A déspota -- Capítulo 6
Naquela noite,
Eva não conseguiu mais conciliar o sono. Sempre que fechava os olhos, imagens
de uma certa tirana lhe tirava o sossego. Ainda sentia o sabor de vinho na
própria boca. Aquilo só podia ser alguma espécie de filme de terror. Como
podia sentir desejo por uma mulher? Pior, por aquela fêmea que só fazia lhe
humilhar e lhe machucar? Não! Aquilo só
podia ser efeito do seu estado de isolamento naquele lugar, assim que
retornasse para a cidade, para sua vida, tudo aquilo passaria e era isso que
faria assim que estivesse bem. Recorreria ao pai, decerto ele ficaria chocado
quando soubesse o que lhe sucedera.
Suspirou!
Não sabia se
fugir por aquela mata seria ainda uma boa ideia. Como a irritante juı́za
falara, deveria haver cobras e ser picada por uma não estava em seus planos.
Esperaria
ansiosa para o momento que jogaria na cara de Andrello que sua cúmplice naquela
história toda não passava de uma mulher sem respeito que ousara lhe beijar.
Limpou a boca
com as costas da mão, fazendo-o com vigor, desejando arrancar a própria pele,
pois se sentia maculada.
Mirou a mulher
deitada de bruços, deveria matá-la, aproveitar que dormia para se livrar de uma
vez daquele terrível ser que Deus por engano colocou no mundo.
Fitou a
escuridão do quarto e pela janela aberta via o céu escuro, talvez ainda
chovesse.
Puxou toda a
coberta, deixando a outra sem o escudo contra a noite fria.
Maria Fernanda
despertou com uma terrível dor de cabeça. Fruto da bebedeira da noite passada,
precisava parar com aquele costume de se embriagar. Fazia tempo que não se
entregava ao álcool, porém alguma coisa naquele dia a abalara demais e
precisara buscar abrigo no subconsciente.
Virou de lado e
viu a prisioneira dormindo tranquilamente.
Fechou
os olhos e depois os abriu mais uma vez, talvez pensasse estar mergulhada em um
pesadelo, mas tudo era muito real.
Pela primeira
vez se deixou apreciar a bela mulher que era a filha do milionário Belluti. A
boca era tão convidativa, rosada, parecia um coração. A tez perfeita e
aristocrática, lembrou dos olhos felinos e pretos que estavam sempre exibindo
um quê de desafio.
Baixou a vista e
viu que o roupão estava entreaberto, deixando a mostra à curva dos lindos
seios. Delicadamente, afastou ainda mais a vestimenta e continuou admirando os
montes redondos como laranjas.
Umedeceu os
lábios demoradamente, sentia-os secos... Ansiosos.
Estendeu a mão
para tocar na pele sedosa, mas acabou parando o ato.
Desde quando se
sentia tão fisicamente controlada pelos desejos dos corpos?
Agoniada, levantou-se
assustada pelos inúmeros pensamentos que descontrolavam sua libido.
Naquele dia, a
juı́za voltou ao trabalho, mas antes conseguira alguém para cuidar da casa e
preparar as refeições. Contratara uma jovem que morava num sı́tio vizinho. Na
verdade, o delegado se responsabilizara por aquela parte.
Estava em sua sala, quando a secretária avisou
que um empresário Belluti estava no telefone. O que ele queria agora?
Atendeu.
-- Bom dia,
senhor!
Antes de ir
direto ao assunto, teve que ouvir o galanteio do homem. Engraçado, preferia a
filha dele falando aquela lı́ngua, era muito mais excitante.
Eva estava no
quarto, quando despertara não encontrara a tirana ao seu lado. Melhor,
preferiria não a ver tão cedo. Estava muito confusa com as sensações que
invadiram seu corpo no dia anterior. Sem contar no seu ódio que parecia apenas
crescer a cada segundo que passava.
Ouviu batidas na
porta.
Quem poderia ser?
Ainda tentava
adivinhar, quando uma linda loira entrou.
-- Olá,
senhorita, a juı́za me contratou para cuidar da casa. – Adiantou-se. – Me chamo
Catrina. – Estendeu a mão.
Beatrice mirou aquele rosto angelical.
Os cabelos eram
ondulados, era alta e tinha lindos olhos verdes, sem falar no corpo sexy.
-- O prazer é
todo meu. – Aceitou ao cumprimento, sorrindo.
-- Essa casa
está uma bagunça, mas prometo deixar isso aqui mais habitável. – Piscou
divertida.
A cigana não
sabia o motivo, mas gostara bastante daquela garota que agora seria uma
espécie de companhia enquanto estivesse naquele fim de mundo.
-- Você mora aqui perto?
-- Sim! Uns
vinte minutos daqui, na estrada. Aqui é um pouco afastado de tudo, nem sei
como uma mulher tão poderosa preferiu ficar aqui, de que na bela casa que fora
disponibilizada para ela na cidade.
Eva arrumou o
roupão, depois mexeu o pé para ver se não sentia tanta dor se sentiu aliviada
ao perceber que parecia bem melhor.
