A antagonista - Capítulo 23

 


               Ana Valéria permanecia de olhos fechados, pois temia ter um desmaio.  Novamente, sua cabeça era invadida por imagens que não conseguia fazer uma ligação concreta. Via a Bamberg com uma pequena criança nos braços. Decerto, era Luna quando era um bebê. Viu-a também em seu escritório, tendo a jovem em seus braços, beijando-a.

              Via-se no avião, no confronto corporal que tinha tido com seu agressor. Ouvia o barulho do tiro, sentia a dor da bala penetrando sua carne.

              Gemeu baixinho.

              -- Você está bem, baronesa?

              A voz de Branca a despertou. Abriu os olhos e viu o olhar da administradora demonstrando preocupação. Tatiana também olhava tudo apreensiva.

              Passou a mão na testa, suava, mesmo a temperatura no escritório estando agradável.

              Arrumou a gola da blusa, sentia-se sufocada.

              A Del La Cruz observava as duas mulheres, depois se levantou, esperando alguns segundos para ver se não sentiria tontura. Temia desmaiar.

              -- Quer que eu chame o médico? – A Wasten ofereceu. – Está pálida.

              -- Eu estou bem... – Passou a mão pelos cabelos. – Eu tenho que resolver algo. – Fitou a produtora. – Agradeço por ter vindo...Obrigada...falamos depois.

              Antes que as mulheres pudessem falar algo, a ruiva deixava a sala. A administradora pensou em ir até ela, porém acabou permanecendo no mesmo lugar. Esperaria e já deixaria o médico avisado caso precisasse de alguma assistência.

 

 

              Gabriele seguiu para a sala que antes ocupava na empresa.

              Sentia uma raiva tão intensa em seu interior.

              Apoiou as mãos sobre o tampo da mesa. Respirava devagar.

              Pensara em ir embora daquele lugar, porém não se sentia bem para dirigir naquele momento. Não enquanto aquele fogo de fúria lhe consumia por dentro. Não acreditava que tivera que passar por aquela humilhação. Como aquela maldita mulher pensara que pagaria para mantê-la longe?

              Odiava-a!

              Sim, fazia tempo que não sentia aquela irritação provocada pela esposa do avô. Passara por tanta coisa por causa daquela mulher e agora também era acusada de ações terríveis.

              Sua vontade era ir embora para bem longe. Fugir com a filha para um lugar onde nem a baronesa, nem Antônio, Lorena ou Miguel pudessem lhe pressionar. Não fizera nada para que tudo aquilo acontecesse e mais uma vez se arrependia de ter aceitado deixar o convento, arrependia-se de ter aceitado ficar ao lado de Ana Valéria. Arrependia-se de ter se apaixonado pela filha de Antônio.

              Limpou os olhos com a mão para evitar que as lágrimas caíssem.

              Estava apaixonada pela empresária, nem mesmo podia negar para si mesma o que estava dentro do seu coração.

              Mas do que adiantava?

              Sabia que nunca poderia ser amada pela ruiva, apenas viveria aquela guerra que nunca terminava.

              Ouviu o som da porta abrindo, pensou que ser a secretária, porém sentiu aquele perfume que a perturbava tanto.

              Virou-se, então viu aquela mulher que a deixava tão descontrolada.

              -- O que quer agora? – Indagou, encarando-a. – Não está cansada de confrontos por uma manhã? Quer saber o que fiz mais com seu maldito dinheiro? Vá ao banco, peça os relatórios, vá para o inferno com suas acusações.

              Ana Valéria cruzou os braços sobre os seios.

              Não parecia se importar com a forma arisca que tinha sido recebida.

              Gabriele só agora observava a elegante roupa que ela usava. Seus famosos terninhos impecavelmente passados. Usava uma camisa branca de mangas longas, um colete preto por cima combinava com a mesma cor da calça que era justa em suas pernas torneadas. Nos pés calçava um sapato de bico fino. Os cabelos ruivos brilhavam soltos. Não parecia a Rubi que se vestia de forma mais espontânea e sensual.

              -- Ora, desde que retornei não vi nenhuma amabilidade da sua parte... – Observou-a de cima abaixo. – É de se pensar que não tem nenhum tipo de sentimento por mim. – Provocava-a. – Mas pagar vinte mil para se deitar comigo demonstra que pelo menos desejo você sente.

              -- Ainda vem com essa história? – Aproximou-se como se fosse agredi-la, mas parou. – Quer o seu maldito dinheiro? Pagarei. – Vociferou.

              -- Quero que fale um pouco mais baixo, afinal, o seu descontrole não é interessante nesse momento.

              -- E o que é interessante? – Indagou por entre os dentes. – Suas bobagens em me constranger e constranger a Tatiana? – Gesticulou. – Se está interessada em saber das informações poderia ter me perguntado e não feito esse circo. – Passava a mão pelos cabelos em um gesto de nervosismo. – Humilhou-me diante delas, humilhou-me! – Apontava o indicador em riste. – Mas não permitirei que faça mais isso.

