A tutora -- Capítulo 5


               A jovem pupila paralisou com a presença da carrasca em seu quarto. Não apenas por seu corpo que estava desnudo, mas aquele olhar tinha o poder de despir sua alma. Fitou os olhos que naquele momento pareciam mais escuros, mais penetrantes. 
                   Arrepiou-se!
                   Sabia que deveria se cobrir, mas algo a impedia de se mexer, paralisando-a.
                   Fitou os lábios entreabertos, viu os dentes alvos.
                A tutora perdeu a consciência de onde estava. Só conseguia ver aquela ninfa totalmente nua. 
                Seu corpo magro possuía curvas perfeitas. Os seios eram médios, algumas sardas davam um toque mais sensual a eles. Sentiu algo que há tempos não experimentava.
                   O que se passava agora?
                   Onde estava a frieza que conseguia mascarar seus anseios.
                   Na sua adolescência não houve limite para suas vontades, principalmente sexuais, mas agora as coisas mudavam. Tinha se tornado uma mulher fria que buscava apenas o trabalho a qualquer outro tipo de frivolidade.
                  Voltou a observá-la, fitou os pelos escassos do sexo feminino...
                   Um desejo intenso a fez ir em direção da garota, tocou-lhe o colo... 
                   Perfeito!
                   Usou o polegar no mamilo, incitando-o.
                Alice sentiu as pernas amolecerem, fora amparada pelas mãos firmes da outra. Sentiu a boca seca, passou a língua nos lábios, umedecendo-os.
             Amanda parecia hipnotizada com aquele movimento por aquele movimento, queria senti-los...
                 Fitou-a demoradamente, observando a tonalidade dos lindos olhos.
                  -- Alice já dei o recado a minha menina... – Maria entrou no quarto.
               A arquiteta teve um sobressalto e acabou derrubando Alice que caiu sentada na grande cama.
                A governanta observou a cena perplexa.
              Olhou para ambas e percebeu seus rostos tingidos de vermelhos. O que estava acontecendo naquele quarto?
                -- Ora, você acha que eu tenho o dia todo para ficar aqui? Achas que não tenho nada melhor para fazer? – Disparou Amanda, tentando se recompor.
                A jovem levantou-se da cama e ajeitou a toalha em volta do corpo. Sentia a cabeça girar.
                  -- Eu... eu... – gaguejou.
                  -- Não sabia que eras gaga também. – Debochou cheia de desdém.
                  -- Calma, filha. – Maria tentou acalmar a patroa. -- Acho desnecessária essa explosão.
                  A arquiteta caminhou até a janela e ficou a observar o enorme jardim da sua mansão. Sentia o coração bater acelerado e ainda não entendia o que tinha acontecido.
                   -- Diga logo o porquê de ter me chamado no seu quarto. -- Indagou sem se voltar.
              A governanta ouviu o toque do telefone, pediu licença e seguiu para fora do cômodo, deixando as duas mais uma vez sozinhas.
                 Alice olhou para tutora, observou a tensão naqueles ombros. Pensou em aproximar-se, tocá-la.
                 Mas qual a razão desse desejo tolo?
             -- Que droga! – Praguejou, virando-se para a menina. – Diga logo o que você quer? – Desviou a visão, não queria cair em tentação de novo.
                 A pupila olhava-a com atenção.
                -- Eu só queria...queria pedir para não ficar trancada. – Encarou-a, corajosa.
               -- Para quê? Para você correr para os braços do seu namoradinho idiota? – Indagou, irritada.
              -- Não! Eu só quero não me sentir numa prisão. – Completou. 
                 Amanda segurou-lhe o braço, bruscamente.
               -- Se você tentar fugir... Vai se arrepender... – Soltou-a. Sem mais palavras a deixou sozinha.
               Alice sentiu as lágrimas buscando libertar-se, permitiu-as. Se sentia triste, não pelas palavras duras, mas pela sensação que antes invadira seu corpo. Sua pele queimava. Como podia sentir aquilo por uma mulher? Pior! Por aquela mulher...
                    Sentou-se na cama e cobriu o rosto com as mãos.
                   -- Estou perdida!



             A arquiteta desceu as escadas correndo, saiu de casa, pegou o carro e seguiu em alta velocidade.
                Não queria pensar, não queria sentir aquilo, e ainda mais por aquela garota. Decidida, discou o número do noivo no painel do veículo.
                     No primeiro toque, ele atendeu.
                    -- Estou indo para o seu apartamento.
                    -- mas eu estou na casa dos meus pais. Vim almoçar com eles.
                    -- Não quero saber. Te encontro lá.


              No apartamento... entre carícias e beijos, a tutora acabou na cama do prometido.
            Fechou os olhos, tentando sentir, porém seus pensamentos eram invadidos por olhos verdes. Ficou aliviada quando o noivo se satisfez.
              Felipe continuou estimulando-a, mas foi impedido pela moça que o afastou.
               -- Mas meu amor...
               -- Eu não quero, já chega! – Levantou-se. 
              Confuso, o jovem a fitou.
               -- O que você pensa que eu sou?
                -- ora, deixe de chatice. Te dei o que você queria.
                 -- O que eu queria? Você quem me procurou...
                Amanda seguiu para o banheiro, deixando-o falar sozinho.



