A déspota - capítulo 32
Arthur observou o semblante
preocupado da amiga, sentada ao seu lado no carro.
-- O que houve com
a juı́za? Brigaram foi? – Indagou sem deixar de prestar atenção ao trânsito.
Eva ficou em
silêncio, depois levou o indicador ao lábio inferior, ainda sentia a forma
exigente de ela lhe beijar.
Fitou o perfil do
amigo e depois respondeu:
-- Ela me pediu
para contar o que tinha acontecido... tudo...
-- Hun! – O rapaz
estacionou o carro em frente a uma lanchonete.
O jovem segurou-lhe
o queixo, fazendo-a encará-lo.
-- Foram três
anos, Eva, três longos anos e em nenhum deles você mencionou a Maria
Fernanda, porém seus olhos sempre falaram o que sua boca se negava a fazer.
-- Não sei do que
estás a falar. – Negou.
-- Sabe sim, sabe
que amas aquela mulher, sabes que não há outra no mundo que possa ocupar o
lugar que só pertence a déspota, então já está mais do que na hora de
agarrar essa oportunidade, você não acha?
A italiana fitou um
casal de idosos que estava sentado em uma das mesas que o estabelecimento
mantinha na calçada. Havia uma cumplicidade, um carinho no sorriso que o senhor
dirigiu a sua amada, uma espécie de adoração.
Era aquilo tão sublime
o amor? Ou era aquela apenas uma das fases desse sentimento? Recordou do
turbilhão de emoção que lhe invadia quando fitava certos olhos azuis. Era
como se houvesse mariposas brincando em seu estômago, mas havia outros
momentos que sentia uma enorme necessidade de xingá-la, de castigá-la...
Seria isso também amor?
-- Nesse momento,
eu só tenho uma preocupação em minha vida e essa preocupação é a minha
filha.
Arthur a fitou por
alguns segundos, sabia como a bela cigana era cabeça dura, talvez ela estivesse
certa em se preocupar só com a Isabely, mas dois não era melhor que uma só?
Decidiu dar partida no automóvel, por enquanto deixaria aquela situação
esquecida.
Maria Fernanda
continuou encostada na porta por intermináveis segundos. Tocou os lábios com
os dedos e relembrou o sabor da boca da cigana. Tinha como esquecer aquela
mulher?
Seu corpo ainda
estava em brasa por senti-la tão junto a si. A sala estava impregnada com o
seu cheiro, com a presença dela. Cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo.
-- Assim você
acaba comigo, doce Eva!
Andrello já
parecia melhor, pelo menos estava lúcido e conseguia se comunicar sem nenhum
problema.
A enfermeira estava
verificando a pressão do paciente quando a jovem Belluti apareceu trazendo a
filha pela mão. A menina correu para o avô.
-- Isabely, não
esqueça que seu avô ainda está dodói.
A menina ficou sem
jeito com a repreensão da mãe, mas Myrtes acalentou-a.
-- Deixe-a, ela me
adora. – Belluti gracejou e fazendo gesto para que colocassem a menina sobre a
cama.
-- E para onde esse
anjinho vai toda bonitinha assim?
A italiana
sentou-se perto do pai.
-- O Arthur vai
levá-la ao shopping.
-- “ Vou bincar,
vô e comer batata fita”.
Todos riram com a
cara sapeca da garotinha.
-- E você não
irá com eles?
-- Não, tenho
algumas coisas para fazer.
O italiano fitou a
filha por alguns segundos e notou como havia amadurecido sua rebelde menina.
Sabia tudo o que ela tinha passado com a Luı́za, a perdoou quando ficou sabendo
os verdadeiros motivos dela ter partido, porém sempre ficou a pensar se a Eva
não estava a fugir de alguma coisa que a machucava.
Sentia-se culpado,
pois sabia que a dor começou a povoar aqueles lindos olhos depois de tê-la
feito refém da filha de Pedro. Nunca chegara a saber o que realmente tinha
ocorrido entre as duas mulheres, mas sua intuição dizia que havia muita coisa
para ser dita naquela história.
Tocou-lhe a mão,
apertando-a junto a sua.
-- Amo muito você!
A jovem encarou o
pai por alguns segundos, até que o abraçou. Isa fez o mesmo, dando um grande
abração no empresário.
