A déspota -- Capítulo 24


-- Você é uma louca! – Gritava Fernanda. – Esse carro não é meu, é o veı́culo particular referente ao meu cargo.

Catrina e Eva observava a juı́za tirando o colchão de sobre o automóvel e verificando se alguma coisa tinha acontecido com o mesmo. Ela parecia bastante preocupada com a questão do veículo.

A italiana segurava a vontade de rir, se sentia de certa forma vingada. Pena não ter acontecido nada com o precioso meio de transporte. Próxima vez jogaria uma pedra, quem sabe assim aquela arrogante não aprenderia alguma lição de respeito pelo outro.

Mantinha-se de braços cruzados, observando-a.

-- Agora você vai dormir no chão! – Se aproximou perigosamente dela com o dedo em riste. – Não comprarei outro, não comprarei mesmo.

-- Eu não necessito do seu dinheiro. – A cigana a enfrentou com a cabeça erguida. – Só não vou dormir em um colchão que tem cheiro de sexo. Um lugar nojento onde uma vagabunda com ares de autoridade judiciária faz suas safadezas.

A juı́za gargalhou alto de forma tão debochada que a italiana teve ganas de espancá-la. Observava os olhos azuis se estreitarem.

-- Ah, não diga que não gostou daquele aroma... você gozou só em senti-lo. Acha que não que estava cordada?

 Eva avançou sobre ela, mas a déspota lhe segurou o braço estendido no ar antes que tivesse os óculos destruídos.

--Não abuse da minha paciência! – Falou por entre os dentes. – Fique calminha, cigana dos infernos.

Ambas se encararam demoradamente, pareciam duelar, se enfrentavam com o mesmo ı́mpeto, a mesma fúria e a mesma paixão.

            -- Vagabunda... – A filha de Andrello falou baixinho. – Cadela.

            A filha de Pedro passou a língua de forma sedutora sobre o lábio superior.

Catrina observava tudo e mais uma vez tinha a certeza que aquelas duas mulheres se amavam, porém mesmo sabendo disso, não conseguia pensar em outra coisa que não fosse conquistar para si a juı́za. Não desejava ferir a italiana, mas também não podia mandar nos próprios sentimentos.

Tocou delicadamente o braço da déspota.

-- Acho que essa discussão não vai levá-las a lugar nenhum.

Ambas fitaram a loira.

-- Você está certa!

Maria Fernanda seguiu para dentro da casa e retornou alguns segundos depois com a pequena valise. Antes de entrar no carro, mirou as duas mulheres.

-- Nenhum colchão novo entrará nessa casa. Você dormirá no chão, quem sabe assim não para de ser mimada.

A juı́za saiu cantando pneus, enquanto as duas jovens continuavam paradas, cada uma com seus pensamentos.

 

 

 

 

Luı́s Fernando estava em seu escritório.

Tivera que ir a empresa quando ficara sabendo que o filho vinha fazendo movimentações irregulares nas contas bancárias. Um colaborador que trabalhava em uma dessas agências fizera o favor de lhe informar sobre tal fato.

Agora, o empresário estava ali, tendo diante de si, Lutho e o primogênito, Fernando.

-- Eu não sabia do teor do documento. – Se defendia o mais velho. – Mamãe, me ligou e disse que deveria assinar.

-- Sua mãe não manda em nada, ela não decide sobre os meus negócios. – Bateu forte sobre a mesa.

Enquanto, um parecia assustado, encolhido em um canto, Lutho se mostrava impassível, encarando desafiadoramente ao pai.

-- Se o senhor não andasse desesperado atrás da sua bastarda, talvez conseguisse prestar mais atenção aos seus negócios.

-- De quem você está falando? – Fernando mirou ao irmão. O robusto e arrogante rapaz sorriu.

Ele sabia que o seu querido e fraco fraterno não estava a par de tudo o que andava ocorrendo, ainda mais porque ele passava mais tempo do dia ébrio do que sóbrio.

-- Não sabia que a sua querida Manu teve uma filhinha?

-- Cale-se! – Ordenou Luı́s Fernando.

Lutho sorriu e prosseguiu.

-- Enquanto, você bebe todas os uı́sques do mundo, nosso amado pai se regozija com a tal da Maria Fernanda. – Sorriu. – Você sabe quem é Maria Fernanda? – Gargalhou debochado. – É a filha da sua amada Manu e advinha quem é o papai dela? Bingo... nosso querido papai.

Fernando encarou o pai.

Sim, ele sabia que seu pai tivera algo com a prostituta que ele amava, mas nunca chegou a imaginar que eles haviam tido um filho. Ficara sabendo da gravidez dela, mas não poderá retornar ao paı́s e quando o fizera, ela já estava morta e nem mesmo se tinha notı́cia de que havia uma criança em algum lugar do mundo.

