A fera ferida -- Penúltimo capítulo




            As jovens apaixonadas não puderam estender a visita aos pais de Júlia. Não podiam deixar Anny sozinha por tanto tempo. Mas naquele momento, elas não estavam em lados opostos, o que se via era um amor intenso reinando entre ambas.
                Nas primeiras horas da manhã, elas embarcaram no jatinho rumo a casa.
                Elizabeth fazia carinho nos cabelos da doutora, que estava encostada em seu ombro.
                 -- Em que você está pensando, Ju?
              -- É tão difı́cil ver a minha irmã dessa forma, sempre a tive como um modelo, como pode tramar e fazer algo tão baixo?
             A empresária fitou aqueles lindos olhos que pareciam tão decepcionados com tudo que passou. Queria ter as respostas para aquelas indagações, queria tirar daquele rosto lindo esse semblante de dor, fazê-la esquecer tudo de ruim que passara.
             -- Às vezes, superestimamos demais alguém e acabamos esquecendo que estamos lidando com seres humanos. – Segurou-lhe a mão. – Somos falhos, e em muitos casos, não sabemos lidar com o amor e acabamos trocando os pés pelas mãos tentando acertar.
             -- Você foi vı́tima de tudo isso, Liz. Não tem raiva por isso? – Perguntou surpresa. 
               A jovem sorriu.
            -- Bem, talvez, se fosse a algum tempo atrás eu iria pegar minhas armas de destruição global e iria exterminar todos descendentes diretos e indiretos da Clarice, porém, hoje, eu não quero perder mais minha vida com isso. Quero aproveitar cada segundo ao seu lado, minha doutora, será que é pedir muito?
               Júlia sorriu. Aquela mulher ficava tão fofa com aquela carinha de apaixonada que chega seu coração doía.
             -- Bem, senhorita toda poderosa, eu só quero avisar que eu não sou mulher para diversão, se quiser usufruir dos serviços dessa fisioterapeuta aqui, vai ter que colocar um anel. – Mostrou o dedo anelar.
            -- Hun! Tudo isso? Olha que eu conheço uma outra doutora que não é tão exigente. – Provocou.
                 A Wasten a fuzilou com um olhar mortal.
                 -- Foi brincadeira, calma! – Levantou as mãos em sinal de rendição.
                  -- Você pode ficar com a Mariana, agora não pense que eu vou me prestar ao seu jogo.
                    A doutora tentou levantar, mas Elizabeth foi mais rápida e a prendeu em seu colo.
                -- Eu não estou jogando, estou apaixonada por ti e acredite o que mais desejo nesse mundo é que possamos oficializar nosso relacionamento. Quero mostrar para todos como é linda a minha futura esposa.
                Júlia tentou não demonstrar como era maravilhoso ouvir aquilo, porém seu sorriso mostrava o contrário. Desenhou aqueles lindos lábios com o polegar.
                     -- Você tem uma boca tão sensual. – Passou a mão pela pequena cicatriz. – Como alguém pode ser tão perfeita.
                           Elizabeth aproximou os lábios da sua orelha.
                           -- Você gosta de como eu a uso em ti?
                      A jovem sentiu um arrepio percorrer a espinha só em lembrar de como aquela mulher era perita naquele quesito. A empresária iniciou beijos rápidos em seu pescoço, depois desceu a mão até sua coxa.
                   A doutora usava um vestido solto que chegava ao meio das coxas. A jovem segurou a mão atrevida.
                      -- Não podemos fazer isso aqui. – A fitou cheia de desejo.
                     Livrou-se das amarras da outra, descendo as alças do vestindo e expondo o colo nu.
                -- Por que não? Estamos sozinhas aqui e ainda vai demorar meia hora para o avião aterrissar. – Segurou os seios da amada, demorando-se nos mamilos.
                  Júlia a observava incitar com maestria, viu-a baixar a cabeça e capturar os biquinhos excitados nos lábios, prendendo-os.
                     -- Ain, amor, para por favor! – Pediu entre gemidos.
                  Liz parecia não se importar com os protestos. Continuou executando a tarefa perfeitamente bem. Baixou a mão e tocou na calcinha da outra. Sobre o tecido, percebeu a umidade presente naquele corpo. Essa era a resposta que buscava.
                    A fisioterapeuta a fitou e ficou ainda mais excitada ao ver aquela expressão safada, cheia de tesão.
                  -- Deixe-me sentir sua pele. – Procurou-lhe a boca em um beijo apaixonado.
                  A doutora percebeu do que ela estava falando quando sentiu a peça de roupa ser afastada e seu sexo ser acariciado.
              Primeiro em movimentos lentos, dando maior atenção ao clitóris. Uma massagem deliciosa fora feita lá, circulando-o.
                 Retirou o dedo e levou-o a boca, saboreando aquele sabor divino.
                -- Você é muito gostosa!
              A jovem apenas assentiu, não tinha forças para resistir e agora não mais protestava. Tentou abrir-lhe a calça, mas foi detida.
             A empresária distraiu-a novamente como um beijo intenso, chupando vigorosamente aquela lı́ngua deliciosa. Voltou a mão para aquele lugar secreto e intensificou o carinho.
                 Júlia levantou e voltou a sentar, mas dessa vez em posição de amazonas, assim o acesso ao seu corpo seria bem mais fácil. Seguia o ritmo imposto por Elizabeth, executando uma perfeita dança, um vai e vem frenético que em pouco tempo a levou ao céu, trazendo-a para terra em baque voraz.
               Graças a boca de empresária que impediram os gemidos, a tripulação não presenciara aquele encontro de intenso amor.


