A déspota - Capítulo 33


 

Eva nem prestou atenção nas últimas palavras da déspota, assim que viu a porta aberta saiu em disparada e por muito pouco não se chocou com a Catrina que seguia em direção ao banheiro.

--Agora eu entendi a sua demora, estava com a princesinha! – Chegou logo dizendo.

Maria Fernanda preferiu não responder a provocação. Pegou a bolsa e começou a retocar a maquiagem.

-- Você não tem vergonha? Não basta essa garota ter fugido e casado com outra? Ainda vai querer fazer o papel de amante abandonada? – Fitou-lhe o reflexo. – Ela preferiu alguém que tinha renome e não a filha de uma prostituta.

Instintivamente, a juı́za a segurou pelos ombros, pressionando-a contra a porta.

A loira se surpreendeu ao notar aquele sorriso arrogante, achara que seria agredida, mas aqueles olhos felinos apenas se estreitaram ainda mais. Sabia que a bela mulher nunca usava da violência, era sempre tão controlada.

-- Não se preocupe, fútil Catrina, não serei amante da filha de Belluti. – Sussurrou roucamente no ouvido dela. – Serei a esposa.

A déspota nem deu chance para que a outra respondesse, saiu, deixando-a queimando de tanta raiva.

 

 

 

 

-- Nossa, você parece que sofreu um ataque.

Eva ignorou o rapaz e sentou.

Seu corpo ainda estava a pegar fogo. Sentia uma pressão tão forte em seu estômago, que chegava a sentir pontadas na cabeça.

-- O que houve contigo? Estou temendo que o sangue exploda em seu rosto. – Entregou-lhe uma taça. – Beba um pouco, quem sabe assim melhore seu aspecto de quem participou de uma cessão de sexo selvagem.

A italiana o fuzilou com o olhar, mas aceitou a sugestão e tomou o conteúdo todo de uma vez.

Arthur viu a juı́za aparecer alguns metros distante, sabia que tinha ocorrido algo entre elas, não havia outra pessoa que fizesse sua amiga ficar tão transtornada.

-- Eu quero ir embora desse lugar. – Disse quando estava mais calma. – Desejo apenas ir para casa.

-- Acho melhor você tentar se acalmar. – Falou por entre os dentes, olhando sobre os ombros dela.

A cigana virou a tempo de ver Maria Fernanda sentar-se à mesa deles.

-- Não há lugar melhor nessa festa e olhe que já procurei.

Eva lhe lançou com um olhar frio, porém da outra só arrancou um sorriso.

-- Arthur, você pretende ficar muito tempo no Brasil? –Buscou iniciar uma conversa com o jovem, já que não recebeu confiança da garota.

 O rapaz olhou para a cigana que deu de ombros.

-- Pretendo ficar o tempo que a Eva precisar.

 

-- Ah, imagino que seja para lhe apoiar na luta contra o pai da Luı́za. – Disse examinando o copo. – Fiquei sabendo que o juiz tinha rejeitado o último pedido dele de guarda da ciganinha, eles nem mesmo marcaram uma nova sessão. – Disse como quem não quer nada.

Aquelas palavras surtiram o efeito desejado.

-- De que estás a falar? – A Belluti indagou interessada.

A juı́za estendeu a mão e tocou na da italiana, prendendo-a entre as suas.

-- Sim, minha gata selvagem, alguns procedimentos de Ricardo estão sendo investigados a fundo. Digamos que ele estava tentando subornar o judiciário.

-- Como você sabe disso? – Desvencilhou-se do toque que a estava incomodando. A déspota apenas deu de ombros.

-- Fale! – Exigiu.

-- Por que eu tenho que falar? Você se nega a responder as minhas perguntas. – Bebeu mais um pouco.

-- Ora, o que você deseja saber? Não já leu tudo naquelas malditas folhas? – Exaltou-se.

-- Eu desejo saber o motivo de ter escolhido a Luı́za, eu desejo saber o motivo de ter me abandonado quando eu deixei claro que te amava, quando corri atrás de ti, buscando milhões de formas de te provar que o meu amor era verdadeiro.

