinhos, enquanto sentia o afago nos cabelos.
-- Está bêbada...precisamos
parar...
-- Não, não para, amor, continua...por
favor...
A ruiva parou as carícias, enquanto
a fitava, via os olhos fechados.
Não podia continuar.
A esposa estava muito embriagada,
tanto que nem mesmo conseguia diferir o devaneio da realidade.
Abraçou-a forte, beijando sua
testa.
Lentamente, colocou-a no leito. Não
demorou para que dormisse pesadamente.
Foi até a jovem, tirando-lhe os
sapatos, depois ocupou-se da calça. Caminhou pelos aposentos e encontrou a mala
que ainda não tinha sido desfeita. Abriu-a, pegando uma camisola e foi quando
viu um quadro com sua foto junto com Luna.
Suspirou, deixando o objeto no
lugar, depois seguiu para vestir a esposa.
Na manhã seguinte, Pierre tomava
seu desjejum na ala da piscina quando viu Paloma vir em sua direção.
-- Espero que não se incomode com a
minha presença. – A modelo falou, enquanto se sentava.
O chef bebeu um pouco de suco.
-- E por que eu teria algum
problema, mon chéri?
-- Não sei, mas sinto que não gosta
mais da minha presença...antes parecia até torcer para meu relacionamento com a
baronesa.
O homem gargalhou, depois comeu um
pedaço de bolo.
-- Ela é uma mulher casada, então
eu acho que precisa ter respeito quanto a isso.
-- Antes ela também era casada com
o barão e você nunca se importou.
-- O barão era um
demônio...diferente da Gabi...um anjo, não...?
-- Deixe que a Ana decida se me
quer ou não...se ela me deseja é porque o casamento é uma farsa...
O homem olhava para a convidada
indesejada com olhar perscrutador. Bebeu um pouco de suco, parecia ponderar
antes de falar.
-- A Del La Cruz está passando por
um momento complicado... e quando há raiva envolvida não é possível pensar com
clareza...ela pode cair na sua sedução e depois se arrepender e te deixar por
aí ainda mais arrasada.
-- Nunca me importei de ser apenas
uma diversão para a Ana! – Disse com um sorriso. – Se ela me quiser, eu estou
aqui para saciar suas vontades, então seria sábio se não se intrometesse mais
nisso. – Levantou-se. – Espero que isso não abale nossa amizade.
O chef de cozinha apenas fez um
gesto afirmativo, enquanto via a modelo deixar o espaço.
Esperava que Ana Valéria deixasse a
raiva de lado e fizesse logo as pazes com a esposa, pois Paloma não iria poupar
esforços para seduzi-la.
Ouviu passos e ao levantar a cabeça
viu a baronesa com uma expressão nada agradável a lhe fitar.
Bebeu um pouco de café, sabendo que
aquele não seria um dia tão fácil de enfrentar.
-- Então o plano era trazer a
Gabriele e colocá-la nos aposentos bem de frente aos meus.
-- Não sabia que isso representava
um problema para alguém tão decidida como você...uma fraqueza?
Os olhos claros estreitaram-se em
ameaça.
-- Você a embebedou! – Acusou-a. – Ela
está envolvida nesse seu plano estúpido!
-- Claro que não! – Ele negou. –
Não há plano nenhum, mon ami, ela está apenas me ajudando, ontem foi apenas um
deslize...bebemos um pouco, estávamos nos divertindo, pois a coitada da
Gabriele está muito triste depois de tudo o que passou.
-- Mande-a embora agora mesmo! –
Exigiu. – Vou chamar o jatinho. Contrate outros chefs de cozinha, não quero que
ela fique aqui.
-- Eu sinto muito, mas ela vai
ficar, quero que ela fique aqui e me ajude.
Ana Valéria se sentou.
-- Gabriele não vai ficar aqui!
-- Por que tem tanto medo hein? –
Provocou-a. – Pensei que não se importava com a presença da sua esposa, mas
vejo que tem medo até mesmo de tê-la por perto...
-- Não quero apenas sua presença,
pois não é o momento certo para uma conversa.
-- Então, não vejo problemas, mas
caso você veja algum, ela está no quarto, fale você com ela. – Disse irritado. –
Eu sei que ela foi uma tola, sei que se comportou como uma criança estúpida,
porém não acho que esse castigo seja algo bom, ela está sofrendo, Ana, queria
que visse a dor naqueles lindos olhinhos.
A ruiva nada disse, apenas se
levantou e saiu com a postura arrogante e irredutível diante do que tinha
decidido.
Gabriele tinha despertado em seu
quarto, mas pouco conseguia lembrar de como chegara lá. Em sua cabeça havia
algumas imagens de Ana Valéria, porém ainda não conseguia entender se fora real
ou apenas um sonho.
