A déspota -- Capítulo 16
Apesar do aborrecimento com o ato da
Eva, a festa continuou até bem tarde. As pessoas dançavam e já podiam chamar
os motoristas para conduzi-las, pois os álcool já as dominavam. Uns felizes,
se jogavam na pista e inventavam os passos mais imprevisíveis, outros estavam
apenas a sentar-se, olhando para o copo e tentando lhe acalmar as feridas, esse
era Lutho.
O belo italiano no arredara a traseira
bem malhada da cadeira, bebera o suficiente para a vida toda, mas a alegria de
Dionı́sio parecia não ter passado por perto dele. Muitas jovens em busca de um
belo ragazzo o miravam como um abutre em busca de sua fétida refeição, os
atenciosos pais viam naquela figura, patética naquele momento, o meio mais
rápido para obter o tão desejado nome e poderio daquela família mesclada entre
o Brasil e a Itália. Porém, o moreno de elite tão rara só́ tinham olhos e
pensamentos para a rebelde e impulsiva ciganinha de olhar negro e misterioso.
Na vida, há muitas coisas que o ser
humano prefere negar, mesmo estando a sua frente, mas ele continuava a
acreditar que as coisas poderiam ser diferentes, lutar cegamente por algo que
há tempos estava perdido...
O caçula de Esther mirava a palma da
própria mão e buscava uma esperança. O que estaria escrito ali? Ou o que o
bambino desejava que estivesse?
Sim!
Ele desejava loucamente a italiana,
mesmo sabendo que ela nunca realmente o quisera. Cada dia mais acreditava que
aquela relação fora mais uma brincadeira dentre tantas que a bela jovem
costumava fazer.
Lutho observava tudo e entornava mais um
copo de vinho. Mirava um a um aquelas pessoas, parecia buscar pela imagem de um
certo alguém, porém ela não estava mais ali.
Passou as mãos pelos cabelos fartos em
ato de desespero.
Olhou o lı́quido âmbar através do
cristal, parecia querer, como a cigana, decifrar o próprio futuro. Sorriu de
forma amarga.
Eva tinha partido e lhe deixado ali sem
ao menos lhe dar uma explicação, ela deixara bem claro que entre ambos nada
mais poderia acontecer, então por que ele não seguia em frente, ao invés de
continuar bancando o idiota apaixonado? Talvez, porque pela primeira vez em
toda sua vida tenha conhecido o sabor do amor. Não negava que a princı́pio,
era apenas mais uma espécie de acordo financeiro, uma oportunidade de
estreitar os laços com os Bellutis, porém depois que fora obrigado a tê-la
tão distante, algo mudara drasticamente e fora nesse momento que ele percebera
que aquela italiana rebelde era a mulher que ele desejava para si por toda sua
vida.
Viu a mãe de braços dados com seu pai e
sentiu asco.
Ele mais do que ninguém sabia que
aquilo tudo não passava de uma farsa. As poucas vezes que compartilhara o
mesmo espaço com o casal, presenciara inúmeras brigas, traições e
desrespeito. Sabia que Esther se submetia a todo aquele teatro por causa do
dinheiro, do poder, porém amor não havia ali.
Não desejava aquilo para sua vida,
queria muito mais que poder, queria a cigana e não estava disposto a abandonar
aquela luta. Faria qualquer coisa para tê-la de volta, mesmo que isso
implicasse em perder a dignidade.
O garçom passou por ele e lhe deixou a
garrafa como fora pedido. Buscava anestesiar a mente, mas o muito que já
bebera se tornara tão insuficiente para isso. Fechou os olhos e lembrou-se da
bela mulher de olhos azuis, a mesma que sua noiva saı́ra da festa praticamente
arrastando-a. Quem seria ela?
Andrello falara que a filha conhecia a
moça, que eram uma espécie de amigas, porém aquilo não ficara tão claro.
Pensara em perguntar ao pai de quem se tratava a bela jovem, porém não
quisera mostrar como o que havia ocorrido o tinha lhe aborrecido.
-- Beber não vai resolver nada,
bambino!
Sentiu a mão forte do pai em seu ombro.
