A tutora -- Capítulo 3



                     Uma semana depois...
                  Amanda tinha viajada para ver pessoalmente como andava as obras de um novo prédio que estava sendo construído. Tinha verdadeiro fascínio por aquele mundo de construção, com certeza herdara isso do seu pai. Parara um pouco, antes de voltar ao escritório improvisado da construtora, para chamar a atenção de um dos funcionários da grande obra.
                     Uma tenda fora montada com todos os materiais necessário para que a filha de Arthur pudesse acompanhar o novo empreendimento.
                    O noivo a acompanhava com os olhos baixos. 
                 Felipe era arquiteto e era o responsável por aquele projeto. A visita da noiva lhe parecera ótima inicialmente, estava com saudades, porém ele lembrou que não tinha uma relação com um ser humano normal, tinha um relacionamento com um iceberg. Isso é o que era Amanda Dervelux.
                  Conhecia-a desde a infância e sempre fora certo que casariam. Não nagava que no início da adolescência se revoltara com aquilo, pois a bela herdeira de Arthur nunca se mostrava interessada, ao contrário, agia com aquele ar arrogante e pomposo, porém com o tempo se apaixonara, afinal, seria difícil que alguém não caísse de desejos por ela.
                A tutora acenou para o que o prometido lhe acompanhasse. Entrou no pequeno ambiente e sentou-se diante do seu notebook, começando a digitar.
              -- Amanda... – Fora silenciado por um gesto da outra.
                 Ela parecia concentrada, enquanto digitava um texto. Depois o fitou.
              -- Estava mandando um e-mail para minha secretária.
                 O noivo sentou na outra cadeira.
            -- Fiquei surpresa com sua visita. Nem avisou que viria. – Levantou- se e chegou mais perto, trouxe-a suavemente para si, tentando beijá-la. – Estava morrendo de saudades de você.
              -- Por favor, Felipe, não tenho tempo para isso. – Afastou-se, já pegando o celular na bolsa.
              O homem a olhou exasperado.
            -- Eu queria saber quando você vai ter tempo para isso. Estamos juntos há cinco anos e eu nunca consegui entender nossa relação. Você só vive para os negócios ou, como algumas vezes acontece, para qualquer outra coisa, menos para mim.
               Amanda começou a discar o número, parecia nem ter ouvido o que o outro falara.
                -- Ricardo, como estão as coisas por aí? E a menina? Ok! Chegarei em breve e verei isso.
             A tutora guardou o aparelho. Precisava retornar para a capital. Estava ausente há uma semana. Olhou para o noivo.
                -- Eu precisarei hoje mesmo ir embora. Mas preciso que fale com sua mãe. Temos que fazer uma festa formal para anunciar nosso noivado. Isso vai fazer com que as ações da empresa aumentem ainda mais.
                 A noiva deu um selinho nos lábios do rapaz e seguiu seu caminho.


