A antagonista - Capítulo 19

             O show daquela noite na boate fora bastante animado. Nunca faltava público, porém havia alguns dias que pareciam ser menos entusiasmados. A apresentação de Rubi acontecera só uma vez, pois ela parecia meio indisposta. Alguns protestos foram feitos, mesmo assim ela não retornou ao palco.

                O som alto logo dava lugar ao silêncio da madrugada quando não havia mais ninguém no local. 

              A dançarina e Tatiana quem eram responsáveis por arrumar tudo, pois tiveram que dispensar a equipe que cuidava disso. O lixo tinha sido colocado em sacolas de plástico preta e levada para fora, assim seriam recolhidas. Os pratos tinham sido organizados, limpos e guardados.

                Já era quase de manhã, ambas deitaram-se nos sofás, sem nem forças de seguirem para os quartos.

                – Pelo menos tivemos um lucro bom para quitar mais um mês de aluguel que já está atrasado. – A produtora dizia. – Hoje falei com o médico, a medicação fora trocada mais uma vez, vamos ter que conseguir mais dinheiro.

               Rubi virou a cabeça para encarar a mulher que ocupava a outra poltrona.

                – E imagino que o valor seja enorme…– Disse umedecendo o lábio superior. – Já pensou em algo?

                – Sim, porém vai depender do seu consentimento… – Falou sentando-se.

                – Diga, estou ouvindo.

                Tatiana fez um gesto afirmativo com a cabeça e começou a falar.

                – Estive pensando, você tem muitos fãs…pessoas importantes, ricas…que tal fazermos um leilão…mas não é para se deitar com ninguém. – Adiantou-se ao ver o olhar estreitado da outra. – Um jantar com a joia do Pole dance…eu acho que qualquer um dos nossos clientes gostariam, afinal, você recebe sempre muitas propostas…

              Rubi fitava as próprias unhas, não parecia muito preocupada com o que era proposto.

                 – E então? – A sobrinha de Índio indagou ansiosa. – Haverá dois seguranças na porta dos seus aposentos caso algum engraçadinho queira tirar vantagem.

                  – Eu gostei da ideia e acho que poderemos conseguir o dinheiro. – Levantou-se, enquanto alongava os braços. – Preciso de um banho e da minha cama, sinto que estou fedida...

                Tatiana assentiu, mas não parecia pronta para encerrar a conversa. Estava curiosa sobre um fato, então como se fosse algo sem importância, questionou:

               – Falou com a senhorita Gabriele? Avisou sobre o cordão?

                 Os olhos azuis desviaram dos da amiga.

              Nem sabia o que tinha se passado consigo naquele dia. Quando se recordava de ter falado com a moça e ter se excitado, precisando tocar-se enquanto tinha seus pensamentos na jovem.

                Não entendia o que se passava. Não costumava se comportar assim, pelo menos não se recordava disso. Agora parecia uma devassa.

               Mordiscou a lateral do lábio inferior.

              – Acho que vai mandar alguém buscar… – Disse com um suspiro. – Bem, melhor irmos tomar um banho e dormir, logo vai amanhecer.

                 Tatiana seguiu ao lado da dançarina, pensando se algo havia acontecido, pois a artista estava muito abatida.





                Naquela mesma noite, Gabriele chegara à mansão acompanhada de Branca. Luna já estava dormindo, pois tinha retornado cansada da escola.

                A Bamberg dispensou o jantar e correu para os próprios aposentos. Seguira direto para o banheiro. Despia-se, enquanto entrava no box. Apoiou-se nos vidros. Não sabia como permitira que a dançarina agisse de forma tão safada. Como pudera agir assim quando tinha um compromisso com Miguel. A culpa que sentia era tão grande que sua vontade de gritar de frustração era enorme.

                   Desde que encontrara Rubi pela primeira vez tudo tinha desandado em sua vida. Sentia como se estivesse o tempo todo andando em uma corda bamba e que não demoraria a cair em um precipício.

                Ligou a ducha e permaneceu lá, sentia as lágrimas misturadas com o líquido, sem saber onde começava uma ou terminava a outra.

             Por que tudo aquilo acontecia consigo?

                Parecia que depois que recebera as malditas ações do avô tudo fora cada vez pior. 

              Os soluços sacudiram seus ombros e logo o pranto que começara tímido se tornava forte, como se não tivesse mais fim.

              Sentia a dor de ter perdido Ana Valéria pulsar tão forte naquele momento que pensou que não pararia de chorar. Mordeu a mão, como se assim pudesse evitar que gritasse. Queria que ela estivesse ali, mesmo que com suas provocações, mesmo com sua arrogância, queria vê-la novamente, falar tudo o que sentia em seu coração. Queria que tudo aquilo acabasse, que aquele suplício tivesse um fim.

                Ouviu batidas à porta.

               Quem poderia estar ali?

               Desligou a água, pegou o roupão, vestindo-o, enrolou uma toalha nos cabelos, em seguida parou diante do espelho. Sua face estava rosada, denunciava o pranto. Não podia permitir que soubessem o que se passava. Aquela não era a primeira vez que se trancava no banheiro para chorar suas dores, era ali que conseguia forças para enfrentar os dias que se seguiam.

            Respirou fundo, como se assim conseguisse controlar a agonia, fê-lo durante alguns segundos, depois seguiu para fora do banheiro e teve a surpresa de encontrar Hellen ali, sentada na cama, olhando-a. Soltou um longo suspiro.