-- Isso é verdade , papai? Existe mesmo essa menina?

Luı́s Fernando fulminou ao mais jovem com o olhar, fazendo-a se retirar do recinto.

-- Acho que chegou o momento de conversarmos. – Apontou a cadeira para o homem a sua frente.

 

 

 

 

Eva estava entediada.

Desde a discussão com a déspota, ela estava em seu quarto, mas nem mesmo tinha onde deitar. Inconsequente, ligou para o amigo ir ao seu encontro. Assim, poderiam fazer algo que fosse bem divertido.

Maria Fernanda já estava impaciente.

Tivera que participar de inúmeras palestras em algumas instituições e agora retornaria ao fórum, pois havia uma audiência marcada para dentro a poucos minutos.

-- O que houve? – Indagou ao motorista.

O carro tivera que parar, pois ali em frente havia um amontoado de pessoas.

-- Eu não sei. – O homem tentou visualizar o que se passava, mas era inú til. A juı́za ouvia o som e algo a fazia lembrar-se de outra época, seria possível?

Impaciente, a déspota desceu do carro e seguiu por entre as pessoas e viu o que se passava.

Então, a cigana apareceu em seu horizonte. Ela dançava sensualmente, utilizava aquele mesmo ritmo dos andarilhos, os mesmos trajes daquele dia que a virá pela primeira vez. Eva se divertia a valer, adorava dançar e assumir aquela identidade que pertencia à famı́lia de sua mãe.

-- Gostaria de ler a minha mão?

A déspota fez um sinal e o som parou.

A italiana se assustou ao tê-la tão perto de si. Observou a mão da linda mulher estendida e fitou aqueles olhos penetrantes e terrivelmente frios. As pessoas começaram a se afastar, até mesmo Arthur preferiu se manter distante e observar o desenrolar da situação.

-- Com certeza, minha senhora. – Fez uma reverência e começou a praticar a quiromancia. – veja, há muitas coisas que vejo nessas linhas. – Passou o indicador em sua palma. – Consigo enxergar claramente que a vossa pessoa é um ser arrogante, orgulhoso e prepotente... Uma nojenta safada...

Maria Fernanda sussurrou em seu ouvido.

-- Você também consegue ver o passado? – Indagou com voz rouca. – Pois se assim o for, gostaria que você visse como eu me toquei pensando em ti, enquanto a sua pessoa fingia dormir... Ficou molhadinha, não foi? Eu senti o cheiro da sua...

A cigana se afastou com um supetão, interrompendo-a, fitando-a furiosamente.

A juíza a queria, ansiava para tê-la ali mesmo, queria tocá-la, possuí-la tão rápido...

Meneou a cabeça para se livrar daquelas emoções.

-- Vá para casa e não ouse aprontar mais nada na cidade ou farei como da outra vez. – A meritı́ssima deu-lhe as costas para sair.

-- Ousaria ir contra lei novamente? Ousaria infringir seu código de novo? – Aumentou o tom de voz.

A déspota se virou irritada, segurando-lhe firmemente pelo braço.

-- E você me denunciaria de novo junto com o idiota do seu noivinho? – Apertou-lhe mais forte. – Primeiro dar pra mim e finge que me quer, depois vai contar as autoridades o que fiz.

Eva a fitou confusa, não sabia do que ela estava falando. Os olhos negros miravam os azuis, parecia surpresa.

-- Eu não  te denunciei...

Fernanda a empurrou.

-- Não me venha com suas mentiras. —Apontou-lhe o dedo. -- Eu mesma vi a sua assinatura naquela maldita denúncia e eu recordo bem que você certa vez falara que faria tal coisa. –Sorriu de forma sarcástica. – Mas isso não me importa mais. – Sussurrou bem próximo ao ouvido. – Hoje você dividira seu prazer comigo, pois quero encarar esses olhos traiçoeiros quando o prazer invadir todo o seu corpo... Vou te usar até que nunca mais ouse me desafiar novamente... Prepare-se!

Eva corou diante daquele ar cafajeste.

A italiana percebeu que deveria ir embora e deixar para esclarecer aquilo em casa. Alguns curiosos estavam se aproximando, pois ouviram o tom alterado de ambas. Balançou a cabeça afirmativamente e seguiu ao encontro do amigo.

A juı́za a mirou por alguns segundos e depois retornou ao veı́culo. Fechou os olhos, virou a cabeça para trás e retirou os óculos.

Era sempre uma grande perda de energia discutir com aquela garota. Ela sempre lhe sugava toda a força e lhe deixava totalmente fora de si. Às vezes temia não conseguir controlar sua raiva e acabar perdendo a paciência.

