A dama selvagem - Capítulo 28


O escritório de Vanessa, na verdade, se tratava de um ateliê elegante.

Uma casa enorme e de desenho antigo fora transformada em um espaço aconchegante. No inı́cio do corredor havia duas recepcionistas bem vestidas em suas mesas. Nas paredes havia quadros e até algumas esculturas.

O piso de madeira reluzia de tão brilhante.

Os passos de Diana ecoavam, enquanto seguia até a porta lateral, onde encontraria a empresária.

Com seu jeans escuro colado, camisa social e jaqueta de couro, era uma visão bonita para ser observada, ainda mais quando exibia aquele olhar inflexível.

As jovens que trabalhavam ali já conheciam a pintora e sabiam que ela não era muito cordata a ponto de cumprimentá-las, por isso estranharam o bom dia que receberam.

Vanessa estava sentada diante da escrivaninha, lia alguns documentos quando viu a porta abrir e uma sorridente Calligari se aproximar, sentando diante da mesa.

-- Nossa, que felicidade é essa? – A amiga estranhou. – Você está bem? – Questionou enquanto deixava os papéis de lado.

A pintora mordiscou o lábio inferior demoradamente.

Não tinha muito como disfarçar o contentamento que sentia, tinha a impressão que seus olhos também tinham retornado à luz.

-- Eu tive uma noite maravilhosa... – Suspirou. – A minha vontade era ter permanecido na cama durante o dia inteiro.

Vanessa retirou os óculos, deixando-os de lado imediatamente, parecendo bastante interessada no que era dito. Inclinou-se para frente.

-- Não me diga que? – Questionou com os olhos bem abertos.

-- Bem, eu não sei o que significa esse quê, mas que eu amei a mimadinha até ela perder as forças, ah, isso eu fiz.

A empresária exibiu um sorriso grande.

-- Eu não acredito que depois daquele noivado você teve a coragem de ir atrás dela e pior, não acredito que ela te aceitou tão facilmente... Eu teria te mandado para o inferno e pensei que depois de ontem era isso que ela faria para sempre, vi bem a raiva que queimava aqueles lindos olhos azuis.

A morena cruzou as pernas, inclinando-se confortavelmente na cadeira giratória.

Recordava-se de como a filha de Otávio era tinhosa e de como quase perdera a cabeça por conta de suas provocações.

-- Realmente não foi tão fácil, Aimê tem aquela carinha de anjo, mas é muito teimosa e quando bate o pé, não é fácil fazê-la mudar... Mas quando consigo...

A empresária meneou a cabeça negativamente.

-- Nossa, Diana, você tem uma cara de safada que dá até medo... Fico a pensar o que andou fazendo com essa menina.

A morena relanceou os olhos.

-- Você pode reclamar de tudo sobre mim, porém jamais poderá falar sobre a minha forma maravilhosa de levar as mulheres aos céus...

Vanessa fitava a herdeira de Alexander com atenção.

Pela primeira vez em anos, via que um ser do sexo feminino tinha um valor maior para a major, que não fosse um corpo bonito para ser usado ao seu bel prazer.

 

-- Ah, sim, lembro daquela modelo que você saia sempre e quando a coitada quase surtou por sua culpa, ela deixou bem claro sua performance na cama. – Meneou a cabeça em decepção. – Mas eu prefiro não falar sobre esse tipo de coisa. – Levantou-se. – Mas, conte-me algo, já está pronta para assumir para todos o seu amor?

-- Você sabe que não me importo com a opinião dos outros, quando chegar o momento, desejarei que Aimê seja totalmente minha.

-- Pensei que esse fosse o momento... – Falou confusa.

-- Eu não posso fazer isso agora, ela corre perigo, ainda mais se estiver comigo. – Arrumou os cabelos. – Eu tenho certeza de que alguém está passando informações para o Crocodilo e estou ficando muito assustada, não por mim, mas por ela.

A empresária colocou as mãos na cintura, trazia uma expressão irritada.

-- Peça ajuda a polı́cia! – Ordenou preocupada. – Eu temo por ti, temo que queira enfrentar esse bandido sozinha e acabe muito mal.

Diana fitou o relógio que repousava em seu pulso, parecia mais interessada nele do que no discurso inflamado da amiga.

Depois de alguns segundos, mirou-a.

-- Contanto que Aimê esteja bem, não me preocupo muito com o resto.

