A víbora do mar - Capítulo 38 - Invasão ao navio.
Era
quase madrugada quando a Lacassangner retornou à acobertura e para sua
surpresa, Miranda a acompanhara. Samantha seguia em silêncio no interior do
veículo. Tiveram a sorte de conseguir deixar a festa pela porta traseira, assim
conseguiram evitar os jornalistas. No decorrer da comemoração não tivera mais
contato com a filha de Fernando, porém vez e outra a flagrava a lhe olhar
A chefe do departamento sentou-se pesadamente
na poltrona. A loira foi preparar algumas bebidas.
–
O que houve entre a Santorini e a Ester? – Indagou curiosa.
Nada
lhe fora contado, porém percebera quando Belinda retornou praticamente
arrastando a irmã de Juan e depois de alguns minutos a herdeira do duque
apareceu um pouco desconcertada.
–
A doce Mel praticamente deu uma surra na outra. – Disse a loira com um sorriso
servindo os drinques. – Confesso que fiquei tentada em permitir que a briga
continuasse, não gosto da tal Ester, e para que a tenentezinha perdesse a
compostura, algo a sonsa da secretaria da Samantha deve ter feito.
A
Lacassangner ouvia tudo em total silêncio. Bebeu um pouco, enquanto sentia o
sabor forte.
Também
ficara pasma com o ocorrido, ainda mais pelo fato de estarem em uma festa como
aquela. Teria sido um escândalo se alguém tivesse flagrado o que tinha se
passado naquele banheiro.
Passou
a mão pelos cabelos.
Ainda
via os olhos dourados temerosos quando lhe beijara. Sabia que a militar a
queria, mas havia algo que a fazia temer, percebera sua relutância, mesmo tendo
certeza de que se queriam.
Cruzou
as longas pernas.
Bebericou
um pouco do líquido, depois fitou a chefe do departamento.
–
Diga-me, Miranda, veio aqui apenas para colher fofocas? – Indagou calmamente. –
Não sabia que isso também fazia parte do seu trabalho.
A
outra exibiu um sorriso. Já conhecia o humor frio da herdeira do grande
Serpente do mar.
–
Não, minha cara, como pensa algo assim de mim? – Levou a mão ao peito
dramatizando uma enorme tristeza. – Vim aqui para lhe dizer que recebi os
exames periciais que mandei fazer na sela da Mel, recorda-se do acidente? –
Levantou-se. – Te disse que estava averiguando. – Caminhou até o escritório.
Samantha
já se preparava para ir até a outra quando a viu retornar com uma pasta
vermelha nas mãos.
–
Veja você mesma! – Entregou-lhe.
A
Lacassangner a olhou desconfiada, mas fez o que fora dito. Examinava tudo,
lendo cada detalhe do relatório que tinha sido redigido em termos técnicos, mas
que não dava margens a outras interpretações.
–
As digitais do Matias e da Ester estavam presente na sela?! – Fitou as duas
mulheres. – Então?
– Ainda não posso te dizer claramente qual dos dois cortou ou se estavam
trabalhando juntos…
–
Eu acredito nessa segunda possibilidade. – Opinou Belinda. – Sabemos bem que o
capataz parecia sempre muito gentil com a irmã de Juan, ele agia sempre a mando
dele e de Fernando, quanto a militar, sabemos bem que nem todo mundo aguenta
aquele narizinho empinado.
–
Eu prefiro não pensar que o duque tenha atentado contra o próprio sangue. –
Dizia a Maldonado. – Precisamos manter a calma nesse momento. Já ordenei que
dois agentes ficassem de olho nos nossos suspeitos, vamos ver onde isso vai nos
levar.
–
Se a Ester tiver tomado parte nisso…
– Não se precipite, Sam, deixe que ela continue fazendo o jogo que já
está acostumada, assim será bem mais fácil flagrá-la. – Bocejou. – Agora
preciso voltar ao meu apartamento. – Fitou Belinda. – Preciso que me acompanhe,
espero que não tenha problemas de eu levar a sua loira comigo, Lacassangner. –
Provocou-a.
A
morena apenas deu de ombros, voltando a sentar-se na poltrona.
–
Deixarei alguns seguranças a sua disposição, não é proibida de sair, apenas
saia acompanhada.
Samantha
assentiu e não demorou para ficar sozinha na cobertura.
Ponderava
sobre tudo o que fora dito. Seria realmente Ester uma ameaça tão grande à
Santorini?
Pegou
o celular, pensava em falar com a Mel, porém decidiu não o fazer, sabia que ela
não atenderia.
Decidida,
levantou-se, resolveria isso pessoalmente.
Cristina
relia pela terceira vez os dados presentes no exame que fora feito. Ela nunca
acreditara na história do duque, mas jamais tinha pensado que Fernando seria
tão cruel com a filha ao inventar uma história tão suja que manchava a imagem
da Marie.
Mel
estava na janela dos aposentos. Segurava o batente firmemente, enquanto tinha o
olhar perdido no enorme jardim.
Aliviou a pressão que fazia no concreto, pois os dedos
começavam a doer.
Engoliu
em seco e teve a impressão que havia algo lhe tapando a garganta.
Mais
uma vez comprovava que o próprio pai não tinha nenhum caráter, mais uma vez era
vítima das mentiras do respeitado Del Santorra. Seria tão obcecado pela pirata
a ponto de não pensar mais em nada que não fosse nesse desejo?
Sentiu
a mão em seu ombro, mas não se virou.
–
Você não tem culpa, sua bondade não vê a maldade que existe no mundo… – A
fisioterapeuta comentava. – Eu acho que se estivesse em seu lugar teria feito o
mesmo, afinal, por qual razão duvidaria do homem tinha me dado o sangue… –
Suspirou.
–
Ele conseguiu mais uma vez me fazer de tola, mais uma vez me fez de boba e
novamente acreditei e acreditei… – Virou-se para a amiga. – Quais mentiras mais
ele inventou ou ainda vai inventar? – Cerrou os dentes. – Imagina se a
Lacassangner soubesse de tudo isso? Já pensou em como a raiva que sente por
minha família aumentaria? – Cobriu a face com as mãos. – Não basta a que já
anda sentindo por mim...
–
Eu não sei, porém quando você mostrar a ele esse exame, com certeza vai ficar
pasmo, talvez nunca imaginasse que você duvidasse a ponto de fazê-lo... Já a
Samantha, converse com ela, sei que podem se entender...
Mel
sentou-se pesadamente na poltrona.
–
Não contarei nada a ele… deixarei que continue com esse jogo que inventou,
assim verei até onde ele vai com todo o cinismo. – Limpou os olhos com as
costas da mão. – Vou continuar agindo como se realmente fosse filha de Sir
Arthur, ele vai ficar feliz porque sabe que isso vai me manter afastada da
Víbora...Temo o que de pior pode vir...
–
Precisa conversar com a Lacassangner...
Antes
que pudesse responder, ouviu batidas na porta.
Marina
entrou e parecia que tinha sido despertada do sono. Usava camisola de algodão e
uma toca combinando com as flores do tecido. Os olhos estavam inchados.
–
O que houve? – A tenente questionou preocupada, levantando-se. – Pensei que
estivesse em seus aposentos.
–
A pirata está aqui, Eliah me ligou dizendo que ela estava em frente ao portão e
o porteiro não permitiu que entrasse.
Mel
olhava de uma para outra em perplexidade. Fitou o delicado relógio que trazia
no pulso.
–
O que ela quer aqui uma hora dessas? – Seguiu até a janela e viu o carro parado
do lado de fora do portão. – Não irei atendê-la, diga que vá embora!
A última pessoa que desejava ver naquele momento era a
“senhora do mar”.
A
babá olhou para Cristina.
–
Talvez seja algo importante, amiga, acho melhor que a atenda.
–
Não irei falar com essa mulher, diga que vá embora agora mesmo. Se for algo
importante que me envie uma mensagem e diga, assim eu verei se realmente
precisarei vê-la.
Marina
ainda abriu a boca para falar algo, mas diante do olhar irado da militar,
acabou assentindo, afastando-se.
–
Por que não quer falar com ela? – A fisioterapeuta questionou quando ficaram
sozinhas. – Se ela veio até aqui deve ter algo importante para te dizer e poderia
até mesmo esclarecer a questão do divórcio... É uma ótima chance para isso! –
Dizia em entusiasmo.
–
Não irei resolver nada sobre isso, vou continuar com o processo... Não pretendo
provocar mais uma vez o duque, imagina se faz algo pior? Poderia até ferir a
Samantha...
Essa ideia a amedrontava em demasia. Agora percebia o
quanto Fernando estava fora de si e poderia ser capaz de qualquer coisa para
separá-las.
