A víbora do mar - Capítulo 42 - ...
A moto seguia em alta velocidade pela avenida principal
da cidade portuária. Mel desejava encontrar o pai, sentia uma agonia em seu
peito que a levava até ele, buscando retirar de dentro de si todos os medos que
sentia. Desde que tinha visto a foto daquele homem e Miranda lhe falara que o
duque estivera com ele, ansiava para que Fernando negasse que isso realmente
tinha acontecido. Passara a vida angustiada pela dor da terrível perda da mãe.
Ainda via em seus pesadelos a foto do assassino e sua voz de deboche. Lembrava
ter olhado para a mãe e ver no rosto de Marie a serenidade, como se não temesse
e lhe dissesse: "Calma, meu anjo, tudo vai acabar bem". Porém não
acabara, perdera-a naquele cruzeiro e da forma mais cruel imaginável.
Aumentou
a velocidade do veículo. Fitava as mãos com as luvas de couro pretas. Parou no
sinal.
Sabia
que não devia ter saído sem avisar a Samantha, mas estava tão apressada que não
fora até ela, também sabia que ela tentaria lhe dissuadir do seu intuito. A
pirata fora a melhor coisa que acontecera em sua vida. Ela também não merecia
tudo o que lhe passara. Fora vítima desde quando ainda estava no ventre de
Iraçabeth e depois do nascimento tudo ficara ainda pior. Não permitiria que
nada nem ninguém voltasse a feri-la, amava-a e desejava ficar ao seu lado por
todos os seus anos de vida.
Seguiu
pela rua transversal e logo chegava diante do enorme portão da casa do pai.
Achou estranho que as luzes estivessem apagadas e não havia o porteiro para
permitir o acesso à mansão.
Pegou
o celular e discou o número de Fernando, mas não chamava, depois tentou o
número da residência, deu desligado.
Sentiu
gotas de chuvas a lhe molhar.
O
céu estava escuro.
Soltou
um longo suspiro e desceu da moto.
Seguiu
até o portão. Estava fechado. Viu que o carro do pai estava parado lá. Olhava
de um lado para o outro. Pensou em gritar para que abrisse, mas ele não ouviria
se estivesse lá dentro ou poderia simplesmente ignorá-la como já fizera várias
vezes.
Saiu
caminhando pela calçada e logo chegava a uma árvore que ficava pelo lado de
fora. Retirou as luvas, guardando-as no bolso, em seguida começou a escalar.
Fazia-o com cuidado, pois temia que os galhos se partissem. Seguia devagar,
apoiando-se e não demorou para conseguir pular para o outro lado. Nenhum dos
seguranças da mansão estava presente e isso era algo muito estranho, pois não
se recordava de nenhum momento que algo assim se sucedeu.
Pulou
no gramado, e sentiu dor na perna.
Tudo
estava escuro, a iluminação não tinha sido ligada.
Fernando
estava em seu escritório. Estava sentado, enquanto tinha entre as mãos uma foto
de Samantha Lacassangner e a imagem de Iraçabeth que encontrara na casa de
Arthur.
Encheu
o copo com uma bebida de cor dourada, bebendo-a só de um gole.
Estava
frustrado, não conseguira encontrar as provas na casa do almirante e quando
fora até o hospital para confrontar o ex-sogro, simplesmente fora impedido.
Pensara em protestar, mas não podia chamar a atenção nesse momento.
Não
acreditava que o Santorini lhe entregasse a polícia, afinal, ele tinha sido seu
cúmplice quando ficara calado e não o denunciara.
Observou
as duas imagens.
Se
Iraçabeth tivesse amado-o, nenhuma daquelas desgraças teria acontecido. Ele não
teria precisado casar com a Marie, tampouco ter ficado obcecado pela maldita
pirata. Decerto, Mel teria sido filha da sua primeira esposa…
Bateu
com o punho fechado contra a madeira.
–
Até que horas vai ficar aqui se lamentando?
Ester
aproximou-se.
Ana
precisara viajar por dois dias e desde então ele tinha levado para lá a amante.
–
Você não entende, não percebe que preciso encontrar essas provas. – Levantou a
cabeça, encarando-a. – Onde está o idiota do seu irmão, ele precisa tirar a Mel
do país. Não a quero aqui.
–
Juan não conseguiu falar com ela, tentou várias vezes, mas ela não atende. –
Sentou-se. – Sua filhinha parece que não vai deixar a esposinha…– Passou o
indicador no gargalhou da garrafa. – O avião já foi alugado, está tudo pronto
para nossa fuga.
–
A pirata vai comigo! – Jogou o copo contra a parede. – Não sairei daqui sem
ela.
–
Nesse momento é impossível que chegue perto da Samantha. – Protestou irritada. –
Pense que logo estará livre de todas as acusações, porém precisa partir.
–
Uma vez eu quase a tive em minhas mãos…Iria levá-la para longe, mas o maldito
Tobias e o Armando fizeram tudo errado e foi preciso matar a maldita
sheika…Agora ela volta a escapar das minhas mãos.
–
A Mel entrou em seu caminho…Por que não a tirou como fez com a outra?
