A víbora do mar - Capítulo 29 - O duque e a tenente
--
Está maravilhosa, pirata! – Virgínia elogiou a sheika.
Samantha
vestia um vestido longo na cor preta. O modelo exclusivo apresentava uma fenda
lateral, quando a mulher andava expunha a meia que usava para cobrir as longas
e torneadas pernas.
Os
cabelos estavam presos no alto e alguns fios caiam por sua face de forma
elegante.
Fizera
uma discreta maquiagem, fazendo ainda mais bela.
--
Você não deveria estar pronta também? – Indagou curiosa ao ver a outra só de
roupão. – Miranda será sua companhia hoje, falou comigo ainda pouco e me
dispensou, mas isso não significa que não vá, apenas não sigo contigo agora.
--
Que pena, vou ter que aguentar os sermões da chefe o tempo todo, prefiro a sua
agradável companhia. – Seguiu até o bar, preparou um drinque, bebendo-o de uma
vez. – Acho que vou precisar de muitas dessas para aguentar essa longa semana.
--
Acho que está sendo dramática, não é para tanto, apenas relaxe e aproveite.
Ouviram
batidas na porta.
--
Bem, estou indo para sessão de tortura, não demore a aparecer.
O
salão principal do transatlântico estava lotado. Os lustres de cristais
enfeitavam o pomposo teto.
Os milionários pareciam interessados na
diversão.
A
banda tocava algumas baladas. Casais seguiam e dançavam ao som romântico.
Dentro de pouco tempo teria início o leilão.
Garçons
circulavam por toda área, estavam vestidos com formalidade, carregando bandejas
com as melhores bebidas para satisfazer o gosto refinado dos ricos.
Samantha
observava todos e parecia buscar por alguém.
Os olhares de todos sempre passeavam por sua
pessoa elegante em seus vestidos exclusivos e no seu jeito imperioso diante dos
presentes. Etérea, agia como se nada daquilo fosse importante para si,
rejeitando o que tantos ansiavam por ter. Observou o insistente que uma bela
mulher lhe dirigia, viu-a em outras ocasiões e em nenhuma delas se interessara
por sua beleza fútil.
–
Acredito que a Santorini não se juntará a nós essa noite. – Miranda disse ao
fitá-la.
A
Lacassangner não falou nada.
Estavam
ocupando a mesa com o príncipe Ralf e algumas figuras públicas. Todos pareciam
animados, enquanto ouvia um famoso tenor encantar a todos com sua voz.
–
O duque não embarcou, acho que enfrentou alguns problemas que o impedi-lo. – A
chefe do departamento continuava baixinho. – Andei fazendo algumas
investigações e acho que a tenente se deu mal por ter feito coisas que não
deveria fazer... – Piscou. – Só não sei se isso envolve as brincadeirinhas
perigosas que andaram praticando.
Os
olhos azuis estreitaram-se.
–
De que falas? – Samantha indagou aborrecida.
A chefe do departamento segurou a vontade rir
ao ver o olhar inquisidor e impaciente da filha do pirata. Aprendera a
conhece-la quando se tratava da Mel, era o único momento que ela perdia a serenidade
e a frieza.
–
Pelo que consegui captar, a Santorini fora detida porque o comandante tomou
conhecimento de algumas ações que ela estava proibida de fazer, por exemplo,
ela estivera fuçando o Víbora do mar… -- Bebericou um pouco. – Engraçado, pelo
que tive acesso, ela estivera no navio no mesmo dia que você esteve, até o
mesmo horário...—Parou pensativa. -- A Belinda me contou que você demorou para
retornar naquela noite e voltou com um vestido diferente... Coincidência ou se
encontraram lá?
O
maxilar enrijeceu. Mas não havia nenhuma demonstração externa que isso tinha
lhe descontrolado, mesmo que por dentro ela recordasse muito bem o encontro
daquele dia, de como pensara que conseguiria usar o corpo para seduzir a
tenente e assim sair ilesa, porém fora ela a mais abalada naquela cena, pois
seu desejo fora tão intenso que a única coisa que ansiara fora para ser tomada
pela herdeira do duque.
Umedeceu os lábios demoradamente, enquanto
via o olhar da outra sobre si em curiosidade.
Observou o apresentador subir no palco e
começar apresentar as atrações que seguiriam até a madrugada.
–
E como descobriram? – Indagou depois de alguns segundos. – Como conseguiram
descobrir tudo o que a petulantizinha estava aprontando?
–
Bem, Fernando tem inúmeros amigos nas forças armadas, é visto como uma grande
líder lá dentro, então não acho que seria difícil que ele chegasse a todas as
informações... Mas, eu acho que o detetive que a Mel contratou para fazer
investigações sabia de tudo isso, decerto, ela confiara no cara, ele então
contou ao Del Santorra.
Samantha
parecia ponderar.
Decerto fora isso que se passara e a tola
da militar não percebera que estava sendo vigiada.
– E o mais interessante dessa história é que tudo isso está sendo mantido em
total sigilo. Nem mesmo o almirante tem conhecimento sobre isso. – Comeu um
salgadinho. – Ela está sendo mantida detida, não tem contato com ninguém,
apenas faz uma rotina de prisioneira, mas como isso pode acontecer, sabemos que
mesmo no código militar todos têm o direito a defesa e não podem simplesmente
dizer que ela é culpada e já puni-la. – Suspirou. – Acho que ela também parece
preocupada em manter a honra da própria família intacta, afinal, seria um
escândalo se todos soubessem tudo isso... ainda mais que a recatada tenente
andou se deitando com a filha do homem que era visto como inimigo número um da
marinha.
