A antagonista - Capítulo 9


                                Fazia uma semana que Ana Valéria não voltava para casa. Ela tinha aceitado o convite de Paloma e ambas viajaram para a praia. A empresária parecia pronta para tentar uma ligação mais profunda com a amante. Talvez, fosse isso que precisasse para poder relaxar um pouco mais.

            Um dia antes de viajar esteve com o terapeuta. Encontrara-se com ele em seu consultório depois de ignorar suas ligações.

            -- Pensei que não viria até aqui.

            Um homem alto, magro, cabelos brancos a fitava com curiosidade.

            Apontou o divã para que ela se sentasse.

            A ruiva fez, parecendo desconfortável.

            -- Vim porque não aguentava a Branca me irritando o tempo todo com isso.

            Ele sorriu com simpatia, sentando-se.

            -- Vejo que está bem depois da sua última crise. – Pegou um bloco de nota. – Sua administradora andou me relatando alguns episódios. Gostaria de falar sobre eles?

            Ela ficou em silêncio durante alguns segundos.

            Não gostava de falar sobre sua vida, mas não podia negar que aquele homem desde que entrara em sua vida fora de grande ajuda. Suas crises que antes eram constantes viraram esporádicas.

            Ana fechou os olhos e depois de longos segundos começou a narrar.

            -- Eu quero as ações do barão, sabe tudo o que suportei para consegui-las e simplesmente ele deixa para outra pessoa, tudo isso para aumentar a minha tortura. – Soltou um longo suspiro. – Eu penso nisso e começo a me fechar nesse mundo de trevas que vivi...quando vejo já estou mergulhada nas minhas lembranças e não consigo sair...—Uma lágrima solitária desceu banhando sua face. – Eu estou lá...naquele quarto sujo...há ratos...bichos...o cheiro me sufoca e é como se tudo que estivesse acontecendo fosse real...

            -- Querida, sabe que você foi muito forte...Outra pessoa teria sucumbido depois de tudo o que tinha vivido, porém você não, você conseguiu sair de lá e está aqui...

            -- Mas a que preço? – Abriu os olhos. – Às vezes, penso que teria sido melhor se tivesse morrido dentro daquele lugar...Ou quando passei pelas complicações no aborto... – Não parecia se preocupar mais com as lágrimas que rolavam em descontrole. – Não posso ver minha mãe, pois pensam que eu a feri, mão não fui eu... – Fez um gesto negativo com a cabeça.

            Flávio a observava.

            Geralmente, sempre que eles se encontravam acontecia aquilo. Ana despia-se da sua arrogância e mostrava-se tão mortal como qualquer outro.

            -- Acha que depois que tiver as ações alguma coisa vai mudar?

            O maxilar da ruiva enrijeceu, voltando a demonstrar seu olhar implacável.

            -- Farei com que Antônio se ajoelhe diante de mim, desejo que perca tudo...quero tirar tudo dele, como tirou de mim um dia... – Sentou-se. – Se não fosse essa maldita neta do barão, tudo seria mais fácil.

            O terapeuta fitou o bloco de notas, lia com atenção tudo que Branca narrara sobre esse fato.

            -- Gabriele está em seu caminho então?

            Os olhos azuis brilharam ao ouvir o nome da Bamberg.

            -- Essa garota estúpida me desafia o tempo todo...é petulante e me tira do sério só em vê-la... Não gosto de vê-la, há algo que me perturba bastante.

            -- O que seria?

            Ana umedeceu os lábios, sentindo a face corar. Depois olhou o relógio, então se levantou.

            -- Preciso ir, doutor, tenho uma viagem marcada...Branca lhe dará notícias quando eu retornar.

            Flávio fez um gesto de assentimento com a cabeça, sabendo que ela não falaria mais nada, já tinha chegado ao limite, porém ficara curioso, pois algo parecia estranho em seu olhar ao falar da neta de Bernard.

 

 

 

         Era noite, Gabriele tinha dado a mamadeira para Luna e a garotinha já adormecia em seu berço. Era cedo ainda, não passava das dezenove horas, mas a criança não dormira durante à tarde, ficou enjoada porque tomara vacina. Sentia-se grata por agora ter conseguido adormecer. Não se sentia bem quando a via tão chorona, ficava consternada quando a via sendo furada, porém sabia que era para o bem da pequena.

             Foi até a janela. O céu estava estrelado, havia também uma lua cheia enfeitando-o que agora não estava mais escuro.

            Voltou até o berço e ficou a admirar a pequena ruiva.

            Será que seria parecida com a tia quando crescesse? Esperava que não tivesse herdado o gênio intratável.

            Pensava no dia que encontrou a baronesa no corredor quando a Pandora quase lhe trucidou.  

            Suspirou.

            Ana Valéria tinha algo que a confundia extremamente. Às vezes percebia-a tão frágil, porém em outros momentos agia como se nada a atingisse, como se não tivesse sentimentos.