–
Mel, vai abrir mão do seu casamento?
–
Que casamento? – Indagou com as mãos na cintura. – Sabe muito bem que a forcei
a me aceitar e que a respeitada Sheika não se importou nem mesmo quando disse
que me separaria… – Passou a mão pelos cabelos. – Ester me disse que a viu aos
beijos com a Belinda na piscina… Não irei aceitar isso na minha vida, não vou
servir de diversão para uma pirata... – Massageava as têmporas. – Por Deus,
Cris, perceba que não tem como essa relação acontecer...
–
Você a deixou sem nenhuma explicação, acho que se ela se deitasse com a loira
ou com outras, seria algo que estava em seu direito.
–
Direito?! – Parecia cuspir a palavra. – Sinceramente, não vou falar mais nada,
quero apenas deitar nessa cama e pensar no que fazer depois de tudo isso que
descobri. Devo ponderar bem sobre meus próximos passos...
A
porta voltou a abrir e Marina parecia nervosa e apreensiva.
Mel
voltou a olhar da janela e para sua surpresa viu Samantha parada do lado de
fora. Estava com o vestido da festa e tinha o olhar arrogante.
Agradeceu aos céus por ser tarde a ponto de não ter
nenhum carro passando por ali.
–
Ela não foi embora? – Indagou à babá sem se voltar.
–
Disse que se você não a atender vai chamar os jornalistas e fazer um escândalo
aqui.
–
Ela está louca!
Cristina
exibiu um risonho, mas cobriu a boca ao ver o olhar irado da amiga.
–
Se eu fosse você não pagava para ver, ainda mais quando está em um processo de
divórcio. – A fisioterapeuta aconselhou. – Pense bem, não seria bom um
escândalo a mais na sua família.
-- Filha, veja o que ela quer, pode ser algo muito
importante, afinal, por que viria até aqui em um horário desses?
Mel voltou a observar a esposa pela fresta da janela.
Quando deixara a festa, ela ainda estava lá, parecia
sempre muito sorridente ao lado da Belinda. Odiava vê-las juntas, sentia uma
revolta em seu interior, mesmo quando pensava ser tia da pirata.
De repente os olhos azuis a viram, viu o desafio em sua
face, sabia que ela cumpriria o que tinha dito.
Soltou um longo suspiro.
–
Vou até ao escritório, leve-a até lá. – A militar disse por fim.
Samantha
seguia ao lado da babá. Não voltaria para a cobertura sem falar com a tenente,
precisando apelar para ameaças.
Observou o hall, nada parecia ter mudado. Ainda tinha em
suas lembranças quando fora arrastada do quarto da pequena Santorini. Observou
a escadaria, os carpetes que afundava a cada passo.
Sua mãe morara ali, vivera naquelas paredes frias...
-- A Mel a espera! – Marina apontou a porta.
A Lacassangner fez um gesto afirmativo, depois entrou
no escritório e encontrou a esposa sentada na cadeira de encosto alto e de
couro. Observou as grandes estantes cheia de livros. Na parede havia uma espada
e inúmeras insígnias. Fitou sobre a escrivaninha vários porta-retratos com
fotos da tenente em diferentes épocas da vida.
–
Sinceramente, pirata, seu pai sequestrou os melhores professores para que você
continue a agir como uma selvagem sem educação.
A voz da esposa lhe chamou a atenção.
A
morena exibiu um sorriso, depois se sentou de frente para ela. Pegou uma das
imagens, essa era quando a viu pela primeira vez.
–
Não fui eu quem estava rolando no toalete da grande mansão agarrada nos cabelos
da Ester... Uma militar da sua patente agindo como uma simples mulher do povo.
– Colocou a fotografia no lugar.
Mel
fitou os olhos azuis, os lábios cheios e olhar cínico.
–
Sabe que não é hora para visitas, eu estava quase indo para a cama. – Massageou
as têmporas. – Estou com muita dor de cabeça, então seja breve e vá embora
logo.
–
Pensarei em algo para te ajudar a aliviar o incômodo, mas por enquanto preciso
que me responda algumas coisas.
Mel
girava de um lado para o outro na cadeira.
–
Fale logo então.
A Lacassangner via como era bela a filha de Fernado.
Mesmo exibindo aquela carranca, não havia como não ser seduzida por aquela
expressão séria.
Aprumou-se na cadeira, cruzando as pernas. A ação não
passou despercebida à militar que olhava com desejo.
–
Conte-me o que se passou naquele dia na fazenda, exatamente o que houve antes
de ir até a minha casa me procurar.
Os
olhos dourados pareciam surpresos.
–
Não estou entendendo…
–
Apenas narre para mim as horas antes de ter saído a cavalo.
Impaciente
a jovem contou tudo em poucos minutos.
–
O Matias não selou o seu cavalo?
Ela
fez um gesto negativo com a cabeça.
–
Disse que não o faria, pois tinha outros afazeres…acho que tinha que ir até a
cidade buscar as provisões.
–
E ele foi? – Indagou ainda mais interessada.
–
Acho que sim, pelo menos devia ter ido.
– E a Ester? Teve discussão com ela?
Mel
levantou-se aborrecida.
–
Veio até aqui para fazer essas perguntas com qual propósito? – Caminhou devagar
até a porta, abrindo-a. – Prometo que farei um relatório depois e te envio no
e-mail, agora, por favor, vá embora e me deixe dormir... Esse foi um péssimo
dia!
A
Lacassangner foi até ela, mas não saiu como era esperado. Parou bem de frente
para a militar. Cobriu-lhe a mão com a sua, depois fechou a porta.
A Santorini apressou-se em livrar-se do toque.
–
A Miranda descobriu que sua sela foi cortada e nela havia impressões digitais
da sua ex-cunhada e do seu capataz.
Uma
palidez passou pela face bonita da militar.
Não voltara a pensar no acidente que sofrera, acreditando
que tudo fora uma fatalidade, não imaginando que alguém tinha agido de forma
intencional. Tentaram mata-la?
–
Então eles cortaram? – Questionou apreensiva.
–
Não sei, por isso estou aqui, preciso que me conte tudo o que houve.
–
Não houve nada a mais do que já falei, quanto a Ester, a expulsei de casa, não
a queria lá, mas você a acolheu em sua fazenda… parece que não aprendeu com a
traição que ela fez, deve ter algo muito bom nela para que não consiga se
libertar.
Mel
já se afastava, mas foi detida pelo braço.
–
Não tenho nada com a Ester, nunca tive, não depois de tudo o que se passou...
Se a acolhi em minha casa naquela noite foi por que ela não tinha para onde ir.
–
E você acha que eu me importo? – Indagou com um arquear de sobrancelha. – Não
me importo com quem se deita ou deixa de se deitar. – Apontou-lhe o dedo em
riste. – Também não vou te pedir par esperar o divórcio ser concretizado para
que saia ciscando pelas camas dessas vagabundas, mesmo quando morávamos juntas,
você já vivia assim.
–
Deitar? – Sorriu. – Você usa as palavras lindamente… eufemismos…
A
filha de Fernando tentou se livrar do braço que a prendia, mas foi inútil, pois
Samantha aproveitou para pressioná-la contra a madeira.
–
Não vim brigar contigo, tampouco pensei que agiria de forma tão furiosa, quero
apenas descobrir a verdade para que não corra mais risco... Desejo que esse
narizinho empinado continue intacto...
–
Agradeço a preocupação, mas não preciso da sua proteção, use-a com quem
desejar, não comigo.
–
Para quem saiu da minha casa às escondidas e entrou com o pedido de divórcio,
há muito ciúmes nesses seus lindos olhos.
A Santorini fitava o sorriso brincar na boca carnuda. Os
dentes alvos, o hálito mesclado com alguma bebida...tentou empurra-la, mas logo
suas duas mãos estavam presas sobre sua cabeça e uma das pernas da Sheika entre
as suas.
–
Não quero brigar contigo…ainda mais porque está com dor de cabeça… vou te
deixar descansar, não quero ser acusada de mais nada… – Falou bem perto da boca
rosada. – A última coisa que desejo é que fique doente...
Viu
os arranhões que estavam expostos nos ombros da esposa. Depositou um beijo em
sua pele.
Os olhos dourados estreitaram-se em prazer ao senti-la.
–
Não deve brigar novamente, você é uma dama.
–
E você é? – Provocou-a. – Sabemos que a Víbora do mar não tem nada de cordata.
Samantha
umedeceu os lábios.
Aspirou
o perfume que se desprendia do corpo e sentiu-se embriagada.