              Ana Valéria não exibia expressão de irritação, ao contrário, havia aquela costumeira provocação brincando em um sorriso em seus lábios rosados. Ela acomodou-se na poltrona, cruzando as pernas elegante e sensualmente.  Olhava a jovem parada a sua frente. Suas memórias tinham retornados. Sim, o médico estivera certo quando dissera que voltaria a ter suas recordações de volta. Via a neta do barão e pensava como havia uma saudade estranha em seu peito. Tinha em sua memória quando a garota caíra da árvore, quando lhe jogara a massa de bolo, quando a arrastara consigo até o banheiro para um banho...A última vez que tinha visto-a em seu escritório, em como desejara tomá-la para si naquela noite.

              Observava-a com cuidado, não querendo perder nenhum detalhe.

              -- Circo? – Questionou com um sorriso brincando em seus lábios. – Não entendo o motivo de tanta irritação...freirinha...

              Os olhos negros abriram-se em surpresa, como se fosse a primeira vez que estivesse vendo a ruiva. Aproximou-se alguns centímetros, observando-a, olhando-a como se estivesse vendo-a pela primeira vez.

              -- Disse que não lembrava!?

              -- E eu não lembrava...—Suspirou. – Mas acho que suas palavras nada gentis me trouxeram de volta suas memórias... – Fitou o próprio relógio. – Gabriele, como temos coisas para conversar... Você sabe muito bem que está bastante errada, então não adianta esbravejar. – Apontou a cadeira. – Sente-se, quero conversar contigo.

              -- Você lembra de tudo? – Questionou com voz mais baixa e expressão surpresa. – De tudo? Lembra de tudo e mesmo assim e fez passar por tudo isso? – Falou mais alto.

              Naquele momento, parecia que estava totalmente despida diante dos olhos azuis.

              -- Por mentiu?

              -- Eu não menti, já disse que recordei de tudo agora pouco.

              Incrédula, ela voltou a perguntar:

              -- Lembra de tudo?

              -- Sim, até do sexo que fizemos quando eu usava o nome de Rubi...Até as sensações no meu corpo com seu toque... – Disse, encarando-a. – Consigo até mesmo ouvir sua voz doce pedindo mais...Consigo sentir o desejo daquela noite...sentir o poderoso orgasmo que me dominou e a você também... – Completou, levantando-se.

              A Bamberg sentiu a face corar.

              Ana Valéria voltou a apontar para que a jovem se acomodasse, algo que demorou alguns segundos para que fosse feito. A baronesa esperou pacientemente, algo que não era comum, porém ela o fez e quando a jovem abria a boca para dizer algo, foi silenciada por um gesto de mão.

              -- Agora eu falarei, freirinha... – Apoiou o quadril na mesa. – Você é minha mulher, então trate de acabar esse noivadinho com aquele canalha que advoga a favor do meu pai. – Dizia com expressão implacável. – Não pense que engoli o fato de ter colocado meu maior inimigo dentro da minha empresa...de ter deixado que a maldita Lorena ocupasse um cargo aqui...não sei onde estou com a cabeça que ainda não te chutei para o lado deles.

              -- Faça-o! – Gabriele disse com o queixo erguido. – Não estou aqui para me explicar, tampouco para justificar minhas ações. Tive meus motivos e não me arrependo. – Levantou-se. – Quanto às suas exigências, penso que o que deveria ser terminado é esse casamento que me obrigou, afinal, deixou claro que não duraria e que devolveria minha liberdade.

              Novamente, um sorriso brincava nos lábios rosados das Del La Cruz, porém não havia humor presente ali, era sempre aquela forma cínica de provocar.

              -- Me enfrenta mais uma vez...Ousa me enfrentar novamente, mesmo sabendo que estar errada?

              -- Não ficarei calada, enquanto escuto suas barbaridades.

              -- Barbaridades?

              A Bamberg passou a mão pelos cabelos soltos.

              De repente, não conseguia acreditar que a mulher tinha retornado totalmente. Pensou em abraçá-la tantas vezes, dizer como sofrera quando pensara que ela tinha morrido, porém temia ser ridicularizada, então simplesmente pegou a bolsa que estava sobre a poltrona, deixando a sala.

              A baronesa ficou lá, parada no mesmo lugar, enquanto massageava as têmporas.

              Não sabia por qual razão se sentia tão perdida diante da neta do barão. Fora a mesma sensação quando estava sem memória e era apenas uma dançarina. Será que o desejo sexual que sentia pela moça era tão grande que perdia até mesmo sua capacidade de pensar claramente.

              Será que podia realmente confiar naquela garota?

              Acomodou-se na cadeira de couro. Observou algumas fotos sobre a mesa e ficou surpresa em ver uma sua com Luna nos braços. Sabia que fora tirada na festa de colheita...

              Estava de volta...

              Suas lembranças estavam bombardeando sua mente. Sentia como se agora houvesse duas de si, duas histórias, dois caminhos que percorrera.

