A tutora -- Capítulo 22
Amanda discou incessantemente o número da esposa, já estava entrando em estado de desespero por não obter respostas.
Teria a jovem fugido novamente? Não! Não! Não!
Não havia nenhum motivo para isso. Tudo estava perfeito entre elas.
Depois de tanto tempo em guerra, poderia dizer honestamente que estavam sendo felizes. Havia um amor indescritível entre elas, então por todos esses motivos pensar numa possível fuga estava fora de cogitação.
Desesperada, ligou para Ricardo. Precisava que alguém a orientasse ou acabaria enlouquecendo.
Lara esperava Jonh, ele tinha saı́do para comprar comida.
Estavam usando uma cabana de caça bem afastada da cidade. Seria muito difı́cil alguém pensar em procura-los num lugar como aquele, seria quase inviável. Porém, não estavam lidando com qualquer pessoa, estavam tratando com uma das mulheres mais poderosa e imprevisível do paı́s.
Chegava a sentir calafrios só em pensar em ser mais uma vez o alvo daquela fúria. Ninguém melhor que ela sabia como Amanda Dervelux era perigosa. Sentira na pele durante muitos anos aquele ódio. Aquele rosto bonito escondia um coração irascível, ela era sempre impassível. Mudara muito durantes esses anos. De uma sonhadora adolescente, para uma arrogante e sensual mulher.
Quem dos mortais seriam capazes de resistir a tanta beleza? Até mesmo a inocente Alice caíra na teia de sedução da arquiteta.
O que não parecia estar claro era se realmente havia amor por parte da tutora. Quanto a pupila, tinha certeza que a jovem estava totalmente apaixonada.
Alice?
O que poderia pensar daquele ser que parecia um anjo?
Sua personalidade doce era algo raro em meio aquele mundo cheio de seres egoístas e ambiciosos.
Quando a viu pela primeira vez, sentira uma enorme ternura e não tinha como negar que também se sentira atraı́da por aquela áurea de amor contagiante. Pena o coração da jovem já ter sido ocupado por outra. Mas mesmo, assim, já estava envolvida demais com os planos do Jonh. Também tinha certeza que o rapaz não parecia disposto a repartir a garota.
-- Trouxe comida. – Jogou as bolsas sobre a mesa.
Lara assustou-se com a chegada do cúmplice.
-- E quando vais entrar em contato com Amanda?
O jovem riu. Ele não parecia estar em seu estado normal.
-- Quando tudo estiver pronto. Ainda tem uns ajustes para ser feito.
-- Mas você que assim que estivesse com a jovem pediria o dinheiro.
-- Pedirei. – Comeu um pedaço de pão. – Mas não deixarei que nenhuma das duas saiam vivas dessa história. – Pegou a pequena pistola. – As duas vão me pagar caro por terem me feito de besta.
-- Mas isso não estava nos planos.—Protestou horrorizada.
Jonh a segurou fortemente pelo braço.
-- Você acha que vou deixar essas duas serem felizes? Me fizeram de bobo durante todo o tempo e agora vou dar- lhes uma lição.
-- Mas, e Alice?
-- Ela nunca significou nada para mim. Contava os dias para livrar-me dela. Quanto a tutora? Essa daı́ vai sentir muita dor antes que eu dê o fim em sua vida miserável.
Alice sentia uma terrível dor de cabeça. Continuava presa a cama. Sentia muita sede. Tentou soltar-se das amarras que a prendiam na cama.
Observou o ambiente.
Era uma cabana de madeira. Naquele minúsculo quarto não havia janelas. Estava tudo muito sujo, com teias de aranha, pedaços de madeira jogados por toda parte. Um lugar abandonado! Ouvira alguns sons que a fizeram deduzir que deveriam estar em algum lugar em meio a natureza. Como seria encontrada num lugar daqueles?
Pensou na esposa. Com certeza, ela já tinha percebido seu sumiço. O que estaria pensando? Imaginaria que fora vı́tima de sua própria ingenuidade?
Como fora burra!
Quantas vezes enfrentara Amanda para defender o ex-namorado? Nunca chegara a imaginar que ele fosse um perfeito canalha em busca do seu dinheiro.
Lara fora mais um engano na sua vida, chegara a sentir pena da mulher. Cogitara até interceder por ela junto a arquiteta, mas agora entendia as reservas da esposa.
-- Alice!
A voz da loira invadiu o pequeno ambiente.
-- Não consigo acreditar que você esteja participando disso. – Falou decepcionada. – Confiei em ti.
-- Trouxe algo para comer. – Tirou algumas coisas da bolsa.
-- Não quero nada! – Gritou.
-- Precisa se alimentar ou ficará doente.
-- Já estou doente. – Encarou-a. – Doente de raiva por ter sido a maior idiota do mundo. Eu deveria ganhar um óscar da ingenuidade.
Lara baixou os olhos.
Não tinha coragem de encarar aquelas duas esmeraldas. Doía-lhe ver tanta raiva, onde antes só verá amor.
-- Por favor. – Pediu.
-- Pode levar sua comida, não quero nada que venha de vocês.
-- Deixe-a morrer de fome. – Jonh entrou no quarto. A pupila o olhou.
-- Você não vale nada! É um nada, não tem como se comparar a Amanda.
O rapaz a esbofeteou tão forte que um fio de sangue podia ser visto no canto da boca da jovem.
-- Chega! – Lara o segurou. – Deixe-a, vamos comer.
Ele sorriu mais uma vez e assentiu.
Amanda parecia uma fera encurralada. Caminhava de um lado para outro no escritório.
-- Você precisa se acalmar. – O advogado pediu.
Estavam esperando a chegada do chefe de polı́cia. O renome poderoso da arquiteta lhe dava muita influência.
-- Que horas ele vai chegar? Não entende que isso precisa ser tratado urgentemente.
-- Já temos homens trabalhando nisso. Não esqueça que a equipe dos melhores detetives já estão no caso.
-- Não me importo. Se for possível, colocarei toda força nacional em busca da minha esposa.
Realmente, havia muitos homens envolvidos na investigação. Em poucas horas, a arquiteta tinha reunido um grupo grande em busca de Alice.
-- Te disse para não tirar os olhos daquele desgraçado. – Gritou. – Tenho certeza que ele está por trás disso. Mas saiba que vou mata-lo, vou mata-lo como minhas próprias mãos se ele encostar um dedo na minha mulher.
-- O pai dele já está encurralado, se realmente tiverem algo a ver com isso, vamos descobrir.
A arquiteta ouviu o bip do celular. Tinha chegado mensagem
“ Se você deseja encontrar sua querida esposa com vida, tire toda a polı́cia do caso.” “ Quero dez bilhões de dólares e devolvo sua joia preciosa. ”
“ Entrarei em contato em breve. Estou bem informado dos seus passos, qualquer coisa que me desagrade, estouro a linda cabecinha da sua querida Alice.”
Amanda sentiu os olhos encherem de lágrimas.
Se sentia impotente diante daquela situação. Só em pensar no que a esposa poderia estar passando naquele momento lhe apertava o peito.
Não importava qual sacrifı́cio teria que fazer, estava disposta a tudo para salvar sua pupila. Daria a própria vida para salvá-la.
Deixou Ricardo sozinho e subiu as escadas correndo. Foi para o quarto. Lá, abriu um pequeno cofre. Retirou algo que estava enrolado num lenço. Uma arma!
Fora do seu pai. Guardava consigo. Sabia atirar, aprendera quando estava na faculdade. Nunca a tinha usado, mas estava com um pressentimento que precisaria brevemente da sua utilidade.
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