A tutora -- Capítulo 21
Amanda examinava um desenho quando Felipe entrou na sala.
-- Você tem um talento incomparável para fazer essas plantas. Esse resort vai ser um sucesso.
A arquiteta virou-se.
-- Esse é o intuito. – Deu a volta e sentou em sua cadeira.
A filha de Arthur parecia pensativa, girava de um lado para o outro, enquanto observava as projeções do seu maior investimento.
O ex-noivo a mirava com admiração.
-- Acho que em breve você não terá como se ocupar com as duas construtoras. Terá que se dedicar totalmente a uma delas.
A Dervelux sabia disso. Seu empreendimento cresceu rapidamente e toda a sua dedicação agora era recompensada.
-- Eu sei. Já tenho planos para isso.
Felipe também sentou.
-- Fiquei sabendo que a Alice está de volta.
O empresário sabia do relacionamento das duas. A própria arquiteta deixara claro tudo que aconteceu entre elas quando rompera o compromisso com o jovem. Ele sabia do casamento de ambas.
-- Sim. – Pegou um lápis e ficou brincando entre os dedos.
Recordava-se dos dias que estivera ao lado da ruiva e de como tudo parecia diferente. Adorava a forma que ela agia, que se entregava aos seus desejos e como não negava seus anseios sexuais.
-- Espero que vocês se acertem, não acho que a Pietra seja uma companheira fiel.
Amanda deixou o lápis sobre a mesa.
-- Não me lembro de ter pedido sua opinião. – Encarou-o. – Mas não se preocupe, a única mulher que ocupara o cargo de esposa é Alice Albuquerque. Quanto a Pietra, tenho umas coisinhas para resolver com ela, antes de mandá-la para o inferno.
Felipe percebeu que havia raiva nas palavras da arquiteta ao falar da amante, o que poderia ter acontecido? Não queria estar na pele da jornalista. As coisas pareciam não estarem boas para ela.
Alice chegou à construtora. Preferiu ignorar a mensagem do ex-namorado. Prometera para si mesma que confiaria na esposa. Não permitiria que ninguém estragasse sua felicidade.
Seguia para sua sala, quando viu que o escritório de Amanda estava aberto e tinha alguém lá.
-- Senhorita Pietra, não deve ficar aqui. Sabe que a Dona Amanda não permite que ninguém entre aqui sem a permissão da mesma.
A jornalista deu de ombros e sentou sobre a mesa do escritório.
-- Poupe-me! Você sabe muito bem que não sou uma empregada aqui.
-- Você não passa de uma funcionária. Igual a qualquer outra.
Pietra e Ingrid viraram-se e se depararam com Alice parada à soleira. A amante parecia surpresa em ver esposa de Amanda.
-- Exijo que deixe essa sala. – A pupila falou.
-- Por quê? Você não imagina como esse lugar tem histórias. Se esse sofá falasse. – Riu debochada.
-- Ingrid, chame o segurança. A entrada dessa mulher está terminantemente proibida.
Pietra levantou, irritada.
-- Você não pode fazer isso. – Gritou.
-- Eu posso e vou.
-- Você não sebe com quem está lidando. – Aproximou-se dela. – Você vai se arrepender por ter feito isso.
Saiu pisando fogo.
Alice fitou a secretária da esposa.
-- Jogue esse sofá fora e coloque outro no lugar. – Girou e seguiu para a própria sala.
Jonh estava muito irritado. Sua mensagem parecera que não surtira efeito e o pior era que ligara várias vezes e não fora atendido. Sua paciência já estava por um fim. Precisava de dinheiro urgentemente, se envolvera com uns caros barras- pesadas que o estavam perseguindo. Se não pagasse a dívida rapidamente poderia ter uma surpresa nada agradável.
Durante esses quatro anos que Alice vivera fora pensara em entrar em contato, ele sabia que a jovem era ingênua, porém sabia que havia seguranças ao redor da menina. Tudo isso para evitar que ele lhe falasse.
Tivera sorte em encontrar a bela loira num dia de tempestade. Ela o ajudara e se unira a ele para que pudessem alcançar seus objetivos. Porém, hoje, percebera que essa mulher não tinha mais nenhuma serventia. Não era uma carta que pudesse ser usada por mais tempo. Decidira agir, seu pai também não era de muita ajuda, ele mesmo realizaria tudo e sairia com os bilhões de Amanda Dervelux.
Amanda chegou a empresa e foi direto para sua sala. Quando chegou lá, encontrou a secretaria e alguns homens colocando um novo estofado.
Depois do trabalho concluı́do, ficou sozinha com Ingrid.
-- O que significa isso? Quem lhe deu o direito para mudar a decoração do meu escritório?
-- Eu!
Alice entrou na sala. Dispensou a secretaria.
-- Mas por que? – Indagou surpresa.
A pupila sentou no novo sofá.
-- Porque eu não queria ter nenhuma lembrança da sua amante e você. – Respondeu irritada.
A tutora a encarou confusa. Então lembrara-se das inúmeras vezes que estivera com Pietra naquela sala, realmente aquele antigo móvel fora muito bem usado.
A arquiteta aproximou-se e beijou-lhe os lábios. Sentou e trouxe-a para seu colo.
-- Ok, meu amor. Acato todas as suas ordens. – Riu.
-- Demiti sua amante. – Encarou-a. – Ela foi desrespeitosa comigo.