-- E por que ela
não mora lá? – Sentou, mostrando curiosidade.
-- Deve ser pelo
humor, parece que sempre está irritada. Ninguém gosta muito da doutora.
Eva não sabia o
motivo, mas não lhe agradara o jeito que a moça tinha falado sobre a tirana.
-- Ok!
O dia fora
tranquilo no fórum. Essa era a vantagem de se trabalhar numa cidade pequena.
Raramente tinha alguma coisa para fazer.
Maria Fernanda
passara um bom tempo conversando com o empresário italiano. Lógico, que não
mencionara a tentativa frustrada de fuga da cigana. Pedira que ele mandasse
algumas roupas para a jovem, afinal, não tinha como sair para comprar e nem
tinha a menor vontade de fazer aquilo.
Seus pais
também ligaram dessa vez não teve como ignorá-los. O discurso de ambos era o
mesmo. Que ela não seguisse com esse plano com o pai de Eva. A juı́za fora
grossa com ambos, pedindo que não continuassem se intrometendo em sua vida.
Era quase seis
de tarde.
A tirana estava
se arrumando para seguir para casa, quando viu uma revista sobre a mesa da
secretária. Seu sangue gelou quando viu quem estampava a capa, o desgraçado
que usara sua mãe e depois a abandonara a própria sorte. Como odiava aquela
famı́lia, seria capaz de qualquer coisa para destruı́-los, venderia a alma ao
demônio se assim pudesse ter o prazer de se vingar.
Pegou as chaves
do carro na bolsa e seguiu para casa.
-- Obrigada por
ter me ajudado a tomar banho.
Beatrice estava
apoiada na cama, enquanto Catrina lhe secava com vigor por todo o corpo. A
loira estava encantada com a bela morena, ela era tão linda e fascinante.
A moça que fora
contratada para cuidar da casa era declarada lésbica e ver uma mulher tão linda
e nua estava sendo um verdadeiro suplı́cio. A jovem ajudou a cigana a vestir o roupão.
-- Você não
tem roupas?
A italiana
seguiu pulando num pé só até o leito.
-- Não! Pelo
menos não aqui. – Cobriu-se. – Você tem celular?
-- Sim, porém
não o trouxe. Está em casa. O guarda disse que não podia trazer. – Sentou na
beirada da cama. – Por quê?
-- Eu preciso de
um favor!
A garota sabia
que essa seria sua chance de falar com os avós.
-- Se eu puder
fazer...
-- Temo que essa
função não esteja entre as que estou pagando.
A moça levantou rapidamente
da cama, enquanto Beatrice tentava se manter impassível diante do olhar
ameaçador da outra.
-- Pode ir para
sua casa, não necessito mais dos seus serviços por hoje. – Falou friamente.
A moça apenas assentiu e deixou o recinto.
Eva fitou Maria
Fernanda.
A ignorante
estava ainda mais bonita com aquelas roupas formais.
-- Não tinha
motivos para tratar mal a Catrina.
A juı́za não gostara
nada do jeito que a empregadinha olhava para a jovem. Retirou os óculos e os
limpou pacientemente.
-- Vou te dar um
aviso. – Falou sem fitá-la. – Se você pensa que vai fazer aquela idiota ligar
para alguém, saiba que antes dou um fim em você e depois nela. Só quero te
dizer algo, o irmão da sua nova amiguinha está preso e eu posso fazê-lo
passar muito mais tempo do que o necessário por lá. – Tirou o blazer, ficando
apenas com a camisa branca e a saia. – Bem, o seu egoı́smo pode ferrar de vez
com a vida da famı́lia dela.
Eva estava prestes
a iniciar uma discussão, quando viu a juı́za tirar toda a roupa e ficar apenas
de calcinha e sutiã. Respirou fundo e baixou os olhos, não tinha como se
concentrar olhando para aquele corpo seminu.
-- Como está o
pé? – Indagou seguindo para o banheiro.
-- Bem melhor,
mas não graças a ti.
A juı́za seguiu
para o banho e nem se importou com a resposta mal criada que recebera.
Enquanto sentia
a água correndo por seu corpo, pensou nos riscos que estava correndo. Aquela
menina poderia acabar com seus planos. Em pouco tempo percebera que ela não era
uma adolescente cabeça de vento, ao contrário, era muito esperta e tinha um
enorme poder de convencimento
Sabia bem o que
tinha que fazer, relutava em seguir com aquele plano, porém não iria permitir
que ninguém atravessasse o seu caminho e lhe tirasse o que mais desejara por
toda sua vida.
Beatrice ouvia o
barulho da água e tentava controlar sua mente. Não entendia o motivo de não
parar de desejar aquela déspota. Seus instintos estavam aguçados demais,
sentia o cheiro e o sabor daquela boca em si.
-- Você comeu
alguma coisa?
Seus pensamentos
foram interrompidos por aquela voz rouca. A cigana deu de ombros, virando de
lado, ignorando a outra.
