A tutora -- Capítulo 20
Alice despertou com beijos, abriu os olhos e deparou-se com aquele mar azul que a encarava.
Não sabia como reagir, havia tanta coisa passando por sua cabeça. As palavras de Pietra começaram a martelar, precisava resolver tudo aqui ou acabaria enlouquecendo.
-- Tudo bem? – A tutora percebeu o desconforto no rosto da esposa.
-- Se eu te perguntar uma coisa você me responderá a verdade?
A arquiteta deitou sobre seu peito, encarando-a. Mirava as sardas que lhe enfeitava as bochechas, o verde esmeralda.
-- Eu não lembro de ter mentido para ti, apenas por um bom tempo omiti meus sentimentos.
A ruiva assentiu, enquanto lhe acariciava os cabelos, fazendo carinho. Umedeceu os lábios e depois questionou:
-- Quanto das ações da empresa Dervelux pertence a ti?
-- Vinte e cinco por cento. – Respondeu sem entender a indagação.
-- Mas como? Você tinha o mesmo número de ações que eu.
-- Você lembra do Felipe? Meu ex- noivo?
A pupila fez um gesto afirmativo.
-- Mesmo não me casando com ele, fizemos uma fusão e daı́ nasceu uma nova construtora, e essa sim eu tenho maior controle. Precisei vender minhas ações para equilibrar ou terı́amos problemas, pois quase cem por cento estava em nossas mãos e ainda por cima eu administrava as suas.
Estaria a esposa falando a verdade?
Decidiu contar tudo que Pietra lhe falara, até mesmo do documento que mostrara.
-- E você preferiu acreditar nela? Nem ao menos iria me dá uma chance de resolver o mal-entendido? – A tutora levantou-se. – Se for para acreditar em todos, menos em mim, prefiro não levar adiante nossa relação.
Alice observou a esposa seguindo em direção ao banheiro.
Amanda estava certa. Não poderia permitir que Pietra ou qualquer outra pessoa lhe fizesse duvidar dos sentimentos da mulher, se fosse para investir no casamento, deveria fazer por completo.
Decidida, seguiu a arquiteta. Encontrou-a sob a ducha, banhando-se.
A arquiteta sentiu o corpo colado ao seu, sentia-se irritada pelo fato da jovem ter duvidado mais uma vez de si.
-- Posso tomar banho contigo?
-- Levando em conta que você está em seu apartamento. – Deu de ombros e começou a ensaboar o corpo.
A pupila o tirou de sua mão e assumiu a tarefa.
-- Me desculpe, amor. – Fitou-a. – Sou uma idiota, mas te amo tanto que tenho medo... Amanda segurou-a pelo ombro, fazendo-a olhá-la.
-- A única coisa que te peço é que confie em mim. Porque teremos que enfrentar muitas coisas ainda.
Alice tomou aquela boca para si. O que mais desejava era amar aquela mulher por todos os dias da sua vida.
A arquiteta tentou resistir, mas não havia nada que gostasse mais que o toque da amada, ela era atrevida e sempre lhe surpreendia.
A empresária virou-a de costas para si, desligou o chuveiro e colou seu corpo ao dela.
-- Estás merecendo um castigo. – Sussurrou com voz rouca. – Quem já se viu duvidar de Amanda Dervelux e, ainda por cima, barrar sua entrada no hotel. – mordiscou-lhe a orelha.
-- Hun! E o que a poderosa tutora pensa em fazer com sua rebelde pupila? – Fingiu estar amedrontada.
A arquiteta sorriu e em seguida soltou-a. Vestiu um roupão e passou o outro para a esposa.
-- Tenho uns planos em mente. – Sorriu safada.
Seguiram para o quarto, chegando lá Amanda sentou numa poltrona de descanso.
A pupila tentou beijá-la, porém foi repelida.
-- Estava lembrando que você sempre fez parte da minha vida. – Começou. – Inúmeras vezes perdi o sono à noite porque estava louca de tesão por ti. Então, para poder relaxar, eu precisa tocar no meu próprio corpo para poder amenizar essa fome. – mirou-a intensamente. – Alguma vez você fez isso, doce Alice?
A garota corou!
Lógico que também fora acometida pelo mesmo problema, muitas vezes recorrera a prática.
Havia dia, quando estava fora, que sentia a necessidade de sentir aquelas mãos em si, tivera sonhos que a fizera acordar tão excitada que seu corpo parecia ter vida própria.
-- Sim! – Respondeu constrangida.
-- Pois, então, mostre-me como fazias, estou louca para apreciar essa cena. – Cruzou confortavelmente as pernas.
De inı́cio, a jovem se sentira incomodada com o pedido, mas ao ver o brilho de desafio nos olhos da esposa, decidiu mostrar para a mulher que não era uma adulta amedrontada, era uma mulher que lutaria de igual com qualquer uma e sairia vencedora.
De pé, livrou-se de toda vestimenta.
Observou o “azul da cor do mar”, anunciar tempestades. Sorriu!
-- Houve uma noite, no meio de tantas, que tive um sonho contigo e acordei toda molhada. – Desceu as mãos e tocou na junção das coxas. – Ver? – Mostrou-lhe os dedos. – Só em pensar em ti, o efeito é instantâneo.
A arquiteta sentiu o sangue começar a ferver.
-- Quando eu te via, imaginava essa boca gostosa chupando cada pedacinho de mim. – Passou os dedos nos seios, gemeu sensualmente. – Eu adoro esses lábios, me enlouquecem.
Decidida, seguiu para perto da mulher, lhe descruzou as belas pernas e sentou-se em seu colo, em posição de amazonas.