-- Mas eu me preocupo e tenho certeza de que ela também se preocupa! – Sentou na cadeira pesadamente. – Essa sua teimosia é muito irritante e eu juro que não sei nem o que fazer.

A pintora não falou nada de imediato. Entendia a empresária, pois sabia o carinho que ela sempre lhe dedicara, mas ela teria que entender que não se importaria de se arriscar para salvar a vida da mulher que amava.

-- Eu prometo que me cuidarei, ainda mais agora que desejo viver muito anos ao lado da mimadinha e ter filhinhos pra você cuidar! – Piscou.

Vanessa acabou rindo da imagem que se formou em seu cérebro.

Rezaria para que isso realmente pudesse acontecer, pois se tinha alguém que merecia essa felicidade, seu nome era Diana Calligari.

-- Ah, esqueci de te dizer, hoje cedo recebi uma ligação de Roma. – Fitou-a. – Marcela está embarcando nesse exato momento, deseja o quadro que você prometeu.

A morena pegou o celular e viu algumas chamadas perdidas.

-- Eu nem lembrava mais disso.

-- Você acha que a neta do general vai gostar que pinte um quadro de uma mulher nua? Ainda mais se essa mulher quer muito mais do que seus pincéis? Deve dissuadir a outra dessa ideia, diga que está ocupada, explique a situação, mas não provoque a oncinha.

A artista cerrou os dentes.

Sabia muito bem que teria problemas sérios com Aimê se pintasse italiana, porém já tinha dado sua palavra e não desejava mesmo voltar atrás.

-- Verei o que farei! – Levantou-se. – Estou indo para o apartamento, estou com muita vontade de pintar algo.

Vanessa suspirou de forma impaciente.

Sabia que ela iria até o fim com essa história de quadro nu, sabia como ela era depois que se comprometia com algo e por isso temia quando a jovem Villa Real soubesse.

Esperava que a fidelidade estivesse entre as qualidades que a morena parecia deixar aflorar.

-- Diana, não esqueça que temos algumas exposições esse mês, não terá tempo para a Marcela! – Fez uma última tentativa.

A Calligari apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça, deixando a sala. A empresária recostou-se a confortável cadeira de couro.

Talvez devesse ela falar com a tal que desejava ser pintada, explicaria o fato, porém não acreditava muito que ela se importasse em atrapalhar a vida da filha do poderoso Alexander.

O que se pensar de uma mulher que tinha dormido com outra as vésperas do próprio casamento?

 

 

 

 

 

Aimê estava encantada com o jardim da enorme mansão. Além de lindas flores, também havia árvores frondosas, deixando o lugar com um clima encantado.

Tudo era muito verde.

O gramado bem aparado, as mais variadas espécies.

Passeava pelo lugar e ao olhar em direção a entrada não viu o carro da pintora.

Ansiou por vê-la, mas não sabia onde poderia estar naquele momento. Suspirou, enquanto agachava para tocar a pétala de uma flor.

Sentiu o cheiro que se depreendia dela.

Não cansava de olhar para aquelas espécies e sentir seu aroma.

Caminhou até um banco que ficava sob a sombra de um flamboyant, sentando-se.

Fitou a enorme casa de três andares, imaginando se em alguma parte daquela enorme mansão estaria a arrogante e sedutora pintora.

Quando se recordava de que ela praticamente assumira para Cláudia que tomaram banho juntas, tinha vontade de esbravejar alto, mas o que ela esperava da major que age como se fosse a dona da situação o tempo todo.

Deus, como aquela mulher era linda, como sabia ser convincente, tendo ousadia suficiente para derrubar a mais forte convicção.

Cerrou os dentes, lembrando das cenas que viveram.

Ainda não acreditava que passaram uma noite tão maravilhosa, ainda ficava a pensar se apenas fora um devaneio tudo o que se passou, todas as palavras que ouvira, as carı́cias ı́ntimas que trocaram.

Só em pensar nisso sentia aquela incômoda e deliciosa pressão no baixo ventre.

Ser acordada por uma Diana cheia de desejo era algo incomparável para se experimentar, ainda mais quando a artista era boa em lhe despertar do sono que a acometia.

Gostaria de tê-la encontrado e conversado fora do quarto, queria realmente saber que tudo aquilo que viveram era algo real.

Não negava que estava irritada por ter que continuar com o noivado, não desejava mesmo viver aquela mentira, mesmo sabendo que contar para o avô que estava apaixonada por uma mulher não seria uma situação fácil, ainda mais sabendo que essa mulher era a filha do general Alexander.

