A víbora do mar - Capítulo 32 -- Desejo e fúria parte 1


 

             A respiração da Sheika estava tão acelerada que parecia música para o clima que se instalava entre as duas.

              Mel sentia a pressão em sua nuca, fitou os olhos azuis e antes que pudesse protestar, sentiu os lábios sendo dominados por outros ainda mais macios. Não resistiu, porém também não cedeu de imediato, ansiando pela forma que outra faria o ato. Sentia o hálito mesclado ao vinho, sedutor, dominador. Aos poucos foi abrindo a boca, sentia a carícia cada vez mais exigente e permitiu que o beijo acontecesse. A sensação que sempre lhe afligia o espírito iniciava de forma torturante. Sentiu-a em busca da sua língua e a entregou, deixando-a tomá-la para si, sugando-a, chupando-a…

                 Gemeu contra os lábios feminino e isso serviu para que a outra apenas se atrevesse ainda mais. Sentia a pressão sobre sua nuca aliviar, pois a mão agora se ocupava de passear por suas costas, alisando-a, baixando até chegar às suas nádegas, segurando-as para assim uni-la ainda mais.

             A boca da pirata parecia pronta para devorá-la. 

              Mel segurou-lhe o rosto entre as mãos, estreitando ainda mais o contato, ansiando para que não terminasse. Como queria aquela mulher para si, como não apenas seu corpo tremia diante do toque da pirata, mas também a sua alma ansiava pela linda víbora.

                Samantha sentia o cheiro da filha do duque e seus sentidos pareciam entorpecer em uma ânsia incontrolável. Tinha a impressão que seu mundo girava em torno da vontade de se perder nos caminhos perigosos daquela mulher. 

               Permitiu que ela aprofundasse o beijo, deixando-a dominar seus lábios, aumentando a pressão, uma carícia não tão delicada, mas urgente, incisiva.

                Acariciou-lhe as costas, depois subiu as mãos até os ombros e lentamente começou a livrá-la das alças da blusa do pijama. Sentiu os seios redondos, rígidos… Segurou-os, depois usou o polegar para acariciar os pequenos botões de rosas. Fazia movimentos circulares, incitando-os…

                Sua esposa!

               Ouviu um gemido e não conseguiu identificar de quem era, pois sabia que sentia o anseio de possuir aquela jovem rebelde.

              Encostou-se ao guarda corpo, trazendo-a para seus braços. 

              Os olhos de ambas se abriram. Fitaram-se demoradamente, enquanto as bocas se separavam, porém não tanto assim, pois ainda estavam muito próximas, ainda se sentiam...

             Mel mordiscou o lábio inferior, em parte sentia-se frustrada pela interrupção, depois desviou o olhar do intenso e penetrante azul.

             – O que faço contigo, tenente? – A pirata questionou lhe segurando o queixo, fazendo-a encara-la. – Sabe que seu jogo não vai durar muito não é? Sabe que logo terá que responder por suas transgressões…

                 A Santorini deu alguns passos para trás, enquanto voltava a arrumar a roupa. As mãos tremiam e levou mais tempo que o necessário para se ajeitar.

                – Sim, eu sei, porém não temo. – Respondeu de forma orgulhosa. – Não tenho medo!

              A Lacassangner cruzou os braços, parecia tentar controlar o desejo que ainda queimava em cada célula de si. Via-a ali parada com aquele olhar desafiador e pensava como seria terrível enfrenta-la, pois também era a Santorini a sua maior fraqueza, como fora o calcanhar o de Aquiles.

                – Deveria temer, pois estou dividida em te arrastar até o juiz para que confesse seus crimes ou…

                – Ou? – Mel indagou com um arquear de sobrancelha. – Ou o quê?

                  Samantha umedeceu os lábios demoradamente e só depois de alguns segundos respondeu.

             – Ou fundir-me no seu corpo tantas vezes que você vai implorar para que eu pare.

               A Santorini sentiu um arrepio percorrer todo o corpo, tinha a impressão que seu sexo doía com cada sílaba que fora pronuncia e ouvida. Sentia a pressão em seu baixo ventre, incomodava, era como se estivesse implorando pela conquistadora do mar.

                Umedeceu os lábios demoradamente.

                Mirava os olhos azuis e algo dentro de si se agitava tão incansavelmente que se tornava assustador. Sim, seu corpo desejava loucamente aquela mulher, mas também era superior ao sexo o que lhe afligia a alma... Sabia que era muito mais que a vontade de transportada novamente para aquele mundo de sensações superiores.

              – Escolha qual você deseja, petulante militar! – A Lacassangner exigiu. – Te darei a escolha.

            Mel cruzou os braços sobre os seios, pois sentia os mamilos doloridos e o coração tão acelerado que temia ter um colapso. Entregar-se à esposa era algo que não poderia nem lhe passar pela cabeça nesse momento, mesmo que a Miranda tivesse insinuado que essa seria uma forma de manter o casamento e evitar uma possível anulação, porém não se submeteria a isso, ainda mais porque não seria humilhada pela filha do Serpente, servindo na cama, enquanto outras mil desfrutava do mesmo prazer, não se entregaria a ela, não mesmo, pois tinha bastante orgulho em seu ser e isso serviria para mantê-la longe dos toques inebriantes.

           – Sinto muito, Víbora, mas terei que anular o meu voto, pois nenhuma das opções me agradam.

               Já caminhava para longe quando foi detida pelo braço.

              – Se é minha esposa deve agir como tal.

             – E estou disposta a fazê-lo quando a senhora se der o respeito e não agir como uma vagabunda de rua. – Retrucou calmamente.

              Um sorriso desdenhoso se desenhou nos lábios cheios da pirata.

               – Sou uma Sheika, posso me dá a certos luxos… sinceramente, estou me sentindo como uma chefe indignada pela promoção que um funcionário recebeu sem merecer… – Olhou-a de cima a baixo. – Se eu fosse lhe dar uma promoção, seria de concubina e não de minha consorte. 