              Soltou um longo suspiro.

              Ouviu o som do telefone interno, atendendo-o.

              -- Senhora Del La Cruz, a senhorita Paloma deseja vê-la.

              A ruiva não respondeu de imediato. O que seria que a ex-amante desejava, afinal, pelo que sabia ela tinha retomado seu noivado. Pensou em dispensá-la, mas não o fez. Talvez, fosse interessante ouvi-la, saber por sua boca tudo o que passara nos dois anos que estivera desaparecida. Não sentira nenhum entusiasmo ao ver a bela no dia da reunião, não tinha mais interesse na mulher que ocupara sua cama por tanto tempo, ainda assim, deixaria que entrasse.

              -- Espero-a...

              Não demorou para que a modelo adentrasse o espaço, parecia ainda mais bonita com a roupa sensual que exibia. O vestido vermelho era totalmente justo no corpo bem-feito. Sabia como era ardente, agora voltava a ver em seus olhos a paixão que estivera entre elas, até que a neta de Bernard tinha surgido na sua vida. Sim, fora a Bamberg quem fora responsável por isso também.

              -- Não imaginei que teria sua visita... – A baronesa comentou, olhando-a. – Não acho que Otávio vai aprovar essa sua visitinha.

              A modelo deu de ombros, enquanto se sentava diante dela, cruzando as pernas longas.

              -- Não acredito que você esteja muito interessada na opinião do meu noivo... – Fitava-a. – Pensei muito se deveria te procurar, muito mesmo, afinal, depois de tudo o que aconteceu não sabia se seria bem recebida, então pensei que se aceitava a Gabriele que se unira com seu pai, comigo seria menos dura.

              -- Um bom argumento... – Comentou com olhar neutro.

              -- Sempre fui boa em muitos aspectos...ou não se recorda? – Provocou-a. – Sem falar que não aceitaria nenhuma recriminação da sua parte, afinal, casou-se com a neta do seu marido, enquanto mantinha um caso comigo.

              Ana Valéria tamborilava os dedos sobre o encosto dos braços da cadeira.

              Não parecia se importar com o que fora dito naquele momento, pois sempre deixara claro que ambas só tinham um caso, nada mais que isso.

              -- Por que se casou com ela?

              -- Negócios! – Respondeu de imediato.

              -- Negócios? – Ela indagou com ceticismo. – Imagino que tenha sido pelas ações que ela herdara...mas sabe que não acredito que tenha sido apenas por isso.

              A ruiva mordiscou a lateral do lábio inferior, porém antes de responder, mais uma vez o telefone interno tocou. Ela achou estranho, pois a secretária sabia que ela estava ocupada e não era comum ser interrompida.

              -- Ana, preciso falar contigo.

              A voz de Branca fez-se ouvir.

              A ruiva não respondeu, apenas acionou o botão e a porta fora aberta. Viu o olhar de reprovação da administradora ao ver Paloma.

              Observou os papéis que ela trazia consigo.

              -- O que se passa?

              -- Prefiro que falemos em particular...

              A modelo esboçou um sorriso, enquanto se levantava.

              -- Hoje te espero em meu apartamento, temos coisas para conversar.

              A ruiva não respondeu, apenas esboçou um sorriso.

              A modelo deixou o espaço. A administradora parecia analisar o que tinha se passado ali. Ficara sabendo pela secretária que Gabriele estivera naquela sala com a baronesa. Preocupara-se com a saída da ruiva da sala, com a demora, mas antes que deixasse o local recebera a visita do advogado.

              -- Vai ficar em silêncio até quando? – A ruiva questionou impaciente.

              -- Não acredito que tenha pretensão de retomar a relação com essa mulher. – Criticou-a, enquanto colocava os papéis sobre a mesa. – Espero que não perca tempo com a Paloma, pois há coisas bem mais importantes nesse momento.

              A baronesa passou os olhos pelos documentos, lendo por alguns segundos até comentar. Seu maxilar enrijeceu.

              -- Então, a minha esposa está pedindo o divórcio...e exigindo metade dos meus bens...ora, que interessante...quem diria que a freirinha colocaria as unhas de fora.

              A administradora arregalou os olhos, tinha a testa franzida.

              -- Freirinha?

              A ruiva deu de ombros, enquanto voltava seu olhar para as folhas que estavam sobre sua mesa.

              -- Sim, minha querida Branca, meu cérebro parece que conseguiu recuperar as memórias...

              -- Meu Deus, isso é maravilhoso. – Falou com um sorriso. – Deus do céu!

              Ana Valéria inclinou a cabeça para trás, enquanto girava meia volta na cadeira. Parecia ponderar sobre o pedido de divórcio. Quando se casara com a jovem, fizera-o para impedi-la de contrair matrimônio com o namorado, pois sabia que isso lhe faria perder as ações, na verdade, essa era uma das justificativas, pois a outra ela não costumava admitir para si mesma.

              Branca sentou-se.