-- Nossa, Fernanda,
por que estás tão irritada? – Patrı́cia indagava. Ambas seguiram para a praça
de alimentação e sentaram-se.
A cunhada
praticamente a obrigou acompanhar ao cinema. Mas tinha quase certeza que aquilo
fora apenas uma desculpa para poder tirá-la de casa.
-- Queria apenas
continuar trabalhando e não está em meio a tanta gente. – Respondeu irritada.
-- Não achas que
estás a trabalhar demais? Ou você está pensando em ganhar o prêmio de melhor
juı́za do ano? – Gracejou.
-- Quero apenas
ficar sozinha!
A garçonete
apareceu para anotar aos pedidos.
-- Tudo isso é por
que a Eva está de volta? – Perguntou assim que ficaram sozinhas novamente.
-- Olha, eu tenho
mais o que fazer...
A jovem levantou
para ir embora, mas foi atacada por alguém agarrando sua coxa.
Arthur correu
desesperado atrás de Isabely, a menina viu alguém e foi ao encontro, saindo
correndo pela praça.
Maria Fernanda
baixou a cabeça e viu aqueles olhinhos azuis olhando para si e aquele sorriso
travesso de menina sapeca. Patrı́cia observava a cena, confusa. Quem era aquela
garotinha?
Viu-a estender os
braços para a cunhada e sentiu um aperto no peito. Sabia que a mulher que
estava ali não era nada maternal, na verdade, se não fosse o amor que ela
sentia pela cigana, poderia até pensar que dentro daquele peito não havia um
coração. Porém, algo a surpreendeu, a déspota baixou e pegou a ruivinha nos
braços.
-- Menina, você
quer me matar!?
Arthur quase caiu
ao notar nos braços de quem estava a afilhada.
Isabely escondeu o
rosto no pescoço da juı́za e soltou gritinhos de alegria.
-- Perdão, senhora
déspo... – Pigarreou. – Maria Fernanda. Dê-me aqui essa danadinha. – Tirou-a
dos braços da jovem. – Realmente, peço que nos desculpe.
-- “ Nanda” ! – A
menina pronunciou.
O rapaz fez mais um
gesto de cabeça e saiu apressadamente com filha da italiana. Patrı́cia
observava tudo confusa. Quem eram aquelas pessoas?
A déspota a
encarou e notou a interrogação em seu rosto.
-- Essa é a filha
da Eva! – Voltou a sentar.
--
Filha??????????????? E você a conhecia? – A jovem sentou. – Parecia que a
menina te conhecia há muito tempo.
-- A vi apenas uma
vez, no dia que reencontrei a mãe dela.
-- Nossa, como ela
é fofa! – Sorriu.
Pela primeira vez
em uma semana, a juı́za esboçou um sorriso.
-- Sim, é muito
linda mesmo.
A garçonete voltou
trazendo os sucos.
Patrı́cia notou a
mudança que havia ocorrido no rosto da mulher sentada a sua frente. Ela parecia
mais leve agora, que mudança uma garotinha podia fazer, ainda mais quando era
ela filha do amor da sua vida.
-- Seu pai deseja
que você compareça a festa da empresa. – Comentou tomando um gole do suco.
-- Não estou com
vontade de ir a lugar nenhum!
-- Você terá um
monte de mulher bonita caindo aos seus pés. Não sei como, mas as mulheres
gamam nesse seu ar carrancudo.
Ambas gargalharam.
-- E então,
déspota? Dará o ar de sua graça?
-- Pensarei no seu
caso. – Piscou o olho.
-- Você está
dizendo que a Isabely se soltou de suas mãos e saiu correndo dentro do
shopping a ponto de cair e se machucar????????
O rapaz e a criança
estavam sentados na cama e ouviam a bronca de cabeça baixa.
-- Eva, ela se
soltou das minhas mãos e saiu correndo...
-- Isso não tem
justificativa! E qual o motivo dela sair desesperada por entre um monte de
gente?
A menina levantou a
cabeça e fitou a mãe.
-- Nanda...
A italiana arqueou
a sobrancelha confusa.
-- Era isso o que
eu queria te dizer desde que cheguei aqui, mas você só sabe brigar e
brigar...
-- Fale!
-- Ela correu
direto para os braços da Maria Fernanda!
A cigana respirou
fundo e parecia estar a contar para não explodir. Interfonou e em poucos
minutos uma empregada subiu.