-- Eu não vou
perder meu tempo com suas birras, porém acho bom não me irritar ou te faço
dormir no chão.
Eva se apoiou e
sentou com os pés para fora, segurou na cabeceira e se colocou de pé.
-- Eu que me nego
de dormir no mesmo lugar que você. Acredite, essa é a última coisa que
desejo.
Maria Fernanda se aproximou ameaçadoramente e
a segurou pelos ombros.
-- Já te pedi
para não me provocar. – Falou estreitando os olhos. – Você não imagina como
me exaspera esse seu jeitinho insuportável e irônico de ser.
A italiana
revirou os olhos em sinal de tédio.
A juı́za a
pressionou contra a parede.
Ambas usavam
apenas um roupão.
-- Você tem um imenso prazer em me fazer sentir
dor.
-- Dessa vez
não vai ser dor... – Falou bem perto dos lábios dela. – Vou te dar um pouco
de prazer...
A Belluti ainda
tentou protestar, mas suas palavras foram caladas com um beijo ardente. Dessa
vez, nem tentou lutar contra o ato, ao contrário, aproveitou o delicioso sabor
daquela boca. Sentiu a pressão no ombro cessar e aproveitou para deslizar as
mãos por dentro da roupa de Fernanda. Sentiu uma corrente elétrica ao tocar
nos seios cheios e redondos.
-- Você é tão
linda, cigana. – Segurou firme nos cabelos dela, puxando-a para trás, expondo
o pescoço longo. – Você deve ser a cópia fiel da Eva do paraı́so. – Beijou-a
ali.
-- Por quê? –
Indagou arrepiada.
-- Porque você
está se transformando numa verdadeira tentação. – Desamarrou o nó e ficou
olhando para aquele corpo nu.
-- Você é
muito descarada! Depois de tudo que me fez ainda vem com esse papo de tesão? –
Fitou os olhos azuis. – Eu tenho um noivo e honestamente não vou perder meu
tempo com alguém como você.
-- O que tem eu?
– Desceu a mão e parou bem sobre o sexo da jovem.
Mesmo que
quisesse negar, Eva não conseguia esconder o desejo que sentia, afinal, seu
corpo estava dando mostras claras disso.
-- Você é uma
desgraçada que inventou uma enorme mentira para me manter presa nesse lugar.
Maria Fernanda
continuou encarando-a, enquanto intensificava mais o toque. Iniciou uma
massagem sobre o clitóris de forma lenta, fazendo a outra morder o lábio
inferior forte para não gemer alto.
-- Para, por
favor! – Pediu.
-- Vou parar
daqui a pouco. – Falou ajoelhando-se.
Beatrice sentiu
a cabeça girar, enquanto a juı́za abria o centro do seu desejo e começava a
lamber. A sensação de ter a pontinha da lı́ngua brincando bem perto da sua
entradinha era uma verdadeira loucura.
Não era virgem,
mas era a primeira vez que sentia algo tão poderoso. Chegava a doer o ventre
de tanto desejo.
A juı́za usou as
mãos para abrir, depois aspirou aquele aroma gostoso, passou o polegar em
movimentos circulares, em seguida usou a lı́ngua para imitar o ato, fazendo
daquele pedaço de paraı́so seu alimento. Chupou, sugou todo o mel e não parou,
mesmo ao ouvir os protestos da cigana.
Teve vontade de rir quando a
ouviu xingar na sua lı́ngua pátria e começar pronunciar algumas palavras sem
nexos.
Penetrou a
lı́ngua naquela gruta e em seguida fez o mesmo com o dedo, fazendo movimentos
de vai e vem, até senti-la se descontrolar e mexer os quadris no ritmo
imposto. Maria Fernanda aumentou ainda mais a pressão até senti-la
segurar-lhe a cabeça, fazendo-a parar. Ouviu os gemidos e o grito de orgasmo e
se sentiu excitada, mas lutou contra aquilo, levantando- se.
Viu a italiana
com os olhos fechados, parecia tremer.
Abraçou-a pela
cintura e esperou que os espasmos passassem.
Eva abriu os
olhos e fitou aquela mulher que a observava, tentou empurrá-la, mas não teve
forças suficientes.
-- Calma,
cigana! – Sussurrou. – Não precisa dessa violência toda. – Passou os dedos em
seus lábios. – Sabe que eu também descobri que tenho uma parte vidente em
mim?
-- Ah, não me
diga! – Desdenhou trêmula.
-- Sim, mas não
é na mão que vejo o futuro. – Sorriu, se aproximando do ouvido dela e
falando.
-- Safada! –
Beatrice a empurrou.
Pela primeira
vez em muitos anos, Maria Fernanda sentiu uma vontade enorme de rir e foi isso
que fez. Gargalhou muito da cara de ofendida da garota.
-- Como ousa
falar uma obscenidade dessas?
-- Bem, cada um
ver o futuro onde quer. – Caminhou até a porta. – Se você quiser, eu te deixo
ler depois no mesmo lugar.
Ela saiu a tempo
de não ser atingida por um travesseiro que a jovem jogou.
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