A tutora -- Capítulo 24

Uma semana antes...
-- Onde você está me levando. – Alice tentou tirar a venda dos olhos.
-- Não, mocinha. – A tutora riu.
Amanda se sentia muito feliz. Finalmente dará vazão aos sentimentos, não precisava ficar escondendo ou tentando enganar a si mesma. Quantas vezes o fizera? Mas a partir daquele dia, deixaria seu orgulho em segundo plano, queria viver aquele amor intensamente.
Quando estavam paradas em frente a surpresa, a esposa tirou-lhe a venda.
Diante dos olhos da jovem, um imenso iate de três andares se personificava em sua frente. Todo branco, com alguns detalhes em azul e verde, mas o que mais lhe chamou a atenção e lhe encheu os olhos de lágrimas fora o nome grande que estava escrito nele: Tinha que acontecer.
Sua mente viajou, essa era a tradução do presente que ganhara de aniversário da esposa há algum tempo.
Colocou a mão no bolso do short e tirou de lá a flor Alisso. Entregou a esposa.
-- Achei que não o tivesse mais. – Amanda falou emocionada. Observou a joia delicada em suas mãos.
-- Jamais ganhei algo tão lindo de alguém. – Tocou o rosto da esposa. – Sem falar que esse alguém é a mulher que eu nasci para amar.
Virou de costas para que a tutora pudesse lhe colocar o cordão. Sentiu o beijo delicado, sobre o pescoço.
Estavam com os cabelos presos num rabo de cavalo, isso facilitaria o acesso da
amada.

-- Eu te amo, minha linda.


Dois homens uniformizado aparecera.
Quando a arquiteta os viu, terminou a tarefa que estava fazendo e falou com ambos.
-- Tudo está pronto, Senhorita Dervelux.
-- Senhora! – Alice pisou divertida.
Ambas subiram a bordo do magnífico desbravador dos mares.
A felicidade estava presente o tempo todo. Parecia que finalmente Amanda Dervelux fizera as pazes com o universo.
As jovens se trocaram rapidamente, a pupila parecia uma criança. Queria ver o mar, sentir aquela imensidão circundando-a.
Amanda precisou dar umas ordens aos funcionários, precisava que tudo estivesse pronto para não ter que ser interrompida.
Quando chegou ao terceiro andar, ficou paralisada com a deusa que virada de costas, observava o movimento das águas.
Precisava acalmar sua libido, mas a esposa estava muito linda naquele biquíni
branco.
Precisou respirar fundo, depois riu de seu próprio ato. Se continuasse tendo aqueles
pensamentos pecaminosos, poderia assustar a jovem pupila. Precisava mostrar que não havia só desejo em si, mas quando o desejo e o amor eram cada vez mais fortes? Seria possível resistir a essa combinação?
Alice sentiu um corpo colar ao seu, não precisava nem se virar para ver de quem se tratava. Cada parte de si reagia àquela proximidade.
-- E então? Não está enjoada, nem nada disso. – Abraçou a amada. Alice sentiu os pelos eriçarem.
-- Não, meu amor. Saiba que sou quase um pirata. – Gracejou. O som rouco e sensual da risada de Amanda a animou.
Não havia nada mais gostoso do que aquele som, riu por dentro, os gemidos da mulher também era uma delícia de se ouvir.
-- Hum... E essa pirata é boazinha ou má? A pupila virou para a esposa.
-- Depende de muitos fatores. –Passou os dedos atrevidos pela parte de cima do traje de banho da tutora. – Mas, você sabe.
Afastou um pouco o biquíni e beijou o biquinho daqueles seios lindos.
Amanda fechou os olhos. Alice não estava colaborando muito com suas boas
intenções.
A jovem encarou aqueles lindos olhos e sorriu travessa.
-- Que gostoso!

A arquiteta afastou-se, corada.
A jovem pupila a desconsertava com aquela ousadia e sensualidade.


