A déspota -- Capítulo 12


Fernanda tentou abrir os olhos, mas não parecia ter forças para aquilo. Tentou mais uma vez e sua visão começou a se acostumar com a penumbra. Onde estaria? Que lugar era aquele?

Então, sua mente aos poucos foi sendo clareada, recordou do que tinha acontecido consigo, do tiro e do médico ter ido até́ lá́ tratar de si.

-- Ah, minha filha! Que bom que você̂ acordou.

Algum tipo de luz parece ter sido acesa e o quarto sairá da escuridão.

Vislumbrou a imagem da mulher que lhe dedicara tantos anos de sua vida, aquele anjo que lhe acolhera e lhe dera tanto amor, algo que ela nunca conseguira se acostumar a ter.    Observou que havia lágrimas naquele rosto tão gentil e carinhoso.

-- Oh, mamãe! – Falou devagar. – Não precisa chorar, eu estou bem. – Estendeu a mão para a senhora.

Maria olhou a filha e sentiu como se seu mundo voltasse a ter sentido. Há quarenta e oito horas ela temera perder sua garotinha. A jovem tivera uma terrível infecção e como caíra uma tempestade na região não fora possível levá-la para um hospital. Todos os cuidados tiveram que ser realizados ali mesmo. Felizmente suas preces foram atendidas e sua menina voltara para si.

-- Não imagina como temi te perder, meu amor. –Segurou-lhe a mão que era lhe oferecida entre as suas, beijando-a.

A juíza esboçou um sorriso, mesmo que sentisse que os lábios não tinham forças, estavam secos, tinha um gosto ruim na boca.

-- Quando você̂ veio para cá́? Hoje? – Tentou se levantar, mas foi detida.

-- Por favor, fique quieta para que não tenha outra piora.

Fernanda soltou um longo suspiro.

-- Chegou hoje aqui? – voltou a questionar, enquanto observava o quarto como se estivesse a buscar algo ou alguém.

-- Você̂ tem ideia que passou quase três dias desacordada?

-- Três dias? – Indagou surpresa. – Mas como?

-- Por sua teimosia! – Falou em tom acusador. – Quem já viu ficar em casa quando se tem um ferimento que requer cuidados.

-- Mas tudo foi feito como se eu estivesse em um centro de saúde. – Esclareceu. – Talvez até melhor.

-- Anhan, sei! Com a senhorita Eva servindo de enfermeira. – Desdenhou.

A juíza acabou esboçando um sorriso.

Ainda se recordava da cigana ajudando o médico e esbanjando sua beleza por aqueles aposentos.

-- Bem, ela tinha experiência! Viu aquele seriado do doutor House. – Brincou.

Maria balançou a cabeça.

Ouviram batidas na porta, precedendo a entrada de Pedro.

O homem ao ver a filha bem, foi ao seu encontro abraçando-a e beijando-a, emocionado.

-- Oh, garota, você̂ quase nos mata.

-- Eu já estou bem, pode acalmar seu coração.

A déspota nunca se acostumara com todo aquele amor e aquela preocupação que aquele casal tinha por si, era estranho quando passara a infância toda sofrendo e sendo abusada psicologicamente e fisicamente, alguém lhe demonstrar algum tipo de afeto. Ela não acreditava nessa coisa de amor, achava que aquilo era apenas uma desculpa para convencer o outro e escravizá-lo para satisfazer suas vontades. Achava que sempre existia uma espécie de interesse naquelas demonstrações de afeto, ara tão difícil viver daquele jeito, não conseguindo confiar em nada, em ninguém.

-- E então? O senhor Belluti decidiu o que vai fazer? – A esposa indagou ao marido.

-- Infelizmente com esse tempo não há condições de decolar, ele está uma fera.

-- O senhor Andrello está aqui? – Fernanda gemeu ao tentar se apoiar no braço doente.

-- Cuidado! – Maria a ajudou.

