A tutora -- Capítulo 10

              No dia do aniversário da jovem, Maria decidiu fazer uma pequena comemoração. Ligara para Amanda, já que a outra não tinha dormido em casa, pedindo que estivesse presente, mas entre várias grosserias, se negara a participar e ainda fora clara quanto a proibição de convidar o namorado de Alice para o pequeno evento.
               Desolada, a governanta contou apenas com a presença de Ricardo e de alguns empregados. Sabia que não seria o que a jovem pupila merecia, mas não queria afrontar mais a patroa. Decidira fazer a comemoração para poder alegrar um pouco Alice, ela parecia cada dia mais triste.




                 A tutora apresentava o projeto e parecia totalmente intolerante a qualquer tipo de crítica.
                Diante da tela de projeção, mostrava os detalhes do novo investimento que estava a fazer, exibindo os detalhes de forma fria e arrogante.
                 A diretoria estava reunida na grande mesa oval. Felipe ocupava a cadeira na lateral, próxima a da cabeceira que era da noiva.
                   Olhava com atenção para Amanda e a sentia tensa, algo que parecia novidade para ele, pois a bela mulher nunca demonstrara algum tipo de fraqueza.
                 -- Não devemos esquecer os riscos de um investimento tão alto. 
                 Nas empresas Dervelux havia um conselho composto por cinco empresários que faziam parte de tudo desde a fundação. Eles foram nomeados por Arthur para que a filha não tomasse atitudes que poderiam colocar em risco o patrimônio de ouro.
                  -- Eu nunca disse que não haveria! -- Ela disse cruzando os braços. -- Só um idiota planeja algo sem pensar nos impasses. 
                 Felipe viu o murmurinho, sabia a herdeira fora desrespeitosa.
                 -- O fato de ser a tutora da jovem Albuquerque lhe dar muitos poderes, mas não a deixa isenta de passar por nossa aprovação. -- O presidente do conselho se levantou.
                  -- Não lembro ter dito que estava isenta! -- Retrucou com arrogância.
                  -- Esse projeto estará barrado por tempo indeterminado, todos estamos de acordo! -- Apontou-lhe o dedo. -- Estamos cientes que a sua pupila busca de qualquer forma se livrar das cláusulas do testamento que a ligam a você, se isso acontecer, você perderá o controle de tudo, então terá sérios problemas.
                   Então eles já sabiam, agora entendia a ressalva.
                   -- Nada disso vai acontecer! -- Afirmou com superioridade. -- Enquanto Alice não completar vinte e um anos, apenas eu serei a responsável por suas ações.
                   -- Tão responsável como no dia do seu noivado que a garota sumiu com o namorado? -- O presidente a alfinetou. -- Dervelux, não seja inocente e tola, se entre sua tutelada e o mancebo estiver ocorrido encontro carnal, qualquer juiz aceitaria o casamento entre eles.
                  Amanda continuou no mesmo lugar, enquanto os via saírem. Sempre foram uma pedra em seu sapato e nada mudou naqueles anos. Ainda a condenavam pelo que se passou com a fralde nos negócios. Ainda a julgavam por isso, mesmo sendo ela a presidente da empresa.
                   Os dentes cerrados e maxilar contraído ao olhar firmemente para frente.
                 -- Você não precisava ter agido com tanta intransigência! -- Felipe comentou depois de ficarem sozinhos. -- Não dever desafiar o conselho, eles estão certos, há grandes riscos.
                 -- Eu sou a acionista majoritária! -- Bateu com a mão aberta sobre o tampo da mesa. -- Não irei aceitar que me tratem como irresponsável.
                -- Eles apenas estão preocupados, pois não se trata de um simples investimento, você está querendo jogar nisso todo o capital da empresa. Sem falar a questão da Albuquerque, se ela conseguir a emancipação, você perderá a presidência.
                 -- Ela não vai conseguir! -- Sentou-se. -- Achas mesmo que seria tola ao permitir que a Alice conseguisse anular as cláusulas do testamento? -- Apertou o botão do telefone. -- Peça para Ricardo vim até aqui agora mesmo, não dei permissão para ele não estar presente na reunião. -- Ordenou à secretária. 