Mas se estivesse ao lado da major, não se importaria de enfrentar tudo o que estava por vim.

Voltou a fitar a mansão.

Gostaria de ter visto Alex, de ter falado com ele, sentia a consciência pesada por não ter esclarecido toda a situação com o rapaz.

Sentiu um incomodante olhar sobre si e viu o homem da noite passada olhando em sua direção. Observou-o.

O rapaz jovem, alto e de cabelos loiros parecia bastante interessado em sua pessoa e isso não a estava agradando, pois seu olhar chegava a ser desrespeitoso.

Pensou em Falar com a Calligari sobre isso, mas temia que a artista não fosse muito paciente ao lidar com coisas desse tipo e acabasse partindo para cima do guarda-costas.

Ouviu passos e sorriu ao ver a amiga aparecer. Bianca sentou-se ao seu lado.

-- Boa tarde! – A loira cumprimentou com um enorme sorriso. – Acho que estava muito cansada ontem, só agora consegui despertar. – Suspirou. – Perdi o café e o almoço.

Aimê sentou de lado, podendo assim fitar a garota.

-- Então não comeu nada?

-- Claro que comi, o batalhão de empregadas foram bastante atenciosas e não me deixaram passar fome... Cada iguaria! – Lambeu o lábio superior. – Sem falar de ontem, onde essas pessoas aprendem a fazer essas comidas, meu Deus! – Exclamou comicamente.

Ambas sorriram.

-- E você? – Bianca questionou desconfiada. – Ontem você não tinha esse brilho nos olhos, na verdade estava furiosa. – Observava-a com atenção. – O que aconteceu? Por que corou?

A Villa Real mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente, até que pareceu tomar coragem para falar.

-- A Diana apareceu no meu quarto depois da festa...

Bianca se mostrou bastante interessada.

-- Hãn? – Arqueou a sobrancelha. – E o que houve? Não me diga que voou nela e arranhou aquele belo rosto arrogante? Melhor, rasgou o elegante vestido que ela usava, depois ficou parada se enamorando das belas formas.

A filha de Otávio gargalhou das conjecturas da amiga.

-- Brigamos muito, esbravejei, ela me tira do sério! A Diana é fria, mas ao mesmo tempo parece que tem um vulcão queimando dentro dela... Nunca alguém conseguiu me deixar assim...

-- Bem, isso dá pra perceber, ontem vi sua fúria, sempre fica daquele jeito em relação à major. Mas não foi isso que te fez colorir as bochechas. O que mais aconteceu?

A jovem meneou a cabeça antes de falar.

-- Realmente não foi isso... – Desviou o olhar, fitando as rosas que desabrochava em frente. – Eu não consigo resistir ao toque dela, aos beijos... E quando brigamos, Deus, é como se meu corpo ficasse ainda mais desejoso e enlouquecido por ela. – Terminou em um fio de voz.

A sobrinha do prefeito tinha os olhos arregalados naquele momento.

-- Nossa... Você realmente está apaixonada!

Aimê voltou a sentar de frente, enquanto levantava a cabeça e observava a beleza da árvore.

Respirou fundo.

-- Eu a amo, Bianca, amo-a tanto que chego a perder toda a capacidade de raciocinar. – Suspirou alto. – Mas eu não sei, a major é uma mulher linda, forte... Com o gênio de todos os demônios da terra..

-- E ela?

Um sorriso desenhou o rosto bonito da Villa Real.

-- Me ama também, confessou que me amava e até agora eu não consigo pensar em outra coisa a não ser nisso.

-- Caramba, amiga, estou super feliz por ti, agora já pode terminar esse noivado com o Alex e ficar com a mulher que ama.

Aimê se levantou, colocou as mãos nos bolsos do short.

-- Infelizmente não, ainda não posso, Diana me pediu para esperar, isso que está me deixando irritada. Eu não quero iludir o Alex, ele não merece passar por toda essa situação.

A loira não falou nada, parecia preocupada, mas se manteve quieta.

-- Eu o procurei para que pudéssemos conversar, mas me disseram que ele tinha saı́do muito cedo.

-- Bem, meu tio ainda está por aqui. Agora mesmo está conversando com seu avô. Meu primo deve ter ido resolver algum problema. – Pegou o celular do bolso, discando o nú mero dele.