                Alice estava sentada no jardim. Em uma das mesas, observava a lua cheia. 
               -- Já está tarde. – A governanta tocou-lhe o ombro.
                -- A lua está tão linda. Nem me dei conta da hora. – Sorriu.
                 -- Acho melhor entrarmos.
                 A tutelada riu.
              -- Está com medo que eu fuja é? Ou que sua menina brigue por me encontrar aqui? – Piscou.
             -- Nem correremos esse risco hoje. A menina ligou e disse que dormiria no apartamento do noivo. 
                 A decepção no semblante da jovem não passou despercebido à governanta.
               -- Vou para o meu quarto.


            A pupila não conseguiu dormir. Seus pensamentos estavam longe. Pensava em Amanda e sentia uma dor no peito em pensar que nesse momento ela estava nos braços do seu noivo. Aquela boca, aquele corpo estava sendo tocado por outro.
               -- Não acredito que isso está me incomodando. – Socou o travesseiro.
                O que se passava consigo?
               Desde quando se importava com aquela mulher e com as coisas que ela fazia?



             Já passava das três da madrugada quando a empresária voltou para casa. Tinha passado a noite em uma balada. Deixara o noivo no seu apartamento e seguiu para se divertir. Extravasou suas frustrações. Bebeu muito. Tinha voltado de táxi para a mansão.



             Alice tinha dado um cochilo, quando ouviu o barulho de um carro. Levantou-se e esperou até ouvir os passos. Abriu a porta lentamente e viu Amanda encostada na parede. Parecia não ter forças para andar.
              A pupila adiantou-se e a segurou, ajudando-a.
               -- O que você quer? – A tutora tentou soltar-se.
               -- Só estou te ajudando.
              Abriu a porta e a auxiliou a entrar no quarto.
                 -- Você está bêbada.
                  Amanda apenas assentiu.
                 Com muito esforço, a pupila deitou a arquiteta na cama.
                 -- Precisa tirar sua roupa. Não podes dormir assim.
                -- Por que não? -- Indagou confusa se apoiando no cotovelo.
                Alice cruzou os braços sobre os seios, enquanto mordiscava a lateral do lábio inferior.
                -- Dervelux, você não deve dormir assim. -- Repreendeu-a.
                A arquiteta não pareceu se importar, deitando-se.
             A jovem lhe triou os sapatos, viu que teria um maior trabalho com o resto. Pois a dona da casa usava calça de couro e uma camiseta colada ao corpo.
               Estava linda!
               Nunca a imaginou assim, sempre pensou que a filha de Arthur já era uma mulher com seus quarenta anos.
            Amanda com muito esforço sentou-se na cama. Assustou-se com a presença daquela jovem em seu quarto.
             A menina vestia um hobby branco, no meio das coxas. Como podia está tão sensual, vestida com algo tão simples.
              -- O que está fazendo aqui?
              O quarto estava na penumbra e isso deixava o clima mais aconchegante.
               -- Só queria ajudar-te. – desculpou-se. – mas já estou indo.
             Antes que ela chegasse na porta, surpreendentemente, fora segurada pela tutora, pressionada contra a porta.
              Encarou-a assustada, tentou empurrá-la, mas a empresária lhe segurou os braços contra suas coxas.
             A garota pareceu amedrontada, fitou-a.
             -- Eu só estava tentando te ajudar...
             A filha de Arthur apertou mais forte suas mãos contra sua pele.
            -- Que feitiço você jogou em mim? – Indagou baixinho. Depositando um beijo no seu pescoço.
         Alice se sentia hipnotizada, fascinada por aquela mulher. Desejava sentir aqueles lábios nos seus. O seu cheiro a estava deixando embriagada.
           -- Você tem uma boca tão linda. – A arquiteta passou os dedos por eles. – A imagino colada na minha...Na minha pele...em cada canto do meu corpo.
            A pupila estava desejosa, ardendo por aquele contato, mas nada disse, apenas a observando.
            Ouviu a voz baixo e o cheio de álcool pareceu tão tentador vindo dela:
          -- Estou queimando por você. – Tocou-lhe a pele pela abertura da camisola. – Não aguento mais. – Beijou-a.
           Alice sentiu aquele contato e pensou que iria desfalecer. Nunca provara nada como aquilo. Teve que segurar nos ombros da outra para não cair. Quando a língua da tutora procurou a sua, pensou que não poderia existir um prazer tão intenso no mundo, então percebeu quando mãos lhe acariciava os seios, tentando desnudá-los.
            De repente, lembrou-se do que tinha acontecido mais cedo, da grosseria que lhe fora imposta e pior, depois de quase tê-la beijado, correu para os braços do noivo e por fim, recordou do próprio namorado, ele não merecia isso.
            Sem mais, a pupila desvencilhou-se das mãos de sua carrasca e correu para fora do quarto, trancando-se no seu.


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