             – Que faz aqui? – Questionou observando-a. – Aconteceu algo?

              – Nossa, estou me sentindo muito bem-vinda. – Ironizou. – Vim apenas trazer o relatório contábil para que assine. – Mostrou-lhe a pasta. – Não foi ao restaurante, liguei para cá e soube que tinha chegado, então vim.

                  Gabi esboçou um sorriso.

                – Desculpe, eu não estou muito bem hoje. – Sentou-se pesadamente na poltrona. – Eu nem passei no restaurante, vim direto para casa.

                – Eu sei, tentei falar contigo, te liguei e mandei mensagens, porém só dava desligado.

                A Bamberg ficou em silêncio por alguns segundos, nem sabia onde estava o aparelho telefônico. Talvez, tenha o deixado em algum lugar, tudo para não cair na tentação de ligar para a dançarina.

                – O que houve? – Hellen parecia preocupada agora. – Aconteceu algo? Quer me contar?

                  A herdeira do barão não respondeu de imediato. Livrou-se da toalha que tinha sobre a cabeleira, deixando a cascata cair solta e molhada.

              Precisava falar com alguém sobre o que tinha acontecido e só podia desabafar com a amiga. Fitou os próprios pés por alguns segundos, era como se estivesse buscando forças para iniciar a conversa.

            Passou a mão pelo rosto, depois disse relutante:

               – Hoje…hoje…a Rubi me ligou…

               – Ora, pensei que não se falariam mais depois do acontecido lá na boate.

               Gabi fez um gesto afirmativo com a cabeça.

              – Na verdade, eu também pensei…– Umedeceu o lábio superior. – Eu mesma não queria mais vê-la, nem lhe falar…porém me ligou… – Levou os dedos a lateral da cabeça e começou a massagear. – Ligou para dizer que esqueci o meu cordão…

                – Gentil da parte dela…– A outra elogiou. – E qual foi o problema?

                  A face da Bamberg já começava a mostrar o corado costumeiro de quando estava envergonhada.

                – O que houve? – Hellen questionou curiosa.

                 Gabriele desviou o olhar, enquanto começava a dizer:

                – Estava normal…mas…de repente…– Cobriu o rosto com as mãos. – Ela falou algo e isso…isso me deixou desejosa…excitada…

             Hellen arregalou os olhos, enquanto um sorriso brincava nos seus lábios.

              – Não me diga que fizeram sexo pelo telefone? 

           A Bamberg descobriu a face, enquanto fazia um gesto negativo com a cabeça.

              – Não, mas eu acho que faria…faria se a Branca não tivesse chegado à minha sala…Meu Deus, eu não sei como isso aconteceu.

                A amiga levantou-se da cama e foi se acomodar ao lado da amiga na poltrona.

                – Gabi, isso não é algo de outro mundo…já perdi as contas de quantas vezes fiz isso…não é nada de mal…– Confortava-a. – Claro que não se compara ao toque verdadeiro...

               – Eu tenho um namorado…como posso estar desejando outra pessoa? Uma mulher? – Perguntou horrorizada. – Não é normal...

                – Você desejou a baronesa… – Completou. – Você mesma me disse que sentia um desejo enorme…

                 Os olhos negros apresentaram um brilho diferente.

                Mordiscou a lateral do lábio inferior.

               – Ana Valéria tinha algo que me seduzia…era como se não houvesse mais nada…apenas o desejo de sentir aqueles lábios sobre os meus…

                 – É o mesmo que sente pela Rubi?

                Gabriele não respondeu, parecia ponderar sobre aquela pergunta, pois realmente a intensidade dos sentimentos pareciam as mesmas. Queria-a, sabia disso pelas sensações que seu corpo demonstrava não apenas quando estavam próximas, mas agora até ao ouvir sua voz ao telefone lhe deixou excitada.

              – Estou traindo o Miguel mais uma vez…do mesmo jeito que fiz com a baronesa… – Disse em sentimento de culpa. – Ele não merece…

               Hellen acariciou-lhe os cachos que começavam a se formar.

                 – Você não gosta dele, amiga, infelizmente, essa é a verdade, não sente nada por ele, então pense se deseja realmente continuar essa relação.

                  – E de quem eu gosto? – Questionou levantando-se aborrecida. – De uma dançarina de cabaré? – Fez um gesto negativo com a cabeça. – Não basta ser mulher?

               – Não acredito que continua com esses preconceitos bestas depois de tudo!? – Indagou em perplexidade. – Isso é um absurdo!

                  – Eu não quero mais falar dessa mulher, não quero mais vê-la, nem me aproximar, nem nada de nada! – Arrumou as amarras do roupão. – Isso acabou aqui, hoje, ainda mais que o único interesse que ela tem é em dinheiro.

                 A sócia da Bamberg pensou em falar algo, mas sabia que seria melhor ficar em silêncio naquele momento. Conhecia bem a amiga, sabia como era cabeça dura 




               O final de semana passou tranquilo na mansão da Bamberg. Todos seguiram para a fazenda, pois iniciaria os preparativos para as comemorações da colheita.