              -- Baronesa, o que pensa em fazer em relação ao pedido do divórcio? – Indagou curiosa. – Agora que recuperou suas lembranças, acho que sabe o que há entre você e a Gabi. – Esboçou um sorriso. – Até mesmo desmemoriada, estiveram juntas...quer que eu seja sincera? – Encarou-a. – Acho que gosta dela e gosta muito.

              -- Por favor, pare de romantizar o sexo, isso é apenas o que houve... – Disse tentando mostrar convicção. – O fato de ter transado com alguém não significa nada para mim. – Tamborilava os dedos sobre o encosto lateral da cadeira. – Porém, não vou dar o divórcio, não vou mesmo.

              -- E por que não? Afinal, você não precisa mais das ações, pois a dívida de Antônio já é mais que suficiente para arruiná-lo...claro, levando em conta que a Gabriele não vai se intrometer...pois...bem, ela é sua esposa...

              -- Ela não tem direito a nada meu! – Respondeu por entre os dentes. – Nada! – Levantou-se. – Vou para o meu apartamento, estou com um pouco de dor de cabeça.

              A Wasten mostrou preocupação.

              -- Vamos ao médico, acho que ele precisa saber sobre sua recuperação.

              Surpreendentemente, Ana assentiu.

 

              O restaurante estava cheio naquela noite.

              A Bamberg chegou atrasada, pois pegara a filha na escola, passando algumas horas com a pequena.

              Seguiu apressada para a cozinha, colocando o avental, prendendo os cabelos e logo colocava a touca. Lá, também estava Hellen que já adiantava alguns pratos com as auxiliares.

              -- Pensei que não viria.

              -- Acabei perdendo a hora, estava com a Luna. – Usava a colher para mexer o caldo. – Me desculpe.

              A moça a fitou de soslaio.

              -- Você está bem?

              Ela não respondeu, apenas começou a montar os pratos.

              -- E por que não estaria bem? – Questionou depois de alguns segundos.

              As auxiliares de cozinha já levavam os pratos para os atendentes servirem.

              -- Não sei, afinal, sua esposa está de volta. – Encostou-se ao armário, enquanto a fitava. – Não pensa em retomar o casamento?

              -- Não me importa, não quero saber nada sobre a baronesa...e não há casamento. – Negou convicta. – Apenas um acordo...

              Hellen caminhou até a pequena abertura que conseguia observar os clientes. Olhava tudo com atenção, ficando surpresa com as duas pessoas que entravam no espaço.

              -- Então, você não se importa em saber que a Del La Cruz acabou de chegar acompanhada do nosso amigo Pierre.

              Gabriele parou o que estava parando por alguns segundos.

              Fazia dois dias que não sabia nada sobre Ana Valéria. A última vez que a viu fora na empresa, quando ela recuperara a memória. Não sabia nada dela, nem mesmo buscara informações, mesmo sabendo que Clarice tinha ido ao encontro da filha em algumas ocasiões.

              Pegou uma banana, descascando-a, depois a comeu.

              -- Pierre está aqui?

              O chef francês fora de grande ajuda quando as duas jovens abriram o restaurante.

              -- Sim, ele e a sua esposinha...e vou te dizer, ela está muito linda...com todo o respeito...

              A neta do barão comia a fruta, mas não parecia sentir o seu sabor.

              -- Não seria interessante que uma de nós fossemos lá para apresentar o cardápio?

              Gabi voltou a cuidar da comida.

              -- Vá você, estou muito ocupada para isso nesse momento. – Falou sem se voltar. – Mande os meus respeitos para o Pierre e diga que estou muito ocupada e por isso não pude ir até lá.

              Hellen esboçou um sorriso, depois deixou a cozinha.

 

 

              Aquela era a primeira noite que a baronesa saia desde que recuperara a memória. Quando fora ao médico, precisara se submeter a alguns exames e fora pedido que mantivesse em observação por vinte e quatro horas. No final, fora liberada, pois tudo se mostrara bem com sua saúde.

              Naquela tarde, ficara surpresa com a chegada do amigo Pierre. Branca quem ligara para o homem e avisara sobre tudo e logo que o chef tivera tempo, voara para encontrar a amiga.

              -- Não acredito que está viva...derramei tantas lágrimas por você... – O homem dizia com seu sotaque francês. – Foi um pesadelo não encontrar esses olhos azuis provocantes...

              Ana exibiu um sorriso, enquanto olhava tudo ao redor. Observava o restaurante, buscando algum sinal de Gabriele. Não tivera contato com a jovem, nem a confrontara sobre o pedido de divórcio.

              Sua mãe estivera consigo durante o período de observação e adorara tê-la ao seu lado. Nem acreditava que Clarice estava consigo depois de tudo o que passara.

              -- Ana, quero que vá ao litoral, em quinze dias terá uma grande comemoração no hotel e desejo muito sua presença.

              -- Pensarei no seu convite com muito carinho. – Olhava o cardápio. – Não sei o motivo de ter desejado vir aqui, acho que o atendimento é péssimo, até agora ninguém veio nos atender.

