A víbora do mar -- Capítulo 3 - Desejo de vingança


                        A igreja da praça central estava lotada. O lugar era uma construção barroca, as paredes e o teto tinham decorações que retratavam com delicadeza a dualidade da época medieval. A abadia tinha passado por uma reforma no século XIX, conservando seus traços originais. Desenhos de anjos tocando flautas enfeitavam o baluarte. Também havia imagens que faziam alusão a Deus expulsando Adão e Eva do paraíso, enquanto a serpente rastejava pela terra.

                   O sino tocava freneticamente, marcava doze badaladas. Despertava a pequena cidade e anunciava as bodas da filha de um dos homens mais ricos do país, Rafael Bragança. Os elegantes convidados começavam a ocupar seus lugares nos bancos de madeira. Havia gente importante, políticos e empresários compareciam ao enlace que fora considerado o evento mais importante dos últimos dez anos. A imprensa local fazia-se presente. Tirava foto da cada detalhe da pomposa decoração.

                        Pessoas curiosas olhavam tudo da praça. Crianças viam os carros importados estacionarem, ofereciam cuidados por moedas.

                    Mel ocupava uma das primeiras fileiras ao lado dos pais e do avô. Sentia-se cansada. Sonolenta pela madrugada que mal dormira. Passara a noite ouvindo os gemidos e os sussurros agonizantes da pirata. Não conseguira descansar, pois a todo tempo acordava para ver se ela estava respirando.

Arrumou as luvas na cor bege que usava, ficara grata pelo acessório, pois ainda tinha as marcas das unhas da doente em sua pele.

                      Marina ficou cuidando da mulher, mas a febre continuava insistente, pouco cedia e várias vezes a adolescente pensara em contar tudo para o avô, assim um médico seria chamado e ela logo se recuperaria. Pela manhã viu a movimentação de alguns seguranças no jardim, pareciam em desesperos por buscar a fugitiva.

                     – Tudo bem, filhota?

                    A voz da mãe lhe tirou os pensamentos conflitantes por alguns segundos.

                      Ela olhou para a mulher elegante em seu vestido rosa claro. Achava-a linda com seus cabelos castanhos, seu porte elegante, seu olhar gentil e doce. 

                     Apertou-lhe a mão.

                    Fez um gesto afirmativo com a cabeça.

                    Marie sentia a filha inquieta desde que a viu na entrada da igreja. Os olhos pareciam cansados e nem a maquiagem usada conseguira disfarçar as olheiras. Estaria apreensiva com o possível divórcio? Decidira aceitar fazer uma nova tentativa pensando apenas em Mel, sabia como ela amava o pai, não desejava romper os laços de forma tão brusca.

                        -- Está animada para o nosso cruzeiro? – Cochichou-lhe. – Dentro de dois dias teremos uma semana para nos divertirmos, já falei para o seu pai que quero mergulhar ao seu lado... Vamos nadar com os golfinhos.

                        A adolescente esboçou um sorriso.

                        Estava feliz por essa viagem ao lado dos pais, porém não sabia se era aquilo realmente que a mãe desejava. Sabia que o duque planejara tudo para tentar uma reconciliação, pois já se falava em uma separação definitiva e a garota sabia que era inadmissível algo assim na família conservadora do pai.

                        -- Estou animada, mamãe... – Encarou-a – Quero que saiba que apoio a senhora em qualquer decisão que tomar e se deseja ir nessa viagem, fico feliz por ir junto... mas se tiver outros planos, pode me incluir.

                        Marie depositou um beijo na testa da herdeira.

                        -- Falei com a madre, assim que retornar fará as provas para a escola de Medicina.

                        Antes que Mel pudesse expor sua alegria, a marcha nupcial começava a tocar.

                        Os olhares dos presentes se voltavam para o arco central da construção e lá estava a bela noiva usando um elegante e caríssimo vestido branco. Não havia mangas, a peça moldava aos seios de forma discreta e na cintura fina havia uma espécie de cinto cravejados em brilhantes. Um véu cobria sua face. Um penteado tinha sido feito de forma a deixar alguns fios embelezando ainda mais a face delicada.

                        A Santorini mordiscou lábio inferior demoradamente.

                        Será que era por ela que a pirata passara toda noite a chamar?

                        E se perguntasse?

                        Quem sabe se ela fosse até a mansão e visse a moribunda pudesse ajudar em sua recuperação... Mas e se não fosse ela? Ester não era um nome incomum, podia ser alguém totalmente diferente da Bragança.