                Luna estava na piscina com a mãe. A menina sempre gostara de água. Agora estava em sua boia, enquanto Gabriele nadava. Branca e Clarice também estavam com a neta do barão. Ambas as mulheres estavam sentadas em uma das mesas. Estavam sob o guarda-sol e bebiam suco que fora servido por um dos empregados. Lia não tinha ido, pois aproveitara a folga que lhe fora dada para fazer uma viagem. Tinha uma irmã que morava no interior, haveria o batizado do neto da senhora, e assim seguiu, pois fora convidada para o evento.

                  Miguel estava viajando com Antônio, por essa razão não estaria ali naquele final de semana, porém já deixara claro que iria para a festa da colheita.

              – Ainda não descobriu nada? – Clarice questionava em voz baixa. – Talvez fosse melhor a gente ir à delegacia.

                A administradora não respondeu de imediato, também começava a ficar preocupada. Mesmo tendo contratado investigadores, nada surtira efeito. Pensara em fazer alguma campanha nas redes, mas também não queria que Antônio tivesse conhecimento do que estava acontecendo.

                 – Continuo investigando, acredito que logo teremos boas notícias. – Segurou-lhe a mão. – Continue orando a Deus, não perca a fé, a Ana Valéria vai voltar.

            A mais velha fez um gesto afirmativo com a cabeça. Parecia buscar forças para continuar naquela terrível espera.

                 – Eu estava vendo umas fotos…ela se tornou uma mulher tão bonita…às vezes, penso como a vida nos tirou tantos anos…não a vi crescer…não estava presente para protegê-la. – Disse com lágrimas nos olhos. – Sinto que falhei como mãe…

                – Claro que não! – A Wasten negou. – Você foi tão vítima de tudo isso quanto ela, então não pense mais nisso. Logo ela estará de volta e vão poder recuperar o tempo perdido.

                – Por favor, Branca, traga a minha filha de volta.

              Gabriele saia da água com a Luna nos braços e ouvi a última frase de Clarice. Seu olhar passou pela administradora de forma desconfiada.

                  A pequena ruiva debateu-se para ir para os braços da avó de consideração.

                  – Vou levá-la para comer algo, depois retornamos. – Beijou a face da menina. – Parece uma peixinha, não sai dessa água por nada, está toda vermelha. – Arrumou-lhe os cabelos. 

               Gabriele sorriu, enquanto via a mãe da baronesa seguir para o interior da casa com a criança.

                 – O que falava sobre a Del La Cruz? — A Bamberg questionou sentando-se. – Está iludido a Clarice com essa história da Ana Valéria está viva?

               A Wasten pegou uma uva, comia-a, enquanto pensava que não podia falar nada para a chef de cozinha. Não que não confiasse nela, mas temia que falasse algo para o Miguel e depois chegaria nos ouvidos de Antônio.

                – Apenas disse o que já falei para você, não acredito que a baronesa esteja morta.

              A neta do barão pegou uma maçã, comia-a, enquanto pensava sobre suas suspeitas quanto Rubi ser a Del La Cruz. Poderia contar para administradora, porém temia que estivesse enganada, iludida pelo desejo que sentia pela dançarina.

                 – E o seu namorado? Pensei que estaria aqui… – Branca questionou mudando de assunto. – Vi sua foto ao lado dele nos jornais, nem sabia que anunciariam o noivado.

                   Gabriele continuou comendo a fruta. Nem mesma tinha sido consultada e ficara tão surpresa quanto Branca ao ver sua foto nos principais meios de comunicação. Pensara em desmentir, porém apenas deixara aquilo de lado, era melhor assim.

                  –  Em breve penso em me casar…acho que Luna merece uma família, irmãos… – Dizia sem muita convicção.

                 – Se a baronesa estiver viva não vai poder fazer isso, pois é casada com ela… – Levantou-se. – Vou mergulhar, o dia está muito quente.

                A Bamberg continuou no mesmo lugar. De repente seus pensamentos estavam novamente em Rubi. Não falara mais com a artista, até bloqueara o número que recebera a ligação, pois temia cair em tentação. Pedira a Hellen para buscar o pingente, porém a amiga se negara a fazê-lo. Dissera que ela quem deveria ir, porém até agora não pensara em ninguém que fizesse o trabalho e não lhe comprometesse.

              Será que ela tentara falar consigo depois daquele dia?

               Sentira-se tão culpada em relação ao namorado que decidira que o melhor seria ficar longe da dançarina. Porém, não estava sendo fácil, pensava nela sempre, ainda mais quando estava sozinha.

                Olhou para a piscina e teve a impressão que lá estava Ana Valéria lhe provocando na última vez que estiveram na fazenda. Ainda sentia os lábios da Del La Cruz sobre os seus, o desejo que lhe queimava quando pensava nela.

               Fez um gesto negativo com a cabeça.

              Estava ficando louca!

                

 

              Na boate, Rubi treinava incansavelmente. Parecia muito concentrada em seu trabalho nos últimos dias, ainda mais naquela noite. Tatiana já tinha conseguido organizar o leilão para o jantar.

             Depois de horas sem parar, sentou-se na beira do palco.

              – Já mandei os convites para os principais clientes, acredito que hoje teremos muito sucesso. – Tatiana comentava. – Você está pronta?

               Ela sabia que a dançarina parecia ainda mais calada nos últimos dias, ainda mais depois de ver o anúncio do possível noivado de Gabriele nos jornais. Sabia que mesmo que negasse, aquilo a deixara muito inquieta.

