A víbora do mar - Capítulo 20 - A revista

A moto seguia pela principal avenida da cidade.

O sol estava convidativo, brilhava e encobria as nuvens carregadas. Era possível ver algumas pessoas praticando caminhada nas praças, outras arriscavam-se a correr no asfalto.

A Santorini seguia sem pressa. Estava de folga, sentia-se feliz por isso. Estava indo até a cobertura da Lacassagner, iria buscar a gatinha, pois já demorara bastante a fazê-lo. Pedira para Cristina acompanha-la e a amiga fizera inúmeras perguntas antes de aceitar. Não desejava ir até lá sozinha, nem mesmo sabia se Eliah estaria. Não tinha o contato dele, tampouco da sheika. Não buscara descobrir se ela já estava bem, mesmo que ansiasse por saber. Como não tinha visto nenhuma manchete das saídas que ela costumava dar, deveria ainda estar em repouso.

Suspirou ao estacionar diante do enorme prédio.

Levantou o visor do capacete, mas não seguiu até a guarita.

O endereço ficava em uma das partes mais tranquilas da região. Não havia bares, restaurantes, casas de show naquela área, apenas residenciais. Levantou a cabeça, observava a enorme construção toda espelhada.

-- Acho melhor você ir lá, Cris, peça para o Eliah trazer a Sorte.

-- Nossa, Mel, que deselegante, vamos até o senhor, entregue o presente que trouxe em agradecimento. – A fisioterapeuta recriminou-a. – Não temos que demorar, porém seria gentil que fizesse isso, ainda mais pelo pirata ter cuidado da sua filhote.

A tenente tamborilava os dedos sobre a própria coxa.

Não desejava encontrar a Lacassangner, realmente esse não era seu interesse. Será que ela já sabia sobre o navio que fora encontrado? A embarcação ainda não chegara ao porto, mas não demoraria para acontecer.

Decidida, desceu do veículo e foi até a guarita. Apresentou-se, enquanto o homem interfonava para a cobertura.

-- Tem permissão para subir, senhorita Santorini. – Disse gentilmente.

 

 

 

A empregada estava cuidando da limpeza da cobertura. Aquele era o dia da faxina. Havia três serviçais responsáveis para organizar tudo. Uma delas quem atendera a ligação da portaria e passara para o amigo de Sam.

O homem tinha acabado de dar banho na gatinha e a estava a seca-la. Ficara surpresa com a chegada da filha do duque. Não imaginara que ela iria até ali. Pensou em ir até o escritório para avisar a Samantha, porém ao ouvir a campanhia, preparou-se para receber as visitas.

Observou as duas jovens.

Cristina o cumprimentou com um sorriso, enquanto a militar parecia um pouco relutante, mesmo assim também lhe apertou a mão.

-- Desculpe-me não ter vindo antes, mas estava muito ocupada. – Acariciou os pelos da filhote e logo a pegava nos braços. – Está muito gordinha e peluda, parece um ursinho.

-- Como ela é fofa! – A fisioterapeuta dizia fascinada. – Da vontade de apertar. – Já estou imaginando as aventuras que ela vai ter na fazenda.

-- Também é muito travessa!

Mel ouviu a voz baixa e sensual, mas não se virou para ver a mulher que parecia aproximar-se a passos lentos.

-- A cadeira de couro do escritório tem as marcas das unhas dela.

Samantha ficara surpresa ao deixar o escritório e ver as duas visitantes em sua sala. Estava em uma reunião de quase duas horas com a Miranda pela chamada de vídeo e só agora terminara.

Olhou para a fisioterapeuta, mas sua atenção estava na herdeira do duque que exibia seu lindo corpo nas costumeiras roupas de couro que usava para pilotar a moto. A calça era justa nas pernas torneadas, também usava botas próprias para o veículo, jaqueta, tudo na cor preta. Os cabelos longos estavam trançados e caiam na lateral do ombro esquerdo.

Como podia estar ainda mais linda?

Fitou os olhos dourados desconfiados.

-- Mas você também gostava, Sam, até dormia com ela na cama. – O mais velho confidenciou.

Cristina riu, enquanto a tenente permanecia quieta, apenas observava a pirata. Ela usava um biquíni azul que moldava sensualmente os seios bonitos, uma saída de praia que se abria nas coxas em um tecido diáfano. Os cabelos estavam soltos e os óculos aviador estavam no topo da cabeça.

-- Confesso que quando não está com as garras de fora, ela é um amor! – Disse com uma piscada. – Como vai, senhorita Cristina? – Aproximou-se, cumprimentando a fisioterapeuta com um abraço. – É um prazer revê-la.

-- O prazer é todo meu! – A amiga da Mel disse sorridente. – Parece que já está recuperada.

A tenente ignorou as duas, falando com o pirata.

-- Bem, Eliah, eu trouxe isso para ti em agradecimento, obrigada mais uma vez, vamos embora que tenho algumas coisas para fazer.

A Lacassagner postou-se de frente para a Santorini, mesmo sendo totalmente ignorada.

-- Não precisa de tanta pressa.

-- Tenho coisas para fazer!

-- Mas e vai levar a gatinha como? – A sheika indagou com gentileza.

-- A Cris vai leva-la.

-- Vai chegar toda arranhada, pois a Sorte vai ficar assustada. – Eliah explicou. – Venha comigo, senhorita Cristina, traga a gatinha, eu tenho uma caixinha que vocês podem usar para leva-la.

A Santorini já se preparava para protestar, porém a amiga saiu pegando a felina e seguiu acompanhada do homem, deixando-a sozinha na presença da filha do Serpente.

Fitou os olhos azuis que lhe olhava de forma insistente.

Passaram alguns segundos, enquanto o silêncio reinava entre as duas.

A militar cruzou os braços irritada.

-- Por que me olhas hein? – Questionou impaciente.

-- Não sabia que era proibido te olhar! – Samantha chegou mais perto. – Vai me processar por isso também? – Provocou-a.

Mel não respondeu.

Sabia que o pai e o noivo estavam por trás de todo os trâmites jurídicos, apenas assinara e nada mais sabia do que se passava. Na verdade, só o fizera para livrar-se da pressão dos dois.