              Mel sabia que ela provocava, via o sorriso brincar e no seu mais íntimo ser desejou esbofetear tão forte sua face que deixaria todos os dedos tatuados por um bom tempo, mas decidiu não fazer, sabia que era isso que a pirata estava esperando, que calculava todas as sílabas para provocá-la.

              Tentou se desvencilhar e voltar para a cama, mas a outra a segurou.

             Olhavam-se, ambas pareciam buscar no fundo do azul e do dourado algo a mais que não conseguiam encontrar nas palavras ditas.

            Samantha fitava a face bonita na penumbra, viu o arranhão que estava na pele delicada e se recordou que fizera quando estavam na arena.

           Usou o polegar para tocar o machucado. 

               Ficara sabendo pela Virgínia que a filha de Fernando não aceitara o plano de vencer o duelo, exigindo que o embate fosse interrompido no meio. Em parte não se surpreendera com tal fato, pois sabia como a personalidade da militar era orgulhosa a ponto de não aceitar nenhum tipo de facilidade ou vantagem.

               – Vai ser expulsa da marinha, tenente… – Meneou a cabeça negativamente. – Acha mesmo que vale a pena esse sacrifício pela sua família? Acha mesmo que conseguirá salvar a todos? Vai fazer um sacrifício tão grande aguentando viver ao meu lado mesmo te tratando dessa forma?

          – Farei tudo o que estiver ao meu alcance para tentar frear esse rastro de ódio que dura tantos anos…

               Samantha via a determinação naquele olhar e tinha certeza de que ela não desistiria do intuito, seria praticamente impossível fazê-la abandonar a luta.

              Soltando um suspiro de frustração, a pirata soltou-a.

              A Santorini permaneceu no mesmo lugar, sentia-se apreensiva em pensar que dividiriam o mesmo quarto, mas para seu alívio e decepção, a Sheika deixou os aposentos.

             Permaneceu no mesmo lugar, apenas observava o céu. As estrelas não se mostravam como faziam na sua fazenda, pareciam receosas de apresentar o brilho para os que nunca pareciam dispostos a apreciá-los. 

                Respirou fundo.

             Nem sabia o que faria agora.

             Sentia-se perdida, pois ficaria durante oito dias em licença, mas depois disso não poderia retornar às suas funções, seria afastada até que todas as investigações fossem concluídas e o resultado dado. Se dependesse do duque já estava fora, sabia que o pai agiria assim.

              Seguiu até a cama, deitando-se de costas.

              Como sua vida mudara tão drasticamente?

              Há alguns meses estava noiva, tudo parecia harmonioso, não tinha problemas com Fernando e tampouco com o avô. Recuperara-se de um atentado, voltara ao seu posto e de repente tudo tinha mudado, uma volta de cento e oitenta graus.     



               Eliah despertou cedinho. Era costume seu nunca passar das quatro da manhã na cama. 

                Estava na cozinha preparando o desjejum. Pensava se não teria uma boa notícia naquela manhã e as duas mulheres tinham se entendido, mas para seu desgosto encontrou Samantha dormindo no sofá do escritório. Se continuar assim terá que preparar um quarto para a jovem.

                Viu a porta abrir e lá estava a Santorini vestido um roupão. Tinhas os cabelos úmidos, parecia ter saído do banho. Sua expressão não era de quem tinha tido uma boa noite de sono.

             – Bom dia, Eliah! – Cumprimentou sentando em um dos bancos. – Teremos um dia ensolarado, foi isso que ouvi. – Piscou-lhe.

                O pirata esboçou um sorriso, depois encheu um copo com suco e lhe entregou.

              – Sua esposa está dormindo no escritório, acho que vai acordar com muitas dores nas costas.

                 A Santorini nada comentou, apenas bebia o líquido amarelado, sentindo o delicioso sabor.

               Não tivera um bom descanso.

               Passara boa parte das horas tendo sonhos eróticos com a pirata. Seu corpo não conseguira descansar nem aliviar a tensão que se instalara em si depois dos toques que recebera. 

              – Vai sair? – Eliah indagou enquanto preparava um sanduíche para a jovem. – A senhora Miranda parece que vem até aqui.

                Mel foi até ele. Viu a cozinha com os objetos de última geração. Havia de tudo.

               – Sente-se, eu mesma prepararei algo para mim e para ti.

              – Claro que não! – O velho negou indignado. – É esposa da Sam, estou aqui para servi-la.

                 – Pois eu sinto muito, pois não preciso que me sirva, então sente e prove algo que vou fazer.

              O homem ainda protestou, mas acabou aceitando o que fora dito diante da teimosia da militar. Acomodou-se na bancada, deixando-a se postar na frente do fogão. Pensava que a herdeira de Fernando não fizesse aquele tipo de coisa.

                – Talvez saia à tarde, vou encontrar a minha babá. – Mel dizia, enquanto pega ovos no cesto. – Ela deve estar furiosa, imagina ela saber que estou casada e com nada menos que com a Víbora e que não contei a ela, ficou sabendo pelos tabloides.

                 – E seu pai e o Sir?

               A jovem não respondeu de imediato, parecia mais preocupada em preparar a omelete e arrumar o pão. Ela não iria até o duque, não nesse momento. Ele estava furioso e com certeza poderiam ter uma discussão novamente. Quanto ao avô, falaria com ele quando fosse ao encontro da babá, apelaria para o bom senso do homem que sempre amara e admirara, imploraria por seu apoio e ajuda.

             Colocou o café na xícara, depois o queijo, a torrada, o pão, as frutas e os ovos sobre o balcão, sentando na bancada de frente para o pirata.

              – Esse não é o momento certo de falar com meu pai… – Levou uma colherada da omelete à boca. – Sei que não vai aceitar essa situação, então prefiro esperar.

                – Uma situação difícil, tenente… não vai ser fácil… Temo que tenha mais problemas... Pelo menos se conseguisse ter uma relação boa com a Sam...