-- Leve-a para
banhar e depois cama! Está de castigo até segunda ordem.
A ruivinha deu a mão para a moça e saiu cabisbaixa.
-- Você está
sendo muito radical – Arthur acusou-a. – Não houve nada de mais.
-- A juı́za
reconheceu a minha filha?
-- Sim, até a
colocou no colo. – Levantou afoito. – Nossa, a sua déspota tem aquele ar
arrogante, mas ela fica tão fofa no papel de mãe.
A italiana o repreendeu com o olhar.
-- Ela estava
sozinha?
-- Não, estava com
uma bela... – Fechou a boca com a mão.
-- Não precisa
completar, já dar pra imaginar o final da frase.
-- Evinha... –
Tentou abraçá-la.
A jovem se
desvencilhou.
-- Você também
está de castigo!
Arthur a viu girar
nos calcanhar e sair irritada do quarto.
A noite estava
estrelada.
Passava das duas da
madrugada.
Pela enésima vez,
a cigana voltou a deitar. Estava agitada, não conseguia dormir. Observou a
filha ressonar baixinho e aconchegou-se junto a ela. Fechou os olhos e a imagem
da juı́za surgiu.
Quantas mulheres
há em sua vida, Maria Fernanda? Eu fui apenas mais uma na sua coleção...
Quando aquela agonia iria chegar ao fim?
Os dias passaram
tranquilos, não houve mais encontros entre as duas mulheres. Eva apenas corria
de um lado para o outro para tentar acompanhar o ritmo dos negócios do pai.
Não tivera mais
notı́cias de Ricardo e isso não era boa coisa, decerto o homem estava a tramar
algo.
Estava a examinar
uns papéis, quando o telefone tocou.
A secretária lhe
disse que alguém desejava lhe ver, ficou surpresa, afinal há tempos não
mantinha nenhum tipo de contato com a pessoa, pensou em dizer que não podia
atender naquele momento, fizera assim quando recebera as ligações, mas decidiu
permitir a entrada.
Alguns segundos
depois a porta do escritório abriu e o belo italiano adentrou o espaço. Não
mudara muito, Lutho continuava um homem muito bonito e charmoso. Ela
levantou-se e foi até ele.
-- Como estás,
bambina? – Cumprimentou-a com beijo bem próximo à boca.
A italiana
afastou-se e indicou a cadeira para ele, fazendo o mesmo em seguida.
-- Como pode estar
mais bela do que antes.
Ela ficou
constrangida com a forma que estava sendo encarada.
-- Bem, o que o
traz aqui?
-- Vim me por a sua
total disposição. – Levantou e foi até ela, ficando de joelho e segurando-lhe
a mão. – Eu estou sabendo dos problemas que vem enfrentando com o avô da sua
filha e saiba que poderá contar comigo para proteger você e a menina.
-- Como você sabe
disso? – Perguntou desconfiada.
-- Eu conheço
Ricardo e o estava no mesmo lugar que ele quando o vi falando sobre tirar a
filha de Luı́za de ti.
-- Ela é minha
filha!
-- Eu sei e como
disse, poderá contar comigo para que aquele lixo nunca se aproxime dela.
Eva se sentiu
tocada com as palavras do rapaz, afinal, ele tinha todos os motivos do mundo
para odiá-la, mas mesmo assim virá lhe mostrar apoio em algo que nem mesmo
era de
Sua
-- Obrigada, Lutho, não sabe como fico feliz por saber que
conto com o seu apoio.
O italiano sorriu de forma inocente. Ele tinha que
comemorar, afinal, o primeiro passo já tinha sido dado, em breve teria a
cigana e sua fortuna nas mãos.
-- Filha, você irá a festa? Não pode faltar, precisa
representar os Bellutis.
A italiana chegara mais cedo em casa, pensara em não
comparecer àquele evento, mas infelizmente não poderia se dar ao luxo de não
ir.
-- Sim, papai, eu irei. Vou banhar e me arrumar para ir.
-- Irá sozinha?
-- Não, o Arthur irá
me acompanhar.
-- Que bom, fico muito feliz. Não se preocupe com a Isa,
Myrtis e eu ficaremos de olho nela.
Eva assentiu e
deixou os aposentos.
A festa estava
cheia de gente elegante.
