A déspota -- Capítulo 2




                 O caminho até onde era a residência da juı́za era bem longo, sem falar que era uma estrada de barro, em péssimas condições. Aquele fora o lugar que Maria Fernanda escolhera para viver. Era uma mulher muito fechada e não gostava de ter intimidades com ninguém. Adorava a sensação de mandar, do poder que seu cargo lhe dava, porém fugia dos bajuladores, daquelas pessoas fúteis e artificiais.
              A filha do aspirante a senador observava tudo e não acreditava que realmente aquilo estava acontecendo, afinal, nada tinha feito para que fosse condenada a uma sentença, ainda mais quando não foi lhe dado o direito de defesa.
                Respirava fundo e tentava não perder a calma, deveria pensar friamente, aquilo fora armado, precisava apenas recorrer a alguém que a ajudasse.
                      Fechou as mãos, mirando as algemas. Observou os homens que a levavam, ponderava uma forma de se livrar de tudo aquilo.
                  Quando a viatura passou pela porteira, Eva não gostou nada do que via. Era um lugar cercado por matos e em meio a tudo aquilo surgia uma enorme casa de dois andares, com enormes janelas e uma porta em forma de arco. Como alguém viveria ali? Não que fosse uma pessoa preconceituosa com o campo, mas também era acostumada a viver nos grandes centros urbanos. Decerto, nem teria acesso à internet ou a qualquer coisa que a levasse a civilização.
Começou a rir e chorar de toda aquela desgraça!
                   Os seus ancestrais ciganos deveriam estar se revirando nos túmulos por ela apreciar a cultura da tecnologia. 
                        Assim que desceu do carro ficou apavorada.
                        -- Eu não vou ficar aqui não! – Tentou correr. 
                         Um dos guardas a deteve.
                    O homem estava irritado demais para ter que lidar com aquela louca. Não queria servir de babá para aquela garotinha, mas para piorar a situação, não tinha como se negar, pois a excelentı́ssima juı́za era bem capaz de mata-lo caso fosse contrariada. Aquela mulher era um verdadeiro demônio de saias. Todos a temiam por aquelas bandas. Desde que chegara na região, ninguém tinha mais sossego.
                  Eva sabia que era bonita. Tinha consciência da beleza e da sensualidade que eram suas marcas registradas e sabia usar bem ambas.
                      Não seria a primeira vez a usar aquela qualidade para conseguir algo, fazia-o com muita frequência, pois sabia que aquela era uma forma de manipular as pessoas.
                       A expressão que antes era carrancuda se transformou em uma máscara de sedução.
                 -- Deixe-me ler sua mão, nobre guerreiro. – Tentou jogar seu charme, exibindo aquele lindo sorriso branco e brilhante.
                      O homem a examinava com cuidado.
                     Mesmo que ela estivesse fedida e com roupas encardidas, não havia dúvidas da sua beleza.
                     Olhou de um lado para outro, tinha que se certificar que estavam sozinhos.
                     O lugar era deserto, então não custava nada se aproveitar um pouco da moça que parecia interessada em si.
                    Sorriu devassamente.
              Beatrice se sentiu enojada quando o guarda passou a mão por sua face, mas teve que disfarçar. Ele era tão barrigudo que ela temia que pudesse estourar a qualquer momento, a pele era gordurosa e hálito fétido. Porém precisava disfarçar sua ânsia de vômito, deveria aproveitar que estava sozinha com o policial para tentar escapar.
                     -- Deseja me ver dançar? Acredite que não irá se arrepender. -- Disse mordiscando a lateral do lábio inferior.              
                         O homem a encarou com cara de safado.
                   Não tinha como negar que a jovem parada ali tinha uma beleza nunca vista antes por aquele fim de mundo. Aqueles cabelos pretos ondulados, a pele bronzeada, os olhos escuros e puxados como de uma felina e a boca rosada que parecia um coração. Sem falar no corpo. A moça era alta e tinha porte de modelo.
                    Olhou para os lados se certificando novamente que estavam sozinhos. O que custava ver aquela ciganinha dançar? Não demoraria muito.
                    -- Certo! – O agente da lei pegou as chaves e abriu as algemas. – Mas rapidinho, viu. 
                      Eva sorriu de forma inocente, enquanto assentia.
                   Sensualmente, iniciou aqueles passos que conhecia tão bem. Aprendera aquela dança com a famı́lia da sua mãe quando ainda era uma criança. Os Luceros seguiam a risca as tradições dos andarilhos.
                   Ela seguia uma música imaginária e percebia quanto o outro parecia entorpecido com seus movimentos, logo, poderia sair e deixa-lo sem reação.