-- Bem, antes da briga, gostaria de te agradecer pelos cuidados no navio, sei que deve ter lutado muito contra a vontade de me deixar morrer, mas o importante é que cumpriu seu papel de médica.

A Santorini mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente. Por alguns segundos, recordou-se das carícias íntimas que recebera, corando.

-- Você fica ainda mais bonita quando cora como uma adolescente.

Mel ficou parada, enquanto a via chegar ainda mais perto. Fitou os lábios. O inferior era um pouco mais cheio que o superior...

Viu-a mover a cabeça para mais perto e pensou que a beijaria, porém ela colara a boca bem próximo a sua orelha direita.

-- Não acha que está na hora de reinar a paz entre a gente?

A filha do duque sentiu um arrepio por todo o corpo, permanecendo imóvel, aspirando o delicioso perfume da Lacassagner.

-- Não sou e não quero ser sua inimiga...

A tenente sentiu o beijo na lateral do pescoço, fechou os olhos e logo sentiu os lábios macios sobre os seus. Eles moviam-se com calma, vencendo a resistência que fora pouca, pois logo permitia que a carícia acontecesse, abraçando-a pelo pescoço.

Não conseguiu controlar o gemido ao senti-la chupar sua língua. Teve a impressão que todo seu corpo reagia ao toque. Colou-se mais a ela, deslizando as mãos por suas costas, acariciando a cintura e logo parando sobre as nádegas bem feitas. Alisou-as sobre o tecido fino.

Ouviram passos, então interromperam o beijo, porém não se afastaram.

-- Você tem ideia de como te desejo, tenente? – Segurou-lhe a mão. – O que quer que eu faça para satisfazer esse fogo que queima dentro de mim.

Mel deslizou as costas da mão pela parte de cima do biquíni que a sheika usava. Depois adentrou o espaço com o polegar, acariciando-lhe o seio esquerdo.

Nunca fizera algo assim em sua vida. Porém desde o que se passara entre elas, sentira vontade de explorar o corpo feminino, a pele sedosa. Sonhava com isso dia após dia como se fosse uma verdadeira maldição.

Continuou a alisá-la. Observou-a estreitar os olhos. Viu o prazer estampado em sua face ao prosseguir com o toque.

-- Gosta disso?

A pirata não respondera de imediato, apenas olhava os dedos de unhas feitas lhe acariciar. O que aconteceria se fizesse sexo com a filha do duque? Seria um ato perigoso, afinal, estaria correndo um grande risco de perder-se para sempre nos encantos da birrenta jovem, entretanto seria vantajoso em alguns aspectos, ainda mais em tentar mantê-la afastada das investigações, assim não seria atrapalhada.

-- Deixa eu te mostrar o quanto eu gosto...

Samantha tomou-lhe a mão, guiando-a por sob a saída de praia, fê-la adentrar a calcinha. Pensou se ela correria naquele momento, mas não foi isso que fez.

Os olhos dourados estavam arregalados, enquanto fitavam os azuis provocantes. Sentia o sexo tão molhado quanto sabia que estava o seu. Usou o indicador para explorá-lo e sentiu um frenesi ao imaginar como seria delicioso senti-lo junto ao seu.

Deus, estava louca?

Era algo diferente...

Viu-a estreitar os olhos em prazer...

Exerceu mais pressão no toque, mesmo que não tivesse experiência, guiava-se pela expressão prazerosa.

-- Perdão, senhora Lacassangner...

Mel afastou-se de supetão, enquanto Samantha mostrava-se irritada pela interrupção.

Respirou fundo, enquanto passava a mão pelos cabelos.

-- A senhora Ester Bragança deseja vê-la.

A Santorini cerrou os dentes furiosa.

Como pudera se deixar cair novamente na vontade que sentia quando estava ao lado daquela mulher?

Ficara surpresa em não ver a amante loira, mas já tinha outra esperando para ocupar o lugar.

-- Deixo-a entrar, senhora? – A empregada indagou pesarosa.

-- Deixe a sua amante entrar, Víbora! – Mel dizia enquanto olhava ao redor em busca da amiga. – Por favor – virou-se para a serviçal – diga a Cristina que a espero lá embaixo.

Já seguia para saída, mas a sheika a deteve.

-- Solte-me! – Puxou o braço em um safanão. – Nunca mais encoste em mim! – Apontou-lhe o dedo. – Se voltar a fazer, abrirei uma denúncia contra ti por assédio sexual.

-- Assédio? – Indagou perplexa.

-- Sim! – Vociferou. – Não se cansa de tanta mulher, que espécie de vagabunda é hein?

A Lacassagner já abria a boca para responder, mas a fisioterapeuta aproximou-se com a gatinha. Olhava para ambas com curiosidade.

-- Vamos embora!

Cris não teve tempo nem de se despedir da anfitriã.

Samantha fechou as mãos tentando dissipar a raiva. Por que ainda permitia que essa maldita orgulhosa mimada chegasse perto de si? Por que ainda se deixava dominar pelo desejo que sentia?

 

Já era noite.

Mel estava em seu apartamento. Tinha acabado de tomar banho e seguiu até a sala. Cristina estava lá deitada com a gatinha no colo.

-- Não foi embora ainda?

-- Está me expulsando? – A fisioterapeuta fez ar de ofendida. – Fui contigo até a cobertura da gostosa da Lacssagner e agora me expulsa?

Os olhos dourados estreitaram-se em irritação.

-- Está com ciúmes?

-- Olha, Cris, acho melhor que pare de gracinha. – Jogou-lhe uma almofada. – Não quero falar dessa mulher. Vá embora para a sua casa que é melhor.

A fisioterapeuta acariciava os pelos macios da gatinha.

-- Mas quando foi beijada na cobertura parecia querer saber dela... Pensei que fosse devorá-la.

O sangue pareceu concentrar-se nas bochechas da tenente.

-- Sim, eu vi, mas não fiquei olhando, voltei para onde estava Eliah, tinha ido te chamar para que visse a caixa.

Mel arrumou os cordões que prendia o roupão, andava de um lado para o outro, depois se sentou na outra poltrona.