Dias atuais...
As lágrimas de Alice corriam soltas.
Estava sentada no chão com o corpo da amada nos braços. Ouvia os gritos de Lara pedindo por uma ambulância, por ajuda.
Ela não conseguia se mexer, apenas observava aquele rosto lindo perder a cor, os olhos, que lhe faziam lembrar a imensidão do céu, mostrava apenas dor.
-- Por favor, aguenta. – Implorava.
Tirou a própria blusa e pressionou contra a ferida que jorrava sangue.
-- Daqui a pouco tudo vai ficar bem.
Amanda tentava falar, mas não tinha forças para aquilo. Pouco a pouco seus olhos pareciam perder a visão. A imagem das lágrimas de Alice parecia desfocar-se.
-- Des...desculpa. – Conseguiu pronunciar.
-- Por favor, meu amor, não se esforce.


Lara sentiu o próprio choro e desespero dominá-la.
Nunca fora uma mulher de rezar, nem sabia se acreditava em algo. Mas naquele momento desejava do fundo do seu coração poder pedir que as forças do universo operassem um milagre.
Ver a mulher forte pouco a pouco perder a vida era algo difícil, Amanda merecia uma chance de ser feliz verdadeiramente.
Lembrou da sua enorme coragem ao jogar-se em frente aquela bala que fora direcionada a ela.
Ela não salvara Alice, ela salvara a loira.
Fechou os olhos e recordou do momento que Jhon mirou. Ele não apontara a arma para a pupila que estava atrás de si, ele mirara em sua pessoa.
Naquele momento não sabia se tinha sido instinto ou se a tutora a salvara realmente, porém o que passava por sua cabeça era que ela quem deveria estar agonizando naquele momento, não Amanda Dervelux.


Alice passou as mãos pela testa da Amada. Ela transpirava muito.

Ricardo entrou no quarto e viu sua arrogante menina nos braços da esposa. O socorro estava a caminho, mas temia que fosse tarde demais.

A garotinha de olhos azuis que vira nascer, que acompanhara seus passos, que sempre estava aprontando algo e fazendo todo rirem, ou aquela adolescente que tivera o coração partido e se transformara numa mulher déspota e fria, era aquele ser que respirava com dificuldade e se agarrava a vida.
Aproximou-se.
-- Tudo vai ficar bem. – Beijou-lhe a face.
Amanda conseguiu ver a imagem do seu fiel escudeiro. Sentiu o carinho e desejou ter forças para agradecer-lhe por tudo.
Depois da morte dos pais, ele e Maria estiveram sempre ao seu lado, mesmo nos seus excessos de raiva, no seu jeito rude de tratá-los. Nunca a abandonara.
Conseguiu distinguir a imagem de Lara. Ela parecia triste.
Fora aquela mulher que um dia pensara que amava, que destruíra seus sonhos, mas também fora graças aquela mulher que sua vida tinha sido direcionada para seu verdadeiro amor. Não sabia quanto tempo ainda teria, mas não se arrependia do que tinha feito. Não conseguiria viver em paz, sabendo que não fizera nada para salvar a mulher que um dia fora sua vida.
Alice ouviu a sirene do resgate e naquele momento viu os olhos da amada fechando-se.


Voa minha ave Voa sem parar
Viaja pra longe
Te encontrarei em algum lugar Permaneço em te
Como sempre foi
Mais perfeito e mais fiel Mesmo sozinho eu sei Que estas perto de mim Quando triste olho pro céu

Quando eu te vi
O sonho aconteceu Quando eu te vi
Meu mundo amanheceu Mas voce partiu sem mim
E sei que estas em algum jardim Entre as flores



Anjo meu tão amado anjo Bem sei que estas
E eu dobrando sono Ei de acordar
Para teus olhos ver uma vez


Mas. o verdadeiro amor espera
Uma vez mais


Quando eu te vi
O sonho aconteceu Quando eu te vi
Meu mundo amanheceu Quando eu te vi
O sonho aconteceu Quando eu te vi
Meu mundo amanheceu Mas voce partiu sem mim
Eu sei estas em algum jardim Entre as flores

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