                 Seguiram direto para a mansão.
               Júlia estava preocupada porque não pode ir ao trabalho e provavelmente isso não seria nada positivo para si. Mas não pensara que ficaria mais de um dia na casa dos pais, foram tantas emoções que acabou esquecendo das responsabilidades.
               Foi ao encontro da filha que dormia como um anjo. Agradeceu a Jane por ela ter ficado com a pequena, em seguida foi para o quarto, tomou um banho rápido e desceu para ir ao hospital. Ainda tinha como pegar os pacientes da tarde.
                 Estava descendo, apressada, quando se deparou com a empresária na sala.
                 -- Para onde você está indo nessa carreira?
                  -- Vou ao hospital. Tenho consultas à tarde e já basta ter faltado no perı́odo da manhã.
                  -- E você vai de que?
                -- Eu descobri que do outro lado da rua tem um ônibus que passa perto do meu trabalho.                              Liz sorriu.
                 -- Lógico que não. – Deu-lhe um selinho. – Tenho que ir à empresa e posso te dar uma carona. O motorista já está esperando.
                 Só nesse momento, a fisioterapeuta percebeu a roupa formal que a amada usava. Conseguia ficar ainda mais linda.
                     -- Ok, então!





                Henrique já perguntara inúmeras vezes pela doutora, ficara sabendo que ela faltara e nem mesmo avisara antes.
            Encontrou o chefe do setor no corredor e fez questão de relatar a irresponsabilidade da fisioterapeuta. Aquele fora o deslize que ele esperava para demitir a jovem.
                Júlia vinha se aproximando.
                -- Senhorita Wasten, passe no departamento pessoal para assinar sua carta de demissão! 
                Henrique sorria. Queria destruir aquela mulher que fizera o mesmo com sua vida.
                -- Mas por quê? Se for pela falta de hoje, eu posso explicar, tive uns problemas...
                -- Ninguém quer saber dos seus motivos, você é uma irresponsável. – O ex namorado atacou. 
                     A fisioterapeuta fitou os dois homens.