                  Um silêncio se fez ouvir do outro lado até que a voz hesitante da jovem respondeu.
                  -- Sinto muito, senhorita, mas o seu advogado disse que não estaria na empresa hoje, acho que tinha um aniversário para ir.
                   Felipe pegou o notebook e começou a digitar, não queria ser alvo da fúria da noiva naquele dia.




                    Alice acordara cedo naquela manhã, mas passara todo o dia deitada na cama, nem mesmo se alimentou bem naquele dia.
                      Já era quase noite quando seguiu para tomar um banho, após falar com o namorado. Conversaram sobre várias coisas e ele mostrou o urso de pelúcia que tinha comprado de presente para ela.
                      Jonh era muito gentil e não merecia de forma nenhuma o que fizera com ele.
                      Trocou de roupa, pois a governanta tinha pedido que descesse para o jantar, mesmo assim não estava animada. Jogou-se na cama.
                    Sentia-se sempre melancólica na data do seu nascimento, pois se recordava dos pais, da vida que tinha ao lado deles. 
                    Levantou-se, seguiu até a mesinha de estudo, sentou-se e abriu a gaveta tirando uma espécie de diário de dentro. De lá retirou um fotografia. O pai e a mãe estavam com ela em um parque. Aquela era a última imagem que tinha deles.
                      Beijou o papel e logo seguia para fora dos aposentos.
                   Quando a jovem desceu as escadas para jantar, sentiu os olhos marejarem. Haviam vários balões pendurados pela sala, uma pequena mesa fora colada e nela podia-se ver uma linda torta, salgadinhos e doces. Mas o que mais a encantou foi a presença de todos, eles usavam chapeuzinhos e cantavam parabéns.
                Havia tanto tempo que ninguém fazia nada assim para ela, lembrou-se que quando os pais eram vivos sempre eram feitas grandes festas para comemorar seu aniversário.
              Terminou de descer as escadas e abraçou uma a uma daquelas pessoas que aprendera a gostar e sentiu um aperto no peito por ter que deixá-las.
                -- Obrigada a todos. Nunca tinha recebido tanto carinho depois da morte dos meus pais. 
                  O advogado foi o primeiro a se manifestar.
               -- Compramos presentes para ti. – Piscou. – Eu lhe trouxe roupas, para que não a encontre despidas por aı́. 
                    Alice corou e começou a rir.
                    Todos entregaram-lhe as lembranças.
                     -- E já podemos comer? – Ela passou o dedo pela torta.
                 Amanda entrou em casa e presenciou a cena. Fitou a jovem por alguns segundos e seguiu para o quarto. Sentira uma vontade imensa de participar, mas pelo olha que a pupila lhe dirigiu, percebeu que sua presença não seria bem-vinda.
                  -- Filha, que bom que chegou, venha, fique com a gente! -- Maria convidou entusiasmada.
                 A empresária fitou novamente a tutelada, vendo-a distraída ao cortar a deliciosa guloseima.
                 -- Na verdade tenho coisas para resolver, infelizmente obrigações que não podem ser adiadas.
                 Sem mais, a bela arquiteta seguiu pelas escadas, ansiando para ficar em seu refúgio, longe daquelas pessoas que pareciam tão felizes.
                  Retornou algumas ligações, sempre tinha coisas para resolver,depois seguiu para o banheiro.
                  Poderia sair para dançar naquela noite, divertir-se para esquecer os problemas que a perseguiam.
                 Ligou a ducha, permanecia lá, sentia os músculos aliviarem a tensão.
                  Precisava de forma definitiva resolver a questão da ameaça à tutela da pupila. Não poderia de forma nenhuma permitir que o namorado e o pai dele conseguissem o que tanto desejavam.
                  Alice não era mais virgem, sabia mais que ninguém desse detalhes, mas não fora o mancebo ridículo que lhe tocara, fora ela.
                  Cerrou os dentes ao se recordar de como fora delicioso o sexo com a jovem. Ainda sentia a forma inocente e atrapalhada que fora tocada. 