-- Estou apenas comemorando seu
aniversário! – Falou lentamente, o álcool já lhe debilitava a voz. – Um
brinde a ti, o homem mais poderoso e frio que eu conheço! – Levantou a garrafa
e depois bebeu no próprio gargalho.
Luı́s Fernando sentou-se junto a ele.
O milionário não sabia o que fazer, na
verdade nem sabia como era ser um pai, nunca se preocupara com tal detalhe,
estava sempre correndo de um lado para o outro buscando angariar ainda mais
fortunas, porém agora, vendo o filho com aquela expressão de derrota, sentia
uma enorme necessidade de socorrê-lo.
-- Esqueça a Eva! – Falou firmemente. –
Podes ter muitas outras que desejar, para que complicar a vida com uma jovem
tão rebelde?
O rapaz o encarou com uma expressão
confusa.
Se sua mente não estava muito
atordoada, essa era a primeira vez em idade adulta, que aquele homem se
aproximava de si para falar algo sobre seus relacionamentos. Na verdade, eles
nunca tinham um diálogo que não fosse referente aos negócios, só falavam de
dinheiro.
--
Vou me casar com a filha do Belluti! – Tentou levantar-se, mas parecia
difı́cil. O magnata fez sinal para dois seguranças.
-- Ajudem-no a chegar ao quarto e sejam
discretos.
Os homes apenas assentiram e saı́ram a
reboque do jovem apaixonado.
Maria Fernanda abraçou mais forte a
cigana.
No conseguia controlar as lágrimas,
soluços lhe sacudiam todo o corpo. Ouvia aquelas palavras ditas em italiano,
mesmo entendendo muito pouco da lı́ngua, pareciam tão reconfortantes, uma
espécie de bálsamo para sua alma que parecia cada vez mais perdida.
Seu choro era de dor, não dos pulsos
que agora estavam sendo beijados e acariciados, mas de toda aquela tragédia
que era sua vida, todos os infortú nios que passara sua mãe, o medo de viver
a mesma coisa, de ser usada, depois cruelmente abandonada a própria sorte.
Escondeu o rosto naquele pescoço esbelto
e aspirou o cheiro bom que se depreendia daqueles cabelos sedosos.
Eva ouvia o pulsar acelerado daquele
coraozinho e se sentia cada vez mais culpada. Em nenhum momento desejara lhe
causar algum tipo de dano, não negava que sentira tanta raiva que acabara se
descontrolando, porém não imaginara que sua amada déspota ficaria tão desolada.
Sutilmente, a fez deitar-se na enorme
cama, trazendo-a para seus braços. Apertou-a fortemente, beijando-lhe o rosto
molhado e buscando cessar aquele desespero que a outra demonstrava.
-- Scusa! -- Segurou aquela linda face
entre as mãos.-- Desculpa se te causei algum dano, meu amor!
Maria Fernanda a fitou e sentiu uma
emoção enorme tomar conta de si. Nunca vira uma mulher tão linda e nunca se
sentira tão tocada por ela.
Mirou aqueles lábios sensuais e
desenhou-os com os dedos.
-- O que eu devo fazer com você, minha
doce cigana? -- Sussurrou bem perto da boca. --Eu me perco nesse seu olhar,
perco minha capacidade de raciocinar. --Mordeu o lábio inferior. – Que feitiço
usaste em mim?
Eva sorriu, tirando alguns fios de seu
cabelo que insistiam em tapar-lhe a visão.
-- Acho que você que fez isso comigo,
pois nunca em minha vida senti algo tão poderoso. -- Deu uma pequena pausa. --
Estou apaixonada por ti, juı́za.
A déspota pareceu desconfortável ao
ouvir aquelas palavras.
Desvencilhou-se dos braços da italiana e
caminhou até a enorme janela que dava vista para a avenida movimentada.
Só agora percebeu que estavam numa
linda cobertura, cheio de requintes e bom gosto, tudo parecia estar em seu
devido lugar, o que realmente não parecia combinar com a personalidade da
filha de Belluti.
Balançou a cabeça!