                     Maria Fernanda Retornara para casa cedo.
              Decidiu voltar à fazenda o mais rápido possível. Não sabia o porquê, mas tinha um pressentimento que não deveria confiar naquela rebelde. Parou o carro por trás da propriedade e deu a volta a pé.
                   Não costumava se arrepender dos atos que fazia, mas naquele momento pensava se não deveria redobrar a vigilância da filha do patrão do pai.
                      Soltou um longo suspiro. 
                      Estava perto da entrada, quando parou abruptamente.
                      Precisou estreitar os olhos para ter certeza do que estava vendo.
                   A filha do poderoso Andrello Belluti dançava magnificamente para o homem que deveria a estar vigiando e não babando como um cão atrás do osso. Se deteve ao vê-la fazer um jogo de sedução levantando a saia e mostrando as coxas torneadas.
                   Nunca na vida perdera tempo observando uma mulher. Mas aquela jovem tinha algum tipo de feitiço que hipnotizava quem a olhasse. Apenas saiu de transe quando a viu correr disparada em direção oposta.
                     Praguejou baixinho.
                     Claro que aquilo deveria se tratar de um plano para escapar.
                     Tirou os sapatos de salto e correu atrás de Beatrice.
                 O guarda viu a juı́za passar por ele feito uma bala, estava tão distraı́do que ainda não se tocara do que tinha acontecido.
                    Eva sentia o vento lhe despenteando os cabelos. Seus pés doı́am, pois ela estava descalça e o solo acidentado feria a pele delicada, mas aquilo não parecia lhe importar naquele momento. Acreditava que se continuasse a seguir reto alcançaria algum lugar para se sentir segura e logo retornaria para seu mundo.
                     Pensava na briga que arrumaria com o pai, mas também na cama quentinha e na deliciosa comida que a cozinheira fazia. Iria querer lasanha, pizza, pastéis.
                      Sentiu o estômago roncar alto, pois mal tinha tocado na comida que lhe levaram.
                     Seus passos aumentavam, mas ela começava a se desesperar por só ver aquela mata fechada.
                   Parou para tomar um pouco de folego. Sentia que os pulmões iriam explodir a qualquer momento. Mas precisava continuar, só em pensar que em breve estaria fora do alcance daquela louca lhe dava forças para continuar. Precisava colocar em sua lista mais exercícios, pois se cansara rapidamente.
                  Quando estava pronta para reiniciar a fuga, acelerou um pouco até sentir um puxão forte nos cabelos e cair de costas.
                    As folhas secas amorteceram o baque.
              A juı́za era muito boa em correr. Era acostumada a fugir inúmeras vezes do orfanato, passava dias morando na rua e ser ágil era algo que lhe era fundamental para viver em meios a tanta sujeira.
            Beatrice ficara sem ar por alguns minutos. Então abriu os olhos e viu aquele ser odioso encarando-a com aquela expressão de superioridade. Tentou levantar, mas a outra colocou o pé sobre sua barriga, pressionando.
                    Fitou o pé bem cuidado e com unhas bem feitas, depois encarou os olhos azuis.
                    -- Estava indo aonde com toda essa pressa?
                   Maria Fernanda a fitava com atenção. Viu a coxa torneada dobrada, enquanto a saia longa deixava quase tudo a mostrar.
                   -- Para onde estava indo? -- Voltou a perguntar.
                    -- Eu estava apenas apreciando a paisagem. – Sorriu sem graça. -- Para onde eu poderia ir?
                     A garota tentou tirar o peso de cima de si, mas sua tentativa fora em vão.
                   -- Deixe-me levantar, por favor. – Pediu.
                   A Lacerda pressionou mais o estômago da garota, depois aliviou.
                -- Eu vou te amarrar em alguma árvore para evitarmos essas suas fugas e eu temo que os abutres apreciem sua pele de cigana.
                 Os olhos negros se estreitaram em raiva.
                -- Meu pai vai acabar contigo quando ficar sabendo o que você está fazendo comigo. Eu sou uma Belluti. – Falou orgulhosamente. 
                 A outra apenas deu de ombros.
                    Beatrice estava começando a ficar com muita raiva daquela juizazinha.
                  -- Déspota do inferno. – Xingou com energia.
                    Maria Fernanda tirou os óculos do bolso, limpou as lentes demoradamente e o colocou.
                    Ouviu o som dos pássaros, fitava tudo ao redor sabendo que aquela garota estúpida poderia ter sido picada por algum animal, enquanto se aventurava naquela fuga insana.
                    O policial apareceu. Ele estava suado e parecia querer colocar o café da manhã para fora.
                  -- Ela fugiu. – Baixou os olhos para não encarar aqueles azuis frios como uma lâmina.
                   A filha de Pedro soltou um suspiro de exasperação.
                   Aquele homem não era policial, mas para que o teatro fosse completo fora necessário que ele se passasse por um. Era simplesmente um dos seguranças que Andrello lhe enviou.
                   -- Se ela fugir você ficará no lugar dela, sua besta!
                 Retirou o pé que prendia a cigana e seguiu de volta para casa. Enquanto o homem algemava novamente a italianinha e a levava consigo.







