Dolo ferox -- Penúltimo capítulo
A noite estava alta, o céu que antes apresentava um brilho intenso de pontinhos a desenhar o abobado, agora se mostrava escurecido, sombrio.
Não se ouvia vozes humanas, apenas os animais noturnos pareciam se exaltar quando viram a morena de lingerie vermelha cobrindo os seios com as mãos de trapezista atravessar o pátio e entrar na casa.
A jovem aristocrata sentia as batidas do coração pulsar em um ritmo desenfreado. Arrependia-se de não ter batido mais na face da ruiva, arrependia-se de não ter feito-a se arrepender de brincar com uma Vallares.
Estava tudo às escuras, então teve um susto quando se deparou com Helena no corredor. A circense agradeceu por tudo estar na penumbra.
-- O que se passa, filha? -- A mulher indagou apreensiva.
Estava voltando do quarto de Victor quando ouviu passos e veio ver de quem se tratava. Ainda não tinha conseguido dormir, ainda mais por saber que Natasha iria atrás da neta de Nicolay e tinha certeza que seria uma péssima conversa.
Valentina não respondeu, apenas entrou em seu quarto tendo a esposa do arquiteto logo atrás de si.
As luzes estavam acesas, então seguiu até o banheiro e pegou um roupão para vestir.
-- Quem colocou as coisas da Valerie aqui? -- Questionou retornando.
A senhora Antonini fitou o corado nas bochechas da mãe do ruivinho.
-- Bem, eu acho que como são casadas, seria o certo…
A morena soltou um suspiro aborrecido, enquanto seguia até a janela e via que a luz do estábulo ainda continuava acesa. Ela ainda estava lá. Ainda se sentia trêmula, excitada com a situação que tinha acontecido consigo e a maldita arrogante neta da duquesa.
Permaneceu parada lá por alguns segundos, apenas tentando controlar a respiração que se mostrava acelerada.
Lentamente se voltou para a outra.
-- Aquela cachorra não vai dormir comigo, não vai mesmo! -- Sentou-se no leito, mas levantou ao sentir o cheiro da arquiteta. -- Entenda que não vou me prestar ao jogo que ela faz. Passei todos esses dias sendo ignorada, ela estava saindo com mulheres, humilhando-me diante de todos que sabem do nosso casamento.
-- Eu te entendo. -- Aproximou-se tocando-lhe a face. -- sei que ela agiu de forma errada… -- Suspirou. -- A Natasha não sabe lidar com os sentimentos, com as dores e com as perdas, porém isso não dar a ela o direito de agir assim. -- Observou a mala que ainda não tinha sido desfeita. -- Levarei para outro quarto. -- Depositou um beijo em sua testa. -- Te apoio em tudo, pois sei como vem lutando e como sempre se mostrou corajosa.
A Vallares esboçou um sorriso, parecia um pouco constrangida pela forma dura que tinha se dirigido àquela mulher tão bondosa. Viu-a deixar o quarto e continuou parada no mesmo lugar a fitar a cama demoradamente.
Não seria dominada por seu desejo. Cruzou os braços sobre os seios e retornou à janela.
Independente de tudo, de todos os acontecimentos, a única coisa que ansiara fora ficar ao lado daquela mulher, apoiá-la em sua dor, confortá-la em seu desespero e mostrar que juntas poderiam vencer tudo aquilo, mas fora totalmente excluída, como se estivesse a tratar com uma qualquer e não com a pessoa que sempre deixara claro seu amor, afirmara seus sentimentos em todos os momentos, não desistira dela mesmo diante dos acontecimentos e continuava sendo tratada como uma garotinha boba e irresponsável.
Caminhou até o leito e exasperada retirou os lençóis que os cobriam. Mirou a porta e pensou se não seria uma boa ideia fechá-la.
Meneou a cabeça negativamente e seguiu até o banheiro.
Despiu-se e caminhou até o box. Ligou as duchas em água gelada, sentindo-a relaxar seus músculos.
Apoiou as mão na parede e permaneceu lá até o desejo do seu corpo desaparecer.
Esfregou-se com brutalidade, machucando a própria pele, pois tinha a impressão que ainda sentia o cheiro daquela mulher em si. O hálito etílico lhe embriagara...
Não sabia como fora se apaixonar daquele jeito por Natasha. Não entendia seus sentimentos, sua raiva, seu ódio… seu amor. Tudo lhe perturbava.
Na manhã seguinte uma mesa fora colocada sob uma árvore e os empregados arrumaram-na para os visitantes. Havia pães, frutas, bolos, sucos, queijos, leites, cafés.
Leonardo, Helena, Nicolay, Nícolas, Mariana estavam sentados. Valentina chegou depois com o filho nos braços. Não conseguira dormir e era possível notar isso nas olheiras que enfeitavam seus olhos.
Cumprimentou a todos e depois se acomodou com o filho que parecia desejar pegar tudo que tinha na mesa.
A morena lhe entregou uma maçã e o pequeno se distraiu tentando morder com seus dentes miúdos.
O dia estava frio. Sabia que não demoraria para que uma chuva caísse.
-- Filha, a cachaça que está sendo produzida aqui é uma das melhores. -- O conde começava. -- Acho que logo vamos estar exportando para fora.
-- Eu mesma fico imensamente feliz por isso, pois estamos conseguindo empregar as pessoas da vila.
-- Sim, e a Valerie ontem se comprometeu em comprar as terras vizinhas para construir as casas para eles. -- Nícolas dizia entusiasmado. -- Comprometi-me em me associar a ela nesse projeto.
A circense soltou um longo suspiro.
Última coisa que desejava era falar na ruiva.
Tivera uma noite péssima, seu sono foi perturbado por sonhos sensuais com a empresária de sorriso cínico e arrogante.
-- E o Pepi onde está? -- Questionou tentando mudar de assunto.
-- Ah sim, ele saiu cedinho com a Natasha, foram até a vila. -- Nicolay. -- A Natasha acordou de madrugada, acho que não dormiu bem. Pediu que selassem um dos cavalos e foi com o Pepi.
A trapezista mordiscou o lábio inferior, depois pegou a mamadeira que a empregada tinha trazido e entregou ao filho, só depois respondeu:
-- Ah, sim, interessante. -- Pegou um copo de suco, bebendo-o lentamente.
-- E que horas você foi para a cama, Valentina? -- Mariana questionou comendo um pedaço de bolo. -- Quis te ajudar no estábulo, mas seu pai falou que você já estava terminando.
A morena tossiu como se tivesse se engasgado.
Deus, como encararia a família se algum deles tivessem presenciado aquela cena.
Nícolas se levantou, aproximou-se de Victor, tomando-o nos braços.
-- Foi porque a Valeria disse que faria isso. -- Mirava a criança que gargalhava tentando lhe segurar o nariz. -- Vou à cidade com Mariana e quero levá-lo comigo. -- Levantou-o no alto lhe arrancando risos. -- Não acho que Natasha se importe, ela ficou com ele toda a noite, não sei se ele a acordou ou foi o contrário.
Valentina fitou Helena com um arquear de sobrancelha.
-- Sim, ela ficou no quarto com ele e parece que foi uma noite agitada.
-- A Valerie não dormiu contigo, filha?
Nicolay perguntou com uma naturalidade tão grande que a morena sentiu o rosto em chamas, enquanto os olhares se voltavam para si, pareciam interessados em uma explicação.
Antes que a jovem pudesse responder ou fingir que não tinha ouvido, pôde-se ouvir trotes.
Nem era preciso Victor se desesperar nos braços do avô para a morena saber quem estava chegando. O perfume dela parecia uma falta de respeito. Viu o garanhão branco parar de frente a mesa e lá estava a arrogante mulher.
Viu o sorriso e com satisfação notou o vermelho na face, se tivesse batido com mais força, quem sabe ela não pareceria tão feliz.
Relanceou os olhos ao fitar a aliança dourada reluzir em seu anelar longo. Aquilo em sua mão era um símbolo maior da sua safadeza.
Viu o olhar seguir em sua direção.
Ela usava calça jeans justos rasgada nos joelhos e camiseta branca, ainda usava um chapéu de abas preto.
Se o Lúcifer realmente existisse, deveria ter aquela mesma aparência.
Viu Nícolas entregar o filho para que a Valerie colasse a sua frente, fazendo-o acariciar a crina do cavalo. Pensou em protestar, mas permaneceu calada.
-- Mandarei alguns cavalos para cá. -- A voz rouca dizia. -- Leonardo tem alguns muito bons. -- Sorriu quando o filho tentou lhe morder a mão.
-- Vejo que não saiu ilesa dos pequenos dentes. -- O conde riu. -- Acho que só faltava inaugurar seu couro.
Valentina a fitou se soslaio e viu como estava desprovida de cinismo. Os olhos verdes brilhavam e se estreitavam em humor, enquanto brincava com a criança, diferente de quando lhe olhavam.
-- Não te mordeu a noite, filha? -- Antonini questionou. -- Parece que foi mordida na face.
Todos riram até a empresária, menos a circense parecia mais interessada em comer uma fatia de bolo.
-- Estou indo à cidade e quero levar o Victor. -- Nícolas se aproximou do cavalo.
-- Não há problemas! -- Beijou o pequeno e o entregou ao empresário. -- à tardinha vou com ele até a vila.
Victor não pareceu gostar muito de sair dos braços da mãe, mas Nícolas e Mariana enrolaram o menino, afastando-se.
-- Desça, coma com a gente. -- O aristocrata convidou. -- Estou achando que uma tempestade vai cair logo por essas bandas.
A ruiva assentiu, enquanto desmontava e amarrava o cavalo, depois deu a volta e para surpresa da Vallares, sentou ao seu lado.
-- Esse lugar é bastante tranquilo, acho que gosto de ficar aqui. -- Helena dizia ao ver a expressão carrancuda da trapezista. -- acho que o Victor gostou de brincar aqui. Daqui a pouco vai querer a piscina. -- Riu.
Valentina se sentia desconfortável e não queria ser mal educada e deixar aquelas pessoas que amavam tanto por culpa de Natasha.
Tentava se manter sempre de boca cheia para não ter que participar da conversa, no máximo acenava com a cabeça. Vez e outra sentia a perna na ruiva a roçar à sua e isso era algo que estava irritando em demasia.
Em determinado momento lhe mirou de esguelha e seu olhar não foi um dos melhores, a Valerie apenas a ignorou voltando a atenção aos presentes e assim fora durante o desjejum.
Isadora estava deitada em uma cama minúscula na sua cela. Lia uma bíblia que pedira ao advogado. Acreditava piamente que logo sairia daquela prisão, afinal, tudo o que fez foi para livrar o mundo da presença miserável de Natasha Valerie. Sabia que ela era cria do demônio, viu isso quando ela veio ao mundo, os pequenos chifres.
-- O senhor é meu pastor e nada me faltará… -- Repetia em tom alto. -- minha missão ainda não terminou nessa terra, mas acredito que logo o fim da maligna chegará, eu creio que vim a este mundo para eliminar o mal e não sairei dele sem fazê-lo.
Levantou-se e foi até a grade.
-- Me tirem daqui, eu sou a duquesa de Hanminton, não posso ficar nesse lugar. A própria rainha me visitará em minha mansão, logo será a hora do chá.
A ruiva ficou cavalgando pelas terras desertas, examinando tudo, até mesmo a parte que pretendia comprar para fazer uma junção com o que já existiam. Seguira até a plantação e falara com algumas pessoas que conhecia.
Observou o céu que ficava cada vez mais escuro. talvez devesse retornar para a casa, mas não era uma boa ideia ficar no mesmo lugar que a neta de Nicolay. Sabia que seu controle diante dela era mínimo, parecia não conseguir se conter.
Continuou a cavalgar, sentia o vento frio lhe chicotear a face. Afastava-se ainda mais, sentindo-se a liberdade de passear por aquelas pastagens.
Parou diante de uma macieira. Ficando sob seus galhos, pegou uma fruta, limpou-a na calça, depois mordeu-a.
Recordou-se de quando estava desmemoriada e adorava quando traziam frutas.
O animal pegou um dos frutos também e Natasha riu. Puxou as rédeas e continuou a trotar pelas redondezas.
Sabia que precisava retorna à cidade, voltar ao seu desespero e ansiedade para que a irmã aparecesse de uma vez.
Não tinha medo de Nathália, não se preocupava consigo, apenas se assustava com a possibilidade de que ela ousasse se aproximar de Valentina e Victor. Ainda lhe doía não ter conseguido salvar o amigo. Sabia que ele tinha morrido por ter escolhido ficar ao seu lado.
Esporeou o garanhão, fazendo-o correr ainda mais, talvez assim conseguisse afastar da sua mente aquelas preocupações, mas sua cabeça estava centrada na Vallares.
Seguia curiosa parando na cachoeira.
O lugar era ainda mais lindo do que recordava.
Viu as pedras e se lembrou de quando estava sem memória e viu a trapezista tomando banho nua ali, sob as águas cristalinas. Ainda se recordava da reação do corpo à visão feminina.
Soltou um longo suspiro, enquanto observava a vegetação que cercavam aquele pequeno paraíso.
Tudo era tão verde a cercar o local que o oxigênio parecia puro como no paraíso.
Alisou a crina do animal, enquanto tentava afastar dos pensamentos a imagem a filha de Nícolas.
Por que não entendia de uma vez por todas que não era digna daquela mulher?
Havia uma força tão grande em seu interior, algo poderoso que a conduzia ao encontro dela.
Passara a semana com beldades ao seu lado, ouvindo conversas massantes, tediosas, tudo em uma busca inconsciente de se livrar daquele sentimento, temendo desgraçar a vida da mulher que amava.
Fitou o céu por entre as árvores que cobriam a visão. Logo choveria, mesmo assim não desejava retornar. Sabia o sacrifício que fora na hora do desejum, senti-la ao seu lado.
Mexeu-se inquieta sobre a sela.
Tudo era tão verde a cercar o local que o oxigênio parecia puro como no paraíso.
Alisou a crina do animal, enquanto tentava afastar dos pensamentos a imagem a filha de Nícolas.
Por que não entendia de uma vez por todas que não era digna daquela mulher?
Havia uma força tão grande em seu interior, algo poderoso que a conduzia ao encontro dela.
Passara a semana com beldades ao seu lado, ouvindo conversas massantes, tediosas, tudo em uma busca inconsciente de se livrar daquele sentimento, temendo desgraçar a vida da mulher que amava.
Fitou o céu por entre as árvores que cobriam a visão. Logo choveria, mesmo assim não desejava retornar. Sabia o sacrifício que fora na hora do desejum, senti-la ao seu lado.
Mexeu-se inquieta sobre a sela.
Ainda sentia o desejo da noite anterior.
Quanto tempo ficara deitada sobre o feno não tinha ideia, mas precisara se tocar para amenizar a vontade de tomar a esposa para si, mesmo que ela não cedesse. Entendia sua irritação, sabia que sua forma de agir não seria compreendida por ninguém, mas o medo de que algo de ruim pudesse acontecer ainda lhe sufocava.
Maldição!
Por que simplesmente não conseguia sumir de uma vez da vida de todos?
Ouviu um trovão e o garanhão se assustou, ela tentou controlá-lo, mas acabou sendo arremessada.
Caiu sentada sobre o chão e ao tentar se proteger na queda, sua mão esquerda cortou-se em uma pedra afiada.
Maldição!
Por que simplesmente não conseguia sumir de uma vez da vida de todos?
Ouviu um trovão e o garanhão se assustou, ela tentou controlá-lo, mas acabou sendo arremessada.
Caiu sentada sobre o chão e ao tentar se proteger na queda, sua mão esquerda cortou-se em uma pedra afiada.
Fitou o machucado com desgosto e logo o animal saia em disparada.
Gemeu ao contemplar o corte que praticamente lhe atravessava a palma da mão.
Gemeu ao contemplar o corte que praticamente lhe atravessava a palma da mão.
Praguejou alto vendo o sangue jorrar.
Valentina tinha saído para ver as melhorias que tinham sido feitas na fazenda. Um peão a acompanhava. Seguiam a cavalo.
Pararam diante da plantação gigantesca de cana-de-açúcar. Viu algumas pessoas que conhecia da vila lhe acenar, então desmontou e foi até eles. Gostava de gente simples, da forma que falavam, dos seus gestos espontâneos, mesmo que alguns se intimidassem com sua presença.
Sorria e cumprimentava a todos até que viu o cavalo que Natasha tinha montado pela manhã passar em disparada.
A trapezista observou de onde vinha o animal e seguiu por lá. Pensara que a ruiva estava em casa com o avô e Leonardo discutindo negócios, porém agora o garanhão agora aparecia em desespero.
-- A senhora Valerie estava com ele, a vi passeando e seguindo até a cachoeira. -- Um dos empregados falou.
A Vallares observou tudo ao redor, já sentindo as gotas de chuvas cair.
-- Libere os empregados, é perigos trabalharem durante a tempestade. Irei ver o que se passa com a Natasha.
-- Mas, senhora, pode ser perigoso.
Ela assentiu.
-- Faça o que eu disse, logo retorno.
Antes que o rapaz pudesse protestar, a morena saia em disparada. Preocupava-se pensando que algo pudesse ter ocorrido com a empresária, mesmo odiando-a, sabia que em uma parte de si que tentava sufocar ainda tinha aquele amor poderoso.
