A dama selvagem - Capítulo 20
A antiga fábrica de cimento parecia um
cenário de filme de terror.
As grandes torres, chaminés, os rombos
nas paredes de tijolo maciço não só passavam despercebidos, como era evitada
por muitos viajantes que passavam por ali, afinal, havia rumores de que
demônios tinham se apossado do lugar, mas era no subsolo daquele espaço de
quase duzentos metros que havia um grande perigo e podia-se até dizer que se
faltava espı́rito, mas carne jamais.
O vento da madrugada uivava, levantando
a poeira e deixando o ponto quase invisível.
Crocodilo estava sentado diante de uma
mesa de mogno, tendo um computador diante de si.
Havia inúmeros sacos enfileirados e caixas
cheias de armas e drogas.
O ambiente estava na penumbra, o cheiro
de poeira enchia os pulmões.
-- Até quando ficaremos aqui?
Um homem barbudo, alto e gordo se
aproximou.
Conhecido como Felipam, era o mesmo que
a Calligari travara luta corporal na floresta.
-- Estou pensando! – Crocodilo deu o
play no vı́deo.
O bandido observava com atenção a cena
e exibia um sorriso sádico.
Otávio Villa Real fora o pior ser que
já conheceu e suas maldades não tinham limites, ainda mais quando ficara
obcecado por Diana, mas quem o culparia? Afinal, a ı́ndia era um belo prêmio e
muitos gostariam de tê-lo para encabeçar uma coleção única.
Voltou a prestar atenção ao filme
caseiro.
Lembrava-se de quando o filho de Ricardo
quis ter a garota para si, seu foco nos negócios fora turvado e nada importava
tanto como ter a major em seu leito nupcial.
Observou a tela mais uma vez, pausando
na bonita mansão...
Recordava-se daquela noite quando
acompanhara o coronel à fortaleza de Alexander.
Quase chorou diante da encenação que
ele fez dizendo tudo de ruim que a major estava sendo acusada. Mostrou a face
cortada, as marcas de dentes cravados em sua pele e sua vontade de ajudar a
morena a se livrar das acusações que seguiriam... Só que naquela noite, o
militarzinho não contava com um detalhe...
-- Não quero mais ficar nesse lugar! –
Outro bandido se aproximou. – Quanto tempo mais vamos viver escondidos.
Aquele era sargento Batista, companheiro
fiel do filho de Ricardo. Fora apontado pela Calligari como um dos envolvidos e
por esse motivo, o rapaz tivera que fugir da base antes de ser preso.
Ele tinha ódio mortal da pintora, pois
acreditava que ela recebia privilégios por ser filha de um homem tão
poderoso.
-- Aquela miserável da Diana nos
encurralou! – Bateu o punho contra a mão aberta. – Agora toma para si a
proteção dos desgraçados Villas Real, sem falar que perdemos a cega que já tı́nhamos
recebido o pagamento.
Crocodilo se levantou de supetão,
pegando um punhal e colocando na garganta de Batista.
Pressionou-o contra as caixas que
estavam empilhadas.
Fitou o rosto sem barba, a expressão de
covardia que desaparecia quando se tratava de seres mais fracos.
-- Não questione ou venha com toda essa
arrogância para falar comigo... – Pressionou mais. – Não tenho culpa se a
filha de Alexander era bem melhor do que você em todos os sentidos! – Apertou
mais a lâmina contra a pele.
Mirou a gota de sangue que jorrava da
ferida. Passou o dedo e levou à boca, provando-o.
Batista se afastou, tentando respirar,
estava assustado, seus olhos esbugalhados.
-- Quem a deixou escapar foi Felipam,
esse idiota não conseguiu nem mesmo segurar aquela selvagem! – O sargento
disse em justificativa. – Se tivesse a matado, agora estarı́amos bem e não sendo
perseguidos como animais.
Felipam nada disse, mas seu olhar de ódio
não passou despercebido.
Crocodilo foi até o saco onde havia
muita droga.
Pegou uma pequena bolsa, furando e tirando
um pouco de pó, levando ao nariz.
-- A Diana vai sair da nossa cola, pois
eu tenho uma informação que ela vai adorar saber... Depois disso, ela não vai
mais se preocupar em proteger a famı́lia do Otavinho... – Inalou o cheiro.
-- Ainda não entendo o motivo dela
está ajudando-os! -- Batista vociferou. – Ela sempre odiou a todos.
Crocodilo pegou mais um pouco.
-- Bem, Ricardo está fazendo papel de
bonzinho, implorou por ajuda pela segunda vez... Traiu a Diana na primeira... E
agora ele busca o apoio dela novamente e ela não nega... – Crocodilo
ponderava. – Farei a Calligari baixar a guarda e dessa vez, eu vou acabar com
ela e pegar a Aimê, entregá-la para o cartel e assim vamos ficar livres de tudo.
