A déspota - capítulo 34


Eva sentia a emoção de tê-la em seus braços. Senti-la tão frágil abraçada ao seu corpo. As palavras ainda faziam eco e era a coisa mais maravilhosa a se ouvir. Acariciou-lhe os cabelos e sussurrou em seu ouvido.

-- Sim, meu amor, você é e sempre será minha déspota...

A juı́za encarou aqueles olhos negros e sentiu a pele se arrepiar diante daquelas palavras. A déspota estreitou os olhos ao perceber uma viatura de polı́cia se aproximar.

Rapidamente, arrumou a roupa da amada sob seu olhar assustado. Apenas fez sinal para que ela se acalmasse.

Esperou que o representante da lei se identificasse, assim deixou o interior do veı́culo acompanhando da filha de Belluti que estava corada.

-- O que estavam fazendo aqui? Quem são vocês? – Um dos policiais iniciou a interrogação de forma prepotente.

Maria Fernanda apenas esboçou um sorriso jocoso, encostando-se no carro e cruzando os braços.

-- Não sabia que era proibido parar o carro em uma praça pública e ficar observando a linda noite que se apresenta.

A italiana a fitou e invejou sua tranquilidade, afinal, elas não estavam apreciando a beleza noturna, seu corpo ainda cheirava a sexo e ainda sentia os tremores que o orgasmo provocara em si.

-- Olhe, moça, me mostre as suas identificações ou levarei ambas para a delegacia.

O policial chamou o outro colega que estava no carro e o homem ficou pálido ao notar de quem se tratava.

-- Vossa excelência...

O jovem que fora mal educada rapidamente fez uma reverência ao notar de quem se tratava.

-- Perdão, meritı́ssima, não sabia que se tratava da senhora... – Gaguejou.

A juı́za caminhou até o rapaz, exibindo aquele ar de superioridade que já era costumeiro seu.

-- Independente de ser ou não a juı́za Maria Fernanda Lacerda, o senhor deveria aprender a tratar as pessoas e ainda mais mulheres.

-- Sinto muito, excelentı́ssima.

Ela deu de ombros e seguiu abrindo a porta do carro para a cigana, deu a volta entrando e assumindo a direção.

-- Deseja que a acompanhemos até o seu destino?

A déspota nem se deu o trabalho de responder, apenas subiu o vidro e deu partida.

 

 

-- Estamos ferrados! – O policial bateu forte no ombro do outro. – Estamos ferrados por sua causa.

-- Eu não a reconheci... Estava escuro... Nossa, e ela sem aquelas roupas formais estava muito gostosa... – Cobriu a cara em desespero. – Será que ela percebeu o meu olhar?

 

 

-- Você está bem? – Maria Fernanda estendeu a mão tocando a da italiana.

 Seguia dirigindo lentamente.

-- Quando eu penso que eles poderiam ter nos vistos... Como consegues ser tão fria e agir como se não estivesse fazendo nada de errado?

A juı́za beijou cada um dos seus dedos delicadamente.

-- Não estava fazendo nada de errado, estava te amando e se aqueles imbecis não tivessem aparecido eu continuaria amando ainda mais.

A italiana sentiu o corpo reagir só em pensar em continuar fazendo amor no carro.

O sinal fechou.

-- Vamos para o meu apartamento? Estou morrendo de desejo por ti, meu amor. – Levou-lhe a mão até seu ventre.

Eva notou a juı́za estremecer e aprofundou ainda mais o toque, sentindo-a úmida.

O celular começou a tocar interrompendo o intuito.

Atendeu e viu de quem se tratava. Falou algumas coisas e desligou.

-- O que houve? – Fernanda indagou preocupada.

-- Preciso ir para casa, a Isa ainda está estranhando e ela não conseguiu dormir.

-- Mas ela está bem?

-- Sim, mas está aprontando todas e não vai deixar o Arthur dormir, eu a conheço bem. – Abraçou-a. – Não fique irritada por não poder terminar a noite ao seu lado, o que mais desejo é ficar contigo.

