Capítulo 23 -- O porre


            A noite estava com um clima agradável. Mesmo que não houvesse chuva, não estava quente. O vento noturno sacudia os galhos das árvores, causando um barulho característico.

            As patas do cavalo montado por Samantha pareciam voar pela estrada escura. O animal conhecia o caminho feito por sua dona quase que diariamente. Seguia a observar cada detalhe com atenção, como se estivesse atento a qualquer ameaça.

            Aquelas voltas estavam tornando-se rotineiras. Desde que retornara para a fazenda, fazia-as com frequência, sentia-se relaxar e só depois disso conseguia dormir um pouco.

 Viu ao longe chamas.

Apeou o animal que levantou as patas dianteiras, mas não derrubara sua amazona que permanecia firme em sua sela.

O que se passava? Alguém teria incendiado propositalmente? Se assim o fosse, decerto seria acusada.

Pensou em ir até lá, mas fazia parte das terras do Santorini e não desejava arrumar problemas. Seu foco era apenas descobrir toda a verdade e fazer Sir Arthur e o duque pagarem por tudo o que fizeram, se havia mais alguém metido em toda aquela história, também seria levado à justiça, independente de quem fosse.

Observava tudo ao redor. Estava deserto. Não havia sinais de carros, nem motos.

            Lembrou-se de Ester falando sobre a tenente, acusando-a abertamente de ter causado o incêndio em seu estábulo. Não acreditava que ela pudesse agir assim. Era bastante impetuosa para fazer algo às escusas. Gostava de enfrenta-la, não tinha os mesmos costumes do pai que era traiçoeiro, porém não podia afirmar isso com tanta convicção, não a conhecia tão bem e já errara uma vez quando confiara na Bragança.

            Puxou as rédeas do animal, seguindo de volta para a fazenda.

            Sentia os cabelos serem desalinhados, a sensação de liberdade lhe enchia o peito. Viu ao longe as luzes que iluminavam a casa grande. Ouvia o som noturno enchendo o espaço. O pio da coruja parecia mais alto, mesclando a outros pássaros noturnos.

            Passou pela porteira, cumprimentou os seguranças, depois parou diante da casa grande, desmontando.

 Com certeza, todos já tinham ido se recolher, nenhum dos seus empregados pudera participar da comemoração da padroeira que ocorria naquele ano, devido ao vínculo que tinham consigo.

            Acariciou a crina do animal, depois lhe entregou uma cenoura.

            Às vezes ficava a pensar o que viria depois de todos saberem toda a história sórdida que Sir Arthur escondera durante tantos anos. Verdadeiramente, nunca se importara em desmascará-lo, porém quando surgira a hipótese de que não apenas ele, mas também o duque poderiam estar envolvidos na morte da sua esposa, a situação tornava-se totalmente diferente, pois se assim o fosse, moveria céus e terras para fazê-los pagar, mesmo que no final de toda aquela história lhe restasse apenas o vazio que já aprendera a conviver.

            Já pensava em levar o garanhão para o estábulo quando ouviu cascos de outro animal. Já pensava tratar-se de uma nova ameaça, pondo-se em alerta.

            Virou-se para a direção da entrada e viu quando outro cavalo adentrava suas terras sem nem mesmo deixar que os seguranças reagissem.

            Estreitou os olhos e prendeu o fôlego ao ver de quem se tratava.

            Há dias não a via e isso era bom para sua sanidade mental.

            Os cabelos mesclados entre tons claros faziam-na lembrar uma ninfa marítima pronta para seduzir a todos os mortais. Havia um sorriso de triunfo a brincar em sua face e um desafio em seu olhar.

            Os homens vieram ao encalço da invasora, enquanto ela agia impetuosamente, agindo como se não os temessem.

            A Lacassangner observava curiosamente a chegada da militar. Cruzou os braços sobre os seios. Sabia que aquela era a hora de exercitar seu controle que nunca a abandonara até encontrar aquela mulher.

            -- Quero falar contigo, Víbora! – Mel disse em voz alta sem descer do cavalo. – Quero falar contigo agora! – Ordenou.

            A filha de Fernando levantou a cabeça de maneira orgulhosa, empertigando-se.

            Observava os trajes de montaria que a pirata usava. A calça preta de tecido que moldava os quadris bonitos, a blusa de botões e mangas longas, branca, botas de couro preta. Os cabelos estavam soltos, a face corada a lhe encarar. Estava ainda mais linda que da última vez que a viu... Sentiu um incômodo entre as pernas ao se recordar do último encontro.

            Sacudiu a cabeça, parecia querer espantar os fantasmas.

            Sentia o sangue ferver ao vê-la, mas também era envenenada pela raiva quando pensava que ela vivia nos braços da Bragança.

            Pensou em Ester a lhe provocar e em como se sentira satisfeita em esbofeteá-la.

            Segurava as rédeas firmemente, pois o cavalo parecia agoniado.

            Não sabia por que estava ali, mas também aquele não era o momento para ponderar sobre suas razões. Observou tudo ao redor. O lugar parecia mais bonito e cuidado.

            -- Vamos tirá-la daqui, senhora, não conseguimos detê-la! – Um dos homens apressou-se em se justificar. – Passou como um raio... – Reclamava já se preparando para retirar a possível ameaça de perto da sheika.

            -- Não tocarão em mim porque desejo falar com a sua senhora! – Enfatizou a última palavra. – Veja, estou sendo respeitosa. – Riu alto. – Senhora Víbora, pode me dá um pouco do seu tempo, precisamos conversar... Quero uma audiência com vossa majestade...

            A Lacassangner olhava para a jovem sobre o cavalo e parecia estranhar seu comportamento. A Santorini não era tão espontânea, agia sempre com muita seriedade e agora se mostrava cheia de gracejos. Sentiu-se curiosa, mas não a queria em suas terras, não a queria perto de si.