            Fechou os olhos e recordou-se do toque em seu lábio, de como sentira as batidas do coração acelerarem por tê-la tão perto, por sentir o delicioso cheiro do seu singular perfume.

            Ouviu batidas, assustando-se.

 Viu Lia entrar, então tentou parecer calma.

-- Tudo bem? – A empregada questionou. – Bati duas vezes e te chamei, mas não respondeu.

Ela deu um sorriso amarelo.

-- Estava distraída com meus pensamentos...

A cozinheira piscou.

-- Imagino que estava pensando no seu bonitão...

Gabi não respondeu, apenas ficou em silêncio diante das palavras da senhora.

            – Vá para a piscina, sua aula de natação vai começar... Seu professor já deve estar te esperando.

                Branca informara naquela tarde que teria aulas, pois Ana Valéria deixara claro que precisava que ela aprendesse para que ficasse em alguns momentos com Luna na água. Não se mostrara entusiasmada para isso, porém para não ter que enfrentar a fúria da ruiva, aceitara. Nem se recordava que naquela noite iniciaria as lições. Não via interesse nisso, nem mesmo gostava de ficar na piscina com a criança.

               A jovem abriu o roupão que usava exibindo um maiô.

                – Consegui algo mais decente para hoje, combina mais comigo.

               A cozinheira riu.

            O traje de banho era preto e se adequava ao corpo feminino com mais discrição.

              – Não deve esquecer que não está mais em um convento, então não precisa se preocupar com biquínis, é uma mulher bonita. Não vê a baronesa? Exibe-se e não se importa.

                A Bamberg não pareceu gostar de ouvir o nome da Del La Cruz.

                 Há dias, ela não retornava a mansão, sabia que estava com a amante e em nenhum momento ligara para saber sobre a Luna, era como se a menina não existisse para aquela mulher. Como podia aceitar ir embora com Miguel deixando a criança ali?

                 – Lia, por que Ana Valéria não gosta da sobrinha?

              A cozinheira foi até o berço e viu a pequena dormir, olhou-a ternamente, depois fitou a neta do barão.

               – Aconteceram muitas coisas com a senhora, coisas que não tenho permissão para lhe contar, mas garanto que foram horríveis…eu sei que, às vezes, ela é um ser insuportável, mas ela não é uma pessoa tão má assim…

              – Pois eu acho que ela é um monstro, um ser horrível, pois só alguém assim agiria como tanta frieza diante de um anjinho como a Luna.

            Lia fez apenas um gesto afirmativo com a cabeça.

           – Acho melhor você ir para sua aula, não vamos perder mais tempo. Eu ficarei de olho na menina.

            Gabi fez um gesto afirmativo com a cabeça e deixou os aposentos.

 

 

 

               Ana Valéria estava na beira da piscina. Tinha chegado mais cedo e fora avisada que o professor que fora contratado para as aulas tinha sofrido um pequeno acidente e não teria como comparecer.

               Bebeu um pouco do líquido âmbar que estava na taça, enquanto fitava a água. Estivera com a Paloma durante três dias, depois retornara, porém não quiseram voltar para a mansão, ficando no apartamento durante o restante da semana. Branca tinha falado sobre a visita do Miguel, de como o rapaz mostrara-se satisfeito em ver a ex-noviça. Talvez a Wasten estivesse certa, poderia conseguir as ações se fosse menos inflexível.

            Não demoraria a completar o prazo, então poderia se livrar da indesejável neta de Bernard e assumir mais uma fatia da corporação de Antônio.

               Bebericou um pouco mais e ao levantar a cabeça viu a jovem aproximar-se vestindo um roupão branco. Observou os cabelos presos em um coque, os olhos que mesmo distante mostraram surpresas ao vê-la.

            Bebeu mais um pouco da bebida, sentindo o sabor do líquido descer queimando em sua garganta.

              – Não é pontual… – Ana comentou quando ela estava bem perto. – Vou lhe dar um relógio de presente...

                A neta do barão ficou surpresa ao ver aquela mulher ali. Observou o minúsculo biquíni branco, os cabelos molhados, a expressão irônica nos olhos azuis. Não sabia o que se passava quando a via, era como se algo desconsertasse seu equilíbrio. Por que ela tinha retornado? Poderia ficar durante anos longe que seria muito melhor para sua vida.

               – Onde está o professor que a senhora Branca disse que viria? – Indagou olhando ao redor, tentando demonstrar indiferença por sua presença.

              – Ele não virá, teve um imprevisto. – Respondeu com um sorriso debochado. – Uma pena...

             – Então vou voltar para o quarto.

             Já se virava para ir embora quando sentiu dedos delicados fechar sobre seu pulso. Sentiu algo a incomodar, virou-se e puxou o braço.

             – Eu mesma te ensinarei. – Deixou a taça sobre a mesa. – Tire o roupão e venha para a água.