Era muita presunção a sua pensar que
conhecia aquela garota que há pouco lhe deixara totalmente descontrolada, que
fora tão fundo não só em seu corpo, mas também em seu coração, que tinha
aquele poder assustador sobre suas reações.
Não deveria esquecer em momento algum
que ela era a filha de uma famı́lia tradicional, poderosa e não uma órfã que
tivera uma mãe prostituta e drogada.
Fechou os olhos fortemente, evitando
assim que mais lágrimas saı́ssem, então sentiu sua cintura sendo circundada e
mais uma vez aquela sensação de paz, de segurança se apossou de si. Sentiu o
calor daquela pele colado a suas costas, o leve respirar em suas madeixas e
aquele perfume sedutor que se depreendia daquele corpo que tanto desejava.
Cobriu as mãos de sua amada com as
suas.
-- Maria Fernanda...—Eva relutou,
respirando com dificuldade. -- Quero... quero que seja minha...
-- Sua o quê, ciganinha? -- Indagou sem
virar-se.
A italiana mais uma vez hesitou.
Ela temia mais silêncio ou deboche,
porém estava disposta a apostar todas as suas fichas, mesmo que saı́sse mais
uma vez ferida.
-- Eu quero... quero que seja minha
namorada... amante...noiva... minha esposa... minha mulher... A juı́za virou-se
para a jovem que lhe falava.
Mais uma vez mirou aqueles olhos em
busca de algo que ela mesma não sabia o que era, talvez uma confirmação de
que naquela relação não teria dor ou quem sabe uma prova de que tudo
aquilo que ela
falava não passava
de uma brincadeira,
um jogo, porém
a única coisa
que via era
um brilho diferente,
cheio de calor,
luz, mesmo que
fosse possıv́ el
também vislumbrar um pouco de temor, havia esperança.
-- Dê-me uma chance de provar que eu
posso ser o amor da sua vida.
A juı́za esboçou um meio sorriso.
“ ... eu posso ser o amor da sua vida.”
Aquela frase martelava em sua mente.
Quem dera pudesse ter tido escolha, quem dera não ter seu caminho cruzado com
o daquela mulher... Entretanto, era muito tarde para fugir.
-- Você é o amor da minha vida, doce e
feiticeira cigana! – Sussurrou baixinho.
Eva não entendeu as palavras ditas com
tão pouco volume, porém não teve tempo para indagar do que se tratava aquela
sentença. Fernanda a segurou pela nuca, trazendo-a para si.
Os lábios se encontraram numa dança
lenta, aspirando o doce aroma que lhe seduzia. Apertou-a mais em si e sentiu o
desejo de hora passada voltar ainda mais poderoso.
Eva sentiu o atrito dos seios colados
aos de sua juı́za e depois o próprio sexo buscando estreitar o contato.
Segurou no bumbum da amada, trazendo-a ainda mais para perto, arrancando gemido
de ambas as partes. A déspota caminhou até que chegassem cama.
Delicadamente deitou a italiana, em
seguida pôs-se sobre a mesma. Apoiou-se nos braços e sussurrou em seu ouvido.
-- Quero sentir o seu sabor! --
Mordeu-lhe o lóbulo da orelha. -- Quero o seu gosto na minha boca. A cigana a
puxou para mais um beijo apaixonado.
Sabia que caminhava por um território
perigoso. Seu corpo parecia ganhar vida própria.
Apertou-a mais forte, todavia a outra
prendera suas mãos sobre a cabeça, impedindo-lhe os movimentos.
-- Agora é a minha vez!
A italiana viu o azul claro se tornar
tão escuro que lembrava o céu em dias de tempestades. Sentiu o “ sorriso” se
cravar sobre a carne de seu pescoço.
Cerrou os dentes para não gritar.
Olhou aqueles lindos seios que estavam
ao seu alcance, buscou livrar as mãos para poder acariciá-los, mas a outra
não lhe permitiu.
-- O que você quer? – Mordeu o lábio
inferior. – Isso! – Passou a pontinha da lı́ngua sobre o mamilo intumescido. A
outra apenas assentiu.
-- Não! – Cravou os dentes no biquinho.