Se fosse um pouco sensata acabaria com tudo aquilo e sairia de uma vez por todas da vida da Eva, mas aquilo era muito difı́cil de fazer. Sentia-se furiosa quando lembrava o que ela tinha feito e ainda mais quando pensava que ela se unira ao Lutho para destruı́-la.

Não, ela não iria embora, não antes de sentir na pele a mesma dor que ela sentira quando ficara sabendo daquela traição, só assim poderia encontrar um pouco de consolo.

 

 

 

 

 

-- Ela disse que tinha a minha assinatura. –A cigana falava com o amigo

. Ambos pararam numa pequena lanchonete para comer algo.

Uma garçonete se aproximou trazendo uma bandeja com suco, coxinhas e pasteis.

-- Mas como? Você não o fez, não é? – O rapaz perguntou dando uma mordida no lanche.

-- Claro que não! – Negou com veemência. – Quem fez a denúncia foi o Lutho, ele mesmo me disse. – Tomou um gole do suco.

-- E então? Não estou entendendo mais nada. – Fez sinal para a atendente. – Traga-me um sanduı́che dos grandes.

Assim que a garçonete se afastou, eles continuaram.

-- A Maria Fernanda deixou claro que minha assinatura estava lá, isso só pode significar que alguém fez a denúncia como se fosse eu.

-- Bem, a sua juı́za tem motivos de sobra para te odiar, você não acha?

Eva respirou fundo.

Aquela descoberta não justificava a forma como a meritı́ssima vinha lhe tratando e nem as chantagens que foram usadas para tê-la ali.

Entregara-se de corpo e alma àquela mulher, estivera disposta a assumir aquele relacionamento, arriscara tudo para estar ao seu lado e o mı́nimo que merecia era ter a opção da

-- Não, ela não tem. Eu não fiz isso e se ela sentisse algo por mim, deveria ter tido a preocupação de descobrir se isso era verdade ou não.

Arthur percebeu como sua querida amiga estava magoada com aquela situação.

Colocou sua mão sobre a dela.

-- O que pretende fazer agora?

-- Preciso que me ajude a provar minha inocência, só assim poderei me livrar das chantagens. – Respirou fundo. – Eu não acredito que ela prosseguira com isso.

-- Você já imaginou como ela vai ficar em saber que te julgou injustamente?

-- Eu não acredito que isso vai fazer alguma diferença para ela. – Completou amargamente. – Maria Fernanda é uma mulher terrível, nunca conheci alguém tão terrível, insensível.

-- Eu acho que ela gosta de ti...

A Belluti exibiu um riso amargo.

-- Está enganado... Ela quer sexo... – Mordiscou o lábio inferior. – Darei para ela, darei o que ela quer, mas depois vou fazê-la se arrepender por tudo que fez comigo.

-- Ela vai sofrer amargamente...

Eva apenas deu de ombros, não aparentava preocupação com esse detalhe, mas a cigana fizera aula de teatro, então era fácil dissimular a dor que estava sentindo.

 

 

 

Eva voltou para casa já à tardinha. Ficara conversando com o amigo e pensando como poderiam resolver aquela confusão. De inı́cio, pedira que ele fosse a busca desse tal processo. Assim que o tivesse em suas mãos, veria o que poderia ser feito. Chegara a cogitar a possibilidade de ir procurar o Lutho, mas essa ideia não parecera agradável levando em conta que se realmente ele tinha feito isso não achava que ele seria capaz de falar a verdade para a Maria Fernanda. Ainda mais sabendo que ele a odiava por ela ser sua meio irmã.

Seguiu para o quarto e olhou com desagrado para a enorme cama sem colchão. Suas costas ainda estavam doloridas. Sentou na pequena poltrona e cobriu os olhos com as mãos.

-- Maldita déspota... maldita cama...maldito desejo...

Respirou fundo, levantou-se, despiu-se ali mesmo e seguiu para o banheiro. Precisava de um banho, precisava relaxar os músculos.

 

 

Maria Fernanda olhou para o relógio.

Seis da tarde!

Estava exausta, mas ainda teria alguns processos para serem julgados. Não tinha nem ideia de que horas terminaria. Pegou o celular e observou a foto que deixara salva na galeria.

Sua linda cigana!

O que mais desejava naquele momento era que as coisas tivessem sido diferentes.

Desejaria voltar para casa e descansar nos braços de sua amada. Amá-la até a exaustão e despertá-la com beijos. Nunca quisera tanto algo na vida, como quisera aquela mulher.

Sua vida sempre fora tão vazia, nada lhe interessava a não ser o trabalho e a vontade de vingar a mãe, mas agora nem sabia mais se era aquilo o que desejava.

Lembrou-se de Luı́s Fernando e pensou que de certa forma não o odiava mais. Recordava de como ele ficara ao seu lado naquele momento difı́cil que enfrentara, recordou de como ele fora carinhoso, protetor.