A Lacerda assentiu, enquanto voltava os olhos azuis para o pai em questionamento.

-- Sim, filha! Graças a Deus, aquele italiano cabeça dura decidiu acabar com essa brincadeira que criou, veio buscar a Eva.

A juı́za sentiu algo parecido com dor, mas não na ferida. Seu coração parecia está sendo apertado lentamente, tentando espremê-lo. Aquilo só podia ser temor ao imaginar que a italiana pudesse fazer uma denúncia formal contra sua pessoa.

-- A cigana...a cigana vai embora! – Parecia pronunciar aquelas palavras para si mesma.

-- Sim, só não foram ainda porque a tempestade os deixou presos aqui. – Beijou-lhe a testa. – O plano era irem no dia seguinte que chegamos, mas não teve como.

Maria Fernanda ouvia o pai falando, porém a única coisa que seu cérebro parecia processar é que em breve não teria mais a italianinha lhe causando problemas, ela retornaria para sua vida de glamour, para seu mundinho fútil, enquanto a tirana ficaria mais uma vez presa as memórias do passado, sem sentir prazer em nada, vivendo cada dia para seu plano de vingança.

Decerto, a jovem deveria está muito feliz em poder se livrar de tudo aquilo, afinal, se arriscara inúmeras vezes para ganhar a liberdade, deixara claro sua raiva e descontentamento por estar naquele fim de mundo.

Que vá, então! – Pensava irritada.

A porta foi aberta, interrompendo seus pensamentos e foi a causadora de toda aquela confusão que estava ali.

A juíza sentiu o coração disparar quando viu aquele olhar, aqueles olhos que pareciam sempre cheios de mistérios. Nunca tivera aquela reação a observar nenhuma mulher, cada dia que passava ficava mais convencido que aquela jovem era alguma espécie de feiticeira, pois não tinha outra explicação para o fascínio que sentia por ela.

Eva sentiu uma emoção tomar conta de si. Nada a deixara tão feliz como poder ver aqueles olhos azuis lhe fitando, mesmo com aquela expressão raivosa. Aqueles três dias foram um verdadeiro tormento, temera tanto que a tirana não tivesse forças suficientes para vencer aquela terrível infecção.

Teve ímpeto de abraçá-la, porém o olhar frio da outra lhe dissuadiram de seu intuito.

-- Vejam quem chegou! – Maria a trouxe pela mão para junto da filha. – Sabia que essa mocinha não abandonou esse quarto por um único instante enquanto você estava definhando de febre, saiu há algumas horas para descansar e já está de volta.

Beatrice corou, sorrindo sem graça.

-- Que bom que você já está bem! – Falou timidamente.

A juíza observou-a com cuidado, parecia medi-la, analisa-la antes de falar:

-- Obrigada! – Respondeu secamente.

Pedro fitou as duas jovens, parecia sentir que havia um clima tenso entre ambas, então mirou a esposa.

-- Mulher, vamos preparar alguma coisa para nossa menina, enquanto isso a enfermeirinha pode fazer companhia a ela.

Maria assentiu e deu um beijo na enferma, atendendo ao pedido do marido e saı́ram deixando as duas mulheres sozinhas.

Por alguns minutos, as duas se encararam, pareciam travar uma batalha silenciosa.

Era possível ouvir as batidas do coração de ambas. As respirações pareciam pesadas, ouviam os pingos de água, sentiam as próprias essências.

-- É  uma pena que a chuva não tenha deixado você ir embora. Que azar, mas com certeza logo vai passar e rapidinho vais seguir para sua vida de loucuras. – Ironizou.

 A cigana tentou não cair naquela rede de provocação.

Infelizmente, sempre esperava algo bom da juíza, porém sempre se decepcionava. Caminhou até a janela e ficou observando a noite.

O céu estava escuro, a chuva caia sem trégua e parecia não ter nenhuma intenção de cessar tão cedo.