Eva encarou aqueles olhos azuis e apenas viu a determinação de quem não pretendia desistir de obter a resposta para sua indagação. Sentiu uma necessidade imensa de abraçá-la, de estreitá-la em seus braços, mas permaneceu no mesmo lugar.

-- O fiz porque não poderia abandonar a Luı́za. – Falou baixinho. – Ela estava condenada a morte, não havia ninguém por ela, ninguém pelo bebê que ela esperava.

-- E eu?

Arthur teve a impressão que conseguia ouvir o coração das duas mulheres. Era como se aquele som clamasse alto. Fitou a amiga, viu em seu olhar a luta que ela estava a travar, sabia como ela era temerosa, sabia como temia se machucar novamente.

-- Eu não acreditava que nós duas tivéssemos um futuro juntas. – Disse por fim. Maria Fernanda apenas balançou a cabeça afirmativamente, levantou e se afastou. A italiana pensou em ir atrás dela, mas acabou continuando no mesmo lugar.

Como podia passar tão rapidamente da raiva para o amor?

Nunca se arrependera do passo que dera anos atrás, fizera o que fora necessário, porém quando recordava das lágrimas que viu a juı́za derramar naquele dia, então seu coração se fechava de uma forma, sentia uma enorme dor por tudo que se passara.

-- Bem, pelo menos, vocês já falaram o que precisava ser falado. – Arthur tentou descontrair.

 

 

A noite continuava animada.

Eva contava com a presença constante de Lutho e ainda tivera que aguentar a Esther que veio lhe cumprimentar e acabara sentando em sua mesa.

A cigana procurava a juı́za por entre os convidados, mas não a viu mais. Chegou a imaginar que ela tinha ido embora. Uma ansiedade crescia dentro do seu peito a cada segundo. Luı́s Fernando subiu ao palco e discursou e convidou-a a fazer o mesmo, afinal, ela estava a representar Andrello.

Conseguiu falar algumas palavras em agradecimento e rapidamente se afastou, então foi no momento que retornava a sua mesa que viu a déspota entrar de braços dados com uma bela ruiva, decerto, deveria ser uma modelo, de tão linda que era.

-- Você falou muito bem, amore mio. – Beijou-lhe a mão e puxando-a a cadeira para si.

-- Obrigada! – A única coisa que pode pronunciar.

Arthur pediu licença para ir ao banheiro e ela precisou aguentar sozinha a mãe e o filho.

-- É uma desavergonhada mesmo, já deixou a loira de lado e buscou os braços da advogada. – Comentava a matriarca italiana. – Ainda se diz uma juı́za respeitável.

A cigana comeu um salgadinho, tentando não prestar atenção na conversa do rapaz com a mãe.

Não necessitava que ninguém falasse sobre o caráter da déspota, ela conhecia muito bem aquele aspecto da personalidade da mesma.

-- E como está seu pai, querida?

-- Está bem, logo, logo retornará a ativa.

-- Ah, minha linda, eu acho melhor que ele não faça isso. Você deveria pensar em casar com um homem inteligente para ele pudesse assumir essas responsabilidades. Estava prestes a responder, quando um homem se aproximou dela, um dos seguranças da festa.

-- O seu amigo Arthur não está muito bem, me pediu para chamá-la.

-- O que ele tem ? – Indagou assustada.

-- Eu não sei. – Entregou-lhe um papel.

Ela leu e ficou ainda mais preocupada. Pegou a bolsa e pediu licença para ir até o rapaz.

Arthur não deveria estar nada bem, afinal, ele pedira que ela fosse até o carro para irem embora. Apressou o passo por entre os veı́culos.

Estava um pouco deserto no local, apenas os manobristas estavam por perto.

Não encontrou ninguém, já estava entrando em desespero. Chamou pelo amigo, mas devido à música alta, não conseguiria fazer com que ele lhe ouvisse. Seguiu pelo jardim, onde havia árvores frondosas e a escuridão imperava.

Estava pronta para voltar quando ouviu passos. Assustou-se.