-- E o exército? – Felipam questionou.
– Estão atrás de nós!
Crocodilo deu de ombros, voltando para a
cadeira e observando o vı́deo que se passava.
O audível de tiro na tela o fez exibir
um sorriso vitorioso.
Diana se mantinha acordada. Estava
desperta depois do maravilhoso momento que vivera.
Seu corpo ainda tremia do arrebatador
prazer que sentira. Tinha a impressão que seus pensamentos foram cessados por
longos segundos. Ainda tentava compreender por que fora tão intenso com ela.
Era como se não a tivesse amado apenas com seu corpo, mas também sua alma.
Nunca em sua vida provara de algo
parecido.
Aimê se mexeu, estava deitada sobre seu
peito, uma das mãos da garota descansava sobre seu seio.
Beijou-lhe o topo da cabeça, inalou os
cheiros dos cabelos e se demorou lá, sentindo o aroma dela, aquela sensação
extasiante de tê-la cosigo.
Ouviu o ressonar baixo e não disfarçou
um sorriso.
Por que quando a amou teve a impressão
que estava totalmente completa? Era como se o passado não existisse, como se
suas chagas estivessem curadas... Como se tivesse encaixado a parte preciosa de
um quebra-cabeça difı́cil.
Respirou fundo!
Ainda conseguia ver o sorriso doce e
convidativo... Os braços abertos prontos para aceitá-la depois de tudo que
fizera...
Abraçou-a mais forte, ouvindo-a murmurar
palavras desconexas.
Acariciou as costas macias.
Deus, uma virgem a conduziu!?
Ouviu a própria respiração acelerada e
o desejo acendendo novamente.
Aquilo era uma loucura!
Afastou-a delicadamente, em seguida deixou
o leito, parando para olhá-la por infinitos segundos, depois seguindo até o
banheiro.
Os passos eram lentos, até inseguros como
nunca foram em sua vida...
Ligou o chuveiro, mas não entrou
rapidamente, ao contrário, permaneceu observando e ouvindo o som... Prendeu os
cabelos em um coque, depois adentrou o espaço, permitindo que a água gelada
massageasse suas costas. O lı́quido quando tocou em seu pescoço, provocou
ardência.
Passou os dedos e sentiu a pele ferida.
Sorriu novamente ao recordar de como a
garota ficara descontrolada e cravara os dentes em sua pele.
Pegou
o sabonete, passando
delicadamente, pois ainda
estava bastante sensível
ao prazer que
provou ainda pouco... Os seios
ainda se mostravam doloridos e o sexo latejante por mais.
Não imaginou que transar com a filha de
Otávio seria uma experiência tão destruidora... Na verdade, desconfiara
disso e por essa razão temeu tanto que acontecesse... Relutara tanto, mas no
fim, não havia outra saı́da para si, além de se queimar naquele fogo de pura
paixão.
Seria só paixão mesmo?
Prendeu a respiração por alguns
segundos tentando proibir que seus pensamentos divagassem mais...
Desligou o registro, abriu o box,
seguindo até o armário, pegou um roupão, vestindo-o.
Parou diante do espelho, olhando-se.
Viu as marcas no pescoço.
Fitou os olhos negros, notando um brilho
diferente presente neles...
O que Aimê estava fazendo consigo?
Desde que a conheceu as coisas pareciam
apresentar uma conotação diferente em sua vida. Seu mundo que antes era tão
preto e branco parecia agora apresentar alguns traços de cores mais vivas...
Uma primavera em meio ao seu intenso inverno...
Baixou a cabeça, recordando-se de algo
que por longas horas pareceu esquecer.
Ela é filha de Otávio!
Filha do miserável que tirou tudo o que
tinha, que destruiu seus sonhos e a condenou a anos de verdadeira inexistência.
Respirou fundo, enquanto apoiava as
mãos sobre a pia de mármore.
Fechou os olhos e as cenas vieram à sua
mente.
“Então, odeie-me amanhã, mas hoje apenas
me ame...”
Aquela voz doce ainda martelava em seu
cérebro...
Ame-me hoje...
Ame-me...
Ame-me...
Meneou a cabeça para tentar se livrar o
eco.
Por que tinha a impressão que algo
tomava seu coração na mão e apertava-o forte, como se assim pudesse fazê- lo
pulsar novamente?
Voltou a mirar-se...
O que aconteceria agora?
