A déspota - capítulo 32


     

Arthur observou o semblante preocupado da amiga, sentada ao seu lado no carro.

-- O que houve com a juı́za? Brigaram foi? – Indagou sem deixar de prestar atenção ao trânsito.

Eva ficou em silêncio, depois levou o indicador ao lábio inferior, ainda sentia a forma exigente de ela lhe beijar.

Fitou o perfil do amigo e depois respondeu:

-- Ela me pediu para contar o que tinha acontecido... tudo...

-- Hun! – O rapaz estacionou o carro em frente a uma lanchonete.

O jovem segurou-lhe o queixo, fazendo-a encará-lo.

-- Foram três anos, Eva, três longos anos e em nenhum deles você mencionou a Maria Fernanda, porém seus olhos sempre falaram o que sua boca se negava a fazer.

-- Não sei do que estás a falar. – Negou.

-- Sabe sim, sabe que amas aquela mulher, sabes que não há outra no mundo que possa ocupar o lugar que só pertence a déspota, então já está mais do que na hora de agarrar essa oportunidade, você não acha?

A italiana fitou um casal de idosos que estava sentado em uma das mesas que o estabelecimento mantinha na calçada. Havia uma cumplicidade, um carinho no sorriso que o senhor dirigiu a sua amada, uma espécie de adoração.

Era aquilo tão sublime o amor? Ou era aquela apenas uma das fases desse sentimento? Recordou do turbilhão de emoção que lhe invadia quando fitava certos olhos azuis. Era como se houvesse mariposas brincando em seu estômago, mas havia outros momentos que sentia uma enorme necessidade de xingá-la, de castigá-la... Seria isso também amor?

-- Nesse momento, eu só tenho uma preocupação em minha vida e essa preocupação é a minha filha.

Arthur a fitou por alguns segundos, sabia como a bela cigana era cabeça dura, talvez ela estivesse certa em se preocupar só com a Isabely, mas dois não era melhor que uma só? Decidiu dar partida no automóvel, por enquanto deixaria aquela situação esquecida.

 

 

Maria Fernanda continuou encostada na porta por intermináveis segundos. Tocou os lábios com os dedos e relembrou o sabor da boca da cigana. Tinha como esquecer aquela mulher?

Seu corpo ainda estava em brasa por senti-la tão junto a si. A sala estava impregnada com o seu cheiro, com a presença dela. Cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo.

-- Assim você acaba comigo, doce Eva!

 

 

Andrello já parecia melhor, pelo menos estava lúcido e conseguia se comunicar sem nenhum problema.

A enfermeira estava verificando a pressão do paciente quando a jovem Belluti apareceu trazendo a filha pela mão. A menina correu para o avô.

-- Isabely, não esqueça que seu avô ainda está dodói.

A menina ficou sem jeito com a repreensão da mãe, mas Myrtes acalentou-a.

-- Deixe-a, ela me adora. – Belluti gracejou e fazendo gesto para que colocassem a menina sobre a cama.

-- E para onde esse anjinho vai toda bonitinha assim?

A italiana sentou-se perto do pai.

-- O Arthur vai levá-la ao shopping.

-- “ Vou bincar, vô e comer batata fita”.

Todos riram com a cara sapeca da garotinha.

-- E você não irá com eles?

-- Não, tenho algumas coisas para fazer.

O italiano fitou a filha por alguns segundos e notou como havia amadurecido sua rebelde menina. Sabia tudo o que ela tinha passado com a Luı́za, a perdoou quando ficou sabendo os verdadeiros motivos dela ter partido, porém sempre ficou a pensar se a Eva não estava a fugir de alguma coisa que a machucava.

Sentia-se culpado, pois sabia que a dor começou a povoar aqueles lindos olhos depois de tê-la feito refém da filha de Pedro. Nunca chegara a saber o que realmente tinha ocorrido entre as duas mulheres, mas sua intuição dizia que havia muita coisa para ser dita naquela história.

Tocou-lhe a mão, apertando-a junto a sua.

-- Amo muito você!

A jovem encarou o pai por alguns segundos, até que o abraçou. Isa fez o mesmo, dando um grande abração no empresário.