                        -- Andrello, você só pode ter enlouquecido.
                         Eles estavam no escritório.
                     O empresário estava confortavelmente sentado em sua poltrona de descanso. Bebericava vagarosamente seu copo com uísque, enquanto Pedro andava de um lado para o outro naquele pequeno espaço.
                       -- Se acalme, homem, eu sei muito bem o que estou fazendo.
                       -- Você não deveria ter envolvido a Fê nessa história.
                       -- Ah, esqueci de dizer, a sua filha se tornou uma bela donna.
                O assistente respirou fundo tentando recobrar a paciência. Não gostara nada de ver Fernanda participando daquele plano. Conhecia muito bem a filha para saber como ela podia ser dura e cruel. Ela trazia consigo marcas de um passado doloroso e isso sempre fora um problema em sua vida. Parecia estar sempre querendo devolver tudo que recebera da vida. Infelizmente, o seu amor e de Maria, sua esposa, não foram suficientes para salvá-la de si mesma.
                       -- Acho que essa não é a melhor forma para lidar com a Eva. 
                      O empresário sorriu.
                  -- E o que você me aconselharia? Você a conhece o suficiente para saber que não tem como controlar aquela peste. Eu a amo, mas preciso com todo meu coração que ela aprenda algumas coisas sobre responsabilidade, ou vou acabar morrendo. – Levantou-se e colocou a mão sobre o ombro do amigo. – Acalme-se, vai dar tudo certo. Daqui a nove meses ela estará livre e sua filha estará em um cargo compatível com a competência.
                     -- E você um senador! – Pedro suspirou completando desanimado.



                  Maria Fernanda não tinha empregados. Apenas uma mulher que vinha fazer a faxina de quinze em quinze dias. A casa ainda não tinha sido decorada, tinha poucos móveis,  quase  nada na verdade. Mas ela não se importava.
               Subiu para o quarto, tomou um banho rápido e deitou. Precisava descansar. Estava estressada com tudo aquilo que acontecera.
                     Começou a massagear as têmporas, sentia-as latejar.
                      Olhou para o teto e ficou apenas a tentar controlar a tempestade que se instalava em seu peito.
                    Tudo aquilo precisava ser bem planejado. Suas ações, seus atos para que no futuro não tivesse que pagar caro por um passo errado. Chegara longe, mesmo sendo jovem, então não deveria bombear e manchar sua reputação impecável. 
                   Não costumava se arrepender das decisões que tomava, mas estava chegando à conclusão que não seria nada fácil conviver com aquela garota mimada. Filhinha de papai que achava que poderia fazer qualquer coisa.
                   Odiava aqueles tipos de pessoas.
                   Ouviu batidas na porta.
                   -- O que é agora? – Indagou sem ao menos levantar.
              -- A menina está reclamando que está com fome e que precisa de um banho. 
                      A jovem respirou fundo.
                   Não podia também chegar aos extremos com a filha do milionário, mesmo que tivesse um desejo secreto de vê-la definhar para perder aquela arrogância.
                    Sorriu sadicamente.
                   Não demoraria para a jovem Belluti perder a petulância e agir com humildade. Talvez Andrello lhe fosse grata pelo resto da vida por fazer algo que ele não conseguiu em dezoito anos.
                      Sentou-se.
             Na casa só havia um banheiro que funcionava e o era o do seu quarto. Precisava urgentemente mandar instalar os outros.
                     -- Traga-a para cá e depois vá a cidade buscar comida.