                        Estava cheia de pensamentos em sua cabeça, temores ao imaginar o que o avô e pai fariam quando soubessem que ela ajudara uma fugitiva...

                        Tamborilava os dedos sobre a madeira do banco frontal.

                        Tentava prestar atenção na entrada da nubente, que o fazia de forma ensaiada. Porém era um sacrifício enorme para a sua concentração.

                        Fechou os olhos por alguns segundos e viu os olhos penetrantes da Víbora.

                        Recordou-se do ataque que sofrera quando a boca fora tomada em um excesso de raiva... Ainda tinha o corto que lhe deixara...

                        Sabia que ela delirava quando realizara o ato, sabia que ela fazia pensando tratar-se da tal Ester... Só não entendia o motivo de algo que deveria ser delicado e gentil fora bruto e violento...

                        Nunca tinha beijado ninguém em sua vida. Sempre ouvia as colegas do internato falarem das carícias que trocavam com os namoradinhos, mas ela nunca tivera curiosidade sobre o assunto. Achava muito fútil perder tempo discutindo essas intimidades, não que desejasse ser freira, porém ainda não se sentira atraída por alguém para permitir tais acessos.

                        -- A noiva está maravilhosa, não está, filha?

                        Novamente a voz de Marie interrompeu seus pensamentos.

                        -- Sim, está perfeita... – Dizia distraída.

                        -- E você viu quem não tira os olhos de você?

                        A jovem encarou a mãe e depois seguiu seu olhar e viu Juan, irmão mais jovem da noiva, lhe encarar de forma insistente.

                        Não era segredo que seu pai planejava seu futuro casamento com o herdeiro dos Braganças. Ele contava com quase vinte anos, estava na universidade e sempre que estava na cidade, visitava sua família.

                        Fez um aceno de cabeça para o rapaz e voltou a fitar a mãe.

                        -- Sabe que não me interesso por essas coisas...

                        A duquesa a fitava com atenção, parecia buscar uma resposta para a forma que sempre reagia diante de rapazes quando muitas meninas naquela idade já aproveitavam as descobertas das relações.

                        -- Um dia vai ter que se interessar... A vida não é apenas estudos, precisa se relacionar e encontrar alguém que faça seu coração disparar apenas com um olhar... – Arrumou-lhe os cabelos. – Você é muito linda, Mel, terá inúmeros pretendentes, não estou dizendo que deve aceitar o Juan, deve aceitar aquele que te fizer se sentir bem, feliz, amada... – Soltou um suspiro.

                        Marie dizia as palavras e pensava que em determinado momento da sua vida acreditara que Fernando era esse homem na sua história de conto de fadas, porém com o tempo descobrira que tudo passara de uma triste ilusão.

                        A Santorini ficou sem silêncio.

                        Um dia talvez se interessasse por namoricos, mas agora não era o caso, só pensava na universidade, na profissão que almejava desde que era uma criança. Dedicara-se bastante na escola. Sempre obtivera notas máximas em todas as disciplinas, pois sabia que seria necessário adquirir conhecimentos para se sair bem na prova seletiva.

                        O padre começava a dizer as palavras. Discursava sobre a importância do amor e do companheirismo em um relacionamento. Nas dificuldades que passariam, na resiliência para não desistirem diante dos obstáculos, dentre tantas outras coisas que deveriam levar para os dias de união.

                        Mel levou a mão à boca. Estava bocejando pelo cansaço noturno.

 

 

                        Marina olhava os seguranças por todo jardim. Eles não desistiram das buscas. Até já tinha entrado no interior da mansão algumas vezes e o único lugar que não revistaram fora os aposentos de Mel.

                        Conhecia bem Sir Arthur, ele não desistiria da caçada pela jovem, como nunca descansara nesses vinte anos.

                        Em alguns momentos ouvira da própria boca do almirante que não se livrara da recém-nascida na época porque o Serpente conseguira enfrentar seus homens e tivera que abandonar a embarcação, depois disso vivia buscando a filha de Iraçabeth pelos mares.

                        Preparou o chá na cozinha e um pouco de caldo.

                        A Víbora precisava reagir o mais rápido possível e ir embora para longe, pois temia que fosse encontrada.

                        Caminhava pela sala e com desgosto fitou as paredes. Todas as fotos da única herdeira do almirante tinham sido retiradas. Em nenhuma parte da casa era possível encontrar. Tudo fora destruído.

                        Soltou um suspiro de tristeza.

                        Sofrera muito quando a menina morrera e sofrera ainda mais com o ódio que aquele homem demonstrara depois do ocorrido. Nunca vertera uma única lágrima e até no dia do funeral, mostrara-se totalmente insensível.

