A dama selvagem - Capítulo 15


O movimento na floricultura fora grande como era de costume nos finais de semana.

Pessoas entravam e em muitos casos se encantavam com as espécies e raramente saiam sem levar um mimo.

A jovem filha de Otávio agia sempre com bastante simpatia, contando sobre o significado de cada planta ali presente. Fazia-o de forma tão apaixonada que muitos passavam horas maravilhados com as palavras.

Um cliente em especial pareceu desejar todo o tempo da Villa Real para si.

Alex fora lá e pareceu triste por não ter recebido a tão esperada dança, mesmo assim não se dava por vencido e convidara a garota para um lanche à noite. Tentando se livrar da insistência do rapaz, ela aceitou, recebendo o abraço que fora lhe dado.

Feliz com a promessa de um encontro, o filho do prefeito foi embora.

Já era quase treze horas.

Aimê e Cláudia se viravam para dar conta de todos, fora as ligações fazendo encomendas.

Logo chegaria a hora de fechar e voltarem para casa.

Aos sábados não ficavam o dia todo aberto, só meio expediente.

-- Acho que logo teremos que contratar outra pessoa para nos ajudar, filha! – A esposa de Ricardo dizia, enquanto carregava os vasos para dentro. – Não daremos conta sozinhas.

O sorriso de Cláudia era maior do que a expressão de cansaço, afinal, o pequeno empreendimento estava indo muito bem.

Aimê nada disse, pois outra coisa a preocupava naquele momento.

Não costumava mentir, mas não desejava falar que iria ao encontro de Diana para a avó, sabia que a major já fizera muito mal para a sua famı́lia e não desejava preocupá-los.

Sua mente parecia perturbada, imaginando o que a ı́ndia canibal queria de si agora.

De uma coisa estava certa, não permitiria nenhum tipo de contato, ainda mais em memória do seu pai que fora cruelmente enganado por aquele ser carregado de sedução.

 

Assim que estivesse na presença da Calligari diria de uma vez por todas que já sabia de toda história sórdida que se envolvera. Deixaria claro que não desejava nunca mais ter qualquer tipo de aproximação e exigiria que ela mantivesse distância da sua famı́lia e de si.

Secou as mãos no tecido do vestido ao perceber como estavam a suar.

Ah, sim, pelo que o avô falara, era ela alguém que se devia temer, mas se fosse assim, por que ele pedira logo sua ajuda para o resgate?

Raro era às vezes que não se recordava de tudo o que vivera naquela floresta com a Calligari. Todos os dias revivia os momentos ao lado da filha de Alexander, principalmente os toques ousados.

Uma luz pareceu acender em sua mente.

Claro, porque a pintora tinha contato com aqueles bandidos, porque só ela sabia onde eles estavam. – Constatou cheia de decepção.

Suspirou alto, chamando a atenção da avó.

Cláudia terminou de arrumar tudo.

-- Bem, agora podemos ir!

Aimê mordiscou o lábio inferior.

Estava apreensiva por ter que inventar algo.

Agachou-se, fingindo que sentia o aroma de uma rosa, tocou-lhe a pétala... Sentia a delicadeza e a maciez em seus dedos.

-- Vovó... – Pigarreou. -- eu combinei de almoçar com a Bianca, a senhora se importaria de ir para casa sozinha?

Cláudia pegava a bolsa que deixara dentro da gaveta.

Abriu-a e tirou as chaves.

-- Claro que não! Diga-me onde combinaram e a deixo lá.

A jovem se levantou.

-- Não, não precisa, ela falou que eu esperasse aqui na frente. Vem me buscar logo. --- Disse rapidamente.

A senhora Villa Real parecia preocupada sempre que tinha que deixar a neta sozinha, mas como ela estaria com a Alvarenga, sentia-se mais tranquila.

-- Ok, mas não chegue tarde e se for demorar peça para Bianca avisar.

Aimê assentiu, enquanto recebia o abraço de Cláudia e se sentia a pior pessoa de todo o universo por estar mentindo.

 

 

 

 

 

Diana estava a alguns passos da floricultura.

Passara toda a manhã passeando por aquele lugar, vendo a feira e adorando os curiosos itens que encontrou.