Os
olhos dourados do duque traziam um lampejo de dor.
–
Eu amo a minha filha…precisei me livrar da Marie para que ela não a tirasse de
mim… – Levantou-se apoiando as mãos na mesa. – Acha que seria capaz de feri-la?
Não, eu queria apenas que ela seguisse com seu irmão…
–
Livrou-se da minha mãe?
A
tenente estava parada na porta, olhava perplexa para o pai.
A
irmã de Juan parecia ter gostado bastante da chegada da militar nesse exato
momento. Esboçou um sorriso, regozijando-se ao vê-la descobrir toda a verdade
de forma tão cruel. Odiava-a mais que tudo em todo o universo e ansiava por destruí-la
de uma vez por todas.
Voltou a ouvir a voz embargada em lágrimas.
–
O que o senhor fez? – Questionou tentando não entrar em desespero. – O que o
senhor fez?
Fernando
fitava a filha e parecia perdido em suas explicações.
–
Quem te deu permissão para entrar aqui? Não me venha com seus questionamentos
quando me desonrou em todas as duas decisões.
–
O senhor livrou-se da minha mãe… O que fez? – Aproximou-se mais.
–
E você não sabe? – Ester indagou em deboche. – Pensei que tivesse visto…
–
Cale-se! – O duque rosnou para a amante. – Saia e me deixe sozinha com a minha
filha.
A
mulher levantou-se, exibindo um sorriso carregado de sarcasmo para a
ex-cunhada.
Odiava
Mel, odiava-a por tudo o que lhe fizera passar, pelas humilhações, odiava-a por
sua forma de tratar como se fosse superior e a odiava ainda mais pelo fato de
ter tirado de si a Lacassangner. Fora ela a responsável por não existir nenhuma
chance para que pudesse se relacionar com a filha do Serpente, mesmo tendo
feito de tudo. Mas a tiraria do seu caminho, fora uma jogada do destino que a
tenente fosse até ali.
–
Eu disse para que se afastasse da Lacassangner! – Fernando dizia depois que
estavam sozinhas. – Implorei para que me atendesse.
–
Diga-me o que mandou fazer com a minha mãe! – Exigiu. – Como pôde? – Indagou em
lágrimas.
–
Ela queria te tirar de mim! – Choramingou. – Deu a volta e foi até onde estava
a filha. – A Marie estava ameaçando te tirar de mim. – Segurou-lhe a face com as
mãos. – Você era tudo o que eu tinha…meu maior tesouro, eu não podia permitir
que ela agisse dessa forma, meu amor.
A
tenente olhava para o pai e via um monstro. O suor escorria da sua testa. As
pupilas estavam dilatadas e os lábios tremiam.
–
Sua mãe nunca me amou…Ela apenas me usou…afinal, ela não era a filha de Arthur,
era apenas uma encostada…uma maldita encostada.
Lágrimas
desciam copiosamente dos olhos da Santorini.
Afastou-se.
–
Fiz isso para que não se afastasse de mim…eu sempre fui um ótimo pai…sempre fiz
tudo para que não sentisse falta da sua mãe…
–
Mentira! – Meneava a cabeça. – Eu passei todos os dias da minha vida ouvindo o
senhor dizendo que a Samantha tinha tirado a vida da minha mãe! – Apontou-lhe o
dedo. – O senhor me torturou com isso durante anos…
–
Porque a pirata era uma ameaça, devia ser mantida longe, quis te proteger, quis
te manter longe dela, pois sabia que ela te destruiria… – Voltou a
aproximar-se. – Ela é igual a mãe, uma feiticeira, um ser macabro…
–
O senhor é um monstro! – Dizia em lágrimas. – Como foi capaz de tanta maldade?
–
Não, não é isso, espere, me escute, eu vou explicar tudo… – Passava a mão nos
cabelos. – A sua mãe quis te roubar de mim, ela já estava com tudo pronto para
o divórcio…eu implorei que não fizesse, que não me abandonasse, mas ela não me
ouvia, estava louca, até tinha comprado passagens para ir para longe, eu não
podia deixar… – Falava as frases rapidamente. – Eu só queria que você ficasse
ao meu lado. – Tentou tocá-la, mas a jovem se afastou.
Mel
sentiu uma forte vertigem, então se sentou no sofá. Baixou a cabeça, parecia
apenas olhar para os próprios pés.
–
Mel, entenda, tudo o que fiz até hoje foi para te proteger do que acontecia.
Você sempre foi o melhor de mim.
–
Mandou matar a minha mãe…foi tão cruel…– Soluçava. – Não sabe como rezei para
que o senhor não tivesse nada a ver com tudo isso…– Encarou-o. – Eu estava lá,
eu vi quando aquele maldito desgraçado atirou…
–
Mas você tinha esquecido a cena…quando sofreu o acidente esqueceu…foi bom para
que não sofresse…e eu disse que não eram para fazer nada na sua frente, ordenei
que não fizessem, mas o maldito Armando e o Tobias sempre faziam tudo ao
contrário das minhas ordens, foi a mesma coisa com a sheika…não era para ela
ser morta…
–
Como pôde? Foi o culpado pelo assassinato da esposa da Samantha…
–
Não era para que a matassem, porém ela acordou, então o Tobias decidiu se
divertir com ela e depois a matou…eu só queria levar a pirata comigo, era
apenas isso que eu queria, roubá-la para mim.