O céu estava totalmente escuro, tinha-se a impressão que já iria anoitecer. Alguns raios cortavam o abobado e Valentina seguia com cuidado para que o cavalo não se assustasse. Seguiu a trilha que levava à cachoeira. Mantinha o cavalo seguro para que não fugisse. Amarrou o cavalo e desceu, indo por entre as árvores e viu Natasha. Ficou parada lá, observando, viu-a segurar a palma da mão.
Pensou em retornar para a casa, mas acabou indo até ela.
-- A senhora Valerie estava com ele, a vi passeando e seguindo até a cachoeira. -- Um dos empregados falou.
A Vallares observou tudo ao redor, já sentindo as gotas de chuvas cair.
-- Libere os empregados, é perigos trabalharem durante a tempestade. Irei ver o que se passa com a Natasha.
-- Mas, senhora, pode ser perigoso.
Ela assentiu.
-- Faça o que eu disse, logo retorno.
Antes que o rapaz pudesse protestar, a morena saia em disparada. Preocupava-se pensando que algo pudesse ter ocorrido com a empresária, mesmo odiando-a, sabia que em uma parte de si que tentava sufocar ainda tinha aquele amor poderoso.
O céu estava totalmente escuro, tinha-se a impressão que já iria anoitecer. Alguns raios cortavam o abobado e Valentina seguia com cuidado para que o cavalo não se assustasse. Seguiu a trilha que levava à cachoeira. Mantinha o cavalo seguro para que não fugisse. Amarrou o cavalo e desceu, indo por entre as árvores e viu Natasha. Ficou parada lá, observando, viu-a segurar a palma da mão.
Pensou em retornar para a casa, mas acabou indo até ela.
-- O que se passa?
A ruiva teve um susto, mirando-a, vendo o sangue jorrar do corte.
-- Um trovão assustou o cavalo, eu escorreguei e me machuquei.
A trapezista tirou a camiseta e usou para estancar o fluxo.
A Valerie a olhava a forma que a Vallares cuidava da ferida, sentia o perfume dela, o aroma suave.
-- Foi fundo, precisamos cuidar disso para não inflamar.
A arquiteta fitava os lábios bem desenhados e o sutiã delicado que enfeitava o colo bonito.
A arquiteta fitava os lábios bem desenhados e o sutiã delicado que enfeitava o colo bonito.
-- Um cortezinho apenas. -- Disse.
Os olhares de ambas se cruzaram. Valentina agia com frieza e a ruiva parecia perdida em suas frustrações.
-- Pode infeccionar e ficar bem pior. -- Voltou a observar o tecido da blusa branca que já se tingia de vermelho. -- Talvez precise até de pontos.
-- Não, não para tanto. -- Observou ao redor. -- O cavalo foi embora.
-- Sim, ele passou por mim, enquanto estava na plantação.
Natasha a fitou por alguns segundos e seu olhar acabou passando pelo sutiã branco que ela usava.
-- Não pode sair por aí sem blusa. -- Soltou um longo suspiro.
A circense deu de ombros, enquanto se afastava.
-- Posso e você vai ter que vir comigo no meu cavalo, não pode ir andando até em casa.
-- Vai me dar carona? -- A ruiva questionou surpresa.
Valentina não respondeu apenas seguiu até o cavalo que pastava ali perto. Poderia ir embora e deixá-la lá, mas sabia que não seria uma atitude conivente com sua personalidade.
Soltou um longo suspiro, depois encarou a ruiva que continuava no mesmo lugar segurando o machucado.
-- Vamos logo, precisamos cuidar disso.
A arquiteta seguiu até ela, viu-a montar e depois estender a mão para lhe auxiliar.
A Vallares sentiu-a colada às suas costas e desejou que o caminho até a fazenda fosse feito rápido, entretanto as nuvens que se formaram durante toda a manhã agora caiam implacável sobre as duas mulheres.
O cavalo se assustou com um raio que caiu próximo a eles.
A morena sabia que o animal não seguiria e ainda estavam um pouco distante.
A trapezista sentia a ventania forte, inclinou a cabeça para ouvir a empresária.
A trapezista sentia a ventania forte, inclinou a cabeça para ouvir a empresária.
-- Por entre as árvores há uma tapera abandonada -- a ruiva falava alto para se fazer ouvir -- podemos passar a chuva lá.
Valentina já tinha visto o lugar uma vez, mas nunca entrou, porém sabia que aquela seria a melhor solução, então seguiu em disparada, sentindo as gotas ficarem cada vez mais grossas. Já conhecia as chuvas naquela região e sabia que podia durar bastante tempo.
Ouvia as patas do garanhão por entre as poças. Sentia a respiração quente da esposa em seu pescoço, as enlaçadas em sua cintura.
Alguns segundos se passaram até que chegassem ao lugar.
Observou as ervas daninhas a invadir praticamente todo o terreno. Com certeza não se usava aquele lugar há bastante tempo. A madeira estava escurecida como se tivesse sindo queimada. Não havia portas, tampouco janelas. Parte do telhado estava destruído.
Ouvia as patas do garanhão por entre as poças. Sentia a respiração quente da esposa em seu pescoço, as enlaçadas em sua cintura.
Alguns segundos se passaram até que chegassem ao lugar.
Observou as ervas daninhas a invadir praticamente todo o terreno. Com certeza não se usava aquele lugar há bastante tempo. A madeira estava escurecida como se tivesse sindo queimada. Não havia portas, tampouco janelas. Parte do telhado estava destruído.
Deixaram o cavalo em frente a cabana e buscaram refúgios nos escombros.
No interior do lugar a situação ainda era pior. Móveis destruídos, mato alto. Andavam com cuidado para que não acabassem sendo surpreendida por um bicho.
A morena seguiu até perto da abertura que uma dia fora usada como janela.
No interior do lugar a situação ainda era pior. Móveis destruídos, mato alto. Andavam com cuidado para que não acabassem sendo surpreendida por um bicho.
A morena seguiu até perto da abertura que uma dia fora usada como janela.
Natasha viu-a tremer, então se aproximou, mas a outra se afastou com olhar de advertência.
-- Eu só desejo tentar te esquentar um pouco. -- Disse cruzando os braços. -- Não vou te atacar.
-- Não precisa, importe-se em te esquentar e de mim cuido eu.
A empresária mirou os olhos negros demoradamente, sentindo a frieza deles em sua direção.
-- Valentina…
-- Por favor, já chega, se o que for dizer tiver algum cunho sexual, guarde para ti, não desejo te ouvir. -- Arrumou os cabelos molhados com gestos nervosos. -- Se te trouxe da cachoeira, fi-lo da forma que faria por qualquer um, não porque desejo que tenhamos algum tipo de aproximação…
-- Eu lembro de ti. -- Interrompeu-a.
A neta do conde franziu o cenho e por alguns segundos fora possível ver em seus olhos um brilho diferente que logo fora substituído por frieza.
-- Não sei como as lembranças retornaram, mas simplesmente voltaram… -- Encostou-se à madeira escurecida pelo tempo. -- Lembro a primeira vez que estive em seu trailer… Do cruzeiro… De quando confessei a verdade…
-- Chega! -- A morena ordenou se aproximando. -- Não quero saber das suas lembranças… Na verdade, sabe, Valerie, eu adoraria poder esquecer cada um dos momentos que você esteve presente em minha vida, cada recordação que ainda me massacra em meus pensamentos.
A empresária a tomou pelos ombros, não se lembrando do machucado na mão que latejava.
-- Eu amo você, Valentina, sei que minha forma de agir é estúpida, arrogante, injusta, mas eu te amo.
-- O seu amor não é mais suficiente para mim. -- Afastou-a delicadamente. -- Percebi isso quando desejei estar ao seu lado para te apoiar nesse momento difícil e você simplesmente me empurrou para fora da sua vida.
O maxilar da ruiva enrijeceu.
O maxilar da ruiva enrijeceu.
-- Estou tentando te proteger da Nathália, você viu como elas são cruéis. Mataram o Rick, Isadora matou o próprio filho, ela faria pior contigo e com o Victor só para me atingir, só para me ferir.
Valentina permaneceu em silêncio durante alguns segundos até falar:
-- Eu não terei um relacionamento no qual não possa lutar ao lado da pessoa, no qual me colocam para fora da vida e depois voltam como se tudo fosse questão da sua escolha.
A Valerie sabia que deveria aceitar aquelas palavras, mas mesmo assim tentou tocá-la novamente, mas foi repelida.
-- Eu não quero mais nada contigo, desejo que nosso casamento seja anulado, afinal, contraí matrimônio sem saber quem estava diante de mim.
-- Valentina...
O nome foi pronunciado como se fosse uma súplica.
-- Por mim já chega, Natasha, quero que se mantenha distante de mim, não tenho nenhuma vontade de continuar essa conversa. -- Aproximou-se, fitando os olhos verdes escurecidos. -- Não haverá mais nada entre a gente!
-- Valentina...
O nome foi pronunciado como se fosse uma súplica.
-- Por mim já chega, Natasha, quero que se mantenha distante de mim, não tenho nenhuma vontade de continuar essa conversa. -- Aproximou-se, fitando os olhos verdes escurecidos. -- Não haverá mais nada entre a gente!
A empresária assentiu com um gesto afirmativo de cabeça, depois seguiu até a porta da casa, ficando lá, apenas observava a chuva, sabendo que tinha fracassado diante da única mulher que amara em sua vida.
Suspirou, enquanto imaginava como a avó ficaria feliz em ver como a neta odiada sabotara o amor. Agora entendia que se realmente Verônica estivesse viva, tinha certeza de que não teria aguentado continuarem juntas.
Ouvia os trovões e ansiava para que tudo aquilo acabasse e pudesse retornar para casa, para sua cobertura, permanecer lá, com seu piano, mergulhada em suas lembranças que agora lhe atormentavam, mas também serviriam como consolo.
Mordiscou o lábio inferior.
Nem mesmo acreditava que poderia ser uma boa mãe para o filho. Ele merecia ficar ao lado da circense, ela o amava, saberia protegê-lo.
Mordiscou o lábio inferior.
Nem mesmo acreditava que poderia ser uma boa mãe para o filho. Ele merecia ficar ao lado da circense, ela o amava, saberia protegê-lo.
Viu a chuva aumentar, então sentou-se ali na porta, depois se recordou da mão ferida.
A camiseta dela estava cheia de sangue, mas ao abrir notou que já não sangrava tanto.
Valentina a observava, enquanto lutava para não se entregar novamente ao sentimento que parecia tão grande que exploderia em seu peito.
Fechou os olhos tentando manter as lágrimas presas.
Em sua cabeça martelava aquele amor que surgira como força de um vulcão e explodia aos poucos, jogando suas labaredas por todos os lados.
Não, não podia continuar sendo machucada daquele jeito. Estava disposta a seguir em frente.
Leonardo e Helena estavam no quarto. Tinha terminado o almoço e seguido para descansar.
O arquiteto deitou, enquanto a mulher seguiu até a janela, observando a chuva intensa que caia na região.
-- Onde está a Natasha e a Valentina, meu Deus, já estou ficando preocupada. -- ela dizia.
-- Podem estar juntas…
Helena o encarou.
-- Não acho, acredito que dessa vez nossa menina vai se dar mal, ela não deveria ter agido da forma que o fez, machucara bastante a mulher que a ama.
-- Sim, eu vi o olhar das duas hoje, percebi isso e é uma pena mesmo que a Natasha tenha agido da forma que o fez, mas eu a entendo, meu bem, nós estivemos com ela durante esses dias, víamos como estava assustada, como estava temerosa, amedrontada dos atos da avó e da irmã chegarem até Valentina e o Victor, ela não teme por si, teme por eles, pois sabemos que não suportaria perdê-los.
-- Mas está perdendo a mulher que ama! -- Soltou um longo suspiro sentando. -- Por favor, Leonardo, não podemos permitir que isso ocorra, imagina como nosso neto vai sofrer, como vai ser ruim para a Nath, ela merece ser feliz, merece depois de tudo o que passou.
O arquiteto se sentou, depois estendeu a mão para a esposa se acomodar ao seu lado, abraçando-a, beijou-lhe os cabelos.
-- A nossa menina precisa aprender algumas coisas. A Valentina está certa em agir assim, ela foi a mais machucada nesse período, pois eu vi, todos vimos como ela sofreu, enquanto Natasha lutava para sobreviver. -- Segurou-lhe a mão, depositou um beijo. -- Meu amor, vamos torcer para que a Valerie consiga seguir pelo caminho certo, que ela consiga buscar o que é necessário nesse momento tão difícil para não perder tudo que mais ama nesse mundo.
A senhora Antonini esboçou um sorriso triste, pois não acreditava que as coisas pudessem se resolver, ainda mais diante do orgulho e arrogância da neta que a duquesa desprezara a vida toda.
Natasha permaneceu no mesmo lugar, enquanto mantinha os olhos fechados, sentindo a mão doer ainda mais. Latejava o corte.
Lentamente retirou a camiseta e viu que estava inchado. Era só o que faltava naquele momento.
Levantou-se e sentiu tontura, sentia um terrível frio. Valentina correu até ela ao vê-la bombear.
-- Eu estou bem! -- Tentou afastá-la.
-- Você está muito quente, deve estar com febre. -- Fitou-a assustada ao ver os lábios rosados tremerem.
-- Foi apenas a chuva que me fez mal. -- Deu alguns passos para trás. -- Acho que a gente pode ir, não está chovendo tanto.
A morena observou a face corada.
-- Eu vou buscar o cavalo e já volto.
A ruiva assentiu e ficou lá a esperar. Sentia o corpo tremer. Praguejou em pensamentos. Não acreditava que um corte poderia lhe fazer tanto mal. A única coisa que queria era poder sair o mais rápido possível daquela fazenda, retornar para sua casa e ficar lá.
Viu a esposa trazer o animal e seguiu até ela com dificuldade.
-- Monte na frente. -- Valentina pediu.
A empresária apenas assentiu, fazendo o que fora dito.
A circense observava a noite já aparecendo e ficou preocupada ao montar e sentir a ruiva pegando fogo, mesmo estando com as roupas molhadas.
Colocou as mãos ao lado do corpo da mulher para pegar as rédeas e lentamente seguiam. Vez e outra sentia a cabeça dela pender contra si, decerto estava cochilando.
Quando chegassem precisaria que alguém buscasse um médico na cidade, teriam que examinar o machucado. Sabia que levaria pontos, estava profundo e grande. Viu-a tremer, enquanto mantinha distância, aproximou-se mais para apoiá-la em seu corpo. A ruiva inclinou a cabeça para lhe mirar, depois voltou à posição normal, ereta.
-- Assim que chegarmos vou pedir para que alguém vá buscar o médico para fazer sua mão ficar boa rapidinho. -- Dizia em seu ouvido.
-- Não se preocupe… Isso não vai me derrubar. -- Falou com a respiração pesada.
-- Está bem, mesmo assim o médico vai te cuidar.
O resto da cavalgada fora feito em total silêncio até chegarem à casa grande ainda debaixo da chuva que aumentou.
Um peão se aproximou para ajudar as duas mulheres.
Valentina e Natasha adentraram as portas e encontraram o conde, Leonardo, Helena bastante aflitos.
-- O que houve? -- Nicolay foi o primeiro a questionar.
Antonini e a esposa se aproximaram suspresos ao verem as duas figuras totalmente molhadas.
-- O que houve com vocês?
-- O cavalo se espantou com um trovão e eu acabei caindo e cortando a mão. -- A Valerie se adiantou.
-- Meu Deus! -- A esposa do arquiteto disse ao ver a ferida. -- Está horrível.
-- Está tudo bem! -- A ruiva retrucou. -- Preciso de um banho apenas.
Helena assentiu acompanhando à empresária.
-- Vovô, peça pra alguém ir buscar um médico.
-- Filha não vai ter como, houve um desmoronamento que fechou a estrada. Nícolas ficará hospedado na cidade com a Mariana e com o Victor.
Valentina soltou um impropério e logo se desculpou diante do olhar de advertência.
-- Desculpe, vou subir para ajudar. -- A jovem falou se afastando.
Leonardo viu a pressa com a qual a circense seguiu e ficou a pensar como era possível ver o amor que ela tentava esconder a todo custo.
Valentina encontrou as duas mulheres no corredor, já seguindo para o quarto de Victor.
Valentina encontrou as duas mulheres no corredor, já seguindo para o quarto de Victor.
-- Pode ficar no meu quarto.
-- Não, não! -- Natasha protestou.
A trapezista tomou a frente.
-- Você está com febre, não está bem, precisa descansar em uma cama, não em um sofá! -- Disse irritada.
Helena interviu.
-- Ela está certa, você não está bem.
A ruiva apenas deu de ombros, enquanto seguia até os aposentos da morena.
-- Precisa de um banho! -- A trapezista foi logo dizendo, enquanto pegava um roupão. -- Precisa de ajuda? -- Entregou-lhe.
-- Não! -- Natasha respondeu sem fitá-la.
A Antonini e a Vallares ficaram lá, vendo-a entrar no banheiro.
-- O corte está feio, vai precisar de pontos, mas o médico não pode vim aqui.