–
Queria que eu fosse uma dama? – Pousou os lábios no pescoço esguio. – Foi por
isso que decidiu acabar nosso casamento… ficou assustada quando disse que iria
ter que agir como minha mulher? – Sussurrou em seu ouvido. – É tão
aterrorizante a ideia de ser tocada por mim? Sabe bem que se tivesse
ficado na cobertura iria ter que aceitar minhas carícias, meu desejo e teria
que aceitar minhas investidas...
Mel
sentia os seios doloridos. Eles pareciam implorar por um toque. Seu corpo
reagia tão rápido a proximidade daquela mulher. Ouvi-la falar assim era o mesmo
como a carícia mais íntima que já
recebera.
Baixou
a cabeça e viu o colo bem feito protegido pelo tecido branco do vestido. Estava
tão linda com aquela roupa que passara toda noite admirando-a, querendo-a...
–
Acha que tudo se resume a sexo? – Indagou baixinho.
–
Não disse isso… – Falou bem perto da boca rosada. – Só acho que não devia ter
tido medo de mim, jamais a machucaria…só haveria prazer…
–
Que prazer? – Provocou-a. – Não sei do que fala.
Samantha
exibiu um sorriso, baixou uma das mãos, acariciando sua cintura, depois seguiu
por baixo da peça até acariciar as coxas.
As
bocas se encontraram em um beijo impaciente. Mel circundou o pescoço da
Lacassangner, enquanto permitia que a língua fosse capturada. Pressionou-se a
ela, esfregando-se a coxa que estava entre as suas.
Gemeu
alto ao senti-la brincar e em seguida mordiscar para só depois chupar, fazia de
forma quase reverente, mexendo com calma, como se quisesse degustar os lábios
da esposa.
A
militar apertou-a mais contra si e logo usava as mãos para baixar as alças do
vestido branco e logo deliciava-se com os seios redondos. Usava o polegar para
incita-los, acariciando-os e sorrindo ao ouvi-la ronronar igual a gatinha.
Mel
sabia que devia parar com aquelas carícias, mas a pele sedosa e bronzeada da
filha do Serpente era deliciosa de tocar.
Abandonou
os lábios carnudos, espalhando beijos por sua face, mordiscando seu pescoço.
Deus,
estava louca!
Sentia
como se labaredas queimasse em seu interior, castigando-a.
Levantou
o vestido da pirata, sentindo a cinta liga… e não havia calcinha…
Cerrou os dentes para não esboçar uma reação. Ao fitá-la,
viu os olhos azuis encarando em desafio.
–
Não gosto de calcinhas com esse tipo de vestido…
O
maxilar da tenente enrijeceu.
–
Imagino que seja para facilitar a sua vida… – Insinuou.
–
Bem, levando em conta que estou quase divorciada…
Mel
lhe segurou a nuca, mas a morena desviou dos beijos, afastando-a, arrumou a
roupa.
–
Não vamos transar! Não vou te dar enquanto o divórcio está quase pronto…Depois
poderá matar sua vontade...
Foi
possível ver a decepção e a irritação na face da tenente. Ela cruzou os braços.
–
Você não tem vergonha na cara! – Exclamou exasperada. – Nem mesmo se importou
quando pedi o divórcio e acha que vou sair deixando que me toque?
–
E por que você pediu? – Questionou calmamente. – Primeiro me disse alguns dias
atrás que iria ficar ao meu lado, que não abriria mão do casamento e de repente
muda de uma hora para outra, o que houve? Conte-me, minha garbosa militar! –
Pediu.
Mel
comprimiu os lábios.
Não
podia contar que fora vítima de uma cruel mentira do pai, sabia que se falasse
haveria ainda mais problemas, mais ódio, algo que ela não queria.
–
Eu não quero falar sobre isso, já está feito, era o que você queria, então você
vai ter.
O
olhar da Lacassangner parecia despido da sua arrogância naquele momento.
–
Sim, eu queria, mas não por não te desejar perto de mim, apenas porque sempre
me preocupei com o que poderia acontecer contigo. – Segurou-a pelo cotovelo. –
Sinto-me culpada dia e noite pelo cruel assassinato da minha esposa, era uma
pessoa maravilhosa, não merecia ser vítima da desgraça que me acompanha desde o
nascimento.
A
Santorini via os olhos azuis brilharem
–
Me dói porque eu não a amei como ela merecia, ela merecia muito mais do que
pude dar…Sabe por que não me importei quando me acusaram da morte? Porque no
fundo eu me sentia culpada, eu precisava ser punida, ser jogada em uma cela,
que me deixassem apodrecer lá dentro.
Mel
tentou acariciar o rosto bonito ao ver uma lágrima descer por sua face, mas foi
repelida.
–
Sinto-me culpada porque não consegui ama-la… não da mesma forma que te amo…
sim, tenente, infelizmente nessa maldita história me apaixonei por ti, mas como
te falei no nosso último encontro, só terá lugar em minha vida como amante e
vou te usar até não sentir mais nada… espero que não leve para o lado pessoal…
A
militar ainda abriu a boca para falar, mas a outra já tinha deixado o
escritório.
Viu
Marina e Cristina paradas boquiabertas diante de si. Quase tinham sido atropeladas
pela pirata.
–
Estavam ouvindo? – Questionou aborrecida.
A empregada e a fisioterapeuta coraram, trocavam olhares,
enquanto torciam os dedos.
–
Ficamos preocupadas… – A amiga começava. – Pensamos que poderia ocorrer a mesma
cena da festa, então chegamos aqui… chegamos agora… – Levantou as mãos. – Juro
que só ouvimos a declaração…Não que tenha tido algo antes que fosse
importante... – Apressou-se em dizer.
Mel
passou a mão pelos cabelos e depois seguiu até o sofá, sentando-se.
A
babá deixou o escritório, mas a fisioterapeuta permaneceu lá.
–
Deveria ter contado a ela…
A
militar fez um gesto negativo com a cabeça.
–
Sabe muito bem que isso seria terrível… e também não acho que mudaria algo…
–
Amiga! – Ajoelhou-se diante dela, segurando-lhe as mãos. – Ela disse que te
ama, confessou o que eu já via há muito tempo… vocês se amam.
A
filha do duque cobriu o rosto com as mãos.
–
Me ama…mas percebo que se ela pudesse escolher não me amaria…Foi tão doloroso
quando ela falou...
–
Ela está magoada… eu também ficaria, afinal, depois de tudo a deixou sem
explicação e deu entrada no divórcio. – Acariciou-lhe a face. – Cancele isso,
mostre a ela que a ama também e que deseja ficar ao seu lado.
–
Ela não quer! – Disse por entre os dentes. – Não ouviu quando disse que me
teria como amante e que iria me usar até enjoar…
–
Ela está chateada, mas vai passar, eu acredito… Lute por ela, lute pela mulher
que você ama… – Beijou-lhe a face. – Vou para o quarto, se precisar de algo me
chame.
Ela
fez um gesto afirmativo com a cabeça.
Viu
a amiga se afastar e permaneceu lá apenas ouvindo a frase que fora dita pela
pirata.
Por
que tinham se conhecido?
Pensava
que parecia que tudo estava planejado para que ambas se encontrassem e se
perdessem naquela mistura insensata de sentimentos.
Se
contasse a ela o motivo de ter se afastado poderia causar mais problemas. A
Lacassangner era bastante impetuosa e seria bem capaz de ir tirar satisfação
com o duque e algo pior poderia acontecer.
Deitou-se
no sofá. Abraçou os joelhos. Não tinha forças para seguir até os aposentos.
Deixou
que as lágrimas rolassem e rolassem, esperando que aquilo pudesse aliviar suas
dores.
Já
era manhã cedo quando o carro do duque estacionou no hospital da marinha.
Caminhava
pelo frondoso jardim quando viu a Santorini.
Seguiu
até ela e foi logo beijando-lhe a face.
Mel
usava óculos escuros. Disfarçava as olheiras da noite mal dormida. Enrijeceu ao
sentir o carinho do Del Santorra.
–
Vim ver o seu avô, o médico me ligou e disse que ele tinha reagido, então quis
acompanhar de perto a recuperação.
A
jovem fitava o pai por baixo das lentes e buscava naquelas palavras algo que
pudesse acreditar. Com certeza temia a recuperação do ex-sogro, afinal, o
almirante poderia desmentir toda a maldita história que ele inventara.
Como
ele fora capaz de tanta mentira?
Passara
o resto da noite a pensar em como agir, em confrontá-lo e jogar em sua cara
todas as malditas invenções. Mas não faria, deixaria que pensasse que vencera,
seguiria o ritmo que ele colocara, que comandasse a dança, ansiando para que
com isso ele deixasse todos em paz.