O
duque tentou tocar na filha, mas a tenente o empurrou, levantando-se.
–
O meu avô sabia de tudo isso?
–
O maldito Arthur sempre foi um fraco, não conseguiu nem mesmo controlar a
própria filha e depois quis que eu limpasse toda a sujeira.
–
Ele sabia… -- Vociferou.
–
Sim, sabia…
–
Acho que já acabou a confissão não é?
Antes
que Mel visse o que se passava, Ester atirou contra o Del Santorra.
–
Fique quieta que a sua bala está guardada. – A irmã de Juan disse com um
sorriso.
A
Santorini ajoelhou-se para ver se o pai estava respirando e percebeu que ainda
estava vivo, mesmo com os sinais fracos.
–
Precisamos levá-lo ao hospital.
–
Não, querida, ele só precisa morrer. – Jogou-lhe um par de algemas. – Coloque-a
nos pulsos.
–
Está louca!
–
Faça logo o que estou ordenando ou darei outro tiro no duque… – Engatilhou a
arma. – Não faça nenhum movimento brusco, tenente, ou eu acabo com ele de uma
vez.
–
Vai ser presa…
–
Vou usar o plano do seu paizinho, querida…Não sei se sentiu o aroma, mas essa
linda mansão vai queimar até o alicerce…sim, o duque foi muito inteligente…no
quarto dele há um homem amarrado em uma cadeira…acho que você já deve conhecer
o charmoso Armando…acho que foi ele quem atirou na linda cabecinha da sua
mamãe…Também está morto...não precisa me agradecer pela gentileza...
Os
olhos dourados pareciam demonstrar ainda mais incredulidade.
Samantha
seguiu até o quarto para ver como estava a esposa. Estava bastante preocupado,
ainda mais depois de ter falado com a Miranda. Ainda sentia a adrenalina quando
se recordava das palavras da agente sobre o que Arthur contara sobre o
ocorrido. Se ele realmente estivesse falando a verdade, Fernando fora mais
cruel do imaginara. Ele fora terrível a ponto de destruir a vida da mãe da
própria filha. Como ele não pensara em como essa atitude tinha sido terrível
para a infância da Mel, na verdade, uma dor que ela levara pela vida toda.
Bateu
à porta, mas não recebeu respostas, então decidiu entrar, imaginando que
encontraria a esposa descansando.
Observou os lençóis desarrumados.
-- Mel... – Chamou-a, depois seguiu até o banheiro.
Praguejou baixinho, seguindo pelo corredor, encontrando
Marina.
-- O que houve, senhora?
--A tenente não está no quarto.
-- Será que está na área da piscina?
Samantha fez um gesto negativo, enquanto caminhava até o
hall de entrada.
-- Sei muito bem onde ela está e estou indo até lá agora.
A empregada ainda abriu a boca para protestar, mas percebia
que a outra estava muito preocupada.
-- Ligue para a Miranda e avise que estou indo até a
mansão do duque.
-- Por Deus, tome cuidado e cuide da minha menina! –
Exclamou assustada.
A pirata fez um gesto de assentimento, deixando a cobertura.
Devia ter imaginado que a militar tentaria confrontar o
pai, afinal, quem não o faria depois de saber de toda aquela sujeira? A
Santorini era muito inteligente e com as informações que foram dadas por
Miranda, estava claro que conseguiria juntar aquele quebra-cabeça.
Deixou o elevador e ficou surpresa ao ver Belinda parada
lá embaixo.
-- O que houve? – A loira indagou.
-- Mel foi atrás de Fernando, deve ter decidido que era
hora de ouvir a verdade da boca do maldito. – Entrou no veículo e logo a outra
se acomodou ao seu lado.
–
O Armando está lá, entrou com Fernando logo de manhã e até agora não foi mais
visto.
--
O assassino da mãe da tenente? – Indagou dando ré e depois saindo do
estacionamento. – E o que esse homem está fazendo lá?
--
Eu não sei e fiquei surpresa ao saber dessa informação. – Colocou um cinto. –
Nosso agente fora espancado e está no hospital geral e foi só assim que obtive
essa informação.
--
Como foi espancado? – Questionou preocupada.
--
Levou uma coronhada na nuca e ficou desacordado até ser encontrado por alguns pedestres
que caminhavam. Acho que pensaram que tinham conseguido mata-lo, pois não
acredito que o deixariam vivo.
O
automóvel tomou a avenida principal, mas o trânsito naquele horário não era um
dos melhores. Samantha discou o número do celular da esposa no painel do
veículo, mas ele só fazia chamar, não havia resposta.
Belinda
via a expressão de preocupação da bela pirata e sabia que se acontecesse algo
com a tenente ela enlouqueceria, decerto, não suportaria perde-la. Estava claro
que a amava mais que tudo, era possível ver em seu olhar, o que também não era
diferente quanto a militar.