Tentando se livrar das indagações,
retornou ao quarto, parando ao centro dos aposentos, observou a bela mulher
deitada em seu leito e teve a impressão que adoraria encontrá-la todos os
dias naquele lugar, esperando-a... Não se importaria de ficar olhando-a por
toda a noite, não se cansaria disso... Não se cansaria de possuı́-la por toda
a eternidade...
Os pensamentos a irritaram...
Foi apenas sexo!
Sexo!
Sexo!
Qual a novidade em algo que fazia desde
que era uma menina que mal entrara na adolescência?
Voltou a fita-la... Mas achou melhor
não fazê-lo.
Caminhou até a varanda e viu as estrelas
cobrindo o céu noturno.
Respirou fundo, enchendo os pulmões de
oxigênio.
Lembrou-se do pai...
Ele adorava ficar acampar e naquelas
ocasiões sempre contavam fatos, histórias mitológicas... Conhecia as
histórias das estrelas, dos heróis, das suas façanhas...
A saudade nunca chegaria ao fim?
Viu uma estrela Cadente cortar o céu...
Fechou os olhos, lembrando que Alexander sempre a mandava fazer um pedido.
Esboçou um sorriso triste, limpando a
lágrima solitária que traduzia sua dor.
Gostaria que o pai não tivesse
sucumbido ao desesperp, que não tivesse tirado a própria vida por imaginar
que a única filha tinha desonrado seus ensinamentos.
-- Diana...
Ouviu a voz baixa e doce que parecia
puxá-la de sua dor, do seu eterno luto...
Pensou estar imaginando coisa, até que
seu nome fora repetido daquela forma que mexia com seus nervos.
Retornou ao quarto e mesmo na penumbra,
fitou-a.
Aimê estava sentada, tinha o corpo
coberto pelo lençol de seda.
Diana acendeu a luminária que ficava ao
lado da cama, desejando vê-la melhor.
Os cabelos estavam meio bagunçados, os
lábios inchados, as bochechas rubras... Parecia assustada.
Mirou a coberta e lembrou-se de como ela
era maravilhosamente deliciosa por baixo dela...
Cruzou as mãos sobre o busto, tentando
controlar o desejo que já começava a queimar novamente.
-- Por que me olha e não responde? – A
jovem indagou.
Quando a Villa Real despertou, temera
ter sido abandonada. Imaginou que a morena tinha percebido o que tinha feito e
decidido deixar o quarto.
Isso a entristeceu, pois ainda não se
sentia pronta para encarar a realidade ainda.
Aliviou-se ao senti-la perto...
Um sorriso surgiu no canto dos lábios
da major, enquanto seguia até o leito, sentando de frente para ela.
-- Gosto de te olhar... – Estendeu a
mão, baixando o lençol, desnudando os seios. – Tem algo que seduz... Que me
enlouquece... Me perturba...
Os mamilos rosados se intumesceram
rapidamente. Estavam doloridos, implorando pelas carı́cias de outrora.
-- Por quê?
A Calligari fitava o colo sensual,
depois a encarou...Com a costa da mão, acariciou a face...
-- Deus, como pode ser tão linda? –
Aproximou os lábios dos dela. – Você tem ideia de como é uma mulher bela,
mimadinha? – Usou o polegar para acariciar o seio direito, fazendo movimentos
lentos e circulares. – Você está me deixando louca...
Aimê prendeu a respiração.
Seria possível já desejar se entregar a
ela novamente? Quantas vezes seria possível repetir o que fizeram antes?
Arrumou os cabelos em um gesto nervoso.
-- Tenho certeza de que você ainda é
muito mais...
A major aproximou os lábios, falando
bem próximo.
-- Não acho que demore a me ver... –
Contornou o superior com a lı́ngua. – Acho que vai ficar com medo até...
Viu os olhos azuis se estreitarem em
desejo quando não permitiu que ela se apossasse de sua boca.
Começou a lhe acariciar as coxas...
Sentindo os ralos pelos sob seus dedos...Fazia-o sem pressa, observando as
reações que causavam na jovem amante.
-- Com a sua carranca? – Provocou-a,
arqueando a sobrancelha. – Ou com seu charme de mulher conquistadora... –
Estendeu a mão tocando-lhe o pescoço, depois sentiu o tecido felpudo.
Inspirou o cheiro pós-banho.
-- Conquistadora?
Aimê assentiu, enquanto achava as amarras
do roupão, soltando-as.
Mordeu o lábio inferior quando os dedos
começaram explorar seu sexo molhado.
Corou por já parecer pronta para ela
mais uma vez...
-- Sim... é isso que você é... Uma
conquistadora... – Suspirou. – Não acredito que seja fácil alguém resistir
ao ser jeito de ı́ndia selvagem. – Pousou as mãos sobre os seios da morena. –
Ou de dama da sociedade.