A filha de Otávio percebia que o segurança que a incomodava estava ainda mais próximo e não parava de encará-las.

Bianca se levantou indo até a amiga, também tinha percebido o insistente olhar.

-- Por que ele fica te fitando? – Indagou baixinho, enquanto mantinha o aparelho na orelha.

-- Eu não sei, nem mesmo lembrava desse segurança, só ontem o vi aqui no jardim e ele parecia bastante desagradável.

-- Ele está sendo desrespeitoso, isso sim, olha como ele te olha. Acho que deveria falar com a Diana sobre isso.

-- Falarei assim que tiver oportunidade. – Fitou a casa. – Acho melhor entrarmos. A loira assentiu, enquanto seguiam para a mansão.

 

 

 

Já era quase meia noite quando o automóvel de Diana adentrou os portões da enorme mansão.

Passara todo o dia no apartamento, estava em seu estúdio criando, sentindo-se tão relaxada que nem viu a hora passar.

Ligou algumas vezes para a mansão, mas Aimê  não atendera, estava com os avós  no momento, então preferiu  não incomodar.

Pensara em mandar buscá-la, porém decidiu esperar por uma reação da garota, mas não houve nenhum telefonema.

Agora se arrependia de sempre agir com inflexibilidade, pois se fosse mais maleável, teriam passado um dia delicioso juntas.

Às vezes se assustava com a intensidade das emoções que a filha de Otávio a inspirava, temia, pois tinha a impressão que perdia todo o controle que sempre tivera.

 

Bastava um olhar e seu corpo reagia a ela...Ainda estava conseguindo manter a calma, porém desejava ir muito além, desejava possuı́-la mais impetuosamente.

Assim que as coisas se resolvessem e pudesse tirar o bandido miserável do seu caminho, levaria a mimadinha para uma viagem... Uma deliciosa viagem...

Só em pensar nisso sentiu o sexo latejar.

Ao parar na frente da casa, observou um dos seguranças. Ele já chamara sua atenção antes.

Muito jovem e com olhar meio que atrevido.

No dia seguinte o dispensaria, falaria com o chefe da guarda.

Desceu do automóvel e ao olhar para cima, viu que a luz do quarto da esposa estava apagada. Com certeza já estaria dormindo.

Suspirou em decepção, seguindo pesadamente os degraus até a enorme porta. Adentrou o espaço.

 

 

 

 

Cláudia viu pela janela quando o carro da major estacionou.

Sentiu-se aliviada por ela ter passado o dia fora, mas agora que retornara, ficava a pensar se ela voltaria a procurar sua neta.

Não  havia  mais  dúvidas  do  que  se  passava  entre  as  duas  mulheres.  Era  possível  ver  nos  olhos  de  Aimê   um sentimento forte, porém e a outra, qual sua intenção com tudo aquilo?

Fitou o marido que dormia descansado e imaginou o que ele pensaria ao descobrir que a amada menina dos seus olhos gostava de mulher e para piorar tudo isso, essa mulher era a herdeira de Alexander.

Aquilo causaria uma verdadeira catástrofe, ainda mais se Diana estivesse apenas querendo continuar com sua vingança sórdida, porém se fosse essa a intenção, não deixaria que ela continuasse. Lutaria até seu último suspiro para proteger Aimê.

Respirando fundo, deixando os aposentos.

 

 

 

 

A Calligari se livrou das roupas e já seguia para o banheiro quando ouviu batidas na porta. Quem poderia ser uma hora daquelas?

Pegou o roupão, vestindo-se e enquanto seguia para abrir, imaginou se poderia ser a doce mimadinha em uma visita noturna, mas ao abrir se deparou com a esposa do general.

-- Preciso lhe falar! – Cláudia disse hesitante.

A matriarca passara algum tempo no corredor, temendo se seria uma boa ideia ir até a major, imaginando como ela reagiria com sua visita, ainda mais naquele horário.

Antes, seguiu até os aposentos da neta, vendo-a dormir tão inocentemente.

A morena a encarou por alguns segundos e deu passagem para que ela entrasse.

-- Não acredito que essa seja hora para uma visita de cortesia, mas já que está aqui, diga-me o que deseja?

A mãe de Otávio já conhecia o sarcasmo da Calligari, por isso não era novidade ser tratada assim.

Observava tudo ao redor, vendo as roupas que ela tinha acabado de tirar sobre a cama.

Encarou a expressão arrogante.