A
Lacassagner bateu com os punhos fechados contra a direção, enquanto se ouvia o
ensurdecedor sons de buzina.
--
Eu tive uma ideia! – A loira disse. – Vem comigo.
As
duas saíram do carro, deixando-o parado na avenida.
-- Já disse para que coloque as algemas! –
Ester ordenou impaciente.
Mel olhava tudo ao redor. Viu o pai e percebeu que ainda
respirava. Poderia tentar ir contra ela, tentar desarmá-la, não podia simplesmente
permitir que fosse submetida à ex-cunhada.
Ouviu o som do celular e viu o olhar desprezível da
mulher exibir um sorriso.
-- A sua amada esposa está ligando...imagino que ela não
saiba onde você está... – Atirou no aparelho. – Pronto, agora nada vai nos
interromper.
Os olhos dourados de Mel pareciam perplexos.
-- Ela vai vir aqui, ela sabe onde estou, eu não teria
vindo até aqui sem lhe contar. – Apelava, tentando se mover para chegar mais perto.
-- Sabe? – A outra arqueou a sobrancelha em
incredulidade. – Eu conheço bem a sua esposinha, eu sei bem que ela não
permitiria que viesse ao encontro do seu pai sozinha... – Sentou-se na cadeira,
mas não baixou a arma. – Sabia que eu contei ao seu avô que você estava
escondendo a Lacassagner... – Gargalhou. – Lembro quando veio me questionar se
eu a conhecia no dia do meu casamento, desconfiei que você tinha tido contato
com ela, ainda mais quando Sir Arthur falara que a pirata tinha sumido...Então
eu disse que você tinha ido me fazer perguntinhas.
-- Você nunca a amou!
-- E você deveria ter vergonha, era uma menina quando se
encantou pela fora da lei! – Meneou a cabeça de forma negativa. – Com meu irmão
se fingia de recatada, enquanto com a Samantha fazia tudo e até um pouco
mais...afinal, eu conheço bem a filha do Serpente e sei bem que ela tem uns
gostos extravagantes... – Mordiscou a lateral do lábio inferior. – Não que não
seja gostoso, eu adorava quando eu me tocava daquele jeito... – Exibiu um
sorriso.
A porta abriu-se.
-- Vamos embora, logo o fogo vai se espalhar.
A Santorini ficou perplexa ao ver o ex-noivo.
-- Surpresa, Mel? – Ele foi até perto dela. – Se você
tivesse seguido as regras do jogo, no final, todos seríamos felizes...—Olhou o
Fernando agonizando, cuspindo-lhe. --Agora você vai morrer, vai queimar até que
reste apenas cinzas. – Levantou a mão e logo a estapeava tão forte que ela caiu
sobre o pai. – Atirarei de uma vez já que não parece interessada nas algemas. –
Retirou a arma do coldre. – Imagina como vai ser triste para a sheika...Nem
mesmo vai conseguir identificar facilmente seus restos mortais. – Apontou-lhe a
arma e sem titubear, atirou em sua perna.
Mel cerrou os dentes tentando não gritar ao sentir a dor
lancinante. Fitou o ferimento na panturrilha.
-- Veja, você usou a desculpa de estar aleijada para não
casar comigo, agora vai morrer sem conseguir dar um único passo.
A Santorini usou as luvas para tentar estancar o sangue,
enquanto tentava se concentrar para não gritar de tanta dor.
-- Se tivesse morrido quando cortei a sela do seu cavalo
agora estaria muito melhor. – Ester disse insensível. – Ah, você não sabe, pois
é, cortei-a, assim você cairia e por sorte quebraria a cabeça, mas você é muito
dura na queda, mas agora não tem como escapar.
-- Vocês são patéticos! – A Santorini tentava ignorar a
dor. – Tudo isso porque foram desprezados...—Desdenhou. -- Que cena ridícula...os
dois irmãos foram dispensados e não conseguem lidar com isso...Se tivessem
procurado fazer terapia, tudo teria sido melhor.
Juan ficou furioso e já engatilhava a arma para atirar
mais uma vez, porém sua irmã aproximou-se, detendo-o.
-- Não, deixe que ela queime, assim vai sofrer muito
mais.
-- Ah, sim, e você acha que depois que se livrar de mim a
Samantha vai te querer, Ester? – A tenente continuava a provocar, desejando
ganhar tempo. – Sabe muito bem que continuará sendo desprezadas, muito
desprezada, pois a Lacassangner não ficaria contigo nem se fosse a última
mulher do mundo. – Cerrou os dentes fortes diante da dor. – Nunca vai conseguir
tê-la, vai morrer sem jamais voltar a sentir o prazer de estar...Falava
ofegante. – de estar com ela.
-- Mas não ficará contigo! – A vilã Gritou. – Nunca ficarão
juntas.