               – O importante é que consigamos o dinheiro, o resto é besteira. – Alongava as pernas, massageando as coxas expostas pelo minúsculo short. – Vamos precisar de muito dinheiro.

              A produtora tirou uma garrafa de água mineral jogando para Rubi.

            – Estive no hospital, o titio deseja te encontrar, pediu para que fosse lá.

               A artista não tinha ido mais, pois temia que o bom homem visse em seus olhos as verdades que tentava esconder de todos. Nos últimos dias, havia mais imagens desconexas na sua cabeça. Sentia-se confusa e assustada.

              Baixou os olhos.

               – Consegui com a senhorita Hellen um delicioso jantar, ela vai fazer a doação. Achei muito gentil.

             Os olhos azuis ficaram a amiga.

             – Você foi pedir a ela? – Indagou irritada. – Não acredito que foi atrás daquela garota estúpida?

            – Não foi a Gabriele, acho que ela nem sabe.

            Rubi levantou-se e voltou para o ensaio. 

               Não queria pensar na jovem de olhos escuros. Tinha visto a imagem da jovem ao lado do tal namorado e isso lhe deixara muito irritada, ainda mais quando pensava no papel que fizera quando ligara para ela. Desde então não falara mais com ela, tampouco gostaria de vê-la.

               

 

               – Tudo está pronto! – Lorena dizia a Antônio. – Hoje será o noivado, logo Miguel casará com a Gabriele e assim teremos maior controle sobre sua herança.

                 Estavam se arrumando nos aposentos do Del La Cruz. 

                  – E você acha que o plano vai funcionar? – Ele questionava arrumando a gravata. 

              – Claro que vai! – Colocava os brincos. – Ela não vai se negar diante de todos, conheça-a bem, vai aceitar, não tenha dúvidas.

                – Então só é preciso que o Miguel a leve até lá.

  

 

               No restaurante, Gabriele tinha acabado de se arrumar para o jantar que teria com alguns empresários. O namorado tinha conseguido alguns contratos e nessa noite seria apresentada. Usava um vestido preto justo ao corpo, expondo as lindas pernas longas e torneadas. Arrumava os cachos, enquanto passava a maquiagem discreta. Tinha dispensado a carona do rapaz, pois sabia que ele ficaria lhe apressando, por isso seguiria no próprio carro. Já recebera algumas ligações do advogado, parecia ansioso e preocupado para que não chegasse atrasada ao evento.

             Viu Hellen entregar uma encomenda para um dos entregadores.

                 – Não sabia que tínhamos um buffet hoje. – Comentou, enquanto estava diante do espelho do escritório. – Me pediu para cozinhar pratos exóticos, quem comprou? – Passava batom.

               – Fiz uma doação de um jantar para a boate, hoje vai ter um leilão, parece que quem pagar mais vai ter um delicioso jantar com a preciosa joia Rubi… – Dizia em provocação, enquanto sentava-se na mesa. – Gostaria de ir até lá.

              Os olhos escuros fitaram a outra pelo reflexo. Era possível ver a expressão agoniante que ela trazia no olhar.

           – De que falas? – Indagou, encarando-a. – Que palhaçada é essa?

                  – Não é, acho que estão precisando de dinheiro e fiz a doação do jantar. Não vi problemas.

               – É o jantar que eu cozinhei que você está mandando? – Colocou as mãos na cintura. – Me disse que era para algo especial, se eu soubesse que era para essa safadeza tinha colocado purgante dentro.  – Falava irritada. 

            Antes que Hellen pudesse falar mais alguma coisa, a Bamberg deixava furiosa o escritório.



              O show na boate estava animado, porém Rubi não se apresentaria, ela estava em seus aposentos esperando a pessoa que conseguiria pagar mais por aquele jantar.

                As dançarinas divertiam o público. Os garçons serviam as mesas. Todos pareciam ansiosos, ainda mais quando Tatiana anunciava que dentro de poucos minutos iniciariam o esperado leilão.

               A produtora já se preparava para assumir seu lugar quando viu uma figura conhecida entrando na boate. Viu-a passar por entre os presentes, aproximar-se e achou estranho que aparecesse ali depois de vários dias.

              – Boa noite, senhorita! – Cumprimentou Tatiana. – Deseja algo?

              A Bamberg sabia que não devia estar ali, porém não conseguia pensar claramente, ainda mais quando ficara sabendo que naquela noite haveria o tal leilão do jantar com a dançarina. No caminho para a boate o namorado ligar, ela alegara que tinha tido uma emergência no restaurante, mas assim que resolvesse iria ao seu encontro. O rapaz esbravejou, porém ela desligou em seguida.

               – O que se passa aqui? Que loucura é essa hein? – Indagou olhando tudo ao redor. – Onde está sua preciosa joia?

              – Está no quarto, pronta para a noite… – Pegou o microfone. – Vou começar, não posso perder mais tempo.

            -- Espere, não deve fazer isso, não acho que seja algo adequado, esses homens não parecem saber o que é respeitar. – Argumentava. – Deixe que ela apenas dance aqui, basta essa exibição.

            A produtora olhou-a exasperada.

            -- Veio aqui apenas para isso?

                Gabriele ainda abriu a boca para protestar, porém ficou calada, vendo a mulher já seguir para o seu local no palco.