Eva precisara
cumprimentar uma legião de empresários. Reencontrou algumas pessoas que
pareceram não ficar feliz com sua presença, um deles, foi Luı́s Fernando
Alcântara, ele lhe dirigira um olhar gelado, porém não permitiria que aquilo
a magoasse, afinal, ele tinha os motivos dele para agir assim.
-- O pai da
déspota está vindo em nossa direção. – Arthur avisou, tomando um gole da
bebida.
Ambos estavam
sentados um pouco afastados. As pessoas já dançavam no enorme salão e os
garçons serviam a todos com bebidas finas e um Buffet excepcional.
-- Então, você
está de volta!
A italiana bebeu
lentamente um pouco do que tinha na taça, em seguida o encarou.
-- Sim! – Respondeu
com um sorriso.
-- Não se aproxime
da Maria Fernanda ou você vai se arrepender do dia que nasceu. – Falou baixo.
-- Está me
ameaçando? – Indagou arqueando a sobrancelha.
Arthur tentou
intervir, mas foi silenciado por um gesto da cigana.
-- O senhor que
deve se preocupar com a sua filha, quanto a mim, não lhe devo nenhuma satisfação
da minha vida.
O empresário ainda
abriu a boca para retrucar, mas sabia que aquele não era o momento para
aquilo.
Lançou-lhe um olhar
irritado e se afastou.
-- Bem, a noite
parece que está apenas começando.
A jovem seguiu o
olhar do amigo e se arrependeu amargamente pelo gesto.
Adentrava a sala,
vestida em um longo vestido preto, que delineava as lindas curvas e completando
a sensualidade com um decote cujo um casaco cobria discretamente. Os cabelos
estavam presos, apenas a franja emoldurava o lindo rosto. A maquilagem realçava
os lindos olhos azuis e a boca rosada.
Viu quando uma bela loira se aproximou dela, segurando-lhe
a mão de forma possessiva. Catrina!
Não desviou os
olhar a tempo de não ser capturada pelos olhos azuis.
-- Nossa, essa juı́za
é muito linda, amiga, agora eu entendo o motivo de você não conseguir
esquecê-la.
Eva encarou com cara de poucos amigos.
-- Mas eu estou
mentindo? Se eu gostasse da fruta, você teria uma concorrente!
A italiana não pôde
evitar rir da piada, só Arthur mesmo para vir com uma ideia daquela. Bebeu
mais um pouco do lı́quido que estava em seu copo.
-- Acho que essa
não é uma boa hora de se embebedar, a sua déspota está vindo em nossa
direção.
A cigana sentiu
aquele reboliço conhecido no estômago, estava de costas, mas apesar da música
alta, conseguia pressentir os passos se aproximando. Um arrepio percorreu toda
sua espinha.
-- Boa noite! –
Cumprimentou com um sorriso aberto. -- Posso me sentar com vocês?
Eva levantou a
cabeça e se deparou com aquele olhar sedutor que parecia despi-la sem nenhum
pudor.
-- Não acho que
sua acompanhante vai gostar de tê-la tão longe, então acho melhor não
sentar aqui.
-- Não se
preocupe, não há nenhuma acompanhante. – Sem esperar permissão, sentou,
cruzando as pernas.
A italiana lhe
dirigiu um olhar de desagrado, mas foi totalmente ignorada.
-- E você, Arthur,
como está? Ainda correndo para segurar a pequena ciganinha?
O jovem riu do
termo que a outra usou, mas bastou olhar para a amiga que voltou a ficar
sério.
-- O nome da minha
filha é Isabely e ela não é uma cigana.
Maria Fernanda
levantou-se, os dois pensaram que ela iria se retirar, mas não, ela apenas
mudou de cadeira, para assim poder ficar de frente para a jovem.
-- E você é
cigana?
Eva apenas deu de
ombros, não iria entrar naquele jogo, o melhor era ignorar.
-- Eu lembro que
você gostava de ler mãos. – Por sobre a mesa tocou na dela.
A italiana viu-a
virar a sua e traçar as linhas.
Não acreditou
quando fitou aqueles olhos, corou no mesmo instante e se afastou do toque.
-- E como está a
cabelinho de fogo? – Perguntou com cara de inocente.
-- A Isabely está
muito bem, obrigada.
Arthur pigarreou.