-- O frei está aqui com Pepi, acho que ele pode ajudar.
-- Então traga-o aqui!
Helena saiu em disparada.
Valentina pegou outro roupão e lentamente se livrou das roupas molhadas. Queria tomar um banho, mas não iria dividir o banheiro com a ruiva, nem em sonhos.
Vestiu o vestimento quentinho e ficou a esperar pela outra.
Mirou o leito e soltou um longo suspiro. Claro que não desejava dividir com ela a cama, ainda mais depois de tudo o que aconteceu, mas todos os quartos estavam ocupados e não podia deixar que ela ficasse em um sofá estreito.
Ainda sentia o cheiro dela em seu corpo enquanto seguiam no cavalo.
Sim, desejava apagá-la de sua memória, tirá-la de uma vez por todos dos seus pensamentos.
Umedeceu os lábios demoradamente, depois levou as unhas bem feitas aos lábios, roendo-as em ansiedade.
Alguns minutos se passaram e logo a ruiva aparecia. A face parecia ainda mais corada.
A trapezista se aproximou dela e lhe tocou a tez.
-- Deus, Natasha, você está pegando fogo! -- Disse assustada.
-- Bobagem! -- Desvencilhou-se.
A morena se aproximou novamente e pegou a mão dela.
Estava com uma aparência horrível, além de ainda sangrar.
-- Isso precisa de pontos. -- Encarou-a. -- Deita, vou pegar o kit de primeiros socorros pra cuidar dela.
A arquiteta nada disse e continuou no mesmo lugar, enquanto via a Vallares pegar a pequena maleta.
-- Por que se preocupa tanto? -- A empresária indagou.
Os olhos negros desviaram dos intensos verdes.
-- Porque você está machucada e seria maldade da minha parte ignorar isso.
-- Sente pena?
Antes que a neta do conde respondesse, Helena entrou junto com o frei.
-- O que houve?
As duas mulheres continuaram a se olhar por alguns segundos como se estivessem hipnotizadas até a ruiva se afastar.
-- Não foi nada, só caí do cavalo e cortei a mão.
-- Meu Deus, filha! -- O homem se aproximou assustado. -- Isso precisa de cuidados rápidos.
-- Isso que estou tentando dizer a ela, mas a cabeça dela é muito dura para entender. -- Valentina falou.
-- Deite, irei ver o que faço. -- Ordenou o religioso. -- Traga água quente para mim e agulha com linha esterilizada.
Natasha soltou um suspiro de irritação, mas fez o que disseram.
A esposa de Leonardo saiu rapidamente, enquanto a neta do conde se aproximava para limpar o machucado.
A ruiva cerrou os dentes ao sentir a ferida arder.
-- Filha, você está com muita febre. -- O frei lhe tocou a testa. -- O médico não pôde vim, Valentina?
-- Não, houve um deslizamento que fechou a estrada. -- Falava, enquanto limpava o ferimento. -- Desculpa! -- Pediu ao ouvir o gemido da ruiva.
Os olhos verdes encontraram os negros e depois desviaram.
Os olhos verdes encontraram os negros e depois desviaram.
-- O senhor vai costurar? -- A circense questionou tentando se concentrar no que fazia.
-- Sim, vai ser preciso.
-- O senhor vai fazer isso? -- Natasha tentou se levantar. -- Não precisa.
O frei a deteve.
-- Vai ser necessário. -- Falou calmamente. --Precisamos de algo para baixar a febre.
A empregada entrou com uma panela com água quente e tecidos limpos. Helena trouxe o material pedido.
-- Foi esterilizado já.
Valentina observava a cena e ficava aflita só em pensar que o frei daria os pontos sem anestesia.
Via a face rosada e se condoia da situação.
A empresária sentia calafrios por todo o corpo. Observava com atenção os preparativos para sua pequena cirurgia. Mirou o corte profundo, depois sentiu o olhar da Vallares, então encarou-a durante alguns segundos, ansiando por ela e ansiando por partir para longe e nunca mais olhar a representação da sua fraqueza. Fitou a esposa de Antonini.
A empresária sentia calafrios por todo o corpo. Observava com atenção os preparativos para sua pequena cirurgia. Mirou o corte profundo, depois sentiu o olhar da Vallares, então encarou-a durante alguns segundos, ansiando por ela e ansiando por partir para longe e nunca mais olhar a representação da sua fraqueza. Fitou a esposa de Antonini.
-- Helena, me traga algo forte porque não sei se aguento.
A esposa de Leonardo dirigiu o olhar para a circense que fez um gesto afirmativo com a cabeça. A mulher saiu rapidamente.
-- Acho que você vai ter que segurar ela, filha.
A trapezista fitou a ruiva e viu como parecia ainda mais corada deitada sobre o leito. Os cabelos ainda úmidos, os lábios entreabertos, o olhar perdido.
A voz do religioso lhe despertou.
A voz do religioso lhe despertou.
-- Sente e coloque a Natasha entre suas pernas e seus braços, assim será mais fácil detê-la.
-- Não é necessário! -- A empresária dispensou. -- Eu tentarei suportar, sou forte.
Sim, Valentina sabia que ela era. Viu os vídeos, sabia como ela sofrera e fora torturada por aqueles doentes e mesmo assim sobrevivera.
-- Mesmo assim faça o que estou dizendo. -- O frei ordenou.
A neta do conde fez como o religioso disse, sentando na cama e trazendo a ruiva para seus braços. Abraçou-a pela cintura e logo a cabeça de cabelos flamejantes inclinou para mirá-la por alguns segundos.
A Vallares sabia que não poderia ficar perto daquela mulher ou perderia todas suas forças, ainda mais diante daquele olhar desprovido de arrogância.
-- Está muito quente, Valerie, sua febre está aumentando. -- Disse tentando disfarçar as batidas aceleradas do coração.
A ruiva não respondeu voltando a prestar atenção no frei. Via ele observa seu machucado e já sentia a dormência no membro.
Respirou fundo e sentiu o perfume da mulher que lhe abraçava a cintura. Observou os dedos longos e pensou como gostaria de que ainda usasse aliança.
Respirou fundo e sentiu o perfume da mulher que lhe abraçava a cintura. Observou os dedos longos e pensou como gostaria de que ainda usasse aliança.
Helena chegou acompanhada de Leonardo.
-- Meu Deus, isso vai ser necessário? -- O arquiteto questionou preocupado. -- Não será melhor esperarmos para ir até o hospital.
-- Pode infeccionar e ficar ainda pior. -- Valentina disse.
-- Pode infeccionar e ficar ainda pior. -- Valentina disse.
O frei assentiu.
-- No meu alforge há um balsamo, usei ele para cuidar dos machucados dela quando caiu no rio. Vai ajudar bastante.
-- Dê-me logo essa bebida! -- A empresária pediu.
O religioso abriu espaço para a esposa do arquiteto.
-- No meu alforge há um balsamo, usei ele para cuidar dos machucados dela quando caiu no rio. Vai ajudar bastante.
-- Dê-me logo essa bebida! -- A empresária pediu.
O religioso abriu espaço para a esposa do arquiteto.
-- Beba o suficiente!
Helena entregou a garrafa a ruiva que tomou goles grandes, depois deixou de lado.
-- Se ele se debater muito, ajude a Valentina a mantê-la imóvel. -- O frei ordenou.
Antonine assentiu ainda preocupado.
Mas como a Valerie tinha dito antes, era uma mulher forte. Cerrou os dentes a ponto de sentir o maxilar reclamar e era possível vê as lágrimas rolando dos seus olhos, mesmo assim aguentou firme.
A trapezista sentia os espasmos do corpo feminino, mas não houve gemidos, nem tentativa de se livrar da cruel sutura. Começou lhe acariciar o abdômen sob o tecido grosso do roupão. Acariciava-a com delicadeza, fazendo-a relaxar diante dos pontos que estava a receber. Queria poder lhe sussurrar em seu ouvido palavras doces, queria poder cuidá-la, mas não suportaria ser tratada novamente como fora há algumas semanas.
Sentiu a mão sadia dela pousar sobre a sua e logo os olhos verdes e miravam. Ficaram se encarando por intermináveis segundos, perdidas uma na outra até a circense baixar o olhar.
Estava tão magoada, tão triste com tudo aquilo que lutava arduamente para não se entregar ao sentimento que ainda buscava dominá-la, mas dessa vez não cederia.
Sentiu a mão sadia dela pousar sobre a sua e logo os olhos verdes e miravam. Ficaram se encarando por intermináveis segundos, perdidas uma na outra até a circense baixar o olhar.
Estava tão magoada, tão triste com tudo aquilo que lutava arduamente para não se entregar ao sentimento que ainda buscava dominá-la, mas dessa vez não cederia.
A ação de sutura deve ter durado uns vinte minutos e logo o frei limpava novamente e passava uma pomada para aliviar.
-- Você é uma mulher muito forte! -- Disse levantando-se. -- Agora precisa descansar, tomar algo para a febre e não fazer esforços.
Natasha inclinou a cabeça e viu a morena a lhe encarar, depois a Vallares já deixava o lugar que ocupara.
Helena trouxe dois comprimidos e fez a empresária tomar.
A ruiva se deitou entre os travesseiros e fechou os olhos, parecia exausta.
Todos seguiram para fora, menos a morena que permaneceu a observar a neta de Isadora parecer tão frágil.
Por que não conseguia se libertar desse sentimento que habitava em seu interior.
Sentou na poltrona, apenas a observá-la, desejando poder ir para bem longe, afastar-se dela, pois só assim haveria uma chance de não ceder ao amor e a paixão que queimava em seu interior.
Inclinou a cabeça para trás buscando focar seus pensamentos em outras coisas que não fosse seu relacionamento com a Valerie.
Nathália seguia com o advogado em seu carro.
Usava uma peruca loira, lentes de contatos preta e sobretudo. Sabia que deveria tomar todo cuidado, ainda mais agora que estava sendo procurada.
Observava as luzes que iluminavam a noite e a estrada escura.
-- Preciso que se mantenha escondida, não será por muito tempo, sua avó assumiu toda a culpa e disse que te obrigou a agir assim.
A Hanminton fitava a escuridão, depois mirava o rádio que tocava uma música baixa.
-- Onde está a Natasha?
-- Deve esquecer a sua irmã, precisa tomar cuidado agora.
-- Quero ver a Valentina.
-- Por enquanto deve ficar escondida, logo vai poder se apresentar.
A jovem fechou os olhos e inclinou a cabeça para o lado.
Tinha conseguido entrar em contato com o defensor da duquesa. Logo ela estaria livre das acusações. Precisava terminar de forma discreta com a irmã, não teria paz, enquanto isso não acontecesse.
Valentina tinha acabado de tomar banho. Ainda chovia forte. Jantou com o avô, Helena, Leonardo, o frei e Pepi.
A esposa do arquiteto não ficou muito com eles, pois parecia bastante preocupada com a ruiva.
A circense vestiu uma camiseta colada ao corpo e uma calcinha. Prendeu os cabelos. Já era tarde, mas não estava com sono ainda. Seguiu até a poltrona e se sentou, acendeu a luminária e pegou um livro, mas nem mesmo o abriu, pois seu olhar tinha sido atraído pela Valerie que dormia em sua cama.
A febre tinha cedido e agora havia as gotículas de suor em sua tez.
Tentava ao máximo não se preocupar com a neta de Isadora, mas seu desejo era cuidar da ruiva.
Soltou um longo suspiro.
Por que teria que se importar com aquela mulher? Estava fazendo mais uma vez um papel ridículo.
Irritada abriu o livro e tentou se concentrar nas palavras.
Retornaria para a capital e assumiria novamente os negócios do avô. Faria um curso para aprender sobre tudo, estava disposta a se tornar o conde desejava. Não negava que gostava daquilo, sentia-se bem e parecia ter talento para administração. Estava disposta a seguir, ocupar sua mente, assim, poderia se livrar daquele sentimento poderoso que chegava a lhe sufocar.
Estranho como quando estava distante da arquiteta suas convicções eram maiores, porém fora apenas vê-la chegar no aniversário com aquele ar arrogante e orgulhoso que suas forças pareceram fraquejar.
Precisava ficar distante, afastar-se, só assim conseguiria viver em paz.
Observou-a em seu sono. Parecia um anjo ruivo com os cabelos em desalinhos, a franja colada à testa. Os lábios estavam entreabertos.
Levantou-se, aproximando-se, ficou ali a fitá-la com os braços cruzados.
O que deveria fazer é usá-la para sexo, já que ela gostava tanto e achava que o mundo girava em torno dos orgamos, era isso que deveria fazer.
Cachorra!
De repente viu os olhos verdes se abrirem lentamente.
Natasha sentia a garganta seca, mas já não sentia a moleza no corpo de antes, nem a dor em sua mão.
Observou o quarto mergulhado na penumbra e lá estava a herdeira dos Vallares de pé, próximo ao leito, usando uma camiseta preta colada ao corpo de forma sexy e uma minúscula calcinha.
Um som de gemido escapou da sua garganta.
-- Está doendo a mão? -- A morena indagou friamente.
-- Não, na verdade só está um pouco incomodando. -- Fitou o membro ferido. -- Acho que o frei fez um bom trabalho.
-- O médico precisa examinar.
A empresária assentiu.
-- Amanhã retorno para a cidade e seguirei para que veja.
-- Você sabe melhor que eu que seria impossível ir embora amanhã, sabe como funciona as tempestades por esses lados.
Sim, ela sabia, já enfrentar aquele tempo desajustado inúmeras vezes quando esteve ali.
-- E o Victor? -- Questionou depois de algum tempo. -- Como ele está com seu pai e com a Mariana?
-- Falei com o papai, disse que ele estava estranhando, mas acabou se acalmando.
Natasha sentou-se no leito, depois lentamente colocou os pés para fora.
-- Preciso ir ao banheiro, estou enjoada. -- Levantou-se.
A morena se aproximou.
-- Precisa de ajuda?
-- Não!
Valentina apenas assentiu e ficou lá parada por alguns segundos, depois decidiu deitar na cama. Precisava de uma boa noite de sono. Necessitava disso há dias e esperava consegui.
Fechou os olhos, ansiando por mergulhar em uma sonolência profunda antes que a arquiteta retornasse.
Deveria ter permitido que ela ficasse no quarto do filho, não tinha motivos para se preocupar com a ruiva, não mesmo.
Ouviu passos e ela retornava.
Os olhares se encontraram.
-- Vou para o quarto do Victor, acho que já ocupei o seu por muito tempo.
-- Bem, não posso te obrigar a fazer o contrário.
Natasha assentiu e logo deixou os aposentos diante do olhar exasperado da morena que se virou na cama, pôs o travesseiro sobre a cabeça, mas logo jogava longe, pois sentia o cheiro de ruiva.
Já era de manhã quando a circense deixou os aposentos. Tivera uma noite péssima, mesmo assim não conseguiu dormir até tarde, pois estava preocupada com o filho e mesmo que tentasse negar para si mesma, também estava apreensiva por Natasha ter passado a noite no outro quarto.
Seguia pelo corredor quando encontrou Helena saindo do cômodo que fora montado para filho.
Com um sorriso recebeu o abraço afetuoso que ela sempre lhe dava.
-- Ainda chove, filha, seu pai ligou, ainda não retornarão, mas o Victor está bem, ouvi ele chamando por ti e pela Nath.
A circense soltou um longo suspiro.
-- Espere que essa tempestade cesse, pois desejo que eles retornem o mais rápido possível.
-- Eu também! -- Disse cruzando os braços. -- A Natasha também… -- Disse mirando os olhos negros. -- Teve febre pela madrugada toda, mas agora já está de pé, desejando ir embora da fazenda.
A morena umedeceu os lábios demoradamente, desviou o olhar, mas logo mirava a esposa de Leonardo.
-- Ela quis deixar o meu quarto e eu não iria implorar para ela não o fazer, afinal, ela já é bem grandinha para saber o que deve e o que não deve fazer.
-- Não te recrimino, eu entendo o que se passa entre vocês.
-- Eu estou muito irritada com a Valerie, senti-me humilhada com as saídas dela com aquelas mulheres, senti-me destruída por ela me colocar para fora da vida dela quando tínhamos passado por um momento tão difícil.
Helena lhe tocou a face.
-- Mas você se odeia por ainda a amar não é?
A circense cruzou os braços.
-- Se eu pudesse a arrancaria dentro do meu peito, tirá-la, esquecê-la de uma vez por todas.
A mais velha assentiu, entendia o que se passava e se sentia frustrada por nada poder fazer quanto aquilo.
Via a dor nos olhos negros, mas também via a raiva.
Abraçou-a sussurrando em seu ouvido.
A mais velha assentiu, entendia o que se passava e se sentia frustrada por nada poder fazer quanto aquilo.
Via a dor nos olhos negros, mas também via a raiva.
Abraçou-a sussurrando em seu ouvido.
-- Eu amo você e amo a Natasha, então as duas sabem que sempre podem contar comigo.
Dois dias depois todos puderam retornar à cidade.
Victor continuava com Valentina, a Valerie pediu para Helena ficar junto com a circense para ajudá-la.