            -- Tirem-na daqui, não tenho tempo para perder. – Rodou nos calcanhares e já se afastava.

            Mel desmontou em frações de segundo e mais uma vez conseguindo driblar os seguranças, chegou até a morena, segurando-a pelo braço, fazendo-a voltar para si. Sentiu uma tontura, mas logo conseguiu se recuperar.

            Os homens olhavam a cena atônitos e exasperados.

            -- Quero falar contigo e não sairei daqui sem fazer. – Esbravejou. – Você vai me ouvir, nem que eu tenha que te algemar mais uma vez... – Provocou-a. – Ou te amarro de cordas...

            Samantha a fitou, estavam tão próximas que conseguia sentir a respiração, o aroma do perfume e também um cheiro peculiar... Álcool?

            A perfeita neta de Sir Arthur estava embriagada?

            Observou a pele rosada. Os cabelos desfeitos, o vestido... As botas... Sentiu o corpo reagir, desejoso por algo que não deveria ansiar, mesmo assim ansiava. Fitou o decote feminino, recordou-se de como eram macios os seios da inimiga, de como reagiam tão prontamente ao seu estímulo...

            -- O que está acontecendo?

            A voz do companheiro de aventura lhe tirou dos seus delírios e agradeceu aos céus por isso.

            Eliah questionou dos degraus da casa. Olhava impressionado para as duas mulheres.

            Sabia que não era uma combinação pacífica aquela e temia os confrontos explosivos.

            -- Oi, amigo, como vai? – Mel cumprimentou acenando com a mão. – Boa noite, espero que esteja bem... Gostou do sorvete que tomamos? – Indagava em voz alta. – Vamos marcar outro momento...

            O idoso esboçou um sorriso, parecia confuso com a forma da jovem se comportar. Olhava-a e parecia não a reconhecer. Ela não era de ser tão amigável...

            -- Quero falar contigo, pirata, podemos ou está com medo de mim? – Voltou a se dirigir à Lacassangner. – Ora...Ora... – Vociferava. – Vejam, a autoproclamada rainha do mar está tremendo de medo de mim...

            Os guarda-costas pareciam curiosos, mesmo sabendo que já deveriam ter feito o trabalho que foram bem pagos para desempenhar, apenas viam tudo com crescente atenção.

            Os azuis estreitaram-se ameaçadoramente.

            -- Volte para a sua casa, para sua festinha! – Olhou de cima a baixo. – Não vou falar contigo nesse estado. – Falava baixo para não chamar mais atenção. – Vá embora daqui.

            -- Que estado? – Indagou arqueando a sobrancelha. – Estou ótima! – O tom de voz aumentou novamente. – Estou maravilhosa, desde que você voltou eu vivo mergulhada em um mar de felicidades... – Ironizava. – Inferno e infernos!

            -- Está bêbada! – Exclamou impaciente. – Está tão bêbada que me admiro que consiga se manter de pé.

            Provocativa, a jovem fez o famoso “quatro”.

            -- Quero conversar contigo e não vou embora! – Bradou. – Quero falar contigo e não sairei daqui sem fazer. – Fitava os presentes. – Mande seus capangas irem dormir, afinal, está tarde... – Olhava os brutamontes. – Precisa mesmo desses seguranças? Estou desarmada, pode me revistar...se quiser...

            Samantha cerrou os dentes, respirando fundo. Deu alguns passos para frente. Sabia que se a Santorini continuasse a berrar não demoraria para chamar a atenção de todos os empregados que deveriam estar dormindo uma hora daquelas. Detestava mexericos e ainda mais quando envolvia sua relação com a birrenta herdeira do Del Santorra.

            -- Podem voltar ao trabalho de vocês, eu resolverei com a tenente. – Encarou o pirata. – Pode ir dormir, vou ver o que a senhorita deseja e depois entrarei para que possamos conversar.

            Eliah relutou, porém diante do olhar firme da filha do Serpente fez o que fora dito, mas permaneceu parado pelo lado de dentro, pensando que poderia ser útil sua ajuda em algum momento. Espiava tudo pela fresta da cortina.

            As duas inimigas voltaram a ficar sozinhas. Olhavam-se, mediam-se de cima abaixo.

            -- Diga logo o que você quer, está tarde e desejo descansar. – A morena disse grosseiramente. – Fale logo o que a trouxe aqui ou não responderei por minhas ações!

            -- Meu cavalo, meu cavalo me trouxe aqui! – Gracejou, porém diante do olhar irado, disse: -- Havia fogo no meu canavial...

            -- E veio me acusar?

            -- Sua amante disse que tem interesse em meus produtos para a sua usina... Saiba que jamais farei negócios contigo! – Apontou-lhe o indicador. – Deita-se com a Ester depois de tudo o que te fez... É uma burra, estúpida, idiota...Como pode descer tão baixo? Deitar-se com a mulher que te entregou para teu inimigo... Você ardia em febre e ela estava no altar com outro!

            Samantha mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente. Contava internamente até dez...quinze...vinte...

            -- Age como uma vagabunda! – Acusava-a. – Quer que te chame de senhora, porém que tipo de senhora age assim hein, não consegue ver um par de pernas femininas sem viçar como uma cadela?

            A herdeira do Serpente fechava a mão ao lado do corpo, enquanto encarava os olhos dourados.

            -- Que diabos você bebeu? – Questionou baixo e tentando manter o controle.—Encheu a cara e veio aqui me tirar do sério?

            -- Bebi? – Indagou mais alto. – Não é da sua conta, pirata! – Apertou mais o braço da filha de Iraçabeth. – Você não é uma sheika, é uma mulher perdida!

            A Lacassangner desvencilhou-se do toque e quase viu a Santorini cair de tão bêbada que estava. Apressou-se em segurá-la pelo cotovelo evitando uma queda.