 

 

 

-- Nossa, Fernanda, por que estás tão irritada? – Patrı́cia indagava. Ambas seguiram para a praça de alimentação e sentaram-se.

A cunhada praticamente a obrigou acompanhar ao cinema. Mas tinha quase certeza que aquilo fora apenas uma desculpa para poder tirá-la de casa.

-- Queria apenas continuar trabalhando e não está em meio a tanta gente. – Respondeu irritada.

-- Não achas que estás a trabalhar demais? Ou você está pensando em ganhar o prêmio de melhor juı́za do ano? – Gracejou.

-- Quero apenas ficar sozinha!

A garçonete apareceu para anotar aos pedidos.

-- Tudo isso é por que a Eva está de volta? – Perguntou assim que ficaram sozinhas novamente.

-- Olha, eu tenho mais o que fazer...

A jovem levantou para ir embora, mas foi atacada por alguém agarrando sua coxa.

 

 

Arthur correu desesperado atrás de Isabely, a menina viu alguém e foi ao encontro, saindo correndo pela praça.

Maria Fernanda baixou a cabeça e viu aqueles olhinhos azuis olhando para si e aquele sorriso travesso de menina sapeca. Patrı́cia observava a cena, confusa. Quem era aquela garotinha?

Viu-a estender os braços para a cunhada e sentiu um aperto no peito. Sabia que a mulher que estava ali não era nada maternal, na verdade, se não fosse o amor que ela sentia pela cigana, poderia até pensar que dentro daquele peito não havia um coração. Porém, algo a surpreendeu, a déspota baixou e pegou a ruivinha nos braços.

-- Menina, você quer me matar!?

Arthur quase caiu ao notar nos braços de quem estava a afilhada.


Isabely escondeu o rosto no pescoço da juı́za e soltou gritinhos de alegria.

-- Perdão, senhora déspo... – Pigarreou. – Maria Fernanda. Dê-me aqui essa danadinha. – Tirou-a dos braços da jovem. – Realmente, peço que nos desculpe.

-- “ Nanda” ! – A menina pronunciou.

O rapaz fez mais um gesto de cabeça e saiu apressadamente com filha da italiana. Patrı́cia observava tudo confusa. Quem eram aquelas pessoas?

A déspota a encarou e notou a interrogação em seu rosto.

-- Essa é a filha da Eva! – Voltou a sentar.

-- Filha??????????????? E você a conhecia? – A jovem sentou. – Parecia que a menina te conhecia há muito tempo.

-- A vi apenas uma vez, no dia que reencontrei a mãe dela.

-- Nossa, como ela é fofa! – Sorriu.

Pela primeira vez em uma semana, a juı́za esboçou um sorriso.

-- Sim, é muito linda mesmo.

A garçonete voltou trazendo os sucos.

Patrı́cia notou a mudança que havia ocorrido no rosto da mulher sentada a sua frente. Ela parecia mais leve agora, que mudança uma garotinha podia fazer, ainda mais quando era ela filha do amor da sua vida.

-- Seu pai deseja que você compareça a festa da empresa. – Comentou tomando um gole do suco.

-- Não estou com vontade de ir a lugar nenhum!

-- Você terá um monte de mulher bonita caindo aos seus pés. Não sei como, mas as mulheres gamam nesse seu ar carrancudo.

Ambas gargalharam.

-- E então, déspota? Dará o ar de sua graça?

-- Pensarei no seu caso. – Piscou o olho.

 

 

-- Você está dizendo que a Isabely se soltou de suas mãos e saiu correndo dentro do shopping a ponto de cair e se machucar????????

O rapaz e a criança estavam sentados na cama e ouviam a bronca de cabeça baixa.

-- Eva, ela se soltou das minhas mãos e saiu correndo...

-- Isso não tem justificativa! E qual o motivo dela sair desesperada por entre um monte de gente?

A menina levantou a cabeça e fitou a mãe.

-- Nanda...

A italiana arqueou a sobrancelha confusa.

-- Era isso o que eu queria te dizer desde que cheguei aqui, mas você só sabe brigar e brigar...

-- Fale!

-- Ela correu direto para os braços da Maria Fernanda!

A cigana respirou fundo e parecia estar a contar para não explodir. Interfonou e em poucos minutos uma empregada subiu.