Cobriu a face com o braço.
Estava com dor de cabeça.
Bebera mais do que o suficiente e
agora teria que lidar com uma terrível ressaca.
Sabia que precisava levantar-se,
mas não tinha forças para isso, sentia tão pesada, a cabeça estava girando como
se tivesse acabado de descer de um carrossel.
Nem sabia onde estava o celular,
precisava ligar para Clarice, saber sobre Luna.
Ouviu a porta abrir, cobriu-se, mas
era apenas Pierre com uma bandeja.
-- Mon ami, trouxe algo que vai te
ajudar a se sentir melhor. – Colocou sobre a cama.
-- Eu não quero nada, estou com o
estômago embrulhado... – Fez cara feira para a comida.
-- Beba pelo menos isso, logo vai
se sentir melhor. – Estendeu-lhe a xícara.
Gabriele hesitou, então o homem riu
e disse:
-- Não tem álcool, criança, apenas
um chá ancestral que vai te recuperar. – Insistia.
A Bamberg fez um gesto de
assentimento com a cabeça. Aceitou a oferta, bebendo-o de uma única vez.
-- Que coisa horrível! – Fez careta.
– O que tem nisso?
-- Ervas que vão te deixar pronta
para enfrentar o dia longo. – Olhava tudo ao redor. – Vejo que dormiu como um
anjo...
-- Nem sei como consegui me
trocar...não me lembro de muita coisa...algumas imagens...acho que tive um
sonho. – Confidenciou. – Parecia que a baronesa estava aqui...
Pierre olhava tudo ao redor como se
estivesse investigando, farejando a presença da ruiva.
-- Talvez não tenha sido sonho, mon
chéri...
Gabriele sentou-se e parece ter se
arrependido do gesto ao sentir o desconforto.
-- De que falas?
-- Ela te viu ontem, ela te viu
bêbada...
-- Como sabe?
-- Ela me disse, mas não me deu detalhes,
então fui até as câmeras e vi que ela quem te colocou para dentro, acho que
você teve dificuldade para abrir a porta...
A Bamberg prendeu os cabelos,
enquanto buscava na mente algumas imagens, mas parecia tudo tão confuso.
-- Acha que aconteceu alguma coisa
entre a gente? – Questionou receosa e esperançosa.
O homem fez um gesto negativo com a
cabeça.
-- Não, a Ana não faria, não do jeito
que você estava bêbada, ela é uma dama!
Gabriele cobriu a face.
-- Que vergonha eu devo ter
passado, Pierre, provavelmente devo ter me humilhado para ela, implorado por
atenção...quero ir embora daqui! – Fitou o amigo. – Por favor, eu não quero nem
pensar que me comportei como uma qualquer buscando a atenção da esposa...
-- Vocês são casadas, querida,
então é normal isso... – Suspirou. – Descanse, basta que me ajude apenas à
tarde. – Caminhou até a jovem e segurou sua mão. – Gabi, precisa ser forte e
enfrentar a baronesa...sei que sente culpada por tudo, mas não pode apenas
aceitar essa culpa...
Naquela tarde, o jatinho aterrissou
na pequena pista.
Ana Valéria estava lá para receber
Lia, Clarice e Luna, Branca e Rogério.
A pequena ruiva assim que viu a tia
correu para ela.
A baronesa tinha passado o dia fora
do hotel resolvendo alguns detalhes para a inauguração do resort e isso a
ajudou a tirar da cabeça a esposa e o que tinha acontecido naquela madrugada.
Arrumou os óculos escuros, depois
agachou para pegar a menina nos braços.
-- Mamãe não veio?
A voz infantil indagou.
-- Não, princesa, mas ela estará no
hotel.
-- Você também é minha mamãe?
A pergunta pegou a ruiva de
surpresa.
Esboçou um sorriso, apenas fazendo
um gesto afirmativo com a cabeça.
Os demais aproximaram-se.
-- Filha, não gosto de ficar tanto
tempo longe. – Clarice lhe beijou a face. – Espero que depois dessa inauguração
volte para a capital.
-- Todos esperamos o mesmo! –
Branca sorriu. – Acho que temos dependência emocional da senhora baronesa. –
Piscou.
-- Ora, Branca, não a provoque, não
queremos ser expulsos... – Rogério beijou a face da empresária. – Vejo que essa
pequenina já correu para os braços da mamãe. – E onde está a Gabriele?
A pergunta foi feita de forma
inocente pelo advogado, mas parecia que mesmo assim não fora muito bem recebida.
-- Vamos para o carro. – Apontou. –
Eu sigo com a Luna, a mamãe a Lia, Rogério e a Wasten vão no outro.