-- Nem contigo...porque ela não sente nada por ti, nem
que ficasse nua parada diante dela, você conseguiria algo...quanto você, Juan, é um bobo, realmente, poderia ter
encontrado alguém que pudesse te querer de verdade, mas decidiu agir como um
adolescente rejeitado... – Mordiscou a língua pra não gemer de dor. – Nunca te
amei, nunca, era terrível ter que me deitar contigo, nunca senti nem mesmo
prazer...Tinha nojo do seu toque e...
Antes que terminasse a frase foi estapeada mais uma vez.
Sentia o sangue escorrer pelo canto da boca.
-- Vai morrer, desgraçada, vai morrer queimada e nunca
será feliz.
Ela fez um gesto negativo com a cabeça.
-- Você está enganado, meu bem, eu já fui muito feliz e
ainda sou feliz, pois vivi os melhores dias da minha vida ao lado da pirata...
Foi estapeada novamente e novamente e novamente, mas
apenas ria alto, deixando os dois ainda mais furiosos.
-- Vou mata-la de uma vez. – O empresário falou.
Mas antes que pudesse pegar a arma a porta foi aberta em
um estrondo e vários policiais entraram, rendendo os dois rapidamente.
Mel sentiu uma forte tontura, tinha a impressão que
estava o tempo todo gritando para que chamasse uma ambulância para socorrer seu
pai, mas era como se ninguém lhe ouvisse. Olhava tudo ao redor e tinha a
impressão que sua visão estava coberta por uma neve.
Tentou se mexer, mas parecia não controlar os movimentos
do corpo.
Voltou a tentar gritar por ajuda para o duque, mas não
tinha mais e voz. Sentiu mãos delicadas lhe abraçar e antes que desmaiasse viu
os olhos azuis da esposa.
Samantha estava sentada na recepção do hospital militar.
A esposa e o duque tinham sido levados até ali.
Ainda não acreditava nas barbaridades que Juan e Ester
tinham feito. O fogo que fora colocado no andar de cima tinha acionado os
bombeiros, pois a mansão tinha alarme anti-incêndio e os dois na pressa de prosseguir
com o plano não desligaram. Mirando assim que conseguira a confissão de Sir
Arthur falara com o delegado que mandara algumas viaturas para a residência,
chegando no mesmo momento que a Lacassangner e Belinda tinham chegado.
Os agentes conseguiram observar o que se passava no
interior do escritório e depois de longo tempo decidiram invadir, pois sabiam
que o empresário estava disposto a matar realmente a tenente.
A pirata levantou-se, estava agoniada, andava de um lado
para o outro. Mel tinha sido levada para sala de cirurgia, perdera muito sngue e
ainda nada lhe fora dito.
Ela fora muito corajosa. Estavam do lado de fora da
porta, enquanto a ouvia provocar os dois, sabia que ela tinha feito isso para
ganhar tempo e talvez se não tivesse feito, algo pior pudesse ter acontecido.
Passou a mão pelos cabelos em um gesto de nervosismo.
Ouviu passos e ao virar a cabeça viu Miranda aproximar-se
com expressão de pesar.
-- O duque está morto, não resistiu...
Samantha suspirou.
-- Deus do céu, você imagina como a Mel vai ficar? Ela praticamente
viu tanto o assassinato da mãe quanto o do pai.
A Maldonado fez um gesto afirmativo.
-- O corpo de Armando já fora levado... – Retirou do
bolso um pen driver. – Aqui está todas as provas dos crimes cometidos por
Fernando. Uma cópia fora entregue a polícia e essa eu trouxe para ti.
A pirata fez um gesto negativo com a cabeça.
-- Não me interessa mais...Nada disso me interessa mais,
que a justiça seja feita simplesmente...Só desejo que a Mel fique bem depois de
tudo isso...
Miranda fez um gesto afirmativo com a cabeça e depois
abraçou a filha do Serpente. Fê-lo, sabendo como fora forte aquela mulher, como
fora forte durante tanto tempo e agora sentia os ombros bem feitos sendo
sacudidos por espasmos e logo sentia as lágrimas que corriam dos olhos azuis da
sheika.
O cemitério privado que ficava no alto da colina apresentava
um céu nublado naquela manhã.
Poucas pessoas estavam presentes no sepultamento do poderoso
e respeitado duque Del Santorra Sexto.
Não demorou para toda a história ser vazada e muitos
pareciam não terem interesses de estarem presentes no enterro de um homem tão
cruel.
Cristina, Virgínia, Miranda, Ernesto, Marina, Eliah, Ana,
Samantha e Mel, esses eram os que estavam presentes junto com o padre que dizia
palavras de conforto diante do caixão lacrado.
A Santorini estava em uma cadeira de rodas, pois essa
fora a única forma do médico liberá-la para comparecer ao enterro. A face da
tenente ainda apresentava alguns hematomas.
Os olhos dourados estavam fixos no involucro de madeira.
A marinha negara honrarias ao duque, o que não era de se
estranhar, afinal, se não tivesse morrido teria que pagar caro por seus cruéis crimes.
A Santorini não tinha permitido que o pai fosse sepultado
na mesma jazida da mãe, sabia que depois de tudo o que tinha sofrido, sua mãe
não aceitaria a presença daquele corpo.