                Respirou fundo, enquanto fitava o relógio. Dentro de uma hora tinha que estar no jantar, já devia ter seguido. Poderia pensar em remarcar o evento, claro que não, seria uma loucura, eram empresários sérios, deslocaram-se de longe para conhecê-la.

               Encostou-se no balcão, olhando a produtora começar a anunciar a bela Rubi a todos os presentes.

                – Hoje, é uma noite especial para todos. – Tatiana dizia. – Não é apenas um jantar, também terão o prazer de ter a nossa estrela dançando exclusivamente para quem arrematar nosso prêmio. – Sorria. – Claro, todos já sabem quais são as regras e devem cumprir, caso haja alguma dúvida, estou aqui para esclarecer antes de começar.

            As poltronas que rodeava o palco estavam todas ocupadas. Conseguia ouvir o burburinho que se desenrolava, todos interessados em ter um momento a sós com a bela mulher.

               Um garçom passou com uma bandeja de coquetéis e Gabriele pegou um dos copos. Bebia devagar, parecia bastante atenta a tudo que se passava. Sentia o líquido lhe queimar a garganta, porém não parecia se importar com esse detalhe naquele momento.

                Por que a ideia de imaginar que um daqueles homens ficariam a sós com a dançarina lhe perturbava tanto?  Nem mesmo estava falando com ela mais, tudo parecia tão bem, estava até conseguindo controlar suas agonias.

            Torcia silenciosamente para que ninguém tivesse condição de oferecer um valor suficiente para arrematar o jantar. Se assim fosse, poderia partir sem nem mesmo encontrar a dançarina, assim seria poupada de tal humilhação.

             – Dois mil!

             Ouviu a voz de um homem gritando eufórico.

            Não demorou para logo estarem gritando dez mil.

               Deus, que loucura!

            Dez mil?

            Quem pagaria tanto dinheiro para apenas ficar jantando? Óbvio que as intenções não eram essas, claro que pensavam que teriam outros prêmios a aproveitar. Bebeu mais um pouco da sua bebida, olhando a homem que parecia já ter conseguido vencer a batalha. Era alto, loiro, usava um terno caro, decerto algum aspirante à empresário que tinha alguma grana.

               Tatiana já contava para encerrar o leilão, quando Gabriele gritou sem conseguir controlar-se.

              – Vinte mil!

             Todos os olhares voltaram para a Bamberg que não parecia se importar com isso, falando novamente em alto e bom som.

               – Vinte mil!

               A produtora perguntou se alguém daria mais que isso, porém todos ficaram calados. Ela sabia que Rubi não ficaria nada feliz em saber quem tinha arrematado o jantar e isso seria o início de uma grande discussão.

            -- Mais alguém? Não esqueçam que é uma oportunidade única...não haverá outras...Vamos, alguém dá mais?

            A Bamberg a olhava, parecia pronta para cobrir qualquer outro lance, contanto que ninguém se aproximasse da sua mascarada.

              A produtora suspirou, bateu o martelo, encerrando o leilão diante de olhares frustrados. 

               Desceu do palco e caminhou até a neta do barão. Parecia irritada com a intromissão, ainda mais porque sabia que ela não voltara a falar com a Rubi e agora aparecia ali para estragar tudo o que tinham planejado.

              – O que pensa que está fazendo? – Questionou. – Por que ofereceu todo esse dinheiro? Sabia que ninguém teria condição de cobrir seu lance.

               Gabriele tirou o talão de cheque da bolsa, apoiou-se no balcão, preencheu e entregou à mulher.

              – Aqui está o dinheiro, agora me leve até o meu prêmio. – Terminou de beber o coquetel. – Não tem motivos para questionar, não havia nenhuma regra que dissesse que eu não poderia participar.

            -- E por que quis participar?

            A neta do barão cerrou os dentes, não parecia interessada em dar nenhuma explicação. Ouviu o celular vibrar, tirou-o da bolsa, viu o número do namorado. Não atendeu, apenas desligou o aparelho.

            -- Porque quis, me deu vontade de fazer parte dessa palhaçada, então paguei vinte mil para isso! – Disse sem pausa. – Quero o meu prêmio agora.

            -- É apenas um jantar...

            -- Que estou faminta para comer...

            

 

               Rubi estava nos aposentos. Queria que tudo aquilo terminasse o mais rápido possível, pois não estava com muita paciência naquela noite. Só estava fazendo isso para ajudar o amigo, fosse contrário, teria se negado a participar de tudo aquilo.

            Ajustou a luz do ambiente, deixando-a mais escura.

            Tinha pensado em retirar a cama dos aposentos, pois temia que algum engraçadinho imaginasse que era um convite, porém não o fez, pois não tinha onde colocá-la.

            Fitou o relógio da cabeceira.

            Seria duas longas horas de jantar. Precisava estar bem para iniciar uma longa conversa. Talvez o homem se embebedasse e logo deixasse os aposentos. Torcia para isso, assim poderia encerrar toda aquela história.

                A mesa já estava posta. Um vinho estava dentro de um balde de gelo. Foi até a bebida, encheu uma taça e ingeriu de uma vez. Acendeu as velas do candelabro de prata. Observou a comida, o aroma parecia convidativo, talvez lhe ajudasse a superar a chatice do cliente que estaria ali lhe fazendo mil elogios.