– Eu quero você peça... – Sorriu safada. – Pedi... pedi o que você quer que
eu faça e eu farei. – Sugou toda a extensão do seio.
Eva sentiu um tremor nas pernas.
Seu sexo parecia clamar alto por aquele
toque que ainda estava tão vivo em sua lembrança, chegava a sentir fortes
dores de tão forte que era o tesão por aquela mulher. Afastou as pernas até
poder tê-la em meio a elas, sentiu-se e sentiu-a escorregadia.
Mexeu
o quadril, mas a déspota a obrigou a cessar os movimentos. Fitou-a confusa e
frustrada.
-- É só pedir e eu te darei o que você
quiser... – Levantou a cabeça e introduziu a lı́ngua em sua boca, entrando e
saindo. – Peça!
A filha de Belluti sorriu.
Aquele movimento que a outra fazia em
seus lábios, ela estava desejando em outro lugar.
-- Posso usar de eufemismo para pedir?
-- Não, pois acho que meu cérebro não
está funcionando muito bem... posso não entender o que você realmente
quer...
A cigana sorriu travessa, levantou um
pouco a cabeça e falou em seu ouvido.
-- Me come bem gostoso... quero sentir
sua boca me chupando... até eu não aguentar mais... Maria Fernanda sentiu um
arrepio percorrer toda sua espinha.
Segurou-lhe os pulsos com uma única
mão, enquanto a outra descia e se posicionava em meio das coxas da amada.
Sentiu a quão molhada ela estava.
Com o dedo do meio iniciou movimentos
retos que vinha do bumbum até o clitóris, fazia-o o toque tão pacientemente
que Eva tentou se soltar para aprofundar o contato.
-- Calma, ciganinha... – Levou o dedo
molhado a boca e lambeu todo. – Eu te darei o que você quer... mas só quando
me satisfizer... – Soltou-lhe o braço. A italiana observou a juı́za beijar todo
seu colo, lambendo toda extensão, chupando e mordiscando até chegar a seu
abaixo ventre.
A déspota respirou bem próxima aquela
parte tão frágil e sensível. Afastou-lhe mais as pernas, deixando-a
totalmente exposta para si.
Passou os longos dedos de unhas bem
feitas, sentindo o lı́quido que escorria pelo meio das coxas. Eva se apoiou no
cotovelo e ficou olhando enquanto a juı́za iniciava uma espécie de massagem.
Os olhares se cruzaram.
Os olhos pretos pareciam querer
fundir-se nos azuis, fascinados por cada movimento, por cada gesto. A italiana
tremeu quando sentiu seu sexo ser aberto com as mãos e em seguida todo
lambido.
Fecho os olhos tentando controlar o
frenesi que se apossava do seu corpo. Maria Fernanda sorriu safada.
Ela mesma sentia a libido crescer só em
ver como a outra se contorcia, o ventre doı́a necessitando da satisfação
total, porém precisava se controlar ou chegaria ao orgasmo rapidamente.
A jovem Belluti fechou as mãos
fortemente quando foi invadida impetuosamente. Levantou mais os quadris,
permitindo a mais perfeita invasão.
Contraiu o sexo.
Fernanda a preencheu com mais um dedo e
concentrou a boca no clitóris, chupando-a vorazmente. Ouvia os gemidos,
tentava decifrar as palavras ditas, porém só seu nome era entendido.
Ela pedia cada vez mais.
Eva sabia que não aguentaria por muito
tempo, então segurou a déspota pelos cabelos e a trouxe para si, abrindo-se e
obrigando a amante a se encaixar em seu corpo.
-- Eu quero gozar sentindo seu mel
deslizando sobre o meu... – Segurou-lhe os seios, apertando os mamilos.
A
juı́za apenas assentiu.
Permitiu que seu desejo ditasse as
regras, deixou-se conduzir para aquele mundo repleto de luxúria, aquele lugar
onde só existiam elas duas, onde apenas o prazer importava.
Em poucos segundos, a pequena morte
tomou conta de ambas, sacudindo-as, deixando-as trêmulas. Gritos podiam ser
ouvidos, promessas...pedidos... mas era o amor que exprimia maior força
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