                Eva não aguentava mais aquela sensação de sujeira impregnado em seu corpo. Precisava lavar-se, mergulhar numa banheira cheia de sais perfumados, ficar relaxando até seus músculos se aliviarem de todas aquelas dores. Também necessitava de alimento. Estava quase desmaiando de fome, gastara toda sua energia naquela corrida.
                  Ainda se sentia frustrada por não ter conseguido.
                 -- Vamos! – O homem a saiu empurrando escada a cima, até chegar nos aposentos da dona.
                  -- Não sabe tratar uma dama? – Reclamou irritada. 
                  A porta foi aberta.
                O homem entregou as chaves da algema à juı́za e saiu rapidamente do quarto, fechando a porta e deixando-as sozinhas.
                 Ambas se encararam e o sorriso de sarcasmo brotou no canto dos lábios da Lacerda. A filha de Andrello mostrou a língua em uma atitude infantil.
                    -- O banheiro fica ali. – Apontou para a porta na lateral.
                 Beatrice percebeu que aquele quarto não parecia fazer parte do resto da casa. Tudo ali era muito bem arrumado, pode-se dizer, até luxuoso. Havia uma pequena mesa com um notebook, um móvel com muito livros, bem arrumados, e uma enorme cama de casal.
                    A italiana estendeu os pulsos para ela. A juíza deu de ombros.
                    -- Eu não irei te soltar. Não confio em ti.
               -- Ah, por favor, e como eu vou tomar banho com as mãos presas? Como vou tirar as roupas? – Piscou ousada. – Vai tirar para mim?
                    Maria Fernanda não gostava daqueles joguinhos de adolescentes, era algo que a desagradava terrivelmente.
                     -- Não! – Arrastou-a para o lavabo.
                     A Belluti nem conseguiu reagir, apenas se deixou conduzir.
                     A filha de Pedro ligou o chuveiro e a empurrou para baixo.
                    Eva começou a debater-se.
                  Sentia tanta raiva que tinha vontade de matar aquela mulher. Por que estavam fazendo aquilo consigo? Não fizera nada de grave, era apenas brincadeira. E seu pai? Será que ele realmente sabia o que estava passando e se mantinha neutro diante de tudo aquilo?
                      Maria Fernanda observou-a se encostar no boxe e escorregar lentamente até o chão.
                  Mirou-lhe os olhos e viu que estavam perdidos. Confusos. Prestes a chorar.
                   Odiava lágrimas, pois achava que elas eram usadas para manipular as pessoas, porém os olhos negros era diferentes. Sentiu-se tocada diante daquilo, era tão jovem, era apenas uma menina.  Suspirou impaciente.
                Adentrou e levantou-a. Acabou molhando o short e camiseta que usava. A cigana a encarou confusa.
                 -- Vou te soltar, ok? Mas não tente nenhuma loucura. Vamos tentar nos entender, afinal, teremos longos meses pela frente. 
                      A moça sentiu uma tontura e precisou ser amparada pela outra.
                    -- Droga! Desde quando você não se alimenta?
                     -- Desde o dia que você mandou me trancar naquele buraco. 
                    A juı́za praguejou baixinho.
              Fez a garota se apoiar na parede e iniciou a tarefa de tirar-lhe toda aquela roupa espalhafatosa.
                  A italiana apenas via a cena e não esboçava nenhuma reação. Olhava aquelas mãos de dedos longos despi-la. Quando sentiu aquele toque em seu ombro parecia ter sido marcada com um ferro quente.
                      Afastou-se, assustada.
                      -- Pode deixar que eu termino.
                      A outra apenas assentiu e ficou de braços cruzados observando-a.
                 Maria Fernanda nunca viu um corpo tão bonito e delicado. Ela tinha um bronzeado perfeito. As pernas eram longas, o abdome liso, a cintura fina.
                      -- A senhora pode me deixar sozinha? Preciso de privacidade.
                      -- Ok! Mas não tente nada ou poderá ter problemas piores.
                     Só depois de estar sozinha a jovem terminou de tirar a roupa.
                     Era maravilhoso sentir a água lavando a sujeira que se instalara em si nesses dois dias.
                    Lembrou do amigo. O que teria acontecido com ele? Sentiu vontade de chorar ao lembrar de que teria que passar todo aquele tempo longe. E seu noivo? Com certeza seu pai estava por trás de tudo aquilo, há tempos ele vinha tentando lhe colocar um cabresto. Nem entendia o motivo dele se importar tanto com sua forma de agir. Mas desde que ele inventou aquela história de entrar para a polı́tica tudo mudara e ele estava travando uma verdadeira guerra contra ela.
                 Eva sempre fora assim. Em parte, tudo aquilo não passava de brincadeira e não tinha a intenção de se aproveitar da crença das pessoas, como a juı́za a acusara. Mas agora estava ali, afastada de tudo e de todos e sem poder ao menos dar um único telefonema.