-- Calma, bebê, eu não sou o lobo mau.

Apenas a lua iluminava o local, mas mesmo assim conseguia ver muito bem o sorriso cı́nico que a mulher lhe dirigia.

-- O que você quer hein, Fernanda? – Perguntou com as mãos nos quadris. – Estou procurando meu amigo, então volte lá para os braços das suas mulheres e me deixe em paz.

A juı́za caminhou até ela, ficando bem próxima, estendeu a mão e tocou-lhe a face.

-- Está com ciúmes?

-- Ah, por favor, me poupe, eu não tenho motivos para sentir isso de ti. Você pode dormir com quem quiser que eu não vou estar nem aı́.

-- Dormir não é muito eufemismo? – Arqueou a sobrancelha zombeteiramente.

Como teve vontade apagar aquele riso do rosto da déspota, odiava quando ela provocava, odiava a forma que ela insinuava e odiava ainda mais imaginar que ela tocava outras e também era tocada.

-- Olha, tenho coisas mais importantes para fazer. – Afastou-se para ir embora.

-- Ah, eu esqueci de avisar, o Arthur já foi, o encontrei antes de ti.

-- Quê? – Virou-se.

-- Ele me disse que não estava muito bem e que queria ir embora.

-- Mas como ele foi? Meu carro está aqui. – Apontou para o estacionamento.

-- Bem, eu emprestei o meu, não queria, mas ele disse que era urgente. – Falou com cara de inocente.

A italiana foi interrompida pelo som do celular.

Arthur!

Só agora ao ouvir do rapaz é que conseguira acreditar nas palavras da juı́za. Ele confirmara tudo. Desligou!

-- Bem, agora, você sabe que não sou mentirosa... Ah, ele tinha me dito que pediria para você me levar em casa. – Levantou as mãos quando notou o olhar irado em sua direção. – Eu não fiz nada, apenas sou uma vı́tima das circunstâncias.

A cigana respirou fundo e ficou contando mentalmente.

Não sabia quem matar primeiro, o estú pido do jovem ou aquela arrogante que exibia uma cara de ingenuidade. Quanto tempo pegaria de prisão?

Estava ficando louca, só podia ser isso.

-- Pegue um táxi!

-- Não trouxe dinheiro.

-- Eu pago!

-- Não gosto de andar de táxi, mas se você não quer fazer esse favor, ok, verei como me viro. – Passou por ela de cabeça erguida.

Eva suspirou impaciente, sentia-se de certa forma um pouco cruel, já que a outra ajudou ao seu aigo.

-- Certo! – Falou alto. – A hora que a meritı́ssima desejar, a levarei.

Maria Fernanda apenas levantou a mão em assentimento, não se arriscaria a olhar para trás, estava morrendo de rir e tinha certeza que corria sério risco de levar uma boa surra se a outra percebesse.

 

 

Lutho observou à meia irmã retornar ao salão e alguns minutos depois Eva aparecia. Será que elas estavam juntas?

Não acreditava e não desejava acreditar que ambas retomariam o romance, não estava disposto a permitir aquilo, não mesmo, odiava mais que tudo a Maria Fernanda. Poderia até perdoar a italiana pela traição, porém a outra não. Iria destruı́-la, em breve faria isso. Livrar-se-ia de uma vez daquela maldita que entrara em sua vida e lhe roubara tudo.

-- Tudo bem? – Levantou para puxar a cadeira para a jovem.

A cigana percebeu que Esther não estava mais na mesa, porém o italiano parecia não ter planos para ir embora tão cedo.

-- Sim, apenas o Arthur teve que se retirar, não estava se sentindo... bem.

O irmão da juı́za iniciou uma conversa, mas a filha de Belluti não conseguia se concentrar nas palavras dele, seu olhar era sempre capturado por de Maria Fernanda. Ela estava a alguns metros de distância e falava animadamente com uma bela mulher, de inı́cio não reconheceu, mas examinando melhor percebeu que se tratava da mulher do primogênito dos Alcântaras.