-- Estou indo ao
toalete. – Falou levantando.
A cigana ainda
olhou para ele em advertência, mas o rapaz saiu em disparada por entre os
convidados.
Fernanda riu da
cara de desespero da jovem. Gargalhou.
-- Eu não estou
vendo nenhuma graça! – Repreendeu-a irritada.
-- Você está com
medo de ficar sozinha comigo? Não se preocupe, ciganinha, não vou atacá-la.
–
Pegou uma taça com
o garçom e bebericou lentamente. Eva sentia o corpo em chamas diante daquele
olhar, a juı́za percorria todo o seu corpo com aquele jeito safado que a fazia
tremer.
-- Você, pode, por
favor, parar de me fitar desse jeito?
-- Você está tão
linda, na verdade você é linda, mas hoje se superou em beleza. A cigana
estreitou os olhos, mordendo o canto do lábio inferior.
Desgraçadamente,
estava totalmente excitada. Aquilo só podia ser efeito da bebida, não poderia
ter outra explicação.
-- Pare de me olhar
como se quisesse me devorar. – Disse irritada.
A déspota
levantou-se, dando a volta, parou ao seu lado, agachou um pouco até chegar a
sua orelha.
-- Eu estou louca
para comer cada pedacinho do seu corpo. – Sussurrou.
Eva ficou tão nervosa que acabou derramando o
copo.
Maria Fernanda
sorriu e se afastou.
Seguiu caminhando
entre os convidados, precisara se afastar, pois não seria capaz de se
responsabilizar por seus atos se continuasse tão perto daquela deusa. Não mentira
quando disse que desejava comê-la, cada célula do seu corpo ansiava por
aquilo, sentia um tesão tão poderoso que chegava a sentir o ú tero doer de
tanta vontade de tê-la em seus braços.
-- Cadê a juı́za?
– Arthur perguntou, voltando a se sentar.
-- Não sei e não
tenho interesse me saber. Por que demorou tanto?
-- É que estava
cheio de gente lá. – Desconversou. – Eu estou com fome.
-- Olha, não me
venha com brincadeira. Não deveria ter me deixado sozinha um minuto sequer.
-- Não sabia que
você tinha medo da déspota. – Desdenhou.
-- Não tenho
medo...
-- Lá vem o outro
irmão! – Interrompeu-a.
-- Boa noite! –
Lutho cumprimentou. – Posso desfrutar da sua companhia, bambina?
-- Sim, claro!
Arthur preferiu nem
opinar. Ele não gostava do italiano, o achava falso, apesar do jeito
arrogante, preferia mil vezes a Maria Fernanda.
A juı́za viu quando
o irmão se aproximou da cigana e teve ganas de ir lá tirar satisfação.
-- Aonde pensas que
vais? – Patrı́cia segurou-a pelo braço. – Não é seu estilo fazer escândalos,
na verdade, eu posso imaginar o próprio papa fazendo um, mas jamais a fria
déspota.
A jovem estreitou
os olhos felinamente.
-- Deixe-me em paz!
– Falou com os dentes cerrado.
A moça sorriu da
fúria no rosto da cunhada.
Era uma mulher
linda, porém difı́cil de tratar.
-- Olha, a sua
loira se aproximando. – Fez cara de séria.
Maria Fernando
virou-se para observar de quem a outra estava falando e foi surpreendida com um
abraço.
-- Amor, eu estava
te procurando.
-- Eu estava cumprimentando
algumas pessoas. – Falou se soltando dos braços da moça.
-- Você irá
dormir no meu apartamento ou eu irei para o seu?
Patrı́cia sob o
olhar irada da déspota, desatou a rir.
-- Dance comigo? –
Lutho estendeu-lhe a mão de forma cavalheira.
Eva realmente não
estava nenhum pouco a fim de falar, mas decidira aceitar o pedido para não ser
grossa. Seguiu para a pista e sentiu o coração falhar ao ver Catrina abraçada
à juı́za.
Maldita descarada!
Teve vontade de ir
até ela e enfia-lhe a mão na cara para que criasse um pouco de vergonha.
-- Minha meia-irmã
está bem acompanhada. – Lutho comentou. – A futura esposa é uma loira muito
bonita. Você não acha?
A cigana encarou-o
e tentou disfarçar ao máximo seu desagrado.