               Era possível ver o pânico na expressão da jovem.

                – Mas…

               Ana pulou na piscina sem ouvir os protestos.

                – Venha logo, freirinha, eu não tenho a noite toda.

            Gabi cruzou os braços.

              – Eu não desejo que me ensine. –Disse com a cabeça levantada. – Não acredito que terá paciência comigo e também tem o fato de eu ser muito lenta para aprender, melhor evitarmos estresses desnecessários.

               – Você não tem que desejar ou deixar de desejar, apenas deve fazer o que eu digo e pronto. – Falou irritada. – Ande logo, entre aqui e deixe de bobagens... – Mordiscou a lateral do lábio inferior. – Sou uma boa professora, você vai gostar do jeito que ensino.

              Gabi soltou um longo suspiro de frustração. Deu a volta e decidiu entrar na água, pois sabia que se continuasse a se negar, teria problemas com aquela mulher arrogante.

            Entrou lentamente e ficou lá quieta. Viu a outra nadar até o final da piscina e retornar rapidamente. Era uma exímia nadadora.

             – Bem, primeira lição, você só precisa mexer os braços assim… – Demonstrava mostrando. – Isso vai te ajudar a se manter sobre a água. – Posicionou-se por trás da garota. – Deixe que te mostre como mexê-los. 

           A Bamberg sobressaltou-se ao senti-la às suas costas, colada ao seu corpo, era tão quente. Escorregadia...

            Sentiu vertigem com a proximidade.

              Fazia como ela dizia, mas percebia que seus movimentos saiam desajeitados por sentir-se nervosa.

             – Faça mais devagar, não precisa ser brusca…às vezes devagar também é bom...

             As palavras foram ditas muito perto da sua orelha e isso arrepiou sua pele.

             Ana Valéria sentia o cheiro do corpo feminino e foi como se só naquele momento percebesse como estava colada à jovem e não podia negar que isso causou um frenesi em seu estômago.

              Afastou-se, voltando a ficar a sua frente. Fitou as luzes acesas da mansão, parecia buscar equilibrar sua mente.

            – Segure na borda e estenda suas pernas, bata-as devagar, depois pode juntar as duas ações e vai ver que vai conseguir se deslocar sobre a água.

                A jovem a encarou, fitou os olhos brilhantes por alguns segundos, observou os lábios tão bonitos.

                – Por que não posso esperar que o professor me ensine?

                 – Acha que vou te afogar? – Questionou com um sorriso, olhando tudo ao redor. – Será que a Lia iria te ver gritando? – Gargalhou da cara de assustada da jovem. – Não seja tola, garotinha boba, eu quero suas ações, então deve ficar vivinha.

              A Bamberg não gostava quando aquela mulher sorria, pois parecia ainda mais bela quando fazia aquilo.

            -- Acha mesmo que sua brincadeira teve graça?

            Ana não respondeu, brincava com a água como uma criança.

                  – Não se preocupe, freirinha, não vou te afogar não, vou apenas te ensinar e quando o professor vir, ele continua. – Aproximou-se. – Não precisa se assustar. – Estendeu a mão. – Que tal fazermos uma trégua…sem brigas, sem guerras…pode ser minha amiguinha?

                Era possível ver a surpresa no olhar da outra.

              – A senhora quer ser minha amiga? Uma piada? – Debochou. – O que se passa agora?

              Ana encostou-se à borda e cruzou os braços sobre os seios.

               – Não tenho motivos para viver em guerra contigo, acho que já tem pessoas de mais na minha lista de desagrados, então não desejo gastar minha energia.

            Gabriele a observava, parecia buscar algo naquele olhar que mostrasse que era mais uma provocação.

                – Ora, isso é bem interessante…

                – No final da jornada a única coisa que anseio, freirinha, é que me entregue as ações, vou lhe dar muito dinheiro e estou pensando em até mesmo te dar um apartamento, muito mais do que vale...Você terá dinheiro suficiente para não precisar trabalhar...Uma quantia mensal...vai poder viajar...curtir...namorar...

               Então era isso, agora entendia a mudança que ela passara, sabia que havia algo por trás.

               – Talvez não brigarmos não seja a única coisa que eu deseje.

              Ana baixou os olhos e por alguns segundos se distraiu olhando para os seios que estavam sob o tecido do maiô, mas logo voltou a encará-la.

               – O que deseja? Saiba que não aceitarei que faça imposições, estou querendo que possamos ter uma boa convivência, mas não será do seu jeito, será do meu, então já estou te oferecendo muito...

          – Quero apenas que também seja uma tia melhor para a Luna.

            A Del La Cruz parecia surpresa com a imposição. Imaginara que quisesse mais bens materiais, não pensara que envolveria a filha de Antony na negociação.

             – Uma tia melhor? – Indagou já se irritando. – Não falta nada para essa menina, tem tudo de melhor...Não há nada que lhe falte e isso já é muito mais que o suficiente.