-- Ela me beijou...

-- E você não retribuiu? – Indagou sentando-se ao lado dela.

Ela fez um gesto afirmativo com a cabeça.

-- Eu a odeio, tenho ódio dela, ódio do que me faz sentir. – Cobriu o rosto com as mãos. – É como se não tivesse forças para resistir, sinto como se algo mais forte que eu dominasse minhas ações.

Cristina a fitava perplexa.

Preocupava-se com o que ouvia, afinal, seria praticamente uma relação que jamais poderia acontecer, estavam em lados opostos daquela história.

-- Está apaixonada?

Os olhos dourador abriram-se em pânico. Levantou-se em pavor.

-- Claro que não! – Negou com veemência. – Apenas sinto desejo... Não sei o que é, mas é quase isso... Desejo...Você mesma disse que ela é muito bonita e que qualquer pessoa ficaria interessada.

-- Sim...realmente é uma deusa de tanta beleza, mas eu não achei que você também ficaria encantada.

-- Eu não sei, acho que estou enfeitiçada...Odeio-a...Odeio-a...Odeio-a...

Cristina viu as lágrimas correndo pelos olhos da amiga, seguiu até ela, abraçando-a.

-- Acalme-se, tudo vai passar...

 

 

 

A cobertura que era usada pela Lacassangner estava com clima pesado naquela tarde. Primeiro, porque Samantha não desejava comparecer à festa da alta cúpula que se realizaria naquela noite; segundo porque o navio que fora usado durante anos pelo pai da pirata tinha simplesmente reaparecido no porto e nada se sabia de como isso acontecera.

Desde que retornara não tivera como voltar à fazenda e isso a deixara muito exasperada. Tivera uma recuperação tranquila, mas não pudera deixar à capital, pois fora alvo de inúmeros processos que foram impostos pela família Del Santorra e Santorini. Esse fato também não fora muito bem recebido, ainda mais porque imaginara que depois do que acontecera no último encontro que tivera com a jovem, alguma coisa pudesse ter mudado, porém a guerra contra si parecia ainda mais intensa. Desde que a viu na cobertura, sentia-se furiosa pelas ofensas. Porém sabia que ela também sentia desejo, e tiraria vantagem disso.

Andava de um lado para o outro na sala.

            -- Arrume uma ordem, é a minha embarcação, quero-a de volta.

            Miranda soltou um longo suspiro, enquanto sentava-se na poltrona. Trocou olhares com Eliah e viu que a situação não estava muito favorável pela expressão do velho lobo do mar.

            Tinha ido até a capital ao descobrir sobre o navio. Sabia que a Lacassagner gostaria de vê-lo, afinal, ela o navegara por anos.

             -- O duque proclamou-se o descobridor da relíquia e está sob a jurisdição dele.

             -- É óbvio que ela estava com ele, isso está claro, e com certeza tem planos de me prejudicar trazendo o navio.

              -- O que tem na embarcação que poderia fazer isso?

              A morena , seguiu até o bar, sentando-se, enquanto tinha o olhar implacável para os presentes.

               -- Não há nada, apenas lembranças… -- Disse com um olhar debochado. -- Há compartimentos secretos e nesses lugares há provas contra Sir Arthur e o adorado pai da tenente... Cartas... fotos da Iraçabeth...

               -- Provas? -- A agente internacional aproximou-se. -- Por que não me disse isso antes?

                -- Porque o navio estava perdido, pelo menos, fora isso que me disseram.

                Belinda decidiu interceder já que passara toda a conversa calada apenas observando os fatos.

                 -- Nesse momento nada poderá ser feito, então o melhor será que se arrume e compareça ao evento, estaremos próximas a base da marinha, talvez você consiga ir até lá e pegar o que é tão importante.

                  Os olhos azuis estreitaram-se.

                -- O que for feito deve seguir com total cuidado, não seria conveniente que você fosse descoberta. – Miranda dizia preocupada. – O melhor é não ir, Sam, seria perigoso, uma isca perfeita para que pudessem te condenar. – Meneou a cabeça. – Se for pega, estaríamos perdidas.

              Samantha mordiscou a lateral do lábio inferior.

               Ela navegara o víbora do mar durante longos anos. Fora presente do seu pai, era uma embarcação magnífica e a queria de volta, mesmo que soubesse que esse não seria o momento para isso.

            Tinha quase certeza de que o duque sabia do navio, era muito estranho ele ter encontrado-a depois de tantos anos em sua busca.

            -- E a tenentezinha? – Indagou curiosa.

            Não sabia nada sobre ela, não a viu mais.

            -- Ela não vai se meter em nada, está proibida de fazer qualquer coisa relacionada a isso. É apenas uma médica no hospital da marinha.

            Samantha apenas meneou a cabeça, parecia pensativa.





             Já era noite.

            Olívia já terminava o plantão. Estava saindo do último quarto do paciente quando ouviu o celular tocar.

             Viu o nome de Juan.

             Mesmo que não tivesse decidido remarcar o casamento ainda, aceitara ir com ele à festa.

             -- Estou encerrando agora, estou com o vestido aqui, vou me arrumar e te encontro lá.

             Ouviu mais algumas palavras e depois encerrou a chamada.

              Respirou fundo.

              Havia algo que desejava antes de ir até o encontro. Sabia que a embarcação tinha ancorado mais cedo, mas não recebera permissão para ir até lá, mesmo que tivesse pedido autorização do superior.

            Seguiu até o vestiário.

            Livrou-se das roupas, seguindo para o chuveiro.

            Sempre for fascinada pelo navio que o Serpente comandava, imaginava que poderia encontrar, decerto, havia compartimentos secretos, provas das maldades do pirata e talvez algo que pudesse comprometer a Samantha.

            Sentiu o líquido frio cair sobre sua pele, sentindo-se estremecer.

            Não queria nem pensar naquela mulher. Ainda não se sentia bem por tudo o que acontecera na cobertura. Precisara confessar a amiga o que tinha ocorrido durante o sequestro e percebera como a fisioterapeuta estivera preocupada.

            Era apenas desejo sexual, tinha certeza disso e logo passaria. Nada carnal durava o suficiente.