Maria Fernanda segurou-lhe o rosto querido entre as mãos.

-- Meu amor, eu entendo que você tem uma filha e sei que a ciganinha precisa da mamãe.

-- Para de chamar ela assim... – Beliscou-a.

-- Ain... – Fez manha.

Eva não resistiu e a encheu de beijos, parando em seus lábios.

Aprofundou ainda mais a carı́cia, aproveitando para sentir a boca devorando-a inteiramente. Sugando-lhe e chupando-lhe toda a extensão.

-- Para... – A juı́za a afastou. – Se continuarmos assim não me responsabilizarei por nada.

A cigana sorriu e falou encostada nos lábios dela.

-- Sabia que eu amo uma linda mulher chamada Maria Fernanda Lacerda...

-- Hun... Sabia não... Quem é essa? – Passou a lı́ngua nos lábios da amada.

-- Ah é uma juizinha... – Provocou. – Todos a conhecem mais como a déspota. – Sorriu ao ter a boca capturada mais uma vez. – Te deixo em casa e depois sigo para a minha.

-- Não, cigana, eu te deixo em sua mansão e aproveito para pegar meu carro.

-- Ok, então. – Abraçou-a. – Vamos?

 

 

-- Eu não acredito que você permitiu que a Eva fosse embora com a Maria Fernanda. – Queixava-se Esther. A festa tinha acabado e naquele momento ela estava no quarto do filho e aparentava não estar nada feliz.

-- E o que eu iria fazer? – Indagou o rapaz tirando o terno. –Tenho vontade de matar aquela maldita bastarda com minhas próprias mãos.

-- Se continuar desse jeito o plano de Ricardo irá fracassar. – Passou a mão pelos cabelos. – Ele me informou que entrará com um pedido solicitando visitas a neta, pois não acredita ser possível tirar a guarda da Belluti.

-- E o que vamos fazer?

-- Falei para ele continuar pressionando, isso vai fazer a cigana se assustar e aceitar a sua ajuda.

-- Mamãe, eu tive uma ideia. Vamos usar o caso que a Eva teve com a Maria Fernanda para sujar sua imagem, sem falar que elas podem ter reatado o romance, algo vergonhoso.

Nenhum juiz permitirá que uma criança seja criada em meio a algo tão imundo.

A matriarca bateu de leve em seu rosto.

-- Vejo que puxou a sua mão na inteligência. – Sorriu maquiavélica.

 

 

-- Espera aqui, vou buscar as chaves do seu carro com o Arthur. – Eva avisou. Maria Fernanda assentiu e sentou no sofá.

A casa estava às escuras, mas na sala de estar, as luzes iluminavam cada canto. Era a primeira vez que entrava naquele lugar, havia quadros, obras de artes, tudo muito elegante. Olhou o relógio e viu que era quase uma da madrugada.

Teria que estar no fórum as oito, mas não estava nenhum pouco desejoso de dormir. Na verdade, sentia uma eletricidade passar por todo seu corpo. Um desejo de não sair nenhum minuto de perto da italiana.

Deus, como amava aquela mulher!

Ainda não estava a acreditar que tudo tinha se resolvido e que Eva a amava e também a queria.

Dessa vez não a perderia mais, não mesmo.

-- Nanda!

A juı́za virou e viu a pequenina de cabelo de fogo vir correndo em sua direção. A pequena parou bem em frente a jovem e ficou olhando-a.

Fernanda achou muito engraçada a forma como a menina estava vestida, fazia lembrar um ursinho de pelúcia.

-- Oi! – Cumprimentou-a.

-- “Vote tá linda!” – A garotinha falou sincera. – “ Poto bezar?” Maria Fernanda a trouxe para seus braços, pondo-a em seu colo.

-- Por que está perguntando? Você sempre se joga sem pedir.

-- “Tô de castigo, tia Nanda. Mamãe bigou com eu”. – Baixou a cabeça.