A Lacassangner fez um gesto afirmativo com a cabeça.
Sim, a jovem Santorini não parecia
interessada em macular o prestigioso nome, então não parecia se importar em
sofrer retaliações escusas, aceitando tudo como se fosse algo natural, caso
fosse diferente, ela já teria conseguido mudar toda aquela história há tempos.
Não havia muita diferença entre a médica
e a sujeira que Fernando e Sir Arthur tentava esconder.
Contara
a Miranda sobre o encontro que teve com o duque, mas omitiu algumas partes da
desconcertante conversa. Sabia que ele falara sério quanto a não aceitar que
voltasse a se encontrar com a tenente, mesmo que insistisse que tudo fora uma
artimanha para descobrir fatos, então ela fora corajosa o suficiente para
contar ao pai sobre a aventura sexual que tinha tido?
–
Bem, o bom é que ela não fica buscando investigar nada, assim, não precisamos
lidar com sua curiosidade e intromissão. – Samantha disse por fim. – Até mesmo
é uma forma de ela ficar protegida... Odeio as infinitas perguntas! – Disse
demonstrando tédio.
A
Maldonado bebericou um pouco, enquanto encarava a bela mulher parada a sua
frente com aquele olhar impenetrável, como se nada mais uma vez a afetasse.
–
Pensei que se preocuparia com a militar, afinal…
–
Tenho a impressão que acha que só porque transei com a tenente tudo vai girar
em torno disso. – Exibiu um sorriso misterioso. – Querida, confesso que a
garotinha do papai, mesmo com aquela carinha de ingênua, é uma boa amante,
porém isso não muda minha opinião sobre quem ela é, nem me faz cair aos seus
pés como uma tola.
A chefe do departamento perscrutava-a.
–
Quer que eu seja sincera? – Miranda comeu mais um pastelzinho. – Eu acho que
você está apaixonada pela Mel, tenho certeza disso na verdade, não apenas acho,
porém você jamais vai admitir porque a tenente deve ter feito algo que te
machucou bastante…
Os
olhos azuis estreitaram-se ameaçadoramente, enquanto as bonitas maçãs do rosto
ficavam rubras.
–
Adoro essa música! – Miranda levantou-se. – Vou dançar!
Uma ala do grande navio fora transformada
em um ambiente de treino que serviria aos participantes da competição que
aconteceria em breve. Aquela área era exclusiva para os esgrimistas. Havia todo tipo de aparato para auxiliar no
treino, fora equipamentos típicos de uma academia, como objetos de musculação,
esteiras, bicicletas etc.
Havia um recepcionista que cuidava de tudo e
mantinha o ambiente em ordem.
Mel
estava lá, tinha chegado há pouco tempo. Um dos soldados a tinha acompanhado,
parecia que todos os seus passos seriam cuidados de perto. Ela não se
importava, não fazia diferença.
Quando chegara ao local, encontrara dois
conhecidos, eles também participariam da competição, porém agora o lugar estava
vazio, apenas ela treinava.
Sentia o suor correr por entre os seios,
enquanto usava a espada para enfrentar um inimigo imaginário.
--
Tenente, até que horas ficará aqui?
A militar não respondeu de imediato a
pergunta do soldado. Sabia que ele tinha sido escolhido a dedo para vigiá-la,
mesmo assim, não iria mostrar inferioridade, pois ela estava em um nível muito
maior que o dele.
Seguiu com os golpes, cuidando sempre do
psicológico, pois sabia muito bem como fora derrotada por Samantha no dia que
duelaram. A pirata usara de truques baixos para encurralá-la, mas o que se
esperaria dela, não devia conhecer a ética dos esgrimistas.
Deu alguns passos para frente.
Ela também estava naquele cruzeiro e tinha
ao lado outra mulher, não era mais a loira azeda que gostava de agir como
vagabunda. Sim, com certeza, aquelas eram agentes da Miranda, sim, por isso
sempre estavam ao lado da sheika, eram as seguranças, porém isso não a impedia
de terem algo...
Cessou os movimentos, enquanto tentava
afastar os pensamentos da cabeça.
--
Não sei até que horas ficarei, mas acho que ficou claro que tenho a permissão
para o treinamento, então, sinceramente, não desejo a sua presença aqui dentro,
pois não preciso de babá, diga isso ao seu superior, se ficarem agindo como
minha sombra, não participarei de nenhum campeonato. – Tomou um pouco de água.
– Coloque tudo isso no seu relatório e corra para que o comandante fique sabendo,
assim, veremos o que ele decidirá.
O soldado pareceu não gostar do tom que a
aristocrata usou, mas ele sabia que devia obediência a ela também.
-- Estou apenas cumprindo ordens!
-- Então cumpra as minhas agora mesmo e
depois venha me contar o que seu superior falou. – Jogou a espada no
acolchoado. – Por mim, retorno hoje mesmo, isso aqui não me interessa, porém se
ele deseja receber os aplausos e os frutos do meu trabalho, pelo menos que me
deixe à vontade.
O homem fez um gesto afirmativo com a
cabeça, depois saiu pisando duro.
A Santorini voltou a tomar um pouco de
água.