             A Santorini continuou a comer. A única relação boa que poderia ter com a pirata seria de sexo, isso sim, pois sabia que ambas fariam muito bem aquela parte da história.

                Bebeu mais um pouco do suco.

             Ouviram passos e não demorou para Samantha aparecer na cozinha.

              Mel ficara surpresa ao ver a bela mulher vestindo a parte de cima de um biquíni e uma saída que escondia a minúscula parte de baixo do traje de banho. Observou-a disfarçadamente e pensou que não podia estar mais bela.

               – Eliah, amanhã cedo seguiremos até a fazenda. – A pirata disse sem um cumprimento educado, enquanto seguia até a geladeira e pegava uma jarra de água. – Arrume suas coisas.

                – Certo! – O homem assentiu receoso. – Por que não se junta a nós? – Questionou olhando a filha do Serpente. – Sua esposa fez um delicioso café da manhã.

                A militar tinha os olhos baixo, apenas observava o prato.

                A Lacassangner colocou a água no copo e bebia lentamente. Observou a filha do duque  em seu roupão felpudo. Tivera uma noite de cão por ansiar por tê-la, quisera tanto que fora preciso se tocar inúmeras vezes para tentar amenizar a vontade de ir até o quarto e se entregar a vontade que sentia, mesmo assim não funcionou, pois desejava a Santorini com loucura. Deveria ter jogado sobre a cama e saciado sua vontade.

             Observou os alimentos que estavam lá e achou interessante que a própria militar tenha preparado.

             Pegou uma maçã, mas não sentou, ficou lá parada, comendo-a.

              – Vai ficar na piscina? – O pirata indagou.

              – Vou sim, preciso relaxar um pouco, depois sairei para ver os meus advogados.

             Os olhos dourados se levantaram e fitaram a mulher lá parada.

                – Se tudo der certo, amigo, até amanhã resolverei esse problema jurídico.

               – Eu espero que consiga, senhora minha esposa, pois percebo que não aparenta ter dormido bem… com certeza ficou pensando em resolver essa questão que a incomoda. – A Santorini não conseguiu não a provocar. – Vou rezar para que sua causa seja ganha.

               Samantha ouvia a voz calma da tenente e sabia o que ela insinuava e isso a deixou desconcertada, sentindo as maçãs do rosto enrubecer como se fosse uma adolescente.

             Viu o arquear de sobrancelha e já se preparava para falar algo, porém acabou desistindo e continuou a comer a maçã.

              – Bem, o café estava maravilhosa, senhora, mas agora tenho algumas coisas para resolver. – Eliah falou se afastando. – Agradeço a sua gentileza.

              As duas mulheres ficaram sozinhas e Mel conseguia sentir o olhar da sheika sobre si, então encarou-a.

                   – Você ainda pode se retratar de tudo… – A pirata começava. – ainda não entendeu que quando eu provar o que você fez, correrá o risco até de perder seu registro de médica? Não percebe que ter me dopado para conseguir o que queria foi algo criminoso? – Sentou de frente para ela. – Podemos resolver isso, tenente, simplesmente anularemos o casamento ou assina o divórcio rapidinho, você retoma a sua vida e eu a minha.

               – É tão ruim assim ser casada comigo, Víbora?  

                 Os olhos azuis se perderam nos dourados durante alguns segundos, mergulhada naquele olhar que agora parecia tão sublime que fazia lembrar um doce querubim. 

              – Samantha, esse casamento vai te proteger de cair nas garras do meu pai, eu o conheço, sei como vai usar todas as armas até te convencer a aceitar o que ele mais deseja, então estaria perdida. – Deixou o talher sobre a bancada. – A Miranda só quer te proteger, essa é a única razão para que tenha pensado no casamento, não fez por maldade, ela teme que te aconteça o mesmo que aconteceu com o teu pai, então tenha paciência e aceite por algum tempo me ter ao seu lado. 

                 – A Miranda é uma irresponsável! – Disse por entre os dentes. – E você acha que é o que para tentar salvar todos? – Perguntou irritada. – Acha mesmo que sua atitude vai conseguir parar Sir Arthur ou o duque? – Exaltou-se. – É uma menina tola a ponto de achar que ter aceitado esse maldito casamento vai mudar alguma coisa. 

                Samantha deu a volta e foi até a jovem, segurando-as grosseiramente, fê-la levantar da bancada.

                   – Sabe o que você vai ganhar com tudo isso? – Indagou encarando-a furiosa. – Vai ser expulsa da sua majestosa marinha, vai perder seu registro de médica e ainda por cima vai ter a fúria de Fernando em sua direção.

               Mel se desvencilhou do toque, mas não se afastou.

                – São meus problemas e não seus!

                – Aceite essa droga de anulação ou não responderei por mim! – Esbravejou. – Vou te destruir, tenente, vou fazer questão de te humilhar, de que todos saibam que não te respeito, que mesmo casada, tenho várias amantes e vou esfregar todas na sua cara.

               A militar ergueu a cabeça de forma orgulhosa e disparou:

                – Então vamos usar uma faca de dois gumes na nossa relação!

               Os olhos azuis se estreitaram de forma tão ameaçadora que amedrontaria os menos desavisados, mas isso não acontecia com a neta de Sir Arthur.

                – Vou anular esse casamento e depois você vai pagar caro por tudo.

                 Mel fez um gesto afirmativo com a cabeça e isso pareceu enfurecer ainda mais a pirata que saiu pisando duro.

                A tenente Observou-a seguir com seu corpo malhado, suas pernas sensuais.

               Soltou um suspiro de frustração.

             Queria aquela mulher, mas não cederia às suas humilhações.

              Voltou a comer tentando esquecer o embate que aconteceu.




                 A manhã estava ensolarada. As espreguiçadeiras arrumadas na frente da piscina. Duas mesinhas com guarda-sóis e algumas frutas postas sobre, tudo para tentar amenizar a irritação que estava tomando conta da Lacassangner.