Diana fitava os dedos longos
afagando-a... Continuando sua exploração por um caminho que ainda era novo
para si...
Percebeu-a tensa!
Voltou a encará-la.
-- Eu sou uma canibal... – Esboçou um
sorriso grande. – Deveria ter medo de mim... – Colou os lábios aos dela. –
Poderia comê-la em meu jantar...-- Adentrou o espaço estreito com o
indicador...
Percebeu o rosto exibir uma expressão
dolorosa.
-- Relaxe... – Sussurrou roucamente. –
Daqui a pouco não sentirá mais esse incômodo. – Usou o polegar para massagear
o clitóris. -- Quer que eu pare?
A jovem negou com a cabeça. Continuava
as carı́cias, parecia interessada na maciez da pele da pintora.
Aimê afastou um pouco mais as pernas...
A Calligari aproveitou isso para
mergulhar mais longe...Fazendo o caminho e ida e volta incansáveis vezes.
A neta de Ricardo estreitou os olhos...
Passou a lı́ngua pelo lábio superior... Mexendo o quadril no ritmo dela.
Abriu a boca para falar, mas precisou de
uma força maior para executar a ação.
-- Você não come pessoa... – Aproximou
a cabeça do pescoço da major. – A Sirena falou isso para mim... – Colou os
lábios naquele ponto. – Pelo menos não nesse sentido... Ain...
Diana moveu mais rápido, adorando o som
que provocava. Depois retirou, levando à boca, chupando a essência dela.
-- E como você acha que eu como? –
Chupava pacientemente o mel.
Aimê se sentiu vazia naquele momento,
então, ousada, tomou-lhe a mão, levando-a novamente ao seu local secreto.
A Calligari extasiou-se com o ato.
-- Me deixaria comer você? – Invadiu-a
novamente.
A neta de Ricardo sentiu uma frio no
estômago ao pensar em como ela costumava fazê-lo... Como estava fazendo
naquele momento.
Tomou a boca dela para si... Entregando-se
a carı́cia pagã...
Diana fechou os olhos... Adorando os
beijos que recebia.
Amava os carinhos e não demorou muito
para perceber que os lábios descessem até seus seios.
Ajoelhou-se na cama e fez com que a
herdeira de Ricardo fizesse o mesmo.
Livrou-se do roupão totalmente,
enquanto tomava a boca de Aimê na sua mais uma vez.
A garota abraçou-a com força, como se
temesse que ela fosse para longe de si.
A major gemeu quando a lı́ngua invadiu
sua boca de forma exigente.
Não havia beijo mais perfeito do que a
da inocente menina... Era como se ela dominasse seus sentidos. Fê-lo com
carinho, deliciando-se com o gosto, adorando a forma como as mãos inquietas
deslizavam por seu corpo.
-- Sinto meu sabor em seus lábios,
princesa... – Aimê dizia sem fôlego.
A Calligari gemeu quando sentiu o toque
em seu sexo...
Afastou as pernas para aproveitar melhor
o gesto.
Colou a boca em sua orelha.
-- Eu gosto do seu toque... – Sussurrou
em seu ouvido. – Quero muito mais do que isso...
A Villa Real usava o indicador e o dedo
maior nos carinhos.
Fazia movimentos circulares, enquanto
beijava seu colo.
Diana apenas aproveitava o momento e
mais uma vez em seu cérebro só havia as duas. Nada passava em sua mente, nada
mais do que a paixão que queimava em seu ı́ntimo.
Não havia dúvidas da inocência da
garota, mas mesmo assim ela se guiava por um instinto primitivo, nada era
calculado, mas via em seus afagos a vontade de conhecer, de aprender...
Os lábios rosados se apossavam de forma
deliciosa dos biquinhos excitados, lambia-os e depois usava toda a boca para
subjugá-lo.
Chupando-os como um bebê faminto.
Levou a mão até a dela, cobrindo-a,
guiando-a de forma ainda mais prazerosa.
Aimê levantou a cabeça para ela.
-- Ensine-me a te dar prazer... – Pediu.
– Desejo que sinta ainda mais do que senti quando me amou... Desejo amá-la sem
reservas...
Diana a puxou para mais perto de si pela
nuca, beijando novamente seus lábios. Dominando o ato, pois o que mais queria
era prolongar aquele momento, desejava que aquela noite não acabasse, desejava
que tudo desaparecesse e só restasse as duas...
Aimê a abraçava forte, deixando-se
guiar pela boca daquela mulher que tantas grosserias já tinha dito...
Sentiu uma vontade louca de confessar
seu amor naquele momento, mas sabia que não seria uma boa ideia, sabia que ela
não aceitaria seu sentimento. Sabia do muro que havia entre ambas, de como o
passado se imporia entre elas...