                 Beatrice lembrou que não tinha roupa para trocar e por esse motivo saiu enrolada na toalha. Paralisou quando entrou no quarto e viu a déspota vestindo apenas um lingerie na cor preta.
                   Sentiu um desejo enorme de tocar aquela pele que parecia uma seda. Ela deveria malhar ou praticar algum esporte, pois o seu corpo era perfeito. Gostava de admirar a beleza das pessoas e aquela poderia ser colocada em um museu para ser apreciada por todos.
                   Mas algo lhe chamou a atenção, suas costas eram todas marcadas como se tivesse tido chicoteadas. Havia cicatrizes por toda a extensão. A pele branca trazia marcas profundas.
                     -- Quem fez isso em ti? – Aproximou-se, tocando-a.
                     Maria Fernanda virou abruptamente ao sentir suas mãos, afastando-se. Precisara trocar de roupa, pois a outra molhara quando entrara no banheiro com a herdeira do empresário.
                      -- Como ousa encostar em mim? – Indagou furiosa. 
                       Eva assustou-se e confusa pela explosão.
                        A juı́za pegou o robe e cobriu-se.
                         -- O que houve nas suas costas? Quem te fez isso?
                          -- Isso não é da sua conta! – Respondeu exasperada.
                         A prisioneira ainda continuou a olhá-la em desconfiança, mas acabou deixando o assunto para depois.
                    -- Ok!Ok! – Levantou as mãos em sinal de rendição. – Não é da minha conta se você pratica autoflagelação. Cada louco com suas manias!
                         A filha de Pedro cerrou os dentes demoradamente.
                         -- O que você quer hein? – A juı́za indagou impaciente.
                  -- Ah! Eu preciso de roupas! Só estava vestida com aquelas e agora estão sujas e molhadas.
                       -- E o que eu tenho a ver com isso? – Arqueou a sobrancelha. – Não sou sua babá e não tenho tempo para comprar roupas para ti. 
                    Aquela mulher era tremendamente irritante. Como um ser humano poderia ter aquele jeito estúpido de ser. – pensava a cigana.
                       -- Certo! – Deu um sorriso forçado que parecia mais uma expressão de dor. – Praticarei o nudismo. Assim fico em contato com a natureza por completo. – Revirou os olhos em gesto de tédio.
                    Maria Fernanda ficou pasma quando a viu jogar a toalha no chão e prostrar-se totalmente despida a sua frente. Não entendia o porquê de se sentir tão incomodada com aquilo.
                  Manteve os olhos na altura dos olhos escuros. Inconscientemente, sua visão foi baixando, primeiro viu os seios redondos e perfeitos, em seguida o triângulo sedutor no meio das coxas.
                       Seria aquela Eva a mesma que tentou Adão no paraı́so?
                        -- Vista-se! – Ordenou.
                        -- Eu não tenho roupa! – Frisou pausadamente.
                        A juı́za abriu o armário, tirou um short e uma camiseta, jogando com força contra ela.
                         -- Vista isso e me deixe em paz.
                        Beatrice sentiu o cheiro da praga da meritíssima nas vestes, depois encarou-a novamente. 
                         -- Mas cadê  a calcinha e o sutiã?
                         O maxilar de Fernanda enrijeceu.
                    -- Olha aqui, sua mimada. – Apontou o dedo para ela. -- Eu não tenho nenhuma obrigação de te arrumar vestimentas.
                           -- Ok! Você que manda, donna!
                            Rapidamente, Eva fez o que lhe fora mandado. Ouviram batidas na porta. A juı́za adiantou-se.
                           -- A comida já está lá embaixo. – O policial falou.
                        Maria Fernanda percebeu que o homem estava com cara de bobo e não olhava para ela. Então, virou e viu o que lhe chamava a atenção. A camiseta branca era transparente e expunha literalmente os seios da Belluti.
                             Bateu a porta na cara do homem.
                          Passou as mãos pelos cabelos e respirou fundo. Estava sem um pingo de paciência. Temia o que poderia fazer se não controlasse aquela raiva toda.
                            -- Você vai colocar outra blusa por cima dessa. – Segurou-a pelo braço. – Amanhã mesmo eu vou comprar roupas de baixos para ti.







Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

A antagonista - Capítulo 25

A antagonista- Capítulo 22

A antagonista - Capítulo 21