                   A pirata nadou durantes alguns minutos depois seguiu até umas das espreguiçadeiras e sentou.

                Estava ansiosa esperando a ligação dos advogados. Depois que isso ocorresse poderia relaxar um pouco, afinal, assim que anulasse aquele casamento faria questão de tomar a Santorini para si, logo a faria entender quem era filha do Serpente.

              Pensava nos olhos dourados, no cheiro da pele macia, no atrevimento que lhe incitava mais os sentidos. Ter a herdeira do duque nos aposentos e não poder satisfazer sua vontade era o maior martírio que poderia viver.

               O que se passava consigo quando estava diante da Santorini?

                Sentia-se assustada, amedrontada com o que poderia acontecer com a jovem que agora estava na linha de frente do Del Santorra. Mesmo sendo o pai da Mel, não acreditava que aquele homem se importasse com isso, afinal, já mostrara sua fúria quando fizeram o comandante punir o próprio sangue. Porém ele não faria isso com a tenente petulante, iria protegê-la, mesmo que depois ela mesma lhe aplicasse um corretivo.

                Ouviu passos e ao levantar a cabeça viu Miranda vindo em sua direção.

               Tinha deixado claro que não a queria mais ali, porém parecia que a chefe do departamento não entendera bem seu latim.

            Deitou-se e colocou os óculos escuros.

           – Você está mesmo disposta a humilhar a Mel expondo toda a história do casamento? – A Maldonado foi logo dizendo, enquanto puxava uma cadeira e sentava perto. – Já te disse que vai ser vã essa sua tentativa, mas não foi isso que me trouxe aqui. –Abriu a bolsa e retirou algumas imagens e colocou sobre o colo da Víbora.

              Samantha baixou os olhos e foi quando viu a foto de alguém conhecido. 

               – O que significa isso?

               – Esse foi o homem que estava junto no dia do ataque ao navio que matou a mãe da Santorini.

               Os olhos azuis se abriram em surpresa.

              – Ele quem te entregou a Sir Arthur na época que você tinha um caso com a Ester.

              O maxilar da mulher enrijeceu. 

              Conhecia muito bem aquele tipo. Ele estivera ao lado do pai durante muito tempo e ficou muito ressentido quando tivera que deixar sua vida de roubos para seguir ao lado da herdeira de Otávio.

               – O localizamos em uma praia, um lugar ermo, porém perfeito para esse crápula se esconder de tudo e de todos.

              – Como descobriu?

             – O detetive que Mel contratou fora até lá, mas o duque o comprou antes de ele poder falar para a militar o que tinha descoberto.

               – Maldito! – Bateu forte na lateral da cadeira. – Então ele está envolvido com a morte da Marie? – Meneou a cabeça. – E o maldito Del Santorra sabe disso?

                – Sim!

                  Samantha cerrou os dentes fortemente.

           – E você ainda trouxe a Mel para essa história, mesmo sabendo que esse desgraçado é capaz de tudo.

                – Vou protegê-la e você também deve fazê-lo.

                – Eu vou protegê-la por quê?

                – Porque ela é sua esposa!

               – Miranda, você sabe muito bem como tudo transcorreu, sabe melhor que eu de todos os detalhes sórdidos dessa história.

                – Você está apaixonada por ela, mesmo que negue eu sei que a ama!

                  A palidez tomou conta da face da morena.

            – Está louca!

            – Não, eu não estou, você a ama, porém vai negar a vida toda, então não vou perder meu tempo. – Foi até a bandeja de frutas e pegou uma uva. – Você vai ter que permanecer casada… logo vai receber o telefonema dos seus advogados dizendo que não vai ser possível anular o casamento.

              – O que fez? – Esbravejou furiosa.

              – Não fiz nada. – Sorriu. – A Belinda estará na fazenda te esperando e antes que comece a esbravejar e dizer que não deseja os seguranças, pense bem, se você não tiver, a Mel também não terá.

            A Lacassangner segurou a mulher pelo cotovelo.

              – Agora usa a Santorini para me manipular? – Meneou a cabeça negativamente. – Fez o mesmo quando usou o Eliah para me convencer a deixar aquela prisão, sendo que por ele eu tinha consideração.

                – E pela sua esposa você tem amor, mesmo que não admita. – Chupou mais uma uva. – Não seja boba, Sam, aproveite a esposa que tem, mostre a ela o melhor que há em você, eu sei que poderão ser felizes juntas, afinal, saiu do seu casulo por ela, não desperdice suas chances.

                 – Você terá que se dobrar para protegê-la de mim e dos nossos inimigos.

                Miranda fez um gesto de assentimento.

                 – Os seguranças estão aqui, seguirão você em toda parte, protegerão a todos… 

                A Lacassangner a viu se afastar e sentia a raiva crescer em seu interior. Estava sendo encurralada pela Maldonado e isso era muito irritante.

              Fechou a mão e socou o ar.




              A moto adentrou os portões da mansão do Santorini. A jovem cumprimentou o porteiro, depois estacionou o veículo na entrada da mansão.

               Suspirou ao ver os degraus e logo a grande porta se abriu, Marina a olhava com aquele ar de repreensão, mas logo abriu um sorriso e viu lágrimas em seus olhos.

               Seguiu até ela e aceitou o abraço da mulher que sempre fora mais que uma babá para si. Amava-a como se tivesse seu sangue.

              – Menina, em que se meteu agora? – A senhora questionou segurando o rosto bonito entre as mãos. – Casou-se com a pirata!

              – É uma longa história, babá, vim aqui para falar contigo, mas não posso me demorar. – Observou o interior da casa. – O meu avô está?

              – Não, filha, saiu depois do almoço e acho que só vai chegar pela noite.

                Mel fez um gesto afirmativo.

               – Vamos entrar, vou preparar um lanche pra você e depois arrumar as minhas coisas para ir contigo.

             A Santorini cerrou os dentes demoradamente.