-- Leve-a para banhar e depois cama! Está de castigo até segunda ordem.

A ruivinha deu a mão para a moça e saiu cabisbaixa.

-- Você está sendo muito radical – Arthur acusou-a. – Não houve nada de mais.

-- A juı́za reconheceu a minha filha?

-- Sim, até a colocou no colo. – Levantou afoito. – Nossa, a sua déspota tem aquele ar arrogante, mas ela fica tão fofa no papel de mãe.

 A italiana o repreendeu com o olhar.

-- Ela estava sozinha?

-- Não, estava com uma bela... – Fechou a boca com a mão.

-- Não precisa completar, já dar pra imaginar o final da frase.

-- Evinha... – Tentou abraçá-la.

A jovem se desvencilhou.

-- Você também está de castigo!

Arthur a viu girar nos calcanhar e sair irritada do quarto.

 

 

A noite estava estrelada.

Passava das duas da madrugada.

Pela enésima vez, a cigana voltou a deitar. Estava agitada, não conseguia dormir. Observou a filha ressonar baixinho e aconchegou-se junto a ela. Fechou os olhos e a imagem da juı́za surgiu.

Quantas mulheres há em sua vida, Maria Fernanda? Eu fui apenas mais uma na sua coleção... Quando aquela agonia iria chegar ao fim?

 

 

Os dias passaram tranquilos, não houve mais encontros entre as duas mulheres. Eva apenas corria de um lado para o outro para tentar acompanhar o ritmo dos negócios do pai.

Não tivera mais notı́cias de Ricardo e isso não era boa coisa, decerto o homem estava a tramar algo.

Estava a examinar uns papéis, quando o telefone tocou.

A secretária lhe disse que alguém desejava lhe ver, ficou surpresa, afinal há tempos não mantinha nenhum tipo de contato com a pessoa, pensou em dizer que não podia atender naquele momento, fizera assim quando recebera as ligações, mas decidiu permitir a entrada.

Alguns segundos depois a porta do escritório abriu e o belo italiano adentrou o espaço. Não mudara muito, Lutho continuava um homem muito bonito e charmoso. Ela levantou-se e foi até ele.

-- Como estás, bambina? – Cumprimentou-a com beijo bem próximo à boca.

A italiana afastou-se e indicou a cadeira para ele, fazendo o mesmo em seguida.

-- Como pode estar mais bela do que antes.

Ela ficou constrangida com a forma que estava sendo encarada.

-- Bem, o que o traz aqui?

-- Vim me por a sua total disposição. – Levantou e foi até ela, ficando de joelho e segurando-lhe a mão. – Eu estou sabendo dos problemas que vem enfrentando com o avô da sua filha e saiba que poderá contar comigo para proteger você e a menina.

-- Como você sabe disso? – Perguntou desconfiada.

-- Eu conheço Ricardo e o estava no mesmo lugar que ele quando o vi falando sobre tirar a filha de Luı́za de ti.

-- Ela é minha filha!

-- Eu sei e como disse, poderá contar comigo para que aquele lixo nunca se aproxime dela.

Eva se sentiu tocada com as palavras do rapaz, afinal, ele tinha todos os motivos do mundo para odiá-la, mas mesmo assim virá lhe mostrar apoio em algo que nem mesmo era de


Sua


 

-- Obrigada, Lutho, não sabe como fico feliz por saber que conto com o seu apoio.

O italiano sorriu de forma inocente. Ele tinha que comemorar, afinal, o primeiro passo já tinha sido dado, em breve teria a cigana e sua fortuna nas mãos.

 

 

 

 

-- Filha, você irá a festa? Não pode faltar, precisa representar os Bellutis.

A italiana chegara mais cedo em casa, pensara em não comparecer àquele evento, mas infelizmente não poderia se dar ao luxo de não ir.

-- Sim, papai, eu irei. Vou banhar e me arrumar para ir.

-- Irá sozinha?

-- Não, o Arthur irá  me acompanhar.

-- Que bom, fico muito feliz. Não se preocupe com a Isa, Myrtis e eu ficaremos de olho nela.

 Eva assentiu e deixou os aposentos.


