A déspota -- Capítulo 5


Maria Fernanda, mesmo nua, tinha ido acalmar seu adorado Hades.

Seguiu para fora da cabana, via a chuva cair sem trégua. E não demoraria para a escuridão imperar totalmente.

Alisou os braços tentando esquentá-los. O vento frio lhe emaranhava os cabelos.

Praguejou internamente, enquanto se imaginava em sua cama.

Aproximou-se do cavalo.

Ele estava assustado por causa dos trovões. Na verdade, usara aquela desculpa para se afastar da pecadora do paraı́so. Aquilo só podia ser brincadeira. Depois de tanto tempo, seu corpo reagira absurdamente àquela imagem de perdição. Tivera um relacionamento há muito tempo com uma mulher, mas acabara tudo rapidamente. Usara apenas alguém que poderia lhe ajudar a chegar onde estava hoje. Não se arrependia do que tinha feito, fora muito bom enquanto durou, mas não tinha tempo para aqueles tipos de relacionamentos. Entretanto, não podia negar que a Belluti a fizera desejar um bom sexo.

Meneou a cabeça negativamente.

Não costumava se entregar aos desejos da carne, achava que o sexo podia escravizar e lhe desviar dos seus planos, por essa razão era bastante controlada, tentando ao máximo não perder seu precioso tempo com aquele tipo de coisa.

Acariciou a crina da beça espécime, enquanto ponderava em seus passos. Precisava se mostrar ainda mais inteligente diante da filha de Andrello, pois poderia sair bastante prejudicada de todo aquele plano.

Eva era perigosa e muito astuta. Usava muito bem sua sedução para enrolar as pessoas. Os olhos negros pareciam de feiticeiras e tinha certeza de que ela continuaria a usar esses atributos para fugir, a menos que o feitiço fosse revertido...

Se fizesse a menina se interessar por si, tudo seria mais simples. Não teria que perder seu tempo impedindo-a de partir e melhor poderia fazê-la se conformar com sua condição de prisioneira.

          A juı́za tinha consciência dos próprios encantos, mas não sabia se sua paciência era suficiente para aturar a garota mimada.

                Como faria para seduzi-la?

                Esboçou um sorriso.

                Sabia que ela já tinha tido inúmero noivos, mas não havia menções a relações com mulheres.

                Decidida, voltou para o interior da cabana.

                Conseguiu visualizá-la, parecia estar sofrendo com o machucado que ela mesma provocou.

                Cruzou os braços sobre os seios.

-- Acho que vamos ter que passar a noite aqui. A chuva não passa e já está anoitecendo.

Eva estava sentada, inutilmente tentando cobrir suas partes íntimas com as roupas e evitando fitar a outra.

As algemas incomodavam ainda mais.

-- Meu pé está doendo muito, preciso de um médico. – Exigiu de forma prepotente. – Não irei aguentar essa dor!

Fenanda mirou os olhos negros e expressou desdém pela arrogante garota.

-- Amanhã nós vamos ver isso. – Caminhou pelo lugar em busca de algo. – Arque com as suas consequências.

-- Amanhã? – Fitou-a incrédula. – Como vou passar a noite sentindo toda essa dor e sem poder massagear devido às algemas? Tire essa droga de mim!

A juíza a encarou, seu olhar demonstrava total exasperação.

-- A culpa é sua! – Falou pausadamente. – Por que não leu a sua mão? Assim você saberia a cagada que estava fazendo.

A Belluti cerrou os dentes, enrijecendo o maxilar.

-- Eu vou te denunciar, você não vai poder me prender aqui para sempre. Prepare-se, você pode ter o apoio do meu pai, mas meus avós jamais irão aceitar uma safadeza dessas.

 Fernanda se aproximou como uma bala, segurou-a violentamente pelos ombros, obrigando-a a levantar e ter que se apoiar sobre o pé machucado.

-- Não me ameace, sua idiota!

A cigana cravou os dentes com toda força nos ombros dela. Apertou sem dó, sentia as presas afundarem na pele branca e aquilo lhe encheu de prazer.