              Não podia levá-la agora, afinal, estava quase sendo expulsa da cobertura, Samantha seria capaz de colocar as duas pra correr. Explicaria a situação e quando pudesse a levaria consigo.





                – Como assim? –  Samantha questionou baixinho enquanto apoiava as mãos na mesa onde estavam os advogados. 

                 – O exame está normal, senhora, veja. – Entregou-lhe.

             A Lacassangner observava tudo o que estava escrito e realmente nada anormal fora encontrado.

                – Anule o casamento! – Exigiu.

                Os advogados trocaram olhares.

               – O melhor é que entremos com o pedido de divórcio, isso será mais adequado para que não tenha problema, nem a senhorita Santorini.

               – Acha que me importo com a Santorini? – Questionou indignada. – Não me importo com a herdeira do duque, ao contrário, desejo que sobrenome que ela carrega tão orgulhosamente seja jogado na lama para que aprenda a nunca mais mexer comigo.

               – Talvez um escândalo não seja algo bom para nenhuma das duas. – Falou relutante. – Entenda que será um escândalo envolvendo a filha do duque... Envolvendo a senhora... Por favor, pense bem, seria algo rápido, apenas ela tem que assinar e tudo acaba de forma amigável...

              Samantha saiu pisando duro, sem nem mesmo esperar a continuação do discurso.




                  Já estava noite. O clima estava um pouco quente, mesmo assim parecia convidativo para as pessoas que caminhavam pela orla. Mel não conseguiu falar com a amiga, então decidiu seguir para a cobertura. Conduzia a moto pela garagem subterrânea quando um carro parou bem em frente ao seu veículo.

                 Assustou-se, mas logo via quem era. Viu a pirata descer do veículo e sua expressão não era uma das melhores.

                Nem desmontou, pois a mulher já estava segurando o guidom, encarando-a furiosa.

              – O que me deu para beber que não conseguiu ser detectado pelo sangue? – Indagou irritada. – O que me deu para tomar? Que droga foi essa?

                 Então era isso, o exame já tinha saído e ela descobriu que não tinha prova nenhuma para sua sonhada anulação.

                Observou o sobretudo preto que ela usava sobre a camisa de gola alta. Os cabelos estavam soltos e usava seus óculos de aro dourado.

                – Responda! – Exigiu por entre os dentes. – Responde!

                  – Uma erva indígena…

                Sim, agora lembrou que ela já tinha falado sobre isso e que nada seria detectado. Fitou os olhos dourados a lhe desafiar cheios de orgulho. Observava o traje de couro que usava.

 

9/9/9

                  – Eu tenho vontade de apertar esse seu pescocinho.

                 Mel a ignorou, tentando sair da moto, mas a outra não permitiu.

                   – Vou entrar com os papéis para o divórcio e você vai assinar.

                  – Não vou assinar nada! – Falou em tom alto. – Vai perder seu tempo porque não assinarei.

                  – Ah, você vai e como vai!

                 A Santorini desmontou e seguiu para o elevador. Pensava se a esposa lhe acompanharia, mas não foi isso que aconteceu e isso a deixou muito aliviada.

                Fitou o espelho do ambiente e viu sua face que demonstrava uma serenidade que não condizia com o que se passava em seu interior. Agora que a pirata sabia que não poderia anular o casamento baseada em suas provas, uma nova batalha seria travada.

                Ouviu o bip do celular, viu o nome da madrasta, atendendo-a prontamente.

                -- Mel, o que se passou contigo?

                Nem mesmo houve cumprimentos, apenas a pergunta direta em voz preocupada.

                -- Acho melhor que conversemos pessoalmente, Ana, há muitas coisas para explicar. – Disse tentando não demonstrar a impaciência que sentia. – Não posso falar por telefone.

                -- Querida, não sei o que se passa, mas estou te ligando para dizer que seu pai está possesso, pediu-me para ver uma forma de te tirar a fazenda...

                -- A fazenda é minha! Minha mãe deixou para mim! – Respondeu enfaticamente.

                -- Sim, eu sei, porém Fernando parece disposto a tudo para toma-la de ti.

                A militar passou a mão pelos cabelos.

                -- E há alguma forma de ele conseguir isso? – Questionou apreensiva.

                -- Sempre há brechas na lei, minha querida... – Deu uma pausa. – Me neguei a ajuda-lo, mas ele não precisa de mim para fazer isso.

                Sim, ela sabia muito bem que o pai era um respeitado duque e não lhe faltaria juristas para auxiliar.

                -- Tentarei ver uma forma de te ajudar, eu mesma verei todas as possibilidades... O melhor seria evitar um confronto, pois a justiça pode determinar que a fazenda fique embargada até que se resolva tudo isso.

                Mel fez um gesto afirmativo, depois de mais algumas palavras encerrou a chamada.

                Sentia a raiva se acumular pouco a pouco em seu interior, temia uma explosão a qualquer momento.

                A porta do elevador abriu e ela seguiu para o interior da cobertura. Viu Eliah molhando algumas plantinhas na varanda da sala.

                -- Tudo bem, senhora? – O pirata questionou a fita-la. – A Lacassangner entrou por essa porta soltando fogo pela boca, brigaram?

                -- A sua senhora deve estar de TPM, amigo. – Tentou esboçar um sorriso. – Preciso de um banho, não precisa se preocupar com jantar para mim.

                O homem ainda pensou em abrir a boca para questionar, mas acabou ficando quieto, pois via a expressão de angustia que a militar carregava.

                A filha do Serpente seguia em uma teimosia que era própria da sua pessoa. Conhecia-a muito bem, sabia que em seu interior havia o medo de que agora que a jovem Santorini era sua esposa algo lhe acontecesse, como se passara com a sheika. Entendia que ela estava assustada, temerosa, porém achava que ela deveria apenas aceitar o que se passava e deixar que o sentimento que guardava em seu interior pudesse reinar, assim tudo ficaria bem.