 

 

A festa estava cheia de gente elegante.

 

Eva precisara cumprimentar uma legião de empresários. Reencontrou algumas pessoas que pareceram não ficar feliz com sua presença, um deles, foi Luı́s Fernando Alcântara, ele lhe dirigira um olhar gelado, porém não permitiria que aquilo a magoasse, afinal, ele tinha os motivos dele para agir assim.

-- O pai da déspota está vindo em nossa direção. – Arthur avisou, tomando um gole da bebida.

Ambos estavam sentados um pouco afastados. As pessoas já dançavam no enorme salão e os garçons serviam a todos com bebidas finas e um Buffet excepcional.

-- Então, você está de volta!

A italiana bebeu lentamente um pouco do que tinha na taça, em seguida o encarou.

-- Sim! – Respondeu com um sorriso.

-- Não se aproxime da Maria Fernanda ou você vai se arrepender do dia que nasceu. – Falou baixo.

-- Está me ameaçando? – Indagou arqueando a sobrancelha.

Arthur tentou intervir, mas foi silenciado por um gesto da cigana.

-- O senhor que deve se preocupar com a sua filha, quanto a mim, não lhe devo nenhuma satisfação da minha vida.

O empresário ainda abriu a boca para retrucar, mas sabia que aquele não era o momento para aquilo.

Lançou-lhe um olhar irritado e se afastou.

-- Bem, a noite parece que está apenas começando.

A jovem seguiu o olhar do amigo e se arrependeu amargamente pelo gesto.

Adentrava a sala, vestida em um longo vestido preto, que delineava as lindas curvas e completando a sensualidade com um decote cujo um casaco cobria discretamente. Os cabelos estavam presos, apenas a franja emoldurava o lindo rosto. A maquilagem realçava os lindos olhos azuis e a boca rosada.

Viu quando uma bela loira se aproximou dela, segurando-lhe a mão de forma possessiva. Catrina!

Não desviou os olhar a tempo de não ser capturada pelos olhos azuis.

-- Nossa, essa juı́za é muito linda, amiga, agora eu entendo o motivo de você não conseguir esquecê-la.

 Eva encarou com cara de poucos amigos.

-- Mas eu estou mentindo? Se eu gostasse da fruta, você teria uma concorrente!

A italiana não pôde evitar rir da piada, só Arthur mesmo para vir com uma ideia daquela. Bebeu mais um pouco do lı́quido que estava em seu copo.

-- Acho que essa não é uma boa hora de se embebedar, a sua déspota está vindo em nossa direção.

A cigana sentiu aquele reboliço conhecido no estômago, estava de costas, mas apesar da música alta, conseguia pressentir os passos se aproximando. Um arrepio percorreu toda sua espinha.

-- Boa noite! – Cumprimentou com um sorriso aberto. -- Posso me sentar com vocês?

Eva levantou a cabeça e se deparou com aquele olhar sedutor que parecia despi-la sem nenhum pudor.

-- Não acho que sua acompanhante vai gostar de tê-la tão longe, então acho melhor não sentar aqui.

-- Não se preocupe, não há nenhuma acompanhante. – Sem esperar permissão, sentou, cruzando as pernas.

A italiana lhe dirigiu um olhar de desagrado, mas foi totalmente ignorada.

-- E você, Arthur, como está? Ainda correndo para segurar a pequena ciganinha?

O jovem riu do termo que a outra usou, mas bastou olhar para a amiga que voltou a ficar sério.

-- O nome da minha filha é Isabely e ela não é uma cigana.

Maria Fernanda levantou-se, os dois pensaram que ela iria se retirar, mas não, ela apenas mudou de cadeira, para assim poder ficar de frente para a jovem.

-- E você é cigana?

Eva apenas deu de ombros, não iria entrar naquele jogo, o melhor era ignorar.

-- Eu lembro que você gostava de ler mãos. – Por sobre a mesa tocou na dela.


A italiana viu-a virar a sua e traçar as linhas.

Não acreditou quando fitou aqueles olhos, corou no mesmo instante e se afastou do toque.

-- E como está a cabelinho de fogo? – Perguntou com cara de inocente.

-- A Isabely está muito bem, obrigada.