            -- Vou te levar para casa agora mesmo, quem sabe não leva uma boa surra do teu pai para deixar de ser birrenta! – Disse um pouco alterada.

            -- Não, você não vai, não me manda, não tem poder sobre mim! – Virou a cabeça. – Não entende que a Ester vai te trair mais uma vez, que ela está armando novamente para ti? É tão burra que não percebe!

            -- Olha, militarzinha, saia daqui agora mesmo ou te encherei de tapas.

            -- Bate se você tem coragem! – Desafiou-a. – Quero te ver bater, Víbora do mar!

            A pirata a apertou ainda mais fortemente. Uma coisa era suportar as acusações da mocinha quando estava em seu juízo perfeito, outra era suportá-la naquele estado irritadiço.

            -- Vai, bate, fora da lei! – Dizia. – Filha de bandido...

            -- Você também é filha de um bandido...

            Mel conseguiu soltar-se e depois de tantas tentativas fracassadas, daquela vez obtivera sucesso em estampar os cinco dedos na face da morena. Fazendo-o com tanta força que sentira o impacto em si mesma.

            A Lacassangner enrijeceu o maxilar, cerrando os dentes fortemente, sentia o rosto queimar.

            Nunca em sua vida levara um tapa para não revidar. Todos sabiam disso quando ela vivia a navegar o oceano, fazia parte do seu código de Víbora soberana, porém agora se rebatesse, não ficaria satisfeita com apenas uma, seria capaz de coloca-la em um tronco e açoitar suas nádegas até ouvi-la suplicar por perdão.

            A filha do duque sabia que tinha ido longe o bastante, mesmo assim permanecia lá, parada, observando os olhos azuis escurecerem. Já abria a boca para justificar o ato, quando a ouviu falar por entre os dentes.

            -- Sabe de uma coisa, tenho algo que vai te fazer melhorar rapidinho. – Segurou-a pelo braço. – E depois que tiver sóbria acertaremos as contas.

            Samantha saiu praticamente arrastando a jovem militar pelos degraus até a porta de entrada. Mel esbravejava e tentava livrar-se, mas era algo praticamente inútil de se fazer, pois seu estado não era um dos melhores, mesmo que se negasse a admitir.

            Pedia para que a soltasse, dizia que só desejava conversar, mas suas palavras não pareciam ser ouvidas, então começava gritar impropérios em seu desespero por livrar-se da captora.

            Eliah observava a cena boquiaberto, ouvindo os xingamentos proferidos pela herdeira de Fernando. Pensou em interferir, mas sabia que não deveria. Observou-a baixar a cabeça e cravar os dentes no pulso da pirata, porém isso não deteve a sheika. Conhecia bem a filha do amigo, ela não deixaria a bofetada que levara sem uma ofensiva a altura, ninguém estapeava a Víbora do mar sem pagar caro por isso.

            -- Sam... – O velho disse receoso.

            -- Não se meta! – Alertou-o -- faça um café forte para ver se conseguimos sanar esse porre! – Ordenou. – Ou ela vai melhorar na base da porrada.

            -- Não bebo café! – Mel tentava soltar-se. – Deixe-me... Deixe-me... Ajude-me... – Gritava aos berros. – Me ajude, Eliah, sua senhora está louca, por favor, me ajude!

            O velho parecia escandalizado e preocupado, tentou interferir mais uma vez, porém foi cortado.

            -- Faça o que disse! – A Lacssangner repetiu, depois fitou os olhos ébrios. – E você vem comigo!

            Samantha seguia pelo corredor, tentava não ouvir as provocações e os xingamentos. Sabia que a herdeira do duque não estava bem. Se não estivesse bêbada não se comportaria daquele jeito. Tentava manter a calma para não agir de forma a se arrepender depois, porém não era algo fácil diante das afrontas e acusações que ouvia da beberrona.

            Abriu a porta do quarto, empurrando a jovem para o interior dos aposentos. Ela trocou passos e caiu deitada na cama, apoiando-se no cotovelo, olhava-a.

            -- Está louca! – Mel esbravejava. – O demônio só pode estar te possuindo!

            A sheika apoiou-se na cadeira, livrando-se dos calçados. Tentava mitigar a fúria que parecia prestes a explodir em seu interior.

            -- Entre naquele banheiro e tome um banho frio, isso vai te ajudar com essa bebedeira... então depois conversaremos. – Ordenou tentando manter a calma. – Enquanto não o fizer não haverá conversas!

            -- Não vou tomar banho! – Negou-se. – Quero que me escute, que ouça o que vou falar. – Esbravejava. – Sei quem é a sua mãe, sei que é neta do meu avô!

            Os olhos azuis abriram-se em espanto. Perscrutava-a com atenção. Como ela ficara sabendo? O garboso almirante teria confessado a terrível verdade para a querida filha de Marie?   

            Sim, era filha de Iraçabeth e essa talvez fosse seu maior pecado. Nunca se referia a mãe, primeiro porque se sentia culpada por ela ter morrido, segundo porque renegava o sangue dos aristocratas que corriam por suas veias. Se fosse apenas o fruto de uma relação do Serpente do mar com uma prostituta, talvez tudo tivesse sido mais simples para si.

            -- Por que não me falou? – A tenente questionava em indignação. – Por que não me contou a verdade?

            -- Não é assunto seu! – Suspirou. – Não falarei nada sobre isso, ainda mais nesse estado que está. – Passou a mão pelos cabelos. – Vá para o banheiro e tome um banho, vai se sentir melhor. – Sentou-se na poltrona. – Essa história não é da sua conta!

            -- Ah, mas você vai falar sim! – Insistiu aproximando-se, tropeçou nas botas, então se livrou delas. – Sabia de tudo e não me contou, deveria ter me falado, seria mais justo comigo... Há algo entre nós...