Não houve encontros mais entre as Natasha e a circense. Conseguiram se evitar ao máximo e no dia da partida, a ruiva seguira primeiro, fizera-o ainda de madrugada, assim não corria o risco de se entregar a vontade de ir até a bela morena e tomá-la em seus braços e confessar seu amor.
Não houve encontros mais entre as Natasha e a circense. Conseguiram se evitar ao máximo e no dia da partida, a ruiva seguira primeiro, fizera-o ainda de madrugada, assim não corria o risco de se entregar a vontade de ir até a bela morena e tomá-la em seus braços e confessar seu amor.
Era um domingo já chegando a noite quando a neta de Nicolay descia as escadas com o filho nos braços. Tinha dado banho e agora daria a mamadeira, esperando que ele dormisse, pois ultimamente ele andava bastante agitado, demorando para conciliar o sono. A Valeria tinha levado o garoto a pediatra junto com Helena e a médica dissera que se tratava dos dentes que estavam incomodando.
Beijou-lhe a mãozinha que tocava em sua face.
Ouviu-o balbuciar e riu das palavras indecifráveis.
A empregada se aproximou.
-- O leite do Victor já está pronto.
-- Certo, já estou indo para lá.
Precisava falar com o avô, com certeza ele deveria estar no escritório. Ouviu o telefone tocar e seguiu para atender, enquanto o pequeno ruivo levava sua mão à boca e a mordia. Não repreendeu, mas lhe enviou um olhar irritado.
-- Alô!
Beijou-lhe a mãozinha que tocava em sua face.
Ouviu-o balbuciar e riu das palavras indecifráveis.
A empregada se aproximou.
-- O leite do Victor já está pronto.
-- Certo, já estou indo para lá.
Precisava falar com o avô, com certeza ele deveria estar no escritório. Ouviu o telefone tocar e seguiu para atender, enquanto o pequeno ruivo levava sua mão à boca e a mordia. Não repreendeu, mas lhe enviou um olhar irritado.
-- Alô!
Atendeu-o e após um silêncio longo ouviu a voz conhecida.
-- O que você quer? --Questionou assustada. -- Deveria se entregar a polícia depois de tudo o que fez.
-- Eu não fiz nada, meu amor, fui obrigada pela minha avó a participar de todos esses planos. -- Soluçou. -- Confesso que estava com muita raiva porque a Natasha se intrometeu no nosso casamento, sequestrou-me e assumiu meu lugar. Minha vó ficou louca, até entendo a forma que ela agiu.
Os olhos negros se estreitaram em perplexidade.
-- O Rick morreu e a sua irmã foi terrivelmente torturada. -- Falou em indignação.
-- Não tive culpa e logo isso vai ser provado e retornarei para que fiquemos juntas.
-- Está louca!
-- Não me diga que ainda quer a Valerie depois de ela ter te humilhado publicamente ao exibir as amantes?
O conde se aproximava quando viu a expressão da neta e Victor a brincar com seus cabelos.
Alguns segundos se passaram até que a chamada fora encerrada.
-- Quem era?
Valentina mirou o avô, depois o filho que lhe enrolava os cabelos lisos, parecia tão distraído.
-- A Nathália!
O olhar do Vallares se mostrou implacável.
O olhar do Vallares se mostrou implacável.
-- Vamos ligar para a polícia agora mesmo!
A morena apenas assentiu, enquanto via o aristocrata se afastar e permanecia no mesmo lugar, apenas pensava em tudo que a neta de Isadora falara.
Soltou um longo suspiro, enquanto sentia os dentes afiados do garotinho fincar na pele do seu braço.
Olhou-o em advertência, mas depois acabou por rir ao ver a cara de sapeca que ele fez.
-- Já disse que não deve morder!
A criança começou a se debater nos braços da mãe para ir para o chão, já começava a arriscar alguns passos.
A morena seguiu até o primeiro degrau da escada e sentou, enquanto observava o ruivinho chamar por Natasha.
Há dias não sabia nada da arquiteta, nem mesmo voltara a acompanhar as revistas que ela costumava sair com as mulheres.
Estava disposta a deixar para trás o amor que sentia, mesmo que fosse tão difícil, mesmo que seus pensamentos continuassem a ser invadidos pelo desejo de tê-la ao seu lado.
Ouviu a campainha tocar e logo uma das empregadas fora atender e para sua infeliz surpresa lá estava a empresária.
Valentina permaneceu no mesmo lugar, enquanto a via se agachar e pegar o filho do assoalho.
Mirou-a de cima a baixo e sentiu o ciúmes gritar em seu íntimo.
A ruiva usava um vestido preto sem alças, expondo um decote generoso. A peça de roupa chegava um pouco abaixo das coxas torneadas. Usava saltos de cristal. Os cabelos afogueadas estavam trançados e caiam na lateral do ombro direito. Viu a franja lhe emoldurar a face bem desenhada. Percebeu que ela ainda usava bandagem no machucado.
-- Eu estava passando aqui perto quando seu avô me ligou avisando da Nathália. -- Natasha já dizia. -- O que ela falou?
A trapezista observou os olhos verdes a lhe encarar.
-- Apenas falou que não teve culpa em tudo o que aconteceu! -- Levantou-se.
-- A ligação foi rastreada e ela estava perto daqui. A polícia já deve estar indo atrás dela.
A morena soltou um longo suspiro.
-- Bem, ela disse que vai se apresentar, pelo que falou o advogado está quase convencendo o juiz que ela foi forçada pela duquesa.
-- Ela é uma mentirosa desgraçada! -- Falou exaltada. -- Você vai se manter dentro dessa casa, não deve nem mesmo cogitar sair sem os seguranças que te acompanham.
A trapezista a olha com total exasperação.
A trapezista a olha com total exasperação.
-- E desde quando você manda em mim? -- Indagou irritada.-- Pelo que vejo você não toma nenhum cuidado, toda noite tem uma farra nova, então não me venha com suas ordens.
Helena se aproximava.
-- Estou apenas querendo proteger você e meu filho.
-- Comigo não se preocupe! -- deu de ombros. -- Não estou na lista de ódio da sua irmanzinha.
Sem mais ela se afastou e seguiu em direção ao escritório.
A ruiva cerrou os dentes, enquanto observava o filho nos seus braços. Abraçou-o forte.
-- Se quiser eu fico com ele para você ir falar com ela. -- A esposa de Leonardo parou ao lado dela.
A Valerie não tinha vindo para discutir, mas pelo que via a neta do conde estava com as armas em punho.
-- Fique com ele, volto logo!
Victor protestou de início, mas logo a mulher conseguiu distraí-lo.
-- Precisamo de um plano para suas mamães ficarem juntas, não é legal cada uma em sua cada.
O ruivinho parecia prestar atenção em tudo que lhe falavam, como se em sua inocência pudesse entender a complexidade daquela relação.
A trapezista agradeceu a Deus por o avô não está mais ali. A última coisa que desejava era explicar seu descontrole.
Seguiu até a cadeira, sentando-se, ligou o computador.
Na manhã seguinte voltaria à empresa, retomaria seu trabalho.
Odiava tanto aquela mulher que chegava a lhe doer o peito. Vê-la daquele jeito só fez aumentar ainda mais a sua raiva, pois sabia que se tratava de mais uma das saídas que ela costumava a aparecer nas manchetes de jornais.
Bateu com o punho fechado contra a madeira, derrubando alguns enfeites.
Amanhã mesmo daria entrada na anulação daquele casamento.
Ouviu a porta abrir e lá estava o flagelo da sua alma.
-- O que você quer agora hein? -- Questionou levantando e apoiando as mãos sobre a escrivaninha. -- Eu acho que já deve estar atrasada para suas safadezas!
A empresária cruzou os braços sobre os seios e permaneceu quieta apenas a observar a bela morena.
Há dias evitava até pensar na esposa, mas vê-la não era algo interessante, pois perdia as forças rapidamente.
Observou a camiseta branca colada ao corpo e a saia curta que ela usava. Parecia trajes de malhação.
-- Valentina, eu não quero discutir. -- Falou diante do olhar irado da outra. -- Só desejo que siga as orientações, precisa tomar cuidado.
-- De mim cuido eu!
A ruiva deu alguns passos, aproximando-se.
-- Você está agindo como uma pirralha petulante e estúpida, pensei que fosse uma mulher.
Os olhos negros se estreitaram em fúria.
-- E você é o quê?
-- Alguém que deseja o seu bem e a sua segurança.
O riso de deboche da Vallares encheu o ambiente.
-- Nossa seu altruísmo me comove! -- Ironizou. -- Por que se importa tanto comigo?
Natasha tinha uma lista enorme de respostas para quele questionamento, entretanto sabia que mesmo se o falasse nada mudaria, então simplesmente mordicou o lábio inferior por alguns segundos e disse:
Natasha tinha uma lista enorme de respostas para quele questionamento, entretanto sabia que mesmo se o falasse nada mudaria, então simplesmente mordicou o lábio inferior por alguns segundos e disse:
-- Porque ainda somos casadas!
A morena deu a volta na escrivaninha e chegou perto da mulher que lhe fitava com atenção.
-- Não se preocupe com isso, amanhã mesmo entrarei com um pedido de anulação do nosso casamento.
Os dentes alvos da Valerie se abriram em um sorriso largo.
Ela tinha jurado para si mesma que tentaria deixar a herdeira de Nícolas em paz, mas sentia seu íntimo inflamar diante da teimosia da circense.
-- E você vai mentir? Vai dizer que não consumou o casamento? Vai passar vergonha!
Valentina ficou corada.
-- Casei enganada! -- Protestou. -- Não sabia que era você.
-- Mas quando você deu para mim você sabia!
A morena levantou a mão para esbofeteá-la, mas a ruiva deteve o movimento.
-- Eu não quero brigar contigo, estou aqui para o seu bem.
-- Meu bem? -- Tentou soltar a mão, mas sua tentativa fora vã. -- Você pensa no meu bem quando sai por aí como uma cachorra com essas mulheres? -- Conseguiu se desvencilhar. -- Ah sim, imagino que deve pensar que preciso de enfeites na cabeça.
-- Achei que a gente tinha se resolvido na fazenda.
-- Não, a gente não se resolveu porque ainda não consegui te mostrar toda a minha raiva. -- Conseguiu se livrar do toque que a aprisionava.
Natasha cruzou os braços sobre os seios.
-- Então vai, faz o que você deseja para aliviar essa fúria toda.
Valentina arrumou os cabelos por trás das orelhas, mirando-a e sentindo toda a racionalidade abandonar seus sentidos.
Cerrou os dentes em exasperação, depois se aproximou, empurrando a ruiva contra a porta do escritório.
-- Eu odeio esse teu jeito arrogante de agir.
-- Não fui arrogante, apenas estou preocupada com a sua segurança.
Mirou os olhos verdes, os lábios entreabertos, o cheiro delicioso que se depreendia do seu corpo parecia lhe afrontar ainda mais.
Mirou os olhos verdes, os lábios entreabertos, o cheiro delicioso que se depreendia do seu corpo parecia lhe afrontar ainda mais.
-- Deixe-me em paz! -- Afastou-se.
-- Ok, deixarei nas mãos do conde, espero que ele te amarre em alguma parte da casa.
Tentou sair do escritório, mas a Vallares segurou a porta, impedindo-a.
-- O que você quer hein, palhaça de circo? -- A empresária indagou já sem paciência. .
-- Você se preocupa comigo e com seu filho, mas fica por aí com outras mulheres! -- Acusou-a. -- É uma hipócrita que só pensa em sexo.
-- Eu nunca disse o contrário. -- Cruzou os braços.
-- Não tem vergonha!
-- Não, eu não tenho!
A circense a viu deixar o cômodo e ansiou por fazê-la pagar caro por isso, por feri-la, por machucá-la, pois conseguia sentir a dor pelas ações que ela praticava, morria de ciúmes, perdia totalmente o controle.
Natasha entrou no carro esportivo e bateu com os punhos na direção, cerrou os dentes ao sentir a dor no machucado.
Praguejou baixinho.
Observou pelo retrovisor os dois carros que a seguia o tempo todo fazendo sua proteção.
Não tinha como se resolver com a neta do conde. Sentia a raiva dela e até em parte conseguia entender suas razões, mesmo assim, aquela situação a estava ferindo bastante, machucando-a, ainda mais porque amava loucamente Valentina Vallares. Tentava ao máximo manter distância para tentar se controlar, porém bastou vê-la para ansiar novamente por ela.
Observou no painel a ligação piscar.
Tinha uma jantar de negócios e como sempre iria acompanhada de uma bela mulher, mas não sentia nenhum tipo de interesse de encontrá-la.
Impaciente, rejeitou a chamada e deu partida no carro.
No decorrer da semana, Valentina fizera o que tinha dito. Retornara à empresa da família e já assumia suas funções.
O conde fizera questão de acompanhá-la para treiná-la para sua sucessão. Ele não escondia de ninguém o orgulho que tinha em ter a neta ao seu lado.
Victor brincava com o bisavô na poltrona, ele parecia bastante interessado em explorar o novo espaço.
-- Filha, eu não entendo o motivo de ter exigido que a Valerie pegasse o filho. Eu posso cuidar dele junto com a Helena, enquanto você trabalha.
A morena arrumou os óculos de aros dourados e fitou o ruivinho sorrindo.
Amava-o, faria qualquer coisa por ele, porém não iria permitir que Natasha vivesse como se o filho não existisse, apenas visitando-o algumas vezes e passando poucas horas ao lado do pequeno.
-- Sim, vovô, também não vejo problemas de ficar com ele, porém o Victor chama a Natasha o tempo todo, acho que ela precisa lembrar que tem um filho.
-- Se vocês morassem na mesma casa não... -- Parou de falar ao ver o olhar de chateação da neta.
-- Se vocês morassem na mesma casa não... -- Parou de falar ao ver o olhar de chateação da neta.
Nicolay ficou em silêncio por alguns segundos, ponderava, mas por fim falou:
-- Ela está com medo, eu a entendo, tem medo que a Nathália machuque vocês. Praticamente implorou-me para não te permitir sair da mansão...
A morena voltou a atenção para a tela do computador. Sim, entendia o temor, pois sentia o mesmo em relação a ela, assustava-se ao imaginar que a gêmea pudesse se vingar por tudo e dessa vez conseguir concretizar o intuito de matá-la. Quem sabe que se tendo o filho ao lado a arquiteta tomaria mais cuidados.
-- Vozinho, a Natasha não manda em mim, e quanto ao Victor, ele também tem direito de ficar com ela, ele ama ficar ao lado dela, mesmo que a neta da duquesa não mereça.
O conde ainda abriu a boca para contra-argumentar, mas sabia que seria inútil naquele momento.
A Valerie sorria, enquanto tomava banho na piscina da cobertura com o filho.
Ele sorria e batia as duas mãos na água para molhá-la.
-- Melhor que aquela bacia que a palhaça de circo te coloca né?
O menino apenas ria e soltava gritinhos de felicidade. Depois espalmou as mãos gorduchas em suas bochechas.
Há três dias tinha trazido para sua casa e tirara até uma semana de folga para se dedicar totalmente a ele.
A segurança tinha sido redobrada. Não arriscaria de forma nenhuma o bem estar do filho, ainda mais sabendo que a irmã estava em alguma parte daquela cidade.
Não entendia a incapacidade que a polícia tinha de não conseguir encontrar a Hanminton. Parecia que estavam esperando que ela fizesse alguma coisa terrível novamente.
Gemeu ao sentir a mordida em sua mão.
Victor parecia que achara um modo para chamar atenção da mãe que estava pensativa.
Ouviu passos e lá estava Helena.
-- Filha, se não se apressar vai chegar atrasada no jantar beneficente.
A ruiva soltou um longo suspiro.
Não desejava sair de casa. Queria vestir um pijama e ficar vendo desenhos animados com o filho até que dormissem.
-- As roupas estão prontas?
-- Sim! -- Cruzou os braços. -- Mas você tem certeza de que vai levar o Victor?
A ruiva continuou a brincar com ele, enquanto fazia um gesto afirmativo com a cabeça.
A esposa de Leonardo lhe dirigiu um olhar de recriminação, mas sabia que não a dissuadiria daquela ideia.
A mansão mais badalada e utilizada para os principais eventos da aristocracia estava cheia. Os manobristas se desdobravam para atender os veículos importados que adentrava a área do jardim central.
Os jornalistas se posicionavam nos degraus que davam aceso à casa. Pareciam interessados nas personalidades presentes, buscando assim algum furo para seus jornais sensacionalistas e suas revistas de fofoca.
Luzes eram projetadas contra a arquitetura antiga que fora reformada recentemente. Ouvia-se uma música suave ser tocada por uma orquestra afinada.
Os jornalistas se posicionavam nos degraus que davam aceso à casa. Pareciam interessados nas personalidades presentes, buscando assim algum furo para seus jornais sensacionalistas e suas revistas de fofoca.
Luzes eram projetadas contra a arquitetura antiga que fora reformada recentemente. Ouvia-se uma música suave ser tocada por uma orquestra afinada.
Valentina estava acompanhada do pai e de Mariana.
Todos os olhares se voltaram para si ao adentrar a espaço luxuoso que fora escolhido para o leilão beneficente. Sabia que aquelas pessoas lhe fitavam com simpatia por saberem de quem ela era neta, mas se não houvesse esse tipo de parentesco, tinha certeza de que não lhe dirigiriam a palavra. Entretanto aquele era um detalhe que não lhe importava de forma nenhuma, sentia-se segura o suficiente não só estando ali, como em qualquer outro lugar. Sendo a neta de um homem poderoso ou apenas uma trapezista de circo.