Pensou em Pedro e Maria e em como eles fizeram de tudo para poder ajudá-la, para fazê-la se sentir amada, querida, protegida... mas isso nunca fora o suficiente...

-- Meritı́ssima?

Maria Fernanda estava tão distraı́da que não percebera que a secretária tinha entrado.

-- Estou indo! – Levantou-se e seguiu para a sala.

Sua toga e seu martelo poderia decidir a vida de outras pessoas, porém quem decidiria o seu próprio destino?




Eva pediu a Catrina alguns lençóis para forrar ao chão, mas a empregada dissera que não havia mais, pois a juı́za não fizera ainda compras de roupa de cama. Isso significava que a cigana iria dormir no chão e nem mesmo haveria um cobertor.

-- Caspeta!

Sabia que aquilo só podia ser coisa da juı́za.

Começou a andar de um lado para o outro, observou com desgosto o espaço onde antes havia um confortável colchão. Ouviu batidas na porta e em seguida figura da loira adentrava ao ambiente.

-- Como eu vou dormir? – Indagou a outra.

-- Talvez, você devesse voltar para sua casa, com certeza lá você encontrará muito mais conforto.

A italiana mirou a mulher que parecia agir e falar com nenhum interesse, mas ela sabia que havia algo mais ali, afinal, desde que retornara percebera certa resistência por parte da jovem, decerto, achava que corria o risco de perder a juı́za.

-- Não estou aqui por minha vontade. – Colocou as mãos nos quadris. – Por que você não pede para sua amada para me deixar em paz? – Arqueou a sobrancelha. – Ou ela não disse como conseguiu que eu deixasse... o conforto da minha casa para vir para esse fim de mundo.

Catrina respirou impaciente.

-- Eu só acho que você deveria ir embora. Não acredito que Maria Fernanda vá impedir tal coisa.

Eva balançou a cabeça negativamente.

-- Você é muito ingênua ou o amor te deixou cega.

-- Sim, eu a amo. – Falou arqueando orgulhosamente a cabeça. – E sei que poderemos ser felizes juntas, sou capaz de qualquer coisa para isso.

A cigana sorriu.

-- Eu não duvido do seu sentimento, mas não acredito que haja reciprocidade da parte da meritı́ssima. Não acredito que ela seja capaz de amar alguém.

Catrina abriu a boca para retrucar, mas acabou desistindo e saindo do quarto sem mais palavras.

A cigana fechou as mãos fortemente.

Era irritante saber que alguém poderia ser tão ingênua como a loira. Será que ela não percebia que estava apenas sendo usada para suprir as necessidades sexuais da juı́za? Só em imaginar ambas na cama, sentiu uma sensação de náusea.

Precisava que Arthur conseguisse rápido o que lhe pedira para fazer, pois não desejava mesmo ficar naquele lugar por muito tempo, estava sendo um verdadeiro martı́rio aguentar aquela situação.

 

 

 

Maria Fernanda retornou à fazenda, já passava da meia noite. O trabalho se estendeu demasiadamente, ainda pensara em dormir na cidade, mas a vontade de estar em casa fora mais forte.

Seguiu direto para o quarto. Estava louca por um banho.

Ao adentrar ao cômodo ficou estática ao ver a bela Catrina totalmente despida em sua cama.

-- O que faz aqui? – Perguntou se aproximando.

Não podia negar que aquela mulher era muito linda, tinha um corpo sexy e qualquer um ficaria fascinado com tanta beleza.

-- Quero que fique comigo! – Estendeu os braços em um convite. – Prometo que não se arrependerá.

A juı́za ainda cogitou a ideia de se deitar com a jovem, mas sabia que estaria agindo de forma horrenda. Engraçado, aquilo não era algo que a coibisse de ficar com alguém.

-- Por favor, Catrina, estou cansada. – Tentou ser diplomática.

A loira levantou e foi ao encontro dela, enlaçando-a pelo pescoço e roçando provocantemente os seios em sua pele.

-- Eu sei como acabar com esse cansaço. – Beijou-lhe a lateral do pescoço e introduziu a mão por entre a abertura da blusa, tocando-lhe o sutiã.

Maria Fernanda fechou os olhos e imagens da cigana invadiu sua mente.

Os olhos misteriosos, o sorriso aberto e sexy, aquela ar travesso e misterioso.

-- Chega! – Fernanda se afastou.

A juı́za seguiu até a cama, pegou um lençol, a cobriu e foi até a porta, abrindo-a.

Apenas uma vez transara com ela, desde aquela noite que também possuı́ra a italiana, não conseguira e tampouco desejara ficar com outra pessoa.

-- Por favor, saia. – Pediu.

Catrina seguiu cabisbaixa, parecia arrasada, porém, ao ver quem se aproximava do quarto, ela virou, deixou o cobertor cair e abraçou a déspota.

 


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