A juı́za empurrou-a no chão.

-- Cadela!

Eva a mirou com um sorriso. Os fios dos seus cabelos lhe colavam nas bochechas, a expressão era de deboche.

 A filha de Pedro respirou fundo, tentava a todo custo manter a calma diante do ataque. Mirou a marca que lhe fora deixada, ainda queimava, mesmo assim, permaneceu quieta.

A cigana tentou mais uma vez massagear o pé que agora doía ainda mais.

Precisava de algo forte para aliviar aquele suplício.

Fernanada a observava com atenção, via o machucado ficar ainda mais inchado. Em seguida, saiu, foi onde Hades estava, pegou o pequeno punhal que trazia consigo e rasgou parte da sela, tirando de lá uma espécie de forro grande, retornou para a cabana.

Beatrice se encolheu quando ela se aproximou, mas a outra não se importou com isso.

Amarrou no busto da outra, cobrindo-o e depois a fez vestir o short. Mais uma vez a segurou, porém foi mais cuidadosa agora.

-- Bem, garota mimada, você não quer ir? Vamos nessa chuva mesmo, só espero que o raio que nos atingir, parta primeiro a sua cabeça dura. – Saiu puxando-a.

A jovem saiu manquitolando, muito assustada. Nunca conhecera alguém tão sinistro em toda sua vida. Chegava a ter medo.

 

 

 

 

Pedro chegou ao apartamento onde morava há muito tempo com a esposa. Fora naquele lugar, em um bairro de classe média que a juı́za vivera por alguns anos.

-- Boa noite, mulher! – Beijou-lhe na face.

Era uma senhora de idade, mas mesmo o tempo não tinha conseguido apagar a beleza da loira que fora em outrora.

-- Boa, meu amor. – Caminharam e sentaram na poltrona. – Conseguiu falar com nossa filha?

-- Não! – O homem passou a mão pelo cabelo grisalho. – Estou preocupado com toda essa situação.

-- Falou com o senhor Andrello?

-- Sim, mas ele acha que estou exagerando, disse que tudo vai acabar bem.

-- Você contou pra ele sobre a Fê?

O assistente baixou a cabeça.

-- Eu não tive coragem.

A senhora se aproximou dele, abraçando-o.

-- Eu queria ter podido fazer mais por aquela menina com carinha assustada que nos assaltou no sinal. – Pedro soluçou. – Eu a amo como se tivesse sido nosso fruto.

-- Eu também, meu querido. Mas há coisas que nem todo o amor do mundo pode curar. Fizemos tudo o que podı́amos.

-- Eu pensava que o amor era capaz de curar todas as feridas.

-- Talvez, um dia ele cure.

 

 

Mesmo com toda a chuva e na escuridão da noite. Maria Fernanda mostrou ser uma exı́mia amazona, conduzindo o cavalo assustado e lhe falando palavras carinhosas durante todo o trajeto, essa fora a forma que usara para acalmá-lo.

Eva tentava manter a coluna ereta, evitava a todo custo qualquer tipo de contato com a juíza que seguia bem colada as suas costas.

Tentava ver algo naquela escuridão, mas não havia nada, apenas o barulho da chuva que agora caia de forma mais branda.

Sentiu a respiração quente bem perto da sua orelha e se arrepiou.

-- Está com frio, cigana?

A voz baixa de Maria Fernanda falou bem próximo, porém a herdeira de Belluti preferiu ignorar totalmente a mulher que lhe falava.

A juíza apenas sorriu e continuou a conduzir o animal com cuidado.

Já começava a ver as luzes da sua casa ao longe, então forçou um pouco mais a caminhada do bicho.

Precisava de um banho quente e da sua cama. Nada mais lhe interessava naquele dia, apenas isso.

Sentia o corpo frio da cigana, o cheiro gostoso dos cabelos.

Mimada!

Estava disposta a amarrá-la em seu quarto, prendê-la lá para que não ousasse nunca mais escapar.

 Alguns minutos se passaram e lá estava a frente da sua casa.

Observou o delegado lhe olhar com temor.