                    Soltou um longo suspiro de desejo com um sabor amargo de frustração.




                    A pupila sorria, enquanto provava de todas as iguarias que foram feitas. Amava doces e salgadinhos e como tinha bastante, sabia que poderia se encher.
                    Estavam sentados nos sofás. Ricardo e Maria contavam histórias, enquanto a garota ficava a pensa no plano de fuga que tinha traçado com o namorado. 
                      Amanda Dervelux seria usada, usada como fizera um dia.



                  A tutora tinha acabado de sair do banho, usava apenas um roupão, estava distraı́da mexendo em alguns livros e não percebeu que havia alguém em seu quarto.
                    Assustou-se ao ver Alice encostada à porta. Encarava-a com os braços cruzados, tinha uma expressão estranha.
                       Estava maravilhosa!
                    Estava linda. Usava um vestido curto de alcinha, o decote não era muito discreto, dava para ver os seios perfeitos.
                      Mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente, fitando-a.
                      O que estaria fazendo ali? Tinha visto o desprezo na sala, então era suspeito tê-la ali.
                      Amanda desviou o olhar, depois encarou-a de novo:
                       -- O que faz aqui?
                    A pupila relutou em ir procurar pela arquiteta, mas sabia que se quisesse que o plano desse certo, teria que agir assim. Ao vê-la tão bela, sentiu fraquejar. Ela parecia tão frágil. Como podia ser?
                      A empresária era sempre tão altiva, arrogante e orgulhosa.
                     -- Hoje é o meu aniversário. -- Falou com um sorriso misterioso.
                    -- Eu sei. – Caminhou até a bolsa e pegou uma caixinha, entregando a garota. 
                        Alice ficou surpresa diante da gentileza, aceitou o presente e o abriu.
                  Dentro, encontrou um cordão de ouro, tinha um pingente em formato de pétala. Havia uma inscrição gravada na joia. “Maktube”.
                    Voltou a encarar a filha de Arthur.
                       -- O que significa?
                     -- É uma expressão árabe. Há vários significados para ela, mas o que eu mais gosto é o que diz: “ Tinha que acontecer”.
                  Alice apenas assentiu, estava sem palavras. Por que sua arrogante tutora lhe deu algo tão especial.
                    Engoliu em seco.
                    -- Queres que te coloque? -- A empresária questionou.
                    A pupila balançou a cabeça afirmativamente.
                  Amanda postou-se por trás da pupila, pediu-lhe para segurar os cabelos para ter livre acesso ao pescoço.
                   -- O pingente é em formato de pétala devido a flor Alisson, seu nome, Alice, vem dessa flor que também é conhecida como flor de mel. Por esse motivo pedi que o fizessem assim.
                    A bela Albuquerque sentiu a respiração de Amanda muito perto, levando em conta que ambas tinham a mesma estatura, não precisaria que a tutora praticamente colasse os lábios em si. Mas era isso que ela estava fazendo. Sem falar que abotoar um cordão não requereria tanto tempo.
                    Ouviu a voz baixa e rouca lhe incitar os sentidos.
                  -- Não sei o que está acontecendo comigo. – Enlaçou-lhe a cintura. – Parece que estou ficando louca. – Beijou-lhe o lóbulo da orelha. – Não queria, mas queimo por ti, agora mesmo meu sexo vibra ao recordar de como fora perfeita a sua entrega.
              A pupila sentiu uma angústia no peito. Então, ela a desejava também. Não queria inspirar apenas esse sentimento na tutora,  queria  um  sentimento  respeitoso  e  verdadeiro.  Porém,  sabia  que  isso  era  impossível,  por  essa  razão,  seguiria  para bem longe.
                     Ainda se recordava da forma fria que fora tratada no escritório, isso era algo que a perseguia.
                -- Você sente o mesmo que eu, doce Alice? – Pousou as mãos em seus seios. – Não consigo parar de pensar na maciez da sua pele, no cheiro do seu corpo.
                  A jovem estava ficando embriagada com as sensações que invadiam seu corpo.