Odiava a pressão que estava passando e
não permitiria que agissem assim, pois já bastava ficar calada para não
prejudicar o pai e o avô, não iria aceitar ser tratada como uma fora da lei.
Deveria ter se negado a ir no cruzeiro,
mas se tivesse feito isso, levantaria suspeitas sobre o que estava acontecendo.
Ouviu
passos e não demorou para Cristina aparecer com seu vestido de festa e sua cara
de desânimo.
–
Tudo está um tédio, ainda mais porque você não está lá. – Colocou um pratinho
com alguns salgados. – Trouxe para ti.
A
Santorini fez um gesto afirmativo, mas não tocou na comida, voltando a se
exercitar.
–
Bem que encontrei uma bela mulher, mas acho que não é uma boa ideia, porque ela
é a nova amante da Samantha.
Mel
cessou os movimentos.
O
suor corria por sua face.
–
Cris, você está me desconcentrando.
–
Eu estou apenas desabafando contigo, parece que minha ex me rogou praga. –
Olhava tudo em volta. – Já colocou o soldado que estava te vigiando para
correr? – Indagou rindo. – Sabia que não aguentaria por muito tempo. – Seguiu
para a frente do espelho e começou arrumar os cabelos. – Fui abandonada pela
minha namorada... Como alguém abandona uma mulher linda como eu?
–
E agora decidiu se encantar com a amante da Víbora? – Bebeu um pouco de água. –
Você só pode estar louca, amiga, devia nem cogitar essa possibilidade.
–
E por que não? Ela é linda… – Suspirou. – Me apaixonaria rapidinho.
–
Está louca, só pode. – Deitou no colchonete e começou a fazer abdominais.
–
Mel, vamos para a festa, daqui a pouco vai começar o leilão, sei que gosta
muito disso. – Aproximou-se. – Sem falar que a pirata está lá, você não tem
ideia como ela está linda, quem sabe vocês não se acertam.
Depois de dez abdominais, fitou-a:
–
Não quero, nem mesmo queria estar aqui, você sabe muito bem disso, apenas participarei
do campeonato e depois seguiremos de volta. – Disse aborrecida. – Quanto à
Lacassangner, não tenho nenhum interesse em retomar nada com ela, não desejo
nem mesmo vê-la.
–
Não e não, vamos retornar com o navio, que o comandante morra, que se exploda,
ele já está agindo errado, não seja boba. – Puxou um banco para sentar. – Está
sendo tola em se submeter a tudo isso, precisa mostrar para ele que não pode
contigo...Será que Sir Arthur sabe do que está acontecendo? Eu não acho que ele
deixaria o duque agir dessa forma.
Mel pensou no avô.
Ele nem mesmo estivera lá quando tudo
aconteceu, nem mesmo sabia se ele estava ou não apoiando seu pai em tudo
aquilo.
–
Não estou sendo boba, estou apenas tentando ter um pouco de paz.
–
Paz? – Indagou perplexa. – Você tem medo de descobrir a verdade.
–
Eu já sei a verdade! – Disse levantando-se. – Apenas não sei como o meu pai e o
meu avô participaram de toda essa sujeira… – Arrumou os cabelos. – Quero saber
o que aconteceu com a minha mãe e só em pensar que as pessoas que mais amo
nesse mundo podem estar envolvidas nisso, me destrói totalmente. – Sentou-se. –
Cris, minha mãe foi assassinada e eu passei a minha vida acreditando que a
culpada fora a Víbora, mas agora isso está cada vez mais incoerente… – Bateu
com o punho sobre a mesa. – Agora eu preciso saber por que aqueles malditos
bandidos disseram que tudo fora ordenado pela pirata.
–
Então acredita que ela é inocente? – Indagou esperançosa.
–
Não sei, apenas tudo está muito incoerente e depois de…
–
Depois de quê? – Questionou curiosa.
A
Santorini não podia contar o que Miranda lhe entregara, nem tampouco o que lhe
contara, mesmo que confiasse na amiga, devia manter silêncio.
–
Volte para a festa, quero apenas continuar meu treinamento, pois se vou ficar
aqui, pelo menos que consiga me sair bem. – Seguiu até a máquina de musculação.
– Vá e fique de olho em tudo, depois me conta o que se passou nesse evento tão
pomposo.
A
fisioterapeuta olhava-a de forma interessada, mas conhecia bem a amiga e sabia
que ela já tinha encerrado a conversa, então o melhor seria retornar para a
festa.
Estava
sendo leiloado um vinho que fazia parte da coleção pessoal da família real. Era
tão antigo que todos cobiçavam possuir a iguaria. Os convidados pareciam
prontos para se matarem para adquirir o produto.
Samantha viu Cristina retornar, imaginando para onde ela teria seguido há pouco
tempo. A mulher não parecia interessada em nada do que se passava, talvez
estivesse mais entediada que a si mesma.
Contornando os presentes, seguiu até
onde estava a jovem.
A
fisioterapeuta estava encostada no balcão e tinha um copo de coquetel.
–
Não é algo comum vê-la nesses eventos sozinha sem sua a sua amiga.
Cristina
levou o copo aos lábios, bebendo um pouco.
Estava surpresa ao ver a mulher ali, não
imaginou que ela se aproximaria.
–
A Mel não quis comparecer, preferiu ficar treinando. Está muito interessada em
ganhar. Acho que você sabe disso nãoé?
A
pirata fez um gesto afirmativo com a cabeça, enquanto acompanhava os lances que
todos davam.