Gabriele e Hellen conseguiram
terminar as sobremesas no início da noite. Estavam na cozinha, exaustas, mas
satisfeitas por terem conseguido ajudar o amigo.
-- Fizemos um ótimo trabalho! –
Pierre já trazia champanhe e as taças.
-- Ah, não, eu não quero! –
Gabriele tirou a touca. – Não quero bebida nenhuma, ainda estou enjoada!
-- Ah, não, precisamos comemorar e
esse champanhe não vai te deixar de ressaca, será apenas uma taça e um brinde,
afinal, não quero que chegue bêbada ao jantar de hoje.
-- Jantar? – Indagou surpresa.
-- Claro! – Ele colocou a taça na
mão da jovem. – Preparei algo especial, pois todos chegaram.
-- A Luna? Mas eu pensei que só
viriam amanhã... – Disse pensativa.
-- Sim, mas a baronesa pediu que
antecipassem a vinda.
Um sorriso desenhou-se nos lábios
da Bamberg.
-- Então preciso correr para me
arruma, estou com muitas saudades.
O jantar daquela noite fora servido
em uma área reservada.
Pierre tinha usado a cobertura para
preparar a refeição.
O espaço contava com uma piscina,
deck e uma vista maravilhosa para a praia.
Uma grande mesa tinha sido montada
e alguns garçons ficaram responsáveis de servir.
Ana Valéria estava sentada na
ponta, a filha estava sentada em seus braços. A conversa era bastante animada,
mas a ruiva apenas parecia ouvir superficialmente.
Viu Pierre aparecer com Hellen,
pareceu um pouco decepcionada pela ausência de alguém, porém viu os gritos de
alegria da pequena ruiva, vendo-a descer do seu colo e correr para os braços da
mãe que se aproximava com um enorme sorriso.
Então, lá estava a Bamberg.
Observou-a disfarçadamente.
Ela usava um vestido floral que
chegava um pouco acima dos joelhos. Havia um cinto na cintura, amarrando-o
delicadamente. Alças final enfeitavam os ombros delicados. O decote expunha a
parte externa dos bonitos seios. Nos pés havia uma sapatilha. Os cabelos
cacheados estavam soltos.
Prendeu a respiração e isso chamou
a atenção de Branca.
-- Sua esposa é muito bonita,
baronesa.
A ruiva deu de ombros, bebendo um
pouco de água.
Observou-a cumprimentar cada um dos
presentes, conversando e agindo com espontaneidade.
Não havia dúvidas do grande carinho
que Clarice sentia pela nora. Lia encheu a jovem de beijos.
-- Acho que a comida já pode ser
servida, pois estamos famintos. – Pierre dizia espalhafatoso. – Eu nem sei como
conseguimos trabalhar tanto.
Luna segurava a mão de Gabriele e
praticamente arrastou-a para sentar-se na cadeira que ficava em uma das
laterais da baronesa.
O olhar de ambas se cruzara por
alguns segundos.
A Bamberg apenas esboçou um sorriso
para a ruiva que não foi retribuído.
A conversa continuava animada. Branca
falava sobre o resort e como a publicidade tinha surtido efeito, pois era o
assunto mais comentado dos últimos dias na capital. Também narrava o desespero
dos acionistas por não ter a ruiva como presidente da empresa.
Os garçons começaram a servir a
bebida e logo o chef de cozinha trazia um champanhe.
-- Gente, quero fazer um brinde,
preciso brindar a Hellen e a Gabi, não teria conseguido deixar tudo pronto se
não fosse pela ajuda delas.
Pierre fez questão de servir as taças,
Gabriele acabou aceitando, não iria fazer desfeita na frente de todos, mas não
desejava beber mais nada. Na verdade, queria ir embora daquele lugar o mais
rápido possível. Estava feliz por estar com a filha, porém a presença fria de
Ana Valéria era muito difícil de suportar, mesmo que tentasse conversar como se
isso não a ferisse.
-- Gabriele é ótima com
sobremesa... – Branca comentava. – Ainda lembro do bolo de seis meses de Luna
que ela fizera junto com Lia...
Todos riram do episódio, exceto a
baronesa que não parecia ter se agradado com a lembrança.
O jantar tinha sido servido e todos
degustavam das iguarias.
Vinhos estavam sendo servido.
Luna foi chamada por Clarice e Lia,
seguindo até as avós.
-- Não acho que deva beber...
Pela primeira vez a voz baixa e
fria da Del La Cruz dirigiu-se à Bamberg que a fitou temerosa.
-- Por quê?
Os outros não pareciam prestar
atenção na conversa das duas. Fora colocado música e todos pareciam distraídos.
-- Vai que não consegue abrir de
novo sua porta e faz aquele escândalo...