-- Eu sei muito bem o que está acontecendo entre a minha neta e você! – Disse de supetão. – E saiba que não irei permitir que a magoe!

A morena arqueou a sobrancelha, enquanto levava as mãos à cintura. Fitava-a insistentemente.

-- Não me diga que deseja alguma coisa em troca disso? O quê? Vai se aproveitar da relação para obter alguns privilégios? – Debochava. – Um apartamento novo? A retirada das denúncias contra o seu adorável e miserável marido?

Cláudia levantou a cabeça, enfrentando a morena.

-- Talvez, você não acredite, mas o amor que eu tenho pela Aimê é muito maior do que sua fortuna... Eu não desejo nada que venha de você, não desejo nem mesmo que nos acolha em sua casa. – Apontou-lhe o dedo em riste. -- Por mim, eu não estaria mais aqui, porém eu sei que a minha neta corre perigo e eu sou muito grata por estar protegendo-a, mas de forma alguma irei permitir que a faça sofrer, que use o sentimento que ela tem por ti para se vingar de tudo o que Otávio lhe fez.

A pintora cerrou os dentes tão forte que contraiu o maxilar.

Fitava aquela mulher ali parada e sentia raiva pelo que pensara de si, mas também a admirava por ter essa preocupação tão grande com a Villa Real.

Seguiu até a poltrona, sentando-se.

Parecia ponderar, enquanto Cláudia a encarava com a expressão preocupada, temerosa.

A voz da artista saiu baixa, os olhos negros estavam estreitados.

-- Eu odeio os Villas Real! – Dizia por entre os dentes. -- Odeio-os por tudo o que me fizeram passar, odeio o seu filho por ter tirado a vida do meu pai... – Umedeceu o lábio superior. – Serei sincera com a senhora... Eu adoraria estar brincando com a Aimê, adoraria não sentir o que sinto por ela, adoraria não a amar, afinal, ela é a filha do monstro que me destruiu... – Respirou fundo. – Porém, eu a amo, amo-a tanto que não consigo me manter distante, mesmo tendo tentado tantas vezes... Eu não sei se serei uma boa escolha... – Deu um riso amargo. – Há muita coisa em nossos caminhos, mas quero que saiba que sou capaz de tudo para protegê-la, para mantê-la segura... Para fazê-la feliz...

A esposa do general sabia que a morena estava sendo sincera e se sentiu aliviada por saber que realmente havia amor no coração daquela dura mulher.

-- O amor não é perfeito, Diana, o amor é um sentimento difı́cil de lidar, mas quando ele existe não se tem para onde fugir, é muito poderoso...

A Calligari nada disse, enquanto ouvia os passos se afastarem, ouvindo o som da porta se fechar. Depois de alguns segundos, seguiu até o banheiro.

 

 

 

Crocodilo continuava estacionado diante da mansão.

Viu quando Diana chegou e imaginou se atirasse no carro se sairia bem, mesmo sabendo que ela não era tão burra para não usar um automóvel brindado.

Era uma pena que tivesse que tirá-la da história. Não havia personagem igual...

Tinha planos para ela.

Atrai-la-ia pela Aimê depois levaria as duas para a floresta. Faria com que todos pensassem que a Calligari surtou de uma vez por todas e decidiu acabar com a vida da filha do homem que destruı́ra sua vida.

Sorriu.

A bela major pensava ser muito esperta com aquela exposição toda da jovem, porém não contava com um detalhe: O dinheiro corrompia as pessoas e isso fora providencial.

Quem diria que a herdeira de Otávio seduziria a ı́ndia selvagem e seria sua perdição.

 

 

 

 

 

A Calligari banhou, depois sentou na varanda e ficou bebendo algumas taças de vinho.

As palavras que ouvira de Cláudia ainda martelavam em seu cérebro. Levantando-se irritada, seguiu até os aposentos da esposa.

Estava escuro, tendo apenas um abajur na cabeceira aceso.

A janela estava aberta e isso iluminava a silhueta da jovem deitada.

Temera se aproximar, ainda mais depois da conversa que teve com a “ vovozinha”, porém a vontade de estar com a filha de Otávio estava cada vez mais incontrolável.

Permaneceu parada no meio do quarto, apenas fitando-a.

Aimê estava deitada de lado, não estava coberta, usando apenas uma camiseta colada e uma minúscula calcinha. Mordiscou o lábio inferior.