-- Estávamos preocupados com a senhora, mas a chuva não permitiu continuar com a busca. – O homem se justificou nervoso.

Os policiais diante do olhar do chefe, correram para ajudar as duas. Um pegou a cigana nos braços, ambas estavam ensopadas. Fernanda rejeitou a ajuda.

-- Traga um médico para ver a garota, teve uma torção no tornozelo. – Arrumou os cabelos molhados. -- Leve-a para o meu quarto. – Ordenou.

Um dos guardas parecia paralisado ao fitar a juı́za. Ninguém nunca a viu tão sensual, com a roupa mostrando as curvas do belo corpo.

O delegado apenas assentiu. Observando a mulher entrar em casa. Não queria nem pensar na bronca que tomaria depois, mas também não podia negar que estava ganhando muito bem para participar de tudo aquilo. O senhor Belluti fora muito esperto em comprar todos que estavam envolvidos naquela farsa, porém não conseguia imaginar a toda poderosa se rendendo a suborno.

 

 

 

 

Fernanda subiu dos degraus e encontrou o guarda nos aposentos.

-- Dê-me as chaves das algemas. – Pediu ao rapaz.

Eva estava encostada na porta, tremia em demasia.

Maria a soltou e dispensou o homem.

Tirou a própria roupa e fez o mesmo com a garota que nem ao menos protestava. Abraçou-a, levando-a para o banheiro, ligou a água em temperatura quente e ficou sob a ducha, colada com a cigana, sentia os tremores irem cessando pouco a pouco do corpo da jovem.

Pegou o sabonete lı́quido e passou em Eva, depois de lavar a si mesmo, desligou, saiu do boxe, pegou dois roupões. Vestiu um e outro colocou na menina, levando-a para o quarto e deitando-a na cama.

Beatrice observava tudo e não esboçava nenhuma reação. Estava paralisada pela dor e pelo frio. Viu-a cobrir a si e depois sair do quarto. Aconchegou-se mais ao edredom. Tentou mexer o pé, mas sentiu-o pesado demais.

Alguns minutos se passaram até a juı́za retornar com uma xı́cara. Sentou na cama. Observou a cigana tremer.

-- Toma, beba! – Estendeu a ela. – Vai te fazer bem.

A jovem com muito esforço encostou-se à cabeceira e recebeu o que lhe estava sendo ofertado. Mirou o conteúdo e teve vontade de sorrir. Chocolate quente!

Soltou um suspiro longo.

Bebeu, sentindo o lı́quido delicioso lhe aquecer.

Fitou a mulher que agora estava de costas para si e olhava a chuva que não parava de cair pela janela. Era tão contraditória que era impossível alguém entendê-la. Lembrou do que tinha acontecido na cabana e sentiu a rosto corar violentamente.

-- Você está com febre? – Fernanda percebeu a coloração na face da jovem e se aproximou. – E esse médico que não chega. – Passou a mão por seu rosto.

-- Acho que não estou não. – Desvencilhou-se do toque. – Porém minha perna está dormente demais.

-- Eu preciso repetir que isso é tudo culpa sua? – Falou exasperada.

-- Sem falar que você ajudou um pouco quando saiu me arrastando e me forçando a pisar. – Acusou-a com raiva.

-- Ah, por favor, tudo que fiz foi por ter me provocado.

-- Quanto meu pai está te pagando? Já parou para pensar que quando eu sair daqui vou direto te denunciar.

-- Não tenho medo das suas ameaças. – Encarou-a. – Mas você deveria tomar cuidado ao fazê-las, afinal, hoje você torceu o pé fugindo, mas poderia ter sido picada por uma cobra e agora está morta.

Eva jogou um travesseiro na direção da outra.

-- Figlio di puttana! – Gritou.

Dessa vez, a déspota entendeu bem o xingamento e só não voou para cima da menina porque ouviu batida na porta.

-- O médico está aqui, senhora!

Distraı́ra-se tanto que nem ouvira o carro chegando. Segurou-a pelo queixo.

-- Não arrume problemas ou trago uma cobra para te beijar nessa cama hoje.