 

 

                Umas nuvens negras encobriam as estrelas. Não havia vento, apenas o tempo parado. Os galhos de árvores nem mesmo se mexiam. As ruas estavam bem movimentadas, um final de semana entre muitos para ser aproveitado.

                Mel tinha tomado banho e decidira ficar na varanda do quarto lendo um livro. Ocupava um grande nicho redondo de vime, tentava relaxar, algo que parecia impossível.

                Depois de várias tentativas, deixou a brochura de lado quando percebeu que não conseguia sair da primeira página.

                Há pouco conseguira falar com o pai e simplesmente tiveram uma discussão terrível. O duque se mostrava irascível, disposto a tudo para fazer a herdeira pagar caro pelo que tinha feito.

                Não, ele não lhe tomaria a fazenda, isso não permitiria. Lutaria até o fim contra essa injustiça.

                Pegou o livro e jogou longe.

                Levantou-se, enquanto andava de um lado para o outro no quarto.

                Cerrou os dentes.

                Sabia que a esposa tinha saído, apenas subira, tomara um banho e deixara a cobertura e já era madrugada e não retornara.

                Com certeza, cumpria sua promessa de humilhá-la diante de todos com suas amantes.

                -- Vagabunda! Pirata vagabunda!

                Às vezes pensava por que decidira ajudar Miranda, por que aceitara aquele plano?

                Meneou a cabeça em agonia.

                Sabendo que não conseguiria dormir, deixou os aposentos.

 

 

                Samantha estava no escritório. Debruçava-se sobre os papéis que Miranda deixara.

                -- Maldito desgraçado! – Bateu com o punho fechado sobre a escrivaninha. – Ajudei-o quando meu pai morreu e fui traída, miseravelmente traída!

                Fernando sabia de tudo. Sim, ele conhecia os culpados de todos os atos, mas o miserável era tão escorregadio.

                Odiava os Santorinis e os Del Santorras.

                Passou as mãos no rosto em um gesto de agonia.

                Odiava também a Maldonado. Se ela não tivesse lhe tirado daquela maldita prisão, não precisaria agora conviver com tantos demônios em seu interior.

                A sheika sempre lhe dizia para esquecer sua raiva, ajudou-a durante um bom tempo e a filha do Serpente até abrira mão de todo esse ódio, quisera apenas viver ao lado da esposa, construir uma vida, mas a tiraram de si como sempre faziam com tudo que ansiava. Aceitara ficar naquela prisão, pois sabia que seria uma forma de fugir desse círculo vicioso de maldade, porém agora a revolta se instalava dentro de si e não tinha forças para expulsá-la.

                O que faria agora?

                Ouviu passos.

               

 

 

                Mel parou diante da piscina. A água parecia boa para lhe ajudar a relaxar.

                Usou o dedo do pé para testar a temperatura. Estava fria, perfeita para aquela noite.

                Abriu o roupão e expôs o biquini branco que pegara no vestiário.

                Nem pensou duas vezes, jogando-se na água.

                Sentiu a pele arrepiar-se e começou a dar longas braçadas.

               

                Samantha subiu as escadas para área externa e viu a filha de Fernando jogando-se na piscina.

                Só podia estar louca!

                Pensou em dar meia volta e retornar ao escritório, mas acabou se aproximando, interessada em ver o que pretendia a militar em tomar banho em uma água gelada uma hora daquelas.

                Aproximou-se da borda e ficou lá esperando ser notada com os braços cruzados.

                Mel submergiu e depois de alguns segundos emergiu e foi naquele momento que viu quem estava lá a observá-la com olhar desdenhoso.

                Pensava que ela não tinha retornado da sua noitada de orgia.

                Observou-a vestindo um robe de seda preto. Os cabelos estavam presos em um coque e usava os óculos de aro dourado.

                -- Decidiu pegar uma pneumonia, tenente? – A voz firme indagou.

                A Santorini nadou até a escada e logo deixava a água. Seguiu até o roupão atoalhado diante do olhar faminto da pirata, vestindo-o.

                -- Não, minha esposa, apenas estava tentando relaxar, mas já retornarei para os meus aposentos, pois com a senhora aqui, impossível ter algum relaxamento.

                Samantha a olhava e via a expressão debochada.

                Segurou-a pelo cotovelo.

                -- Se eu fosse você não responderia com toda essa ironia. – Avisou-a. – Deveria ser mais cordata quando fala comigo.

                -- E por que não? – Mel indagou um pouco alto. – Ah, sim, você é a Víbora do mar... Sinceramente, às vezes parece mais uma jararaca. – Puxou o braço com força. – Não estou com paciência, nem com vontade de falar contigo, na verdade só saí do meu quarto porque pensei que estivesse com suas prostitutas por algum cabaré, mas como está na cobertura, retornarei para a minha jaula dourado.

                Nem mesmo deu dois passos e seu braço já era segurado mais uma vez.

                Os olhos se fundiram em uma batalha silenciosa. Mediam-se em desafio.

                -- Solte-me, Víbora do mar! – Exigiu. – Já te disse que não estou com paciência nem vontade de te ouvir choramingar porque está casada comigo.

                A Lacassangner lhe apertou mais.

                -- Estou choramingando? – Indagou por entre os dentes. – Estou choramingando? – Repetiu furiosa.

                -- Pior, está fazendo um drama danado porque estamos casadas, mas você quer saber a verdade? – Falou bem perto dos lábios da outra. – Para mim também não está sendo bom, na verdade ser a sua esposa está sendo um verdadeiro inferno astral, não basta o duque querer me tirar tudo, ainda preciso ver a sheika pulando de galinheiro a galinheiro.

                Samantha fitava os olhos que agora não pareciam dourados, mas que pareciam tão escuros quanto o céu naquela noite.

                -- Então confesse o que fez, vamos até o juiz e conte como ocorreu esse casamento. Livre-se do que fez, garota petulante.