            Suspirou, enquanto passava o sabonete pelo corpo.

            Se ela quisesse sexo, que o fizesse com uma das amantes, pois jamais deixaria que lhe tocasse, não daria esse prazer a maldita Víbora, não daria!

 



            Os olhares voltaram-se para a ilustre convidada que acabava de adentrar o elegante e luxuoso salão.

            O duque estava sentado em uma mesa ao lado de Sir Arthur e alguns políticos. Sua expressão tornou-se ameaçadora ao ver a imagem sorridente de braços dados com a famosa amante, Belinda.

             Fechou as mãos sob a mesa de forma ameaçadora.

             Iria destruí-la em pouco tempo, trucida-la e toma-la para si como se fosse um troféu de uma guerra.

            -- Acho que seu avozinho e seu padrasto gostaram do seu vestido preto colado.

              A morena exibiu um sorriso ainda maior.

             -- Tá faltando um olhar mais ameaçador que todos esses… -- Comentou a olhar tudo ao redor.

            Não iria para a festa a arrogante militar?

             -- Pensei que a tenente estivesse em paz contigo, afinal, cuidara de ti no navio.

            A sheika sentiu um arrepio só em lembrar do que acontecera naquele quarto, de como os cuidados foram perturbadores e do encontro na cobertura.

            Meneou a cabeça negativamente.

            Iria fazer aquela mulher pagar caro por aquele orgulho e arrogância.

            Tentava não pensar no acontecido, mas aos poucos sua mente confusa conseguira refazer todos os fatos daquele dia. Sentia o corpo em chamas quando lembrava de como tocara os seios com os lábios, de como fora perfeito senti-la molhada sobre sua coxa. De como fora acariciada inocentemente...

            Meneou a cabeça para espantar os pensamentos perturbadores.

            -- Sim, com certeza, mas por trás de toda aquela educação de ladie, eu sei que o fogo da raiva queima.

             -- E você é um poço de controle, pois se fosse outra, já teria dado uns tapas na duquesinha.

             A Lacassangner pegou uma taça de champanhe que um garçom servia.

             Não respondeu a provocação da loira, sabia que ela estava certa, mesmo que não conseguisse admitir. Seu corpo queimava quando estava perto da Santorini, ansiava por toca-la, por senti-la, porém tentava a todo custo resistir a isso, pois seria uma grande fraqueza entregar-se a esse desejo impulsivo, ainda mais quando também nutria vontade de lhe dar umas boas palmadas.



              Olívia estava no vestiário. 

              Tinha acabado de terminar a maquiagem. Colocou o vestido dourado de alças finas e um decote discreto. Chegava perto dos joelhos. Era justo em suas curvas magras.

               Ela terminou e subiu até a sala de controle de câmeras. Sentiu uma euforia enorme ao ver quem estava de guarda no navio pirata que fora ancorado naquela manhã.

              Sabia que não deveria, mas estava muito curiosa para investigar o que tinha naquele lugar que fora usado durante tantos anos como um lugar de crimes.

             Talvez conseguisse provas de algo que tanto ansiava e era isso que tentaria fazer. 

            Abriu o armário e tirou a espada, colocando-a na cintura, não poderia andar desprevenida.

   


            O céu estava estrelado.

            As pessoas se aglomeravam na praça, todos pareciam curioso com a embarcação ancorada. Muitos tiravam fotos da relíquia, alguns ansiavam por se aproximar, mas não era permitido.

            O grande navegador parecia os antigos saqueadores que seguiam aterrorizando os mares. Havia uma serpente entalhada bem na frente. Fora feita cuidadosamente. Exibia a língua cumprida pronta para injetar seu veneno. Mesmo depois de todo aquele tempo, ele ainda se mostrava em perfeitas condições.

            Pela manhã quando chegara, a imprensa estivera presente. O duque fora o proclamador do achado, exibira-se durante horas em entrevistas.

            Samantha conseguiu entrar sem muitos problemas. Os soldados estavam muito ocupados em jogar baralho, nem mesmo perceberam que alguém seguira por entre os navios até chegar ao foco das atenções.

            Sentira uma emoção forte ao ver o lugar que fora seu lar por tantos anos. Tocou-o, como se fosse um ritual, sentindo as lembranças de uma vida toda.

            Fechou os olhos e foi como se visse o pai segurando o timão e lhe mostrando como deveria fazer para ser uma ótima navegadora.

            Teve a impressão de ouvi-lo.

            Meneou a cabeça. Precisava manter-se focada. Tinha pouco tempo.

           Estava tudo escuro, mas ela conhecia aquele lugar tão bem quanto seu próprio corpo. Caminhava devagar, pois usava saltos, isso dificultava os passos.

            Seu pai guiava o víbora do mar com maestria. Adorava ficar olhando as estrelas à noite. Quando ainda era uma criança sonhava com aventuras, com o avô que nunca a quis.

             Respirou fundo e caminhou até a ala de presos. Aquele lugar sempre fora um bom esconderijo.

             Usou o celular para iluminar o local. Viu as correntes na parede que eram usadas para aprisionar os inimigos.

             Agachou e começou a tatear o assoalho. Havia algo ali, sabia disso. O pai guardava fotos, cartas, tudo relacionado a Sir Arthur. Não podia deixar tudo ali, pois sabia que aquelas pessoas sumiriam com tudo o que encontrasse.

            Mexia nas tábuas. Havia algumas soltas. Enfiou a mão, temendo que tocasse em uma ratazana.

             -- Ora...ora… que surpresa…

            A Lacassangner sentiu a ponta fria de algo que com certeza era uma espada em suas costas nuas.

            Permaneceu quieta.

            Não creditava que fora pega no flagra logo por aquela militar estúpida. O que faria agora? Sabia que nem mesmo conseguiria negociar com a birrenta arrogante.

            -- Não ouse se mexer ou aciono o alarme e todo mundo vai saber que a pirata voltou para o casulo. – Disse com um sorriso. – Eu não imaginava que se arriscaria tanto...Confesso que fiquei pasma ao vê-la aqui...tão tola...