Corou ao ver o olhar de ambas se voltarem em sua direção. Atrapalhada, acabou derrubando a taça de vinho.

-- Maria Fernanda, deixa a filha de Andrello em paz. A Catrina está uma verdadeira fera com isso, ela teve a ousadia de ir à mesa onde seu pai estava e contou que você estava atrás da cigana como um cachorro atrás do osso.

A juı́za bebeu lentamente o lı́quido vermelho.

Fitou a cigana e teve vontade de sorrir ao vê-la corar, mas ainda estava muito irritada para isso, afinal, vê-la acompanhada do meio irmão não estava sendo uma experiência muito agradável.

Sabia que a jovem não era imune a si, porém temia que aquilo fosse apenas desejo, mesmo lembrando que tempos atrás ela deixara claro seu amor,  mas isso não  fora suficiente  para fazê-la voltar para si, ao contrário, Eva decidira ficar com outra mulher e lhe abandonara. Ainda sentia uma raiva enorme por isso, mas também a amava demais para se manter afastada, a queria ao seu lado, acordar todos os dias e ver aquele sorriso, aquele olhar misterioso e faiscantes quando contrariados ou excitados.

Nem ao menos respondeu ao comentário de Patrı́cia, apenas beijou-lhe a face e se afastou.

 

 

-- Vamos dançar? – Lutho estendeu-lhe a mão.

-- Acho melhor não, estou me sentindo cansada. Deixemos para outra ocasião. – Tentou amenizar as palavras com um encantador sorriso.

O rapaz pareceu não gostar muito de ser rejeitado, coisa que era raro acontecer, porém preferiu não demonstrar.

Retornou ao seu lugar e ficou a bebericar tranquilamente.

-- Senhorita Belluti, sinto acabar com sua noite, mas desejo ir embora.

Eva teve um sobressalto, estava distraı́da e não notara que a juı́za se aproximava.

-- Ora, e desde quando interessa para ela se você está indo ou não? – O italiano levantou-se irritado.

-- Calma, garanhão, isso não tem nada a ver com você, então sente e não se meta no que não é da sua conta.

A cigana viu ambos se encararem, temeu que o jovem não aguentasse a provocação presente naqueles olhos azuis. Temerosa, resolveu interver.

-- Eu a levarei em casa. – Ficou entre os dois. – O Arthur não estava se sentindo bem, então a Maria Fernanda emprestou-lhe o carro, assim, eu fiquei com a missão de levá-la. – Explicou rapidamente.

-- Se esse é o problema eu pedirei que o meu motorista se encarregue disso. – Retrucou.

-- Não, o seu motorista não tem os atrativos da filha do Andrello. – Provocou-o com um piscar de olho.

-- Olha, vamos embora que é o melhor. – A italiana tomou a déspota pela mão e saiu levando-a em meio aos convidados.

Eva viu a mandı́bula de Lutho enrijecer, temeu que ele partisse para violência, pois até mesmo ela teve ganas de fazê-lo ao ouvir o comentário depreciativo que Fernanda fizera. Quando já estavam perto do carro, ela a soltou.

-- Olha, nunca mais se refira a mim da forma que o fez lá. – Disse apontando-lhe o dedo. – Eu deveria ter deixado o Lutho quebrar a sua cara, não tem respeito por ninguém.

-- Ora, só porque eu disse que você tinha mais atrativos que o motorista dele? – Mirou-a de cima até embaixo lentamente. – Não estava mentindo.

A italiana sentiu um arrepio percorrer a espinha diante daquele olhar faminto.

-- Olha, entra no carro, antes que eu me arrependa de te levar... – Passou a mão na cabeça. – Nem mesmo me despedi das pessoas.

-- Besteira. – Deu a volta e foi para a parte do motorista.

-- Eu dirijo o meu carro. – Frisou.

-- Não, eu o farei e prometo não causar nenhum arranhão, apenas não estou querendo lhe guiar até minha casa.

-- O carro tem GPS, então por favor, não me faça te deixar aqui, não estou mais com paciência para discutir.

-- Hun, certo.