                        Subiu as escadas e caminhou pelo corredor até os aposentos de Mel. Abriu a porta e lá estava a vilã pintada daquela história.

                        Estava tão pálida que parecia que não havia mais sangue em seu corpo. Os lábios embranquecidos.

                        Deixou a bandeja sobre a mesinha da cabeceira, depois foi verificar a febre.

                        Olhou o termômetro e ficou um pouco aliviada. A temperatura tinha cedido um pouco.

                        Ouviu-a pronunciar uma palavra em voz tão baixa que não conseguiu entender. Chegou mais perto e daquela vez compreendeu que pedia água.

                        Pegou o chá, depois se acomodou no leito, trazendo a cabeça sobre seu colo. Devagar, fazia-a ingerir o líquido.

                        Acariciou-lhe os cabelos negros.

                        Ela tinha a pele bronzeada do pai, mas os traços eram da mãe. O nariz arrebitado, os lábios cheios...

                        Viu os olhos claros abrirem-se.

                        -- Você precisa ter forças para se recuperar, seu avô não pode leva-la... Só Deus sabe o que poderia fazer contigo. – Observou o curativo que tinha um pouco de sangue. – A Mel está cuidando muito bem de você... Espero que o ódio que une o duque a sua pessoa não seja nunca passado para ela. – Voltou a fazê-la beber. – Não a persiga viu... Bem que não acredito naquelas histórias que contam sobre a Víbora do mar.

                        Marina passou toda a tarde cuidando da moribunda. Trocando as ataduras, alimentando-a com grande dificuldade, pois a Lacassangner continuava mergulhada na escuridão da sua mente e da sua dor.

 

 

 

                        A festa do casamento acontecera em um dos clubes mais exclusivo da cidade.

                        Já passava das vinte horas e Mel só queria ir embora. Estava cansada, sonolenta e preocupada com a pirata. Não conseguira ligar para a mansão para falar com a babá, pois sempre havia alguém ao seu lado.

                        Soltou um longo suspiro, enquanto seguia pelo jardim.

                        A noite estava estrelada. Decerto não haveria chuvas como nos dias anteriores. Seguiu até a toalete e ficou eufórica ao ver a noiva lá retocando a maquiagem. Em nenhum momento tivera a chance de se aproximar sozinha.

                        Parou diante do espelho ao lado da nova casada.

                        -- E então, está se divertindo, Mel?

                        Ester questionou, enquanto desenhava os lábios.

                        A Santorini não respondeu de imediato, apenas a olhava e ficava a pensar se realmente era ela a mulher que assombrava a pirata. Eram amigas? Amantes?

                        Não desconhecia as relações entre pessoas do mesmo sexo. Tinha uma amiga, Cristina, ela dizia-se apaixonada por outra colega e até já confessara que trocaram beijos.

                        Viu o olhar curioso da irmã de Juan.

                        -- Sim, está tudo muito lindo... – Lavou as mãos. – Eu imagino que esteja cansada, foi um dia longo, sem falar de ontem...

                        A noiva lhe enviou um olhar inquisidor diante do cristal, mas não deteve o que fazia.

                        Sentia-se entediada e desejava seguir logo para a viagem de lua de mel. Ficaria seis meses fora do país. Sentia-se segura, não desejava estar naquele lugar e já planejava morar bem longe. Nunca mais em sua vida desejava encontrar Samantha Lacassangner, temia o que poderia acontecer, o que ela seria capaz de lhe fazer pela traição.

                        -- Ester... – A garota começava relutante – você conhece a Víbora do mar?

                        Mel observava cada reação da outra e viu como ficou nervosa, derrubando a estojo de maquiagem. Agachando, pegou os itens, devolvendo-os. Perscrutava o olhar da recém-casada.

                        -- De que está falando, hein? – Indagou irritada. – Todo mundo já ouviu falar nessa mulher, é só ler os jornais ou perguntar ao seu avô ou ao duque... – Dizia trêmula.

                        Os olhos dourados tinham uma ar de desconfiança.

                        -- Estou falando em conhecer de forma mais íntima...

                        Ester ficou tão vermelha diante do questionamento que parecia que explodiria.

                        -- De onde tirou isso? Eu jamais teria nenhum tipo de relacionamento com uma bandida pirata...

                        A Santorini assentiu, vendo uma noiva totalmente aborrecida deixar o recinto.