–
E falando nisso, vai devolver a espada?
Os olhos azuis encararam a outra com ar de
zombaria.
–
Eu a trouxe comigo, mas ainda não sei se devolverei, pensarei nisso depois.
–
Deveria devolver, deve isso a minha amiga.
–
Devo? – Cruzou os braços. – Pensei que você tivesse namorada, a tal jornalista
que vivia procurando fatos sobre a minha vida… mas parece que isso não te
importa muito, percebi que estava paquerando a Virgínia.
Cristina
sentiu a face corada.
–
Você tem tantas amantes, pensei que não se importaria em dividir essa. – Bebeu
mais um pouco. – Você deveria era ter vergonha, porque a Mel não merece essa
humilhação.
– Humilhei a petulantezinha? – Pegou o copo da mão da jovem, bebendo. –
Eu acho que você não conhece bem a história, senhorita, pois eu mesma posso lhe
dizer que a militarzinha só queria se aproveitar de mim
–
Se aproveitar? A Mel se aproveitar de ti? – Relanceou os olhos em tédio. – Você
não merece!
Samantha
exibiu um sorriso.
–
Diga-me, o que se passa com ela? Fiquei sabendo que o comandante não gostou de
algumas atitudes…
–
Como sabe disso? – Indagou perplexa.
–
Isso não importa, só quero saber o que realmente está acontecendo.
–
E por que eu contaria? Se pensarmos bem, você é a culpada por boa parte desses
problemas.
–
Bem, desejo saber para poder ajudá-la. – Passava o indicador pela borda do
copo. – Talvez eu possa tirá-la dessa sujeira toda.
–
Ajudá-la? – Indagou curiosa. – Por que não a pede em casamento? Eu acho que
vocês formam um casal perfeito! – Disse enamorada. – Por que não tenta se
resolver com ela? Imagina, Lacassangner, vocês duas juntas... Eu acho que seria
perfeito para o duque entender que não deve agir de forma tão cruel com a
própria filha.
-- Casar? – Questionou pensativa.
-- Sim, seria uma forma de protege-la,
porque eu acho que uma relação entre vocês duas colocaria em risco a segurança
dela.
Samantha nem mesmo cogitava a possibilidade
de voltar a tocar na Santorini, imagina ter algo tão sério, ainda mais depois
de tudo o que tinha ocorrido. Casamento com a filha do homem que a perseguira a
vida toda... Seria um castigo muito grande para os dois?
Miranda
aproximou-se.
–
Aqui está de presente! – Entregou-lhe o vinho. – Pode colocar em uma coleção
particular.
Mel
terminou o treino e já saia do centro de treinamento quando ouviu a porta abrir
e pensou se tratar mais uma vez da sua amiga, mas não era. A recepcionista já
tinha ido embora, então estava tudo deserto.
Observou
Samantha em seu vestido luxuoso. Parecia ainda mais bela naquela noite.
Fitou a expressão impassível, as pernas que apareciam quando se aproximava.
Ela
caminhava com aquele andar etéreo, cheia de si, com aquela cabeça erguida e
arrogante.
Sentiu o coração bater um pouco mais
acelerado, mesmo que não desejasse sentir, não conseguia evitar quando a via.
Como podia ser tão maravilhosa a filha do Serpente?
Lembrou
a última vez que a viu na ilha, quando estava totalmente despida e machucada,
porém agora parecia muito bem, não havia hematomas nos ombros nus nem na face
bonita.
Viu aproximar-se com aquele olhar
impassível.
-- Ora, ora... muito bem, tenente, deve
treinar para brilhar na competição. – Pegou a espada que estava sobre o banco.
– Porém, não acho que essa arma vá ser boa. – Completou com um sorriso.
Mel não respondeu, apenas olhava de um lado
para o outro para ver se o soldado tinha retornado. Sabia que o pai não
gostaria de saber daquele encontro e chegava a temer se ele faria algo contra a
víbora.
-- Sua adorável amiga me disse que deseja a
sua lâmina de volta.
A militar pensou em como a amiga tinha uma
língua grande.
-- Levando em conta que você agiu de forma a
me desconcentrar no dia que duelamos e só por isso ganhou de mim, acho que
deveria devolvê-la.
Samantha esboçou um sorriso.
Observava a camiseta preta de malha colada ao
corpo feminino pelo suor. Também não passou despercebido o short minúsculo e de
lycra que apertava as coxas bem feitas. Os cabelos estavam em desalinhos, mesmo
preso em um rabo de cavalo, alguns fios caiam por sua face que estava corada,
decerto, devido ao esforço dos exercícios. Mirou os lábios entreabertos, eram
cheios e suculentos. Observou o colo bem feito, depois voltou a encará-la.
--
Deixarei você competir com a espada, porém não significa que ela é sua.
Mel
cruzou os braços sobre os seios.
--
E por que toda essa bondade agora?
--
Bem, se eu chegar na final e você também, seremos nós duas a decidir quem é a
melhor.
Os
olhos dourados estreitaram-se.
--
Como assim? Ninguém me falou que você seria competidora.
--
Sim, eu sou, sou a participante do príncipe Ralf! – Falou com um sorriso
triunfante.
A
Santorini mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente.
Saberia
disso o comandante? Pior, saberia disso o duque?
Sabia
que o pai não tinha podido ir no Cruzeiro, pois ele fora chamado pelo
governador para seguir junto com a comitiva até uma base que seriai construída
para o controle da poluição ambiental.