Eva respirou fundo e entrou no veı́culo.

Esperou que a outra fizesse o mesmo, em seguida deu partida. Apertou no painel.

-- Diga o endereço para que possa ser localizado pelo computador. – Pediu sem se voltar.

-- Não se preocupe, eu digito.

A cigana deu de ombros e continuou dirigindo, até sentir uma mão pousar em sua coxa. Tentou não demonstrar o desconforto, afinal, a déspota estava se apoiando apenas para ter melhor acesso para teclar no GPS, mas parecia que a tarefa simples estava levando mais tempo do que o necessário.

-- Esqueci o nome da rua. – Fez movimentos circulares e buscou a abertura da lateral da perna.

A italiana parou no semáforo e deteve-lhe o movimento.

-- Isso está me incomodando. – Afastou-lhe o braço.

-- Está? – Encarou-a. – Por quê? – Arqueou a sobrancelha em provocação.

Eva notou o lampejo de desejo naqueles olhos e rezou para que pudesse chegar logo ao destino e seguir em paz para sua casa. Uma buzina interrompeu seus pensamentos e ela deu partida novamente.

A juı́za não estava disposta a acabar aquela noite sozinha, tinha um enorme desejo de ter aquela linda mulher em seus braços, desejava-a mais do que tudo e não desistiria. Sabia que ela continuava sensível ao seu toque e usaria isso ao seu favor.

Dessa vez o fez mais sutilmente, apenas seu dedo iniciou movimentos circulares, quando não recebeu nenhum protesto, invadiu a abertura e tocou-lhe, percebendo que ela estava de cinta-liga.

Fechou os olhos e a imaginou em seus braços naquele momento.

Mordeu o lábio inferior e fitou o perfil firme que parecia não prestar muita atenção no que se passava. Percebeu que a pele macia se arrepiou ao senti-la.

Fitou-a novamente e dessa vez recebeu um olhar rápido de advertência, porém isso não foi suficiente para parar seu intuito. Viu-a se concentrar mais uma vez na direção e voltou a tocá-la, dessa vez foi mais além, chegou ao tecido macio da calcinha. Deixou a mão parada por alguns segundos, queria ver a reação dela, afinal, não desejava provocar um acidente.

 

A italiana tentava se concentrar nos carros que estava a sua frente, mirou o GPS e percebeu que ainda estava longe do endereço que ela colocara e para piorar a situação sentia o corpo reagir desgraçadamente ao toque imposto pela outra, teve que morder o lábio para não gemer ao sentir a mão pausada em sua lingerie.

Parou mais uma vez no sinal e aproveitou para encarar a déspota e retirar-lhe o toque.

-- Chega disso, agora. – Disse em um fio de voz. – Se continuares te farei descer do meu carro. – Ameaçou.

A juı́za apenas esboçou um sorriso safado o que deixou a outra ainda mais desejosa dela.

Maria Fernanda observou que mais à frente o trânsito estava mais lento, um pequeno congestionamento devido a uma batida em uma traseira. Viu a filha de Belluti diminuir a velocidade e redobrar a atenção.

Dessa vez retornou a mão, mas ousou ainda mais e começou a invadir a calcinha pela lateral, até ver a resposta que buscara a noite toda, ela estava molhada, excitada, pronta para si. Sentiu o próprio corpo reagir, sentiu o sexo pulsar só em tocá-la, respirou fundo e exalou o cheiro do desejo.

Eva observou que mais a frente havia uma praça que estava deserta, deu a seta e entrou, estacionando bruscamente.

A cigana fitou-a e viu-a se aproximar e não esboçou nenhuma defesa ao ter a boca tocada delicadamente. Permaneceu estática, sentindo-a acaricia-lhe o lábio inferior com a lı́ngua, sentindo-a invadir lentamente seu espaço. Não conseguiu mais exibir a falsa imparcialidade, buscando naquele beijo as respostas para os seus medos.