A tutora apenas assentiu. Era lógico que a esposa não iria aceitar que a mulher com que tivera um tórrido caso continuasse trabalhando ali.
-- O que ela fez para te desrespeitar?
-- Falou sobre suas aventuras.
Amanda abraçou-a.
-- Amor, vamos viver o futuro, não permita que os outros destruam o que temos agora. – Beijou-lhe apaixonadamente.
Alice colocou as mãos por baixo da camiseta da esposa e sentiu os seios firmes sob o sutiã, acariciou-os até arrancar gemidos da herdeira de Arthur.
-- Acho melhor pararmos. – Segurou-lhe as mãos. – Preciso almoçar e voltar para a construtora.
A pupila levantou-se.
Sabia que precisava contar para a mulher sobre a mensagem que recebera, porém não queria arrumar mais problemas para o ex-namorado. Sabia que Amanda o detestava e não queria que ela lançasse sua fúria sobre ele.
-- Certo, meu amor. Estou faminta.
Alice estava chegando à mansão quando viu um carro parado próximo ao portão. Viu quem era o motorista e seguiu para lá.
Jonh saiu do veı́culo e foi em direção a Alice. Abraçou-a.
A pupila fora pegada desprevenida, ficou sem reação, deixando-se abraçar.
-- Oh, meu amor. Você está tão linda, o tempo te transformou numa bela mulher.
A pupila conseguiu soltar-se e manteve uma distância do jovem.
-- O que você está fazendo aqui? A Amanda não vai gostar da sua presença aqui.
-- Não importa, estou disposto a me arriscar para te salvar da sua tutora.
-- Jonh, você não precisa me salvar de ninguém. Eu estou bem. – Tranquilizou o amigo.
O rapaz parecia transtornado.
-- Venha comigo, quero que vejas a espécie de mulher pela qual se apaixonou. Tenho provas suficientes para que você veja que está sendo enganada. Enquanto estamos aqui, sua mulher está nos braços da amante. – Segurou-lhe a mão. – Venha, deixe-me mostrar-lhe.
A garota estava assustada. O rapaz não parecia estar em seu estado normal. Tentou soltar-se, porém sentiu uma pancada forte na cabeça e não viu mais nada.
Amanda estava super entusiasmada, dentro de uma semana sua esposa completaria os vinte e um anos, estava preparando uma surpresa enorme para a jovem. De uma vez por todas provaria a grandeza do seu amor. Nada mais lhe interessava, a não ser fazer Alice feliz. Seus negócios não tinham o mesmo prazer do passado, sua ambição e arrogância desmanchava-se diante de um par de olhos verdes que a fascinavam.
Encontrou Maria subindo as escadas e deu-lhe um beijão na bochecha.
-- Menina, assim você me derruba. – Riu a governanta. – É tão bom te ver feliz assim. – Abraçou a jovem. – E onde está a menina Alice?
A arquiteta soltou-se do abraço.
-- Mas ela veio mais cedo para casa. Até me ligou avisando.
-- Mas ela não chegou aqui.
A tutora pegou o celular e discou o número da esposa, decerto a jovem se distraı́ra com algo e não retornou para a mansão.
O telefone deu na caixa de mensagem. Onde estaria sua esposa?
Alice tentou levantar-se, mas sentiu que estava presa na cama. Sua cabeça doía muito. O lugar estava na penumbra, porém conseguiu ver a silhueta de uma mulher. Amanda?
-- Que bom que você acordou, Alice. A voz doce invadiu o ambiente, Lara?
Ambas se encaram durante alguns segundos, a loira desviou o olhar. Não sabia o porquê, mas sentia-se tocada por aquela jovem.
-- Lara, o que você está fazendo aqui?
-- Realmente, minha querida, o que você tem de linda, tem de ingênua. – Jonh falou, sentando na cama. – Usei Lara para se aproximar de ti. Já que você gostava da fruta, o que melhor que uma bela loira dessas. – Apontou para a mulher. – Infelizmente, você só tinha olhos para aquele entrante da Amanda Dervelux.
-- O que você quer de mim? Por que está fazendo isso? – Alice indagou, assustada.
-- Bem, não sei se sabes, mas sua esposa quadriplicou os bilhões da conta, as suas ações não são nada perto da riqueza da sua tutora. E eu quero uma boa fatia disso.
-- Você só pode ter perdido o juı́zo.
O rapaz riu alto. Parecia descontrolado.
-- Eu quis fazer tudo direito. Até mesmo te respeitei e segui sendo seu perfeito namorado, mas você preferiu aquela vagabunda. Enquanto eu agia como um cavalheiro, você ia para cama com aquela desgraçada.
Lara nunca tinha visto Jonh daquele jeito.
Conhecera o jovem há alguns anos, o pai do rapaz fora o advogado que representara seu divórcio. Percebera que ambos tinham um ódio incomum por Amanda Dervelux e unira-se a ele nesse intuito. Ela financiara a fuga do casal para Las vegas, ela esteve por trás de todas as ações.
Infelizmente, precisara ficar escondida quando a garota fora mandada para fora, ainda tentara se aproximar dela na Europa, porém havia muitos guardas costas na cola da jovem. Só tivera a chance de buscar um contato, com o retorno da mesma.
Agora, não sabia mais se aquilo valia a pena, aquela jovem não merecia ser alvo de vingança de ninguém.
Parabéns! Tudo perfeito! Aguardando ansiosa a continuação. 😍
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