Ela não desejara ir até ali, até protestara diante do pedido do avô para que o fizesse. Na verdade o que realmente queria fazer naquela noite era estar ao lado do filho. Arrependia-se de tê-lo mandado ficar com a ruiva, mesmo sabendo que ela o amava e cuidaria perfeitamente dele. Todos os dias Helena fazia chamada de vídeos para que pudesse matar a saudade, mas em nenhuma dessas ocasiões via a Valerie.
Ouviu o pai conversar com a namorada e depois sorrir em sua direção, ela retribuiu o gesto, mesmo não tendo prestado atenção em nada.
Alguns convidados se aproximaram para fazer parte de um pouco do prestígio da família de Nicolay, mas logo se afastavam.
Ela não desejara ir até ali, até protestara diante do pedido do avô para que o fizesse. Na verdade o que realmente queria fazer naquela noite era estar ao lado do filho. Arrependia-se de tê-lo mandado ficar com a ruiva, mesmo sabendo que ela o amava e cuidaria perfeitamente dele. Todos os dias Helena fazia chamada de vídeos para que pudesse matar a saudade, mas em nenhuma dessas ocasiões via a Valerie.
Ouviu o pai conversar com a namorada e depois sorrir em sua direção, ela retribuiu o gesto, mesmo não tendo prestado atenção em nada.
Alguns convidados se aproximaram para fazer parte de um pouco do prestígio da família de Nicolay, mas logo se afastavam.
A morena observava os trajes elegantes, mirou os garçons e não demorou para que os anfitriões viessem até eles. Conhecia-os de outras recepções. Parecia ser um casal simpático, porém a esposa sempre se mostrava bastante curiosa e mexeriqueira. Ele era alto, calvo, magro e de olhar gentil com monóculo. Lembravam aqueles generais com seu bigode bem aparado e preto. Ela conservava seu cabelos em tom prateado, um pouco mais baixa, corpo frágil e sorriso amplo.
Depois dos cumprimentos, a conversa começou amigavelmente.
-- Ficamos honrados com a presença de vocês aqui, pena o conde não estar presente. -- Dizia o homem.
-- Meu pai preferiu descansar, acho que é compreensível depois de tudo o que passou.
A mulher, duquesa de Altenor, assentiu, enquanto mirava com atenção a jovem Vallares.
-- Uma pena tudo o que aconteceu com a Isadora… Lamentável!
A morena aceitou a taça que lhe fora entregue pelo duque.
A conversação continuava, outras pessoas se aproximaram para terem um pouco de contato com a nobre família de Nicolay.
-- Você se divorciou da Valerie? Mesmo que eu não entenda essas relações modernas, acho que vocês formavam um belo par... Coisa que não achava com a sua tia...
O marido pigarreou, pois sabia que a esposa ultrapassava o limite da cortesia.
-- Verônica era tão linda quanto você... Uma lástima o que lhe fizeram.
-- Mas seu casamento ainda continua?
O marido pigarreou, pois sabia que a esposa ultrapassava o limite da cortesia.
-- Verônica era tão linda quanto você... Uma lástima o que lhe fizeram.
-- Mas seu casamento ainda continua?
Uma das mulheres insistiu na pergunta que não tinha ainda obtido resposta.
Mariana e Nícolas miraram a jovem e pensaram em socorrê-la, mas logo a circense esboçou um sorriso e respondeu.
-- Ainda os trâmites estão sendo feitos.
Uma senhora bem mais velha e encurvada lhe tocou a face.
-- Eu entendo, criança, afinal, quem ficaria com uma mulher que desfila com outras o tempo todo… Eu estranhei ela aparecer aqui sem acompanhantes, mas o que não faltam, né, mesmo com o filho nos braços, ela atrai os olhares.
-- Mas também é muito bonita... -- outra comentava. -- acho que a arrogância dela que chama essa legião...
A jovem levou o copo à boca, enquanto ouvia a conversa seguir por outros assuntos.
Então a protegida dos Antoninis estava naquela festa. Uma ansiedade assombrosa buscava lhe dominar os sentidos, talvez fosse o efeito do álcool que já se misturava com seu sangue.
-- Mas também é muito bonita... -- outra comentava. -- acho que a arrogância dela que chama essa legião...
A jovem levou o copo à boca, enquanto ouvia a conversa seguir por outros assuntos.
Então a protegida dos Antoninis estava naquela festa. Uma ansiedade assombrosa buscava lhe dominar os sentidos, talvez fosse o efeito do álcool que já se misturava com seu sangue.
Os olhos negros se estreitaram, enquanto a buscava em meio a todos os convidados, havia bastante gente, mas sabia que logo seria atraída pelo magnetismo da esposa, então mais adiante ela viu algumas mulheres rindo a no centro delas estava Natasha com o Victor nos braços.
Aquilo parecia piada contada por adolescente ao fantasiar seus namoricos estúpidos.
Para onde fugiria para não a ver? Ficou a mirá-la demoradamente, sentindo em seu estômago o desconforto característico que conhecia muito bem. Era apenas mais um encontro, mais uma batalha para resistir até o fim.
Aquilo parecia piada contada por adolescente ao fantasiar seus namoricos estúpidos.
Para onde fugiria para não a ver? Ficou a mirá-la demoradamente, sentindo em seu estômago o desconforto característico que conhecia muito bem. Era apenas mais um encontro, mais uma batalha para resistir até o fim.
Prendeu a respiração quando os olhares se cruzaram. Os olhos verdes brilhavam em sua direção, pareciam apenas interessados em mirá-la, olhá-la como se não houvesse mais nada ao redor. Ouvia a conversa do pai com as pessoas e nada parecia fazer sentido, não conseguia decodificar nada, como se estivesse perdida naquele mar revolto que parecia querer lhe invadir a alma.
-- Todos vimos como foi corajosa ao entrar naquele circo...
A voz do duque lhe chamou para a realidade, mas nada respondeu, fez apenas um gesto com a cabeça e quando voltou a fitar a arquiteta, viu-a de conversa com umas das mulheres que sempre aparecia nas revistas ao seu lado.
Exasperou-se, enquanto devolvia a taça ao garçom e não aceitava outra. Cruzou os braços e tentou participar da conversa, mesmo que seus pensamentos estivessem longe.
Não acreditava que a empresária estava ali e com o filho.
-- Todos vimos como foi corajosa ao entrar naquele circo...
A voz do duque lhe chamou para a realidade, mas nada respondeu, fez apenas um gesto com a cabeça e quando voltou a fitar a arquiteta, viu-a de conversa com umas das mulheres que sempre aparecia nas revistas ao seu lado.
Exasperou-se, enquanto devolvia a taça ao garçom e não aceitava outra. Cruzou os braços e tentou participar da conversa, mesmo que seus pensamentos estivessem longe.
Não acreditava que a empresária estava ali e com o filho.
Observou-a voltar a atenção para Victor.
Não podia negar que estavam lindos. Ela com seu vestido vermelho ajustado ao seu corpo, seus cabelos soltos e aquele ar de dona do mundo. O ruivinho usava uma roupinha social e parecia bastante à vontade.
Natasha ouvia a filha da duquesa lhe paquerar descaradamente desde que chegou. Já tinha feito seu papel naquela noite, estava entediada, desejava apenas retornar à cobertura com seu filho. Nada daquilo lhe interessava, apenas fazia questão de aparecer em mais lugares possíveis sem estar ao lado da Vallares, assim todos saberiam que o relacionamento de ambas tinham chegado ao fim, consequentemente a irmã também pensaria a mesma coisa.
Suspirou diante das mulheres que pareciam se interessarem para fazer teste para saber quem seria a mãe adequado para o filho. Agradeceu aos céus quando alguns empresários se aproximaram e começaram a falar de negócios.
Victor estava em seus braços, parecia sonolento, mas logo começou a querer descer, então viu o motivo da sua pequena revolta.
Soltou um longo suspiro ao ver a morena de olhos negros como a noite a lhe encarar com aquele olhar perscrutador.
Haveria naquele mundo tão grande um ser humano com aquele dom de lhe tocar como aquela bela palhaça de circo?
Vê-la era tão contraditório para sua racionalidade que chegava a lhe provocar dores de cabeça, pois se dividia no desejo de implorar para que lhe aceitasse de volta, tanto quanto entendia que o melhor seria a separação, assim não a feriria mais.
Umedeceu os lábios demoradamente, parecendo que o gosto dela ainda estava ali.
Que espécie de feitiçaria era aquela?
-- Posso ir até a cobertura contigo, te ajudo a cuidar do Victor.
A ruiva fitou a sensual loira, esboçou um sorriso, pois nem sabia o que ela estava falando.
Fitou a neta de Nicolay mais uma vez, porém agora ela já parecia entretida com os outros.
Valentina tentava se concentrar na conversa, buscando esquecer a presença da neta de Isadora, mas não demorou para sentir o aroma daquela mulher e logo ouvia os gritinhos de alegria da criança.
Natasha ouvia a filha da duquesa lhe paquerar descaradamente desde que chegou. Já tinha feito seu papel naquela noite, estava entediada, desejava apenas retornar à cobertura com seu filho. Nada daquilo lhe interessava, apenas fazia questão de aparecer em mais lugares possíveis sem estar ao lado da Vallares, assim todos saberiam que o relacionamento de ambas tinham chegado ao fim, consequentemente a irmã também pensaria a mesma coisa.
Suspirou diante das mulheres que pareciam se interessarem para fazer teste para saber quem seria a mãe adequado para o filho. Agradeceu aos céus quando alguns empresários se aproximaram e começaram a falar de negócios.
Victor estava em seus braços, parecia sonolento, mas logo começou a querer descer, então viu o motivo da sua pequena revolta.
Soltou um longo suspiro ao ver a morena de olhos negros como a noite a lhe encarar com aquele olhar perscrutador.
Haveria naquele mundo tão grande um ser humano com aquele dom de lhe tocar como aquela bela palhaça de circo?
Vê-la era tão contraditório para sua racionalidade que chegava a lhe provocar dores de cabeça, pois se dividia no desejo de implorar para que lhe aceitasse de volta, tanto quanto entendia que o melhor seria a separação, assim não a feriria mais.
Umedeceu os lábios demoradamente, parecendo que o gosto dela ainda estava ali.
Que espécie de feitiçaria era aquela?
-- Posso ir até a cobertura contigo, te ajudo a cuidar do Victor.
A ruiva fitou a sensual loira, esboçou um sorriso, pois nem sabia o que ela estava falando.
Fitou a neta de Nicolay mais uma vez, porém agora ela já parecia entretida com os outros.
Valentina tentava se concentrar na conversa, buscando esquecer a presença da neta de Isadora, mas não demorou para sentir o aroma daquela mulher e logo ouvia os gritinhos de alegria da criança.
Nícolas foi o primeiro a tomar o garotinho nos braços.
-- Vovô está morrendo de saudades, quando esse rapazinho vai voltar hein? -- Beijou-o.
Victor se jogou no colo da morena, abraçando-a pelo pescoço.
Victor se jogou no colo da morena, abraçando-a pelo pescoço.
-- A hora que desejar pode ir até a minha casa e levá-lo para passear. -- A empresária disse sorrindo. -- Conta para o Nícolas que você andou tomando banho de piscina comigo e tá quase aprendendo a nadar.
Mariana gargalhou, enquanto a circense beijava as mãozinhas do filho, encantada com sua aparência.
-- Nadando? -- O empresário pegou-o novamente. -- já sei que vai retornar muito mais esperto.
A trapezista cruzou os braços sobre os seios.
-- Nadando? -- O empresário pegou-o novamente. -- já sei que vai retornar muito mais esperto.
A trapezista cruzou os braços sobre os seios.
-- O Victor é um bebê, tem que tomar cuidado com o que faz com ele, nem mesmo deveria tê-lo trazido aqui. -- Repreendeu-a com o olhar.
-- Por que não? -- A arquiteta questionou com um arquear de sobrancelha. -- Ainda é cedo.
-- Essa hora ele já deveria estar dormindo.
Mariana e Nícolas pediram licença e seguiram com a criança para cumprimentar outras pessoas.
Natasha já girava nos calcanhares para fazer o mesmo, mas a morena a deteve pelo braço, fazendo-a virar para si.
A Valerie umedeceu os lábios, enquanto tentava não fitar aquela bela mulher que lhe olhava com olhar enviesado. Estava tão linda com o vestido dourado. A postura elegante, o penteado etéreo, a expressão perscrutadora lhe era muito peculiar. Poderia beijá-la ali mesmo, mas com certeza seria espancada se ousasse fazer isso.
-- Pois não?
Valentina olhou todos ao redor e sabia que os olhares estavam focados nas duas.
Respirou fundo.
-- Por que não assinou os papéis do divórcio? -- Indagou baixinho.
-- O seu advogado levou na empresa, eu não estou lá essa semana, estou com meu filho. -- Justificou tranquilamente.
-- Deus, como você pode ser tão cínica?
A ruiva pegou duas taças da bandeja do garçom, entregou uma a ela e ficou com a outra, bebericando.
A aristocrata ficou a pensar se seria muito deselegante derramar o conteúdo na cara de sarcasmo da esposa.
-- Valerie... -- Disse o nome por entre os dentes.
A aristocrata ficou a pensar se seria muito deselegante derramar o conteúdo na cara de sarcasmo da esposa.
-- Valerie... -- Disse o nome por entre os dentes.
-- Não gostei dessa safra não...
-- Natasha, estou falando de algo contigo, então exijo que me dê a devida atenção.
-- Ah, sim, o divórcio, quando eu retornar eu assino.
-- Meu advogado foi até a cobertura e você não o deixou subir.
-- Não sou obrigada a aceitar certas pessoas no meu espaço.
-- Não sou obrigada a aceitar certas pessoas no meu espaço.
A trapezista bebeu de uma vez só o conteúdo da taça.
-- Sabe de uma coisa, você pode ir para o inferno! -- Afastou-se.
A arquiteta permaneceu lá parada por alguns segundos. Depois esvaziou a taça e logo alguns empresários se aproximavam para falar sobre negócios.
A recepção continuava agitada. Uma banda tocava no grande jardim e já começava o leilão.
As mesas tinham sido colocadas com uma boa distância uma das outras. O palco já estava pronto e os anfitriões discursavam em agradecimento pela presença dos presentes.
A Valerie se acomodou na mesma dos Vallares por total insistência de Nícolas, mesmo diante do olhar frio da esposa. Só aceitara porque o filho queria ficar perto de Valentina e do avô, fosse o contrário teria ido para bem longe.
-- Está desejando arrematar algo, Natasha? -- Mariana indagou, enquanto brincava com Victor que estava no colo do namorado.
-- Na verdade nem tive tempo de olhar a lista das coisas, mas quem sabe se tiver algo que me agrade..
A circense tomou a criança nos braços, pois o garotinho reclamou do colo da mãe.
-- Está com sono já! -- Disse encarando a empresária. -- Ele comeu?
-- Sim, eu trouxe a mamadeira e já dei. -- Colocou a cadeira para mais perto dos dois. -- Olha o que ele me fez. -- Mostrou a mordida.
Nícolas gargalhou, enquanto levantava.
-- Dê-me ele, vou passear um pouco para distraí-lo, vem comigo, Mariana.
A mulher assentiu, enquanto o trio se afastava deixando as duas mulheres.
A ruiva continuou no mesmo lugar, enquanto bebia um pouco da taça. Permaneceu em silêncio durante um longo tempo, mas logo alguns convidados se aproximaram para cumprimentar as duas, conversaram, depois voltaram a ficar sozinhas.
Valentina tentava prestar atenção ao leilão que já acontecia. Recebera a cartela que mostrava as doações. Os Vallares já tinha feito e um dos gerentes da empresa arremataria algumas coisas escolhidas pelo avô.
Vez e outra olhava de soslaio a ruiva, observando-a discretamente.
Estava linda, tão linda que arrancava suspiros de todos os presentes.
Sentiu quando a mão dela pousava sobre sua coxa. Sentiu um arrepio percorrer todo os corpo.
-- Quero conversar contigo!
-- Não estou interessada em nada que possa me dizer.
A Valerie a viu se levantar e seguir para a pista de dança. Viu quando um homem alto se aproximou, convidando-a para dançar.
Natasha precisou se segurar para não ir até lá. Sabia que não tinha esse direito, mesmo que estivessem ainda legalmente casadas, mesmo que ainda ela fosse sua esposa.
Fitou com desgosto a aliança que ainda trazia no anelar da mão esquerda. Lentamente tirou-a e ficou a observá-la, girava-a entre os dedos.
O garçom se aproximou e a ruiva cochichou algo em seu ouvido. O homem assentiu e depois de alguns minutos retornou com uma garrafa de vinho deixando sobre a mesa.
Encheu o copo e bebeu praticamente de uma vez, colocando novamente.
Não podia continuar agindo de forma tão cruel. Sim, o melhor a fazer era assinar o maldito divórcio e deixar a Vallares livre. Deixá-la conhecer alguém que realmente pudesse valer a pena, uma pessoa que não tivesse tantos traumas, alguém normal.