Viu quando o tal namorado da Villa Real deixou a floricultura com um sorriso radiante no rosto.

Tirou o celular da bolsa.

Vanessa ligara inúmeras vezes, mas como era de costume em nenhuma delas atendeu.

Desejou jogar o aparelho no chão e deixa-los em pedaços.

Então aquele era o tipo de homem que atraia a mimadinha!

Só em pensar nisso ficava furiosa...

Tentou manter a calma e se concentrar em outras coisas.

Não ficara naquele lugar pensando em uma relação com Aimê, pois tinha certeza que isso seria impossível, mas sua decisão de encontra-la se devia ao fato de poder reparar algo terrível que lhe fez.

Respirou fundo.

Mesmo que a desejasse, sabia que o melhor seria manter distância, para que fatos piores não acontecessem.

Decidiu comer algo na pracinha, assim ficaria de olho na Villa Real, pois ela poderia mudar de ideia e não aceitar o encontro.

Enquanto bebia um suco, começou a fazer alguns rascunhos.

Comprara um caderno de desenhos e ela estava sendo bem útil naquele momento.

Estava distraı́da desenhando quando percebeu que Cláudia se afastava depois de se despedir da neta que permanecia ao lado de fora da loja de flores.          

Observava o número de pessoas que passavam por ali, sempre barulhentas, cumprimentavam a garota com delicadeza e algumas até paravam para uma conversa mais longa.

Viu a mulher de Ricardo entrar no veı́culo e logo se afastar. Desejou ir até ela, também havia coisas para resolver com a mãe de Otávio, porém naquele momento outra pessoa era o foco das suas atenções.

Mesmo que não quisesse admitir passara toda a manhã ansiosa para aquele momento. Estava disposta a esclarecer tudo o que se passou no dia do acidente, colocando a sua total disposição os melhores especialistas para que ela pudesse recuperara a visão. Entrara em contato com alguns e ao expor o fato, recebera respostas esperançosas.

Guardou o caderno e os lápis na bolsa, seguindo em direção à garota.

Parou diante dela, observando-a, mirando os olhos azuis.

-- Já podemos ir então?

Aimê não pareceu se assustar com a voz dela.

Sentira quando ela a observava, sentira aquele perfume delicioso que se depreendia do seu corpo.

-- Pensei que nos encontrarı́amos em frente à pousada e não aqui. – Disse um pouco impaciente. – Na verdade, acho melhor que falemos agora, tenho coisas para resolver.

Diana a mirava e parecia procurar pela doce Aimê que conhecera na selva, mas aquela ali só trazia agressividade.

Colocou as mãos nos bolsos dianteiros da calça, tentava manter o controle.

Ricardo deveria ter contado a história de forma terrível, decerto aumentara os fatos.

Aimê ouvia a respiração dela e as batidas do próprio coração.

Precisava se manter longe daquela mulher.

-- Bem, eu estava passando e te vi, não custava nada vir aqui. – Tomou-lhe a mão. – Gostou das flores? – Questionou com um sorriso.

A Villa Real pensou em protestar, mas sabia que havia pessoas por perto e não desejava chamar a atenção.

 Seguiu ao lado de Diana, mas a pintora lhe segurou a mão, ela tentou se livrar do contato, mas a Calligari segurava firme.

Caminharam em silêncio até o veı́culo.

Abriu a porta para a jovem.

-- Onde estamos indo? Por que não conversamos aqui mesmo?

A filha de Otávio estava parada enquanto a Calligari segurava a porta aberta de forma tranquila.

-- Aqui não é um bom lugar para conversarmos, então entre e relaxe.

-- Prefiro falar aqui!

Diana sussurrou em seu ouvido:

-- Você deseja falar aqui mesmo?

Aimê apenas entrou, sentando e não demorou muito para que Diana fizesse o mesmo.

O melhor era que a conversa acontecesse em um lugar onde não houvesse plateia, afinal, nunca tinham encontros amigáveis.

Diana se inclinou para afivelar o cinto da acompanhante e adorou o cheiro dela. Demorando-se mais do que o necessário.

Viu a cara de aborrecida da jovem e se afastou.

A Villa Real cruzou os braços na altura dos seios.