 

 

Eva encontrou a filha nos braços da amada e sentiu uma vontade tão grande de chorar. Uma emoção invadiu seu peito ao ver as duas tão cúmplices. Como desejava do fundo do coração ter uma famı́lia ao lado da juı́za. Vê-la naquele papel tão maternal era de mais para seu coração.

-- Isa, está mais do que na hora de dormir. – Interrompeu a conversa.

-- “Estou convertando com a tia Nanda, mamãe”. A italiana a pegou dos braços da juı́za.

-- Prometo que você terá muito tempo para conversar com a Fernanda, mas agora é hora de você ir dormir e da sua tia ir para casa dela.

A déspota levantou-se com um sorriso bobo.

-- Sua mãe está certa, ciganinha, está muito tarde, prometo que qualquer dia passo aqui para te levar para passear e tomar sorvete.

-- Obaaaaaa!

As duas riram do entusiasmo da menina.

Isabely puxou a juı́za e abraçou as duas mulheres.

-- Mamãe pode ir, tia?

-- Claro, a sua mãe nunca vai poder faltar. – Pronunciou encarando aqueles olhos negros cheios de emoção.

Eva corou ao sentir o beijo na face, mordeu a lateral do lábio inferior. Viu a filha dar um beijo estalado na face da sua amada.

-- Suas chaves, vossa excelência.

-- Obrigada, cigana. – Sorriu.

A italiana a viu se afastar e soltou a respiração lentamente. Não desejava se separar um segundo sequer da mulher, não desejava nunca mais ficar longe dela.

-- “A tia Nanda é muito munita.”

A jovem apenas assentiu e subiu as escadas com a filha nos braços. Queria dormir para poder despertar e ver que tudo aquilo não era um sonho.

 

Maria Fernanda acordou cedo, tomou banho e comeu algo leve. O dia seria corrido, não teria tempo nem para respirar. Estava sentada, tomando um suco e pegou o celular.

Havia inúmeras ligações do pai e de Catrina.

Respirou fundo.

Não estava nenhum pouco interessada em falar com eles, sabia bem o que eles iriam dizer.

Pensou em mandar uma mensagem para cigana, mas não tinha o número do celular dela, poderia ligar para a mansão e pedir para falar-lhe, mas estava tão cedo que temeu acordá- la.

Terminou o café e seguiu para pegar a valise.

Estava abrindo a porta para sair quando se deparou com Luı́s Fernando.

-- Papai! – Falou surpresa.

-- Bom dia para você também. – Beijou-lhe a testa. – Já está indo ao fórum?

-- Sim, tenho o dia cheio hoje.

-- Certo. – Falou pensativo. – Almoçamos juntos então.

-- Não sei se serei tempo. – Retrucou.

-- Você vai ter que comer e nesse momento o farei contigo. – Fez um gesto com a mão para que ela passasse. – Vamos, te acompanho até o carro.

-- Ok!

 

 

Eva despertou com a algazarra entre Arthur e Isabely, ambos dormiram com ela em seu quarto.

-- Eu posso dormir mais um pouco, por favor. – Colocou o travesseiro no rosto.

-- Não, ontem você não me falou nada, hoje desejo saber tudo o que houve entre a déspota má e a ciganinha boa.

A italiana tirou a almofada da face e jogou no amigo.

-- Mamãe, posso ir tomar café com meu vô? – A menina se jogou em seus braços e lhe encheu de beijos.

-- Pode sim, depois te dou banho.

A garotinha saiu em disparada.

-- Agora estamos sozinhos, me conta vai. – O rapaz juntou as mãos em súplica. Eva sorriu da cara dele.

-- Não houve nada viu, seu curioso, e não vou ficar falando minhas intimidades para ti.

-- É assim que você me paga? Se eu não tivesse vindo para casa isso não teria acontecido.

-- Nem me fale que ainda tenho vontade de te matar. Você não tenho ideia de como eu me irritei.

-- Mas pelo menos se acertou com a juı́za?

A cigana deu um enorme sorriso.