Passou a mão pelos cabelos longos... Ouvia a respiração pesada da garota... Sentia o delicioso cheiro dela.

Como falara a Cláudia, gostaria de não ter se apaixonado pela filha de Otávio, pois ainda temia feri-la com seu ódio, porém aquela sempre fora uma batalha que não venceria.

Cruzou os braços sobre os seios.

Passeou os olhos pelas pernas longas... A minú scula lingerie...

Sua intenção ao ir até ali era apenas deitar ao seu lado e dormirem abraçadas, mas seu plano parecia inviável, pois seu desejo já começava a queimar novamente.

Livrou-se lentamente do roupão, parecendo ser uma tarefa difı́cil desfazer a simples amarra, caminhou até o leito. Deitou-se, colando o corpo ao dela, abraçando-a pela cintura.

A garota resmungou.

Diana começou a beijar seu pescoço, deliciando-se com o aroma da pele sedosa. Levantou-lhe a blusa, estendendo as carı́cias pelas costas.

Mordiscava de leve, abraçou-a pela cintura, fazendo-a colar o bumbum em seu sexo.

-- Acorda, meu bem... Quero te amar... – Sussurrava em seu ouvido. – Passei o dia pensando em ti...

Aimê se mexeu, mais uma vez reclamando da intromissão em seu descanso... Resmungava algo difı́cil de decifrar.

A morena continuava a acariciar suas costas, depois a virou delicadamente para si.

A Calligari observou os seios expostos, começando a beijá-los, lambendo o biquinho. Acariciava a calcinha de seda, apertando-a.

Usou o polegar para incitar os mamilos, até vê-los se mostrar como o botão de uma rosa. Ouvia gemer.

Prendeu-os nos dentes, usando a lı́ngua para afrontá-los ainda mais. Mamava ruidosamente, enquanto colocava a mão dentro da peça ı́ntima. O dedo maior tocava o a pele que já se mostrava molhada.

Fazia movimentos circulares.

-- Diana...

A jovem ainda estava sonolenta, mesmo assim abriu os olhos.

Estava confusa, imaginando se aquilo era um sonho ou realmente estava a se passar. A Calligari colocou mais pressão no clitóris.

-- O que faz aqui? – Questionou, enquanto sentia as carı́cias aumentarem. – O que está fazendo? – Perguntou baixinho.

-- Quero você... – Penetrou-a devagar, observando a expressão do rosto bonito.

Quando a Villa Real abria a boca para falar novamente, um beijo dominador tomou conta dos seus lábios. Sentiu o sabor de vinho mesclado a algo refrescante.

Moveu-se contra os dedos dela, adorando o toque ousado. As invasões eram deliciosamente lentas...

Abraçou-a, estreitando o carinho, sentindo o desejo impetuoso sacudir suas células.

Sentiu a lı́ngua invadindo todos os recantos, ela parecia querer ir mais longe, encontrando a sua. Prendeu-a, chupando forte, ouvindo o barulho que as bocas faziam juntas.

Gemeu quando sentiu a dupla penetração...

-- Você adora isso... Eu sei... Gosta do meu toque... Desde que a tomei pela primeira vez se tornou cativa, do mesmo jeito que eu fiquei.

Virou-a de frente para si, pondo-se sobre ela, enquanto segurava seus pulsos, mantendo-a presa. Esfregava-se a ela, o sexo molhado desejando um contato maior.

Abriu-lhe as pernas, buscando maior intimidade... Maior acesso. Deslizava pelo corpo dela... Rebolando sobre o quadril da esposa.

Aimê sentia os carinhos se tornarem mais ardentes... Estava desperta, presa naquele mundo de sensações deliciosas.

A boca da pintora parecia cada vez mais exigente.

Tentou se livrar dos braços que a mantinha cativa, porém a major não aliviava. Aceitou-a entre suas pernas, sentindo o corpo nu esfregando sobre o seu.

-- Diana... – Gemia o nome dela. A Calligari parou, fitando-a.

-- Fale... – Depositou beijos nos seios. – O que você quer?

A Villa Real adorou a pressão que ela fazia contra sua intimidade.

-- Por que não me procurou o dia todo e simplesmente vem uma hora dessas atrás de mim...

A ı́ndia não pareceu se importar com as palavras, seguindo para se livrar da calcinha que ela usava, depois voltou a colar-se a ela.