                Mel nem pensou duas vezes, simplesmente empurrou a esposa dentro da piscina e saiu em disparada para o quarto.

                Realmente não mentira quando dissera que não tinha mais paciência para lidar com aquela situação.

                Subiu as escadas e sentiu o pé doer novamente. Estava tomando analgésico, mas a verdade é que não estava fazendo efeito.

                Fechava a porta quando teve que se afastar, pois a sheika empurrou a madeira com tanta força que se não tivesse se retirado tinha se machucado. Como ela tinha chegado ali tão rápido?

                Olhava a mulher toda molhada a lhe fitar com uma expressão colérica.

                A Santorini já abria a boca para falar algo, mas foi segurada pelos ombros e empurrada contra a parede. Perdeu o fôlego com o impacto.

                -- Calada, tenente! – Ordenou a pirata. – Não fale nada ou não responderei por mim.

                Mel mordiscou a lateral do lábio inferior, enquanto via os olhos azuis lhe fitarem. Ouvia a respiração ofegante e o rosto bonito tingido de vermelho, estava corada de tanta raiva. Os pingos de água caiam dos seus cabelos e das roupas que usava, os óculos não estavam mais apoiados no nariz empinado, deviam ter ficado na piscina.

                De repente tinha noção que uma das coxas bem feitas estava entre a sua e isso começava incomodar.

                -- Você vai assinar o divórcio, militarzinha de quinta categoria, nem que eu tenha que segurar na sua mão para fazer isso.

                -- Vai segurar a minha mão para isso? – Arqueou a sobrancelha esquerda em sarcasmo. – Bem, já que terminou e já disse o que vai fazer, gostaria me soltasse, preciso dormir e trocar essa roupa que você molhou toda.

                -- Ah, eu molhei? – A Lacassagner exibiu um sorriso perigoso. – Nossa, eu continuo sendo uma pirata sem modos, como pude molhar uma aristocrata, a filha do duque... Vou me redimir agora mesmo.

                Mel a viu seguir até o banheiro e ficou lá esperando, logo ela retornava com uma toalha.

                -- Deixe-me ajuda-la, minha esposa...Preciso mostrar mais educação.

                Antes que a Santorini pudesse falar algo, viu o roupão sendo praticamente destruído do seu corpo. Olhava tudo e apenas sentia o incômodo dentro de si crescer. As mãos grosseiras passavam por sua pele, machucando, torturando.

                -- Não permitirei que a minha esposa pegue uma pneumonia, não, isso jamais! – Usava a toalha para secá-la. – Preciso ter modos, sou esposa da filha do duque.

                A filha de Fernando olhava tudo em crescente desejo. Os dedos longos da herdeira do Serpente pareciam fogo quando tocavam em sua pele.

                -- Já chega, não precisa disso! – Tentou empurrá-la, mas foi vã sua tentativa. – Afaste-se!

                -- Vou te esquentar, tenente! – Segurou-se os braços sobre a cabeça. – Vou te deixar bem quentinha e depois assinaremos o divórcio.

                Mel já se preparava para protestar, mas sua boca foi dominada pela outra.

                Tentou resistir ao toque, mas a língua feminina parecia não ter pressa. Acariciava seus lábios, fazendo-o de forma tão hipnotizante que depois de uma luta interna, a neta de Sir Arthur cedeu e logo se unia a ela em um beijo apaixonado, brusco e exigente.

                A Santorini conseguiu soltar os braços e logo abraçava a mulher pelo pescoço, buscando unir-se a ela.

                O corpo coberto apenas pelo minúsculo biquini ansiava por mais.

                Segurou as amarras do robe encharcado que a pirata usava, soltando-o, depois sentia o tecido da camisola que estava colada na pele morena.

                A carícia cessou por alguns segundos, enquanto se encaravam.

                Samantha olhava-a com encantamento, não conseguia mais controlar a vontade de senti-la, precisava saciar aquela fome, perder-se naquelas sensações que apenas a filha do seu maior inimigo conseguia lhe imputar.

                Sem falar nada, voltou a beijá-la. Abraçava-a pela cintura e aos poucos davam passos pelo quarto.

                Mel gemeu baixinho da forma que a língua da Lacassagner buscava a sua, depois sentiu-a chupar delicadamente e aos poucos aumentar a pressão. Naquela hora seu sexo já implorava pelo toque feminino, parecia gritar em silêncio para ser acariciada, para ser tomada...

                As mãos da Víbora desciam pelo quadril e paravam sobre as nádegas desnudas. Apertou-as, trouxe-a mais para perto.

                -- Vou esquentá-la, tenente...

                A voz baixa e rouca sussurrou em seu ouvido.

                Pararam na janela panorâmica e a sheika lhe fez ficar de costas para si, apoiando as mãos no vidro.

                -- Não irá passar frio essa noite... – Falou, enquanto beijava o lóbulo da orelha. – Hoje não, senhora.

                Mel conseguia ver o reflexo da mulher parada atrás de si. Observava ela lhe soltar as amarras da parte de cima do traje de banho, libertando-lhe os seios.

                Mirava a expressão concentrada e logo sentia os dedos longos cobrirem seus montes redondos. Via-a usar a palma da mão para brincar com seus mamilos que já se projetavam para frente implorando por ela.

                Sentia-a colada às suas costas, então rebolou o quadril devagar para roçar contra a pirata.

                Viu os olhos azuis estreitaram-se ameaçadoramente, mas não se amedrontou, segurando-lhe uma das mãos, levou a sua calcinha.

                Samantha livrou-se da própria camisola e como não estava usando a peça íntima, logo encostava sua pele a outra que agora parecia em brasas.

                Deixou que ela lhe guiasse e logo parava sobre o tecido delicado...Estava molhada, mas não era apenas da água da piscina. Estava tão escorregadia, tão deliciosa...

                -- Passei toda a noite de ontem me tocando... – Falou, enquanto os dedos entravam na peça íntima. – Louca para dar para ti...