                        Tinha quase certeza de que ela era a mesma mulher que a doente passara toda a noite a chamar em lágrimas de desespero. Mas por quê? Por que a moribunda sofria? Se havia uma relação entre ambas, por que do casamento?

                        Talvez quando a Víbora se recuperasse pudesse contar toda a história, esclarecer o que realmente se passara entre ambas.

                       

 

 

                        Samantha abriu os olhos, mas estava tudo escuro ao redor. Sentia uma dor horrível que parecia espalhar-se por todo seu corpo e se concentrar com mais força em seu ombro.

                        Tentava mexer-se, mas era como se não tivesse forças para executar uma ação tão simples.

                        Estava em seu navio?

                        Viu uma luz acender, mas não parecia suficiente para iluminar o lugar.

                        Viu uma sombra aproximar-se. Tentou decifrar de quem se tratava, mas sua visão estava turva. A imagem aproximou-se mais. Era uma mulher? Ester?

                        Os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo. Usava uma roupa colorida composta por calça e blusa de mangas longas.

                        Tentou tocá-la...

                        Mel tinha despertado e ao olhar o relógio viu que já era quase cinco da manhã. Tinha chegado meia noite da festa de casamento e estava tão cansada que se livrara das roupas e deitara na poltrona apenas usando as peças íntimas, então acordara com os sussurros da doente. Vestira o pijama e agora estava cuidando do curativo. Limpava o ferimento e parecia um pouco melhor. Usava o unguento que Marina deixara, então viu os olhos azuis lhe fitarem.

                        Sentiu um arrepio na nuca. Prendeu o fôlego por alguns segundos.

                        Viu os lábios entreabertos, os dentes alvos...

                        Estaria desperta ou apenas delirando como nas outras vezes?

                        Tocou-lhe a face, não estava tão quente, mas ainda havia febre.

                        Terminou a limpeza e voltou a colocar a bandagem. Depois molhou o pano na água quente e começou a limpar a face atraente. Depois seguiu até o pescoço esguio e em seguida os seios...

                        Tentava não olhar para os montes redondos, pois havia algo que a incomodava em demasia.

                        Sentiu a mão cobrir a sua...

                        Sobressaltou-se, mas logo tentava manter a calma.

                        Viu-a tentar falar algo, mas parecia um esforço grande demais para sua fraqueza. Demorou alguns segundos até que conseguisse ouvir a voz rouca.

                        -- On... onde... onde estou?

                        -- Está segura, pirata... Descanse... – Voltou a limpá-la...

                        Samantha voltou a deter o toque e dessa vez usou um pouco mais de força.

                        -- Quem... quem é você?

                        A Santorini afastou-se.

                        A Lacassangner tentou se levantar, mas esgotara suas energias, sentia o vigor a abandonar seu corpo, então permaneceu quieta, tentando recordar-se dos últimos acontecimentos, mas sua mente parecia apagada em algumas páginas...Porém ainda estava vivo em suas lembranças a imagem traidora da amada que a entregara ao avô.

                        Estaria em um hospital?

                        Fechou os olhos ao sentir as lágrimas arderem e banharem o rosto delicado... Voltou a adormecer...

 

 

 

                        Marina estava na cozinha preparando o almoço, estava muito agitada, pois já fora chamada duas vezes a presença de Sir Arthur naquela manhã. O almirante praticamente a interrogara sobre a fuga da pirata. Parecia desconfiado, ameaçador.

                        Viu Mel aproximar-se com a mochila nas costas.

                        -- Onde está o vovô? – Indagou sentando-se na bancada. – Disse que iria me levar para a casa dos meus pais.

                        -- E por que hoje? – A empregada questionou surpresa. – Tinha dito que amanhã que faria isso.

                        A adolescente pegou uma maçã e deu uma mordida.

                        -- Eu estava em meu quarto e a Carla bateu e disse que ele tinha mandado eu descer...

                        -- Ela entrou? – Indagou em pânico.

                        Mel fez um gesto negativo com a cabeça.

                        A babá foi até a porta da cozinha, fechando-a, depois se aproximou da menina.

                        -- O seu avô me fez inúmeras perguntas hoje sobre a pirata... Ela precisa se recuperar para ir embora o mais rápido possível.

                        -- Não acho que o vovô iria desconfiar... – Respirou fundo. – Acho que ela está um pouco melhor, bá, eu acordei para cuidar do ferimento e ela despertou, está com menos febre e até segurou minha mão e com força viu...

                        A empregada fez uma prece silenciosa em agradecimento.

                        -- Mesmo assim temos que tomar cuidado... Não sei o que farei sem você aqui...