Voltou a beber.
Valentina aceitara dançar com o jovem deputado, porém seu olhar não abandonava a empresária que continuava sentada à mesa. Há uma hora a deixou lá. Observou algumas mulheres se aproximarem dela, mas logo se afastavam, pareciam até irritadas com algo.
Viu que a garrafa estava totalmente vazia e ela já pedia outra.
Fitou o relógio dourado apreensiva.
-- Algum problema? -- O galante homem lhe questionou.
-- Não, mas preciso resolver algo.
-- Algum problema que eu possa ajudar? -- Ele insistiu.
Antes que pudesse responder, a duquesa de Altenor se aproximou.
-- Seu pai pediu para lhe avisar que foi embora, parece que seu filho acabou por adormecer, porém falou que mandaria o motorista lhe buscar.
A morena assentiu.
-- Posso te dar uma carona se desejar. -- O deputado se ofereceu.
A neta do conde fitou a mesa onde a esposa deveria estar, porém não a viu mais ali. Onde poderia ter ido?
Poderia aceitar a oferta do gentil cavalheiro, mas estava preocupada em deixar a ruiva bêbada sozinha naquele lugar.
-- Eu agradeço a atenção, mas preciso resolver algo. -- Pediu licença e logo se afastava.
Caminhava por entre as mesas e sempre alguém a parava para cumprimentá-la. Seguiu até a parte onde os carros estavam e não demorou a ver a empresária esperando o veículo que o manobrista trazia.
Rapidamente seguiu até ela, segurando-a pelo braço.
-- Só pode estar louca se acha que vai sair daqui nesse estado e dirigindo.
Os olhos verdes estavam menores, ébrios.
Algumas pessoas observavam tudo com crescente curiosidade.
-- Ah, não, me deixe em paz. -- Desvencilhou-se do toque. -- Chega de me torturar, não aguento mais não.
O manobrista entregou as chaves, mas antes que a ruiva pegasse, a morena o fez.
-- Eu te deixo em casa!
-- Olha, volta lá para dentro, vai dançar vai, esqueça que eu existo.
A circense olhava de um lado para o outro, prestava atenção nos olhares. Aproximou-se da neta de Isadora, sussurrando-lhe ao ouvido.
-- Quando eu te deixar na sua cobertura, eu esquecerei.
Os olhos verdes escurecidos a miraram demoradamente.
Sabia que não tinha condição nenhuma de dirigir, mas a última pessoa que gostaria que lhe desse uma carona era a palhaça de circo. Sentia o cheiro dela lhe invadir os sentidos, excitando-a.
Praguejou baixinho.
A Valerie ainda protestava quando a neta do conde praticamente a fez entrar no carro. Assumiu a direção e logo dava partida.
Tinha certeza de que seria manchete daquelas revistas de fofoca, pois havia vários fotógrafos observando o que se passava.
-- Onde estão seus seguranças? -- Indagou depois de algum tempo.
A ruiva inclinou a cabeça para o lado para fitar o perfil da circense.
-- Dispensei-os, afinal, o Victor tinha ido com seu pai.
O veículo parou no semáforo.
-- Você é uma irresponsável! -- A morena a acusou. -- Sabe bem que está correndo perigo, sabe que sua irmã já te fez e ainda está se arriscando.
-- Se ela me atacar será uma forma de a polícia pegá-la. -- Falou calmamente.
-- Ah, sim, e você decidiu ser a isca perfeita. -- Falou exasperada. -- Você é uma louca!
O sinal ficou verde e logo ela deu partida, enquanto pensava em como aquela mulher ao seu lado era imprudente, mas parecia um esforço perdido discutir naquele momento, pois ela estava totalmente embriagada.
Ligou o rádio tentando se distrair do seu estresse. Talvez se o pai não tivesse deixado a festa com Victor isso nunca tivesse acontecido e agora ela não estaria levando para a casa a neta da duquesa.
Olhou-a de esguelha e pensou se ela estaria a dormir já que mantinha os olhos fechados.
Lembrou as mulheres que seguiram inúmeras vezes até a ruiva e ainda sentia o ciúmes queimar em seu interior. A mais pura verdade é que a amava e mesmo que soubesse que deveria se afastar, ainda fraquejava quando a via, ainda fraquejava quando a tocava.
Chegou diante do prédio e logo que se identificara adentrou até o estacionamento correspondente ao da empresária.
Viu-a descer do carro sem falar uma única palavra e ficou lá no interior do veículo. Apenas observava tudo com atenção vendo-a caminhar até o elevador e sumir.
Respirou fundo!
Poderia ir embora e logo estaria na mansão Vallares, mas por alguns segundos de irracionalidade, saiu do auto e caminhou até o elevador.
-- Ele já está dormindo! -- Mariana disse ao entrar no quarto e encontrar o namorado a observar o jardim da casa. -- Você brincou tanto com Victor que ele mal conseguia manter os olhos abertos. -- Abraçou-o por trás. -- Acho que a Valentina vai ficar furiosa quando chegar.
Nícolas segurou as mãos da amada e logo as beijava sem se voltar.
-- Os seguranças disseram que minha filha levou a Natasha até a cobertura. -- Disse em tom baixo. -- Ainda continua lá.
-- Então fizeram as pazes? -- Indagou entusiasmada.
-- Acho que ainda não. -- Virou-se para a namorada. -- Valentina tem uma personalidade muito forte e ainda está bastante magoada com tudo o que aconteceu, não é difícil vê isso em sua expressão.
-- Sim, eu sei, ela deixou claro quando esteve com o advogado que iria se divorciar e está levando tudo de forma insensível.
-- Bem, vamos esperar o que teremos nessa madrugada.
A Valerie entrou na cobertura. As luzes estavam acesas. Seguiu até o bar, preparou um drinque e caminhou até o seu lugar preferido.
Acendeu a penas uma luminária, caminhou parando diante do piano. Ficou lá brincando com as teclas como se não fosse uma grande musicista e apenas uma simples amadora.
Bebeu lentamente o líquido forte. Ainda não conseguira apagar, sentia-se ainda mais agitada, mais pensativa.
Ainda tinha em sua mente a imagem da neta do poderoso conde. Ainda sentia seu cheiro, seu orgulho a lhe fitar.
-- Palhaça de circo. -- Falou baixinho. -- espero que suma! -- Bebeu mais um pouco.
Talvez a vida estivesse a lhe cobrar por tudo o que Isadora lhe acusava de ter feito, afinal, fora ela responsável pela infelicidade e desgraça da avó e da irmã.
Usou as duas mãos para produzir um som ainda mais carregado, mais forte.
Riu amargamente.
Primeiro se interessara por Verônica e imaginara que formariam uma família, pensara que poderia deixar no passado todas as suas angustias, seus temores, mas agora via que fora tudo uma ilusão da sua cabeça. Não se deixa der ser quem sempre se foi, há uma essência que sempre acompanhara em todos os momentos, mesmo que tente sufocá-la.
Parou de tocar por alguns segundos ao ver a aliança reluzir em seu dedo. Retirou-a e ficou a mirá-la como se fosse uma espécie de amuleto.
-- Valentina...
Quem diria que enlouqueceria por aquela jovem de olhos negro misteriosos?
Recordava-se da primeira vez que tinha ido até o circo...
A trapezista estava parada na porta entreaberta. Ainda não sabia o motivo de ter ido até lá, mas mesmo assim fora e ali estava a observar a esposa até que lentamente os os olhos verdes lhe fitarem.
-- O que houve agora, bela condensa? -- Indagou com voz baixa. -- Não me diga que ainda deseja me atormentar por hoje. -- Riu nervosa. -- Ah, sim, imagino que tenha trazido os papéis para que assine o divórcio, estava tão ansiosa que não conseguiu esperar...
A Vallares nada disse, apenas continuou lá parada sem saber o motivo de ter seguido para a cobertura.
-- Você tem uma caneta? -- A ruiva indagou. -- Ah, espera, preciso pegar algo para comemorarmos esse momento.
A circense a viu seguir para fora e logo retornava com uma garrafa de cachaça e dois copos. Observou-a servir e depois lhe entregar um dos recipientes de cristal.
-- Um brinde a você, palhacinha! -- Disse enquanto bebia tudo de uma vez sem fazer careta. -- vai estar livre de mim em breve.
A morena continuou em silêncio, mas bebeu lentamente o conteúdo etílico franzindo o cenho por ser tão forte.
-- Foi da sua fazenda! -- Natasha encheu novamente o copo dela. -- Gostei viu, essa bebida me faz lembrar daquela noite que te ataquei no estábulo. -- Caminhou até a poltrona e se sentou. -- Foi lá que você deixou claro que não me queria mais. -- Levou o gargalho aos lábios bebendo. -- E eu continuei correndo atrás...Implorando para dar para ti... -- Meneou a cabeça com desgosto. -- A que nível cheguei?
Valentina sentou no banco do piano, enquanto ouvia as palavras da neta de Isadora. Olhava-a com curiosidade.
-- Mas claro né, eu sempre soube que seria quase impossível que a herdeira de um homem tão poderoso quanto Nicolay suportaria por muito tempo a arrogância de uma descendente dos selvagens dos vikings. -- Voltou a beber. -- porém você não pode reclamar do sexo, ah não, disso você não tem como, você sabe que não havia sexo melhor...
A morena terminou de tomar todo o conteúdo do copo, deixou-o de lado, enquanto cruzava os braços.
-- Sexo é tudo para você! -- Disse em tom pensativo.
A ruiva gargalhou.
-- E você tem opinião contrária, eu sei, mas estamos casadas, então você teria o pacote completo. -- Mordiscou o lábio inferior demoradamente. -- Certo, acho que essa conversa é desnecessária, amanhã assino o divórcio, prometo. -- Tentou se levantar, mas já estava trôpega.
A trapezista se aproximou rapidamente segurando-a, temia que ela fosse ao chão.
Os olhares se cruzaram, estavam tão próximas que sentiam as respirações.
-- Sabe, palhacinha, eu sou tão safada que meu coração está sangrando por saber que não te terei mais, porém mesmo assim estou tão excitada que passaria a noite toda dando para ti. -- Tocou-lhe a face. -- Sou louca por ti e acho que mesmo passando um milhão de anos eu ainda vou te querer.
A morena sabia bem o que ela estava falando, pois sentia a mesma sensação poderosa e incontrolável de tomá-la para si e se entregar com a mesma intensidade.
Virou a cabeça quando sentiu os lábios se aproximarem dos seus e a carícia foi em sua face. Sentia a boca deslizar até chegar ao seu ouvido.
-- Uma despedida... -- Sussurrava. -- Nas novelas e nos filmes acontecem isso, até nas histórias...
Valentina sentia um arrepio percorrer todo seu corpo, enquanto as mãos deslizava por suas costas nuas.
-- Amanhã você será uma mulher livre... -- Continuava a lhe murmurar enquanto os polegares começava a acariciar a lateral dos seios da bela Vallares. -- Eu estou quase me ajoelhando, implorando para que me aceite... -- Agora já explorava os biquinhos sobre o vestido. -- Deixa eu dar para ti mais uma vez...
Os olhos negros se estreitavam em puro desejo, enquanto tentava manter o controle que parecia aos poucos sendo diminuídos. Seu sexo vibrava diante da última frase, pois parecia traduzir sua própria vontade.
Observou os dedos longos brincarem com seus seios sobre o tecido. Eles doíam, pareciam implorar por mais e mais.
-- As mulheres com quem saia não resolveram o seu problema? -- Indagou encarando-a, enquanto lhe detinha a exploração.
A ruiva meneou a cabeça negativamente.
-- Não transei com nenhuma delas.
-- Mentirosa! -- Disse por entre os dentes. -- não acredito que a poderosa Natasha sairia com uma mulher para não a tomar para si.
-- Pois é a mais pura verdade... -- Falou baixinho. -- mas você nunca acreditaria em algo assim... eu até entendo, pois eu mesma não acredito.
Valentina observava o olhar perdido, o mesmo de tantas vezes. O mesmo de sempre.
-- Eu te amo... -- A arquiteta falou baixinho. -- claro que isso não importa, mas eu te amo...acho que estou fazendo papel de tola né. Sim, eu estou. -- Afastou-se alguns centímetros. -- Obrigada por ter me trazido em casa.
A Valerie já seguia em direção a porta, mas a morena foi até ela, segurando-a pelos ombros, pressionando-a contra a parede fortemente.
Deus, por que não resistia?
Observou demoradamente o decote exposto, depois a veia que pulsava na lateral do seu pescoço. Colocou uma das coxas entre as pernas dela.
-- Você quer se despedir? -- Indagou em seu desespero. -- Vamos nos despedir.
Antes que a empresária pudesse falar algo, sentiu o vestido ser totalmente rasgado, deixando-a apenas com um calcinha vermelha sexy.
A empresária usou o dedo indicador para lhe contornar os lábios e logo a via capturar.
Gemeu baixinho ao ver como ela chupava e passava a língua por todo ele.
A morena em seu descontrole bateu com a mão aberta contra o concreto.
-- Você quer dar para mim, ok, eu vou aceitar a sua oferta, talvez se eu tivesse aceitado naquele dia na fazenda a gente já tivesse feito a tal despedida e não estaríamos mais aqui. -- Deu alguns passos para trás e logo se livrava do traje de grife. -- Você quer sexo, ótimo, eu vou te dar sexo.
Natasha a mirava e via a raiva por trás das palavras, sabia o quão furiosa ela estava e não demorou a comprovar tal coisa ao sentir a boca carnuda tomar a sua de forma brusca, machucando-a, ferindo-a, mesmo assim a queria, mesmo assim a desejava mais que tudo.
A neta de Nicolay lhe segurou pelos cabelos, enrolando-o em sua mão, mantendo-a cativa, enquanto deslizava a língua para o interior dos lábios rosados. Sentia o sabor da bebida, sentia o gosto dela, a urgência dela. Não demorou para senti-la lhe chupar, puxando-a. Gemeu com a ousadia do beijo. Esfregava-se a ela, sentindo os seios se roçarem, o atrito entre eles deixava-a ainda mais excitada e logo não tinha mais racionalidade ou controle. Colocou a mão dentro da lingerie da esposa e notou como ela estava molhada. Usou o dedo indicador para explorar.
-- Ain... -- A odiada de Isadora emitiu o som. -- Veja como estou... -- Movia-se contra o toque.
-- Você quer dar? -- A morena indagou, enquanto colocava mais pressão e já a invadia. -- É isso que você quer? -- Meteu forte. -- Então vai, vê se já é suficiente. -- Pressionou-a sem delicadezas.
-- Ain... Ainda não é suficiente... -- Dizia entre gemidos.
-- Não, né, eu sei o que você quer, sei o que deseja... --Afastou-se.
A Valerie permaneceu no mesmo lugar, enquanto observava a bela mulher caminha com seu salto e sua minúscula calcinha. Viu-a se livrar da última peça do vestuário, jogando-o para si.
Segurou-o e viu como estava molhada. Levou-a ao nariz, inalava o delicioso cheiro de fêmea.
A trapezista sentiu até a alma incendia ao vê-la passar a língua no tecido. Sentou-se deixando uma das pernas dobradas, dando uma visão perfeita a outra.
-- Passa a língua aqui!
Natasha a observava embevecida. Viu ela brincar com o polegar na intimidade molhada, observou-a fazer movimentos circulares, delicados, esfregando, enquanto não deixava de lhe encarar.
-- É isso que você quer? -- Indagou umedecendo os lábios.
A ruiva se aproximou, ajoelhando diante dela. Estava hipnotizada diante da cena. Usou o indicador para acompanhar os movimentos.
-- Está sofrendo por saber que em breve não vai poder me comer mais? -- Provocou-a.
A ruiva assentiu, enquanto aproximava a cabeça e beijava a intimidade demoradamente. Logo deslizava a língua por toda a extremidade, satisfazendo sua sede.
-- Eu não quero que seja só hoje... -- Invadia o exigente recanto.
-- Ain... -- A morena gemeu alto. -- só hoje... ain... aproveita e come gostoso porque vou te dar sem limites...
A Valerie esfregou a face na deliciosa carne molhada. Depois chupou, enquanto seus dedos fundiam fundo, repetindo os movimentos sem dó, prendendo em seus lábios a fruta pulsante.
Ouvia gemer de forma agoniada, sentia os quadris se moverem praticamente empurrando tudo na sua cara.
Sentiu-a lhe segurar os cabelos, fazendo meter ainda mais rápido e logo gritava em desespero, ainda mais porque a ruiva não cessou os movimentos. A morena puxou-a para si, encarando-a com os olhos estreitados.
-- Você é a maior safada desse universo...
A empresária passou a língua por seus lábios, depois beijou-a sensualmente, enquanto novamente a penetrava com o indicador e o maior, fazia-o lentamente, deliciando-se da boca sedutora e carnuda. Ouviu-a choramingar e tentar detê-la, mas não cedeu, continuou, mesmo quando sentiu os dentes lhe morder, metia com calma e logo estava tão escorregadia que o som do atrito podia ser ouvido pelo cômodo, aprofundou as investidas e logo a trapezista se desfazia mais uma vez em seus braços.