            Caminhou até o espelho. Usava uma calça pantalona preta em renda finíssima, presa em sua cintura por um cordão. Um corpete na mesma cor sem alças, apoiado em seus seios. Os cabelos estavam trançados na lateral do ombro esquerdo. Usava uma máscara cravejada em brilhantes, ela cobria quase todo o rosto, deixando de fora apenas os lábios rosados e cheios, os olhos que tinham sido bem delineados. Estava com os pés descalços, não pensara em usar nada, ainda mais que teria que dançar.

                Olhava para o reflexo e de repente era como se estivesse vendo outra mulher ali a lhe fitar, essa tinha os cabelos ruivos, vestia-se socialmente e tinha no olhar um brilho diferente.

               Sentiu uma forte vertigem, fechou os olhos durante alguns segundos e quando os abriu o reflexo de outra pessoa aparecia lá. Alguém que não pensara ver nunca mais. 

             Observou o vestido sensual que cobria o corpo feminino, as lindas pernas que estavam expostas. Nunca a tinha visto tão maravilhosa e sexy.

               Virou-se para encará-la e foi quando viu Tatiana a lhe olhar também.

              – A senhorita Bamberg cobriu todas as ofertas do leilão… – Disse temerosa. – Ela quem arrematou o jantar...deu o maior lance.

            A neta do barão olhava a dançarina, perdera o fôlego ao vê-la tão bonita. Observava-a como se não existisse mais nada naquele lugar, nem mesmo ouvia a voz da produtora.

              Tatiana deixou os aposentos rapidamente diante do olhar inquisitivo da amiga, enquanto as mulheres olhavam-se, pareciam hipnotizadas uma pela imagem da outra. 

               Rubi cruzou os braços sobre os seios.

               – Não deveria estar aqui… – a dançarina falou baixo. – Não é um lugar para a senhorita.

                 Gabriele aproximou-se devagar, andava lentamente até chegar até ela, olhava-a como se não conseguisse desviar dos seus olhos.

                 – Parece uma deusa…– Falou lentamente. – Eu pensava que estava livre dos seus encantos, mas…– Estendeu a mão para lhe tocar a face. – É uma feiticeira...só pode...

                A dançarina a deteve, segurando-lhe delicadamente o pulso.

                – Uma das regras é que não pode me tocar…Não leu o manual? Sem toques...

                – Por quê? 

                – É apenas um jantar…e não era para ser a senhorita…

                Rubi afastou-se, seguiu até a porta, segurava a maçaneta, enquanto pensava o que deveria fazer. Não queria estar ali na presença da chef de cozinha, temia ficar sozinha com ela quando seu corpo parecia criar vida própria. Por que ela tinha dado aquele lance? Passara todos aqueles dias sem lhe falar, sem aparecer, apenas se exibindo nos principais jornais da cidade com o namorado e agora estava ali.

            Gabriele a olhava caminhar, dando-lhe as costas. Pensou em acabar tudo ali e partir. Já tinha evitado que outro estivesse com a mascarada, o que mais faria? Iria ao encontro de Miguel, ainda dava tempo, inventaria uma desculpa e tudo terminaria bem.

              A dançarina já pensava em sair, quando sentiu o corpo feminino colado ao seu. Sentiu um arrepio na nuca. A respiração contra seu pescoço. Sentia o cheiro de bebida mesclado ao menta. Ouviu-a e foi como se o mundo girasse mais rápido naquele momento.

               – Vai negar o meu prêmio? – Sussurrava em seu ouvido. – Pensei que seria mais gentil…não li o tal manual, mas não acho que lá dizia que seria tão seca...

                A artista virou-se e agora havia aquele brilho diferente em seu olhar, aquela expressão perigosa que parecia fazer parte do seu olhar em outro tempo da sua vida.

            -- Deseja gentilezas? – Indagou ao fitar a boca bonita. – Quer que a trate como uma simples pessoa que conseguira pagar por um jantar em minha companhia?

            -- Não...quero me trate como quem sou...como a Gabriele...

                Rubi segurou a jovem pelos ombros, empurrando-a contra a porta. De repente sua boca tomava a da chef de cozinha impacientemente. 

               A neta do barão sentiu o ar deixar os seus pulmões quando provou a maciez dos lábios cheios e rosados. Sentia como desejara todos aqueles dias. Segurou-lhe a face com as duas mãos, parecia querer prolongar aquele momento por todo o sempre. Permitia que a língua buscasse a sua, travando uma batalha até ser capturada e sugada, primeiro devagar, depois com mais força, arrancando-lhe gemidos.

                As mãos de Rubi, desciam por seus ombros, acariciando os braços, depois descendo por sua cintura e quadris, forçando-a ficar mais perto de si.

                 Os olhos fitaram-se, enquanto pareciam surpresas.

                  – Eu te quero tanto… – A voz da Bamberg sussurrou. – Eu te quero muito…

                A dançarina sentia o delicioso cheiro de perfume, estava ficando embriagada de desejo.

                – Por que eu lembro a sua baronesa?

            A chef fez um gesto negativo com a cabeça.

              – Não…porque eu quero você…–Segurou-lhe a mão. – Sinta meu coração…ele pulsa de forma tão acelerada…da mesma forma que senti quando me ligou naquele dia…– Respirava de forma acelerada. – Não me quer? Não sente o mesmo por mim? – Perguntou insegura.