Arthur pigarreou.

-- Estou indo ao toalete. – Falou levantando.

A cigana ainda olhou para ele em advertência, mas o rapaz saiu em disparada por entre os convidados.

Fernanda riu da cara de desespero da jovem. Gargalhou.

-- Eu não estou vendo nenhuma graça! – Repreendeu-a irritada.

-- Você está com medo de ficar sozinha comigo? Não se preocupe, ciganinha, não vou atacá-la. –

Pegou uma taça com o garçom e bebericou lentamente. Eva sentia o corpo em chamas diante daquele olhar, a juı́za percorria todo o seu corpo com aquele jeito safado que a fazia tremer.

-- Você, pode, por favor, parar de me fitar desse jeito?

-- Você está tão linda, na verdade você é linda, mas hoje se superou em beleza. A cigana estreitou os olhos, mordendo o canto do lábio inferior.

Desgraçadamente, estava totalmente excitada. Aquilo só podia ser efeito da bebida, não poderia ter outra explicação.

-- Pare de me olhar como se quisesse me devorar. – Disse irritada.

A déspota levantou-se, dando a volta, parou ao seu lado, agachou um pouco até chegar a sua orelha.

-- Eu estou louca para comer cada pedacinho do seu corpo. – Sussurrou.

 Eva ficou tão nervosa que acabou derramando o copo.

Maria Fernanda sorriu e se afastou.

Seguiu caminhando entre os convidados, precisara se afastar, pois não seria capaz de se responsabilizar por seus atos se continuasse tão perto daquela deusa. Não mentira quando disse que desejava comê-la, cada célula do seu corpo ansiava por aquilo, sentia um tesão tão poderoso que chegava a sentir o ú tero doer de tanta vontade de tê-la em seus braços.

 

 

-- Cadê a juı́za? – Arthur perguntou, voltando a se sentar.

-- Não sei e não tenho interesse me saber. Por que demorou tanto?

-- É que estava cheio de gente lá. – Desconversou. – Eu estou com fome.

-- Olha, não me venha com brincadeira. Não deveria ter me deixado sozinha um minuto sequer.

-- Não sabia que você tinha medo da déspota. – Desdenhou.

-- Não tenho medo...

-- Lá vem o outro irmão! – Interrompeu-a.

-- Boa noite! – Lutho cumprimentou. – Posso desfrutar da sua companhia, bambina?

-- Sim, claro!

Arthur preferiu nem opinar. Ele não gostava do italiano, o achava falso, apesar do jeito arrogante, preferia mil vezes a Maria Fernanda.

 

 

A juı́za viu quando o irmão se aproximou da cigana e teve ganas de ir lá tirar satisfação.

-- Aonde pensas que vais? – Patrı́cia segurou-a pelo braço. – Não é seu estilo fazer escândalos, na verdade, eu posso imaginar o próprio papa fazendo um, mas jamais a fria déspota.

A jovem estreitou os olhos felinamente.

-- Deixe-me em paz! – Falou com os dentes cerrado.

A moça sorriu da fúria no rosto da cunhada.

Era uma mulher linda, porém difı́cil de tratar.

-- Olha, a sua loira se aproximando. – Fez cara de séria.

Maria Fernando virou-se para observar de quem a outra estava falando e foi surpreendida com um abraço.

-- Amor, eu estava te procurando.

-- Eu estava cumprimentando algumas pessoas. – Falou se soltando dos braços da moça.

-- Você irá dormir no meu apartamento ou eu irei para o seu?

Patrı́cia sob o olhar irada da déspota, desatou a rir.

 

 

 

-- Dance comigo? – Lutho estendeu-lhe a mão de forma cavalheira.

Eva realmente não estava nenhum pouco a fim de falar, mas decidira aceitar o pedido para não ser grossa. Seguiu para a pista e sentiu o coração falhar ao ver Catrina abraçada à juı́za.

Maldita descarada!

Teve vontade de ir até ela e enfia-lhe a mão na cara para que criasse um pouco de vergonha.

-- Minha meia-irmã está bem acompanhada. – Lutho comentou. – A futura esposa é uma loira muito bonita. Você não acha?

A cigana encarou-o e tentou disfarçar ao máximo seu desagrado.