              -- Ah, vim aqui porque desejo ver minha linda Gabriele...

              Hellen aproximou-se com um sorriso.

              Ana Valéria tinha as lembranças de ter encontrado a jovem quando ainda era a Rubi.

              -- Perdão a demora...

              Pierre levantou-se e beijou a mão da jovem.

              -- Ui, mon ami, sei como tudo isso é corrido, e fico feliz em saber como estamos lotados hoje.

              -- Realmente, nos últimos dias estamos tendo bastantes clientes. – Disse, fitando a Del La Cruz. – Olá, senhora baronesa.

              -- Olá! – Ana deixou o cardápio de lado. – Confesso que já estava reclamando do péssimo atendimento, espero que até o fim da noite, minha opinião mude.

              -- Eu acredito que mudará... – Disse com gentileza. – Posso ajudar a escolher o prato?

              Pierre fez um gesto negativo com a cabeça.

              -- Surpreenda essa baronesa arrogante, traga seu melhor prato e um ótimo champanhe, pois quero comemorar o retorno da minha delicada e doce Ana Valéria.

              Hellen fez um gesto afirmativo com a cabeça, depois fez um sinal para o garçom, sussurrou algo em seu ouvido e não demorou nenhum minuto para o retorno do rapaz com a bebida e as taças.

              -- É por conta da casa...

              Hellen pediu licença, afastando-se.

 

 

              Na cozinha, a Bamberg fazia o prato mais pedido da casa. Buscava se concentrar no trabalho, mesmo que inúmeras vezes desejara ir até a pequena janela para ver a esposa do avô.

              Não conseguia parar de pensar naquela mulher.

              Ainda estava furiosa só em recordar da humilhação que passara diante de Tatiane e Branca ao ser acusada de pagar para mantê-la distante.

              Soltou um longo suspiro.

              Falara com Miguel e ele contara que a Del La Cruz já tinha sido notificada do divórcio. Não tinha dado permissão para isso, mas sabia que era o melhor a ser feito naquele momento. Porém, havia o temor de que a filha fosse tirada de si. Não renunciaria a Luna, lutaria até o fim para não a perder. Pensando bem, não acreditava que Ana Valéria se interessasse pela sobrinha, pois até agora não demonstrara interesse.

              Ouviu a porta abrir-se, virando-se.

              -- Realmente a baronesa é a mulher mais arrogante que já conheci. – Hellen reclamava. – A beleza esconde esse defeitinho...Preferia-a quando era a Rubi.

              A Bamberg arqueou a sobrancelha em curiosidade.

              -- O que houve?

              -- Sua esposa deixou claro que está decepcionada com nossos serviços. – Relanceou os olhos. – Faça um bom prato viu ou seremos desprestigiadas pela poderosa Del La Cruz.

              -- Não vou fazer nada a mais do que costumamos fazer, se ela não gostar, problema dela e não nosso. – Pegou uma maçã. – Falou com o Pierre o que pedi?

              -- Não! – Falou em tom mais alto, enquanto colocava o avental e a touca. – Sua mulher me deixou desconsertada, então, não vou voltar lá, fale você com ele.

              -- E por que não? – Deu uma mordida na fruta. – Você sabe que é política do restaurante que uma das chefs vá até os clientes.

              -- Sim, eu já fui e não voltarei.

              -- E você quer que eu vá? – Perguntou mostrando perplexidade.

              -- Sim, afinal, não tem motivos para se esconder da Del La Cruz.

              Gabriele mordiscou a lateral do lábio inferior, parecia ponderar. Não podia viver temendo-a, não iria viver se escondendo, afinal, nada lhe devia. Iria até ela, tratando-a como uma cliente, afinal, era apenas isso em seu restaurante. Quanto ao fato de ser sua esposa, era só um papel que dizia isso.

              -- Eu irei! – Falou decidida.

 

 

              Pierre servia mais uma taça de champanhe para a amiga.

              -- Não pode falar mal dessa bebida, uma das melhores e ainda por cima, nem vai pagar. – Bebeu um pouco. – Fico feliz por estar hospedada em seu apartamento. Odeio hotéis.

              Ana olhava as pequenas bolhas do líquido dourado.

              -- Amanhã quero que almoce com minha mãe, sei que já a conhece, mas desejo que venha comigo.

              -- Ui, mon amour, com certeza, sua mãe é uma pessoa maravilhosa, vai ser um prazer enorme revê-la.

              Ana levava a taça aos lábios quando viu um garçom vir em sua direção trazendo uma bandeja de prata, mas não isso que lhe chamou a atenção, o que a desconcentrou fora a bela morena de cabelos cacheados que se aproximava. Observava a roupa branca de botões dourados que usava. Trazia o toque blanche na mão.

              Observava-a hipnotizada, sentindo o costumeiro desejo de tocá-la dominar seus sentidos a ponto de sentir as mãos comicharem. Pensara várias vezes em ir até ela, mas não o fizera. Ainda não falara sobre os papéis que tinha recebido, porém agora o faria.