            -- Entre nós? – Indagou arqueando a sobrancelha. – Não há nada entre nós! – Negou com firmeza.

            -- Não é justo!

            -- Justo? O que te importa isso? Você não tem por que se meter nessa história, já te falei várias vezes para não se intrometer.

            A Santorini chegou mais perto, inclinou-se, segurou a outra pelo colarinho.

            -- Vai me contar sim, vai me falar toda a história! – Ordenou. – Quero saber de tudo, imagina se fôssemos irmãs! – Comentou horrorizada.

            Samantha já não tinha mais paciência. Repeliu o toque e mais uma vez a tomou pelo braço, arrastando-a até uma porta, abriu-a.

            O banheiro fora reformado. Havia um box em cor escura... Espelhos...

            -- Solte-me, sua doida! – Mel gritava. – Precisamos resolver isso.

            -- Essa bebedeira vai passar, ah ela vai! – A Lacassangner abriu a porta de vidro e a empurrou para o interior, abrindo o registro e logo a água fria escorria forte.

            Sentiu os dentes alvos cravarem em sua mão mais uma vez, porém não a soltou.

            Samantha a segurou pelos ombros, mantendo a jovem militar sob a ducha gelada. Usava toda a força para segurá-la. Ouvia os impropérios, molhava-se com ela a debater-se. Observava-a com aquele olhar acusador, os lábios rosados entreabertos. Segurou-a pelos pulsos contra os azulejos frios, prendendo-a para não ser rasgada pelas unhas grandes que tentavam ataca-la.

            Ambas estavam ensopadas, banhando-se na água glacial.

            -- Pare! – A morena mandava. – Vai acabar se machucando.

            A neta de Sir Arthur olhava a figura bonita a lhe deter. Era tão linda... Linda como a primeira vez que a viu...Parecia um anjo vingativo...Observou-a...O nariz era arrebitado...

            Inspirou o delicioso aroma que se depreendia dela...

            Nem mesmo sentia mais o líquido gelado...

            Estavam tão coladas...

            Inclinou a cabeça, encostando os lábios nos da bela pirata.

            A Morena lhe fitou, em seguida tomou vorazmente a boca carnuda.

            Sabia que não deveria fazê-lo, mas fora tão inflamada que não tinha como controlar a vontade de senti-la mais uma vez. Sentiu a língua em busca da sua. Gemeu ao senti-la chupar-lhe, fê-la mais forte, sugou-a mais e mais. Sentia o sabor da bebida que decerto ela ingerira, tomou-a mais, aumentou a pressão.

            Samantha a soltou e logo tinha os braços femininos ao redor do seu pescoço. Começou a lhe tirar o vestido, livrando-a do delicado traje.

            Sentiu os dedos trêmulos lhe abrindo a blusa, buscando tocar os seios sob o sutiã. Prendeu o fôlego ao sentir os indicadores brincando com os biquinhos.

 Aos poucos, livraram-se dos tecidos que estavam entre elas.

            Desligou a água.

            Os corpos nus se uniram, esfregavam-se sedentos.

            Os lábios da militar passavam por seu pescoço, passeavam por seus ombros, passando por seus montes redondos.

            -- Você é tão cheirosa, Víbora... – Sussurrava. – É o cheiro do pecado...

            A Lacassangner inclinou-se para trás, dando maior acesso...Sentindo as mãos em seu corpo, acariciando suas costas, pousando sobre a marca que lhe fora feita a ferro...Passar por seu bumbum...

            Queria-a tanto que não sabia como controlar...

            Massageava-lhe os montes sensuais...Regozijava ao ver a expressão de prazer que ela exibia. Colocou a coxa entre as pernas torneadas, fazendo-a apoiar-se em si.

Fitaram-se, enquanto as bocas pareciam prontas para retomarem os beijos.

            -- Eu preciso de você, Samantha, eu preciso...—Murmurava ansiosa, enquanto lhe segurava os dedos, pondo-os sobre os mamilos. – Ah, sim... toque-me...toque-me..

            A Lacassangner tentava pensar, buscava controlar os impulsos que lhe diziam para tomar a mulher em seus braços...Não deveria, sabia que se o fizesse, entregar-se-ia de uma vez ao sentimento que parecia crescer ainda mais em seu peito. Não podia, não devia...

            Afastou-se, pegou o roupão, vestindo-o, deixou o banheiro.

            A Santorini engoliu em seco... Mordiscou a lateral do lábio inferior... Queria para si aquela víbora... Estava enlouquecendo e tinha certeza de que ela também...mas por que se negava? Não se importava com toda a guerra que havia em seus caminhos...Apenas desejava-a, ansiava tão desesperadamente por ela que sentia doer em seu mais profundo íntimo.

            O que deveria fazer?

            Ir embora mais uma vez e negar que não estava a enlouquecer pela impetuosa pirata?

            Apoiou as mãos no box, enquanto ponderava... Viu o reflexo da sua imagem... Os cabelos estavam molhados e formavam cachos nas pontas, o rosto estava corado...Os lábios inchados...Fitou os seios que pareciam frutas que imploravam para serem colhidos...

            Estava ávida por colocar fim a todo aquele martírio...

            Decidida, caminhou lentamente até onde estava a pirata. Viu-a parada no meio dos aposentos, estava de costas para si.

            Não sentia mais a embriaguez do álcool, mas havia um tipo ainda mais poderoso a lhe entorpecer os sentidos.

            Observou-a por alguns segundos. Sabia que ela buscava recobrar o controle...Sentia a tenção nos ombros...

            Aproximou-se lentamente, parando bem atrás dela, praticamente, colando-se ao corpo feminino.

            -- Quero você, Samantha... Mesmo que não deva, eu quero você...e eu sinto que me quer...