Seu coração batia acelerado...

Sentia o carro se movimentar e nada disse durante longos minutos, até que pareceu perder a paciência.

-- Como ousou usar uma criança para me convencer a conversar contigo? – Questionou-a. – Quero que fique claro que só aceitei o seu convite porque temi que cumprisse suas ameaças para com a pobre criatura.

Diana gargalhou.

Aimê ouviu o som rouco e teve aquele conhecido arrepio na nuca.

Não parecia que tinha passado um mês sem estar perto dela...

-- Aquela pobre criatura inventou aquela história para te convencer, pois ele nem mesmo roubara minha carteira, na verdade, eu estava andando pela feira e o encontrei ajudando sua mãe em um banco de verduras, perguntei se ele queria fazer uma aposta comigo e logo aceitou.

A Villa Real virou o rosto em direção a ela.

-- Que aposta? – Questionou indignada.

Diana seguiu por uma estrada transversal deserta e só depois respondeu.

-- Eu disse que duvidava que ele te convencesse a aceitar um encontro comigo!

A major tinha aquele sorriso de canto, enquanto a fitava rapidamente.

-- Não acredito que fui ludibriada!

A Calligari sabia como sua acompanhante estava irritada e por isso decidiu não provocá-la mais.

Continuou conduzindo o carro até sair da cidade, seguindo para um campo onde tinha árvores e era coberto de gramas verdejantes.

Estacionou o veı́culo.

-- Onde me trouxe?

-- Estamos na reserva, preferi conversar aqui, é tranquilo e não há nada para nos interromper. – Soltou o cinto de segurança. – Está com fome, comprei algumas coisas na padaria.

-- Não desejo nada, apenas quero que fale de uma vez por todas por que queria tanto falar comigo.

Diana assentiu, enquanto se sentava de lado, observando o perfil irritado.

Observou os seios redondos sob o tecido do vestido, a silhueta fina e as pernas que ela tentava inutilmente manter cobertas.

Voltou a encará-la.

-- O que seu avô andou falando para ti?

Aimê engoliu em seco.

Então ela desejava saber o que houve.

Respirou fundo!

-- Ele me disse apenas a verdade! – Virou-se para ela. – Se era apenas isso que gostaria de falar, acho que já disse... Podemos ir embora agora?

A Calligari fitou os olhos azuis.

Eles brilhavam como fogo e não estavam tão claros como de costume.

Observou-a virar o rosto para o lado inverso, sentia a tensão em seu corpo.

-- Qual verdade? Afinal, os Villa Real não sabem o que significa essa palavra. – Tomou-lhe delicadamente o queixo, desejando olhá-la. – Aimê – Chamou-a baixinho – As coisas não ocorreram assim, naquele dia...

-- Acusa meu avô de mentiroso? – Desvencilhou-se do toque de forma agressiva. – Não admitirei que fale dele! – Avisou-a.

A major mordiscou o lábio inferior demoradamente.

Fechou os olhos por alguns segundos.

Ouvia o canto dos pássaros e tentava manter a calma, mas nem respirar profundamente estava funcionando.

-- Você não tem que admitir nada, apenas me fale logo o que Ricardo disse! – Exigiu já irritada, voltando a fita-la. – Mas saiba que admito meu erro e estou disposta a consertá-lo.

Os olhos azuis ficaram maiores naquele momento e aquela constatação a deixou com mais raiva daquela mulher.

-- Admite então? – Indagou sem esconder a mágoa. – Você é uma descarada mesmo! Como pode consertar as barbaridades que fez? Meu pai já está morto! – Limpou uma lágrima solitária que descia por sua face. – Eu perdi minha mãe, só tinha ele e você o levou de mim...

Naquele momento a major percebia que algo estava errado.

-- O que Ricardo falou para ti? – Perguntou baixo. – Fale de uma vez!

Aimê respirou fundo.

-- Quer saber o que ele disse? – Esboçou um sorriso angustiado – Então, escute bem – Falou por entre os dentes -- ele me contou sobre sua falta de vergonha, sobre o fato de você ter seduzido meu pai, enquanto era noiva de outro, falou sobre você se envolver com pessoas ruins e como meu pai teve que te livrar de tudo até que no final você precisou ser punida... Ele deixou claro como o filho era apaixonado por ti e como você usou isso para... – Dizia sem fôlego. – Traiu seu noivo, seu pai, seu paı́s... Meu pai amava você... Ele fez tudo pensando que você também o amava...