Delicadamente empurrou-a, fazendo-a
deitar entre os travesseiros.
A Calligari pareceu surpresa e ficou
esperando pelos próximos passos e não demorou a Villa Real deitar sobre seu
corpo. Adorou sentir a coxa dela roçar em seu sexo. Esfregava-se em si,
mexia-se sobre si.
Recebeu um beijo rápido nos lábios,
observando curiosamente quando a garota fazia o mesmo com os seios, porém de
forma lenta, depois com seu abdome e logo chegou ao centro do seu prazer.
Apoiou-se no cotovelo para observar,
não acreditava que ela seguiria em frente, mesmo que fosse aquilo a coisa que
a pintora mais desejasse em todo o universo.
Aimê beijou a parte externa de suas
coxas demoradamente...
Passava a lı́ngua delicadamente pela
linha de abertura... Depois forçou mais e Diana se abriu para ela...
A major cerrou os dentes quando a
carı́cia ficou mais ı́ntima... Inclinou a cabeça para trás em puro deleite,
enquanto estreitava os olhos.
A filha de Otávio fazia tudo com enorme
calma e sempre que a sentia respirar mais rápido, demorava-se mais em
determinado carinho.
De repente a lambia, esfregando-se ao
delicioso mel, de repente replicava a carı́cia que fizera na boca da morena,
essa mais forte e determinada.
-- Aimê...
O nome foi pronunciado em puro gemido.
A jovem sorriu, continuando a chupá-la,
mamando o clitóris como fizera com os seios...
Procurou a mão da amante, virando a
cabeça para ela.
-- Mostre-me como entrar em você... –
Pediu.
A Calligari pareceu ponderar por alguns
segundos, mas seu desejo falava bem mais alto agora, então, segurou- lhe a
mão, levando até o centro do seu sexo pulsante.
Fê-la adentrar lentamente e quando a
sentiu em seu interior, retirou os próprios dedos, deixando que ela seguisse
com sua exploração.
Sentiu-a parada, como se investigasse e
isso a deixou ainda mais perdida.
A carne implorava por mais...
Moveu o quadril e logo os olhos azuis se
voltaram para si...Enquanto a boca voltava a depositar beijos em seu íntimo.
-- Eu gosto do seu sabor... Seu cheiro
de mulher... – Bebia o mel delicadamente. – Meu corpo reage a isso... –
Começava a retirar os dedos e logo adentrava novamente, indo e vindo... – Gosta
assim, princesa?
Diana levou a mão à boca, fincando os
dentes nela.
Mesmo assim, ainda sussurrava alto seu
prazer, temendo que logo perdesse a total consciência.
Chamou por ela... Chamou novamente...
Gemia o nome da amante...
Gemeu alto quando percebeu que não era
mais os dedos que a fundia, mas a lı́ngua da amada que assumia a tarefa
deliciosa.
Mexeu mais rápido o quadril... Seguia
ao encontro dela... Dava-se a ela por completo...
Agarrou-se aos lençóis, trazendo a
mulher para cima de si.
-- Goze comigo, Aimê, sinta o prazer
que nos une... Sinta meu sexo implorando pelo seu... Ele grita pelo seu...
A menina assentiu, enquanto colava os
lábios aos dela, abrindo-se, encaixando-se, rebolando.
Era possível ouvir a respiração de ambas,
alta, cansada, rápida...
Diana girou, deitando-se sobre ela,
abrindo-a para si, unindo-os, molhados e viçosos de prazer.
Mexia com força... Desejando se fundir
nela para sempre...
Aimê cravou as unhas nos ombros da
major.
-- Diana... Diana... Diana... – Chamava
por ela entre gemidos. – Por favor...
Não demorou em que as duas explodissem
mais uma vez em um orgasmo poderoso... Mais forte e intendo do que o anterior.
A Calligari desabou sobre o corpo da
amante, não tinha forças para sair dali, na verdade, não queria se afastar
por nada.
Fechou os olhos, perdendo-se nela...
Antônia andava de um lado para o outro.
Voltara para o quarto tarde naquela
noite e não encontrou Aimê na cama que ocupava consigo.
Pensou em avisar à sobrinha, mas acabou
desistindo, pois sabia que seria um motivo a mais para a pintora perder a calma
com a garota.
Decidiu ligar para Vanessa. Demorou
algum tempo, até que a empresária atendesse.
-- Perdoe-me o horário, filha, mas
estou desesperada.
Vanessa fitou o relógio da cabeceira.
Duas horas da madrugada.