Suspirou
pesadamente.
–
Você está bem? – O homem lhe tocou a face. – Aconteceu algo?
Ela
apenas fez um gesto negativo com a cabeça.
–
Acho melhor irmos falar com o médico.
Ele
assentiu e ambos seguiram pelo enorme jardim até o centro de saúde.
Miranda
andava de um lado para o outro na sala do apartamento.
Belinda
estava acomodada em um poltrona, tinha uma xícara de café em uma das mãos e vez
e outra bebericava o líquido fumegante.
–
Por que tanto desgaste para descobrir o motivo da mimada Santorini ter decidido
se separar da Sam? – A loira indagou. – Estava claro que ela não levaria esse
plano por muito tempo.
–
Claro que levaria! – A Maldonado exclamou praticamente em um berro. – Eu sei
que ela ama a pirata, sei que estava disposta a tudo para protegê-la, entenda,
ela lidou com a rejeição da esposa, com as humilhações de vê-la estampar as
capas dos principais jornais com outras… e não desistiu… – Sentou-se. – Mas
simplesmente ela saiu da cobertura, foi até a casa do duque e quando voltou já
tinha mudado da água para o vinho. – Juntou o dedo grande com o polegar e fez
um estalo. – Como um passe de mágica. – Cruzou os braços. – O que ele fez?
–
Não entendo por que isso é tão importante nesse momento? Há coisas maiores para
se preocupar, não acho que os chiliques da militar seja algo para nos
importarmos.
Miranda
lhe enviou um olhar de advertência.
–
Não deixe que a sua libido fale mais alto, sabe muito bem que nunca me importei
com seus casos, mas não deve esquecer o que é o nosso foco.
–
E eu não estou esquecendo, já disse uma vez e repito, quero apenas transar com
a pirata, não tenho interesses românticos e não me importo se ela está ou não
está apaixonada pela garotinha.
–
Mas a Mel se importa e muito com suas investidas na Víbora ou acha que ela ter
batido na Ester foi algo apenas esportivo? Eu tenho certeza de que tem a ver
com o fato de a irmã do Juan andar se oferecendo para a Samantha.
–
Confesso que achei muito engraçado, jamais imaginei aquela cena, eu acho a
tenente muito cheia de frescuras para estar em um banheiro sobre a outra lhe
arrancando os cabelos.
–
A Ester deve ter passado o limite dos limites… fique de olho nela. – Levantou-se.
– Irei fazer uma visita a Santorini, quero ter uma conversa com ela.
–
Bem, vamos ver o que vai conseguir dessa vez.
A
Maldonado assentiu, enquanto permanecia com seu olhar pensativo.
Sir
Arthur tinha aberto os olhos duas vezes, enquanto tivera no quarto a presença
da neta. Aos poucos a medicação estava sendo retirada e dessa vez ele mostrava
uma certa melhora. Ele não falara nada, apenas olhava tudo ao redor e em
seguida voltava a dormir. Os médicos estavam muito animados e tinham quase
certeza de que em breve o almirante se recuperaria.
A
Santorini ficara tão feliz que por alguns segundos esquecera o que se passara
em relação ao pai, mas ao flagrá-lo com expressão preocupada ficou a imaginar
que ele devia temer que o militar se recuperasse e falasse a verdade daquela
sórdida história que inventara.
–
Mel, fiquei tão feliz ao saber do estado do seu avô.
A
jovem estava arrumando a bolsa, ficara por algum tempo na recepção do hospital,
pois falara com o diretor do centro, talvez ela voltasse a trabalhar ali, só
teria que receber a autorização do comandante.
Ela
levantou a cabeça e viu o ex-noivo parado a lhe olhar com simpatia.
Terminando
o que fazia, seguiu até ele. Cumprimentando-o com um aperto de mão, mas o
empresário delicadamente lhe beijou a face.
–
Quem te falou?
–
Liguei para o seu pai e ele me contou, disse que você estava aqui, então decidi
vir te encontrar. – Sorriu. – Já está indo embora?
Ela
fez um gesto afirmativo com a cabeça.
–
Vou passar no comando da Marinha, preciso ver a questão da minha suspensão que
já está encerrando, depois irei falar com os advogados.
–
Sobre o seu divórcio? – Indagou entusiasmado. – Estive com a Ester, ela me
contou sobre o ocorrido ontem na festa, eu sinto muito, já reclamei e adverti-a
que não aceitarei mais as provocações que faz contra ti.
Mel
cruzou os braços sobre os seios.
–
Não tenho interesse em falar sobre isso. Confesso que passei dos limites... Mas
há tanta coisa na minha cabeça que não raciocinei direito.
–
Desde que começou a se envolver com essa pirata muita coisa mudou em ti… –
Falou com desgosto.
–
Também não tenho interesse em falar da Lacassangner! – Cortou-o. – Deixe-a no
canto dela, não creio que ela perca o precioso tempo pensando na gente.
Juan
apenas assentiu, depois colocou as mãos no bolso da calça.
–
Não quis te chatear, me desculpe.
–
Não estou chateada, apenas estou cansada de todo mundo ficar o tempo todo
falando na Víbora…
–
Não falarei. – Segurou-lhe as mãos, beijando-as. – Posso te acompanhar até a Marinha?
Mel
ficou um pouco sem jeito por ter sido um pouco brusca, então aceitou a
companhia do ex-pretendente.
Passava
das seis da tarde quando a Maldonado chegou à mansão de Sir Arthur.
Marina
a recebeu simpaticamente.
–
Desejo muito falar com a Olívia. – Disse a chefe do departamento com um
sorriso. – Não liguei antes para avisar porque andei muito ocupada durante todo
o dia, então ficaria muito feliz se ela pudesse me receber.
A
Santorini saia do escritório quando viu a mulher parada no topo da
escada.
Retornara
para casa, almoçara e dormirá um pouco, tentando compensar o sono perdido.
Miranda
a viu.
Sabia
que ela estava em casa, pois um dos seus seguranças estava vigiando de perto a
jovem.
Observou
a camiseta que usava, o short jeans e as sandálias de dedo. Os cabelos estavam
presos em um rabo de cavalo.
–
Espero não estar te incomodando, tenente, mas realmente preciso muito falar
contigo.
Mel
não desejava falar com a Maldonado, mas acabou fazendo um gesto afirmativo com
a cabeça.
Seguiu
devagar até a sala de estar e sentia os passos da outra a lhe acompanhar.
Sentou-se
na poltrona e fez um gesto para que a chefe do departamento fizesse o mesmo.
–
Aceitei que falasse comigo, porém logo te advirto que se está aqui pra falar
sobre a pirata, é melhor que vá embora. – Disse cruzando as pernas. – Não me
interessa falar sobre a sua protegida.
–
Então vai continuar agindo assim? Acha mesmo que esse comportamento vai ser
benéfico para vocês duas?
–
Comportamento benéfico? – Repetiu as palavras como se estivesse engasgada. –
Não há nada de benéfico com a Samantha.
–
E há contigo? – Levantou-se. – Você sabe como agiu de forma a machucar a
Lacassangner? De repente decidiu terminar com tudo quando antes deixara claro
que iria até o fim.
–
Não acredito que ela tenha ficado ferida com isso, afinal, parece bastante
confortável em trocar beijos com a sua agente na piscina.
Miranda
estreitou os olhos.
–
Ora, acredito que essa informação tenha saído da boca da Ester e também
acredito que foi isso que causou a briga entre vocês duas.
Mel
sentiu a face corar.
–
Querida Olívia, pense bem no que está fazendo, como está agindo, isso pode
significar o fim do seu relacionamento com a pirata.
–
Relacionamento? – Levantou-se. – Ela quem sempre quis o divórcio, ela nem
chegou a cogitar não aceitar o pedido, parece até muito feliz em se livrar de
mim.
–
E você queria que ela fizesse o quê? Que implorasse para que ficasse com ela?
Você sabe muito bem por tudo o que a conhecida Víbora passou, primeiro a Ester
a entregou ao seu avô em uma cruel traição, casando com outro no dia seguinte,
depois a Sheika…e agora você decidiu agir assim… – Suspirou. – Veja se
realmente vale a pena continuar com essa história… não sei o que teu pai te
falou para que te fizesse agir assim e também não vou mais procurar saber, vim
aqui para fazer uma última tentativa, mas se você não sente nada pela Sam, se
vai ser como mais uma Ester em sua vida, o melhor é afastar-se mesmo,
mantenha-se longe. – Umedeceu os lábios. – Agradeço o tempo que me
disponibilizou.
Sem
mais a Maldonado foi embora, deixando a militar com um expressão chateada.