             Samantha levantou-se devagar, virando-se para a mulher que não só estava com a arma a lhe apontar, como também com uma lanterna.

              A filha do Serpente ficou fascinada com a beleza da filha do duque. 

              Parecia uma deusa vingativa com aquele olhar ameaçador.

              Não podia negar que sentira falta de vê-la. Quisera ir até ela, tentar conversar, mas ficara tão brava quando fora acusada de inúmeras barbaridades que decidira ficar quieta, apenas mantendo a distância que deveria existir entre ambas.

              -- Que eu saiba você também não deveria estar aqui. – Retrucou calmamente. – Acho que seria punida se soubessem da sua intromissão.

              -- Sim, não deveria, porém eu acredito que entre nós duas, você teria mais problemas que eu… Afinal, você está agindo como se fosse uma dama e na verdade continua sendo uma bandida.

               -- Pensei que podíamos ser amiguinhas... Afinal, já somos até íntimas... – Provocou-a. – Prefiro que me chame de Samantha...

               A tenente deu de ombros, sentindo a face corar.

               Os dias sem vê-la foram bons para retomar o controle que tinha perdido, mas ao vê-la tão bela naquele vestido justo, fora algo que não estava preparada. Observou-a dos pés à cabeça. Estava ainda mais linda.

              Apontou-lhe a arma.

              -- O que estava procurando? – Indagou tentando manter o foco.

              -- Nada que seja da sua conta. – Empurrou a espada. – Não quero suas brincadeiras!

              -- Ok, então vou acionar o alarme e a gente se resolve com o almirante... Acho que os jornais vão amar a publicidade... Vão vender muito mais de que quando te retratam exibindo-se em boates como uma prostituta.

              Samantha cerrou os dentes.

  A vontade era de manda-la para o inferno, mas sabia que os planos seriam estragados e Miranda teria um infarto.

               -- E então? – Mel questionou com um sorriso triunfante. – Chamo os guardas e te entrego?

              A Lacassagner cruzou os braços.

              Cortaria a língua da maldita...

               -- O que você quer?

               -- Prenda uma das suas mãos naquelas correntes. -- Apontou para a parede. – Acho que teremos uma conversa mais civilizada se a senhora estiver presa. – Esboçou um sorriso. – Não gosto dos seus métodos de falar com as mãos. 

               -- Está com medo das minhas mãos? – Questionou arqueando a sobrancelha esquerda.

               -- Faça o que estou ordenando ou vou chamar os soldados agora mesmo! – Ameaçou-a.

               A Lacassangner encarou-a por alguns segundos, depois fez o que fora dito.

               Olívia colocou a espada sobre uma rústica tábua que estava presa na parede. Depois arrastou um banco, sentando-se diante dela.

               -- Agora me diga o que você pegou aqui! -- Ordenou. – O que te trouxe aqui?

               Samantha apenas exibiu um sorriso.

               A militar olhava-a curiamente.

             Fazia alguns dias que não via aquela mulher, decidira dedicar-se apenas ao hospital, mas desde que soubera sobre o navio, ficara desejosa de vê-lo e tivera essa surpresa.

             A Lacassangner era de uma beleza tão perigosa que fazia seu sangue ferver e não só de raiva. Odiava-a sim, mas também sentia o corpo em chamas...O que queria ali?

            -- Vamos, pirata, diga o que você pegou aqui.

            -- Se quer tanto saber, reviste-me! -- Desafiou-a.

            Olívia levantou-se aborrecida, pegou a espada e voltou a ameaça-la.

            -- Não brinque comigo! -- Advertiu-a. – Faço você pagar caro por isso!

            -- Não estou brincando, militarzinha, apenas procure o que deseja e veja se encontra. -- Encarou-a com sarcasmo. -- Você não é a tenente Santorini? Reviste-me!

              Mel exasperou-se e bruscamente segurou a morena pelos ombros. Começou a tatear o corpo da mulher que lhe olhava com deboche.

              Sentiu o aroma do perfume  invadir seus sentidos. Sabia que estava sendo observada pelos olhos que demonstravam sarcasmos.

              Observou o vestido sem alças que se moldavam como uma luva ao corpo bonito. A cor preta a deixava ainda mais sensual. Os cabelos estavam presos no alto, apenas a franja emoldurava o rosto bonito, sem falar que estava usando os dourados óculos redondos que a fazia parecer mais séria.

                -- Eu vou descobrir o que você está escondendo…E vai se dar mal por tudo isso!

                A Santorini apalpou os seios, depois desceu para a cintura, tocou no quadril, depois agachou e começou a tocar nas canelas, subindo pela panturrilha e as coxas sob o vestido. 

                 Fitou-a.

                -- Ora… um punhal… Preso na cinta liga… que fofo…Não sabia que andava armada...respeitada sheika.

                -- Eu já fui revistada outras vezes e não foi tão demorado...Acho que não tem muita prática com isso...

                -- Imagino que tenha sido muitas vezes, senhora pirata… -- Sorriu. -- Veja, estou sendo educada, chamei-a de senhora e tudo... Uma senhora... – Debochava.

              Samantha não respondeu, pois algo mais a incomodava naquele momento.

             A posição sugestiva da Santorini e suas mãos delicadas seguiam por suas costas em busca de outras evidências, faziam-na de forma tão caprichosa que começava a lhe causar vertigens. Talvez as taças de champanhe que tomara na festa estivesse colaborando para os efeitos devastadores em seu corpo. Sentia-se tão embriagada que se não tivesse presa nas correntes, não conseguiria sustentar-se de pé.

            Era uma desgraçada tentadora!

           Mel continuava a sua busca, porém aos poucos seu alvo parecia desviar-se da sua visão. Sentiu um arrepio por toda a nuca.

           Havia um silêncio entre elas, as ondas do mar batendo no casco do navio ancorado, porém havia uma respiração pesada, mais forte e ela não sabia se era sua ou da invasora.

            Meneou a cabeça para espantar os pensamentos.

            -- Diga-me o que pegou e pode ir embora. -- Voltou a fita-la. – Não direi a ninguém que esteve aqui, apenas me mostre... O que veio buscar aqui?