Gabriele sentia a face corar.
-- Abriu a porta para mim então?
A Del La Cruz fez um gesto
afirmativo com a cabeça.
-- Também precisei tirar sua roupa
e vestir a camisola...não lembra? – Perscrutava-a.
Ela fez um gesto negativo com a
cabeça, parecia constrangida diante do que ouvia. Acabou deixando de lado a
taça de vinho, fitando o prato de comida, mas sem nenhuma vontade de continuar
a refeição.
-- Agradeço sua gentileza de ter
cuidado de mim... – A chef de cozinha disse por fim.
Ana Valéria apenas arqueou a
sobrancelha esquerda.
Não sabia como tinha conseguido
resistir ao desejo na madrugada passada. Não conseguira dormir depois que
voltara para o próprio quarto. O corpo queimava em um desejo tão intenso que
precisara tomar inúmeros banhos gelados, mas nada fora suficiente para aliviar
a vontade que se instalara em si. Chegara a pensar várias vezes em voltar lá e
tomar para si a esposa, mas sabia que não deveria, ainda mais por ela estar tão
bêbada.
Tentou prestar atenção na conversa
dos presentes, mas ter a neta do barão do seu lado era algo bastante complicado
para sua sanidade mental.
O jantar terminou e mais bebidas
foram servidas.
Naquela hora, Branca, Rogério,
Pierre e Hellen já estavam se jogando na piscina. Gabriele acabou sendo
convencida por Luna e Clarice a entrar, pois a menina queria tomar banho com a
mãe.
Ana Valéria não parecia interessada
ainda em molhar-se, ficando apenas na espreguiçadeira, tendo o computador
portátil consigo. Tinha alguns correios eletrônicos para ler. Havia as
confirmações para a inauguração que aconteceria dentro de dois dias.
Estava bastante concentrada, mas o
grito de Pierre lhe chamou a atenção e foi quando viu a esposa em um minúsculo biquíni
com Luna correndo para os braços de Branca.
A ruiva passou a mão nos cabelos.
Uma bola fora arrumada e logo todos
estavam jogando dentro da piscina.
-- Por que não vai, filha? –
Clarice indagou. – Não deveria trabalhar tanto. – Sentou-se ao lado da filha. –
Daqui a pouco vou subir com a Luna para o quarto, já parece sonolenta.
Ana fitou a garotinha.
-- Quem disse a ela que também sou
sua mãe?
A mulher sorriu.
-- Ela questionou sobre isso a Lia
e a gente falou que sim...ela é muito inteligente, filha, não foi tão difícil
pensar...
A ruiva fez um gesto afirmativo.
-- Vem, Ana, falta mais um para o
time se equiparar. – Rogério dizia.
Por fim, ela aceitou, seguindo para
vestir um traje adequado.
Gabriele estava no time adversário
da esposa. Mas já perdiam tanto que foi preciso fazer uma troca, dessa vez ela
ficaria do lado de Ana Valéria junto com Branca.
Luna tinha seguido com as avós para
dormir.
Em determinado momento, a Bamberg
precisava sacar e como não tinha muito experiência, a Del La Cruz posicionou-se
por trás dela, ajudando-a, porém isso parecia desconcentrar ainda mais a garota.
Já estava tarde, então aos poucos
todos foram deixando a área da piscina. Pierre e Hellen seguiram para a mesa,
bebiam. Gabriele nadada e Ana Valéria observava tudo com crescente interesse.
-- Não vai beber? – A ruiva
provocou-a em determinado momento. – As bebidas do Pierre são sempre
batizadas...
Gabriele aproximou-se.
-- Não, já recebi sua
advertência...não quero ser um incômodo mais uma vez... – Encostou-se à borda,
com os braços cruzados. – Ou será que a senhora no fundo gostou?
Ana Valéria aproximou-se o
suficiente para ficarem bastante próximas.
-- Na verdade, freirinha, você está
me devendo...
-- Devendo o quê? – Indagou sem
fôlego.
-- Uma compensação...afinal, você
estava tão bêbada que não conseguiria fazer sexo, mas mesmo assim me provocou
bastante...
A face da Bamberg corou.
-- E então? – A ruiva insistia. –
Como pretende pagar por ter perturbado minha paz e não ter retribuído?
-- Quer que eu faça sexo contigo?
-- Claro!
-- Mas você está irritada comigo...
-- Uma coisa não tem nada a ver com
a outra, minha esposa!
Antes que Gabriele pudesse
responder, viu a ruiva deixando a piscina.
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Só love
ResponderExcluirComo eu estava com saudades dessas histórias incríveis!E tão difícil encontrar livros que nos prendem tanto,a ponto de nao fazer nada,somente ler!
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