Marina
já chegava com uma bandeja com bolos, pasteizinhos e sucos.
–
O que houve? Pensei que ela ficaria para o lanche da tarde.
–
Acho que tinha outros compromissos. – Fitou a comida. – Acho que vou querer
suco, sente, babá, lanche comigo.
A
empregada assentiu.
–
E acha que seu avô vai retornar logo para casa?
–
Eu acredito que sim, o médico se mostrou muito otimista.
–
Eu fico muito feliz, filha, sei como estava apreensiva com tudo isso.
Ela
assentiu, enquanto comia uma fatia de bolo.
–
Hoje estive na marinha, acredito que coordenarei um grupo que vai escoltar o
navio "Víbora do mar" até o porto do Norte.
–
O navio da Lacassangner?
–
Sim, ele mesmo, pelo que percebi entregarão para outra escolta.
–
E por que não devolvem a dona?
–
Não, tanto esse navio quanto o outro foram usados pelo Serpente durante anos,
então acabou tornando-se um prêmio para a marinha.
–
E você vai se envolver nisso? Eles não sabem que é casada com a Samantha?
Ela
fez um gesto afirmativo, enquanto ponderava.
–
Também achei estranho, por isso pedi para me dispensarem dessa missão, não
quero que depois ocorra algum problema e coloquem meu nome no meio...
–
Faz bem, filha, assim também não arruma problemas com a sua esposa.
–
Ela não é mais minha esposa! – Negou irritada. – Logo vamos assinar o divórcio.
–
Ela disse que te ama, Mel… eu fiquei com dó…parecia tão ferida…
A
militar mordiscou o lábio inferior.
Ainda
ouvia as palavras e sempre que isso acontecia sentia as batidas do coração
acelerar.
A
Samantha não a aceitaria mais, deixara claro que simplesmente a usaria até
esgotar o desejo que sentia…
Por
que ela não falara antes?
Talvez
se tivesse dito as coisas pudessem ser diferentes…
Estava
mais uma vez tentando se enganar.
Sabia
que teria agido do mesmo jeito, mesmo se soubesse que amava, não poderia pensar
em ter um relacionamento sabendo que tinha laços de sangue tão estreitos.
–
Você a ama também, Mel?
A
militar engoliu em seco, enquanto fitava a boa senhora.
–
Sim, babá, eu a amo muito… mas eu não posso voltar atrás no divórcio, ela não
vai aceitar… também não posso fazer isso agora…meu pai pode armar mais uma vez…
tenho medo…
–
Então o seu pai tem a ver com a sua separação?
A
tenente bebeu um pouco de suco e só depois respondeu.
–
Sim, tem muita coisa a ver com tudo isso… por isso decidi que o melhor será
ficar no meu canto e deixar a Samantha em paz. Acho que é o melhor para nós
duas.
Marina
lhe segurou a mão, como se estivesse demonstrando que estaria sempre ao seu
lado, apoiando-a.
A
tenente esboçou um sorriso.
Uma
semana depois…
–
Preciso entrar no navio, talvez seja lá que possamos encontrar algo, as pistas
do Tobias falam no Víbora. – Samantha dizia.
Belinda,
Virgínia e Miranda estavam reunidas na sala da cobertura.
–
Não tentei conseguir uma autorização, não quero que esteja na lista de
suspeitas da marinha mais uma vez. – A chefe do departamento retrucou. – Porém,
falei com o príncipe Ralf, expliquei o que está acontecendo.
A
Lacassangner parou de andar e fitou as mulheres.
–
Ele me disse que ficou sabendo que o navio será levado para o outro porto, mas
ainda vai passar uns dois dias por aqui… De acordo com ele, você pode ir até
lá, claro que vai fazer em total sigilo, me garantiu que você conseguiria
entrar e sair sem ser perturbada.
Os
olhos azuis estreitaram-se.
–
Como? O lugar sempre está cheio de soldados.
–
Apenas entre sem ser vista, você terá mais ou menos uma hora… já tracei o plano
com a Virgínia, ela estará te esperando em uma lancha a alguns metros de
distância… você vai mergulhar até a borda do navio… vai escalar e buscará o que
acha que está lá, seja rápida, pois depois das duas horas, haverá mais uma vez
muitos soldados à espreita.
–
Bem, farei tudo para não ser vista, não é do meu interesse ser pega pelos
grandes defensores do mar. – Ironizou.
–
Então pronto, daqui a uma semana você irá até lá... Espero que encontre algo,
caso contrário retornaremos à estaca zero.
Naquela
manhã de verão, Mel seguiu cedo para o hospital. O avô continuava em recuperação,
mas ainda não conseguira manter um contato mais intenso, apenas abriu os olhos
e vez e outra esboçava um sorriso.
A
tenente deixou o centro de saúde e foi até a Marinha. Tinha recebido uma
ligação pedindo sua presença imediata.
Seguiu imediatamente até lá, temendo que algo ruim
pudesse ter acontecido. No caminho falara com a madrasta que lhe informara que
o duque tinha feito uma viagem e não dissera quando retornaria, falara que
tinha alguns assuntos para resolver no litoral. Não contara a Anna que tinha
feito o exame de DNA e comprovado que o pai mais uma vez mentira.
Naquela semana acompanhara algumas notícias nos jornais e
lhe chamara bastante a atenção a presença de Fernando em um jantar beneficente
onde também estava a Lacassangner.
Pilotava a mota na movimentada avenida e ponderava sobre
os últimos dias. Não tivera mais nenhum contato com a esposa. Fazia mais de
quinze dias que tinham se encontrado na mansão do avô, que ouvira dos lábios
rosados que também estava apaixonada.
Proibira a amiga de voltar a falar sobre esse assunto,
não tinha interesse em voltar a discutir.
Naquela manhã recebera o telefonema dos advogados, talvez
no final do mês o divórcio já estivesse pronto para ser assinado.
Parou no sinal vermelho.
Arrumou a fivela do capacete.
O trânsito estava cheio naquele horário.
Um jovem com a cara pintada começou a fazer malabarismo
com alguns pinos, depois passou pedindo uma ajuda ao público que parecia mais
interessado em mexer em seus telefones que no espetáculo.
Retirou o dinheiro da jaqueta de couro e entregou-lhe,
depois já seguia, pois algum apressadinho já começava a buzinar atrás de si.
Pegou a entrada lateral e logo seguia até a cancela. O
soldado prestou continência e depois liberou sua passagem.
Mel ainda não tinha reassumido suas funções. O almirante
dissera para que ficasse ao lado do avô e quando ele estivesse melhor poderia
voltar ao trabalho.
Estacionou a moto, retirou o capacete, deixando-a na
garupa da moto.
Seguiu pelo grande corredor e logo parava diante da mesa
da secretária. Não demorou para ser recebida pelo comandante interino, Raul.
Depois dos cumprimentos, o homem apontou a cadeira para
que ela sentasse.
–
Preciso que hoje assuma o plantão no navio Víbora, tive alguns problemas com os
soldados que fariam a guarda, então precisarei de toda ajuda que conseguir. – O
homem dizia sem fitá-la, enquanto anotava algo em uma agenda. – Monte uma
equipe e siga para lá, é urgente que ocupe a função imediatamente.
Mel
já tinha se negado a participar da operação de traslado do veículo marinho, não
queria se envolver em nada relacionado à Lacassangner, porém se agora voltasse
a rejeitar a ordem poderia receber uma punição por insubordinação.
O
homem a fitou.
-- Sei bem que se declarou suspeita pelo vínculo que a
une à Samantha Lacassangner, já entendi essa parte da história, mas o que estou
ordenando nada tem a ver com seu casamento. – Deixou o caderno de lado. – Mais
de cinquenta soldados tiveram um mal estar após ingerirem a comida que fora
servida. Não posso chamar reforços, ainda mais que o serviço não tem nada de
complexo, só ficará lá para espantar os curiosos que sempre anseiam por entrar
na embarcação. – O comandante levantou-se. – Estou lhe dando uma ordem,
tenente!
Ela
levantou-se, batendo continência.
-- Farei como ordena, senhor!
Raul a liberou.
A
jovem seguia pelos corredores e alguns conhecidos a cumprimentavam com
sorrisos, mas havia outros que faziam comentários baixinhos. Não era segredo
que todos achavam que pelo fato de ser neta do almirante Santorini lhe dava
bastantes privilégios.
Caminhava
devagar, não usava mais as muletas, mas não podia abusar da rápida recuperação,
pois ainda precisa seguir as recomendações do médico.
Sabia
bem quem colocaria em sua equipe. Pediria para a Cristina lhe acompanhar nessa
missão.