                  Os olhos azuis estreitaram-se, pareciam mais escurecidos. 

                 – Deixe que eu te mostre o quanto eu te quero, senhorita…

                  Voltou a se apossar dos seus lábios, mas dessa vez fê-lo de forma delicada. Sentia as mãos de chef tocarem suas coxas sobre o tecido delicado. Parou no cordão que mantinha a roupa presa ao corpo. Inclinou a cabeça para trás ao sentir a boca descer por seu pescoço, logo seu vestido tinha sido baixado até a cintura, expondo os seios redondos.

                 Abriu os olhos e viu o olhar apaixonado dirigido aos pequenos montes. 

             Rubi usava as costas da mão para incitar os biquinhos que já se mostravam receptivos ao toque. Viu-a usar o polegar para provocá-los mais e mais. Amassava-os, massageava-os, vendo o olhar da outra cheio de prazer.

                   – Você é a mulher mais linda que já vi, Gabi…sinto que vou explodir de tanto desejo…

              A Bamberg adorou o som que foi pronunciado pelo sotaque francês. 

               – Fala de novo meu nome… – Pedi – Me chame…chame por mim...só por mim...

              Rubi não atendeu de imediato seu pedido, pois sua boca agora começava se apossar do colo delicado. A língua contornava os mamilos de cor de caramelo, logo os tomava com seus lábios, mordiscando-o, chupando-os, sugando-os...

                  A neta do barão gemeu alto ao sentir o toque insistente.

                 – Eu quero você… – Gabi sussurrou. – Quero muito…muito…

              As mãos trêmulas penetraram o interior da calça. Sentia a minúscula calcinha úmida e isso lhe deixou mais confiante. Usou o indicador para investigar o fato e não demorou para tocar a carne molhada do sexo feminino. Não sabia como fazê-lo, porém viu os olhos azuis focarem em si, enquanto cessava os movimentos em seus seios.

                 Rubi mexia-se contra seus dedos, iniciando uma dança sensual, rebolava, como se precisasse de muito mais.

                 – Você gosta…– Gabriele questionou. – Gosta?

              – Gosto…gosto e quero mais… – Sussurrou em seu ouvido. – Meu sexo vibra…está vibrando…está faminto…sente…mexe mais...só mais um pouquinho...ain...

            Antes que a jovem pudesse responder, sua boca voltou a ser capturada. Estava ainda mais excitada só em tocar a mulher que a deixava louca de desejo. Não sabia que a sensação era tão poderosa.

               Devagar conseguiu soltar os cordões e agora o corpo feminino perdia a proteção da calça, só havia o pequeno pano que pouco cobria.

             Afastou-a, enquanto dava alguns passos para o lado, mesmo com a pouca luminosidade, era possível vê-la toda.

                Livrou-se do próprio vestido diante do olhar estreitado e faminto da dançarina. Não demorou para ficar totalmente nua, como uma deusa que buscava suas oferendas.

                Rubi apenas a olhava como se fosse a primeira vez que estava a vendo. Sentia um frenesi percorrer toda a espinha, arrepiando sua nuca. Poderia ficar ali, apenas olhando-a, contemplando-a como se não houvesse outro ser no universo digno desse privilégio. Não tinha como negar o sentimento que sentia cada vez maior em seu interior, cada vez mais incontrolável quando pensava naquela mulher. Parecia que agora a vida voltava a correr por suas veias.

                 – Foi assim que me imaginou naquele dia? – A voz da Bamberg soou rouca e ousada. – Foi assim que desejou quando me ligou?

                – Minha imaginação não foi tão rica assim…– Livrou-se da parte de cima da roupa. 

               Gabriele mordiscou a lateral do lábio inferior. Talvez tivesse sido o coquetel que lhe deixara tão atrevida, mas a verdade era que não parecia a moça tímida que costumava ser.

              Aproximou-se, passeando as mãos pelo corpo feminino. Olhava a máscara, fitava os olhos, depois sua atenção estava nos belos seios redondos. Observava a pele clara e conseguia decifrar os biquinhos rosados, lindos…

                – Eu te quero tanto… – Repetiu. – Quero mais que tudo.

                Rubi a olhava, hipnotizada pelas mãos que passeavam por sua pele, apenas olhava-a e sentia como se em algum momento da sua vida já tivesse estado com aquela jovem.

               Fechou os olhos por alguns segundos, como se buscasse a lembrança em sua mente, ao abrir, baixou a vista e viu a bela chef ajoelhada diante de si, despindo-lhe a pequena calcinha.

              A neta do barão estava parada diante do delicioso triângulo. Olhava-o e era como se contemplasse a rara iguaria. As pernas torneadas eram lindas, as coxas eram definidas das horas de danças.

               – Ensine-me como devo fazer…peça e farei como dizes… – Acariciava as nádegas firmes. – Como imaginou que minha boca faria?

             Rubi apoiou-se na mesa, pois temia se desequilibrar. Via a cabeleira cacheada, via o olhar silencioso a lhe questionar. Acariciou-lhe as madeixas castanhas. Massageava-as, sentia o delicioso cheiro dos fios.

            -- Eu...imaginei que começava com alguns beijos...por cima...

            Gabriele encostou os lábios na pele excitada. Inalou o delicioso aroma feminino, fazendo como lhe fora dito, sem abandonar os olhos que pareciam quase fechados naquele momento.