            A Lacassangner apoiou-se no encosto da penteadeira. Fitou o espelho e viu a mulher atrás de si. Via nos olhos dourados a sinceridade da declaração. Ela sabia o quão longe estava indo com toda aquela história? Ela sabia como corriam risco em se entregarem àquele desejo?

            Fitou as mãos lhe circundar a cintura e não demorou para vê-la desamarrar o robe. Sentiu os lábios rosados pousar em seu pescoço, tocava-o sem pressa, ignorando o fogo que incendiava em seu interior, a urgência de sentir seus desejos totalmente saciados.

            -- Eu sei que também me quer... –Mel sussurrava em sua orelha. – Eu sinto...Sinto que também me quer...Me quer não é?

            A famosa pirata nada dizia, apenas observava as cenas pelo reflexo, era como se estivesse a observar um filme que parecia lhe surpreender.

            O roupão repousou sobre o assoalho. Sentiu o vento frio que penetrava pela janela, arrepiou-se.

            A Santorini colou-se às suas costas...Deslizou as mãos por seus ombros... Braços... Depois seguiu desajeitada pelos seios, cobrindo-os...Protegendo-os...Ela parecia interessada em ver as reações que a outra expressava...

            -- Não sei como satisfazê-la...—Mordiscou-lhe o lóbulo da orelha. – Mas acho que gosta disso...

            Os olhos azuis estreitaram-se a ponto de sumirem da sua face quando viu os dedos longos tocarem seus mamilos...Cerrou os dentes para não gemer...Sentia-se fraca...

            -- Gosta não é? – Sussurrou-lhe. – Gosta... eu sei...Gosta do meu toque...

            A filha de Fernando esboçou um sorriso, depois seguiu as carícias pelo abdome, desceu mais um pouco... Olhava fascinada para o rosto da bela fêmea que tinha em seus braços...

            Sua mão abriu-se sobre o sexo como se quisesse cuidá-lo...

            -- Lembra quando nos encontramos no navio... Ain...eu ainda tremo quando me recordo daquela cena...

            Samantha virou o rosto para mirá-la. Fez um gesto afirmativo com a cabeça. Não conseguia esquecer aquela cena, sonhava o tempo todo com as carícias que recebera, mesmo que tenha se sentindo traída por ter perdido o controle.

            -- Lembro muitas partes do nosso encontro...qual em especial se refere, tenente? – Disse bem perto da boca rosada.

            -- Há uma em especial...

            A morena afastou um pouco a perna para permitir que o toque acontecesse.

            Mordeu a lateral do lábio tão forte para não gemer diante do carinho em sua intimidade.

            Por que era tão diferente com a jovem Santorini? Era como se estivesse à beira de um precipício... Não havia controle...Só aquela poderosa sensação que lhe tirava o fôlego...

            Havia uma cadeira a sua frente, apoiou a perna sobre ela, dobrando o joelho.

            As bocas se encontraram mais uma vez em um beijo...

            Mel explorava a parte externa, parecia tão curiosa quanto aquela noite...Gostava de senti-la molhada...pegajosa...Usou o polegar para fazer movimentos circulares...

            Colou-se mais às nádegas bem feitas. Estava tão úmida quanto ela...Sentia escorregar em sua carne....Mexeu-se contra ela...Sentiu-a empinar contra si...

            Samantha sentia a língua explorar os recantos de sua boca, brincando de forma a penetrar e depois se recolher...Sua mente imaginou-a em seu recanto de prazer...

            Virou-se para ela, abraçando-a, depois a levantou, sentando-a sobre a penteadeira. Os lábios continuavam unidos.

            A filha de Fernando abriu as pernas para acolher a outra entre elas.

            Aquele móvel parecia ter sido feito sob medida, pois deixava ambas na mesma estatura.

            -- Calma, tenente... – Disse colando a testa na dela. – Eu também te quero, porém precisamos ir com calma... – Passou o indicador pelos lábios rosados e gemeu ao senti-la prendê-lo nos dentes. – Não quero que se apresse...

            Fazia tanto tempo que a Lacassangner não se entregava ao sexo que temia não satisfazer a amante. Seu corpo tremia apenas em vê-la passar a língua por seu dedo...

            -- Também sente essa vontade louca de me tocar... – Sussurrou-lhe ao ouvido. – Desde que a vi, minha bela militar, eu sonho contigo... – Tocou-lhe o seio esquerdo. – E quando nos beijamos pela primeira vez...Eu queria mais...Quando me mostrou os seios ...Cheguei a pensar que não aguentaria... – Fitava-a. – Temo tocá-la agora e não conseguir parar nunca mais...

            A Santorini esboçou um sorriso...

            Não se sentia temerosa ou desejosa para que chegasse logo ao fim o ato, como acontecera nas poucas vezes que estivera com Juan. Com a pirata era diferente de tudo que pensara existir em sua vida...

            Acariciou-lhe a face que antes esbofeteara...

            -- Eu não me importaria em tê-la para sempre em meus braços... – Tomou-lhe as mãos. Uma colocou sobre o coração a outra sobre a parte mais secreta de si. – Deixe-me ver se é tão gostoso como imaginava nos meus sonhos....

            Samantha fez um gesto afirmativo, beijando-a mais uma vez.

            A médica sabia que agora não havia mais como voltar, nem queria fazê-lo. Precisava dela, precisava da inimiga...

            Reclamou quando a boca abandonara a sua seguindo por seu pescoço. Inclinou a cabeça para trás, apoiando os braços. Fechou os olhos ao senti-la lhe tomar os seios. Estavam tão doloridos, ansiosos por ela...

            Gemeu baixinho ao tê-la brincando com seus mamilos... A língua parecia saber a medida certa, deixando-a mais e mais desejosa... Mas nada a preparara para sentir os dedos lhe tocarem a intimidade...Mesmo que ainda fosse externo...

            Abriu os olhos e viu os azuis tão intensos lhe fitarem em curiosidade.

            Corou.