Eva mirou os olhos azuis se estreitarem diante dos seus. Mirou os dentes alvos e sentiu o hálito de chocolate.

-- Prefiro uma cobra a me beijar que você.

Fernanda umedeceu os lábios. Depois seguiu até a porta, abrindo-a.

O médico lhe sorriu gentilmente, mas a juíza não pareceu se interessar em retribuir a cortesia.

Ele era um homem jovem e muito bonito, trabalhava no posto de saúde e também atendia alguns clientes em casa.

-- Ele estava aqui perto, por isso não demorou. – O policial explicou.

A juı́za não gostou do olhar do rapaz para a sua prisioneira.

-- Sou doutor Rafael! – Estendeu a mão em cumprimento.

-- Ah, que bom! – A filha de Pedro disse cruzando os braços sobre os seios. -- Faça o seu trabalho, doutor, para ver se a ciganinha deixa de chorar.

O homem assentiu e começou a examinar o pé de Eva. Ele olhava com atenção, tocando com cuidado.

-- Está muito ruim. – Falou.

-- Não acredito que o senhor estudou todos esses anos para falar o óbvio. Até eu sei que está ruim. – Comentou irritada a filha de Pedro.

O médico pareceu constrangido, enquanto Eva lhe dirigia um olhar de desculpas.

-- Bem, vou dar uma injeção e imobilizá-lo. – Levantou pegando a mala que trazia. – Teve sorte de eu está com o material. – Preparou o remédio. – Vai doer um pouco, porém, vai fazer isso desinflamar.

A garota se ajeitou na cama de forma que pudesse permitir que o doutor lhe aplicasse o antibiótico.

Beatrice gemeu ao sentir a picada e desejou xingar alto.

Voltou a deitar, mas agora fê-lo de lado, temendo magoar.

-- Não faça esforço. Daqui a uns dias vai estar boazinha. – Sorriu simpático. – Esses antibióticos devem ser tomados de doze e doze horas. – Entregou à juı́za.

-- Ok! Pode acertar com o delegado seu serviço.

O médico ficou novamente constrangido, acenou para a paciente e saiu.

-- Deseja mais alguma coisa? – O guarda indagou.

-- Sim! Que você  suma das minhas vistas.

O jovem correu rapidinho dos aposentos.

Fernanda já se aproximava da filha de Andrello quando ouviu o som implacável da voz da cigana.

-- Quem você pensa que é para tratar as pessoas assim?

Maria Fernanda preferiu não responder, pois sua paciência por aquele dia há tempos já tinha se esgotado. Saiu do quarto batendo forte na porta.

 

 

 

 

A chuva continuava implacável.

Eva dormira depois que fora medicada, porém acabara despertando com o barulho do trovão e o clarão do relâmpago que invadira o quarto. Quando virou de lado, percebeu que estava sozinha na enorme cama. Quanto tempo tinha passado, olhou o relógio que descansava no criado mudo e viu que era quase duas da madrugada.

Onde estaria a juı́za?

Sentiu a boca seca. Estava com muita sede.

Estava pensando em levantar quando viu na mesinha uma jarra com água, estendeu a mãe e apanhou o lı́quido para si. Tentou mexer o pé e ficou feliz em não sentir a incômoda dor. O médico caprichara no trabalho.

Acomodou-se novamente e nesse momento viu a porta sendo aberta.

 

 

Maria Fernanda estivera o tempo todo na sala. Abrira uma garrafa de vinho e tomou todo o conteúdo, enquanto seus pensamentos viajavam por tantos anos atrás. Todos os dias se perguntava quando aquela agonia iria passar, quando conseguiria tirar aquilo tudo de dentro de si. Tinha visto no celular que seus pais ligaram inúmeras vezes, porém ela não teve coragem de retornar a ligação. Sabia que não era uma boa pessoa, aquele casal fizera tanto por ela. Lembrava do dia que os abordara com uma faca, fora sua última fuga do orfanato e estava desesperada, Pedro e Maria nem se abalaram, além de darem tudo o que tinha, ainda fizeram muito mais, a levaram consigo e desde aquele momento, cuidaram e lhe amaram como se fosse realmente filha.