-- Sabia que ela era apenas uma empregadinha e hoje é quase uma executiva. Trabalha nas empresas do meu pai, tudo para fazer o gosto da bastardinha. A italiana encostou a cabeça em seu ombro, pois sabia que em seu rosto estava expresso sua raiva.

Voltou a observar a cena e os olhares de ambas se cruzaram. Percebia naqueles olhos azuis uma espécie de desafio. Nem esperou a música acabar, pediu licença e seguiu para o banheiro.

Tinha algumas pessoas lá, ela fingiu retocar a maquiagem, até que todos saı́ram. Ela apoiou as mãos sobre a pia e ficou a mirar o próprio reflexo.

Respirou fundo para poder controlar a fúria.

Então, viu quando a porta abriu e Fernanda entrou com aquela imponência costumeira e aquele ar prepotente e arrogante. Nem mesmo olhou para ela, foi em direção à saı́da, mas foi detida bruscamente pelo braço.

-- Solte-me! – Tentou se desvencilhar, mas a outra apertou ainda mais. – Está me machucando.

-- O que você estava fazendo com aquele imbecil? – Indagou por entre os dentes. – Não me diga que pretende reatar seu romance com ele. – Ironizou.

-- E se eu quisesse? – Desafiou-a.

A juı́za encarou aqueles olhos pretos, viu o brilho de raiva presentes nele. Sentiu o corpo inflamar!

Fernanda girou a chave, deixando-as trancadas.

Segurou-a pelos ombros e a encostou na parede, pressionando o corpo ao dela.

A sensação de sentir aquela forma se encaixar na sua foi inebriante. Esfregou-se nela como uma gata no cio. A cigana tentou se afastar, mas foi uma tentativa em vão.

-- Não, você não quer! – Completou com um sorriso convencido.

Eva ia retrucar, quando teve a boca invadida por outra exigente. Sentiu os lábios esmagados, sugados ao extremo.

Espalmou as mãos em seu peito para afastá-la, mas ao sentir a maciez do colo em seus dedos, sentiu a resistência deixar seu corpo. Acariciou-os sobre o vestido, mas não foi suficiente para saciar seu desejo.

Estava tão fora de si que por muito pouco não rasgou-lhe o modelito. Meu Deus, como odiava aquela fraqueza!

Baixou a vestimenta o suficiente para ter contato com a pele sedosa.

Ficou a sentir embevecida aqueles dois lindos montes em suas mãos. Apertou-os, deleitou-se em tocar naquela pele.

Maria Fernanda gemeu ao sentir os dedos explorando-lhe os seios, sugou ainda mais sua lı́ngua, sentindo o prazer que o beijo lhe proporcionava. Quase desfaleceu quando a boca abandonou seus lábios para se apossar dos mamilos.

Inclinou a cabeça para trás dando livre acesso as carı́cias da jovem cigana. Gemeu alto!

A juı́za não fora atrás da italiana para isso, mas parecia que seu corpo ganhava vida própria, como se pegasse fogo e não houvesse uma forma de frear aquela vontade. Ouviram batidas na porta e se afastaram instintivamente.

Não demorou muito para a pessoa desistir da tentativa.

A italiana fitou a déspota, vendo os seios expostos, preferiu encarar aqueles olhos. Maria Fernanda arrumou a roupa lentamente.

-- Abra a porta! – Eva ordenou.

A déspota encostou-se na pia e cruzou os braços.

-- Precisamos conversar!                                                  

A cigana se aproximou perigosamente, apontando o dedo em riste.

-- Eu não tenho nada para falar contigo, volte lá para sua mulherzinha, sua loira. A juı́za exibiu aquele sorriso jocoso e Eva ficou ainda mais brava.

-- Descarada! Safada! Desavergonhada!

-- Faltou gostosa... deliciosa...linda... e não esqueça a parte mais importante: Te deixa louca!

Por pouco, a juı́za conseguiu desviar de uma bofetada. Sabia que precisava parar de provocar a jovem, mas estava sentindo um prazer indescritível naquele ato.

-- Ok, deixarei você sair! – Levantou as mãos em rendição. – Mas nós iremos conversar e ainda hoje.

 



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