-- Imagino que se o tempo estivesse bom você já estaria bem longe daqui. – Continuou implacável. – Coitado dos meus pais pensando que você gosta de mim.

Eva virou-se para a déspota.

Não entendia o prazer que aquela mulher tinha em irritá-la, adorava feri-la, só não entendia o motivo.

-- Bem, já vi que você̂ já́ está totalmente recuperada, até mesmo o humor caótico já está de volta.

Maria Fernanda baixou os olhos, irritada com a petulância da jovem.

-- Saia daqui, me deixe sozinha!

-- Ficarei aqui até que seus pais retornem. – Caminhou e sentou numa poltrona próxima à cama.

A juíza cobriu os olhos com o braço.

Beatrice aproveitou para fitá-la. Estava pálida, mas isso não maculava sua enorme beleza. Engraçado, não conseguia ver nenhuma semelhança entre ela e os pais, até́ mesmo o  gênio era diferente. De quem ela herdara aqueles olhos tão azuis, eles a faziam se lembrar de alguém, mas quem?

Balançou a cabeça, estava ficando cansada de ter seus pensamentos totalmente apossados por aquele ser humano terrível.

O melhor era ir embora daquele lugar, precisava se afastar, se manter distante o suficiente, retomar sua rotina e viver como se aqueles dias não tivessem acontecido.

Maria Fernanda retirou o braço ao sentir que estava sendo analisada. Aqueles olhos escuros pareciam ter alguma espécie de magnetismo, algo que a desconsertava, que a provocava e fascinava.

-- Por que me olhas?

-- Estou buscando alguma semelhança entre ti e teus pais.

A juı́za gargalhou de forma amarga.

-- Você deveria perceber, cigana, que eu não pareço com eles porque não sou filha deles.

-- Como assim? – Eva levantou-se. – Você disse que eles eram seus pais. – Falou confusa. – Eles te trataram assim, eu vi o desespero dos dois. Está mentindo para mim?

De repente, a Lacerda se lembrou da primeira vez que encontrara o casal que a adotou.

Observou o olhar curioso da herdeira de Andrello e acabou por falar:

-- Sou apenas uma garota que eles tiraram de um orfanato, acho que ficaram com pena e me levaram para morar com eles.

A italiana percebeu que por trás daquelas palavras que buscavam mostrar indiferença, havia dor, tristeza.

Tentou tocá-la, mas a outra a repeliu.

-- Não preciso desse seu olhar de dó, aliás, eu sou bem melhor do que ti, prefiro ter a vida que tive, viver num orfanato de que ser uma patricinha cabeça de vento que só vive para gastar o dinheiro que o pai tem, que se aproveita do poder que a famı́lia esbanja para fazer o que deseja, até mesmo bancar a cigana idiota.

Maria Fernanda parou ao ver a expressão de tristeza que parecia ter tomado conta daquele rosto tão lindo.

Mais uma vez, Eva percebia como a juíza agia sempre de maneira sádica e não parecia se importar se isso feria ou não os que a cercavam.

-- Bem, acho que esse foi o seu adeus! – Limpou os olhos com as costas da mão. – Espero que um dia você consiga viver sua vida sem precisar machucar aos outros, afinal, você deveria se sentir feliz por ter encontrado pessoas como o Pedro e a Maria que te amam sem pedir nada em troca, aguentando esse seu gênio de cão, sua insensibilidade, seu dom de fazer as pessoas se sentirem mal. – Caminhou até a porta. –Espero nunca mais ter o desprazer de cruzar o seu caminho, vossa excelência! – Disse antes de sair do quarto.

A juı́za tentou levantar para ir atrás da garota, porém sentiu uma forte tontura. Praguejou irritada e voltou a deitar. Quem aquela idiota pensava ser para lhe falar aquelas coisas?