Permaneceu parada, ouvia-a a respiração acelerada, mirava os olhos negros e via as lágrimas presentes neles.
-- É uma despedida, então tenho direitos a ser contemplados. -- Natasha disse se levantando. -- Acho desnecessário ficarmos nos segurando, afinal, estamos matando a vontade já você deixou claro que é a última vez.
Valentina ainda sentia um tremor em sua espinha. Seu sexo estava tão sensível que parecia gritar por mais atenção ainda.
Mirou o sorriso arrogante da mulher linda que lhe olhava.
-- Acha que tinha como se segurar? -- Indagou com um arquear de sobrancelha encantada com a nudez da arquiteta.
Os olhos verdes se estreitaram, estava ainda desejosa de tomá-la novamente. Livrou-se da última peça, ficando totalmente despida.
-- Vem! -- A morena a chamou. -- Senta aqui.
A ruiva foi até ela, acomodando-se em seu colo. Esfregava-se ao sexo molhado. Sentiu os seios sendo capturados pela boca da circense e isso a deixou ainda mais excitada. Observava-a passar a língua, lambê-los, depois capturou-os nos dentes, mordiscando-os de leve.
Fitaram-se demoradamente.
-- Estou queimando por você, palhacinha. -- Segurou-lhe a mão, fazendo-a acariciar novamente seu sexo. -- Sinta.
A Vallares o fez, vendo bela ruiva se posicionar de joelhos entre suas pernas.
Tocou-lhe os seios, apertando-os, amassando-os.
-- Eu sou louca por ti, Vallares... -- Dizia enlouquecida. -- Sou capaz de tudo por ti...
-- É? -- A neta do conde questionava em um sussurrar.
Via-a mexer o quadril ao encontro das suas mãos e vê-la se mover de forma tão sensual a estava tirando o controle.
Deveria ir embora, mas só se imaginava amando loucamente aquela mulher poderosa e se entregando quantas vezes fosse necessárias para aplacar aquela fome.
-- Faz tanto tempo que não te sinto... -- A empresária dizia, baixando a cabeça e olhando o indicador entrar dentro de si. -- Coloca mais um... Ain... Não precisa de timidez...
-- Eu deveria bater na sua cara por ser tão bandida, isso sim!
Os dentes alvos se abriram em um sorriso, enquanto continuava com os movimentos. Aproximou a face da dela.
-- Você bate o tempo todo... Ain não para por favor... Mete com força... sei que você também adora me comer... Depois vou passar na sua boca, assim você sente o gosto dela quando estivermos separadas...
-- Cadela! -- Valentina disse lhe batendo na face.
-- Ain... sou mesmo...
-- Vadia!
-- Puta...
-- Sim, eu sou, sou sua puta, sua cadela... sua vadia... Ain... quero mais vai...
Sim, naquela noite a neta do conde Nicolau descontou no corpo da esposa toda sua raiva, toda sua frustração, levando-a inúmeras vezes ao auge do prazer, agindo como se realmente estivesse a tratar de uma despedida.
Valentina seguiu até a sala de reuniões.
Deixara a cobertura da Valerie quatro horas da manhã. Ainda conseguia ver a bela imagem da esposa dormindo depois da prolongada noite de sexo. Nem mesmo sabia se estava arrependida por ter se entregado, porém o melhor era esquecer tudo aquilo. Já tinha realizado seus desejos, então agora era buscar um total distanciamento da neta da duquesa.
Bocejou.
Não conseguira dormir nada, ficara apenas pensando em tudo o que havia se passado.
Sentou-se na ponta, enquanto usava o computador móvel para ajustar os últimos dados para quando fosse se encontrar com os empresários que se associariam ao novo empreendimento.
Pegou a xícara de café, bebendo-a lentamente ao mirar a visão panorâmica da parede de vidro. O céu estava azul, mas não havia sinais de chuvas.
Colocou os óculos e logo a secretária entrou.
-- Posso mandá-los entrar, senhora?
-- Sim, claro! -- Respondeu gentilmente.
Esperava ansiosamente, vendo cada um dos acionistas entrarem e lá estava a empreendedora que o avô tanto falava.
O sorriso da Valerie parecia um insulto, mesmo assim se manteve quieta.
Alguns segundos se passaram e o conde apareceu, acomodando-a ao lado da neta, segurou-lhe a mão, beijando-a.
-- Bom dia a todos! -- O aristocrata falou. -- todos sabem que não estarei mais a frente dos negócios, porém estou aqui hoje para dar as boas vindas a Natasha e comemorar a nossa união.
A circense permanecia de cabeça baixa, não acreditava que o avô não falara quem seria o tal novo investidor.
Levantou a cabeça e encontrou os olhos verdes a lhe fitarem. Sentiu a face corar.
-- A honra é toda minha, Nicolay, ainda mais que estamos ligados por elementos mais fortes...
A morena olhava a tela do computador, enquanto ouvia todos os acionistas parabenizarem a nova sociedade. Claro que eles estavam felizes, a neta de Isadora parecia ser muito boa nos negócios.
Manteve-se sentada durante todo o tempo da assinatura do contrato. Não ousou falar uma única palavra. Aos poucos todos deixavam a sala, recebeu o beijo do conde em sua face, vendo-o se afastar. Agora só restava o olhar da ruiva em sua direção.
-- Bom, já que estou aqui, vamos assinar o seu sonhado divórcio...
A arquiteta permaneceu lá parada por alguns segundos. Depois esvaziou a taça e logo alguns empresários se aproximavam para falar sobre negócios.
A recepção continuava agitada. Uma banda tocava no grande jardim e já começava o leilão.
As mesas tinham sido colocadas com uma boa distância uma das outras. O palco já estava pronto e os anfitriões discursavam em agradecimento pela presença dos presentes.
A Valerie se acomodou na mesma dos Vallares por total insistência de Nícolas, mesmo diante do olhar frio da esposa. Só aceitara porque o filho queria ficar perto de Valentina e do avô, fosse o contrário teria ido para bem longe.
-- Está desejando arrematar algo, Natasha? -- Mariana indagou, enquanto brincava com Victor que estava no colo do namorado.
-- Na verdade nem tive tempo de olhar a lista das coisas, mas quem sabe se tiver algo que me agrade..
A circense tomou a criança nos braços, pois o garotinho reclamou do colo da mãe.
-- Está com sono já! -- Disse encarando a empresária. -- Ele comeu?
-- Sim, eu trouxe a mamadeira e já dei. -- Colocou a cadeira para mais perto dos dois. -- Olha o que ele me fez. -- Mostrou a mordida.
Nícolas gargalhou, enquanto levantava.
-- Dê-me ele, vou passear um pouco para distraí-lo, vem comigo, Mariana.
A mulher assentiu, enquanto o trio se afastava deixando as duas mulheres.
A ruiva continuou no mesmo lugar, enquanto bebia um pouco da taça. Permaneceu em silêncio durante um longo tempo, mas logo alguns convidados se aproximaram para cumprimentar as duas, conversaram, depois voltaram a ficar sozinhas.
Valentina tentava prestar atenção ao leilão que já acontecia. Recebera a cartela que mostrava as doações. Os Vallares já tinha feito e um dos gerentes da empresa arremataria algumas coisas escolhidas pelo avô.
Vez e outra olhava de soslaio a ruiva, observando-a discretamente.
Estava linda, tão linda que arrancava suspiros de todos os presentes.
Sentiu quando a mão dela pousava sobre sua coxa. Sentiu um arrepio percorrer todo os corpo.
-- Quero conversar contigo!
-- Não estou interessada em nada que possa me dizer.
A Valerie a viu se levantar e seguir para a pista de dança. Viu quando um homem alto se aproximou, convidando-a para dançar.
Natasha precisou se segurar para não ir até lá. Sabia que não tinha esse direito, mesmo que estivessem ainda legalmente casadas, mesmo que ainda ela fosse sua esposa.
Fitou com desgosto a aliança que ainda trazia no anelar da mão esquerda. Lentamente tirou-a e ficou a observá-la, girava-a entre os dedos.
O garçom se aproximou e a ruiva cochichou algo em seu ouvido. O homem assentiu e depois de alguns minutos retornou com uma garrafa de vinho deixando sobre a mesa.
Encheu o copo e bebeu praticamente de uma vez, colocando novamente.
Não podia continuar agindo de forma tão cruel. Sim, o melhor a fazer era assinar o maldito divórcio e deixar a Vallares livre. Deixá-la conhecer alguém que realmente pudesse valer a pena, uma pessoa que não tivesse tantos traumas, alguém normal.
Voltou a beber.
Valentina aceitara dançar com o jovem deputado, porém seu olhar não abandonava a empresária que continuava sentada à mesa. Há uma hora a deixou lá. Observou algumas mulheres se aproximarem dela, mas logo se afastavam, pareciam até irritadas com algo.
Viu que a garrafa estava totalmente vazia e ela já pedia outra.
Fitou o relógio dourado apreensiva.
-- Algum problema? -- O galante homem lhe questionou.
-- Não, mas preciso resolver algo.
-- Algum problema que eu possa ajudar? -- Ele insistiu.
Antes que pudesse responder, a duquesa de Altenor se aproximou.
-- Seu pai pediu para lhe avisar que foi embora, parece que seu filho acabou por adormecer, porém falou que mandaria o motorista lhe buscar.
A morena assentiu.
-- Posso te dar uma carona se desejar. -- O deputado se ofereceu.
A neta do conde fitou a mesa onde a esposa deveria estar, porém não a viu mais ali. Onde poderia ter ido?
Poderia aceitar a oferta do gentil cavalheiro, mas estava preocupada em deixar a ruiva bêbada sozinha naquele lugar.
-- Eu agradeço a atenção, mas preciso resolver algo. -- Pediu licença e logo se afastava.
Caminhava por entre as mesas e sempre alguém a parava para cumprimentá-la. Seguiu até a parte onde os carros estavam e não demorou a ver a empresária esperando o veículo que o manobrista trazia.
Rapidamente seguiu até ela, segurando-a pelo braço.
-- Só pode estar louca se acha que vai sair daqui nesse estado e dirigindo.
Os olhos verdes estavam menores, ébrios.
Algumas pessoas observavam tudo com crescente curiosidade.
-- Ah, não, me deixe em paz. -- Desvencilhou-se do toque. -- Chega de me torturar, não aguento mais não.
O manobrista entregou as chaves, mas antes que a ruiva pegasse, a morena o fez.
-- Eu te deixo em casa!
-- Olha, volta lá para dentro, vai dançar vai, esqueça que eu existo.
A circense olhava de um lado para o outro, prestava atenção nos olhares. Aproximou-se da neta de Isadora, sussurrando-lhe ao ouvido.
-- Quando eu te deixar na sua cobertura, eu esquecerei.
Os olhos verdes escurecidos a miraram demoradamente.
Sabia que não tinha condição nenhuma de dirigir, mas a última pessoa que gostaria que lhe desse uma carona era a palhaça de circo. Sentia o cheiro dela lhe invadir os sentidos, excitando-a.
Praguejou baixinho.
A Valerie ainda protestava quando a neta do conde praticamente a fez entrar no carro. Assumiu a direção e logo dava partida.
Tinha certeza de que seria manchete daquelas revistas de fofoca, pois havia vários fotógrafos observando o que se passava.
-- Onde estão seus seguranças? -- Indagou depois de algum tempo.
A ruiva inclinou a cabeça para o lado para fitar o perfil da circense.
-- Dispensei-os, afinal, o Victor tinha ido com seu pai.
O veículo parou no semáforo.
-- Você é uma irresponsável! -- A morena a acusou. -- Sabe bem que está correndo perigo, sabe que sua irmã já te fez e ainda está se arriscando.
-- Se ela me atacar será uma forma de a polícia pegá-la. -- Falou calmamente.
-- Ah, sim, e você decidiu ser a isca perfeita. -- Falou exasperada. -- Você é uma louca!
O sinal ficou verde e logo ela deu partida, enquanto pensava em como aquela mulher ao seu lado era imprudente, mas parecia um esforço perdido discutir naquele momento, pois ela estava totalmente embriagada.
Ligou o rádio tentando se distrair do seu estresse. Talvez se o pai não tivesse deixado a festa com Victor isso nunca tivesse acontecido e agora ela não estaria levando para a casa a neta da duquesa.
Olhou-a de esguelha e pensou se ela estaria a dormir já que mantinha os olhos fechados.
Lembrou as mulheres que seguiram inúmeras vezes até a ruiva e ainda sentia o ciúmes queimar em seu interior. A mais pura verdade é que a amava e mesmo que soubesse que deveria se afastar, ainda fraquejava quando a via, ainda fraquejava quando a tocava.
Chegou diante do prédio e logo que se identificara adentrou até o estacionamento correspondente ao da empresária.
Viu-a descer do carro sem falar uma única palavra e ficou lá no interior do veículo. Apenas observava tudo com atenção vendo-a caminhar até o elevador e sumir.
Respirou fundo!
Poderia ir embora e logo estaria na mansão Vallares, mas por alguns segundos de irracionalidade, saiu do auto e caminhou até o elevador.
-- Ele já está dormindo! -- Mariana disse ao entrar no quarto e encontrar o namorado a observar o jardim da casa. -- Você brincou tanto com Victor que ele mal conseguia manter os olhos abertos. -- Abraçou-o por trás. -- Acho que a Valentina vai ficar furiosa quando chegar.
Nícolas segurou as mãos da amada e logo as beijava sem se voltar.
-- Os seguranças disseram que minha filha levou a Natasha até a cobertura. -- Disse em tom baixo. -- Ainda continua lá.
-- Então fizeram as pazes? -- Indagou entusiasmada.
-- Acho que ainda não. -- Virou-se para a namorada. -- Valentina tem uma personalidade muito forte e ainda está bastante magoada com tudo o que aconteceu, não é difícil vê isso em sua expressão.
-- Sim, eu sei, ela deixou claro quando esteve com o advogado que iria se divorciar e está levando tudo de forma insensível.
-- Bem, vamos esperar o que teremos nessa madrugada.
A Valerie entrou na cobertura. As luzes estavam acesas. Seguiu até o bar, preparou um drinque e caminhou até o seu lugar preferido.
Acendeu a penas uma luminária, caminhou parando diante do piano. Ficou lá brincando com as teclas como se não fosse uma grande musicista e apenas uma simples amadora.
Bebeu lentamente o líquido forte. Ainda não conseguira apagar, sentia-se ainda mais agitada, mais pensativa.
Ainda tinha em sua mente a imagem da neta do poderoso conde. Ainda sentia seu cheiro, seu orgulho a lhe fitar.
-- Palhaça de circo. -- Falou baixinho. -- espero que suma! -- Bebeu mais um pouco.
Talvez a vida estivesse a lhe cobrar por tudo o que Isadora lhe acusava de ter feito, afinal, fora ela responsável pela infelicidade e desgraça da avó e da irmã.
Usou as duas mãos para produzir um som ainda mais carregado, mais forte.
Riu amargamente.
Primeiro se interessara por Verônica e imaginara que formariam uma família, pensara que poderia deixar no passado todas as suas angustias, seus temores, mas agora via que fora tudo uma ilusão da sua cabeça. Não se deixa der ser quem sempre se foi, há uma essência que sempre acompanhara em todos os momentos, mesmo que tente sufocá-la.
Parou de tocar por alguns segundos ao ver a aliança reluzir em seu dedo. Retirou-a e ficou a mirá-la como se fosse uma espécie de amuleto.
-- Valentina...
Quem diria que enlouqueceria por aquela jovem de olhos negro misteriosos?
Recordava-se da primeira vez que tinha ido até o circo...
A trapezista estava parada na porta entreaberta. Ainda não sabia o motivo de ter ido até lá, mas mesmo assim fora e ali estava a observar a esposa até que lentamente os os olhos verdes lhe fitarem.
-- O que houve agora, bela condensa? -- Indagou com voz baixa. -- Não me diga que ainda deseja me atormentar por hoje. -- Riu nervosa. -- Ah, sim, imagino que tenha trazido os papéis para que assine o divórcio, estava tão ansiosa que não conseguiu esperar...
A Vallares nada disse, apenas continuou lá parada sem saber o motivo de ter seguido para a cobertura.
-- Você tem uma caneta? -- A ruiva indagou. -- Ah, espera, preciso pegar algo para comemorarmos esse momento.
A circense a viu seguir para fora e logo retornava com uma garrafa de cachaça e dois copos. Observou-a servir e depois lhe entregar um dos recipientes de cristal.
-- Um brinde a você, palhacinha! -- Disse enquanto bebia tudo de uma vez sem fazer careta. -- vai estar livre de mim em breve.
A morena continuou em silêncio, mas bebeu lentamente o conteúdo etílico franzindo o cenho por ser tão forte.
-- Foi da sua fazenda! -- Natasha encheu novamente o copo dela. -- Gostei viu, essa bebida me faz lembrar daquela noite que te ataquei no estábulo. -- Caminhou até a poltrona e se sentou. -- Foi lá que você deixou claro que não me queria mais. -- Levou o gargalho aos lábios bebendo. -- E eu continuei correndo atrás...Implorando para dar para ti... -- Meneou a cabeça com desgosto. -- A que nível cheguei?
Valentina sentou no banco do piano, enquanto ouvia as palavras da neta de Isadora. Olhava-a com curiosidade.