                Elizabeth tinha esquecido de avisar a Júlia que não voltaria para jantar, mas que o motorista a buscaria para levar para casa e naquele momento ela seguia para avisá-la, quando viu a doutora parada no corredor, enquanto Henrique e outro homem a tratavam mal. Viu quando a jovem foi demitida em poder explicar o motivo de ter faltado e ficou furiosa ao ouvir o tal do Henrique a chamar de irresponsável.
                -- Por favor, senhor, eu preciso desse trabalho...
                -- Já disse que não me importo, você a partir de hoje não trabalha mais aqui.
               -- E quem é você para decidir isso?
                 Júlia virou e deparou-se com a Terzak.
                  Os dois homens a fitaram irritados.
              -- Isso não é de sua conta, mocinha! – O homem respondeu com arrogância. 
             Liz sorriu, aquele sorriso cheio de ironia, denotando aquele ar poderoso.
                 -- Eu sou Elizabeth Terzak e não uma mocinha qualquer.
               O chefe do departamento se encolheu ao ouvir aquele sobrenome. Ele sabia que aquela bela mulher parada ali, exibindo aquele olhar perigoso era nada mais do que a afilhada do senhor Campbel.
                  O homem rapidamente tentou desculpar-se pela forma que tratou a empresária.
              -- Cale a boca, seu idiota, e nunca mais ouse falar comigo nesse tom, quanto a doutora Wasten, nem você, nem ninguém vai demiti-la, está ouvindo?
                  O chefe assentiu.
                  Henrique sentia o ódio crescer dentro de si.
                 -- Agora peça desculpas a ela.
                 -- Não precisa, Elizabeth. – Júlia interviu, segurando-lhe o braço.
                -- Sim, lógico que precisa. – Encarou o homem. – Estou esperando. 
                 O rapaz começou a suar frio.
                -- Desculpa, senhorita. Eu sinto tê-la tratado mal, mas é que são tantos problemas que acabei me descontrolando.
                   -- Não tem problema! – A fisioterapeuta falou constrangida. 
                   O jovem pediu licença e saiu imediatamente de lá.
             -- E você, doutorzinho de merda, achas que não sei que você quem vem armando para prejudicar a Julia.
                  -- Elizabeth...
                  A Terzak fez a amada calar apenas com o olhar.
              -- Não tenho medo de você. – O homem a enfrentou. – Eu sei muito bem que vocês estão tendo um caso. Tenho nojo só de imaginar isso.
                   Liz gargalhou.
                  A empresária chegou bem perto dele e fitou-lhe profundamente.
                   -- Você é um lixo, nem sei como a Júlia pode se relacionar com um tipo como você.
                   -- Talvez, por eu ser um homem.
                -- Por favor, você não passa de uma mariquinha que vive de fazer fofoquinhas, não tem caráter, deveria ter aceitado o fora que levou com dignidade, mas eu percebo que não sabe o que significa essa palavra.
                   Mais uma vez a fisioterapeuta tentou acalmar os ânimos, mas foi deixado de lado.
              -- Não se aproxime mais da Júlia porque você não imagina do que eu sou capaz, lindinho.                            Henrique encarou as duas com ódio e foi embora.
                   -- Por que fez isso? – A doutora indagou irritada. – Não precisa resolver meus problemas.
                  -- Ah, Ju, me poupe. Você não entende que eles vêm armando para te demitir há tempos. Da última vez eu tive que falar com meu padrinho para evitar que isso acontecesse.
                     A fisioterapeuta a fitou surpresa.
                   -- Quem é seu padrinho?
                    -- O dono desse hospital.
                 Júlia balançou a cabeça. Não gostara mesmo de saber que a empresária tinha se intrometido na sua vida, não queria que as pessoas pensassem que ela não sabia se defender.
                -- Você continua achando que seu poder resolve todos os problemas, né? – Indagou decepcionada.
                      -- Não! Apenas o usei para reparar uma injustiça!
                 Elizabeth não queria discutir. Deu meia volta e foi embora. Enquanto a doutora permanecia parada, fitando a outra se afastar.
                 Sabia que suas palavras tinham magoado Liz, na verdade, deveria ter agradecido pelo que ela tinha feito, mas também tinha seu próprio orgulho e não teve como evitar aquela explosão.
                 Pensou em ir atrás dela, mas achou melhor tentar falar com a jovem em outro momento.



                 Elizabeth ficara até tarde na empresa.
                Tivera algumas reuniões. Estava cansada. Eram quase nove horas.
                   -- Acho que por hoje chega, né? Estou morto. – Rafael sentou diante da chefe.
                   -- Sim! – Desligou o computador.
                   -- Ah, sua secretária falou que sua doutora ligara três vezes querendo falar contigo.
                   -- Eu estava ocupada. – Começou a arrumar a bolsa.
                  -- Quando falei contigo hoje de manhã seu humor estava melhor, até pensei que já tinha se acertado com a morena de olhos azuis.
                    A empresária deu de ombros.
                    -- Bem, eu já vou. – O jovem levantou-se. – Quer uma carona?
                    -- Acho que vou aceitar, dispensei o motorista e não estou a fim de pegar táxi.
                     -- Então, vamos porque preciso de um banho e da minha cama.