Limpou as lágrimas com a costa da mão. Sentindo a mão da
esposa sobre seu ombro, fitou-a por alguns segundos.
Ainda não tivera tempo de conversar com a pirata, de
implorar que perdoasse todas as maldades que foram feitas.
Exigira que Miranda lhe mostrasse todos os relatórios
sobre os atos praticados pelo pai e pelo avô, ficando horrorizada diante de
tanta maldade.
Cristina observava tudo com crescente angústia, pois
agora que todas as verdades tinham sido expostas, talvez fosse mais complicado para
que as duas mulheres pudessem seguir juntas nesse momento. Conhecia bem a amiga
e imaginava como naquele momento devia estar ferida.
-- Espero que queime no inferno... – Falou baixinho.
Virgínia a olhou espantada.
-- É o que esse homem merece depois de tudo o que fez com
a própria filha...Nunca imaginei que o duque seria tão cruel.
-- Não deve dizer essas coisas, meu amor...
A fisioterapeuta encarou a agente.
-- Quer que eu diga que ele era bom só por que morreu?
-- Não, mas...
-- Mas nada, morreu sem pagar pelos crimes que cometeu,
então se existe realmente isso de céu e inferno, esse deve queimar por toda a
eternidade. – Sussurrava.
Não demorou para o ritual terminar e o caixão de Fernando
ser baixado para a morada dos seus podres restos.
As pessoas começaram a se afastar, mas Mel não parecia
querer se mover.
Samantha agachou-se diante da cadeira de rodas.
-- Vamos embora... – Disse ao lhe beijar os olhos para
lhe secar as lágrimas. – Deve manter repouso, não está bem ainda. – Segurou-lhe
a mão. – Venha comigo.
A tenente observava os olhos tão lindos a lhe fitarem, a
face bonita da amada, seu traje preto, os cabelos presos e os óculos dourados a
lhe deixar ainda mais séria.
-- Deixe que eu fique um pouco, por favor... – Pediu.
A Lacassagner pensou em negar, mas sabia que não poderia
fazer isso, então fez um gesto afirmativo, depois se afastou em direção ao
veículo.
Mel apenas olhava para o túmulo, parecia perdida em seus
pensamentos.
Suas memórias pareciam agora muito mais vivas, como se
tudo que fora apagado durante tantos anos depois do acidente retornassem.
Via-se uma menininha a correr por todo o jardim da mansão, de cair e o pai
correr ao seu encontro e coloca-la sobre os ombros para distraí-la da sua dor.
Ele em seu traje branco com suas insígnias... Respeitado por todos.
Soluçou baixinho ao se recordar de uma briga que tinha
presenciado dos pais.
Não tinha conseguido dormir naquela noite, então fora até
o quarto dos pais, a porta estava aberta, então viu quando o homem desferiu
vários tapas no rosto de Marie, assustada, correra até a mãe, abraçando-lhe o
quadril e pedindo para o duque parar.
-- Por que foi tão cruel, papai... – Falou baixinho. –
Por quê?
Fitou o céu.
-- Sir Arthur já está sob custódia da marinha... –
Miranda comentou.
As duas estavam encostadas no veículo. Samantha tinha o
olhar voltado para a esposa que permanecia diante da lápide do pai.
-- Ele não queria que ela soubesse... – A agente
continuava. – Concordou em fazer a denúncia com a condição de que a Mel não
soubesse que o pai tinha sido o responsável pela morte da Marie.
-- Mas ela sabe, o duque confessou... – Disse. – Ela sabe
toda a história...
-- Não vai ser fácil nesses primeiros dias, Sam, não é um
momento fácil, principalmente para a tenente...
-- Estarei todo o tempo ao lado dela, vou ajuda-la a
superar isso tudo.
A agente fez um gesto afirmativo.
-- Sim, eu sei que vai... – Cruzou os braços. – Ester e
Juan passam pela audiência de custódia, vão ficar muitos anos atrás das grades.
-- Espero que ambos apodreçam lá depois de tudo o que
fizeram com a Mel. – Disse com os punhos fechados. – Usarei todo o meu dinheiro
para deixa-los morrer numa cela fedida.
Duas semanas tinha se passado depois de toda a tragédia.
Mel tinha retornado para a casa do hospital há apenas
dois dias. Recebera alta, mas teria que manter repouso.
Samantha entrou no quarto e viu a gatinha deitada ao lado
da esposa.
-- Acho que as duas dorminhocas precisam se alimentar. –
Disse com um sorriso ao colocar uma bandeja sobre a cama. – Marina pediu para
que trouxesse e disse que se a senhora não comer, ela mesma vai vir até aqui
para te obrigar. – Sentou-se ao lado da militar.
Mel acomodou-se devagar par não machucar a perna. Fitou a
pirata. Parecia ter acabado de sair do banho, pois os cabelos estavam úmidos e
ainda usava o roupão preto. Na noite passada pedira para que a Lacassangner
ocupasse o outro quarto. Viu na face bonita que ficara incomodada por sua
presença não ter sido aceita, mas a verdade é que a tenente não se sentia a
vontade com a mulher depois de saber de todas as maldades que seu pai tinha cometido,
sentia-se envergonhada, culpada até.