            Baixou a cabeça e a viu usar o polegar para lhe tocar a carne molhada...

            Cerrou os dentes quando a sentiu penetrá-la devagar, com tanta delicadeza...

            Samantha levantou-lhe o queixo, encarando-a.

            -- Você fica ainda mais linda assim... Com a face cheia de prazer...

            A Lacassangner voltou a invadi-la...

            A Santorini movimentou o quadril e gemeu alto quando a sentiu mais forte...

            -- Ain...Samantha... – Falava com voz rouca. – Eu acho...acho que não vou aguentar...é tão gostoso...

            Sim, a Víbora sabia que ela logo se derreteria em prazer...

            Cessou os movimentos por alguns segundos...

            -- Deixe-me ver se há mel realmente em ti...

            Os olhos dourados abriram-se mais ao vê-la passar a língua nos dedos que estavam molhados com seu desejo. Observava a cena fascinada, enquanto seu corpo reclamava por muito mais...

            -- E então...pirata, há mel em mim? – Indagou ansiosa.

            A filha do Serpente tomou-lhe os lábios demoradamente, fazendo-a sentir o próprio sabor.

            Esfregou-se contra o sexo dela e sentiu um frenesi tão forte que temeu não se sustentar em pé. Estava tentando ser paciente, mas aos poucos não havia nada mais, só a vontade louca de perder-se naquela mulher, esquecer suas dores no toque dela, nas carícias dela...

            Interrompeu o beijo.

            -- E então, sentiu? – Indagou. – Sentiu o mel?

            A militar lhe acariciou os seios, enquanto lhe fitava com olhar travesso.

            -- Acho que um pouquinho só...Nem sei se era mel...

            -- Quer dizer então que não tem néctar? – Brincou com cara de horrorizada. – Então deve trocar de nome...

            -- Eu acho que... – Mordiscou o lábio inferior – que se olhar direitinho vai conseguir encontrar...

            Samantha arqueou a sobrancelha esquerda.

            -- Devo tentar mais uma vez então?

            Mel fez um gesto afirmativo com a cabeça.

            -- Uma pirata tão intrépida como a senhora não pode passar batida por esse tesouro...

            A Lacassangner esboçou um sorriso...

            A herdeira do duque pensou que sentiria o sexo ser invadido mais uma vez pelos dedos delicados, desejou isso...Fechou os olhos esperando...mas não aconteceu...Fitou a mulher que agora estava agachada entre as suas pernas.

            Então sentiu mais uma vez o polegar lhe acariciar... Não desviou o olhar, pois estava curiosa...Viu-a lhe fitar, depois sentiu os lábios cheios sobre seu sexo... Foi naquele momento que teve a impressão que desmaiaria...Sentiu-a lhe massagear as coxas...Sentia os toques atrevidos por suas partes íntimas...

            Inclinou a cabeça para trás em um prazer infinito...Depois voltou a fitar o que a amante fazia com tanta maestria...

            Viu-a passar a língua...A pontinha...Depois viu-a ir mais longe...Explorava-a...Observou-a lamber...

            Levou uma das mãos a boca, mordendo-a, pois temia gritar tão alto a ponto de acordar a todos daquela fazenda.

            Sentiu um tremor passar por toda sua espinha...

            Sentiu-a dentro de si, explorando-a, tomando-a... Mexeu-se mais...Indo contra ela...Dando-se para ela...

            Murmurava seu nome... Pedia para que não parasse... Choramingava em suplício...

            -- Sinta...deixe acontecer...aceite o que estou a te dar... – Dizia a pirata.

            A herdeira do duque não aguentaria mais um segundo...Um tremor forte tomou conta de si, sacudindo-a...O prazer arrebatou-a tão forte que gritou em desespero...Sentia-se flutuar...rodopiar em uma milhão de caleidoscópio...

            Sentiu lágrimas molharem seu rosto e não demorava para ser abraçada pela a amante que sussurrava palavras em seu ouvido. Não conseguia compreender...Estava tão fraca...Era como se tivesse realmente caído do precipício...

            Apertou-a forte.

            Circundou as pernas na cintura da pirata.

            Nem percebera que tinha sido levada para o leito até sentir o colchão macio. Fechou os olhos, não tinha forças para mais nada.

 

 

            Marina e Cristina estavam nos aposentos da Santorini.

            Passava da meia noite e todos continuavam a se divertirem nas festividades. A banda contratada tocava animadamente. Muitos dançavam, enquanto as crianças faziam filas para brincarem no parque e devorarem os doces nas barraquinhas.

            -- Como deixou que ela fosse atrás da Víbora? – A babá reclamava. – Ela tinha bebido muito, imagina o escândalo que deve ter armado... – Andava de um lado para o outro. – Imagina se essa mulher vem aqui arrastando a Mel...Seria uma tragédia!

            A fisioterapeuta olhava pela janela.

            Não havia sinal da amiga. Chegara a pensar ir até a Lacassangner, mas se o fizesse, haveria um risco maior de serem descobertas.

            -- E a senhor acha que pude detê-la? – Disse arrumando os cabelos. – A Mel tomou uma garrafa toda daquela bebida que estavam servindo na festa. Ela até bateu na Ester. Enfiou a mão na cara dela e seu eu não tivesse me intrometido, decerto, teria arrastado-a pelos cabelos hidratados.

            -- Deus do céu! – A mais velha levou a mão à boca. – Ela não é acostumada com bebidas fortes.

            -- Eu sei, eu sei... Mas do jeito que ela tava, tive até medo de apanhar.

            A jovem seguiu até a cama, arrumou os travesseiros, cobrindo-os.

            Ouviram batidas na porta.

            Cris foi até lá, viu Juan com expressão desconfiada.

            -- Você disse que a Mel retornaria logo para a festa, mas até agora não voltou. – Reclamou entrando nos aposentos. – Onde ela está?