-- Sim, sim, eu me acertei com a juı́za, eu sou louca por aquela mulher, louca...louca...louca. – Tapou a boca após ter gritado.

Ambos gargalharam.

-- Não queria ter ligado ontem, mas a Isabely iria acabar acordando todo mundo aqui.

-- Eu sei, não se preocupe, eu tinha que vir. Terei muito tempo para ficar com a minha déspota.

-- Vocês vão se encontrar hoje? – Bateu palminhas.

-- Não sei, nem mesmo tenho o seu número.

-- Não seja por isso, pediremos ao pai dela, quem melhor que seu sogro para te dar o número da sua juı́za.

Eva mordeu o lábio inferior.

Realmente acordara morrendo de vontade de ouvir aquela voz rouca, mesmo quando está sendo sarcástica é tão sexy. Na verdade, desejava ter acordado ao seu lado, abraçada ao seu corpo.

 

 

Maria Fernanda olhou no relógio e já era quase dezesseis horas.

Estava exausta. O dia foi cansativo e ainda precisara participar de uma reunião. Pedira para secretária pedir um lanche, não iria almoçar, havia alguns processos para serem examinados. Também ligou para o pai informando-o que não teria como sair com ele.

Estava com dores de cabeça.

Retirou os óculos e inclinou-se na cadeira com os olhos fechados.

Ouviu o celular tocar, nem lembrava onde tinha deixado. Encontrou-o dentro de uma das gavetas. Fitou o número. Não conhecia. Quem poderia ser?

Não atendeu.

Voltou a inclinar a cabeça e o aparelho voltou a tocar, resolveu ver de quem se tratava.

-- Alô!

-- Olá, meritı́ssima, espero não a estar incomodando.

Ao ouvir a voz da cigana, ela esboçou um enorme sorriso.

-- Você nunca incomoda. Sabia que eu estava agoniada aqui, morrendo de saudades e nem o seu número eu tinha.

-- Eu pedi ao Pedro o seu. Desejava muito ouvi-la. Te liguei o dia todo, mas você não atendeu, então decidi tentar novamente.

-- Eu estava ocupada, passei o dia todo julgando alguns processos e não tive tempo nem para respirar.

-- Nossa, amore mio, posso imaginar.

-- Me chama de amore mio de novo, chama. Adoro esse seu sotaque. – Acomodou-se melhor.

-- Amore mio... – Falou baixinho.

O som fora suficiente para acender o desejo.

A secretária entrou, interrompendo o momento, avisando-a que precisava voltar para a sala.

-- Amor, eu tenho que ir, quero te ver hoje, não sei que horas irei sair, mas preciso te ver, necessito muito mesmo de te ver.

-- Eu irei ao seu encontro, também quero muito.

-- Te amo, cigana!

-- Te amo, déspota!

A juı́za deu um sorriso e desligou.

 

 

Maria Fernanda saiu do fórum e o relógio já marcava quase oito horas. Nem mesmo lhe sobrara tempo para falar com a amada.

Estava irritada, pois acabara demorando muito mais de que imaginara. Bem, isso nunca fora motivo para se aborrecer, afinal, amava o que fazia e sempre preferira se manter ocupada, mas naquele momento só queria algo: A cigana!

Ficou parada, observando a noite. Viu as pessoas caminharem, observou alguns casais de mãos dadas e pensou como gostaria de estar naquela mesma situação. Abriu a bolsa e pegou o celular.

-- Boa noite, vossa excelência!

Ao virar, deparou-se com o sorriso mais lindo que poderia existir em todo o universo.

-- Eva...

Fitou-a e admirou-a ainda mais. Os cabelos longos estavam trançados e caia solitário na lateral do corpo, alguns fios adornavam o rosto; Usava um vestido leve e florido que lhe dava um ar ao mesmo tempo sexy e ingênuo, as lindas pernas estavam protegidas com uma meia calça e uma sandália de salto elegante lhe deixava ainda mais feminina.

-- À noite só ficou boa agora, na verdade, ficou perfeita.