-- Sam... – Disse relutante.
Os olhos azuis encararam os dourados.
-- Fale, meu amor, o que houve?
-- Se eu te pedir algo...
-- O que você quiser, diga e farei... – Sentou-se de
frente para ela.
-- Quero viajar...
-- Basta dizer para onde quer ir e hoje mesmo reservo as
passagens, vou pedir para que arrumem nossas malas. – Disse levantando-se, mas
a outra lhe segurou pela mão.
-- Não, eu quero que fique, sei que está entusiasmada com
a usina...
Samantha parecia confusa, então voltou a sentar.
-- Não deseja que eu fique ao seu lado? – Perguntou
temerosa. – O que se passa? Eu fiz alguma coisa?
Mel lhe segurou a mão, beijando-a.
-- Não, você não fez nada...mas eu preciso de um tempo,
eu preciso ficar sozinha...não me sinto bem...
Era possível ver o brilho de lágrimas nos olhos azuis.
-- Eu amo você, Sam, porém nesse momento eu preciso desse
tempo...Não me sinto bem com tudo o que eu meu pai te fez, com os crimes...Há
uma mágoa tão grande dentro de mim... Uma dor que chega a me sufocar...
-- Deixe-me te ajudar...
Mel fez um gesto negativo com a cabeça.
-- Eu só preciso me afastar por um tempo...por favor...
O maxilar da pirata enrijeceu, enquanto se afastava.
-- Farei como você quer... – Disse por fim.
-- Obrigada...
Alguns meses depois...
-- Então ele já está bem, doutora?
Mel tinha partido no dia seguinte depois de ter dito a
Samantha qual era seu desejo. Não dissera para onde estava indo, mas Marina
seguira ao seu lado, não permitindo que seguisse sozinha.
Fazia pouco mais de três meses que se acomodara na ilha
na qual fora uma vez como militar prestar ajuda. Agora tinha ido por conta própria
como voluntária para ajudar aquelas pessoas.
Assumira um dos consultórios montados por Ralf, já que o
médico precisara tirar uma licença.
-- Sim, está, apenas continue medicando-o e lhe dando
muito líquido, mas não esqueça de ferver bem. – Respondeu com um sorriso.
O garotinho de três anos tinha apresentado os sintomas
virais que sempre acometia aquele povo devido à contaminação da água que ainda
precisavam beber.
-- Fico muito grata mais uma vez.
Mel sorriu, enquanto a mulher deixava o consultório.
Levantou-se, com a ajuda da muleta. Já era noite e aquela tinha sido sua última
paciente, mas não descansaria ainda, logo teria que ir até o hospital para ver os
outros pacientes.
Acomodou-se na poltrona, enquanto retirava a bota
ortopédica que usava, assim poderia massagear os músculos doloridos.
-- Deve ter feito muito esforço e agora deve estar doendo
muito. – Marina falou.
A Santorini levantou a cabeça e viu a babá com um copo de
suco de laranja.
-- Não me esforcei, apenas vez e outra sinto desconforto.
– Protestou.
-- Se estivesse deitadinha não sentiria nada disso. –
Estendeu-lhe o copo. – Beba, pois comeu pouco no almoço, nem mesmo teve tempo
de lanchar...Imagina o que a senhora Samantha vai dizer quando a ver só pele e
osso.
Mel tamborilava os dedos sobre a coxa ao ouvir o nome da
Lacassagner.
A filha do Serpente cumpria tudo o que prometera. Não
houve ligações, não fora lhe procurar...
Todas as noites pensava na esposa, sentia tanta falta que
muitas vezes passava a noite em claro, imaginando se ela estava bem...Temendo
que pudesse esquecê-la.
-- Filha, por que não retorna para casa? – Marina perguntou
vendo seu olhar triste. – É óbvio que não está feliz longe da pirata...
-- Ah, babá, você não entende que ainda não me sinto
bem...—Fez um gesto afirmativo com a cabeça. – não nego que todos os dias penso
em voltar, porém há algo dentro de mim que me impedi de fazer isso, que insisti
que me mantenha longe...Sinto-me tão mal por tudo o que houve, pelos crimes que
meu pai cometeu...
-- Mas não foi você!
-- Mas eu tenho esse sangue nas minhas veias... – Voltou a
colocar a bota. – Preciso ver os pacientes no hospital, venha comigo, depois
retornamos e eu descansarei.
A lancha seguia e logo atracava na praia.
Miranda desceu e foi no bote e logo seus pés pisavam na areia.
Não tinha ido até onde Mel estava, nem mesmo tinha dito a
Samantha o lugar que a jovem tinha decidido ficar, pois a entendia quando ela
pedira um tempo, afinal, tanta coisa ruim tinha acontecido, sabia como devia
estar transtornado o psicológico da tenente. Seis meses já tinham se passado e
o único motivo de ir até ali era que naquela noite ocorreria a inauguração da
usina da pirata e sabia que seria horrível para ela não ter a militar ao seu lado.