            -- Fale baixo! – A empregada o repreendeu. – Está deitada, teve uma forte enxaqueca e eu lhe dei um remédio e acabou dormindo.

            O empresário seguiu perto e observava com atenção.

            -- A Ester me disse que ela a esbofeteou.

            -- Sim, mas a sua irmã provocou. – A fisioterapeuta defendeu a amiga. – Falou barbaridades.

            -- Isso não importa agora! – Marina falou. – Vamos sair daqui e deixa-la descansar, foi um dia corrido, amanhã esclarecerá o ocorrido.

            Ele parecia desconfiado, porém acabou assentindo, deixando o quarto.

            As duas mulheres trocaram olhares, mas nada disseram, pareciam bastante preocupadas com a situação.

 

 

 

            A Lacassangner abraçava a militar. Sentia a respiração pesada. Acariciava-lhe as costas. Seu corpo ainda não fora satisfeito, estava em brasas.

            Depositou alguns beijos nos lábios carnudos e não demorou para os olhos dourados abrirem-se, encarando-a. Sentiu-a corresponder ao toque, sentindo-a buscar sua língua em agonia.

            Pôs-se sobre ela, afastando-lhe as pernas, acomodou-se de forma a poder encaixar os sexos.

            Moveu o quadril, sentindo-a lhe acompanhar. As mãos delicadas estavam sobre seus seios, tocando-os.

            Mel gemeu alto.

            Não acreditava que já desejava ser tocada novamente, que já estava pronta para ser tomada mais uma vez.

            Fê-la parar, vendo nos olhos azuis o temor. Puxou-lhe o rosto para perto do seu.

            -- Deixe-me tocá-la também, meu amor...

            A Víbora sentiu um arrepio na nuca pela forma que fora chamada. Tivera medo que ela não quisesse continuar, que recuasse como nas outras vezes, ficara tão assustada quando a viu parar que sentira como se algo que lhe fora dado, rapidamente fora tirado.

            -- Não sei como fazer... – Ela dizia. – Mas quero tentar, desejo que sinta o mesmo que senti... – Completou timidamente. – Posso? – Indagou receosa.

            Samantha não costumava permitir que lhe tocassem. Achava que essa era uma forma de sempre estar no controle das suas relações íntimas, porém a fitar a bela aristocrata, sabia que sempre quisera senti-la assim, que sempre imaginara como seria ser acariciada pelas mãos delicadas...pela boca carnuda...

            Deitou-se de costas, trazendo sobre si a amada.

            Beijaram-se mais uma vez e não demorou para os beijos seguirem por seu pescoço, parando em seu colo.

            Fechou os olhos, apenas deleitando-se com a forma gentil das carícias. O toque em seus biquinhos lhe arrancaram gemidos.

            -- Você gosta assim? – Mel lhe sussurrou ao ouvido. – Quero te dar tudo... – Encarou-a. – Quero que enlouqueça como eu enlouqueço quando me toca... – Baixou a mão lentamente até lhe tocar o sexo. – Quero você pra mim, Samantha, só pra mim...Quero que seu corpo só deseje o meu...

            A Lacassangner não acreditava no que se passava, porém dessa vez não havia febre, só a paixão que as consumiam. Há muito tempo era só a ela que ansiava...

            Viu-a continuar a lhe acariciar no colo, tocando-lhe como uma criança faminta que busca o alimento, viu-a mamar de forma mais ávida...

            -- Está me enlouquecendo... – Disse baixinho. – Ain...quero mais...mais...ah...

            -- Eu vou te dar... – A Santorini fitou-a. – Vou te dar...

Samantha observou curiosa descer mais a cabeça, beijando-lhe a barriga firme, observava o olhar dourado a não lhe abandonar.

            -- Minhas unhas estão grandes... – Comentou. – Vou acabar machucando...

            A pirata já abria a boca para dizer que não haveria problemas se fizesse com cuidado, foi então que a viu tocar-lhe a carne de forma tão íntima...

            Dobrou ambos os joelhos para que pudesse permitir o acesso, depois apoiou-se nos cotovelos. Queria ver a militar tocá-la daquela forma...

            -- Você é tão linda... – Mel dizia embevecida. – É a mais linda de todo o universo...

            Sentiu espasmos quando a viu usar as mãos para lhe abrir mais e quase desfaleceu ao ver o sorriso bonito que lhe dirigira antes de passar a língua por sua virilha...

            Inclinou a cabeça, enquanto semicerrava os olhos em prazer.

            Mel não sabia como fazer, mas estava guiando-se pelas sensações que via na expressão bonita do rosto da filha do Serpente. Talvez fosse a mesma coisa de beijar-lhe a boca...

            Sugou um pouco do líquido que parecia encharcar todas as partes...Adorou a sensação...Então inspirou o aroma delicioso que se depreendia dela... Passou a língua devagar e ouviu-a gemer... Excitou-se com o som. Passou mais uma vez e mais uma vez...Depois brincou com a pequena fruta, prendeu-a por alguns segundos, depois usou o polegar para massageá-la...

            Ouvia o som que ela tentava coibir... Aumentou um pouco mais os movimentos, depois foi até ela, fazendo com que os sexos se unissem...

            -- É gostoso assim? – Indagou-lhe em voz rouca.

            --Sim... – Respondeu em um fio de voz. – É muito gostoso... – Moveu-se sob ela.

            -- Diga-me como quer... – Voltou para entre as pernas. – Assim está bom? – Perguntou, enquanto lhe chupava a carne devagar. – Ou devo colocar mais força?

            Samantha não conseguiu segurar o gemido alto. Segurava os cobertores com força, enquanto mexia-se em desespero contra a boca da filha do seu maior inimigo. Rebolava rápido, enquanto a sentia mergulhar mais fundo dentro de si e não demorou para ser dominada pelo prazer supremo que nunca provaram em tamanha intensidade em sua vida.