A poderosa juı́za não precisava de ninguém, era autossuficiente , desde criança aprendera que não necessitava de nada, além de si mesma, apenas de seu próprio esforço para chegar onde desejava. Então nenhuma garotinha mimada iria lhe dizer o contrário, nenhuma pirralha iria fazê-la se sentir diminuída, nem mesmo aquela que fazia seu coração bater mais rápido.

 

 

Dois dias se passaram e a chuva não dava trégua naquela região. Pai e filha estavam presos naquele lugar, Belluti desesperado para voltar para sua polı́tica, Eva louca para fugir das lembranças que aquela fazenda lhe despertava.

Enquanto isso, Maria Fernanda já estava de pé, contrariara as ordens médicas e os pedidos dos pais. Não aguentava mais ficar naquela cama, precisava levantar, respirar um pouco.

Desde a briga, não encontrara mais com a cigana, sabia que ela continuava ali, porém a jovem não foi mais ao seu quarto.

Mesmo sob os protestos da mãe, desceu para jantar com todos os presentes.

 

 

A italiana sentiu o rosto corar ao ver aquela linda mulher se aproximar. Não sabia que a encontraria antes de partir, na verdade não queria ter que vê-la novamente, porém agora parecia inevitável.

Ela usava um vestido azul, lindo e que moldava seu corpo como se fosse uma segunda pele, no ombro que fora ferido havia um curativo discreto, os cabelos estavam presos, deixando a mostra o pescoço longo e tentador.

Eva desviou o olhar ao perceber que a outra lhe presentiava com um sorriso preguiçoso no canto da boca.

-- Boa noite a todos! – Cumprimentou aos que estavam presentes.

Beatrice viu a outra arquear a sobrancelha e a fitar com um quê de desafio. Parecia querer mostrar alguma coisa para ela, porém não daria o gosto a tirana, ficaria ali e não fugiria como uma criança assustada.

-- Buono, bambina! É um prazer saber que já está bem. – Belluti levantou e afastou uma cadeira para a mulher sentar.

-- Obrigada! – Agradeceu se acomodando.

Maria e Pedro se juntaram a eles.

-- Ela não deveria estar de pé, senhor Andrello. Mas essa menina é muito teimosa. – Maria falou, servindo a filha.

-- Eu já estou bem! Só não posso fazer nenhum movimento brusco. – Falou abrindo e fechando a mão. – O tiro foi no ombro e ele já está devidamente protegido.

-- Precisa tomar cuidado! – O homem deu uma pausa para mastigar um pedaço de carne. -- Mas em breve você não se arriscara tanto, vou levar a Eva comigo, porém ainda nosso acordo estará de pé.

 

A déspota fez um gesto de assentimento.

 

-- Acordo? – A italiana levantou. – Eu nem sei quem é pior aqui, o senhor meu pai, ou essa aı́ que aceitou se vender. – Encarou a juı́za. – Não esqueça que eu posso simplesmente te denunciar e acabar com essa sua alegria. – Apontou o dedo em riste.-- Quero ver que explicação você usará por manter detida alguém que não  tinha cometido nenhum crime. – Saiu  pisando duro.

Belluti pigarreou, levantando-se.

-- Vou falar com ela.

-- Não! – A tirana tocou em sua mão. – Eu o farei agora mesmo!

Maria e Pedro observaram a filha ir em direção a saı́da, por onde a jovem tinha seguido.

-- Acho que a menina Eva não vai esquecer essa temporada forçada aqui tão facilmente.

-- Não se preocupem! Não permitirei que ela prejudique a filha de vocês. – Tomou um pouco de vinho. – Gosto da juı́za, ela é determinada como poucos.

Os pais da jovem se entreolharam, sabiam que Maria Fernanda era muito mais que alguém determinado.

Estavam preocupados com a ameaça da filha do empresário, porém a Maria percebera algo estranho no relacionamento das jovens, era contraditória toda aquela raiva quando nos dias que a jovem estivera acamada e desacordada a ciganinha parecia desesperada e mal saia do quarto, temendo que algo de ruim acontecesse.