                 – A senhora não se importa com ela…passou dias fora e retornou sem nem mesmo ir até lá para vê-la, acho que isso é mais importante que todo o luxo que ela tem.

              O maxilar da baronesa enrijeceu, cerrou os dentes, porém conseguiu controlar sua irritação.

               – Certo, farei como dizes. – Voltou a estender a mão. – Temos uma possível amizade?

                – Temos uma trégua. – Apertou-lhe a mão. – Porque eu realmente não acredito que possamos ser amigas...

            Ana esboçou um sorriso.

                – Agora que tal fazer as lições de natação?

               – Está bem, farei como a senhora disse.

               A Del La Cruz fez um gesto afirmativo, enquanto a via seguir suas instruções. Não tinha intenção de seguir as ideias da jovem, mas Branca estava certa quanto ao fato das ações poderem sair das suas mãos. No testamento não havia nenhuma obrigatoriedade da neta do barão lhe vender, ela podia se negar se assim quisesse ou até pior, poderia desistir e elas retornariam para Antônio. Não permitiria, não se sacrificara durante tantos anos ao lado do Bamberg para não ter sua vingança.

               Umedeceu o lábio superior.

               Estivera com Paloma e recebera da amante a promessa que teria seu apoio dentro da corporação do senador, mas ainda não era suficiente. Não teria o controle ainda, mas sabia ser paciente, logo teria o poder para destruir o pai e Lorena, ambos ficariam para o final e o sabor seria delicioso.

                 – Como estou me saindo?

                 A voz baixa e suave da garota lhe tirou das suas divagações.

                 – Está ótima. – Disse, enquanto seguia para fora da água.

                   Gabi a fitou.

                   – Já terminamos?

                   Ana colocou mais vinho na taça e bebeu mais um pouco do líquido.

                 – Na água sim, pode sair.

                 A jovem fê-lo, seguindo para vestir o roupão.

              – Estou com um pouco de frio.

              – Mas a água não estava gelada. – Estendeu-lhe uma taça. – Vai te aquecer.

              – Não bebo.

              – Não se preocupe, só um pouco não vai fazer mal, apenas te ajuda a não ficar com frio.

               A Bamberg fitou a taça, mas não aceitou, fazendo um gesto negativo com a cabeça.

               – Vou voltar para o quarto, não quero deixar a Luna sozinha por tanto tempo.

              A baronesa apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça, sentando, viu a jovem afastar-se e ficou pensando em como algo começava a lhe perturbar diante da freirinha.

              

    

             Tereza estava na sala da mansão e olhava pela fresta da janela tudo o que se desenrolava na piscina. Ela não parecia nada feliz, pois Branca lhe ordenara que não devia dar mais trabalho para a neta do barão, que agora a garota só se ocuparia da Luna.

 

 

                Naqueles dias, Ana não parecia se preocupar em cumprir sua parte em relação à sobrinha. Saia muito cedo de casa e só retornava muito tarde. Até que em uma noite ao chegar nos aposentos ouviu risos no quarto adjacente.

                Foi até lá e viu a criança gargalhando, pois a babá fazia passos de dança estranhos e bizarros para a pequena.

                   A Bamberg parou imediatamente ao ver a mulher a lhe fitar.

                Há três dias não a via, ela não parecia interessada em fazer a parte de se tornar uma boa tia, simplesmente sumia e não se importava em dar qualquer tipo de explicação.

               Observou-a com cuidado. Usava um vestido preto, era justo ao corpo delicado e bonito. Chegava um pouco abaixo das coxas bem torneadas. Usava meia calça também escura, um sapato de salto alto que se prendia em sua panturrilha. Levantou os olhos e viu o decote redondo…Os cabelos estavam ainda mais brilhantes, a face ainda mais bonita que sempre.

              Cruzou os braços.

              Até mesmo Luna parecia ter parado, examinando a visitante.

              – Não é muito tarde para estarem com essa bagunça? – Questionou aborrecida. – Depois essa menina se comporta como uma pirralha mimada e é tudo sua culpa.

          Estava irritada e não parecia muito paciente. Observou o minúsculo short que a neta do barão usava e a camiseta justa que exibia os seios pelo tecido transparente.

               – Nem sabia que a senhora estava em casa para se incomodar com isso. – Disse sem se importar com a exasperação que a outra demonstrava. – E estamos apenas brincando, nada que possa afetar a paz da sua casa.

                  Ana observou Luna e suspirou.

                – Estou cansada e com dor de cabeça, então me faça o favor de acabar com essa bobagem. – Virou-se para sair, mas a deteve. – E não adianta ficar com a cara feia ou com esse ar de irritação, senhorita, pois eu não me importo...

             – Pelo visto a senhora não está em seus melhores dias e não deve ter encontrado ninguém para descontar sua frustração. – Respondeu exasperada. – Onde está aquela história de amizade e trégua? – Debochou. – Não durou nem uma semana.