A
lancha seguia com as luzes apagadas. Virgínia pilotava o transporte, enquanto a
Lacassangner colocava o traje negro de mergulho.
–
Já sabe, Samantha, não perca tempo, não poderei ficar aqui te esperando,
seguirei para o outro lado da baía, estarei com uma acompanhante para
despistar, dentro de uma hora retornarei.
A
Sheika arrumava a máscara de mergulho. Estava totalmente coberta para não ser
reconhecida caso alguém lhe visse.
Dobrou
a corda e depois colocou no suporte do cinto que carregava na cintura junto com
um par de algemas.
–
O príncipe disse que não haveria a legião de soldados vigiando, parece que eles
passaram por um desarranjo estomacal e como não há muitos aqui, não podiam
simplesmente mandar buscar para substituir por uma noite. – A agente dizia. – Mesmo
assim, parece que foram escolhidos alguns poucos para ficarem a observar a
embarcação de longe, então dentro do navio não haverá ninguém.
–
Isso é bom!
Samantha
teria que ir a cada aposento em busca de alguns compartimentos secretos,
poderia encontrar algo lá. Sabia que a marinha real não sabia disso, nunca
tinha encontrado nada lá.
–
Tome cuidado, precisamos sair daqui sem problemas ou você enfrentará a lei por
invadir uma propriedade pública.
–
É o meu navio! – Afirmou, enquanto colocava as luvas. – Deveriam devolvê-lo
para mim.
–
Bem, isso não vem ao caso agora. – Seguiu até ela e colocou em sua cintura um
frasco. – Só use isso se for realmente necessário. – Encarou-a. –
Esse spray paralisa e deixa a pessoa que inalar confusa a ponto de desmaiar e
ficar desacordada por mais ou menos umas duas horas.
A sheika olhava para o objeto.
-- Só usamos isso fora do país, aqui é proibido, então
não saia esbanjando.
A morena esboçou um sorriso.
–
Espero não precisar... Mas se não tiver outro jeito, farei uso... – Arrumou o
relógio no pulso. – Algum efeito colateral que deva me preocupar?
-- Não, apenas essa paralisia passageira. – Voltou a
segurar o timão do veículo. – A lua vai clarear tudo por dentro em pouco tempo,
então vai te ajudar a se orientar na escuridão que receberá a luz suave lunar.
Samantha fitou o céu estrelado e viu a bela bola enorme
que começava a subir.
-- Tenho uma péssima notícia para te dar, pirata, a água
está muito gelada, então nade rápido para não virar um picolé.
A filha do Serpente sabia que a temperatura daquelas
águas era bastante baixa.
-- E alguma notícia boa? – Terminou de organizar o
cilindro de oxigênio.
Virgínia a olha pensativa.
-- Miranda prometeu pizza se tudo sair bem e não há
tubarões por aqui.
–
É um navio tão lindo… eu sempre ficava imaginando como era, as pessoas sempre
falavam que na proa tinha essa imagem esculpida de uma víbora. – Cristina
dizia. – Confesso que quando criança eu brincava que era uma pirara que
navegava pelos mares.
A
tenente Santorini e a fisioterapeuta estavam no píer. Observavam a grande
embarcação e faziam a vigia junto com mais três soldados.
–
É apenas um navio! – Mel disse dando de ombros. – Usado para amedrontar a
todos. -- Segurava o cabo da espada. – Fico feliz que ele não vai ficar aqui,
acho que há tempos deveria ter sido levado.
–
É o navio da Lacassangner… – Cris deu alguns passos para frente. – Imagina
quantas aventuras ela viveu aí…fiquei sabendo que a Ester já esteve nele… --
Provocou-a.
–
Que bom para ela! – Samantha falou com um sorriso falso. – Acha mesmo que me
importo com isso?
–
Estranho você está falando sobre a pirata, passou todos esses dias me proibindo
de abrir a boca para falar sobre ela.
–
Estávamos falando do navio e não da Samantha.
–
Você não fala dela porque sabe que se falar é capaz de cair em tentação e ir
até ela e dizer que também a ama e que não deseja mais o divórcio.
Mel
fez uma careta para a amiga.
–
Dentro de uma semana assinarei o divórcio, e você vai comigo para que veja que
não desisti.
–
Vai se arrepender!
A
Santorini relanceou os olhos.
–
Eu já me arrependi de tanta coisa que não acho que vai me incomodar mais uma. –
Suspirou. – Vou fazer a ronda no interior do assombrado “víbora do mar”.
-- Espero que não encontre nenhum fantasma, tenente!
Samantha
seguia pelos corredores e sabia que deveria tomar cuidado. Realmente a
embarcação estava vazia, mesmo assim ainda havia riscos.
Caminhou
até a sala do comandante, sentando-se na cadeira diante da escrivaninha começou
a buscar dentro das gavetas.
Tateava,
usando o pequeno bastão iluminado para examinar o ambiente. Tudo estava escuro
e não podia chamar a atenção. A lua ainda não tinha dado o total ar da graça,
então não podia confiar só em seus olhos.
Deixou
a escrivaninha e caminhou até o assoalho. Agachou e começou a buscar sob o
carpete gasto pelas tábuas falsas, novamente observava tudo, porém não havia
nada.
Onde
o Tobias tinha deixado as malditas provas?
Aquele
lugar era enorme, tinha ido até os principais, porém não era suficiente.
Ouviu
o bip do relógio e a mensagem da Virgínia perguntando se estava tudo bem.
Respondeu-a.
Sentiu
algo encostar em suas costas. Uma ponta fina.
Não
precisa virar-se para saber que fora flagrada. Não tinha como inventar uma
desculpa, seria terrível se fosse entregue. Manteve-se inerte por alguns
segundos, esperava que o “indesejado convidado” iniciasse o discurso, mas não o
fez, apenas pressionou mais forte a arma contra si.
Impetuosamente
virou-se e com um golpe jogou para longe a lâmina que lhe ameaçava.
Já
se preparava para pegar o spray para espirrar no atacante, mas sentiu um tapa
forte na face e acabou cambaleando, apoiando-se à escrivaninha.
Só
a luz do luar que penetrava por uma fresta trazia as sombras dos adversários.
Antes
que pudesse se recuperar, a Lacassangner foi atacada mais uma vez,
instintivamente desviou de um soco que lhe atingiria em cheio. Segurou o spray
na mão, mas com o novo golpe foi jogada mais uma vez contra a madeira.
Cerrou
os dentes para não gritar de dor.
–
Acha melhor render-se ou vai ficar todo quebrado.
Naquele
momento Samantha percebeu que era a impetuosa tenente que lhe atacava.
Recuperando-se,
conseguiu desviar de outro golpe, segurando-a por trás, prendendo-a pela
cintura, mas isso não a impediu de lhe dar uma forte cabeçada, deixando-a
tonta. Furiosa, jogou-a forte contra a porta da sala.
Mel perdeu o fôlego, sentindo a dor da batida contra a
madeira.
Fitou a imagem esguia toda vestida de preto.
Já corria para pegar a espada, mas foi segurada e logo
teve a boca tapada pela mão coberta com uma luva preta.
Temeu não ter alertado os outros naquele momento. Poderia
ser um assassino capaz de tudo e não se importaria de tirá-la do seu caminho já
que fora flagrado.
Tentou livrar-se, mas foi empurrada contra a mesa,
praticamente sendo sufocada.
–
Fique quieta ou te jogo no mar!
A
Santorini parou de se debater ao ouvir a voz rouca e baixa soar ameaçadoramente
perto do seu ouvido.
Mel
cravou os dentes na mão que servia como mordaça.
A
Sheika praguejou alto, mas não a soltou.
-- Se gritar, vai se arrepender, tenente, então veja como
se comporta... – Retirou a mão.
A neta de Sir Arthur respirou devagar. O coração aos
poucos voltava a pulsar normalmente.
–
Está louca, pirata, como ousou invadir o navio?
–
Estou procurando as provas que o Tobias deixou, era apenas isso, não há mais
nada que me interesse aqui. – Segurou-a mais forte. – Vá embora e me deixe
terminar o que vim fazer.
–
Sabe muito bem que não posso, então acho melhor arrumar uma boa desculpa, pois
vai sair daqui presa.
Mel
conseguiu desvencilhar-se, afastando-se.
Ligou
a lanterna que trazia consigo, colocando-a sobre a mesinha.
Viu
a mulher a sua frente.
A
Sheika usava uma roupa de malha totalmente preta e também uma máscara que
deixava de fora apenas a boca e o nariz.
–
Se precisava fazer uma busca aqui, deveria ter entrado com um mandado.