Diana fechou as mãos com tanta força que teve a impressão que esmagaria os próprios ossos.

-- Cala a boca! – Diana ordenou baixo. – Cala a sua maldita boca antes que eu não responda por mim!

Seu rosto estava enrijecido.

Mais uma vez aquela história estava sendo contada!

Era como se tudo voltasse, como se o tempo não tivesse passado e ainda ouvisse essas acusações nos programas de televisão ou seu rosto estampado nas manchetes de jornais levando à lama o nome dos Calligaris.

Dia após dia vivera aquela flagelo, dia após dia fora açoitada por todos, mesmo quando era inocente, agora tudo se repetia.

-- Pediu pra eu falar e agora não aguenta ouvir a verdade! – Tentou sair do carro.

Diana a segurou pelo pulso, trazendo o rosto dela bem perto do seu.

-- Quero ir embora agora mesmo!

A pintora estreitou os olhos de forma ameaçadora.

-- Você não sabe o que é verdade – Era como se as palavras queimasse em sua garganta -- a sua maldita famı́lia vai passar a vida toda mentindo, deturpando e enganando, mesmo sabendo das consequências desse ato. – Apertou-a mais forte. – Não sabe o quanto eu odiei e ainda odeio a todos os Villas Real.

Aimê puxou a mão, mas não conseguiu se livrar do aperto, porém ao tentar de novo, livrou-se dela.

Procurou a maçaneta e quando conseguiu abrir a porta, deixou o veı́culo.

Desejava ir embora, sair de perto daquela mulher de uma vez...

Por que ela teve que aparecer na sua vida?

Agora que sabia de tudo o que aconteceu, tinha a impressão que seu mundo estava sendo destruı́do...

Aquela história vivia a se repetir em sua mente... Chegava a imaginar cada cena, chegava a pensar em como o pai fora apaixonado pela major e como parecia que essa maldição também acontecia consigo... Ao imaginá-los juntos sentia o estômago revirar em asco.

Limpou os olhos chorosos.

Sentiu o vento frio emaranhar seus cabelos.

Como iria embora daquele lugar?

Diana bateu forte na direção do veı́culo.

Sentia  o  sangue  correr  mais  rápido  em  suas  veias,  sentia  aquela  raiva  que  já  a  levara  a  lugares  terríveis,  aquele desejo de ferir da mesma forma que fora ferida retornava como uma avalanche.

Saiu do carro e foi em direção a Aı́mê, segurando os ombros para fazê-la virar para si.

-- Solte-me, não ficarei aqui ouvindo suas acusações! – A filha de Otávio tentou se livrar.

A Calligari a empurrou contra o veı́culo fortemente, mantendo-a cativa.

-- Solte-me, sua selvagem! – Esbravejava a Villa Real. – Solte-me... – Gritava.

A filha de Alexander não parecia se importar com a explosão da menina, segurando-a.

-- Chame-me do que quiser, mas só a soltarei quando ouvir o que tenho para dizer!

-- Não quero ouvir nada que venha da sua boca... – Tentou se livrar novamente, mas Diana usou o corpo para subjugá-la.

Precisou colocar a perna direito entre as dela, para lhe retardar os movimentos.

-- Deixa eu te contar uma historinha, mimadinha...

-- Não desejo ouvir nada que venha de você!

A Calligari usou as costas da mão para lhe acariciar a face.

-- O seu querido paizinho era um doente, um louco que ficara obcecado por mim quando eu era apenas uma adolescente! – Encarava-a. – Um bandido que se juntara com os maiores traficantes da Colômbia!

Viu as lágrimas dançarem em seus olhos.

Observou os lábios entreabertos.

-- Mentira! – Aimê gritou, tentando se livrar da carı́cia no rosto. – Mentirosa!

Um sorriso cruel se desenhou nos lábios da morena.