                 A baronesa voltou a fitá-la. Os olhos azuis estavam estreitados de forma ameaçadora.

                Aproximou-se, segurando-lhe pelo pulso, enquanto Luna olhava tudo com grande atenção.

             – As freiras são tão petulantes quanto você?

             – Eu não sou freira, mas mesmo se eu fosse, acha mesmo que aceitaria suas grosserias? Some durante dias e quando retorna agi como se fosse a senhora do universo...

              – Ah, sentiu minha falta foi? – Desdenhou com um odioso e charmoso sorriso. – Não se apegue muito, queridinha, não sou de ficar por muito tempo no mesmo lugar…Melhor não se apegar a minha carinha bonita, vai acabar sofrendo.

             Gabi tentou se soltar dos dedos que se fechavam em seu pulso, mas não conseguiu.

             – Coloque a Luna para dormir e vá ao meu quarto.

             – Não irei! – Negou-se por entre os dentes. – Não quero ficar nem um segundinho perto da senhora e do seu bom-humor.

               – Ora, pensei que fossemos amiguinhas… – Ironizou. – Vamos retomar as boas...

                – Não acho que possa ser sua amiga, senhora, não tem nenhuma característica para que me incentive a uma amizade. É fria, arrogante e irônica de mais para meu gosto.

               – Então voltamos à estaca zero? – Questionou ainda mais brava. -- Então agora você vai ao meu quarto sim e isso é uma ordem. – Soltou-a. – Não demore ou volto para te arrastar por seus lindos cachos.

               Quando Ana deixou os aposentos, a Bamberg sussurrou:

              – Capeta!

 

 

 

          Ana tinha chegado à mansão furiosa, pois naquela noite encontrara Lorena em uma boate. Ainda sentia a frustração por não a ter destruído ainda, por não ter conseguido vingar-se.

            Era uma maldita desgraçada!

            A loira ainda ousou flertar consigo.

            Como podia ser tão miseravelmente cínica?

            Passou a mão pelos cabelos ruivos, enquanto sentia a fúria crescer em seu interior. Às vezes, conseguia ter a paciência necessária, em outros momentos sentia um descontrole total por saber que Antônio e Lorena estavam impunes. Destruíram sua vida, tomaram de si sua mãe, seus sonhos, transformando-a naquele ser horrível que tinha se tornado.

              Seguiu até a varanda, enquanto apoiava as mãos no guarda-corpo, apertando as barras. Olhava o céu, parecia buscar forças para controlar toda a raiva que sentia. Mais cedo falara com Rogério, mais uma vez lhe fora negado o direito de ver a própria mãe.

                  Clarice vivia em uma casa de recolhimento de pessoas que tinham perdido a sanidade. Desde que ela sofrera o acidente no dia que Antônio internara Ana, a mulher ficará em coma e por muito tempo permanecera assim. O senador continuava sendo o responsável por ela e travava uma verdadeira guerra na justiça para não permitir que a filha aproximasse. Não conseguia entender como mesmo com todo poder que tinha não conseguira vencer o pai e poder ver a mãe.

                 Mordiscou tão forte a lateral do lábio inferior que sentiu o gosto do sangue. Apertou os olhos para que não chorasse, não queria fazê-lo, pois de nada isso adiantaria.

              Não teria misericórdia de nenhuma daquelas pessoas que estiveram em seu caminho, destruiria todos e isso lhe daria um pouco de satisfação.

                Ouviu a porta do quarto abrir.

                Limpou os olhos e depois caminhou até lá. Viu a neta do marido lá a lhe encarar em desafio.

              – Já estou aqui, senhora, o que deseja?

                Ana caminhou até o espelho. O zíper do vestido tinha emperrado e não conseguira livrar-se da delicada peça, pois se o fizesse, destrui-lo-ia.

                – Tente abrir! – Ordenou. – Faça com cuidado, pois é uma peça exclusiva e muito cara. – Advertiu-a.

                – Me chamou para isso? – Indagou perplexa. – Poderia ter chamado sua governanta, ela iria amar fazê-lo. – Falou parando por trás da baronesa.

                – Não quero discutir mais, garota petulante, trate apenas de fazer o que estou mandando e de preferência em silêncio, quem sabe a gente não vai cada um para o seu lado.

                 A ex-noviça fitou a mulher através do reflexo, mas não falou nada, pois via a expressão furiosa.

                Segurou o zíper e tentou baixar, mas não conseguia, estava emperrado.

               Ana a sentiu chagar mais perto, colar-se ao corpo, sentia o quadril moldar-se às suas nádegas e isso provocou um frenesi. Afastou-se um pouco.

                – Se não ficar quieta, baronesa, não vou conseguir, já está bem difícil aqui... – Reclamava. – Para algo tão caro deveria pelo menos ter um zíper que não emperrasse.