                    Júlia andava de um lado para o outro.
                Olhava para o relógio e nada da dona do seu coração aparecer. Ligara várias vezes para a empresa, mas a secretária apenas falara que a patroa se encontrava em reunião. Deixara recado, pedindo que assim que pudesse lhe retornasse, mas fora em vão.
                    Mais uma vez discou o número do celular dela e nada, só dava na caixa postal. Olhou pela janela do quarto e viu que o carro permanecia no pátio, isso significava que o motorista não fora busca-la. Será que Elizabeth dormiria no apartamento? Será que estava com a Mariana.
                   Estava quase perdendo o juı́zo quando viu ao longe um farol se aproximando. O carro parou diante da mansão. A empresária desceu e seguiu para dentro.
                     Viu que quem dirigia o automóvel era Rafael.
                     O veı́culo foi embora.
              A doutora começou a andar de um lado para o outro no quarto. Será que a outra lhe procuraria? 
                    Estalava os dedos, nervosa.
                Liz deveria ter um pouco de consideração, já que ela ligara várias vezes querendo lhe falar e não recebera resposta. Ficou mais alguns minutos ali, até que percebeu que sua linda mulher não viria ao seu encontro.
            Decidida, foi ao quarto de Elizabeth. Percebeu que a água estava aberta. Sentou na cama e esperou.
              Elizabeth vestiu o roupão e saiu do banheiro. Tomara uma maravilhosa ducha. Estava tão cansada.
              Não pretendia ir falar com a doutora. Quando chegou, viu a luz do quarto que ela ocupava acesa, decerto ainda não dormira.
                   Chegando aos aposentos, viu a bela fisioterapeuta vestindo uma linda camisola branca, sensual demais. Ela estava sentada na poltrona e suas longas e torneadas pernas estavam cruzadas.
                    -- Não te passaram meus recados? – Indagou assim que viu a outra entrar.
                   Era inacreditável como seu corpo reagia imediatamente a simples presença da empresária.
                    -- Tive um dia muito cheio. – Sentou na cama e começou a secar os cabelos com a toalha.
                 -- Poderia ter pedido para sua secretária me avisar. Cheguei a pensar que você não viria para casa. – Julia levantou e foi até onde a outra estava.
                    Liz apenas deu de ombros.
                 -- Bem, eu já percebi que você não quer falar comigo. – A doutora começou. – Eu só queria pedir desculpas por hoje e também te agradecer por ter me ajudado. —Falou sincera. – Bem, vou deixar você descansar. Não quero incomodar.
                 Elizabeth a viu se afastar, mas antes que ela alcançasse a porta, a deteve, abraçando-a por trás pela cintura.
                -- Não quero minha futura esposa dormindo em outro quarto. – Sussurrou-lhe e aspirando aquele doce aroma que se depreendia do corpo da amada.
                    -- Eu achei que estava chateada a ponto de não me querer por perto. – Virou-se para ela.
                 -- Eu sempre vou te querer por perto. – Apertou-a fortemente. – Mesmo que briguemos, sempre vou te querer ao meu lado.
           Júlia sorriu, segurando aquele rosto lindo entre as mãos e beijando aquela boca apaixonadamente.
              A carı́cia foi se intensificando. Aos poucos as roupas estavam espalhadas pelo chão e os corpos se buscavam, desejando estreitar aquele contato. Delicadamente, Liz deitou sua amada e pôs-se sobre ela.
                  A fisioterapeuta abriu-se para a amada. Desejava entregar-se não só de corpo, mas há tempos sabia que sua alma estava entregue àquela mulher.
                  Entre gemidos e sussurros apaixonados, a dança do amor fora executada com total perfeição, levando-as para um mundo cheio de prazer e êxtase.
                        Os corações pulsavam aceleradamente e depois da sincronia perfeita voltavam a relaxar.
                  A empresária despertara muito feliz. Porém recebera um telefonema que dizia que seu pai sofrera um acidente e estava no hospital.
              Ficara tão abalada diante do ocorrido que nem ao menos avisara a amada que dormia inocentemente 


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