              -- Boa noite! – Gabriele cumprimentou os convidados com um sorriso.

              Pierre deu um gritinho de alegria ao abraças a chef de cozinha.

              -- Mon ami, que saudades desse seu entusiasmo e sorriso lindo. – Depositou um beijo em sua bochecha. – Está me devendo uma visita! – Afastou-se um pouco. – E como está a princesa Luna?

              -- Ela está bem, travessa, mas muito bem.

              -- Travessa? – Fitou Ana Valéria. – Será que a pequena ruivinha vai seguir seus passos?

              A Bamberg fitou os olhos azuis e prendeu o fôlego. Realmente estava linda. Usava um vestido preto que não tinha alças, mostrando um decote delicado e sensual. Os cabelos ruivos estavam soltos, brilhantes, os lábios bem desenhados estavam pintados de um vermelho discreto.

              O garçom serviu os pratos e a baronesa esboçou um sorriso ao ver a mesma comida que fora servido na noite do leilão.

              -- Está do seu agrado, senhora Del La Cruz? – Gabi a provocou.

              A ruiva arqueou a sobrancelha.

              -- Bem, eu não sei, afinal, da última vez que estive diante desse prato, não tive tempo de prová-lo de forma mais atenciosa...

              Pierre olhava para as duas, curioso, vendo como a face da Bamberg tingira-se de vermelho.

              -- Pois garanto que vai gostar, Ana, eu mesmo copiei essa receita da Gabriele e é um sucesso no meu hotel. – Bebeu mais um pouco do líquido. – Se me dão licença, preciso ir à toalete rapidinho.

              O francês saiu rapidamente, deixando as duas mulheres sozinhas.

              Ambas ficaram em silêncio durante alguns segundos. Apenas se olhavam como se estivessem se medindo, investigando suas emoções.

              Gabriele cruzou os braços nos seios. Parecia incomodada com o olhar insistente da filha de Antônio. Já pensava em se afastar, parecendo que a ruiva adivinhara seu pensamento.

              -- Não vá ainda, desejo lhe falar.

              -- Vai elogiar o meu restaurante ou usar sua arrogância para criticá-lo? – Incitou-a.

              Ana Valéria sorriu, enquanto bebia mais um pouco de champanhe.

              -- Imaginei que viria aqui ao saber que falei mal do seu estabelecimento...

              -- Ah, foi? – Tentava falar baixo para não chamar a atenção dos outros clientes. – Sua arrogância não é bem-vinda aqui.

              -- Então, eu não sou bem-vinda? – Questionou calmamente. – Uma pena, pois eu sou uma ótima cliente...os melhores restaurantes brigam pela minha presença...algumas nem cobram...

              -- Pois eu irei cobrar, irei cobrar caro pelo jantar e o champanhe não será cortesia coisa nenhuma, vai pagar também.

              Ana gargalhou.

              O som rouco deixava a Bamberg exasperada.

              -- Eu pagarei...posso usar cheque?

              -- Não, use seu cartão corporativo.

              -- Está sendo muito exigente...mas farei como dizes. – Olhou-a. – Está mais bonita que nunca, freirinha... – Disse depois de alguns segundos. – Acho que poderia ficar aqui só te olhando...

              Gabriele desviou o olhar, pois sentia como se os olhos azuis quisessem invadir seus pensamentos. Despi-la das suas roupas.

              -- Bem, eu preciso voltar para a cozinha.

              Mas, a Del La Cruz segurou-lhe a mão, detendo-a.

              -- Sente-se por alguns segundos, quero lhe falar.

              A moça pensou em puxar a mão, porém temia que isso chamasse a atenção dos presentes, então acabou se acomodando na cadeira, bem próxima da empresária.

              -- O que quer?

              -- Quero saber o motivo por ter entrado com o pedido de divórcio.

              -- Você disse que assim que conseguisse as ações me deixaria livre...acho que não precisa mais de mim para isso.

              -- Não haverá divórcio nenhum enquanto essa não for a minha vontade. – Disse por entre os dentes. – Então desista disso...pois não vai ter nada que é meu.

              -- Eu não quero nada que é seu, senhora! – Disse aborrecida. – Sou até capaz de pagar para me livrar desse casamento.

              Os olhos azuis estreitaram-se da costumeira fora ameaçadora.

              -- Vamos continuar casadas até que eu decida que não quero mais. – Falava baixo. – E fique sabendo que vou cobrar meus direitos conjugais.

              Os olhos negros arregalaram-se em perplexidade.

              -- Está louca! – Aumentou o tom de voz. – Vai me obrigar a me deitar contigo? – Sussurrou.

              -- Deitar? – Debochou. – Não, querida, vamos fazer sexo.

              Gabriele tentou puxar a mão, mas a ruiva apertou-a mais, pousando-a em sua coxa coberta por uma fina meia. Fê-la alisar o tecido.

              -- O que quer, baronesa? – Indagou impaciente. – Por que não me deixa em paz?