           A Lacassangner tentou falar, mas as palavras não saíram de imediato, porém na segunda tentativa conseguiu.

            -- Já te disse que não peguei nada, apenas estava olhando o navio que me pertence. -- Enfatizou as últimas palavras. – Está fazendo papel de uma arrogante militar. Não vim fazer nada de mal, só desejava encontrar a embarcação, não seja tola!

           -- E veio matar a saudade de quando roubava os cruzeiros ou matava pessoas? 

           -- Fazia mais coisas que você, seu papai e vovô, pelo menos não me escondia por trás de uma farda.

            Mel levantou-se furiosa.

            -- Como ousa voltar a acusar meu pai e meu avô? -- Apontou-lhe o dedo. -- Deveria ter vergonha na cara, meu pai é um homem honrado e meu avô também, não deveria nem voltar a abrir essa boca para falar deles.

            -- Que lindo, vou mandar flores para o duque e para Sir Arthur em homenagem… -- Ironizou revirando os olhos.

            -- Vou descobrir o que você pegou e depois te entrego para o almirante.

           -- Você é uma idiota, continua sendo uma idiota estúpida. -- Disse irritada. – Não passa de uma menina birrenta e arrogante que acha que tem o rei na barriga.

            A Santorini furiosa segurou-lhe o pulso livre com raiva, prendendo-o também.

            -- Vou fazer o trabalho completo. Tratar uma criminosa como uma criminosa. – Encarou os olhos azuis. – Vou te tratar como uma víbora!

           A Lacassangner dessa vez não foi revistada com delicadeza, fora empurrada com força contra a parede fria da embarcação. Seu corpo agora era tocado com brusquidão. O vestido fora rasgado nas coxas. Aos poucos o tecido caro era destruído.

            Cerrou os dentes de raiva, mas ficou quieta, apenas tentava concentrar-se em não perder a paciência.

            Se estivesse solta, seria capaz de dar umas palmadas naquela garota imbecil para que aprendesse.

            A tenente continuou o processo e quando chegou aos quadris sentiu a pele nua sob os dedos. Não havia uma calcinha, apenas a pele sedosa que parecia dar choques.

            -- Está… está… como pode? -- Questionou trêmula, mas sem deter o toque. – Como pode?

              -- Como posso? -- Baixou a cabeça para encara-la confusa, então percebeu do que falava. -- Fica mais fácil para fazer sexo rápido e gostoso em uma festa cheia de imbecis.

            Mel prendeu a respiração, afastando-se.

           -- Você é uma vagabunda…

           -- Sim, adoro ser vagabunda… Pelo menos não sou uma aspirante frustrada à freirinha que se acha a dona do universo. -- Disse calmamente. – Termine logo essa revista! – Vociferou.

            Mel levantou-se e grosseiramente rasgou completamente o vestido que a Lacassangner usava.

            Apesar de não usar calcinha, na cintura havia um suporte delicado como um cinto fino e lá havia pequenos bolsos. Era transparente, era possível ver a pele delicada.

            Sentiu o corpo tremer.

            -- Ora… -- A herdeira do duque deu as costas. -- Vou chamar alguém para te levar, vai sair daqui algemada. – Seguia até a porta.

            -- E nua? -- Provocou-a. -- Já estou até vendo as manchetes nos principais jornais. -- Gargalhou. -- Solte-me, meu braço já está ficando dormente.

            Mel foi até ela, livrando apenas de umas das correntes, deixando-a presa na outra. Depois posicionou-se por trás da mulher, enquanto começava examinar a cinta e ver o que tinha nela.

            Sabia que ela fora atrás de algo e buscaria descobrir do que se tratava.

            Samantha encostou-se mais a ela, começando um jogo perigoso.

            -- Está frio aqui, tenente, meus seios estão doloridos. -- Queixou-se.

            A Santorini fingiu não ouvir, enquanto procurava algo nos pequenos bolsos. Sentiu o cheiro delicioso dos cabelos que roçava a sua face. O quadril colando aos seus.

            A Lacassangner sabia que teria que ser muito esperta para não acabar se dando mal naquela história.

            -- Se você quiser eu te ajudo a procurar o que tanto deseja. Dê-me sua mão e eu te mostro onde guardei o que diz que roubei… -- Falou com voz baixa. -- Assim a gente acaba logo com isso e vamos embora.

           A filha do duque cerrou os dentes.

           Seu próprio corpo estava em brasa pelo roçar das nádegas bem feitas contra seu vestido. 

            Sentia-se embriagada.

           Suas mãos pareciam ganhar vida, pois perdia o controle e logo estava acariciando a marca da víbora que fora marcada a ferro quente. Tocava-a em um verdadeiro fascínio a pele sedosa.

            Mordiscou o lábio inferior demoradamente.

            -- O que… O que quer aqui, pirata? – Questionou em um sussurro, continuando as carícias, descendo até o bumbum empinado. -- Se eu quisesse eu poderia te matar e alegaria que apenas estava defendendo o navio de uma invasão. -- Aproximou os lábios da orelha da outra. -- Mostre-me onde escondeu o que procuro… -- Sussurrou. -- Deixo você ir…Te mando ir embora...

            A sheika rebolou contra ela.

            -- Dê-me sua mão…eu vou te mostrar onde está o que você tanto procura...

            Mel encostou-se a parede do navio, enquanto sentia a Lacassangner unir ainda mais sua nudez ao tecido de seda do seu vestido de festa.

             -- Sim…Mostre-me...

            Circundou a cintura com a mão direita tocando na dela. Viu-a apoiar a perna esquerda em um banquinho que estava a sua frente.

             -- Procura aqui primeiro…

           Santorini sentiu o seio redondo sob seus dedos. O mamilo estava tão rígido. Ouviu-a gemer baixinho e aquilo lhe fez estremecer.

            -- Encontrou… algo… tenente?

            Mel meneou a cabeça e só depois conseguiu falar com esforço.

             -- Não, pirata, ainda não…

             -- Se usar a outra mão talvez agilize o processo…

             -- Anhan…

             Agora as duas mãos pousavam no colo de Samantha. O polegar explorava, apertava, amassava ora com delicadeza ora com brusquidão…Queria-a para si, ansiava por ela.