-- O que houve, Dinda? – Questionou com
voz rouca de sono. – Aconteceu algo com a Diana?
-- Não, ela está bem, mas é que a
filha de Otávio sumiu!
A empresária sentou-se, alarmada.
-- Como assim?
-- Eu estive fora boa parte da noite,
fui jantar com um casal de amigos e quando retornei, fiquei lendo na biblioteca,
então quando subi, imaginei que a menina dormia como deveria ser, mas não,
ela não está aqui!
-- Procurou por todos os lugares? Avise
a Diana, ela precisa saber, pois algo de ruim pode ter acontecido.
Antônia levou a mão ao peito.
-- Deus, você está certa!
Abriu a porta, seguindo com o telefone
na orelha.
Parou diante da porta da sobrinha e já
ia abrir quando ouviu gemidos e sussurros.
Ficou rubra.
-- Então, Dinda, está no quarto da Di?
Acorde-a e relate o ocorrido.
Antônia apurou mais os ouvidos.
-- Acho que ela está acompanhada! – Sussurrou
baixinho se afastando.
-- Como assim? Ela não costuma levar
mulheres ao apartamento a menos que...
-- Não, eu não posso acreditar! – Cobriu
a boca com a mão. – Como?
Antônia seguiu novamente até os
aposentos.
A empresária sabia muito bem da paixão
que a major sentia pela filha de Otávio, mas não imaginava que depois do que
tinha se passado, Aimê cederia ao charme da morena.
Suspirou.
-- Aimê não teria como sair daı́,
seria impossıvel, ainda mais porque tem seguranças guardando o apartamento.
-- Sim, você está certa... – Sentou na
cama. – Perdoe-me por ter te acordado, filha, volte a dormir.
-- A senhora também precisa descansar,
Dinda, se está acontecendo o que imaginamos, nada poderá ser feito contra,
apenas esperaremos o que se passará quando o sol nascer.
-- Sim, você está certa... – Disse
entre suspiros. – Boa noite, querida, descanse. – Despediu-se.
Colocou o aparelho no lugar,
permanecendo quieta, ponderando sobre o que acabou de descobrir.
E agora?
Diana despertou com a claridade do sol
invadindo o quarto.
Estendeu o braço para abraçar Aimê, mas
ela não estava mais ali.
Chamou por ela, mas não recebeu
resposta.
Apoiou-se no cotovelo, fitando tudo ao
redor, mas não havia sinal da garota.
Levantou-se, seguindo até o banheiro,
mas não havia nada que denunciasse a presença da amante.
Passou a mão pelos cabelos em
desalinhos.
Teria sido tudo fruto das bebidas que
tomara?
Não, nem tinha se embebedado naquela
noite.
Seguiu até os lençóis, tomando um dos
tecidos delicados em suas mãos, levou ao nariz, cheirando, deliciando-se com o
aroma dela que ainda estava ali.
Fitou o leito e viu a pequena mancha de
sangue...
Suspirou alto.
Ouviu batidas na porta.
Imaginou que pudesse ser ela.
Sorriu.
-- Diana, você está aı́?
A pintora reconheceu a voz da
empresária, decepcionando-se.
Observou a porta.
-- Entre! – Ordenou.
Vanessa observou a mulher totalmente
nua.
Não era a primeira vez que a via
daquele jeito e a major nunca se importava de se expor.
Viu-a seguir até o banheiro e retornar
usando um roupão preto.
Aproveitou que estava sozinha para
analisar o quarto.
A cama estava uma verdadeira bagunça,
algumas roupas jogadas pelo assoalho.
Viu o cobertor sujo de sangue.
Diana retornou.
-- O que quer aqui? – Questionou
cruzando os braços sobre os seios. – Não me lembro de pedir sua presença.
A empresária estendeu o lençol para
ela.
-- Está pintando na cama? – Indagou com
a sobrancelha arqueada. – Não acredito que seu casamento foi consumado!
A Calligari tomou a coberta das mãos
dela.
-- Isso não é da sua conta! – Retrucou
irritada. – Diga de uma vez o que veio fazer aqui e saia! Não estou com paciência
para suas brincadeiras!
Vanessa caminhou, sentando na poltrona,
fitou com ar de riso o sutiã jogado lá.
-- Para quem teve uma noite maravilhosa,
você não demonstra muito bom humor. – Deu um sorriso ao ver a cara de
irritação. – Vim buscar Aimê, temos que fazer alguns exames.
Os olhos negros se estreitaram.
-- Onde ela está?
A empresária ficou a imaginar o que
tinha se passado para a artista está tão intratável depois de ter conseguido
o que tanto queria.
-- No quarto, lindamente arrumada! – foi
até a pintora.
A empresária observava o pescoço com
atenção.