-- O herói Otávio – Aumentou o tom de voz -- não aceitou minhas negativas, ele me queria... Perseguia-me, buscava todas as formas de me ter em sua miserável vida, o seu herói era um traficante de mulheres e de drogas...

-- Mentira! Mentira! – Repetia baixinho. – Você é uma mentirosa... Como ousa sujar a memória do meu pai?

Diana a apertou mais forte, ignorava totalmente o desespero que Aimê demonstrava com suas lágrimas.

 

 

-- Você ouviu que fui expulsa da tribo, mas não sabe que da última vez foi porque seu pai esteve lá e matou um monte de ı́ndios só porque eu me neguei a casar com ele... Por isso me obrigaram a casar contigo, essa fora a forma que me redimir pela vida daquelas pessoas... Casar-me com a filha do desgraçado que cruelmente levou a morte àquele povo.

Os olhos azuis choravam copiosamente.

Diana não desejara que chegassem aquele ponto, mas ao ouvir as mentiras de Ricardo não aguentara.

Abraçou-a, mesmo quando a Villa Real lutava para se livrar dos braços que a prendiam.

-- Deixe-me! Você é uma mulher sem moral... Uma desavergonhada... Uma mentirosa... Eu te odeio tanto...

-- Então me odiará mais agora...

Diana a encarou, tomando-lhe os lábios grosseiramente, punindo-a com sua boca, tomando-a com urgência, mesmo quando sentia as unhas cravarem em seus ombros, continuou com a carı́cia.

Ouvia o ruı́do de protestos, mesmo assim continuava tocando-a.

Abraçou-a pela cintura, unindo-se mais a ela.

A garota cerrou os dentes para impedi-la, mas para seu desespero seus lábios começaram a se mover furiosamente, desejando tê-la, adorando senti-la, mesmo com toda raiva que estava a se apossar de si naquele momento.

Beijou-a com raiva...Mas beijou-a mesmo assim...

A Calligari a girou, ficando encostada ao automóvel, enquanto prendia Aimê nos seus braços.

Segurou-a pelo bumbum, puxando-a mais, como se assim pudessem se fundir.

Desejava senti-la mais e mais... Queria que aquelas roupas não existisse naquele momento.

Desde aquele dia na fazenda, a major vivia com as lembranças de um desejo não saciado, louca para sentir aquele turbilhão de emoções, louca para matar sua fome.

Ouviu o gemido de Aimê contra seus lábios e adorou quando ela lhe tomou a lı́ngua...

Sugou-a como se quisesse devorá-la.

Sentiu-se tão excitada quando a garota começou a chupar que temeu não se controlar por muito tempo.

Tocou o colo sobre o vestido e enlouqueceu ao perceber que não havia sutiã, apenas o tecido separando-a daquela pele sedosa.

Usou os polegares para tocá-los e ao percebê-los desejosos de mais, baixou as alças finas do traje, enlouquecendo quando o primeiro contato.

Apertou-os, amassando-os...

Mais uma vez ouviu o gemido dela...

Desejou se despir e sentir os corpos nus esfregando-se ...

Incitou os biquinhos...

A boca abandonou os lábios e se aventurava pelo pescoço esguio...

– Entregue-se pra mim... – Começou a tocar as coxas por baixo do vestido até chegar à calcinha. – ou vou acabar enlouquecendo...

Soltou-a por alguns segundos, enquanto abria a calça que usava e a baixava um pouco nos quadris.

-- Veja como estou? – Tomou-lhe a mão, levando até o interior da calcinha. – Sinta como te desejo... Como te quero... Como preciso concretizar esse ato para poder continuar a minha miserável vida.

A Villa Real percebeu-a molhada e sentiu as pernas bambas diante dessa comprovação.

Diana via os olhos azuis olhando seu rosto...

A face bonita estava corada...

A herdeira de Ricardo, inicialmente, manteve os dedos estáticos, porém uma força maior parecia dominá-la naquele momento.

Deixou que a ı́ndia a beijasse novamente... Enquanto se atrevia mais no carinho.

Não sabia o que fazer, mas se recordava muito bem de como ela fizera em si...

Usou o indicador, massageando lentamente...

Sentia um frenesi passar por sua espinha...

Jamais imaginou que tocar uma mulher fosse algo tão extasiante... E ela não era qualquer uma...