--
Nada me fora dito!
--
Você é apenas uma competidora como qualquer outra, não acho que fosse preciso
um aviso oficial... – Aproximou-se um pouco mais. – Só se precise de permissão
para que tenhamos algum tipo de proximidade... Não me diga que o Del Santorra
ou Sir Arthur não tenham te dado a bênção para que chegue novamente perto de
mim.
--
Não preciso de bênção para isso! – Respondeu chateada.
--
Diga-me, militar, como teve a coragem de contar ao seu pai e ao seu avô sobre o
que tinha acontecido entre a gente? Contou a eles que tinha transado comigo?
Disse todos os detalhes? Falou que bati nessa sua carinha linda?
O
maxilar da médica enrijeceu.
Voltou
a olhar tudo ao redor, sabendo que deveria manter a tranquilidade e não
responder como desejava.
--
De que falas?
--
Tive um encontro com seu querido papai, ele deixou bem claro que não gostou dos
métodos que você usou para conseguir me destruir, disse que reprovava e por
essa razão já tinha te proibido de voltar a fazer isso.
Era
possível ver a expressão da Santorini empalidecer.
Fernando
era uma raposa esperta, ele agia de forma cuidadosa e manipulável.
--
Então, você acreditou que eu gritei para os quatro ventos que me deitei
contigo! – Falou em tom mais alto. – Será que eu contei também a forma como me
tratou na piscina? – Indagou com um arquear de sobrancelha.
--
Não sei o grau de intimidade que há entre vocês, eu mesma não contaria, porém,
você pode ter achado interessante falar.
– Pelo que vejo anda tendo muita
intimidade com o meu pai.
–
Seu pai ainda conserva alguns desejos por mim, isso você deve saber, eu mal
contava quinze anos e ele já pensara que poderia me usar para substituir a
Iraçabeth. – Falava serenamente. – Mas antes ele dizia que me queria como uma
puta… só que como agora sou uma Sheika, ele subiu a proposta, quer que eu seja
sua madrasta. – Esboçou um sorriso. – Essas famílias tradicionais estão cada
vez piores... Um homem que mal casou, já pensa em divórcio... A filha usou o
corpo para seduzir a inimiga... ai, ai, ai...
Os olhos dourados escureceram de forma que nem se via mais a cor tão
hipnotizante.
A
Santorini sentia asco só em imaginar que a pirata poderia ter algo com o
próprio genitor, sentia-se nauseada com essa ideia.
–
Agora me diga se você contou ao duque sobre o que houve entre a gente? Só falta
me dizer que o que ele contou é verdade. – Samantha exigiu aborrecida.
Mel
decidiu não responder, apenas tentou passar, mas foi detida pelo braço e antes
que pudesse falar algo, foi praticamente arrastada para uma área no interior do
ginásio que não tinha iluminação. A herdeira do Del Santorra já abria a boca
para protestar, mas seus lábios foram cobertos por uma mão forte. Sentia o
corpo totalmente colado ao da pirata, tendo-a moldado em suas costas,
prendendo-a por trás.
–
O soldado que está te vigiando acabou de entrar, não sei se seria algo bom ele
contar ao seu superior que nos viu aqui. – Sussurrou em seu ouvido. – Fique
quieta.
A
militar sabia que se tivesse sido vista teria sérios problemas, porém talvez
fosse melhor que estar naquela posição.
O braço da víbora roçou próximo aos seus
seios e isso foi suficiente para senti-los se empinar contra o sutiã de forma
dolorosa.
Samantha observava o homem que parecia
buscar pela tenente.
Cristina tinha falado sobre a vigilância
que a médica estava passando.
De repente, percebia que tinha tão próxima
de si a mulher que penetrara em sua armadura e depois a rejeitara.
Sentia a pele delicada sob os dedos, o
tecido da roupa de treino molhado de suor. Sentia o cheiro gostoso dos
cabelos... As nádegas redondas e rígidas contra seu quadril.
Incomodada,
soltou-a, dando alguns passos para trás, depois a viu lhe encarar.
–
Eu não falei nada sobre o que tinha acontecido para o meu pai nem para o vovô,
porém de acordo com eles, Ester falara todo o ocorrido e que você mesma dissera
tudo a sua amante. – A Santorini disse baixinho. – Nada saíra da minha boca!
Samantha
ficou de frente para ela, encostando-a na parede. Mal conseguiam enxergar na
escuridão.
–
E você acreditou como uma tola que é!
–
Você também acreditou que eu tinha falado pro meu pai o que tinha acontecido.
–
Porque o seu pai disse exatamente o que você jogou na minha cara, que tinha ido
para cama comigo para me usar, então é estranho não é?
–
Não tenho culpa se meu pai sabe como te atingir. – Retrucou altiva.
–
Me atingir? – Colou-se mais a ela. – Acha que fiquei doída? Acho que já te dei
uma lição não é mesmo?
Mesmo com a penumbra podia sentir que ela ficara corada.
–
Vou emprestar a espada, mas só será novamente sua se vencer a final.
–
Imagino que você é arrogante a ponto de acreditar que será você a minha
oponente. – Desdenhou.
–
Sim, acredito! – Afastou-se alguns centímetros.
–
E quanto ao meu pai? Só falta me dizer que deseja ser sua esposa. – Indagou
tentando controlar a raiva. – Era o que realmente faltava.