-- Você tem uma exposição à noite,
acho que vai precisar de um cachecol...
Diana deu de ombros.
-- Tomarei um banho e eu mesma levarei
Aimê ao médico!
Vanessa apenas assentiu com um sorriso
misterioso.
A Villa Real estava na sala.
Tomara o desjejum na companhia de
Antônia, permanecendo quieta durante todo o tempo.
Sabia que a tia de Diana percebeu que
não dormira no quarto e isso a deixava envergonhada.
Será que ela imaginava que tinha ficado
com sua sobrinha?
Quando despertara cedo, deixou o quarto,
pois sabia que não tinha mais nada para falarem... Na verdade, temeu o
desprezo da Calligari, pois isso seria terrível de suportar depois de tudo que
viveram.
Mordiscou o lábio inferior ao se
lembrar de tudo o que tinha se passado.
Meneou a cabeça tentando se livrar
daqueles pensamentos, pois só em pensar nisso trazia as lembranças da noite
anterior.
O cheiro dela, a forma como se movia...
As sensações que sentia quando era tocada...
De onde tirara a coragem para agir
daquele jeito?
Remexeu-se no sofá, sentindo um arrepio
na espinha.
-- Você está bem, querida? – Antônia
a percebia inquieta.
A jovem fez apenas um gesto afirmativo
com a cabeça.
Dinda viu quando a garota retornou para
o quarto e imaginou se Diana a tinha ajudado a chegar lá, mas decidiu fingir
que dormia para não constrangê-la.
-- Está com saudade dos seus avós? –
Questionou tomando um pouco de café. – Imagino como deve ser difı́cil para
você ficar longe deles.
Aimê permaneceu em silêncio por alguns
segundos até que falou:
-- Sim, fico preocupada ao saber se
estão bem, se estão em segurança... Gostaria de vê-los, de falar com eles...
-- Por que ainda fica com essas dúvidas
se eu já disse que tomaria as providências para que o casal Villa Real
estivessem seguros? – A pintora indagou aborrecida.
A voz forte e firme da Diana pôde ser
ouvida.
A Calligari descia as escadas.
Usava terninho preto e calça jeans preta
justa, camisa branca e sapatos fechados de salto alto. Os cabelos estavam
soltos, bem penteados.
Vanessa seguia atrás, percebendo como
Aimê pareceu surpresa ao ouvir a voz da major.
Os olhos de Diana focaram-se na filha de
Otávio.
Aimê usava um vestido azul na mesma cor
dos seus olhos, tendo cumprimento até um pouco acima do joelho. Justo e com um
decote discreto. Também usava um terninho creme sobre os ombros nus e um cinto
em sua cintura. As madeixas longas também estavam soltas.
Deu de ombros, sem conseguir esconder a
irritação.
A pintora foi até Antônia depositando
um beijo em seu rosto.
-- Levarei Aimê ao médico e quando retornar
a deixarei no aeroporto.
Dinda ainda abriu a boca para protestar,
mas sabia que seria uma discussão inútil.
Apenas assentiu.
-- Pensei que a Vanessa me levaria! –
Aimê questionou.
Diana não respondeu, indo apenas até
ela e levantando-a delicadamente por suas mãos.
A filha de Otávio teve a impressão que
uma corrente elétrica passava por seu corpo.
-- Vanessa precisará resolver umas
coisas para mim! – Disse de forma seca. – Agora vamos indo ou nos atrasaremos!
Aimê nada disse, apenas se deixando
conduzir por aquela mulher que mexia tanto com seu emocional.
Percebia que estava aborrecida, notava
isso pelo silêncio e a forma que lhe olhava. Tentou não prestar atenção
nesse detalhe, concentrando-se nos exames que faria naquele dia.
Se tudo desse certo, não demoraria a
ser submetida à cirurgia e poderia voltar a enxergar.
Essa ideia enchia seu peito de
esperança.
Seguiram até o elevador.
Vez e outra Diana a observava com
atenção. Estava irritada, furiosa por ter sido abandonada na cama depois da
noite de amor que tiveram.
Passou a mão pelos cabelos, ajeitando-as
por trás da orelha.
A Villa Real permanecia quieta, seu
rosto trazia o vermelho já caracterı́stico. Sentia o olhar acusador sobre si.
A Calligari a encarava e de repente
apertou o botão para manter o elevador parado.
Fitou a jovem por alguns segundos,
depois foi até ela, segurando-a pela nuca, colando os lábios nos seus.
A herdeira de Ricardo foi pega de
surpresa, mas correspondeu ao beijo com paixão igual.
A morena a pressionou contra a parede do
elevador.