               A Del La Cruz ficou imóvel, enquanto sentia os dedos em sua pele, eram delicados demais para sua agonia.

            -- E desde quando uma freira entende de roupas caras hein? – Indagou sobre o ombro. – Paloma me presenteou com essa roupa, do estilista particular francês...

            Gabriele revirou os olhos demonstrando tédio diante do que ouvia.

               – Termine logo com isso! – Ordenou irritada, vendo a outra debochar.

             – Ok, vou terminar!

             O barulho do rasgão do tecido foi ouvido e Ana afastou-se, enquanto sua pele ficava exposta. Estava totalmente nua sob o vestido.

            Os olhos azuis estavam arregalados diante do que se passava.

              – Você rasgou?! – Indagou perplexa. – Rasgou o vestido... – Olhou com desgosto para a roupa caída no chão.

             Gabi parecia paralisada ao ver a mulher totalmente despida, usando apenas uma delicada meia em todas as suas longas e lindas pernas. Nem mesmo usava uma peça íntima. Aquela mulher não tinha mesmo vergonha na cara. Sentiu um suor frio em seu corpo.

            -- Você é louca!

            A Bamberg mirou os olhos irritados, evitando a nudez da esposa do avô.

              – Como queria que eu tirasse então? Mandou que fizesse rápido.

             A Del La Cruz pegou o traje e esboçou desgosto ao ver a peça caríssima.

              – Você vai pagar caro por isso!

              – Desconte do salário que não recebo. – Fitou os seios desnudos. – Fiz apenas o que ordenou. – Caminhou de volta para o quarto. – Boa noite!

 

 

 

                Branca estacionou o veículo em frente a mansão. Desceu do carro e abriu a porta do passageiro e uma Pandora desesperada deixou o veículo. Viu a dona no topo da escada que dava acesso à casa e correu até ela em alegria.

               Ana agachou para receber o carinho desesperado.

              – Trouxe-a para você.

              – Obrigada! – Brincava com a cadela. – Tirou uma bola do bolso da calça de moletom e jogou e o animal foi atrás feliz.

             – E como você está?

              A administradora sabia do que se passara na noite anterior na boate, também sabia de mais uma vez a recusa do juiz permitir que ela fosse ver a mãe.

              – Estou vendo que não parece melhor. – Comentou preocupada. – Precisa ter paciência ou isso vai ser ainda pior.

              Ana desceu os degraus e caminhou até a área da piscina, sentando-se sob um guarda-sol.

              Branca acomodou-se também.

              – Você não entende, ninguém entende o que sinto… – Disse olhando para o copo. – Há um vazio tão grande aqui dentro – apontou para o peito – e nada nem ninguém consegue preencher...

               Não demorou para Tereza trazer uma bandeja com o desjejum.

              A loira parecia interessada em aproximar-se da patroa que agora agia como maior distância.

               – Lia estava um pouco ocupada, então trouxe eu mesma.

               Ana não pareceu dar muita atenção à empregada que decidiu sair do lugar.

              – Parece que a Tereza quer um pouco da sua atenção.

              A baronesa deu de ombros.

              – Bem, hoje mais cedo recebi a ligação do Miguel, quer levar a Gabi ao cinema, pediu que falasse contigo.

               – Não vai a lugar nenhum! – Negou calmamente. – Não vou permitir que fique por aí com esse mancebo.

                – Pensei que o plano seria tentar uma relação mais amigável com a garota.

               A empresária bebeu um pouco do suco de laranja, parecia ponderar. Não tivera tempo de praticar sua trégua, ainda mais porque ficou muito irritada na noite anterior, descontando na garota.

             – Ela não vai sair sozinha com esse rapaz, não confio nele.

              – Mas, Ana Valéria, você precisa tentar cultivar a simpatia dessa garota ou teremos problemas mais tarde.

            -- Essa menina já é um problema... – Falou rispidamente. – Fala que devo ser amigável, porém ela também não colabora. – Dizia irritada. – Ontem lhe pedi que me ajudasse a tirar meu vestido que tinha emperrado o zíper e sabe o que ela fez? Rasgou a peça de roupa.

            Branca riu.

            -- E o que queria? Acha que ela tem sangue de barata? Sempre a provoca e a trata desdenhosamente.

            -- Você sempre vai defendê-la, sempre acha que está certa.

            -- Por favor, tente repensar suas ações...

 

 

 

              Gabi vestiu Luna e agora estava na cozinha, a criança estava no cadeirão e parecia muito divertida bebendo seu suco na mamadeira, enquanto apertava o bolo com a mão.

                 – Lia, você vai fazer o bolo para os seis meses da Luna? – A neta do barão perguntava, enquanto comia uma maçã. – Quero fazer algo bem legal para ela.

                – Precisamos falar com a baronesa antes, não quero que aconteça o mesmo que aconteceu da última vez…ainda me recordo da bela Del La Cruz cheia de chocolate.