–
Bem, se eu fosse a sua madrasta, você apanharia todos os dias… sentaria e te
deitaria sobre minhas pernas, tá baixaria as calças e encheria de palmadas… –
Arrumou os cabelos. – Tenha uma boa noite, tenente!
Mel
a viu olhar para a direção oposta e seguiu pela outra saída para não ter que
encontrar com o soldado.
Respirou
fundo e sentiu o cheiro da Sheika invadir suas narinas.
Sentiu
um arrepio percorrer todo o corpo, como se fosse uma maldição que a acompanhava
há tantos anos.
Só
em pensar que o pai chegara perto daquela mulher, seu sangue fervia. Como podia
cogitar a possibilidade de tê-la como esposa depois de tudo que tinha passado,
depois de tudo que tinha feito contra ela e contra o pirata?
Continuou
parada no mesmo lugar, enquanto sentia a mente sobrecarregada de temores e a
pele queimando de desejo.
Por
que ansiava tanto por senti-la?
Perdera
as contas de quantas vezes perdera o sono mergulhada em suas lembranças, de
como várias vezes tinha devaneios como se estivesse a ter os lábios tocados por
ela.
Na
manhã seguinte fora oferecido coquetéis nas três piscinas que tinha no navio. O
dia estava ensolarado e convidativo para os convidados, mesmo assim, nem todos
pareceram interessados, talvez por terem ido dormir já ao amanhecer, deveriam
ainda estar descansando para os eventos noturnos.
--
Nem acredito que me fez levantar tão cedo para te acompanhar! – Cristina
reclamava.
As
duas estavam ocupando espreguiçadeiras.
A
Santorini tomava uma água de coco, enquanto a amiga pedira um café forte.
--
Se o comandante descobrir que você tomou um porre ontem, vai ser punida.
--
Eu não estou em serviço, sabe muito bem disso! – Virou a cabeça para fita-la. –
E não bebi tanto assim, apenas algumas taças, nada que pudesse fazer mal.
Mel
fez um gesto afirmativo com a cabeça.
Decidira
deixar o quarto, não estava proibida, porém havia algumas ações que se fizesse
seria reportada ao superior.
Apesar
da pressão, conseguira ter uma boa noite de sono, mesmo após o encontro com a
pirata. Não podia permitir que aquela mulher lhe atingisse com tanta
facilidade, como ocorrera tantas vezes.
Sugou
um pouco o canudo, sentindo a líquido doce.
Agora
tinha certeza de que o pai jogaria todas as fichas para conseguir o que tanto
ansiava, mas o que ela iria fazer para impedi-lo? Não acreditava que a
Lacassangner pudesse se interessar pelo duque, não depois de tudo o que ela fizera
contra o Serpente, porém Fernando era muito inteligente, poderia usar de
artimanhas para obriga-la.
Cerrou
os dentes fortemente.
Não
permitiria que ele nem o avô fizesse mais nada contra a Samantha!
--
Está me ouvindo?
A
voz insistente da fisioterapeuta a tirou dos seus pensamentos.
--
O que houve? Te contei o maior babado da festa e você parece que nem me ouviu.
– Queixou-se.
--
Estava pensando em outras coisas... – Retirou os óculos escuros, limpando as
lentes no tecido fino da saída de praia, depois os recolocou. – O que houve?
Cristina
a olhou por alguns segundos, parecia analisa-la, só então voltou a falar.
-- Ontem a filha do banqueiro, aquele que é amigo do seu
pai, Antônio Junquelite...
-- Sim, sei quem é, mas o que houve? – Indagou sem muito
interesse voltando a tomar a água de coco.
-- Você a conhece não é? Toda arrogante e cheia de si,
parece que andou querendo seduzir a pirata e levou um fora... Ficou uma fera!
-- Levou um fora? – Questionou interessada. – Por quê? A
Isadora é muito bonita e sensual.
-- Sim, eu sei, porém a Víbora parece não estar
interessada em ninguém... Eu tenho a impressão que nem com a própria amante ela
se interessa.
A Santorini umedeceu os lábios demoradamente.
Não queria pensar em Samantha dessa forma, queria apenas
se concentrar em toda a história de forma objetiva, sem envolver seus
sentimentos.
-- Mas me fale se conseguiu ficar com alguém ontem? –
Indagou mudando de assunto.
-- Não, apenas fiquei lá acompanhando as apresentações,
depois vi a Virgínia, amante da sheika, sozinha e fui lá conversar um pouco.
-- Você é louca em estar atrás da amante da Lacassangner!
-- Bem, que eu saiba a pirata foi atrás de ti ontem,
então não parecia se importar com a bela morena. – Sentou-se de frente para a
amiga. – Trocaram salivas?
Mel relanceou os olhos por baixo das lentes.
-- Por favor, Cris, sabe que não tenho nada com aquela
mulher.
-- Porque não quer, ficaram já e sei que se você cedesse,
a pirata cairia aos seus pés.
A militar meneou a cabeça, mas não protestou, pois viu quando
a filha do Serpente apareceu de mãos dadas com a amante.
Soltou um suspiro ao vê-la em seu biquini branco e
agradeceu aos céus por ela estar usando a saída de praia, pois só em pensar que
todos a olhariam, sentia-se enciumada.
Observou-a ser cumprimentada por algumas autoridades, mas
não pareceu se demorar, seguindo até uma mesa que ficava do outro lado da
piscina, porém de frente para si.