              Alice observava o belo jardim pela janela do quarto. Continuava trancada. Não sabia nada do namorado e isso a estava enlouquecendo. Ficava imaginando mil coisas ruins, aquela mulher teria sido capaz de machucá-lo?
              Teria que pensar em algo para fugir dali.
              Observou os seguranças que faziam a guarda por todas as partes.
              Soltou um longo suspiro!
              Não sabia onde era pior: Na escola de freiras ou ali!
              O importante é que não tivera mais que se encontrar com a Dervelux depois da discussão que tiveram de madrugada.
              Relanceou os olhos em irritação.
              " Eu sou Amanda Dervelux..."
              Como se aquilo lhe desse o direito de agir como a dona do mundo.
              Idiota!
            A porta abriu-se e a senhora que sempre vinha lhe trazer comida entrou. 
           Ela já era idosa. Tinha feições doce e sempre tentava lhe acalmar. Foi devido a esse jeito maternal que a tutelada lhe implorara ajuda. Pedira para fazer uma ligação. Precisava saber do Jhon ou não teria paz.
              -- Menina, aqui está. –Entregou o telefone a jovem. – Eu não deveria fazer isso. —Falou nervosa. – Se a menina Amanda descobre, não quero nem pensar. -- Benzeu-se.
                Alice foi até ela, deu um beijo estalado em sua bochecha.
                -- Obrigada, mil vezes obrigada. Vou usar rapidinho e te devolvo. Ela não vai saber.
           -- Você tem dez minutos. Vou ver uma torta que deixei no forno e já volto para pegar o aparelho. 
                A boa senhora saiu.
            Entusiasmada, a jovem discou o número do namorado. Chamou algumas vezes, até poder ouvir a voz do garoto.
              -- Sou, eu, Alice. -- Disse com um largo sorriso. -- Não sabe como estou feliz ao ouvir tua voz.
                -- Meu amor, onde você está? Estou desesperado atrás de você.
                 -- Você está bem? Eles te machucaram naquele dia?
               -- Não, apenas levei um soco quando tentei te ajudar. Depois apaguei e só acordei no outro dia. Me dá o endereço. Irei te buscar agora mesmo.
                 -- Não posso, não quero que você tenha mais problemas...
                 -- Não é só ele que terá problemas...
                 A tutelada deixou o telefone cair, assustada ao ouvir aquela voz poderosa tão perto de si.                      Lentamente, virou- se e encontrou aquele sorriso sarcástico, os olhos azuis brilhavam perigosamente.
                 Como uma mulher podia ser tão arrogante?
                 Mirou a blusa de mangas longas que ela usava na cor preta e com botões dourados, depois viu a calça colada às pernas, na cor branca, que com certeza deveria ser assinada por um estilista exclusivo.
                Chegou a pensar ingenuamente que nunca mais a veria em sua vida, até conseguira se acalmar com a ausência da herdeira do Dervelux, mas agora ela estava ali novamente e agia como se fosse a rainha de toda a humanidade.
                 Amanda abaixou-se, pegou o aparelho e o jogou contra a parede, destruindo-o.
                 -- Você é louca, por que fez isso? – A jovem sobressaltou-se assustada.
                 A empresária não respondeu de imediato, pois tentava controlar a ira que ameaçava explodir em seu peito.
                  Nem mesmo passara na empresa ao retornar da viagem, seguiu direto para a casa e que surpresa fora reservada para si.
                 Passou a mão pelos cabelos longos, enquanto a observava com cuidado.
                 Camiseta colada e calcinha eram os trajes que a tutelada usava naquele momento e não parecia se importar com a escassez das vestes.
                    Respirou fundo!
                -- Eu não acredito que você convenceu a Maria a me trair. —Segurou-a bruscamente pelos ombros. – Que espécie de feiticeira é você?
                 Havia uma batalha dura acontecendo entre os olhares que se encaravam em fúria. Alice não parecia se intimidar tão facilmente.
                  -- Solte-me. Está me machucando. – Olhou dentro daqueles olhos frios. -- Não tem direito de encostar em mim, não quero que me toque!
              -- Eu volto de viagem, pensando que você está se comportando e te encontro ao telefone, dado pela minha governanta, a mulher que eu mais confio, falando com seu namoradinho idiota.
                  A garota tentou se desvencilhar do toque, mas fora uma tentativa vã.
            -- Não estava fazendo nada de mau. Só queria saber como estava o Jhon, depois da sua invasão nada pacífica. E quanto a Maria, ela é um doce de pessoa e não um monstro frio e insensível como você.
                 A tutora apertou mais a outra, praticamente empurrando-a contra a parede, a menina tentou se livrar mais uma vez e para impedi-la, a Dervelux colou o corpo ao dela, colocando uma das coxas entre as penas de Alice, subjugando-a. 
                   Novamente se encararam.
                   -- Solte-me, sua estúpida! -- Esbravejou a adolescente.
                 -- Pelo que vejo não aprendeu bons modos, é uma garotinha idiota que acha que pode me desafiar.
                  -- E você é quem? A dona do mundo? -- Tentou se livrar do contato novamente. -- deixe-me!
                  Mais uma vez Amanda encarou os olhos verdes, depois mirou as sardas que enfeitava a pele, os lábios tão vermelhos entreabertos que falavam tão perto dos seus a ponto de sentir o hálito gostoso.
                   Soltou-a, afastando-se.
           -- Amanhã você irá fazer as provas no colégio. Não quero saber de mais gracinhas suas ou vai pagar muito caro por isso. – Virou-se para sair, mas foi impedida pela voz da menina.
              -- Não faça nada com a Maria, ela não teve culpa. Por favor. 
                  Sem mais palavras, Amanda deixou o quarto.
                Alice sentiu o ar voltar ao seu pulmão. Havia algo de estranho quando ficava na presença daquela mulher.
                 Sentia sua pele arrepiada e um aperto no peito, angustia. O cheiro dela impregnava os aposentos e machucava seu olfato como se fosse um invasor.
                   Fitou o telefone em pedaços.
                   O que era quela mulher?
                   Caminhou até a cama, sentando-se pesadamente, depois se deitou de braços abertos.
                   Por que as coisas tinham seguido por aquele caminho?
                  Tudo era tão diferente quando Arthur era seu tutor. Ele sempre fora muito gentil e aceitava sua opinião e suas vontades, jamais a forçava a aceitar algo que não a agradasse, diferente da filha, essa agia com prazer em feri-la, em tentar dominá-la.
                    -- Não sabe com quem está lidando, Amanda Dervelux.






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