Aimê permitiu que ela se apossasse de
sua lı́ngua e gemeu quando ela colocou mais pressão.
Gemeu quando sentiu as mãos passeando
por seu corpo. Acariciando seus seios despudoradamente.
-- Por que me deixou sozinha no quarto?
– Diana perguntou depois de um longo tempo. – Quem pensa que é para agir
assim?
A Villa Real sabia que ela estava
chateada. Sentiu isso no carinho grosseiro que recebeu.
Respirou fundo, tomando coragem para
falar.
-- Não sei se seria uma boa ideia
acordar ao seu lado... Ainda mais quando sei que... –Umedeceu o lábio
superior. – Apenas não achei que fosse uma boa ideia... – Disse por fim.
A filha de Alexander não pareceu gostar
da explicação. Fitou os olhos azuis, a pele branca...
Respirou fundo.
-- Boa ideia? – Arqueou a sobrancelha em
desdém. – E o que seria uma boa ideia para ti, mimadinha? Eu arrancar sua
roupa nesse momento e fazer sexo diante das câmeras de segurança pareceria uma
boa ideia?
A jovem engoliu em seco.
Por que aquela frase grosseira a deixava
em brasas?
Virou a cabeça para o lado, tentando
fugir daquele encanto.
Diana encarou novamente Aimê, mas
percebia que o melhor seria manter a calma.
Bateu com o punho fechado contra o
painel do elevador e logo a máquina voltou a se movimentar.
Ao chegarem ao subsolo, as portas se
abriram.
Diana segurou a mão da esposa e
caminhou ao lado dela até ao estacionamento.
Viu quando os seguranças a viram,
cumprimentando-a com um gesto de cabeça.
Ignorou-os.
Sua paciência naquele dia estava
escassa.
Abriu a porta, ajudando a garota a se
acomodar no banco da frente e logo fez o mesmo, dando partida imediatamente.
Não entendia a razão de ter ficado
tão triste por despertar sozinha. Teve a impressão que aquele vazio tinha
voltado e se instalado dentro de si. Era como se tudo o que viveram não
passasse de um devaneio de sua cabeça.
Ainda pensou em falar algo, mas percebeu
que o melhor seria ficar em silêncio ou teriam uma discussão feia.
Observou o retrovisor e viu os carros dos
seguranças logo atrás de si.
Ligou o rádio, permitindo que a música
pudesse acalmá-la, então de repente ouviu a deliciosa acompanhante cantarolar
baixinho a melodia.
Fitou-a de soslaio.
Parou no sinal vermelho e pôs-se a
observar tudo ao redor.
O fluxo de carros estava pouco. O dia
estava claro, o sol não parecia ter empecilhos para brilhar naquela manhã.
Voltou a seguir pela avenida e não
demorou a estacionar diante do enorme prédio.
A Calligari desceu, deu a volta,
ajudando a jovem a fazer o mesmo, tomou-lhe a mão, seguindo ao lado dela.
Aimê sentia as mãos suarem, estava
tão nervosa que tropeçou e só não caiu porque Diana foi rápida, segurando-a
por trás.
-- Cuidado ou vai acabar se machucando.
– Repreendeu-a, enquanto a mantinha em seus braços.
-- Obrigada! – Agradeceu descolando o
corpo do dela.
A Villa Real nada disse e logo chegavam
ao andar onde seria submetida aos exames.
Uma enfermeira veio buscá-la, enquanto
a major ficou sentada na recepção, folheando uma revista.
Ouviu o celular tocando, abriu a bolsa,
retirando o aparelho.
Observou o número...
-- Alô!
Houve um silêncio e depois reconheceu o
sotaque.
-- Como vai, Diana Calligari?
A major se levantou.
-- Sabia que não demoraria em tentar
contato. – Apertou forte o aparelho. – Seu tempo de reinado está chegando ao
fim.
A gargalhada sádica chegou aos seus
ouvidos.
-- Apesar de ter me feito de bobo muitas
vezes, ainda mais quando entrou no meu acampamento, levando embora a minha
refém... Não guardo mágoas e estou disposto até a te perdoar.
O maxilar da morena enrijeceu.
-- Não preciso de perdões de
desgraçados como você! – Falou por entre os dentes.
-- Nem mesmo se eu te mostrar os últimos
momentos do seu papai em vida... Ou a conversa interessante que ele teve com o
Otávio antes de morrer... – Deu uma pausa. – Eu não vou pedir muito... Apenas
quero cada um dos Villas Real... Principalmente a doce Aimê...
A paz acabou 💔
ResponderExcluirSerá? kkkkkkk ninguém solta a mão de ninguém kkkkkkkk
ResponderExcluirDefinitivamente é minha história preferida.