Reclamou quando a juı́za retirou a lı́ngua, mas percebeu que se tratava apenas da performance deliciosa de vai e vem, algo que mexeu com todos os nervos do seu corpo. Segurou-a em seus dentes, em seguida sugou-a, chupando ruidosamente, chupando até tira-lhe o fôlego.

Sentiu-a forçar a entrada para o seu corpo e não teve forças para protestar, apenas se livrou do cinto de segurança, afastou-o mais as pernas lhe dando livre acesso. Sabia que aquilo era uma loucura, mas não queria parar, não desejava que terminasse, precisava, necessitava daquelas carı́cias.

Mexeu o quadril para acompanhar os movimentos, porém sentiu-a parar. Encarou confusa a juı́za, mas percebeu o intuito da outra que passou para o banco de trás e a levou

consigo.

Agradeceu aos céus por ter escolhido o SW4, ele tinha muito espaço para o que desejavam fazer. Maria Fernanda a fez sentar em seu colo, de frente para si.

Encararam-se por alguns segundos, até a juı́za sussurrar em seu ouvido.

-- Deixe-me lhe dar prazer, deixe-me sentir prazer em seu corpo. – Baixou o vestido fitando os seios firmes. – Linda!

Eva sentiu a lı́ngua lamber o biquinho rosado, viu-a mordiscar e depois sugar, enquanto seus dedos retornavam ao centro do seu prazer, mexendo gostosamente e retirando em seguida.

Choramingou, não desejava que ela cessasse os movimentos.

Notou-a lambuzar o mamilo e estremeceu ao fitar aquele olhar safado, trouxe-a mais para si, vendo-a mamar sem deixar de encará-la. Movimentou o quadril pedindo mais e não se decepcionou, pois recebeu muito mais do que desejou.

As carı́cias no clitóris a fez gemer alto e pouco a pouco seu corpo foi aumentando os movimentos até ser sacudida por espasmos violentos.

-- Olha nos meus olhos... quero ver seu rosto... quero que goze olhando para mim. A italiana encarou aquele mar e notou a paixão queimar neles.

Maria Fernanda a abraçou e beijou-lhe o topo da cabeça. Sentia a pele em chamas.

Respirou fundo para controlar a vontade de tomá-la novamente, seu coração estava acelerado.

-- Por que fez isso? – Perguntou com a cabeça escondida em seu pescoço, tentando recuperar o fôlego. – Por que está fazendo isso? Deseja mostrar que tem total controle sobre meu corpo? Que eu não consigo te resistir?

-- Não! – Segurou-lhe a rosto, fazendo-a fitá-lo. – Fiz isso porque eu não consigo te resistir, porque sou totalmente apaixonada por você, mesmo tendo sido abandonada, eu não consegui arrancar esse amor de dentro do meu peito.

A cigana viu a sinceridade naquele olhar, sentiu uma corrente elétrica percorrer sua espinha.

-- Diga que me ama... – Pediu. – Preciso que diga apenas isso.

A juı́za desviou o olhar, era incrível como se sentia frágil quando estava perto daquela mulher, era como se voltasse a ser uma simples adolescente.

-- Eu te amo, Eva Beatrice Belluti, eu te amo como nunca cheguei a pensar que poderia amar na minha vida, na verdade, nunca acreditei nessa coisa de amor, sempre achei que era romantismo barato, porém quando você  partiu naquele avião  uma parte de mim foi contigo. Todos esses anos, tentei viver como se nada tivesse acontecido, mas eu sabia que você continuava dentro de mim, eu sabia porque era seus olhos que estavam em meus sonhos, seu cheiro que invadia minhas noites insones. – Mordeu o lábio inferior. – Eu reconheço que agi mal contigo antes, talvez por não saber lidar com esse sentimento, talvez por medo, talvez por arrogância... talvez por ser eu uma déspota... porém eu sou a sua déspota... eu te amo tanto, tanto que só desejo estar ao seu lado pelo resto dos meus dias.

Eva viu uma lágrima escapar e sentiu uma emoção enorme se apossar de si. Abraçou-a e ambas choraram juntas, choraram pelas feridas que o tempo provocou, choraram por estarem juntas depois de tanto tempo.


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