Samantha
retirou a proteção da cabeça e logo seus cabelos caiam soltos e livres.
A militar prendeu o fôlego diante da beleza feminina.
–
Sabe bem que eles não dariam! – Retrucou irritada. – Sabe bem que seria muito
suspeito se eu fosse até lá e pedisse isso, ainda mais que estão tentando me
incriminar pela morte daquele miserável.
A
Santorini aproximou-se e viu o sangue que corria na lateral do lábio inferior.
Fora resultado do tapa que tinha dado.
–
Devia haver outra forma, não burlando a lei, agindo assim mostra que continua
sendo uma fora da lei…
–
Eu nunca disse que não era, o fato de frequentar a alta sociedade não me fez
deixar de ser uma pirata.
A
neta de Sir Arthur tirou um lenço do bolso da calça, depois começou a limpar o
sangue da boca carnuda.
A
Lacassangner não desviava os olhos azuis da face bonita da esposa.
Com
a iluminação podia vê-la bem em seu traje de tenente. Observou as insígnias que
carregava orgulhosamente no peito. A calça preta colada às pernas torneada. Os
cabelos presos em um penteado formal.
Sentia
o cheiro feminino sensual.
Cruzou
os braços para evitar um contato maior.
–
Sim, você está certa, continua sendo uma pirata… – Fitava o rosto bonito. –
Deixarei que vá embora e não falarei nada a ninguém sobre o ocorrido aqui.
Porém vá logo antes que mude de ideia.
–
Ora, quanta bondade! – Desdenhou com um sorriso irônico. – Devo me ajoelhar aos
seus pés em agradecimento?
–
Acho que sim… afinal, estou indo contra meu código de ética…
–
Se já está fazendo isso, deixe que eu termine a minha procura.
–
Está pedindo de mais! – Afastou-se. – Vá embora antes que chame os soldados
para te levarem daqui presa. – Pegou a espada que estava caída no chão.
Samantha
não fez o que ela disse, apenas a segurou por trás, empurrando-a contra a
escrivaninha. Usaria o spray e a deixaria desmaiada, assim não atrapalharia
seus planos.
A
militar tentou se livrar, mas a Sheika jogava o peso todo do corpo sobre si.
Apoiava as mãos na escrivaninha para tentar empurra-la.
–
O que está fazendo, sua louca? – Questionou exasperada. – Já te disse que vou
te deixar ir sem fazer alardes.
–
Preciso continuar a minha busca, então preciso que saia do meu caminho… não vou
te machucar, só te colocarei para dormir…
Samantha
sabia que isso era o melhor a ser feito.
Sentia
o corpo da jovem totalmente colado ao seu, enquanto ela se mexia para se livrar
e isso estava causando excitação em seu corpo, ainda mais por ter as nádegas
contra seu sexo e o tecido da malha preta que usava era bastante sensível.
–
Fique quieta! – Ordenou em seu ouvido. – Eu já disse que não vai se machucar...
Porém colabore, militar petulante!
–
Eu deveria ter quebrado a sua cara toda quando tive a chance... Bati pouco!
A
Lacassangner conseguiu pegar as algemas que tinha na cintura e prendeu as mãos
da militar.
Ouviu-a
praguejar alto, então cobriu-lhe a boca.
–
Fique quieta! Só preciso de mais alguns minutos e depois irei embora.
Sentiu
quando os dedos cravaram em sua pele, mas não a soltou, apenas retirou a mão.
–
Contarei ao almirante o que fez, vou contar a todos.
–
Você não passa de uma menina mimada que brinca de ser tenente! – Esbravejou
furiosa.
-- Quem fala? A víbora do mar! – Desdenhou. – Modelo de
honra e polidez!
Samantha
a virou para si e logo lhe abria a braguilha da calça justa sob o olhar atônito
da outra.
–
Eu deveria ter feito isso há muito tempo, desde que cruzou o meu caminho, mas
acho que ainda dá tempo.
Baixou
as calças da jovem, deixando-a nos joelhos. Depois a fez inclinar o corpo sobre
a mesa. Mel tentava reagir, mas era impossível com as mãos presas. Sua posição
não era uma das melhores. Estava totalmente inclinada de frente contra a
escrivaninha, tendo a face sobre a madeira e as mãos esticadas.
–
Solte-me ou vou gritar! – Ameaçou-a.
–
Grite!
A
Lacassangner afastou-se um pouco, enquanto observava o traseiro bem feito
coberto por uma calcinha que pouco lhe cobria.
Tentou
não prestar atenção, apenas desferindo a primeira palmada, fê-lo com vontade.
Batia e depois alisava, demorando-se mais que o suficiente.
–
Aposto que nunca levou umas boas palmadas, mimadinha, com certeza lhe faltou
isso para que tivesse mais humildade. – Voltou a lhe bater. – Quem sabe não
começa ter um pouco de bom senso.
A
Santorini sentia a mão sobre sua carne, mas de repente sentia a carícia também.
Os dedos longos alisavam sua carne, os dedos eram atrevidos, passeavam sob o
tecido, descendo por entre a junção das coxas. Tentava fechar as pernas para
repelir o contato, mas parecia agradar ainda mais a esposa.
Humilhantemente,
sentia a parte de frente de sua parte íntima ficar molhada, odiou-se por isso.
Tentou soltar-se, mas a filha do Serpente a pressionava
mais contra a madeira.
–
Vou contar pra todo mundo o que estava fazendo aqui... Vai ter a sua cara de
desavergonhada em todos os jornais, sabe bem que está cometendo um crime...
–
Conte… – Sussurrou em seu ouvido. – Fale a todos que eu estive aqui, diga que
baixei suas calças e te dei umas belas palmadas... Porque se os jornalistas
tentarem me entrevistar, direi a eles tudo o que se passou aqui... – Adentrou
ainda mais pelas pernas fechadas, sentindo-a escorregadia. – Todos os detalhes.
Estava tão desejosa de tê-la nesse momento, enquanto a
tocava, percebendo que também lhe queria.
Olhou o spray, poderia usá-lo agora, teria que dar um fim
naquela história e voltar para a lancha.
Deu
mais duas palmadas e depois levantou-a.
Mel
estava com a respiração acelerada. Olhava-a e sentia a raiva crescer. Tentou
levantar a calça, mas com as mãos presas pelas algemas deixava a tarefa
difícil.
–
Acho que agora você vai agir com menos estupidez. – A Lacassangner levantou-lhe
a roupa, enquanto sentia o olhar acusador tão perto do seu, fitou-a. – Não
precisa ficar tão bravinha, pense nisso como uma justa troca, me deu dois tapas
aqui que cortou minha boca, fora o chute que recebi no estômago.
–
Eu deveria ter batido mais! – Falou perto dos lábios carnudos. – Deveria ter te
espancado e te arrastado pelos cabelos para fora do navio. – Desviou o olhar de
outro penetrante. – Solte-me!
–
Não vou te soltar.
Deu
as costas para pegar o spray e foi quando ouviu a voz da militar gritar.
Rapidamente foi até ela, segurou-lhe forte pela nuca, beijando-a de forma
grosseira, esmagando-lhe os lábios.
Mel
tentava empurra-la, mas não conseguia se livrar das investidas.
Enquanto
tentava repelir o toque, imaginava se os soldados viriam até ali, mas não
acreditava que tivessem ouvido.
Sentiu
gosto de sangue e logo perdia as forças e permitia o contato dos lábios com os
seus. Aos poucos a carícia que antes fora cruel, agora parecia mais suave,
tentando romper todas as defesas da militar. Não demorou a tomar o controle da
carícia, capturando a língua da invasora, mantendo-a para si, chupando-a,
mordiscando-a.
Por
que era tão difícil resistir ao desejo de se entregar àquela mulher?
A
Lacassangner sentou-a na beira da escrivaninha sem romper o contato.
Começou
a desabotoar a blusa que a Santorini usava e não demorou a se deparar com o
sutiã rosa que protegia perfeitamente os seios redondos.
Gemeu
baixinho quando a sentiu explorar mais e mais na carícia em sua boca. Seu corpo
vibrava só em pensar em estreitar mais a intimidade.
Abriu
a calça que usava e livro-a dela.
Fitaram-se.
Samantha
livrou-se da própria roupa, ficando apenas com uma lingerie preta.
Mel
sentia um arrepio frio na espinha ao ver o corpo feminino seminu banhado pela
luz do luar. Imaginava-a totalmente nua e já sentia um frenesi ao pensar que a
tocaria mais uma vez.
Desde a última vez que estiveram juntas no escritório,
acordava no meio da noite sentindo o corpo pegando fogo, ansiando para matar a
fome que só crescia nos últimos dias.