Deus, era ela...

Tentou fazer tudo com delicadeza, controlando a ansiedade... Mas era tão delicioso senti-la daquele jeito que ousou mais.

Diana afastou mais as pernas, incentivando-a a aprofundar o toque... Esfregou-se aos dedos...

Uniu sua mão a dela, fê-la aumentar o ritmo... Desejava senti-la dentro de si... Desejou que aqueles lábios bonitos provasse seu sabor...

Beijou-a mais...

Aimê tinha a impressão que o corpo estava em brasas, mas de repente as palavras do avô voltaram a soar na sua mente, então se soltou, cambaleante se afastou.

-- Não! – Dizia tentando recuperar o fôlego. – Não ouse me tocar novamente, não cairei no seu jogo como o meu pai!

Deus, não me deixe ceder a essa vontade! – rezava sem silêncio.

Diana tinha a respiração acelerada...

Seu corpo estava trêmulo... Seu sexo doı́a pela vontade de concretizar o desejo intenso que sentia.

Manteve-se encostada ao veı́culo, enquanto levantava a calça e a fechava.

Ainda pensou em ir até ela e tomá-la de novo, mas tentou manter a cabeça sobre controle.

Não sabia ainda o que era aquilo que acontecia quando se aproximava da neta de Ricardo...

Sentiu gotas lhe molhando e só naquele momento percebeu como o tempo tinha mudado... Antes o sol brilhava, mas agora nuvens carregadas cobriam todo o abobado.

Fitou Aimê e percebeu que ela não parecia se importar com a chuva que já se mostrava mais forte.

Aproximou-se dela, tentou lhe segurar a mão, mas foi repelida com violência.

-- Acha que vai fazer como fez com meu pai? – Acusou-a, enquanto limpava a boca. – Acha que sou ele para você seduzir e manipular? – Deu mais alguns passos para trás. – Enoja-me seu toque... Embrulha meu estômago suas carı́cias...

A Calligari cobriu o rosto com as mãos, depois um riso cheio de sarcasmo pôde ser ouvido.

-- O seu papaizinho jamais teve o gosto de me ter, mesmo diante de tudo o que fez, jamais pôde me tocar... Ele deve tá queimando no inferno ao saber que a filhinha dele me deseja e que eu a desejo mais ainda... Pior... Até que já a fiz gozar e é questão de tempo para ela dar totalmente seu corpo para mim.

Aimê seguiu em direção da morena, mas Diana a segurou pela cintura, detendo-a pelas costas.

A tempestade já havia ensopado suas roupas.

-- Eu te odeio... Te odeio! – Gritava, tentando arranhá-la. – Fora a culpada pela morte do meu pai, culpada pela desgraça que se abateu a minha famı́lia.

A major abriu a porta do carro, colocando-a lá dentro, travando para que ela não saı́sse, depois entrou e se acomodou no banco do motorista.

-- Deixe-me!

Diana ligou o carro e deu partida.

-- Não me dê ideias, porque você não imagina como estou com vontade de te deixar nesse lugar deserto, quem sabe um raio não coloca juı́zo nessa sua cabeça...

Aimê sabia que ela era bem capaz de fazer isso.

-- Porém dessa vez você tem sorte, porque eu vou te deixar na sua casa e vou querer ouvir da boca do seu avô as mentiras que ele andou contando pra você.

-- Não vou a lugar nenhum contigo! – Tentou abrir a porta, mas Diana a deteve. – Deixe-me sair!

 

A Calligari dirigia com uma única mão e teve que parar o carro no acostamento.

Usou o outro braço, trazendo-a para seu colo. Sentando-a de lado.

Deteve-lhe os movimentos, sabendo que ela desejava feri-la fisicamente em seu total descontrole.

-- Solte-me! – Pediu. – Deixe-me em paz, Diana!

-- Sim... – Sussurrou em seu ouvido – Te deixarei em paz...Mas antes eu quero que o seu avozinho diga na minha cara as mentiras que contou pra ti.

-- Deus, por que você simplesmente não nos deixa em paz? – Disse entre lágrimas. – Você mesma admitiu o que tinha feito e agora o acusa de mentiroso...