Mesmo com o clima pesado, todos voltaram a comer.

 

 

Eva saiu cega de tanta raiva. Fora horrível ouvir da boca do próprio pai que realmente existira um acordo sujo para mantê-la naquele lugar. O pior era saber que tinha se deitado com aquela mulher, enquanto ela estava pensando nas vantagens que tiraria de toda aquela mentira.

Sem se importar com a chuva, seguiu para o estábulo. Bateu com força em uma das baias.

Hades se assustou com a explosão de raiva.

Mirou o garanhão preto, parecia com a dona, agia como se fosse o senhor de todo aquele lugar.

-- Você  vai acabar quebrando sua mão!

Eva cerrou os dentes ao ouvi-la, sim, óbvio que ela iria atrás de si, gostava de provocar, de perturbar.

-- Não quero que se machuque...

-- Na verdade, o meu desejo era quebrar a sua cara. – Disse sem se virar, segurando forte na madeira a ponto de sentir dor. – Estapear essa tua cara até retirar esse teu sorriso de demônio.

 Maria Fernanda fitou as costas rı́gidas.

A bela italiana usava apenas short curto e camiseta, estava muito linda.

-- E o que te impede de fazer isso?

Beatrice virou, precisou de todo seu autocontrole para não voar sobre a outra.

Odiava aquela mistura de ódio e desejo que se instalara dentro de si. Odiava vê-la e sentir seu corpo todo reagir, aspirava por ela.

-- Com o que meu pai te comprou, hein? – Colocou as mãos na cintura. – Míseros zeros na tua conta bancária?

A Lacerda se aproximou com aquele olhar inquisidor.

-- Com poder! – Chegou mais perto. – Poder me compra...

A cigana estava enojada diante do que ouvia.

-- Dormir comigo fez parte do pacote? – Perguntou indignada.

A meritı́ssima estendeu a mão e tocou em sua face, sentindo a textura daquela pele. A jovem se desvencilhou da carícia.

-- Isso eu fiz de graça e faria novamente se você̂ permitisse.

Eva a fuzilou com o olhar e tentou sair, mas a tirana a segurou pelo braço.

-- Solte-me!

-- Não! – A puxou mais para perto de si e inalou aquele cheiro feminino. – Eu te quero!

-- Ah você me quer? – Mordeu o lábio inferior. – Então, vamos fazer um joguinho novo. -- Falou bem próximo da boca de Maria Fernanda. – Tira a roupa e se toca pensando em mim, pois só assim você vai satisfazer sua vontade de puta. – Disse dando as costas para ir embora.

Como alguém podia ser tão cı́nica? Como era capaz de abrir a boca para dizer que a queria.

Não bastava ter sido humilhada, ainda ousava começar com aquele jogo e sedução.

-- O farei com todo o prazer, minha doce ciganinha! – Falou provocante. – Seu pedido é uma ordem para minha humilde pessoa.

A jovem Belluti estava saindo do estábulo, mas aquelas palavras e o tom usado a detiveram. Ficou parada e percebeu que a outra se movimentava.

-- Você vai ficar de costas? Assim não dar para apreciar o show.

Eva permaneceu no mesmo lugar, olhava para a noite escura, via as luzes da casa e imagina se todos ainda estavam jantando. Sentia a curiosidade crescer em si, então virou-se lentamente e sentiu uma pressão no estômago ao ver aquela linda fêmea totalmente despida.

Não pensara que a juı́za faria algo assim, apenas dissera aquilo para irritá-la, não imaginou que ela se prestaria a aquela brincadeira.

-- Veja, estou eu aqui pensando que são suas mãos apertando meus seios. --Maria Fernanda amassou os biquinhos até deixá-los rígidos. -- Queria sua boca mamando bem gostoso aqui.

A respiração de Beatrice acelerou e ela sentiu a umidade invadir seu sexo.