–
Solte-me, por favor! – Pediu mais uma vez estendendo-lhe as mãos.
A
morena caminhou até ela.
–
Farei isso sim, mas se tentar algo, vou bater ainda mais em seu lindo traseiro.
– Disse com um sorriso safado, enquanto abria as algemas.
As
mulheres encaravam-se, sabiam o que queriam.
As
bocas tornaram a se buscar. A militar enlaçou-a pelo pescoço.
Samantha
acariciava os seios redondos sobre o tecido que os cobriam. Sabia que não devia
continuar, mas também sabia que a neta querida do almirante merecia uma lição. Livrou-a
do sutiã, enquanto sentia os dedos longos da militar lhe apalparem os mamilos.
Depois a mão delicada adentrava sua calcinha. Apertando seu bumbum, puxando-a
mais para que se acomodasse no meio das suas pernas. Esfregava-se contra ela.
Usou as mãos para lhe rasgar a delicada peça que cobria a
intimidade.
-- Ain...pirata... – Gemeu ao senti-la toda molhada. – É
assim que fica quando sente meu toque? – Mostrou-lhe os dedos molhados.
A filha do Serpente segurou-lhe a mão, depois aproximou
dos lábios da militar.
-- Não precisa que encoste em mim para ficar desse
jeitinho que você está vendo...
A Santorini passou a língua no líquido pegajoso, enquanto
não abandonava os olhos azuis.
Samantha voltou a lhe guiar para o próprio sexo. Olhava
os dedos longos massagearem sobre sua carne vibrante.
Passou a língua sobre o lábio superior.
Moveu-se contra ela e sentiu sendo penetrada.
Choramingou em prazer.
Procurou a boca da esposa, beijando-a novamente. Sentia a
maciez, enquanto rebolava contra as investidas da esposa.
Arqueou a cabeça para trás, totalmente perdida no prazer
que a enlouquecia.
Mel começou a beijar o pescoço esguio, depois desceu até
o colo, beijando os seios redondos, brincando com os mamilos, prendendo-o nos
dentes, passando a pontinha da língua.
Via a pirata aumentar os movimentos dos quadris.
Há
quanto tempo queria sentir aquela carícia? Há quanto tempo ansiava por sentir
mais uma vez como era perfeito a forma inocente e ousada da militar lhe fazer
sentir perder os sentidos.
Ouvia o som que o sexo produzia em contato com as fortes
investidas e parecia querer aumentar mais a música. Sussurrava entre gemidos o
nome da filha de Fernando.
Mel
inverteu as posições, fazendo a mulher apoiar-se à escrivaninha. Beijou-lhe a
face, mordiscou o pescoço. Continuou os beijos pelos seios.
Samantha
apoiou as mãos no tampo da mesa, inclinando a cabeça para trás, assim permitia
um melhor acesso. Observava tudo com crescente ansiedade. Protestou quando seu
centro do prazer foi abandonado.
-- Calma... – A tenente sussurrou perto da sua boca. –
Vou te dar o que deseja...
-- Vai dar o que eu quero? – Livrou-a do sutiã. – Quantas
vezes eu quiser? – Usou o polegar para incitar o mamilo.
Usando os dois dedos que antes usava para penetrar a
esposa, acariciava os lábios cheios que logo passava a língua por eles, depois
começou a chupá-los.
Observava a boca sensual, depois voltou a baixar e
acariciar seus seios.
A
militar passou a língua pelos mamilos, incitando-os, brincando e depois mamando
como uma criança faminta. Sentia a esposa rebolando os quadris contra si.
Foi
baixando, distribuindo beijos pelo abdômen firme, depois chegou a marca do
bronzeado que o biquini tinha deixado. Beijou-o. Em seguida usou o
polegar para fazer movimentos circulares, enquanto usava o outro dedo para
penetrá-la.
Levantando
a cabeça viu o olhar sensual acompanhando tudo com curiosidade.
–
Era isso que queria, Víbora do mar?
Samantha
mordiscou a lateral do lábio inferior.
Fez
um gesto afirmativo com a cabeça.
–
Gosta disso também?
Antes
que a Lacassangner pudesse responder, viu a jovem lhe abrir o sexo e devagar
passava a língua como se estivesse a lamber um sorvete que aos poucos ia
derretendo… Mel chupava lentamente, usava não só a língua, mas também os
lábios em uma carícia ousada e enlouquecedora.
Samantha
gemeu alto, enquanto enrolava os cabelos longos da esposa na mão, mantendo-a
cativa em seu sexo. Inclinava a cabeça para trás, depois voltava a fitar a
esposa que parecia se deliciar em sua carne.
Mexia-se
contra ela. Mexia-se pedindo mais...
A Santorini continuava a beija-la intimamente, e agora
passava a penetrá-la juntamente.
-- Tá bom assim, pirata...
A
sheika não respondeu, pois sentia todo seu ser tremer... Sentia a pressão
aumentar e não conseguiu segurar um grito de prazer que escapou.
A
Santorini sentia a outra rebolar contra a sua boca mais e mais, porém antes que
concluísse o que fazia foi detida e levantada.
Abraçaram-se,
pareciam querer fundir-se uma na outra…
A
filha do duque segurou-lhe o rosto bonito entre as mãos, observando cada
detalhe da face bonita
As
bocas voltaram a se unir.
A
Lacassangner a fez se deitar no carpete do assoalho. Posicionando-se sobre a
jovem.
Livrou-a
das últimas peças que lhe restavam.
Sentou-se
sobre o sexo da militar e começou a rebolar. Esfregava-se a ela como uma
gatinha manhosa.
Mel
abriu-se mais para poder encaixar os lábios escorregadios…
Olhava
para a esposa e sentia como a queria mais e mais, como a desejava dia a dia,
mesmo sabendo que não devia.
Ela cavalgava perfeitamente como uma rainha amazona.
Rebolava
sob ela, ouvia as respirações aceleradas de ambas como se estivessem a correr
uma maratona.
A Santorini cravou as unhas nas coxas da amada.
-- Ain... mais...mais rápido... mais rápido... – A
militar repetia.
Não
demorou para perderem as forças, gemendo alto quando foi tomada pelo prazer
total.
Samantha
caiu sobre seu corpo, beijando-lhe a boca. Segurando-lhe a face entre as mãos.
–
Você me deixa louca, tenente, me faz esquecer dos meus objetivos!
Antes
que Mel pudesse dizer algo, sentiu os sentidos ficarem fracos e os olhos aos
poucos fecharam-se.
A
Lacassangner tinha espirrado o spray na face da bela Santorini desacordando-a.
Beijou-lhe
a testa, depois se levantou.
Passou
a mão pelos cabelos, enquanto olhava encantada para a esposa.
Vestiu-se
e depois fez o mesmo com a jovem, não podia deixa-la despida.
Ao
terminar olhou para o relógio, havia algumas mensagens de Virgínia. Pediu mais
alguns minutos, teria que continuar com a busca dessa vez precisava correr para
agilizar.
Antes de deixar a cabine voltou a mirar o corpo
desmaiado... Depois saiu.
Já
estava amanhecendo quando retornou à lancha. Encontrou a agente bastante
irritada.
–
Demorou mais do que combinamos! – A mulher foi logo repreendendo-a. – Sabe que
correu risco de ser pega.
Samantha
retirou a máscara de mergulho.
–
Fez o que eu mandei? Avisou a Cristina para buscar a amiga na cabine do
comandante?
–
Sim, eu disse, mas não entendi nada, o que houve? Por que ela estava lá?
A
pirata não respondeu de imediato, livrava-se da roupa molhada, ficando apenas
de calcinha e sutiã, recebeu o roupão que a outra lhe estendia.
–
A Santorini apareceu lá.
A
outra cobriu a boca em espanto.
–
E você usou o spray nela? E se quando despertar falar a todos que te viu?
–
Bem, eu acho que não fará, mesmo assim, temos que esperar para ver como ela vai
reagir.
–
Miranda vai ficar maluca quando descobrir que a tenente te viu.
Samantha
pegou a garrafa de água.
–
Vamos embora daqui, estou com frio.
Caramba.
ResponderExcluirVocê é maravilhosa, Geh.
Qualquer elogio não parece ser o suficiente.
Fenomenal
Literalmente entre tapas e beijos kkkkkkk imaginando aqui a Mel recriando o meme: "bicha quando eu acordar" kkkkkkk
ResponderExcluirSerá que vamos passar o Natal e Réveillon em "alto-mar?" Não é uma reclamação rsrsrs é sempre uma honra acompanhar suas histórias.
Ah, saudades da Sorte.
Amei o capítulo!
Bjssss.