              -- Quero que se dobre a mim, que ceda e deixe de agir como se pudesse me enfrentar.

              -- Ninguém pode te enfrentar não é? Todos precisam aceitar suas vontades e dizer sim para tudo. – Dizia irritada.

              -- Desde que você entrou em minha vida a única coisa que fez foi me enfrentar, mas dessa vez vai fazer exatamente o que eu mandar.

              -- E se eu não quiser? – Questionou encarando os olhos azuis.

              Ana levou a mão da jovem aos lábios, depositando um beijo em sua palma.

              -- Você vai querer.

              A Bamberg sentiu um arrepio na nuca ao sentir o toque da boca em sua pele. Levantou-se, afastando-se.

              Ana Valéria ria da reação da jovem. Sabia que ela a desejava, sentia isso, mesmo que a neta do barão tentasse negar o desejo que unia ambas.

                           

 

              Na manhã seguinte, sábado, a ruiva seguiria para a mansão. Sua mãe convidara-a junto com Pierre para a refeição que seria preparada especialmente para comemorar a melhora da empresária. Na noite anterior, após terem deixado o restaurante, seguiram até a boate de Tatiana. A moça mostrara-se bastante feliz em saber que a amiga tinha recuperado a memória. Combinara de ir visitar o Índio, pois sentia muita necessidade de falar com o bom homem. Ao chegarem à cobertura, passava das duas da madrugada, demorando um pouco para despertar. Seus pensamentos estiveram presos na chef de cozinha, ansiando por vê-la novamente. Quando deixara o restaurante, Pierre fora até a cozinha para lhe falar, mas ela não o fez, mesmo que desejasse vê-la novamente.

              Tinha saído do banho, vestia um roupão preto, estava sentada no leito quando ouviu batidas à porta.

              -- Entre...

              Pierre adentrou o espaço. Já estava arrumado para seguirem até Clarice.

              -- Pensei que já estava pronta! – Comentou surpreso. – A Branca ligou, já seguiu para lá.

              A empresária apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça, mas não demonstrou intenção de sair de onde estava.

              O homem a observava cuidadosamente, parecia buscar alguns sinais em seu semblante, em seus olhos, algo que o fizesse perceber o que estava acontecendo. Sabia como a ruiva era orgulhosa, como não falaria dos seus temores, dos seus sentimentos para ninguém, mesmo assim comentou.

              -- Gabriele está cada vez mais bonita não? – Questionou, enquanto fitava-a. – A neta do barão é tão diferente do horroroso avô...

              -- Diferente do barão... – Ana Valéria levantou-se. – Ela é igual a qualquer outra...talvez com um rostinho de freirinha. – Disse com escárnio.

              -- Freirinha?

              A Del La Cruz deu de ombros, livrando-se do roupão.

              O chef de cozinha cobriu os olhos com as mãos, dando-lhe as costas.

              -- Por Deus, baronesa, não tem respeito?!

              Um sorriso provocante desenhava-se na face da mulher.

              -- Não entendo esse seu chilique, afinal, quantas vezes me deu banho e cuidou da minha higiene naquele hospital? – Vestia a calcinha. – Sem falar que é tão gay que não acredito que pudesse me olhar de outra forma.

              -- Mesmo assim, afinal, não tenho motivos de querer ver suas curvas de mulher fatal...mas eu acho que a Gabi iria adorar apreciar essa obra de arte.

              -- Quer que eu transe com a garotinha? – Indagou, enquanto abotoava vestia a camiseta.

              -- E qual o problema? Branca me disse que quando você era dançarina da boate, a mocinha pagou caro para navegar pelo prazer... – Gargalhou.

              Ana vestiu a calça de moletom.

              -- Sempre a Wasten fazendo fofocas! – Exclamou irritada.

              -- Posso me virar?

              Ana relanceou os olhos em tédio.

              -- Claro!

              -- Tem certeza? Não quero me deparar com esses montes redondos.

              A ruiva deixou o quarto sem dizer uma única palavra, enquanto o chef abria um pouco a fenda dos dedos para comprovar que a amiga não estava despida.

 

 

              Na mansão, Lia estava na cozinha com Luna quando Branca chegou acompanhada do marido.

              A pequena ruiva deu gritinhos de felicidade, jogando-se nos braços dos padrinhos.

              -- Ora, então já está aqui seduzindo a Lia para te dar essas guloseimas. – A administradora cheirou seus cabelos. – Que criança mais cheirosa, meu Deus.

              A pequena gargalhava com as cócegas em seu pescoço. Rogério tomou a menina da esposa.

              -- E o padrinho não ganha nada?

              Gabriele tinha feito o convite para os dois e para Lia. Escolheu-os para serem o padrinho da filha.

              -- Vovó no jardim. – A criança falou em sua voz infantil.

              -- Vamos até lá então, Pandora deve estar lá também, vamos brincar.

              O advogado deixou a cozinha levando a afilhada, enquanto a Wasten acomodava-se em uma das banquetas.