            Mel pôs-se sobre ela, mexendo os quadris no mesmo ritmo que o dela e logo também voltava a se perder nas sensações infinitas que pareciam mais poderosas que todas as forças do universo.

 

 

 

            O sol já aparecera no horizonte há algum tempo.

            Cristina deu um pulo da cadeira onde acabara cochilando. Fitou a cama e para seu desespero a amiga não tinha voltado.

            Viu Marina ir até ela com olhar aflito.

            -- Daqui a pouco será o desjejum, o que vamos inventar para os presentes?

           

 

 

            Mel despertara há pouco tempo. Sentia-se preguiçosa e sonolenta. Só foram dormir ao amanhecer, depois de ter se entregado várias vezes a sua pirata.

            Sua pirata?

            Observou-a dormir. Era tão linda...

            Estava apaixonada pela Lacassangner, totalmente enamorada por ela.

            Levou o polegar a boca e ficou mordiscando a unha.

            O que faria agora?

            Não queria perde-la, não desejava afastar-se, mas como diria ao pai e ao avô que amava a mulher que eles odiavam?

            Amava?

            Deus, era amor aquilo?

            Sentiu-se aflita só em pensar...

            Levantou-se devagar. Precisava tomar um banho e depois retornar para a fazenda. Todos já deviam ter se dado conta da sua ausência.

            Suspirou.

            Pegou o roupão que estava caído no chão, vestindo-o. Depois seguiu para o banheiro.

 

 

 

 

            -- Eu vou até lá com o meu cavalo.

            Marina e a fisioterapeuta estavam no estábulo.

            -- Levarei a roupa da Mel e diremos que tínhamos saídos para cavalgar. – Ajeitava o animal. – Por que não acreditariam? É uma plano perfeito...

            A babá meneou a cabeça negativamente.

            -- E o que direi?

            -- Como o que vai dizer? – Questionou impaciente. – Diga que a Mel e eu fomos dar uma volta, mulher.

            A empregada lhe enviava um olhar aborrecido.

            -- Só quero saber por que a minha menina não retornou...

            Cristina também se fazia a mesma pergunta e tinha várias teorias, algumas assustadoras...

            Montou.

            -- Volto logo!

 

 

 

 

            Samantha sentiu lábios contra os seus e ao abrir os olhos viu a mulher mais linda que já tinha visto em sua vida.

            Nem acreditava que a tivera em seus braços...

            -- Bom dia, dorminhoca... – Mel cumprimentou com um sorriso. – Terei que voltar para a fazenda.

            A Lacassangner sentou-se, arrumando o lençol para cobrir o corpo despido e riu ao ver o olhar faminto da amante.

            -- Por que não passa o dia comigo? – Segurou-lhe a mão. – Quero que fique...

            -- Eu também gostaria de ficar, afinal, ainda não tivemos tempo de conversar...—Respirou fundo. – Mas agora não posso mais ficar, imagino como deve tá a Cris...

            A pirata lhe beijou, depois lhe acariciou a face.

            -- Encontre-me hoje na usina, estarei lá organizando algumas coisas.

            -- Farei o possível para ir, porém não te prometo...—Mordiscou a lateral do lábi inferior -- Hoje ainda terá festividades da padroeira da cidade...Porém a festa hoje será no povoado... Pode ir e me encontrar lá...

            -- Serei apedrejada... – Disse rindo. – Mas verei como faço. – Segurou-a pela nuca. – Agora quero mais um beijo.

 

 

 

            Eliah estava organizando os trabalhadores para que seguissem para a lavoura. A Lacassangner quem costumava fazer, mas sabia que o melhor seria não interromper o momento de paz nos braços da herdeira do duque. Temera pelas duas, mas depois percebera que tinha se entendido, mesmo que isso fosse amedrontador, pois não imaginava como algo entre ambas pudesse dar certo quando estavam em lados tão opostos. O duque e Sir Arthur jamais permitirão que ficassem juntas. Como puderam apaixonar-se?  

            Ouviu um barulho e não demorou para Cristina aparecer com expressão preocupada.

            A jovem desmontou rapidamente.

            -- Eliah de Deus, você sabe o que houve com a Mel? – Indagou agoniada. – Ela saiu de casa ontem cuspindo fogo pelas ventas, estava bêbada...Disse que vinha para cá, mas não retornou.

            -- Acalme-se, senhorita, sua amiga está bem, muito bem acredito.

            Não demorou para as duas mulheres surgirem na porta da casa grande. Samantha estava com roupão, enquanto a Santorini usava uma roupa emprestada da amada. Despediram-se e ela foi até a fisioterapeuta.

            -- Veio me buscar?

            Cristina cruzou os braços irritada.

            -- Vou buscar seu cavalo... – O pirata disse afastando-se.

            -- Que Diabos fez a noite toda aqui, Mel, Marina e eu quase tivemos um infarto.

            -- Segui seu conselho... – Disse com uma piscada.

            -- O quê? – Cristina gritou, depois baixou o tom. – você transou com a Víbora?

            Mel não respondeu de imediato, vendo o idoso trazer seu cavalo, montou-o.

            -- Vamos embora, já está tarde!

            A fisioterapeuta ficou irritada, pois a outra saiu a todo galope sem lhe saciar a curiosidade.


 

Comentários

  1. Olá autora!
    Até que enfim elas ficaram juntas para a alegria geral das leitoras.
    Agora vem os problemas e, não são poucos. Tem um monte de gente ruim que irão fazer de tudo para acabar com esse romance.
    Amo demais essa história.

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  2. Obrigada pelo cap.
    Dá um medindo depois de um capítulo desses, pois sabemos que virá algo ainda mais doloroso.

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  3. Eu me envolvo real na historia que momentos como esse eu sinto todas as emoções, adorei o capítulo.

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