-- Mas claro né, eu sempre soube que seria quase impossível que a herdeira de um homem tão poderoso quanto Nicolay suportaria por muito tempo a arrogância de uma descendente dos selvagens dos vikings. -- Voltou a beber. -- porém você não pode reclamar do sexo, ah não, disso você não tem como, você sabe que não havia sexo melhor...
A morena terminou de tomar todo o conteúdo do copo, deixou-o de lado, enquanto cruzava os braços.
-- Sexo é tudo para você! -- Disse em tom pensativo.
A ruiva gargalhou.
-- E você tem opinião contrária, eu sei, mas estamos casadas, então você teria o pacote completo. -- Mordiscou o lábio inferior demoradamente. -- Certo, acho que essa conversa é desnecessária, amanhã assino o divórcio, prometo. -- Tentou se levantar, mas já estava trôpega.
A trapezista se aproximou rapidamente segurando-a, temia que ela fosse ao chão.
Os olhares se cruzaram, estavam tão próximas que sentiam as respirações.
-- Sabe, palhacinha, eu sou tão safada que meu coração está sangrando por saber que não te terei mais, porém mesmo assim estou tão excitada que passaria a noite toda dando para ti. -- Tocou-lhe a face. -- Sou louca por ti e acho que mesmo passando um milhão de anos eu ainda vou te querer.
A morena sabia bem o que ela estava falando, pois sentia a mesma sensação poderosa e incontrolável de tomá-la para si e se entregar com a mesma intensidade.
Virou a cabeça quando sentiu os lábios se aproximarem dos seus e a carícia foi em sua face. Sentia a boca deslizar até chegar ao seu ouvido.
-- Uma despedida... -- Sussurrava. -- Nas novelas e nos filmes acontecem isso, até nas histórias...
Valentina sentia um arrepio percorrer todo seu corpo, enquanto as mãos deslizava por suas costas nuas.
-- Amanhã você será uma mulher livre... -- Continuava a lhe murmurar enquanto os polegares começava a acariciar a lateral dos seios da bela Vallares. -- Eu estou quase me ajoelhando, implorando para que me aceite... -- Agora já explorava os biquinhos sobre o vestido. -- Deixa eu dar para ti mais uma vez...
Os olhos negros se estreitavam em puro desejo, enquanto tentava manter o controle que parecia aos poucos sendo diminuídos. Seu sexo vibrava diante da última frase, pois parecia traduzir sua própria vontade.
Observou os dedos longos brincarem com seus seios sobre o tecido. Eles doíam, pareciam implorar por mais e mais.
-- As mulheres com quem saia não resolveram o seu problema? -- Indagou encarando-a, enquanto lhe detinha a exploração.
A ruiva meneou a cabeça negativamente.
-- Não transei com nenhuma delas.
-- Mentirosa! -- Disse por entre os dentes. -- não acredito que a poderosa Natasha sairia com uma mulher para não a tomar para si.
-- Pois é a mais pura verdade... -- Falou baixinho. -- mas você nunca acreditaria em algo assim... eu até entendo, pois eu mesma não acredito.
Valentina observava o olhar perdido, o mesmo de tantas vezes. O mesmo de sempre.
-- Eu te amo... -- A arquiteta falou baixinho. -- claro que isso não importa, mas eu te amo...acho que estou fazendo papel de tola né. Sim, eu estou. -- Afastou-se alguns centímetros. -- Obrigada por ter me trazido em casa.
A Valerie já seguia em direção a porta, mas a morena foi até ela, segurando-a pelos ombros, pressionando-a contra a parede fortemente.
Deus, por que não resistia?
Observou demoradamente o decote exposto, depois a veia que pulsava na lateral do seu pescoço. Colocou uma das coxas entre as pernas dela.
-- Você quer se despedir? -- Indagou em seu desespero. -- Vamos nos despedir.
Antes que a empresária pudesse falar algo, sentiu o vestido ser totalmente rasgado, deixando-a apenas com um calcinha vermelha sexy.
A empresária usou o dedo indicador para lhe contornar os lábios e logo a via capturar.
Gemeu baixinho ao ver como ela chupava e passava a língua por todo ele.
A morena em seu descontrole bateu com a mão aberta contra o concreto.
-- Você quer dar para mim, ok, eu vou aceitar a sua oferta, talvez se eu tivesse aceitado naquele dia na fazenda a gente já tivesse feito a tal despedida e não estaríamos mais aqui. -- Deu alguns passos para trás e logo se livrava do traje de grife. -- Você quer sexo, ótimo, eu vou te dar sexo.
Natasha a mirava e via a raiva por trás das palavras, sabia o quão furiosa ela estava e não demorou a comprovar tal coisa ao sentir a boca carnuda tomar a sua de forma brusca, machucando-a, ferindo-a, mesmo assim a queria, mesmo assim a desejava mais que tudo.
A neta de Nicolay lhe segurou pelos cabelos, enrolando-o em sua mão, mantendo-a cativa, enquanto deslizava a língua para o interior dos lábios rosados. Sentia o sabor da bebida, sentia o gosto dela, a urgência dela. Não demorou para senti-la lhe chupar, puxando-a. Gemeu com a ousadia do beijo. Esfregava-se a ela, sentindo os seios se roçarem, o atrito entre eles deixava-a ainda mais excitada e logo não tinha mais racionalidade ou controle. Colocou a mão dentro da lingerie da esposa e notou como ela estava molhada. Usou o dedo indicador para explorar.
-- Ain... -- A odiada de Isadora emitiu o som. -- Veja como estou... -- Movia-se contra o toque.
-- Você quer dar? -- A morena indagou, enquanto colocava mais pressão e já a invadia. -- É isso que você quer? -- Meteu forte. -- Então vai, vê se já é suficiente. -- Pressionou-a sem delicadezas.
-- Ain... Ainda não é suficiente... -- Dizia entre gemidos.
-- Não, né, eu sei o que você quer, sei o que deseja... --Afastou-se.
A Valerie permaneceu no mesmo lugar, enquanto observava a bela mulher caminha com seu salto e sua minúscula calcinha. Viu-a se livrar da última peça do vestuário, jogando-o para si.
Segurou-o e viu como estava molhada. Levou-a ao nariz, inalava o delicioso cheiro de fêmea.
A trapezista sentiu até a alma incendia ao vê-la passar a língua no tecido. Sentou-se deixando uma das pernas dobradas, dando uma visão perfeita a outra.
-- Passa a língua aqui!
Natasha a observava embevecida. Viu ela brincar com o polegar na intimidade molhada, observou-a fazer movimentos circulares, delicados, esfregando, enquanto não deixava de lhe encarar.
-- É isso que você quer? -- Indagou umedecendo os lábios.
A ruiva se aproximou, ajoelhando diante dela. Estava hipnotizada diante da cena. Usou o indicador para acompanhar os movimentos.
-- Está sofrendo por saber que em breve não vai poder me comer mais? -- Provocou-a.
A ruiva assentiu, enquanto aproximava a cabeça e beijava a intimidade demoradamente. Logo deslizava a língua por toda a extremidade, satisfazendo sua sede.
-- Eu não quero que seja só hoje... -- Invadia o exigente recanto.
-- Ain... -- A morena gemeu alto. -- só hoje... ain... aproveita e come gostoso porque vou te dar sem limites...
A Valerie esfregou a face na deliciosa carne molhada. Depois chupou, enquanto seus dedos fundiam fundo, repetindo os movimentos sem dó, prendendo em seus lábios a fruta pulsante.
Ouvia gemer de forma agoniada, sentia os quadris se moverem praticamente empurrando tudo na sua cara.
Sentiu-a lhe segurar os cabelos, fazendo meter ainda mais rápido e logo gritava em desespero, ainda mais porque a ruiva não cessou os movimentos. A morena puxou-a para si, encarando-a com os olhos estreitados.
-- Você é a maior safada desse universo...
A empresária passou a língua por seus lábios, depois beijou-a sensualmente, enquanto novamente a penetrava com o indicador e o maior, fazia-o lentamente, deliciando-se da boca sedutora e carnuda. Ouviu-a choramingar e tentar detê-la, mas não cedeu, continuou, mesmo quando sentiu os dentes lhe morder, metia com calma e logo estava tão escorregadia que o som do atrito podia ser ouvido pelo cômodo, aprofundou as investidas e logo a trapezista se desfazia mais uma vez em seus braços.
Permaneceu parada, ouvia-a a respiração acelerada, mirava os olhos negros e via as lágrimas presentes neles.
-- É uma despedida, então tenho direitos a ser contemplados. -- Natasha disse se levantando. -- Acho desnecessário ficarmos nos segurando, afinal, estamos matando a vontade já você deixou claro que é a última vez.
Valentina ainda sentia um tremor em sua espinha. Seu sexo estava tão sensível que parecia gritar por mais atenção ainda.
Mirou o sorriso arrogante da mulher linda que lhe olhava.
-- Acha que tinha como se segurar? -- Indagou com um arquear de sobrancelha encantada com a nudez da arquiteta.
Os olhos verdes se estreitaram, estava ainda desejosa de tomá-la novamente. Livrou-se da última peça, ficando totalmente despida.
-- Vem! -- A morena a chamou. -- Senta aqui.
A ruiva foi até ela, acomodando-se em seu colo. Esfregava-se ao sexo molhado. Sentiu os seios sendo capturados pela boca da circense e isso a deixou ainda mais excitada. Observava-a passar a língua, lambê-los, depois capturou-os nos dentes, mordiscando-os de leve.
Fitaram-se demoradamente.
-- Estou queimando por você, palhacinha. -- Segurou-lhe a mão, fazendo-a acariciar novamente seu sexo. -- Sinta.
A Vallares o fez, vendo bela ruiva se posicionar de joelhos entre suas pernas.
Tocou-lhe os seios, apertando-os, amassando-os.
-- Eu sou louca por ti, Vallares... -- Dizia enlouquecida. -- Sou capaz de tudo por ti...
-- É? -- A neta do conde questionava em um sussurrar.
Via-a mexer o quadril ao encontro das suas mãos e vê-la se mover de forma tão sensual a estava tirando o controle.
Deveria ir embora, mas só se imaginava amando loucamente aquela mulher poderosa e se entregando quantas vezes fosse necessárias para aplacar aquela fome.
-- Faz tanto tempo que não te sinto... -- A empresária dizia, baixando a cabeça e olhando o indicador entrar dentro de si. -- Coloca mais um... Ain... Não precisa de timidez...
-- Eu deveria bater na sua cara por ser tão bandida, isso sim!
Os dentes alvos se abriram em um sorriso, enquanto continuava com os movimentos. Aproximou a face da dela.
-- Você bate o tempo todo... Ain não para por favor... Mete com força... sei que você também adora me comer... Depois vou passar na sua boca, assim você sente o gosto dela quando estivermos separadas...
-- Cadela! -- Valentina disse lhe batendo na face.
-- Ain... sou mesmo...
-- Vadia!
-- Puta...
-- Sim, eu sou, sou sua puta, sua cadela... sua vadia... Ain... quero mais vai...
Sim, naquela noite a neta do conde Nicolau descontou no corpo da esposa toda sua raiva, toda sua frustração, levando-a inúmeras vezes ao auge do prazer, agindo como se realmente estivesse a tratar de uma despedida.
Valentina seguiu até a sala de reuniões.
Deixara a cobertura da Valerie quatro horas da manhã. Ainda conseguia ver a bela imagem da esposa dormindo depois da prolongada noite de sexo. Nem mesmo sabia se estava arrependida por ter se entregado, porém o melhor era esquecer tudo aquilo. Já tinha realizado seus desejos, então agora era buscar um total distanciamento da neta da duquesa.
Bocejou.
Não conseguira dormir nada, ficara apenas pensando em tudo o que havia se passado.
Sentou-se na ponta, enquanto usava o computador móvel para ajustar os últimos dados para quando fosse se encontrar com os empresários que se associariam ao novo empreendimento.
Pegou a xícara de café, bebendo-a lentamente ao mirar a visão panorâmica da parede de vidro. O céu estava azul, mas não havia sinais de chuvas.
Colocou os óculos e logo a secretária entrou.
-- Posso mandá-los entrar, senhora?
-- Sim, claro! -- Respondeu gentilmente.
Esperava ansiosamente, vendo cada um dos acionistas entrarem e lá estava a empreendedora que o avô tanto falava.
O sorriso da Valerie parecia um insulto, mesmo assim se manteve quieta.
Alguns segundos se passaram e o conde apareceu, acomodando-a ao lado da neta, segurou-lhe a mão, beijando-a.
-- Bom dia a todos! -- O aristocrata falou. -- todos sabem que não estarei mais a frente dos negócios, porém estou aqui hoje para dar as boas vindas a Natasha e comemorar a nossa união.
A circense permanecia de cabeça baixa, não acreditava que o avô não falara quem seria o tal novo investidor.
Levantou a cabeça e encontrou os olhos verdes a lhe fitarem. Sentiu a face corar.
-- A honra é toda minha, Nicolay, ainda mais que estamos ligados por elementos mais fortes...
A morena olhava a tela do computador, enquanto ouvia todos os acionistas parabenizarem a nova sociedade. Claro que eles estavam felizes, a neta de Isadora parecia ser muito boa nos negócios.
Manteve-se sentada durante todo o tempo da assinatura do contrato. Não ousou falar uma única palavra. Aos poucos todos deixavam a sala, recebeu o beijo do conde em sua face, vendo-o se afastar. Agora só restava o olhar da ruiva em sua direção.
-- Bom, já que estou aqui, vamos assinar o seu sonhado divórcio...
Minha querida Geh vc é especial,muito obrigada por me proporcionar tamanho prazer em ler esta linda historia. No dia q vc decidir colocar em livro fisico suas historias,guardarei como um verdadeiros tesoura. Deus te abençoe
ResponderExcluirOlá, querida, eu me sinto sempre honrada com o seu carinho e sua gentileza, fico muito feliz por estar acompanhando a minha história e logo encerraremos mais essa.
ExcluirUm beijo grande.
Apaixonada pela Valentina 😍
ResponderExcluirEspero, Autora, que você faça Valentina feliz tirando a Natasha de sua vida. A Natasha deve ficar sozinha com seus dramas e mais ninguém!
ResponderExcluirA Natacha e uma vitima,elas se amam apesar de tantos contra tempo.
ExcluirEu também acho que não devem julgar tanto a ruiva, ela teve as dores dela, ainda tem medo por tudo o que se passou, eu mesma não teria uma atitude diferente da dela, mas vamos ver o que a Valentina vai fazer
ExcluirUau... Valentina... 😁😁😁🔥
ResponderExcluirValentina é um fogo que arde sem se ver na vida da ruiva ...
ExcluirOlá Geh! Tomara que essas duas se acerte,afinal a Natacha já percebeu que ama,ou melhor,sempre amou a Valentina. Essa noite que elas rótularam de despedida,não foi bem isso que se viu ,bem que a Valentina aproveitou. A Nathalia ainda não foi morta,isso é um perigoso para a família da Natacha.
ResponderExcluirA Valentina tem que vê que a ruiva está certa,ela só quer proteger quem ela ama. Vi um comentário ☝️☝️onde a moça diz que a Valentina vai ser feliz sem sua ruiva,impossível, elas se completam e jamais podem seguirem separadas.
Sem elas juntas a história não tem sentido.
Beijão autora,e confio e vós.
Pois é, Val, é difícil, porque ali há um grande amor entre as duas mulheres, mesmo que elas estejam passando por momentos tão difíceis, sabemos que se amam, agora é ver como vai reagir a tudo isso.
ExcluirPassando para deixar um recadinho😉
ResponderExcluirDolo Ferox teve o seu início em 05 julho de 2019. Um mês possui aproximadamente 30 dias, portanto 10 meses é igual a 300 dias, transformando dias para horas temos 7.200 horas. Se levarmos em conta, que o ano é bissexto e os meses com 31 dias, serão 305 dias e 7.320 horas, ou seja, estou acompanhando a saga da Natasha, que sofreu o pão que o diabo amassou e padeiro queimou, nas mãos da “vovozinha” bruxa do 71 e da sua “irmãzinha” Nathália, já falei: “Morte as Nathálias" kkkkkk
e se depois de todo sofrimento, elas não terminarem juntas, vai ser o jeito furar a quarentena e fazer uma visitinha a sua cidade para termos um tête-à-tête kkkkkkk.
As personagens da Geh são de personalidades fortes, e seguem assim até o final, quem acompanha desde o início sabe disso, a Natasha está agindo assim, para proteger a Valentina, o amor entre elas irá superar essa fase, assim espero.
Super beijo Geh.
Com certeza,se ela não ficarem juntas não valerá tanto sofrimento de ambas.
ExcluirA gente nem vê o tempo passar quando começa entrar nessas históriaskkkkkkkk só percebemos o quanto demorou quando a Gi faz as contas...
ExcluirSenti a ameaça em meu couro e estou pensando seriamente nisso, talvez esse tenha sido o motivo para o capítulo final ter sido dividido... Kkkkkk
Kkkkkkkkkkkk amei! quer dizer então, que a ameaça funcionou? KkkkkkkkKK estou amando essa divisão, não termina agora não, por favor!
ExcluirBjssss.