Caminhava pelas ruas estreitas e via com felicidade como
o lugar estava sendo reconstruído. Algumas pessoas se aproximaram para cumprimenta-la,
agradeciam ainda por sua ajuda. Viu as crianças brincando.
As casinhas estavam todas de pé mais uma vez. Receberam
pinturas, deixando o lugar muito mais aconchegante, nem parecia que há pouco
mais de um ano só havia escombros por ali.
Caminhou por alguns minutos até chegar diante da casa
pequena. Era lá que funcionava o consultório e também onde a filha do duque
morava.
A porta estava aberta e não demorou a ver Mel sentada, enquanto
escrevia algo em um papel e entregava ao senhor de idade que depois de
agradecer infinitas vezes, foi embora.
Então os olhos dourados lhe fitaram surpresos.
-- Aconteceu algo com a Samantha?
Aquela fora a primeira pergunta que a jovem fizera ao ver
a agente ali. Sentia o coração bater acelerado imaginando se algo de ruim tinha
se passado. Levantou-se tão depressa que nem lembrou da perna machuca, precisando
se apoiar na mesa com as mãos.
-- Acalme-se, querida, não houve nada com a pirata, ela
está muito bem. – Disse, sentando-se. – Acomode-se.
A ex-militar soltou um longo suspiro, depois fez o que
fora dito.
-- E então o que a trouxe aqui e como soube que eu estava
aqui?
-- Calma, não precisa de tantas perguntas... – Sorriu. –
Eu sempre soube para onde você tinha vindo, porém como a sua esposa, respeitei
a sua decisão de se afastar.
-- E então?
-- Bem, vim aqui porque preciso que venha comigo, hoje
será a inauguração da usina da Sam e sei que ela gostaria da sua presença.
-- Ela mandou você me buscar? – Perguntou entusiasmada.
-- Não, confesso que faz tempo que não vejo a
Lacassagner, precisei cuidar de outros casos, então me afastei, claro que
sempre ligo para saber como tudo está indo, mas nosso contato se resumiu apenas
isso nos últimos meses...E também nas vezes que nos falamos, ela não falou em
ti.
Era possível ver a decepção no olhar da mulher.
-- E então por que acha que esse é o desejo da Samantha?
-- Porque eu a conheço bem, então, preciso que se apresse
ou não chegaremos a tempo. – Falou levantando-se.
-- E por que acha que eu irei?
-- Porque você a ama, porque mesmo que ainda lhe doa
bastante tudo o que se passou, você quer ficar ao lado da sua esposa, porque
você se sente tentada a retornar, mas se assusta, pois acha que a pirata não te
aceitaria mais...Bem, vocês se amam, não acredito que ela seja tão mártir a
ponto de não estar ferida com a sua partida, mesmo assim, você deve voltar,
Mel, não deixe que a dor que ainda senti te destrua e destrua tudo o que você
tem completamente.
Naquela noite estava sendo inaugurada a usina da
Lacassagner: Víbora do mar.
Os produtos produzidos estavam sendo servidos para os
presentes. As pessoas do pequeno povoado compareciam a grande festa. Não era
mais vista com olhos irritados pelas pessoas da região, até mesmo não havia
problemas em encontrar trabalhadores. Na verdade, teria que expandir mais os
negócios para que pudesse empregar mais gente.
O pátio fora todo arrumado. Havia mesas, uma banda
tocava, enquanto os garçons serviam.
-- Tudo está maravilhoso! – Cristina falava. – Mas eu
acho que sua presença é importante, senhora Lacassagner.
Samantha estava observando tudo pela janela do quarto.
Estivera lá, mas depois seguiu para o interior do
escritório. Sentia-se vazia, mesmo com todo o sucesso que tinha conseguido
obter em seu projeto empresarial.
Fazia seis meses que Mel tinha seguido e desde esse dia,
dedicava-se dia e noite ao seu empreendimento, tentava a todo custo não pensar
na esposa, não pensar em como estava sofrendo sem sua presença.
-- Descerei daqui a pouco, prometo. – Disse sobre o
ombro.
A jovem fez um gesto afirmativo com a cabeça, esboçando
um sorriso.
A sheika serviu-se de uma bebida, depois se sentou na
cadeira, enquanto bebericava o líquido.
Olhava para o líquido, quando ouviu passos e imaginou que
seria novamente Cristina.
-- Já disse que descerei depois. – Disse sem levantar a cabeça.
-- E vai demorar muito para descer?
Samantha levantou a cabeça surpresa, imaginando se não
estava imaginando coisas, mas a realidade era que a Santorini estava parada na
porta e exibia um sorriso tímido.
Meu coração tá apertado :/
ResponderExcluirEstou amando essa história!😍😍Amo todas da geh!Estava ansiosa por esse capítulo e já penso no próximo!
ResponderExcluirEspero que tenha muitos caps ainda!Estava com tantas saudades das histórias da geh,Quando vi essa fiquei tão feliz!
ResponderExcluirLi tudo de novo,enquanto tem mais capítulos!Estou amando essa história e espero que tenha muitos caps ainda!Quero ver elas felizes!
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