-- Sabia que ela
era apenas uma empregadinha e hoje é quase uma executiva. Trabalha nas
empresas do meu pai, tudo para fazer o gosto da bastardinha. A italiana
encostou a cabeça em seu ombro, pois sabia que em seu rosto estava expresso sua
raiva.
Voltou a observar a
cena e os olhares de ambas se cruzaram. Percebia naqueles olhos azuis uma
espécie de desafio. Nem esperou a música acabar, pediu licença e seguiu para
o banheiro.
Tinha algumas
pessoas lá, ela fingiu retocar a maquiagem, até que todos saı́ram. Ela apoiou
as mãos sobre a pia e ficou a mirar o próprio reflexo.
Respirou fundo para
poder controlar a fúria.
Então, viu quando
a porta abriu e Fernanda entrou com aquela imponência costumeira e aquele ar
prepotente e arrogante. Nem mesmo olhou para ela, foi em direção à saı́da,
mas foi detida bruscamente pelo braço.
-- Solte-me! –
Tentou se desvencilhar, mas a outra apertou ainda mais. – Está me machucando.
-- O que você
estava fazendo com aquele imbecil? – Indagou por entre os dentes. – Não me
diga que pretende reatar seu romance com ele. – Ironizou.
-- E se eu
quisesse? – Desafiou-a.
A juı́za encarou
aqueles olhos pretos, viu o brilho de raiva presentes nele. Sentiu o corpo
inflamar!
Fernanda girou a
chave, deixando-as trancadas.
Segurou-a pelos
ombros e a encostou na parede, pressionando o corpo ao dela.
A sensação de
sentir aquela forma se encaixar na sua foi inebriante. Esfregou-se nela como
uma gata no cio. A cigana tentou se afastar, mas foi uma tentativa em vão.
-- Não, você não
quer! – Completou com um sorriso convencido.
Eva ia retrucar,
quando teve a boca invadida por outra exigente. Sentiu os lábios esmagados,
sugados ao extremo.
Espalmou as mãos
em seu peito para afastá-la, mas ao sentir a maciez do colo em seus dedos,
sentiu a resistência deixar seu corpo. Acariciou-os sobre o vestido, mas não
foi suficiente para saciar seu desejo.
Estava tão fora de
si que por muito pouco não rasgou-lhe o modelito. Meu Deus, como odiava aquela
fraqueza!
Baixou a vestimenta
o suficiente para ter contato com a pele sedosa.
Ficou a sentir
embevecida aqueles dois lindos montes em suas mãos. Apertou-os, deleitou-se em
tocar naquela pele.
Maria Fernanda
gemeu ao sentir os dedos explorando-lhe os seios, sugou ainda mais sua lı́ngua,
sentindo o prazer que o beijo lhe proporcionava. Quase desfaleceu quando a boca
abandonou seus lábios para se apossar dos mamilos.
Inclinou a cabeça
para trás dando livre acesso as carı́cias da jovem cigana. Gemeu alto!
A juı́za não fora
atrás da italiana para isso, mas parecia que seu corpo ganhava vida própria,
como se pegasse fogo e não houvesse uma forma de frear aquela vontade. Ouviram
batidas na porta e se afastaram instintivamente.
Não demorou muito
para a pessoa desistir da tentativa.
A italiana fitou a
déspota, vendo os seios expostos, preferiu encarar aqueles olhos. Maria
Fernanda arrumou a roupa lentamente.
-- Abra a porta! –
Eva ordenou.
A déspota
encostou-se na pia e cruzou os braços.
--
Precisamos conversar!
A cigana se
aproximou perigosamente, apontando o dedo em riste.
-- Eu não tenho
nada para falar contigo, volte lá para sua mulherzinha, sua loira. A juı́za
exibiu aquele sorriso jocoso e Eva ficou ainda mais brava.
-- Descarada!
Safada! Desavergonhada!
-- Faltou
gostosa... deliciosa...linda... e não esqueça a parte mais importante: Te
deixa louca!
Por pouco, a juı́za conseguiu desviar de uma bofetada. Sabia que precisava parar de provocar a jovem, mas estava sentindo um prazer indescritível naquele ato.
-- Ok, deixarei
você sair! – Levantou as mãos em rendição. – Mas nós iremos conversar e
ainda hoje.
Amo elas!
ResponderExcluirElas são demais!!!
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