             A Lacassangner mordeu o lábio inferior para não gemer alto. Não tinha intenção de perder o controle, queria apenas distrair a filha do duque para que não achasse o que tinha em sua cinta, porém nem sabia mais como agir, pois seu sexo latejava em busca da satisfação. Ansiava pelo toque em seu canto mais íntimo. Nunca em sua vida tinha experimentado algo tão poderoso como a experiência de sentir o toque da jovem Santorini.

             Esfregou os quadris contra a marinheira. Sabia que ela também estava enlouquecida de desejo. Fê-lo como uma gata roça em seu dono, rebolava como se estivesse a dançar, lento, imaginando como seria gostoso se ela estivesse sem o tecido que era uma barreira entre elas. Usou a mão para levantar um pouco o vestido da tenente e logo sentia a calcinha em suas nádegas e não precisava tocar para saber que ela também estava molhada.

              -- Víbora… onde está o que veio...buscar… ain… fala logo…

             Samantha inclinou a cabeça para o lado, vendo o rosto bonito corado, os lábios entreabertos. Era a mulher mais linda que já tinha visto em sua vida.

             Voltou a lhe segurar a mão, seguindo até a coxa, sentindo-a acariciar. Depois ousou ainda mais, colocando-a sobre seu sexo que babava em desejo animal.

             Os olhos azuis como o mar desafiavam os dourados.

            -- Procura, tenente, acho que pode ter algo aí…

             A Santorini sentiu a pele molhada e não se assustou, tampouco recuou. Explorou com o polegar a parte externa, sentindo os pelinhos ralos… Depois apertou-a forte, arrancando um gemido da Lacassangner.

               -- Ah, então está aqui… deixa eu ver então…

              O polegar começou a acariciar a frutinha. Fazia movimentos circulares e ficava maravilhada com a expressão da mulher que estava cativa em seus braços. Sentia-se poderosa ao subjugar a poderosa pirata. Ela parecia tão frágil naquele momento, tão perdida em seu toque que decidiu aumentar a pressão.

            Ouviu os gemidos e queria para si. Nunca pensara que enlouqueceria daquele jeito. Fechou os olhos. Depositava beijos no pescoço esguio, cheirava-a...

            -- Então está aqui dentro…

            Samantha soltou um grunhido ao senti-la dentro de si. Não tinha mais controle. Seu sexo estava perdido como ela mesma estava e buscava sustentar em sua mente que tudo isso era culpa do álcool que ingeriu na festa.

            Rebolou contra os dedos dela.

            Movimentava o quadril para frente... Enlouquecia sentindo a inimiga dentro de si, estava quase gritando de tanto prazer.

            Depois de tantos anos, seu sangue fervia, depois de tantos anos permitia que alguém lhe tocasse...

            A respiração estava ofegante.

            -- Faça mais... Ain...procure, tenente...

              Mel tinha a impressão que algo dentro de si iria explodir a qualquer momento, sentia que não suportaria. Viu-a lhe baixar a calcinha e agora seu sexo molhado dançava contra a bunda bem feita da filha do Serpente…

               Os lábios se encontraram… sentiu a língua brincar com a sua e depois segurá-la forte, captura-la e chupa-la com força…

              Gemeu contra a boca rosada…

             -- Tenente…

             O tom alto pareceu distante, mas se repetiu outra vez e foi quando a Santorini voltou a si, praticamente empurrando Samantha, arrumou rapidamente o vestido e saiu em disparada.

              Tropeçou, mas conseguiu chegar ao corredor do navio ao ver a lanterna.

            Sentia o rosto em chamas.

            Não acreditava que mais uma vez se entregara ao desejo de sentir aquela mulher.

            -- Tenente, em poucos minutos serei substituído e se a pegam aqui terei sérios problemas.

            Mel sentia as pernas trêmulas. Sua mente parecia confusa, perdida, sentia o sangue correr mais rápido em suas veias e seu coração bater de forma descompassada como se estivesse correndo uma maratona.

            Fez um gesto afirmativo com a cabeça.

            -- Cinco minutos e deixo o navio, obrigada por ter vindo avisar.

            O soldado fez uma reverência e saiu.

             A filha do duque fechou os olhos em busca do controle que tinha perdido.

            Deveria ir embora e avisar a todos onde estava a Lacassangner, porém algo dentro de si não permitia que o fizesse. Não acreditava que tinha tocado-a, que tinha permitido que aquilo acontecesse. Passou a mão nos cabelos. O penteado tinha sido desfeito.

           Respirou fundo e sentiu o cheiro dela em seu corpo, em suas mãos e em seus dedos e era um aroma tão delicioso que chegava a ser viciante.

          Seguiu até o porão e encontrou os olhos azuis a lhe fitar.

          Evitou encarar-lhe.

          Pegou a chave e abriu a outra corrente.

         -- Dessa vez não falarei a ninguém que você invadiu o navio, mas se ousar fazer novamente… -- Ameaçou-a. -- Se em cinco minutos não sair daqui, mandarei os soldados para busca-la e espero que esteja vestida decentemente, pirata.

                   




            Belinda continuava ocupando a mesa na festa. Já se passaram mais de duas horas e Samantha não retornara. Será que algo tinha acontecido?

            Viu o olhar acusador da filha do duque. Ela tinha chegado a pouco mais de uma hora e desde que a viu, parecia querer matá-la com os lindos olhos dourados.

             Tentou ligar para a Lacassangner mais uma vez.




            Mel ouvia a piada contada pelo almirante e esboçou um riso sem graça. 

            Juan estava ao seu lado, segurava-lhe a mão como se temesse que fugisse.

            Não desejara ir àquela festa, ainda mais depois do que tinha acontecido, porém seria suspeito se não aparecesse. Vez e outra olhava para o relógio dourado que trazia no pulso. Contava os segundos para ir embora daquele lugar e buscar refúgio em seu apartamento. Sua mente ainda estava um caos depois do que acontecera na embarcação.

              Viu a amante da Lacassangner ocupando uma mesa que ficava bem de frente para a sua.

              Viu o ar debochado.