A major encostou o rosto nos cabelos dela, inalando o aroma floral e delicado.

Abraçou-a pela cintura.

-- Eu preciso que acredite em mim, eu preciso que perceba que você está sendo enganada, estão mentindo novamente...

Aimê soluçou baixinho.

-- Por que fez isso com meu pai... – Dizia entra lágrimas. – Por que está fazendo isso comigo...

Diana cerrou os dentes, enquanto fazia a garota sentar no banco do passageiro.

Era inútil tudo o que falasse...

Infelizmente ela não acreditaria...

Por que o fato de Aimê não acreditar em si era tão doloroso?

Massageou as têmporas... A cabeça doı́a muito...

Voltou a ligar o carro e saiu em disparada, sem se importar com a chuva que caia.

Estava com muita raiva, muito irritada por mais uma vez está sendo condenada por uma coisa que não fez.

Até quando teria que enfrentar aquelas injustiças?

Não foi difı́cil chegar ao prédio, mesmo que a sua acompanhante permanecesse em silêncio durante todo o percurso, pedira a informação e logo estacionava em frente ao residencial.

Desceu do carro e quando abriu a porta para Aimê e foi lhe segurar a mão, a jovem a repeliu.

A Calligari respirou fundo para não perder a paciência.

-- Você tem a chave ou eu devo me anunciar?

A garota permaneceu calada.

Diana seguiu até o interfone e falou com o porteiro.

O homem pareceu desconfiado, mas ao ver que a major estava com Aimê, abriu o portão rapidamente, pois a chuva ainda caia.

A filha de Alexander tomou novamente a mão da menina, seguindo pela escadaria e sentindo a ansiedade tomar conta de si.

Logo enfrentaria o maldito Ricardo e daquela vez não estaria disposta a aceitar suas mentiras.

Pararam diante do apartamento.

-- Deixe a minha famı́lia em paz, Diana, por favor, vá embora! – Aimê pediu mais uma vez.

A Calligari a encarou.

Estava toda molhada, o cabelo colado à cabeça, os olhos avermelhados...

Sabia que as coisas não tinham como ser diferentes... Sabia disso muito bem e não poderia dar um passo para trás naquele momento.

Ignorando-a, apertou a campainha.

 

 

 

Ricardo estava sentado na poltrona.

Pensava na ligação que recebeu e de alguma forma acabou se tranquilizando, pensando que aquelas ameaças eram vazias e que aqueles homens só estavam irritados por Diana ter salvado sua neta.

Sabia como eles odiavam a filha de Alexander.

Quando Cláudia chegou e contou sobre a visita de Alex, percebeu que havia uma saı́da.

Se Aimê casasse com o filho do prefeito, ela estaria segura!

Ouviu a campainha e foi atender.

Ao abrir a porta se deparou com o olhar acusador da Calligari.

Diana empurrou a garota nos braços do avô, enquanto adentrava o espaço e permanecia no centro da sala.

-- O que significa isso? Quem pensa que é para vir até aqui? – Ricardo questionou furioso.

A morena observava tudo com desdém.

-- Então é aqui que você se esconde! – Arqueou a sobrancelha em sarcasmo. – Realmente gastou tudo o que tinha para que o nome do seu filhinho não fosse parar na lama.

-- Saia daqui! – O general ordenou.

Cláudia estava na cozinha e ouviu as vozes alteradas.

Ficou pasma ao ver a neta toda molhada e Diana em sua casa.

-- Leve, Aimê, para o quarto! – O general ordenou a esposa.

Diana sentou confortavelmente na poltrona, cruzando as pernas.

-- Ela não vai a lugar nenhum! – Disse por entre os dentes. – Ela fica!

Cláudia encarou a Calligari, percebendo que o desprezo que trazia era bem maior do que o que ela demonstrara no dia que lhe pediram ajuda.

Não concordava com as mentiras do marido, mas também não tinha coragem para dizer a verdade.

Foi até a cozinha, pegou uma toalha e voltou rapidamente, cobriu a neta, abraçando-a.

-- O que se passou, filha? – Perguntou à jovem.

Aimê permaneceu calada, até sua voz sair com dificuldade.

-- Eu estou bem...