                -- Achei que tinha sido penas uma forma de me castigar. – Cerrou os dentes para não gemer ao sentir as mãos tocando seus seios sob o tecido da roupa.
                   A arquiteta havia baixado as alças do vestido.
             -- Você acha que foi apenas isso? Achas que fingi tudo aquilo? – Virou a jovem para si, segurando-lhe a mão. – Veja. – Conduziu o toque de Alice até o centro do seu desejo. – Achas que isso é fingimento?
                   Alice sentiu em seus dedos como ela estava úmida. Deslizou um deles e sentiu a si mesma pulsar.
                Encararam-se! 
                O azul e o verde pareciam querer fundir-se num só. As bocas se tocaram, pareciam querer apenas sentir-se, decifrar o sabor. As lı́nguas iniciaram uma dança erótica.
                 A pupila interrompeu o contato e afastou-se um pouco. Tirou toda roupa e estendeu as mãos para tutora. Amanda se livrou do roupão e segurou nas mãos da garota.
                    Alice abraçou-a e sussurrou-lhe.
                  -- Me ame como se fosse a última vez, dispa-se da sua arrogância e da sua frieza. Me ame como se fosse nossa despedida.
               Amanda aquiesceu e tomou a jovem em seus braços. Levou-a para cama, deitou-a, cobrindo-lhe o corpo com o seu.
                A pupila sentiu-se colada com a arquiteta e abriu-se para aprofundar ainda mais aquele contato. Mexeu, ouvindo o som das fricções se tornarem mais intenso. Ouviu as palavras sem nexo ditas pela tutora, os gemidos se intensificaram.
                 Amanda sentiu o sabor daqueles seios. Chupou-os intensamente, mordiscando-os, lambendo-os como se fosse a melhor iguaria. Deslizou as mãos por entre as pernas da amada, tocando-a sem pudor. Penetrou-a e depois levou o dedo a boca de Alice, que o chupou. Continuou a exploração até que sua boca assumisse o controle.
              -- Seria isso mel? – Abriu-lhe bem o sexo, o lambendo.
                   Passava a lı́ngua com gula, parecia que chupava um sorvete.
                Alice começou a rebolar no mesmo ritmo da boca da tutora. Delirava de tanto prazer, parecia que não suportaria por muito tempo. Gemia e pedia mais.
                 -- Sim, mexe bem...sente, fala que você é apenas minha.
                  -- Eu sou sua, não para. – Implorou. – Sua... só sua...
              Um forte tremor se apossou do corpo da pupila, que gemeu alto ao sentir uma sensação poderosa se apossar de si.
                   Gozara deliciosamente naquela boca, que agora sugava até a última gota.
              Alice esperou a respiração voltar ao normal, em seguida girou o corpo ficando sobre a amada.
                -- É  o sabor do seu corpo que desejo lembrar por todo minha vida. – Apertou-lhe os seios, amassando os mamilos, fazendo-a a outra respirar com dificuldade.
                       Distribuiu beijos por todo colo, mamando-os, chupando-os. Desceu, distribuindo beijos por todo caminho até chegar ao lugar que lhe interessava. Tocou-lhe, sentindo-o.
                     -- Alice, por favor. – Amanda choramingou quando sentiu a pausa nas carı́cias.
                    -- Toque-se, meu amor. – Afastou um pouco para ter uma maior visibilidade. – Mostre-me todo o seu desejo.
                    A toda poderosa Dervelux corou? Porém algo no verde daquele olhar a fez fazer o que lhe era pedido.
                  Alice parecia hipnotizada com a maestria dos movimentos, o ritmo dos quadris, o rosto da tutora tinha se transformado. Puro desejo.
                  Ousada, a pupila levou a mão de Amanda mais para cima, pousando no clitóris, e começou a penetrá-la com a lı́ngua, de inı́cio de forma leve, sutilmente, até senti-la pedir, implorar por mais. Os gemidos altos mostravam o quão prazer estava sentindo. Aumentou os movimentos de vai e vem até senti-la contrair o corpo em repetidos espasmos. Então, lambeu todo mel.
                 Amanda a trouxe para cima si e beijou-a apaixonadamente.


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