             Observou quando Ester foi até ela, decerto em busca da víbora.

            Tomou um pouco de vinho e foi quando seus olhos encontraram os azuis que não fazia muito tempo parecia tão escuro quanto uma noite de tempestade.

            Estava usando  vestido azul tão sensual quanto o outro que rasgara. Colado às curvas perfeitas e moldando os seios sensuais. 

            Sentiu um arrepio ao lembrar que os teve em suas mãos... Que entrara dentro dela...Era tão delicada...escorregadia...

            Bebeu mais um pouco.

           Cerrou os dentes em irritação quando viu a amante ir até ela, abraçando-a descaradamente.

           -- Você está bem? – Juan questionou-a.

           -- Estou um pouco cansada, entediada, vamos dançar um pouco?

           -- Sim, claro, com certeza.

     




            -- O que houve? -- Belinda perguntou quando chegaram a varanda do casarão que estava tendo a festa. -- Eu já estava pensando que tinha sido descoberta.

           Samantha apoiou-se no guarda corpo. Não fora fácil deixar o navio, ainda mais com o vestido destruído. Precisara improvisar e amarra-lo ao corpo para não ser pega sem roupa. Depois tivera que se preocupar com os guardas e só assim chegou até o veículo e seguiu para a cobertura, lá tomara um banho frio e depois arrumara-se para retornar ao lugar para não levantar suspeitas. Em seguida tivera que ligar para uma das acompanhantes para insinuar que tinha sumido do evento para ficar com outra mulher.

             -- Tive um pequeno problema… -- Disse com um suspiro.

            A loira seguiu até o garçom e trouxe duas taças, ofertando uma a bela Lacassangner.

            -- Então não conseguiu pegar o que precisava?

            A morena abriu a mão e mostrou o pequeno objeto em sua palma.

           -- Peguei apenas essa chave, não consegui explorar as outras alas, porém não acredito que eles achem algo, só se desmontarem todo.

          A agente bebericou, enquanto encarava os olhos azuis.

           -- O que aconteceu? Você parece ansiosa…

           Samantha soltou um suspiro.

           Não contaria o que houve, sentia-se humilhada, nunca fora tratada daquele jeito por uma amante.

           -- Apenas fiquei presa no porão, pois havia… havia guardas por toda parte.

           Belinda já abria a boca para retrucar, mas Ester apareceu.

           -- Sua amante não te avisou que preciso te falar? -- Indagou arrogante. -- Podemos conversar a sós?

            A agente depositou um beijo nos lábios da morena.

            -- Te espero, amor, não demora, estou doida para passar a noite toda dando para você…-- Falou gargalhando.

             A expressão da cunhada de Mel era a pior ao observar a loira afastando-se.

            -- Como pode ter um caso com alguém como ela? 

            A Lacassangner apenas bebericou.

            -- Samantha, eu quero ficar contigo, quero que possamos reconstruir o que tínhamos antes.

            -- O que tínhamos? Você me entregando para Sir Arthur, enquanto jurava me amar? – Debochou.

            -- Eu te amava, sempre te amei e continuo te amando… -- Aproximou-se, colocando os lábios próximos. -- Por favor, só quero uma chance de te mostrar isso, não me despreze… -- Retirou-lhe a taça da mão, depois a fez posiciona-la em seus quadris. -- Eu posso te ajudar a se vingar dos Santorinis e dos Del Santorra, poderemos fazer que paguem por tudo o que te fez…

            -- Você não tem vergonha?

            Mesmo na penumbra, Samantha viu a fúria presente nos olhos dourados. Não tinha visto a tenente quando chegara a festa e agora notava que ela também trocara de roupa e o penteado fora refeito.

             -- E quem te chamou aqui hein, Olívia? -- Ester se voltou para encarar a mulher. -- Você deveria estar planejando seu casamento com meu irmão e não se intrometendo em algo que não é da sua conta.

            Samantha retirou os óculos para tentar limpar a lente. Não desejava estar ali, não desejava olhar para a mulher que parecia pronta para voar em seu pescoço.

             -- Seu marido está no salão, está te procurando, sua estúpida, volte para lá antes que aconteça uma tragédia nessa festa. -- Ordenou.

             Ester olhou para a Lacassangner.

            -- Pense no que te disse… -- Beijou-a rapidamente, depois se afastou.

            Mel fechou os punhos ao lado do corpo. Sentiu uma raiva grande ao ver o carinho íntimo entre as duas, mas permaneceu parada no lugar até ver a cunhada desaparecer na penumbra.

            -- Você é uma vagabunda, age como uma… -- Acusou-a. -- Deveria ter te deixado presa naquele navio e depois avisado aos soldados.

            Samantha apenas colocou os óculos, depois tomou a taça e bebeu um pouco.

            -- Sou… -- Disse calmamente. -- E você ainda não viu nada e reze para não ver. -- Afastou-se.

            Mel a deteve pelo  braço.

          -- Sei que estava buscando algo naquele navio…

           -- Você procurou, fui revistada… Achou alguma coisa? -- Questionou arqueando a sobrancelha esquerda.

            Samantha livrou-se do toque e seguiu para o interior do casarão.

           A tenente permaneceu no mesmo lugar. Só queria que aquela noite terminasse o mais rápido possível, na verdade queria apagar da sua mente os últimos acontecimentos e aquela mulher.

    


 

Comentários

  1. Foi eeeeeeita atrás de vixe. Mel bem mais envolvida e confusa. Deu até uma dozinha. Até entendo a Sam querendo usar seu charme, mas fiquei surpreendida, necessito confessar.
    Vejo que vou sofrer até o último capítulo.

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  2. Essa Mel está precisando ser pegada de jeito,só assim vai parar com essas coisas. Só espero que dá próxima vez a Sam a faça pagar pelo que fez.
    Beijos autora.

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  3. Nossaaa que capítulo, adoro ver a Sam provocando e deixando a Mel irritada, esse joguinho de sedução me quebra haha.

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    1. Olá, eu gosto muito dessas partes que ambas participam dessas provocações, ainda mais quando a pirata consegue facilmente descontrolar a tenente kkkkkk
      Um abraço!

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