A pintora relanceou os olhos em tédio.

-- Que tocante! – Diana disse cheia de sarcasmo, enquanto levantava. – Agora, eu quero que você repita na minha frente o que disseram para essa garota estúpida. —Fitou o homem. – Sua netinha é uma idiota das maiores...

Ricardo caminhou até a porta, abrindo-a.

-- Saia daqui antes que eu chame a polı́cia, respeite a minha famı́lia!

-- E vai me manter presa como fez quando me acusaram de traição? – Exibiu um sorriso irônico. – Vai me deixar quantos dias presa naquelas celas imundas?

Aimê ouvia tudo quieta, mantinha a cabeça levantada.

-- Então você contou a história do homem apaixonado... – A major chegou até onde estava a jovem que mexia com sua cabeça e seu coração. – O seu filho era uma doente, um psicopata, um perigo a todos, mas vocês – Apontou para Cláudia e para Ricardo – Preferiram colocar panos quentes em tudo... Recorde-me de quanto fui até os dois e falei sobre os assédios, eu tinha quinze anos quando tudo se iniciou... – Um sorriso sarcástico brincou no seu rosto – Disseram para que eu não contasse ao meu pai, disseram que o Otavinho só estava brincando... – Gargalhou... – Você estava lá, Ricardo, você chegou lá quando aquele doente tinha acabado de atirar no meu noivo e foi você que o impediu de me estuprar sobre o corpo desfalecido do Eduardo... Mas o filhinho de vocês estava apenas apaixonado por mim... Que fofo! – Bateu palmas. – Otávio é um herói!

Os olhos de Aimê ficaram ainda maiores...

Chocados...

Desvencilhou-se de Cláudia.

-- Isso é verdade, vovô?

O general pareceu desconsertado diante da indagação da neta, mas não respondeu.

-- Eu não ficarei aqui ouvindo suas barbaridades... Saia da minha casa! – O general exigia.

-- Eu sairei quando você responder a sua neta!

Cláudia olhou para o marido e imaginou se ele teria coragem de admitir todos os crimes que o filho cometeu.

Ricardo levantou a cabeça de forma orgulhosa, mesmo que seu corpo já estivesse encurvado pelos anos.

 -- Claro que é mentira dela, Aimê... Diana é uma desgraçada que seduziu seu pai... E já que ela fala tanto em verdades, saiba que é por culpa dela que você está cega!

 

 

A Calligari sabia que ele não diria a verdade e tinha certeza que ele era tão covarde que jogaria aquela história.

Aquela era uma famı́lia de covardes, disso não tinha dúvida.

Sua atenção se voltou para a garota.

-- Do que o senhor está falando, vovô? – Indagou perplexa.

-- Essa mulher que acusa seu pai com tanta paixão estava presente no dia que você sofreu o acidente... – Tomou a neta pelo braço, aproximando-a da morena. – Essa mulher que age como se fosse uma vı́tima estava lá naquele dia e ficou horas olhando o carro virado e em nenhum momento chamou ajuda... Se ela tivesse ligado para o resgate, você não teria sofrido tanto nessa vida.

O rosto da Calligari era uma máscara fria e inflexível.

O maxilar enrijecido, os olhos negros estreitados...

Ela não demonstrava nenhum sentimento, mesmo ao fitar os olhos tão azuis que a miravam cheios de dores e acusações.

-- Você ainda vai pagar caro por isso, Ricardo... Na verdade, não só você... Todos vocês vão pagar caro, mesmo você Aimê... Mesmo você...

De cabeça erguida, a pintora deixou o apartamento.

A jovem Villa Real ouvia os passos se afastando e o barulho da porta sendo fechada.

Como um ser humano poderia ser tão mau como aquela mulher?

Sabia o que seu coração sentia, mesmo que quisesse negar, sabia que estava apaixonada por ela, porém jamais se renderia a esse sentimento, faria tudo para poder arrancar aquele amor de dentro do seu peito, pois se existia alguém que não o merecia, esse alguém com certeza era Diana Calligari.

De repente seus pensamentos foram interrompidos ao sentir Ricardo se apoiar em seu corpo, apertando-lhe forte o braço e não demorou muito para que ele fosse ao chão.


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