-- Lembro aquele dia que você me chupou. – Fechou os olhos. – Olha como eu fico molhadinha só em recordar daquela noite. – Tocou entre as pernas e depois levando os dedos a boca, lambendo-os. – Quer provar? – Piscou ousada.

A italiana já não conseguia mais raciocinar, seu corpo clamava pela juíza, sentia a boca cheia de água ao ver aquele mel presente naquela mão, sentia o cheiro e desejava o gosto  dela, o sabor daquele prazer que tanto clamava para si.

Instintiva, em passos largos chegou onde a outra estava e a pressionou contra a madeira. Sua mão se instalou imediatamente no centro do prazer, esfregando, sujando-se de tesão. Sua raiva estava mesclada a libido poderosa. Seus movimentos demonstravam a fúria.

-- Por que faz isso comigo? – Indagou mergulhando naquele mar azul. – Sabe que te odeio pelo que me faz sentir. – Mordeu o pescoço da outra lhe arrancando um gemido. – A mesma vontade que eu tenho de te ferir, também tenho de me entregar a ti, de te amar.

Maria Fernanda se sentiu invadida bruscamente e sussurrou ao seu ouvido.

-- Então me fira, porém me ame com a mesma intensidade.

Beatrice inspecionou aquele olhar profundo e esmagou sua boca em um beijo intenso. Parecia desejar se apossar totalmente daqueles lábios, deixar sua marca. A juı́za permitiu ser dominada, sentiu o gosto de sangue e não impediu de continuar.

Eva cessou as carı́cias e a deitou sobre o feno.

Olhou a chuva que caia implacável e pensou em fugir daquela tentação, desejou seguir para longe, seu erro fora mirar a tirana. Se fosse sexo, apenas sexo, seria fácil, todavia no seu ı́ntimo a cigana já sabia o que estava acontecendo. Não tinha como sair daquela história se não aos pedaços, mas arriscaria aquele último momento, afinal já tinha sido condenada mesmo a amar alguém que não sabia e nem entendia o significado daquele sentimento.

Maria Fernanda conseguia perceber o turbilhão de emoções que se passavam naqueles olhos pretos, temia que a italiana a rejeitasse, aquilo a assustava demasiadamente, preferia mil vezes lidar com a raiva, com o ódio do que com a indiferença. Nunca em sua vida se exporá ou implorara pelo carinho, porém não conseguia se afastar, não naquela noite. Sabia que em


breve, ambas seguiriam outros caminhos e necessitava com todo seu coração de tê-la em seus braços pela última vez.

Estendeu os braços num temeroso convite.

Beatrice lentamente se livrou das roupas, caminhou até ela e ajoelhou-se junto a juı́za. Maria Fernanda a imitou, tocando-lhe carinhosamente o rosto, afagando-lhe a nuca.

Eva a abraçou, deitando-a e pondo-se por cima. Ficou algum tempo sentindo a sensação do calor e o cheiro que se depreendia daquela linda mulher.

-- Io sono innamorato di te!

Maria Fernanda abriu a boca para indagar o que significava aquelas palavras, mas sua boca fora tomada em um beijo cheio de paixão. Correspondeu ao ato, indo ao encontro daquela lı́ngua que explorava todos os cantos, sugou-a, mordiscou-a, saboreando-se com aquele toque macio, mas firme que não lhe dava chances de escapar.

Sentiu as mãos passando preguiçosamente por toda lateral do seu corpo. Dobrou as pernas para estreitar aina mais o contato. Estremeceu inteira quando o sexo molhado da cigana colou ao seu. Mexeu embaixo dela, arrancando gemidos da jovem.

-- Quero provar o seu sabor novamente, o desejo como se dependesse dele para sobreviver.

-- Eu sou toda sua!

A Belluti foi desenhando beijos pelo seu pescoço, parando no colo farto, arranhando os seios com as unhas até ver os mamilos tomarem forma, apertou-os e depois passou a pontinha da lı́ngua neles.