A italiana sentiu uma vontade enorme de beijá-la ali mesmo, mas apenas abraçou-a demoradamente, aspirando seu cheiro, sentindo as formas dos corpos se moldarem.

-- Jante comigo. – Sussurrou em seu ouvido.

A juı́za apertou-a mais a si.

-- Se você não se importar de ser vista comigo vestida assim?

A cigana afastou-se inspecionando-a de forma descarada.

Viu a saia social, preta, que chegava aos joelhos, a blusa no estilo da saia, mas na cor branca e o terninho escuro. Baixou a vista e se deliciou com as pernas longas e escultural, adornado por scarpin de salto longo. Seguiu a vistoria até chegar aos lindos olhos azuis protegidos por óculos delicados, os cabelos presos em um coque e a franja completando o conjunto.

-- Será um verdadeiro prazer tê-la ao meu lado. – Disse por fim. – Minha carruagem a espera. – Apontou para o veı́culo.

-- Hun... Deixe-me apenas avisar ao guarda que meu carro ficará aqui.

Eva assentiu e observou-a se afastar e falar com um homem baixinho, alguns segundo depois acompanhou-a retornar com aquele andar altivo. Caminharam em silêncio até o veı́culo.

-- Trocou de automóvel? – Indagou, sentando no banco do passageiro.

-- Tive que mandar para lavar, havia um cheiro peculiar que se apossara dele.

 A juı́za se aproximou e falou com os lábios quase colados ao dela.

-- Eu amo aquele cheiro...

A cigana não resistiu à proximidade e tomou-lhe a boca em um beijo intenso, mas que não durou muito. Afastou-se e deu a partida.

-- E como está  a ciganinha?

A italiana a olhou de soslaio e voltou a prestar atenção ao trânsito.

-- A Isabely... – Frisou o nome da garota. – Está bem, deixei-a dormindo.

-- Mas tão cedo? – Descansou a mão em sua coxa.

-- Fernanda, ela é um criança que ainda nem chegou aos três anos e precisa ter horários para tudo.

-- Hun... Ela disse que você a tinha colocado de castigo.

Eva sorriu.

-- O fiz porque ela se soltou do Arthur no dia que foram ao shopping...

-- No dia que ela se jogou nos meus braços?

-- Sim, naquele dia mesmo. – Parou no semáforo. – A Isa é muito sapeca, amor, e por isso tive que puni-la.

-- Hun... É apenas um bebê. – Beijou-lhe a mão.

A cigana seguiu e agora ficaram em silêncio.

Ao virar, notou que a sua linda déspota tinha adormecido.

Estacionou em frente a um elegante edifı́cio, soltou o cinto e ficou parada olhando a juı́za.

Tinha um desejo enorme de prendê-la em seus braços e nunca mais deixá-la partir. Passara tanto tempo longe, mas mesmo assim não fora capaz de esquecê-la. Amava-a com todas as forças de sua alma...

Estendeu a mão e tocou-lhe a face.

Fernanda despertou.

-- Acho que dormi. – Sorriu.

-- Está cansada, amore mio? – Tocou-lhe o lábio com o polegar. – Vem comigo? Vou te fazer relaxar.

--Onde estamos? – Observou o lugar com atenção.

Eva deu um beijo rápido e saiu do carro, deu a volta e abriu a porta para a amada.

-- Vem? – Estendeu-lhe a mão.

A juı́za aceitou e ambas seguiram de mãos dadas pelo hall do prédio. Foram direto para o elevador, pararam no vigésimo andar. Caminharam por um enorme corredor, até chegarem ao apartamento.

A italiana abriu e fez um gesto para que ela entrasse.

O lugar era bem decorado, havia um enorme carpete cobrindo todo o assoalho, sofás combinando com a delicadeza da decoração .

-- De quem é?

-- Na verdade é parte da herança que minha mãe me deixou. – Enlaçou-lhe o pescoço. – Te trouxe aqui porque achei que esse era o lugar perfeito para podermos conversar.

Maria Fernanda estreitou-lhe pela cintura.