                        A garota segurou a mão da babá.

                        -- Pedirei a mamãe para dormir aqui hoje, então cuido da Víbora ainda por essa noite. Talvez amanhã ela já consiga sair da cama e mais tardar daqui a três dias, pode ir embora.

                        -- Obrigada, filha, obrigada por ter ajudado a jovem...

                        A Santorini umedeceu os lábios.

                        Não podia negar que pensara inúmeras vezes em entregar a mulher ao avô, pois sabia que ele saberia o que fazer, com certeza não faria mal a alguém que já estava tão ferido, porém acabara ficando em silêncio para que não arrumassem problemas.

                        -- Vou sentir muita falta de você, minha garotinha, aproveite seu cruzeiro e volte logo para me contar sobre sua aventura no mar...

 

 

 

                        Dois dias depois...

                        -- Traiu-me dentro da minha casa... – Sir Arthur esbravejava na sala. – Me traiu novamente, da mesma forma que fez quando Iraçabeth fugia para se encontrar com aquele desgraçado.

                        Marina ouvia tudo em lágrimas.

                        Naquele mesmo dia os homens tinham invadido os aposentos da filha do duque e levado a pirata de forma tão grosseira que temia que não resistisse e morresse.

                        -- Ela é sua neta...

                        Antes que terminasse a frase, foi esbofeteada fortemente, caindo no assoalho.

                        -- Nunca mais abra essa maldita boca para repetir isso. – Fez um gesto para um dos capangas aproximarem-se. – Levem-na para o quarto e a mantenha presa lá, não devem deixa-la sair para nada.

                        Os homens fizeram o que fora ordenado.

                        O almirante seguiu para o escritório, acomodando-se na cadeira, pegou um charuto, acendeu-o, depois fez a ligação.

                        Depois de alguns segundos ouviu a voz do outro lado da linha.

                        -- Já está com a encomenda, faça com que ela desapareça da minha vida... Venda-a, uma escrava como ela seria muito disputada.

                        Encerrou a chamada.

                        Jamais teria conseguido descobrir onde estava a maldita filha do Serpente se não fosse por uma conversa que a Santorini tivera com Ester. Estava claro que a Lacassangner não tinha deixado a mansão, porém a surpresa foi saber que herdeira do duque tinha escondido a fora da lei em seu quarto. Com certeza, a governanta tinha convencido-a.

                        Apertou a campanhia e logo outro homem aparecia.

                        -- Vá até a Marina, faça que ela entre em contato com a Mel, ela vai dizer que a pirata fugiu, que a atacara e deixará a casa.

                        Imediatamente as ordens foram executadas.

 

 

                       

                        O cruzeiro Vênus seguia pelas águas do grande oceano.

                        O transatlântico contava com três andares. Havia salões de jogos, área de lazer com piscinas, quadra de tênis, academias. Um salão para eventos e shows. Os camarotes foram todas reservados.

                        Mel estava deitada em uma espreguiçadeira.

                        Tentava manter o entusiasmo com a viagem, mas desde que recebera o telefonema da babá entrara em desespero.

                        Como aquela mulher pudera atacar a Marina?

                        A empregada do avô arriscara-se tanto para salvá-la.

                        Deveria ter seguido sua intuição e ter entregue a pirata quando tivera oportunidade.

                        Estava furiosa!

                        Nem saberia o que faria se a visse novamente em sua frente.

                        Seu pai sempre esteve certo em sua opinião a respeito daquele tipo de gente.

                        Ouviu gritarias e alguns tiros.

                        Rapidamente vestiu o roupão e seguiu correndo até o salão.

                        Ficou perplexa ao ver homens armados, pessoas no chão e sangue.

                        -- Recebam os cumprimentos da Víbora do mar...

                        A Santorini viu-os deixar a embarcação e ao correr até a proa viu ao longe o lendário navio pirata.

                        Voltou para o salão e encontrou o pai debruçado sobre o corpo de uma mulher caída e ao chegar perto viu tratar-se da própria mãe, estava morta...

                        Cambaleou em choque...

                        A adolescente sentiu a vista escurecer e seu último pensamento foi a culpa pelo ataque que se passara naquele lugar... A culpa por ter ajudado uma bandida sanguinária... Mas havia também um ódio que chegava a sufocar sua alma... E o desejo de vingança nascia em seu peito...

 

Comentários

  1. Nossa que avô mais escroto😠😠😠,matar as mães das suas netas sem pingo de remorso.E
    consequentemente fazer as netas sofrerem😤😤😤😤

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