Então foi naquele momento que o olhar arrogante se
dirigiu a sua pessoa. Não pôde ver os olhos azuis, pois usava seus preciosos
óculos de aviador espelhados.
-- Ora, ora quem apareceu! – Cristina disse entusiasmada.
Mel não respondeu, apenas se levantou, deixou o coco
sobre a espreguiçadeira, tirou o tecido de seda que cobria a parte de baixo do
traje de banho, depois mergulhou na piscina.
Samantha tinha aceitado o convite de Virgínia de ir até a
piscina. Combinara de encontrar a Miranda e o príncipe Ralf lá.
Fora parada por alguns bajuladores até poder se acomodar
em uma mesa, porém seu sossego fora tirado assim que viu quem estava naquele
lugar.
Sentiu o corpo reagir ao ver a filha do duque, ainda mais
quando a viu levantar e entrar na água.
Como podia ser tão linda a tenente?
Sim, desejava-a tanto que era como se algo lhe turvasse
os pensamentos, apenas fazendo-a ansiar por tocá-la, por senti-la um milhão de
vezes.
Retirou os óculos.
Virgínia lhe entregou a limonada, enquanto a observava
com cuidado.
-- Tudo bem, sheika? – Indagou preocupada. – Está um
pouco pálida.
-- Acho que estou com sono, acordei muito cedo. – Disse,
enquanto bebia um pouco do líquido.
-- Viu a Santorini?
Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça.
-- A Miranda falou que o duque está a caminho! – A agente
falou temerosa. – Sabemos que ele não deixaria que ficasse nesse lugar sozinha
com a filha dele, decerto, inventou algo para se livrar dos compromissos.
Sim, Samantha achara estranho ele não estar ali.
-- Deve evitar ficar a sós com ele!
-- Bem, eu não anseio nem por estar em uma multidão com
aquele homem, porém o Del Santorra poderia ser útil se conseguíssemos fazê-lo
falar.
-- A Maldonado já disse que isso está fora de cogitação!
– Virgínia frisou. – Então, faça o que ela disse, não deve confiar em nada que
aquele homem fala.
A Lacassanger tamborilava os dedos na mesa, depois
levantou-se.
-- Vou dar um mergulho, quem sabe não passa o sono.
–Livrou-se da saída.
Samantha seguiu pela escada que dava acesso à água, viu a
militar nadar de um lado para o outro. Não havia muita gente ali, poucas pessoas
pareciam interessadas em aproveitar a manhã de sol.
Sentiu o líquido frio, depois mergulhou.
Realmente não tivera uma boa noite de sono, pois passara
horas pensando no que Fernando tinha dito sobre o pai ter sido traído. Sabia
que o Serpente tinha sido morto de forma covarde, mas nunca ficara sabendo que
alguém o tinha levado para a emboscada. Talvez devesse contar a Miranda, ela
poderia saber de algo que a ajudasse a saber quem causara tudo aquilo.
Submergiu e viu a militar bem perto de si. Os olhos
dourados abriram-se em surpresa. Ela já se afastava, mas a Lacassangner a
deteve pelo braço.
-- Não me toque! – Mel falou baixo por entre os dentes,
enquanto buscava o soldado.
-- Acalme-se, tenente, apenas desejo lhe falar.
-- E eu não desejo que fale comigo!
-- Só queria saber se você foi informado que o seu papai
vai embarcar no cruzeiro.
-- O quê? – Questionou perplexa.
-- Sim, acho que vem de helicóptero.
-- Quem te falou isso?
-- Isso não importa, apenas fiquei sabendo... – Esboçou
um sorriso. – Então você já sabe, cuidado para não ser ainda mais castigada por
fazer algo que seu querido pai condena.
-- Agradeço a preocupação! – Tentou se livrar do toque,
mas não foi possível. – Solte-me! – Exigiu baixinho.
-- O duque falou com o comandante para te manter longe de
mim, ele contou o que houve entre nós ao seu superior? – Indagou horrorizada.
Mel fez um gesto negativo com a cabeça.
-- Não, não acredito que possa ter ido tão longe, porém o
que sei é que estou proibida até mesmo de falar contigo.
-- De que o Del Santorra tem medo? – Chegou mais perto. –
Será que ele teme que você tenha gostado da experiência sexual que teve comigo
e queira mais vezes?
A militar ficou corada diante da ousadia.
-- Sua arrogância é tediosa, pirata! – Mel disse depois
de alguns segundos.
-- Imagino que seja! – Fitou o decote que ela usava. – Vá
buscar a espada na minha cabine, hoje você já tem que se apresentar.
-- Pedirei a Cristina para fazer isso!
A Lacassangner fez um gesto negativo com a cabeça.
-- Apenas entregarei a você, então veja como se livra do
seu soldado e do seu pai para ir buscar sua preciosa arma.
-- Não irei!
-- Sem problemas, apenas se conforme em perder no seu
primeiro confronto... Uma pena!
Antes que Mel pudesse dizer algo, viu a mulher partir
para longe, retornando à mesa.
Não estava acreditando que o pai estaria no cruzeiro
também e estava certo que não levaria a esposa.
Iria confrontá-lo, desde que fora punida, ansiava por
vê-lo, buscando se agarrar ainda a ilusão de que nada daquilo que ficara
sabendo sobre o duque era real.