 

-- Eu passei o dia pensando em possuir você de novo. – Dizia contra os lábios dela. – Passei o dia desejando gozar bem gostoso dentro de ti...

Aimê sentiu o desejo aumentar mais.

Sentiu os dedos explorando sua carne, parecendo querer comprovar como estava molhada e isso não foi algo difı́cil de descobrir, pois o mel já escorria por suas pernas.

Abriu-se ainda mais, enquanto sentia o encaixe das coxas. A pintora moldou-se a cintura perfeita... Unindo-se.

-- Então me leve a esse mundo de prazer também... – A Villa real pediu. – Quero me perder novamente nessas sensações...

Diana mexia o quadril impetuosamente, parecendo querer fundir-se totalmente, desmanchar-se dentro dela. Aumentava a pressão...

E o quarto se preenchia com o som dos corpos se amando, dos gemidos altos e dos sussurros delirantes. A major voltou a lhe segurar os pulsos.

-- Venha comigo... – Sussurrou contra a boca dela. – Sinta comigo o poder que você tem sobre mim... – Dizia sem fôlego.

Aimê assentiu.

Aos poucos a paixão aumentava e os movimentos também.

A filha de Otávio conseguiu se livrar dos braços, abraçando as costas e cravando as unhas na pele da amada.

Choramingou ao sentir que não suportaria por muito tempo, pediu mais, desejava muito mais naquele momento e logo os corpos perderam a força.

Ouviu o rugido animal da Calligari ou era o seu... Ficou confusa, sentindo quando o corpo suado desabava sobre o seu.

Sentia-se tremer... Sentiu a pele suada.

Sentia que não tinha forças para falar... Mas mesmo assim exibiu um sorriso de felicidade ao ouvi-la dizer:

-- Eu te amo... Mimadinha...

 

 

 

 

Na manhã seguinte, Diana despertou a amada com um delicioso café na cama, mas antes a amou novamente, porém com calma, pacientemente.

Tinha tomado banho e estavam sentadas no leito de casal, vestiam apenas um roupão.

-- Sabe o que eu estava pensando. – A major dizia, enquanto levava uma uva à boca. – Quero retomar a pintura do seu quadro.

Aimê a encarou e acabou rindo ao ver a expressão de séria que ela fazia ao dizer aquilo. Tomou um copo de suco antes de responder.

-- Sabe que eu acho que isso não passa de uma desculpa para me seduzir.

A major levou a mão ao peito de forma dramática.

-- Eu? A famosa pintora Alessandra Calligari jamais se aproveitaria da arte para fazer amor gostoso contigo. – Piscou ousada. – Não preciso de subterfúgios para isso. – Estendeu a mão para tocar o seio da esposa, mas foi detida.

-- Não! – Repreendeu-a. – Você só pensa nisso!

 

-- Não, contigo eu penso em muitas coisas, meu amor. – Colou os lábios aos delas. – Mas depois te falo sobre esses pensamentos. – Depositou um beijo demorado, depois se levantou. – Preciso dar uns telefonemas. Esses dias terei uma exposição e quero que vá comigo.

Aimê tomou cuidado para não derrubar a bandeja, seguindo até ela, abraçou-a pelo pescoço.

-- Eu me sentirei honrada em estar ao seu lado, adoro suas obras... A Calligari lhe circundou a cintura.

-- Então se prepare, pois a quero ao meu lado! – Beijou-lhe a pontinha do nariz. – Resolverei esse problema e logo retorno para ti... Hoje você não me escapa!

A Villa Real fez um gesto de assentimento, enquanto a observava sair. Suspirou feliz, seguindo até a cama e deitando-se com os pés para fora. Sorriu ao sentir o cheiro que o quarto exalava...

Sentia-se deliciosamente cansada.

Amava muito a morena e desejava mais do que tudo que aquela relação pudesse ficar mais sólida a cada dia. Levantou-se.

Iria se vestir e falar com os avós, tinha esquecido deles totalmente.

 

 

Diana estava no escritório terminando de falar com a Vanessa. Levantou-se e seguiu até o hall.

Ouviu a campainha e foi abrir a porta.

Antes que pudesse falar algo, teve os lábios tomados pela italiana que demonstrava bastante entusiasmo.

-- Estou pronta, amore mio, já pode me pintar totalmente nua.

A Calligari viu o olhar da bela mulher se dirigir a escadaria e ao se virar viu Aimê lá parada ao lado de Cláudia e de Bianca.

 


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