                Mel sentiu um arrepio percorrer sua espinha e não demorou para sentir seu sexo ser acariciado.

                Mordiscou o lábio inferior e ficou a olhar a expressão da mulher através do reflexo. Enlouquecia quando imaginava que ela pensara em si nesses momentos de intimidade.

                -- E como você fazia? – Questionou baixinho.

                A Lacassangner a sentia mexer o bumbum contra si e já estava tão molhada que temia não controlar seu desejo.

                -- Tão forte que me tirava o fôlego...

                -- Hãnnn... – A militar sibilou quando sentia o polegar começar a lhe macular a carne. – Tão forte... – Sussurrou em pausa – tão forte por que estava com raiva de mim...?

                A respiração contra seu ouvido era alta e acelerada.

                Virou-a para si, fitando-a.

                -- Tão forte porque eu queimo quando estou perto de ti, tenente, queimo tanto que fico furiosa.

                Mel nem teve tempo de responder, pois mais uma vez tinha a boca tomada por aquela mulher que agia de forma sempre a surpreendê-la.

                Abraçou-a pela cintura, queria estar tão perto que chegava a comprimir-se contra ela.

                Os lábios da sheika logo seguiam por seu pescoço esguio, beijando-o, mordiscando-o, depois por seus ombros e logo chegava aos seios...

                Incitava-os com os polegares.

                A Santorini acariciava o abdômen firme, sentia-se encantada pelo corpo feminino... Depositou um beijo no vão entre os belos montes, em seguida espalhou a carícia por eles. Viu a marquinha que ela pegara mais cedo quando estivera na piscina. Usou o indicador para tocar nos biquinhos que se ofereciam diante dos seus olhos.

                -- Você é tão linda, Víbora...

                O sorriso se desenhou na face da pirata.

                Viu quando a aristocrata inclinou a cabeça e começou a lhe beijar os seios. Observava passar a língua, depois captura-lo, chupando-os famintamente.

                Samantha apoiou-se nos ombros dela, pois se sentiu tonta diante do prazer que a outra lhe proporcionava que temeu cair.

                Mel desceu a mão, enquanto seguia com o toque nos seios e logo estava entre as coxas torneadas.

                A Lacassagner abriu um pouco as pernas para deixar que o contato acontecesse.

                Há quanto tempo ansiava por isso? Perdera as contas das noites que passara em claro desejando a filha do duque.

                O primeiro contato lhe provocou um sobressalto.

                A tenente sentia o desejo dela, sentia o delicioso aroma que se depreendia. Tocou a pele escorregadia, massageou-a, levantou a cabeça e encontrou os olhos fechados. Aumentou as carícias e observou a face bonita e arrogante demonstrar apenas um intenso prazer. Levou os dedos molhados aos lábios da amante que sugou junto a ela o mel transparente.

                A neta de Sir Arthur passava a língua diante do olhar enlouquecido.

                -- Entre dentro de mim...

                A frase da pirata foi sussurrada em seu ouvido e a militar quase desfaleceu de regozijo e prontamente atendeu ao pedido.

                O indicador deslizou para o interior da amada e ficou usando o polegar para continuar fazendo massagens em sua frutinha. Mexia com cautela, depois aumentava a pressão, ouvindo-a gemer alto.

                Mel a sentia se mover contra si...

                -- Mais um, tenente...Mete mais um...

                Novamente o desejo foi rapidamente atendido. A herdeira do duque a encostou na parede, depois a fez apoiar a perna sobre o banco que ficava diante da penteadeira, assim ficaria mais exposta ao seu toque.

                Acariciou a coxa, depois lhe segurou a nuca, beijando-a.

                Samantha correspondia aos lábios macios, enquanto lhe segurava a mão, guiando-a para seu lugar secreto mais uma vez. Fê-la lhe invadir e dessa vez não houve delicadeza, foi um delicioso impulso que lhe retirou o ar por alguns segundos.

                Sentiu-a meter mais forte...

                Gemeu contra ela, mexendo os quadris para que não parasse...

                Mel lhe deu o que queria, deu tudo que ela desejava e foi recompensada com um grito de prazer.

Comentários

  1. Completamente sem fôlego aqui😳

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  2. Nossa, muito intenso. Deu pra sentir cada palavra. Você é a melhor de todas, Geh.

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  3. Adoro essa mistura de raiva e desejo e você consegue colocar em palavras de forma magistralmente genial. Parabéns Geh!

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  4. Acho vc super exagerada,acho q vc acertou na a condessa bastarda,nota 10 pra vc geh,agora a víbora do mar,horrível,Sheika,pirata...príncipe kkkkkkkkkkkkkk!!! Quanto exagero!!! Que trama sem lógica nenhuma!! Uma pirata que não tem um navio,não vive em um navio kkkkkkkkkkkk!!! Eu não sei de onde vc tirou tanta besteira,esse ódio todo aí do avô é pq mesmo em? Kkkkkkk! Eu tô lendo pq fico rindo de tanto absurdo,agora Sheika e pirata kkkkkkkkk!! Precisa disso mesmo para empoderar uma personagem ? Sem noção péssima!! Chega ser cômico tanta idiotice numa trama kkkkkkkkkkk!! Muito ruim mesmo!! Não tem construção de nadaaaaaa! Sem fundamento nenhum!! Péssima!

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    1. Bem, vc veio até o capítulo 32 para comentar tudo isso? Meu bem, vc não é obrigada a ler, nem ganho nada postando aqui, faço porque gosto...também acho que vc não entende muito de literatura, de histórias...se não faz sentido para ti, não leia, querida, não é obrigada...

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  5. Ah!! Kkkkkkkkkkkkk! Tem gente perdendo o fôlego kkkkkkkkkkkkkkkkkkk!! Paraaaaaaaa kkkkkkkkkkkkkkk!!! Ainda tem leitoras que diz que essa é a melhor de todas kkkkkkkkkkkkkkkkk!!! Não!! Loucura isso.

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