            Agora, usava o dedo indicador para alisar a linha que juntava as duas partes, fazia-o sem cessar as carícias.

            -- Também pensei em como seria perfeito quando ela desabrochasse diante dos seus olhos...

            A Bamberg usou as mãos para abri-la. Observando o sexo molhado, pronto para ser tomado para si.

            Com o polegar massageava-o, ouviu o grunhido que saia dos lábios da dançarina, então não perdeu mais tempo. Passou a língua por toda extremidade, lambendo-o, tomando para si todo o mel que parecia escorrer. Sua sede apenas aumentava ao ouvir a respiração acelerada da amante. Guiada por seu instinto, penetrou-a com o polegar, chupando a pequena fruta devagar. Senti-a mexer os quadris contra si, fazendo-o em alternância de ritmos, ora devagar, ora mais rápido. Não parou, avançava mais forte, mais rápido, queria que ela sentisse tudo, que se entregasse por inteiro e que nunca esquecesse daquele momento.

            Um gemido alto escapou dos lábios de Rubi que tirando suas últimas forças, conseguiu levantar a Bamberg, fazendo-a ficar de pé.

            -- Vai me enlouquecer... – Falava com a respiração acelerada. – Sabe o que está fazendo? – Indagava, enquanto usava o polegar para acariciar o lábio superior. – A sua boca é ainda um milhão de vezes melhor que imaginei...

            -- Eu quero você...quero um bilhão de vezes mais nesse momento...

            Os lábios uniram-se novamente em um beijo cheio de paixão.

            Rubi lhe abraçava pela cintura, lentamente conduzindo-a até o leito, deitando-a, posicionando sobre o corpo da bela mulher. Apoiava-se nos braços, fitando-a, contemplando-a.

            -- Você é apenas uma menina... – Olhava-lhe o rosto. – Uma garotinha linda que apareceu na minha vida como um furacão... – Posicionou-se entre as pernas da amada, unindo os sexos. – Sinta...sinta como somos perfeitas juntas...

            Um sorriso desenhou-se nos lábios da chef de cozinha, acolhendo-a, dançando a mesma dança, seguindo os mesmos passos daquela sinfonia que só ambas ouviam. Novamente, segurou-lhe a face sobre a máscara, aproximando as bocas.

            -- Sou sua, Rubi...me tome como desejar...da forma que desejar...

            Um brilho aparecia nos olhos azuis mais uma vez e era como se Gabriele já o conhecesse de muito antes.

            A dançarina beija-lhe o rosto, depois ia descendo, demorando-se sobre os seios, faminta, devorava-os, enquanto suas mãos seguiam pelos quadris, pousando em suas coxas, massageando-os. A carícia agora estava em seu abdômen, mordiscando-os.

            A Bamberg mantinha os olhos fechados, apenas deliciando-se com o toque, porém quando a viu pausar, apoiou-se nos cotovelos para ver, estremecendo quando a viu entre suas pernas, olhava curiosa, ansiando por vê-la provar do seu néctar que já se derramava sem pausa.

            Viu o sorriso da dançarina, ele era safado, sensual, intrigante...

            Nada em todo o mundo a preparara para o prazer que ainda estava por vir quando a boca da dançarina lhe tomou o sexo como se estivesse a degustar um dos seus famosos pratos.

            Inclinou a cabeça para trás em agonia, cerrando os dentes para não gritar em deleite. De sua boca saíram palavras que não entendeu de início, como se uma força a estivesse controlando. Abriu-se mais, pois queria mais...

Rubi a ouvia, gostava do som da voz feminina tomada pelo incontrolável prazer. Invadiu-a devagar, fê-lo com o polegar e o indicador, ouviu-a protestar, porém não parou, pois logo ela se acostumava com a investida, movendo-se contra si. Usava a língua para brincar com sua carne, com seu centro do prazer.

Ouvi-a mais uma vez, não entendeu, mas a tomou mais forte, mais  intenso...Conseguia vê-la sobre os cotovelos, mexia-se em desespero, implorando por mais e mais ela lhe deu.

Deitou-se sobre o corpo feminino, encaixando os sexos de forma a provocar o maior contato.

Segurou-lhe as mãos sobre a cabeça, falando em seu ouvido:

-- Vem, comigo...deixa eu te dar o melhor que há nesse mundo...

Gabriele conseguiu apenas fazer um gesto afirmativo com a cabeça, não parecia ter mais forças até que percebeu que sempre poderia ter muito mais prazer...

            Novamente, os corpos dançavam...Agora a música que soava era o som dos sexos se reconhecendo, de buscando juntos a rendição total. O atrito que se fundia com os gemidos, com as frases que naquele momento não pareciam fazer muito sentido, mas saiam da boca de ambas.

            Rubi continuou aumentando os movimentos, soltando-lhe os braços e agora sentia as unhas rasgarem seus ombros em desespero...Ouvia-a gritar, sabia que tinha alcançado o auge do prazer, forçou-a mais um pouco e logo desabava sobre o corpo da mulher que tinha tirado seu sono durante aquelas longas semanas.


 

Comentários

  1. Não tem como não se apaixonar por suas histórias, pois cada uma é melhor que a outra. Adoro a Eli da feira ferida, mas a Ana Valéria é maravilhosa.

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