-- Achei que irı́amos para o meu apartamento. – Beijou-lhe o pescoço demoradamente.

-- Prefiro não ir lá.

-- Por quê? – Fitou-a.

-- Porque eu tenho certeza que deve ter cheiro de perfume de vagabunda.

 A juı́za gargalhou alto o que acabou irritando a cigana que se afastou.

-- Não estou achando graça nisso.

A jovem arqueou a sobrancelha divertida, caminhou até a enorme poltrona e sentou.

-- Vem aqui. – Bateu na perna.

A italiana cruzou os braços e seguiu emburrada para se acomodar em suas coxas.

-- E esse bicão aı́? – Depositou as mãos em seus seios. – Está com ciúmes? – Acariciou-os sobre o vestido.

-- Lógico que não... – Encarou-a. – Mas você acha que não te vi desfilando ora com a sem sal da Catrina, ora com outras.

-- Outras? Quais?

-- Não sei e não me interessa mesmo saber. – Levantou-se. – Vou esperar a comida que pedi.

No fim do corredor tem um banheiro, se você quiser, pode banhar para passar esse

cansaço.

-- Certo, gata selvagem, vou relaxar um pouco sob a água. – Seguiu para onde a outra tinha apontado.

Eva ficou a observar ela ir e caminhou até a varanda e aspirou um pouco do ar da noite. Odiava quando estava a falar sério e a juı́za ficava rindo, sentia ganas arranhá-la toda até dissipar toda a fúria.

Não queria ter se irritado, mas ainda sentia raiva só de lembrar-se da loira de braços dados com a juı́za e tal advogadinha que aparecera depois toda sorridente. Não aceitaria que houvesse outras mulheres, não mesmo.

-- Que droga!

Foi até o quarto e ouviu o som da água caindo.

Ouviu o som de um celular, não era o seu, mas havia um sobre o criado mudo. Observou a foto da loira aparecer no visor. Cobriu o rosto com as mãos e tentou contar até dez para se acalmar.

-- Oi, amor!

Maria Fernanda apareceu vestida com um roupão preto.

-- Não tenho roupa e agora?

-- Agora eu vou te mostrar uma coisa. – Puxou-a forte para si. – Entenda que você é só minha. – Segurou-a forte pela nuca.

 Fernanda notou-lhe o fogo nos olhos, decidiu provocá-la um pouco.

-- A é? Hun, não há nenhuma marca dizendo isso.

Eva estreitou os olhos felinamente, desamarrando-lhe o vestuário. Mirou-a embevecida diante de tanta sensualidade.

Os seios pequenos e redondos se insinuavam, o abdome firma e um delicioso triângulo que se acomodava entre suas coxas.

-- A partir de agora você será somente minha, não haverá outra em seus braços, não haverá outra dentro do seu corpo a não ser eu. – Raspou a unha no biquinho que se excitou imediatamente.

-- Então, marque seu território... – Mordeu o lábio inferior. – Tome o que é unicamente seu.

A italiana deu alguns passos para trás e lentamente começou a despir peça por peça sob o olhar desejoso da juı́za.

Maria Fernanda observou-a agachar-se de costas para si para tirar a meia. Aproximou-se até as nádegas, roçando seu sexo que já estava molhado em sua pele.

Eva levantou-se, mas não se afastou, estava se deliciando com a carı́cia feita pelo corpo da outra em si. Mexeu um pouco e ouvi-a gemer. Sentiu-a as mãos em seu quadril puxando-a ainda mais, buscando estreitar o contato...

A juı́za caminhou com ela até pressioná-la contra a parede. Seu corpo estava pegando fogo de tanto tesão. Rebolou mais um pouco e sentiu a vontade aumentar. Foi baixando até sua boca alcançar os belos glúteos, viu-os lambuzados e começou a lambê-los lentamente.

A cigana sentia a lı́ngua pressionando-a, saboreando-a de forma intensa e despudoradamente...