Amanda tentou não baixar os olhos, naquele momento preferia seguir fitando os lindos olhos verdes, pois estava a ponto de perder a cabeça.
-- Vê, amor? – Baixou as mãos e passou a fazer movimentos circulares no clitóris. -- Era assim que eu pensava. Esse era o toque que eu buscava nas minhas noites solitárias.
A tutora tentou usar suas próprias mãos na carı́cia, mas Alice a impediu.
-- Agora, você, apenas irá ser espectadora. – Mordeu a pontinha da orelha.
A arquiteta quando propusera a esposa o desafio, o fizera como forma de penalizá-la. Não imaginou que a pupila seria tão ousada a ponto de participar, mas nesse momento sabia bem o significado do ditado do feitiço virar contra o feiticeiro.
Baixou os olhos e viu que a Alice brincava com um dedo na entrada daquele poço de desejos. Sentiu o rebolado dos quadris.
-- Deixe-me ajudá-la. – Falou lambendo o biquinho dos seios.
Alice segurou-lhe a mão e a levou para o centro do seu prazer.
-- Penetre-me, meu amor.
A arquiteta fez o que lhe foi pedido. Mergulhou o rosto no pescoço da amada e passou a fazer os movimentos, lentos de inı́cio, mas aos poucos acelerara mais, atendendo as ordens da esposa.
-- Você sabe qual é o meu sabor? – Indagou a pupila, ousada.
-- Deixe-me ver. – Retirou os dedos e pôs na boca, chupando um a um. – Acredito que esse é o sabor do pecado.
Segurou a amada, levantou-se e a fez sentar no seu lugar.
-- Deixe-me comprovar minha teoria. – dobrou-lhe os joelhos, dando um perfeito acesso. – Veja se a sua imaginação se compara com isso.
Safada, Amanda passou a penetrá-la com a lı́ngua e com um dedo, enquanto a mão massageava todos resquı́cios daquela perfeição.
A pupila gemia alto, temia que a qualquer momento seu corpo perdesse os sentidos, acelerou mais os movimentos e viu as estocadas se tornando mais e mais fortes.
A arquiteta prosseguiu suas carı́cias até senti-la desfalecer de prazer, um grito de deleite invadiu o quarto. Lambeu todo mel que escorria, aquela era a liberação do desejo. Abraçou a jovem e sussurrou.
-- Estava enganada, esse não é o sabor do pecado... é o sabor do paraı́so.
O final de semana fora perfeito para o casal que baixara as armas e viviam uma lua de mel tardia. Passaram os últimos dias da semana no iate da empresária. Mas mal aproveitaram a bela vista do mar, ambas só buscava saciar a fome que parecia aumentar cada dia mais.
Na segunda, Alice mudara definitivamente para a mansão Dervelux. Ocuparia definitivamente o lugar que lhe fora destinado, não só na cama da esposa, como também no coração de sua amada.
Maria ficara eufórica com a nova situação, apesar de não entender essa coisa de relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, uma coisa ela tinha certeza, não tinha como aquelas duas não se unirem, parecia terem sido feitas uma para outra e o melhor era que a felicidade parecia ter reinado naquele lugar. Há muito tempo não via a verdadeira Amanda aparecer, agora o sarcasmo e a constante irritação deram lugar a sorrisos bobos e olhos com um intenso brilho.
A filha de Arthur estava acabando de se arrumar quando viu a esposa saindo do banheiro. Mirou aquela imagem pelo espelho, se sentia cada vez mais encantada pela esposa. Nunca pensara que seria tão feliz, era uma emoção nova que preenchia seu peito.
-- Posso ir contigo para a construtora? – Alice lhe abraçou a cintura.
A arquiteta a virou para si.
-- Infelizmente não, meu anjo. – Beijou-lhe a pontinha do nariz. – Não estou indo para lá, agora de manhã precisarei comparecer a minha outra empresa para organizar uns projetos com o Felipe.
A pupila fez uma careta de desagrado.
-- Com seu ex?
-- Não acredito que tens ciúmes do Felipe? tadinho.—Riu. – Você sabe que meu relacionamento com ele nunca significara nada.
-- Hum! Ok!
Amanda se encantava com aquele rostinho com algumas sardas. Isso a fazia parecer uma menina travessa. Olhou a hora no relógio.
-- Eu preciso sair, meu bem, ou chegarei atrasada.
-- Certo, meu amor. – Fez carinha de triste.
-- Prometo te pegar na empresa para almoçarmos. Que tal?
Alice adorou a ideia e um sorriso lhe iluminou o rosto.
Beijaram-se apaixonadamente e a tutora seguiu para o trabalho. A pupila jogou-se na cama.
Estava tão feliz que sentia uma enorme vontade de chorar. Passara os melhores dias da sua vida. A esposa lhe amara tão intensamente. Era tão perfeita, seus carinhos, nunca imaginara que a poderosa Dervelux tinha um lado tão doce...e selvagem também...
Corou ao lembrar das coisas que fizera com a arquiteta.
Seus devaneios foram interrompidos pelo bip do celular.
Pegou o aparelho que estava sobre a mesinha de cabeceira e viu a mensagem.
“ Alice, preciso urgentemente falar contigo. Apesar de tanto tempo, nunca te esqueci. Porém sei do seu casamento e do seu amor por Amanda Dervelux, gosto muito de ti e não consigo te imaginar ao lado daquela mulher. Preciso contar-te a espécie de monstro a quem entregasse todo o seu amor.”
Jonh!
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