              Gabi gargalhava ao se recordar da cena.

              – Bem que ela merecia, quem sabe não se ajeita assim, é terrível e muito mal-educada.

               – Pensei que vocês estavam em paz.

               Ela fez um gesto negativo com a cabeça.

              – Ontem ela chegou e foi até o quarto onde estava Luna e eu. Esbravejou do nada e depois me fez ir até os aposentos dela para que lhe ajudasse a tirar o vestido.

              – Então foi você quem rasgou o vestido? – Cobriu a boca com a mão. – Meu Deus, destruiu a peça de grife.

                 – Ela queria que eu tirasse às pressas e não consegui, foi quando puxei de uma vez.

              – Foi um presente da dona Paloma, ela vai ficar uma fera quando descobrir que você destruiu o traje.

               A neta do barão continuava a comer a maçã.

              – Não entendo como duas mulheres conseguem se relacionar dessa forma…– Dizia pensativa. – O que você acha, Lia? – Perguntava cheia de curiosidade.

                A mais velha gargalhou.

               – Criança, eu não sei, mas deve ser algo bom porque vejo que é o que mais tem na sociedade.

                A porta abriu-se e Pandora entrou, mas antes que a Bamberg se assustasse, a dona da cadela entrou junto com Branca.

              Os olhares da esposa e da neta do barão se cruzaram durante alguns segundos, pareciam se inspecionarem.

                – Suba e se arrume, seu namoradinho vai vir te buscar para saírem.

                A Wasten sentia o tom de voz cheio de sarcasmo da baronesa, via o olhar da moça, não parecia temer a outra.

                 – Não posso, não tenho com quem deixar a Luna. – Disse simplesmente.

                 – Não se preocupe, querida, eu mesma estarei aqui para ficar com a menina. – Branca intrometeu-se, temendo que Ana mudasse de ideia. – Vá e se arrume, seu namorado não vai demorar para chegar.

                Gabi olhou para a criança, parecia temerosa de deixá-la. Não queria ir, porém Miguel ficaria muito triste se não fizesse, ainda mais depois de ter se arriscado a ser expulso dali pela baronesa. Estranhava mais uma vez o fato de ela ter permitido, era melhor ir antes que aquela mulher mudasse de ideia.

               Beijou o topo da cabeça da garotinha e falou:

             – Eu volto logo, meu amor, vai ficar com a tia Branca e ela vai cuidar bem de você.

               A criança parecia mais interessada em se lambuzar com o recheio de chocolate.

              

 

 

               Para a surpresa de Gabi, não foi ao cinema como fora dito, seguiram por uma área que não conhecia muito bem. Desceram do veículo e entraram no edifício. Pegaram o elevador e saíram em uma cobertura e para sua felicidade viu o pai adotivo a sua espera.

              Praticamente, jogou-se em seus braços, sentindo as lágrimas encherem seus olhos.

             – Papai… – Disse com a cabeça em seu peito.

               – Que saudade, minha doce linda. – Acariciou-lhe os cabelos macios. – Fiquei tão feliz quando o Miguel disse que tinha conseguido a permissão para que saísse da mansão.

              – Acho que não podemos perder muito tempo.

              A voz de Lorena chamou a atenção da ex-noviça.

               – Entre e venha comigo, quero falar contigo. – A antiga amante da filha de Antônio caminhou em direção ao escritório e foi seguido pela jovem.

              Ambas entraram no lugar e Lorena sentou-se.

             – Bem, não vou enrolar aqui, direi exatamente o que tem que fazer e não quero não como resposta.

                A jovem encarava Lorena.

                Não tinha uma boa relação com a irmã do pai adotivo. Ele sempre dizia que ela era assim mesmo, mas sempre fora bastante fria e irritante consigo. Sentia que não era bem-vinda quando era criança e mesmo depois de crescida continuava a sentir a mesma coisa.

               – Quero que se deite com seu namorado o mais rápido possível... Como sei dos seus ensinamentos religiosos antiquados, vai se casar com ele.

                 Os olhos claros da Bemberg abriram-se em perplexidade.

              – Você sabe que não posso fazer isso, há uma cláusula no testamento…

                Lorena levantou-se irritada.

              – Não quero saber disso! – Esbravejou. – Entenda de uma vez que se as ações passarem para Antônio tudo vai ser mais fácil para todos nós.

                – Se o fizer, as provas que meu avô tinha contra meu pai serão entregues e ele vai preso.

              A loira deu de ombros.

              – Antônio vai proteger o Trevan, só precisa recuperar as ações. – Aproximou-se da garota. – Você não sabe como Ana Valéria é perigosa, não tem ideia de como pode destruir a todos em pouco tempo.

                A Bamberg a olhava curiosa, parecia perscrutar seu olhar.

               – Por que tem tanto medo dela? O que há entre vocês?

               Lorena cerrou os dentes.