              -- Quer comer algo, senhora? – A cozinheira perguntou. – O desjejum foi servido, mas posso preparar algo rapidinho.

              -- Não, querida, já comi. – Olhava tudo ao redor. – E a Gabriele?

              -- Acordou cedo, deu banho na Luna e depois disse que tinha algumas coisas para fazer no quarto.

              Branca foi até a geladeira, pegou uma jarra de água, enchendo um copo.

              -- E como ela está?

              -- Disse que estar bem, mas não acho que esteja...o namorado ligou várias vezes e ela não atendeu, creio que ele não obteve sucesso em tentar lhe falar no celular...—Baixou mais o tom de voz. – O senhor Trevan e a tal Lorena também a procuraram ontem.

              A administradora sabia que Antônio não desistiria, porém ainda não sabia qual seria o próximo passo do Del La Cruz, ainda mais agora que estava totalmente liquidado. Seria possível a Bamberg o apoiar com suas ações? Não conseguira falar com a jovem ainda sobre esse assunto, porém não acreditava que ela agiria assim.

              Pensava em ir até ela naquele momento, mas para sua surpresa ela apareceu na cozinha ainda vestindo o roupão de banho.

              Os olhos negros fitaram as duas mulheres, cumprimentando-as com um sorriso.

              Pensara se desceria ou se seguiria ao encontro do pai adotivo. Concordara em encontrá-lo na hora do almoço. Sabia que estava sendo procurada por todos, mas não desejava falá-los, mesmo assim aceitara participar da reunião.

              -- Algum problema, Branca? – Ela questionou, enquanto partia uma fatia do bolo de chocolate que estava sobre o balcão. – Não sabia que viria para cá hoje.

              A Wasten trocou olhares com a cozinheira e percebeu que a chef de cozinha não parecia saber do almoço que Clarice faria.

              -- Vim ver a Luna, estava com saudades. – Bebeu mais um pouco de água. – Ela está com o Rogério no jardim.

              -- Ora, que visita tão boa. – Comia a iguaria. – Terei que resolver algumas coisas mais tarde, porém a tia Clarice vai adorar sua presença para o almoço.

              -- Sim, sim... – Disse nervosamente. – E como estão as coisas no restaurante?

              -- Estão ótimas...Um pouco corrido, pois estamos com muitos clientes, ontem fechamos tarde e hoje ainda abriremos.

              -- Deve pensar em contratar mais funcionários, afinal, não tem como Hellen e você darem conta de tudo sozinhas.

              Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça, enquanto continuava a comer.

              -- Depois pensaremos nisso, afinal, ainda temos que terminar de pagar o empréstimo ao banco.

              -- E sabe que pode quitar isso rapidamente, afinal, também tem ações da empresa, deve usufruir do lucro.

              -- Prefiro não misturar as coisas. – Limpou a boca com o guardanapo. – Lia, não deixe a Luna comer besteiras antes do almoço. – Foi até a mais velha e lhe deu um beijo na testa. – Não caia nas graças daquela menina.

              -- Ah, não? – A cozinheira indagou horrorizada. – Eu acho que ela aprendeu a agir assim contigo, menina, então agora vem com essa história...esqueceu dos problemas que arrumei com a baronesa por sua culpa?

              -- Não só você não é, Lia, a Branca também se converteu em advogada da freirinha...

              Gabriele levantou a cabeça e viu a empresária parada na porta a olhá-la. Por alguns segundos, recordou-se da primeira vez que a tinha visto. Usava a calça folgada e a camiseta colada, exibindo os ombros definidos e os seios redondos. Os cabelos estavam presos em um coque no alto da cabeça como estivera naquela ocasião.

              Não dormira quase nada pensando nela e quando conseguia cochilar, tinha sonhos eróticos envolvendo-a. Não sabia o motivo de querê-la tanto, de desejá-la de forma que nada mais importava a não ser senti-la.

              Lia e Branca olhavam para as duas figuras, era curioso quando ambas se encontravam, havia uma chuva de sentimentos presentes.

              -- Ora, ficaram mudas? – A empresária provocava com um sorriso. – Fico feliz em te encontrar, Bamberg, quero falar contigo, podemos ir até o escritório? – Apontou na direção desejada.

              -- Na verdade não, estou atrasada. – Colocou água no copo e bebeu de uma vez. – Marque outra hora, tenho um compromisso.

              A moça nem fitou os olhos azuis, mas não conseguiu passar pela porta.

              -- Insisto em falar contigo, não vai durar muito tempo. – Cruzou os braços. – Ou se quiser falo na frente da Branca e da Lia...

              A chef de cozinha levantou a cabeça, enfrentando-a.

              -- Fale, não tenho nada a esconder.

              -- Então, desejo falar sobre nossa vida matrimonial, em outras palavras, quero falar contigo como vai funcionar o sexo na nossa relação, afinal, já deixei claro que quero que o nosso casamento seja completo...

              Em cada palavra que ouvia, a neta do barão sentia o sangue subir todo para a face.




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