A déspota mordeu os lábios ao sentir seus seios sendo devorados, mamados com vigor.

Baixou a cabeça para ver a execução da cena e ficou ainda mais excitada ao se deparar com aquele olhar enigmático.

Beatrice a fitava enquanto se deliciava com os lindos montes, baixou as mãos para executar massagens em suas coxas, dedilhou de leve em seu clitóris, e foi descendo até parar a boca naquela gruta molhada e vibrante.

Com o polegar executou movimentos circulares, depois usou os outros dedos.

-- Néctar! – Sugou os próprios o mel que estava em sua mão. – Quer? – Perguntou. Fernanda apenas assentiu.

-- Deixe-me tirar de dentro então. – Penetrou-a com um e depois usou os dois.

A juı́za mexeu o quadril para sentir mais fundo, porém a cigana cessou os movimentos, levando a sua boca o mel.

A jovem lambeu e chupou os dedos da cigana, baixou o braço e tocou no sexo da filha do empresário, brincando, acariciando, fazendo cı́rculos em toda a extensão. Eva afastou mais as pernas para dar livre acesso.

-- Ain, não para! – Pediu.

-- Não se preocupe, pois a última coisa que desejo é que isso acabe. – Levantou, fazendo-a deitar. – Mas assim fica melhor.

Beatrice precisou morder o lábio inferior para não gritar alto.

Cravou as unhas nos ombros da déspota.

Maria Fernanda abriu bem o sexo da amada e de inı́cio, apenas lambeu, parecia querer limpar toda a extensão com sua lı́ngua. Em seguida enfiou só a pontinha e ficou mexendo na entrada do prazer. Percebeu que a italiana queria muito mais, então a penetrou totalmente, entrando e saindo bem lentamente, enquanto o polegar massageava o clitóris durinho. Depois chupou tudo, arrancando gritos da cigana.

Eva a puxou para si, beijando-a e sentindo o gosto do próprio desejo. Prendeu a juı́za com suas pernas longas.

-- Quero que me toques, mas também quero tocar-te, minha déspota!

-- Sou sua déspota? – Sorriu!

-- Sim! – Tirou a mecha dos olhos dela. – Hoje você é só minha!

Maria Fernanda a beijou mais uma vez.

Beatrice a segurou pelo quadril e a conduziu até sua boca, fazendo-a cavalgá-la, tendo uma visão perfeita do seu sexo cheio de tesão.

-- O que você vai querer, cigana? – Indagou provocante.

-- Bem, a visão aqui está perfeita, mas quero que você termine o jogo que começou. – Passou a mão em toda extensão.

-- Ah! Você quer que eu me toque pensando em ti? – Posaram dois dedos no centro do prazer. – Assim?

A italiana acompanhava aos movimentos e vê-la com aquela expressão de prazer a estava contagiando, sem aguentar iniciou toques no próprio sexo, enquanto não tirava os olhos daquela cena perfeita.

-- Vem mais pra perto, vem! Deixa eu te chupar, enquanto você mexe gostoso.

Maria Fernanda obedeceu prontamente ao pedido.

Os trovões e os relâmpagos podiam ser ouvidos e vistos lá fora, mas as amantes só se preocupavam com a paixão que parecia ter incendiado os corpos de ambas. Só necessitavam daqueles toques, onde os movimentos aumentavam progressivamente, onde os gemidos e as sú plicas por mais era o som que reinava, Hades permanecia em sua baia e parecia feliz por sua dona ter encontrado o gozo, por ter se entregado a alguém, por ter esquecido as feridas, mesmo que por uma única noite.

O clı́max chegou para ambas com a mesma intensidade, os gritos de prazer foram abafados pelos da natureza e os corpos suados agora descansavam abraçados.

Eva a apertou bem forte, fechou os olhos para deter as lágrimas que buscavam escapar, aquela fora a despedida, como poderia viver sem aquela mulher em sua vida?


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