              – Você não tem ideia de como estamos correndo perigos enquanto a baronesa estiver no poder. – Segurou-a pelo braço. – Se você perder a virgindade as ações passarão para Antônio e ele vai conseguir ajudar seu papaizinho.

                  A jovem sentou-se na poltrona, enquanto fitava os próprios pés. Parecia ponderar sobre o que ouvia.

              – Quando findar um ano, eu entrego as ações para esse senhor…

                 -- Garota, deixe de ser boba, você está dando forças para a Ana…

                 Agachou-se diante dela.

                 – Por favor, pense bem… Miguel te ama, pode se casar com ele…

                 – E a Luna? – Questionou a fitá-la. – Não posso deixá-la sozinha.

                – Essa menina não é nada sua, não é sua responsabilidade. – Deus uma pausa ao ver a expressão irritada da jovem. – Provavelmente, Antônio vai conseguir a guarda da criança e posso pedir para que você fique com ela.

            Gabi ficou calada. Não sabia a razão de não se sentir à vontade em tramar uma possível traição à baronesa. Não podia negar que ela era uma mulher cruel, porém havia algo mais naqueles olhos azuis, uma dor tão profunda que chegava a lhe perturbar.

             

            

              Não demoraria a anoitecer, mesmo assim Ana estava na piscina com Luna. A menina passara todo o dia chorosa, Branca não conseguira distrai-la da falta que sentia da babá, então já cansada de tanto chororô, a baronesa levou-a consigo e agora ela parecia se divertir muito em sua boia, enquanto espirrava água na tia.

               – Eu acho que ela gosta de você. – Branca comentava.

            A administradora estava sentada na espreguiçadeira e acompanhava tudo com curiosidade.

                   – Gosta da água, isso sim… – Ana olhava a menina. – E sua protegida não está demorando muito?

                 – Já está chegando, recebi uma mensagem do Miguel.

                 – Por que confia tanto que essa garota não vai se jogar na cama com esse rapaz? – Questionou fitando a mais velha. – Teve um caso com ele, enquanto estava no convento…

                – Acho que a Gabi não faria isso…eu não sei o que é, mas ela parece temer por algo, acho que há uma condição que não sabemos e é isso que a fez aceitar te aguentar apesar de tudo…

                Os olhos azuis estreitaram-se.

                – E o que pode ser? – Mordiscou a lateral do lábio inferior. – Talvez se conseguíssemos descobrir fosse mais fácil fazê-la entregar as ações.

                 Pandora latiu e foi quando viram a jovem aproximar-se.

                Ana fez um gesto para que o animal parasse, mas agora era Luna que começava a bater as mãos na água em felicidade por ver a babá. Em sua voz infantil chamava por sua preferida.

                 A baronesa a observava. Usava um vestido soltinho no quadril, mas que ajustava a cintura e moldava os seios. Os cabelos estavam trançados na lateral e caia em seu ombro. A face bem desenhada trazia um pouco de batom e os olhos bonitos estavam bem delineados.

                 Viu-a ajoelhar-se na borda.

                 – Isso não é hora de estar nessa água, princesa.

               Luna apenas gargalhava e batia na superfície líquida.

                A Bamberg fitou os olhos azuis da senhora e viu-os ainda mais lindos.

                – Pode me entregá-la, já é tarde, não quero que pegue um resfriado.

                Ana assentiu. Pegou a menina da boia, mas não a entregou, segurou-a nos braços e caminhou pela piscina até a escada, deixando a água.

                 Gabi levantou-se e tentou não olhar para o corpo feminino desfilando em um dos minúsculos biquínis.

                 – Leve-a, senhorita, ela é toda sua. – Disse com um sorriso.

                Luna pulou nos braços da babá, mas parecia também querer ficar com a tia.

                A Bamberg suspirou, afastando-se.

                Branca veio e entregou um roupão para a empresária.

             – Não deve brigar, tem que se comportar assim, é o melhor para nossos planos.

               Ana não disse nada. Sentia-se estranha quando estava perto da neta do barão e isso estava começando a incomodá-la.

               Engoliu em seco.

               – E como está seu romance com a Paloma?

             A baronesa vestiu o roupão, mas não o amarrou na cintura.

              – Está bem, não está na cidade, foi fazer uma viagem, um desfile. – Sentou-se na borda da piscina com os pés dentro da água. – Não queria ir, estou muito chateada com tudo.

             Pandora deitou a cabeça no colo da dona e não demorou para receber os desejados carinhos em seu pelo.

             – Em breve tudo vai se resolver, Ana, tenha paciência. – Colocou a mão em seu ombro. – Agora precisarei ir, Rogério quer me levar à ópera, não tive coragem de me negar.

              – Vá sim, passou o dia todo aqui, precisa se divertir também.

                Branca fez um gesto afirmativo com a cabeça e logo deixou a área da piscina, mas não foi embora, seguiu para o interior da mansão.

 

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