Passava das catorze horas quando o duque embarcou no
cruzeiro. Tinha conseguido resolver seus problemas de forma antecipada e por
isso seguiu para o transatlântico. Foi recebido com euforia pelos amigos,
depois seguiu até a cabine onde sabia que estava a filha.
Bateu à porta e a encontrou pronta para sair.
Os olhos de ambos se fitaram demoradamente.
-- Não vi felicidade ao me ver! – Disse, entrando. – Bem,
isso não importa, vim apenas para ver como está, afinal, hoje começa o
campeonato beneficente. – Entrou observando tudo ao redor. – O comandante me
falou sobre suas transgressões. Nem preciso dizer que fiquei envergonhado. –
Sentou-se cruzando as pernas. – Espero que esteja seguindo as ordens dos seus
superiores.
-- Foi o senhor que contou a ele, pediu para que me
punisse! – Falou irritada. – Por que fez isso?
Ele a fitou.
-- Eu te disse para que se mantivesse longe da Víbora,
falei para casar com o seu noivo, mas me desafiou, desobedeceu-me!
-- Mentira! – Falou por entre os dentes. – Fez tudo isso
porque está com raiva pelo que sabe que aconteceu entre a pirata e a minha
pessoa.
Ele se levantou, segurando-a pelos ombros, empurrou-a
forte contra a porta.
-- Continua me desafiando, contina agindo como uma
petulante e sabe bem que odeio quando faz isso.
-- O senhor a quer, meu pai, como pode querer a pirata,
ela jamais ficará com o senhor! – Gritava. – Está obcecado. – Conseguiu
afastar-se. – Deseja repetir o mesmo que houve com a Iraçabeth? Vai ser
desprezado do mesmo jeito.
Fernando levantou a mão e só não a esbofeteou porque a
militar conseguiu desviar da investida.
Cristina olhava a cena boquiaberta, mas ninguém a tinha
visto.
-- Já está avisada, Mel, não ouse agir de forma a me
desafiar.
-- O senhor está louco, precisa de ajuda! – Dizia em
lágrimas. – Afaste-se da Samantha, não permitirei que a machuque!
-- Está apaixonada por uma mulher! – Berrava o
aristocrata. – Vai desgraçar a sua vida pela pirata que matou a sua mãe.
-- Ela não a matou! – Rosnou. – Eu sei que ela não o fez.
-- Idiota! – Voltou a partir para cima dela. – Afaste-se
da Víbora!
Mel voltou a desvencilhar.
Não reconhecia o homem que estava ali, não parecia o
ilustre duque que sempre mostrada cordialidade e gentileza.
-- Está avisada, aproxime-se dela e vai pagar ainda mais
caro por isso!
Fernando deixou a cabine.
A tenente sentia o coração bater acelerado, enquanto
tentava controlar a respiração.
Viu a amiga parada na porta.
-- Não fale nada, preciso ir a um lugar, espere-me no
lugar onde será o primeiro confronto.
A fisioterapeuta apenas fez um gesto afirmativo com a
cabeça.
Samantha tinha acabado de tomar banho, almoçara junto com
a Miranda e o príncipe, depois retornara para a cabine.
Vestiu o roupão, então ouviu batidas na porta, seguindo
até lá para abrir.
Viu a Santorini parada lá, olhando-a, parecia assustada.
Antes que a Lacassangner falasse algo, entrou.
A pirata viu que ela usava o traje de esgrimista e trazia
o capacete nas mãos.
-- Pensei que não viesse buscar a espada.
-- Não estou aqui por isso, estou aqui porque o meu pai
foi falar comigo. – Dizia agoniada.
-- Mas eu te disse que ele estava vindo, não estou
surpresa quanto a isso. – Falou tranquilamente.
-- Não teme o meu pai? – Indagou impaciente. – Sabe que
ele está obcecado por ti, que vai fazer tudo para tentar conseguir seu
objetivo, eu o conheço, sei que não vai desistir, fará o mesmo que fez com a
Iraçabeth.
Samantha sentou-se na poltrona, enquanto a olhava.
-- E por que isso é tão importante, por que se importa
com isso?
-- Ele falou para que me afaste de ti, exigiu mais uma
vez isso.
Samantha levantou-se e foi até ela, segurando-a pelos
ombros.
-- E por que o poderoso duque se importa tanto com nossa
proximidade? Afinal, conte para ele que apenas quis me usar na sua luta
doentia.
A militar prendeu o fôlego, depois fitou os olhos azuis,
por fim disse:
-- Porque ele sabe que estou apaixonada por ti! – esbravejou
furiosa.
Por favor, me diz que amanhã vai ter capítulo? Não podes soltar uma bomba dessas e sumir, autora do meu coração.
ResponderExcluirE como faz com a ansiedade de esperar a continuação dessa conversa?
ResponderExcluirPelo amor de God, volte aqui! kkkkkk essa declaração era o que faltava para uni-las, será? Não é possível, agora vai! 🥰Queremos momentos de love entre elas. 😍
ResponderExcluirBjss Geh
QUANDO SAI O PRÓXIMO CAPÍTULO? SABIA AUTORA,QUE ANSIEDADE MATA?
ResponderExcluirESSAS DUAS SO TERÃO PAZ QUANDO ESSES DOIS NOJENTOS MORREREM. MAS PERTO DA SAM TEM UM TRAÍRA,POIS TUDO ESSE SEBOSO DO DUQUE SABE
Mulher, mata a gente de curiosidade não. Volte.
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