Assustou-se ao notar a tentativa de penetração não apenas em seu sexo, esse já aceitava deliciosamente os dedos deslizarem para dentro, mas suas nádegas ainda buscavam se acostumar com a introdução que se fazia delicadamente.

Pensou em se afastar, sentia o rosto pegar fogo, mas pouco a pouco a dor estava dando lugar a uma excitação ainda mais poderosa, não era a mão que lhe invadia, mas a lı́ngua que explorava o território virgem.

Gritou ao sentir mais forte.

Ouvi o barulho das investidas e decidiu se aventurar, seguindo e incentivando os impulsos... Cravou as unhas na palma da mão e sentiu-se entontecer diante de tanto prazer... Pediu mais... muito mais... E sentiu uma descarga elétrica dominar cada célula de si...

Fernanda levantou e a virou , colando seu corpo ao dela, capturou-lhe a boca em um beijo selvagem, um carinho que lhe esmagava os lábios e que parecia querer devorá-la.

-- Não tem motivos para sentir ciúmes... Não há em todo o universo uma mulher tão gostosa quanto você...

A cigana parecia confusa... Ainda estava trêmula, espasmos a sacudiam... Mas ainda não fora o suficiente, queria muito mais...

-- Me certificarei que não haja mesmo. – Seguiu com ela, até a cama. – Mostre-me o que você tem para ofertar-me. – Exigiu, ajoelhando diante do corpo nu.

 A juı́za não se fez de rogada. Abriu-se, exibindo-se diante da jovem que parecia analisar cada detalhe.

-- Tenho vontade de devorar cada pedaço de ti. – Umedeceu os lábios.

-- Faça-o! – Estendeu a perna torneada pousando-lhe em sua coxa.

Eva tomou-a para si, beijando cada um dos dedos, foi subindo, acariciando toda extensão, parou.

Ficou entre suas pernas e iniciou beijos por todo abdome até chegar aos seios. Apertou os mamilos, arrancando grunhidos da amante. Mamou vorazmente até vê-los vermelhos.

Encarou-a e encontrou os olhos azuis estreitos, mirando-a.

Chegou a seus lábios, brincando, mordiscando cada um deles.

-- Você é apenas minha, só minha... – Baixou a mão até chegar ao centro do prazer. – Só eu poderei te possuir, só eu poderei te comer... – Retirou a mão e levou a boca, sugando cada gota...

A déspota sorriu safada.

-- Tome-me do jeito que você desejar... Prove que você é minha dona...

A italiana não se fez de rogada, desceu até o meio de suas pernas. Abriu-lhe bem o sexo, cheirando, inalando o delicioso aroma, em seguida lambeu toda extensão, o fez até penetrar-lhe só com a pontinha da lı́ngua.

Maria Fernanda mexeu o corpo para fazê-la ir mais intensamente, fazendo um vai e vem delicioso e mais rápido.

-- Mete mais... Chupa mais... – Pediu.

Eva sugou mais forte e percebeu que ela estava quase gozando. Parou.

-- Fica de quatro pra mim. – Ordenou.

A juı́za fitou-a confusa, mas mesmo assim atendeu ao pedido.

-- Afasta as pernas, deixe-me te ver por completo. Mais uma vez a ordem foi obedecida.

Sentiu-a esfregar-se em si e moveu-se, acompanhando o ritmo que estava sendo imposto, gemeu alto ao ser penetrada fortemente e rebolou, rebolou seguindo as estocadas, ficando mais intenso, ouviu-a xingar alto, sentiu-a escorregadia em suas nádegas em um ritmo frenético que a estava deixando louca.

Eva sabia que não demoraria a atingir o ápice do prazer e acelerou ainda mais, até ambas sucumbirem aos espasmos poderosos que dominaram seus corpos. Caiu por sobre ela e sussurrou sem fôlego em seu ouvido.

-- Você é apenas minha, amore mio... Será para sempre minha...

Maria Fernanda fechou os olhos e adormeceu com um sorriso nos lábios.

 


Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A antagonista - Capítulo 25

A antagonista- Capítulo 22

A antagonista - Capítulo 21