Por que não conseguia fazer o mesmo?

Porque seu coração era como uma pedra de gelo, porque não conseguia fechar os olhos sem lembrar-se de tudo que passara, sem sentir a sede da vingança lhe correr pelas veias.

Em alguns momentos, pensara em acabar com tudo aquilo, morrer, mas nunca conseguira concretizar o intuito.

Cansada e embriagada, subiu cambaleando as escadas. Precisava da sua cama, queria dormir até aquela agonia cessar, porque nem todo o álcool do mundo conseguia parar o seu tormento.

 

 

Abriu a porta e estreitou os olhos, acostumando-se com a penumbra.

Um relâmpago iluminou o ambiente e ele viu um dos seus castigos lhe fitando. Não acreditava que ela ainda estava acordada, demorara fora dos aposentos para não ter que aguentar as acusações da cigana.

Deitou do lado da cama e colocou a mão sobre os olhos.

Beatrice sentiu o cheiro de bebida e nem precisava recorrer aos seus dons para saber de quem era. Quem diria, a poderosa tirana gostava de ficar ébria.

Deitou de lado e fitou o perfil bem feito de Fernanda. Como podia ser tão bonita e tão cruel?

Tinha uma essência de déspota.

-- Pare de me olhar! – A voz rouca e sensual avisou.

A jovem apenas assentiu dando de ombros.

Quando retornasse para casa iria visitar os avós na Espanha. Passaria algum tempo por lá e contaria tudo o que fora tramado pelo pai em coloio com aquela juíza corrupta.

Alguns segundos depois a filha de Pedro se apoiou no cotovelo e encarou a garota.

-- Leia a minha mão, cigana!

Os olhos negros pareceram surpresos diante das palavras.

-- Para quê? Não precisa disso para lhe decifrar. – Retrucou.

Fernanda esboçou o sorriso cínico.

-- Não quero que me decifre, quero que diga o meu futuro. – Mostrou-lhe a palma. – Mostre-me seu talento como tentou fazê-lo naquele dia na feira.

Eva amaldiçoava slenciosamente aquele dia. Mirou-a com relutância.

-- Pensei que não acreditasse nessas coisas.

A juíza se ajeitou no leito para ficar mais confortável.

-- Eu preciso acreditar em algo.

A italiana fitou os olhos azuis e viu como pareciam perdidos, temerosos. Não combinavam com aquela mulher, não mesmo.

-- Acho melhor você dormir, está bêbada. – Virou-se, dando-lhe as costas.

Maria Fernanda abraçou-a, colando os corpos e sussurrando em sua orelha.

-- Você é uma fraude, ciganinha!

Eva sentiu um arrepio com aquela proximidade. Desde quando isso se passava consigo? Por que de repente parecia tão sensível à presença feminina?

Engoliu em seco.

-- Tanto quanto você. – Virou a cabeça para encará-la. – Mas eu o faço por diversão, quanto a ti, pelo dinheiro.

-- Já falaram para ti como você tem uma lı́ngua solta e que nunca sabe quando ficar calada.

-- Mesmo que não acredites, vivemos numa democracia e todos têm o direito de falar o que bem quiser.

-- Eu sei uma forma melhor para usar essa lı́ngua. – Puxou para si colando os lábios.

Beatrice a empurrou, porém a juíza segurou-lhe os braços e continuou com a carı́cia. A menina Belluti sentiu o gosto de álcool naquela boca, mas também sentiu o poder e a maciez do toque. Mesmo sem querer, acabou respondendo ao beijo, provando de toda extensão daquele carinho inesperado. Era inacreditável que algo assim pudesse estar acontecendo, ainda mais quando tinha tanta raiva daquele ser.

Gemeu quando as mãos da outra tocaram-lhe os seios, apertando-lhe os mamilos e massageando-os. Da mesma forma que a cena começara, fora chegado ao fim de forma abrupta.

-- Bem, cigana, agora eu já sei no que acreditar. – Piscou, dando-lhe as costas.

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