A fera ferida -- Capítulo 24

             A juı́za fitou a bela e poderosa mulher. Conhecia muito bem a filha de Alex Terzak. Conhecera a mãe daquela jovem quando ainda eram adolescentes, com tempo perderam o contato e só voltou a reencontrar a nobre famı́lia quando Liz já era uma mocinha rebelde e problemática.
              Quantas vezes precisara livrar aquela menina de olhos tão penetrantes de problemas? Deixara de contar há muito tempo!
                     Mas o que ela fazia ali?
                    Quando recebera o caso ficara sabendo quem era o filho da Dilon, então era estranho que a empresária estivesse ali para defender a tia da criança.
                Sentia-se curiosa com a chegada daquela beleza exótica. Qual o interesse dela naquele problema. Discretamente, fitou a outra jovem.
               -- Protesto! – O advogado de Vitória interferiu. – A decisão já foi tomada e vai contra as regras alguém interferir no veredicto.
                   Elizabeth deu um sorriso torto, preguiçoso, mas os olhos permaneciam frios.
                  -- Não é você quem decide, doutorzinho, mas sim a excelentı́ssima senhora juı́za. 
                   Vitória estava pálida!
                   Não contava com a presença da ex-nora. O que ela iria fazer?
                   -- Posso pedir para o meu advogado entrar? – Indagou Liz.
                 -- Teremos um recesso de meia hora. – A meritı́ssima levantou. – Peça ao seu representante para trazer as provas que você insiste que eu veja.
               A empresária assentiu e seguiu para o corredor. Rapidamente, um homem alto, de meia idade entrou. 
              Júlia permanecia estática. Não sabia nem o que falar diante de toda aquela cena que se desenvolvia. Levantou-se e viu a Terzak conversando com o advogado.
                    Os olhares de ambas se cruzaram.
                    Uma corrente elétrica parecia percorrer todas as partes do seu corpo.
                     Seria possível que estivesse ainda mais linda?
                     Os olhos tão verdes brilhavam, um sorriso brincava em seus lábios, porém percebia que não fora dirigido para si, mas para a juíza.
                   A Wasten cruzou os braços e ficou olhando para os próprios pés.
                   O que teria acontecido se a filha de Alex não tivesse chegado?
                   Ainda tinha a face molhada pelas lágrimas, pois sabia que seu caso estava perdido quando a empresária apareceu e mudou a ordem dos acontecimentos.
                   Sabia que fora orgulhosa quando não fora até ela pedir ajuda, sabia que Rafael estivera certo quando disse que só a milionária poderia ajudá-la, mas como poderia ir até ela?
                   Imaginara que quando o assessor relatasse o que estava acontecendo, a Terzak retornaria, mas isso não aconteceu. Esperara uma ligação a cada hora, mas isso não aconteceu, então se conformara que teria que realmente lutar sozinha.



               Elizabeth sustentou aquele olhar. Desde que entrara naquele lugar não prestara muito a atenção na doutora. Mas agora, era impossível fingir que não a via. Aqueles lindos olhos azuis, avermelhados pelas lágrimas, continuavam ainda mais fascinantes. Quando a viu chorar se sentiu impulsionada a toma-la nos braços e protege-la de todos os males. Mesmo com todos os problemas que as cercavam e com a distância imposta, não conseguia parar de pensar nela um único segundo.
                   Os dias na ilha eram regados por leituras e as perguntas de Felipa que não a deixava em paz um único momento, sem falar no pai que ligava inúmeras vezes para saber o que se passava, fora preciso desligar as linhas para ter um pouco de tranquilidade.
                    Fora sorte que lera o e-mail de urgência mandado pelo assistente, caso contrário não teria ficado sabendo do que estava acontecendo e poderia ter deixado Vitória sair ganhando naquele jogo desleal.
                   Independente de qualquer coisa, sabia que não havia lugar melhor para Anny ficar que ao lado da tia, era testemunha de como a fisioterapeuta se sacrificara para proteger a criança.
                    A voz do advogado lhe tirou dos seus pensamentos.
                     -- Vou falar com a juı́za. – O homem avisou. 
                     Liz apenas assentiu, enquanto pegava o celular para falar com Rafael. 





                   A Wasten esperava impaciente, desejando saber o que o judiciário decidiria. Olhava ansiosa para o corredor, imaginando quanto tempo duraria aquele tormento.
               -- Você conhece Elizabeth Terzak? O que ela está fazendo aqui? – O outro advogado interrompeu suas divagações.
                 A fisioterapeuta apenas deu de ombro. Não tinha porque responder nada. Aquele homem não fizera nada para manter a filha ao seu lado. Um charlatão que apenas cobrara uma fortuna para quando chegar a hora ficar amedrontado.
                      Observou a empresária ficar sozinha.
                      Deveria ir até ela, agradecê-lhe pela ajuda, mas ainda não sabia como fazê-lo.
                      Quando pensava em ir fala com ela, alguém lhe segurou pelo braço. Virou-se e viu a Dilon.
                -- Não pense que a Terzak irá te salvar, essa menina é minha neta e vai ficar comigo por bem ou por mal. 
                  A doutora livrou-se das mãos da mulher, estreitou os olhos furiosamente.
                   -- Enquanto eu tiver vida, a Anny nunca ficará contigo. 
                    A mãe de Marco gargalhou.
                    -- Isso se resolve rapidinho.
                    -- Como, Vitória?
                     As duas mulheres se voltaram surpresas e se depararam com Elizabeth. A voz forte da filha de Alex chegava a amedrontar.
                   -- Você não tem nada que participar disso, já matou meu filho e agora quer fazer o mesmo com a filha dele. – Acusou. – Cuidado, doutora, essa aı́ não vale nada, até mesmo tentou obrigar sua irmã a abortar o bebê.
                 Júlia percebeu que Liz bateria na mulher e decidiu intervir. Abraçou-a pela cintura e a tirou de lá.
                Sentia o cheiro delicioso do corpo da herdeira de Alex e tentava não se distrair com aquilo. Já estavam um pouco afastadas quando a soltou.
                -- Calma, você está num fórum, não entende que a senhora Dilon está querendo provocar para que percamos a razão, assim seria mais fácil para ela.
                   Elizabeth respirou fundo, fitando os olhos tão azuis que lhe encaravam.
                A doutora estava certa, mas o momento de acertar as contas com aquela bruxa já estava se aproximando. 
                De repente ela percebeu como estavam bem perto, sentia o hálito menta que saia dos lábios cheios.
                 Júlia viu o olhar dela preso ao seu e isso lhe causou um arrepio na nuca. Colocou as mãos no bolso da calça, temendo não controlar a vontade arrumar uma madeixa que caia sobre a testa dela.
             -- Obrigada por ter vindo ajudar. – A fisioterapeuta falou sincera.
                 Liz parecia hipnotizada fitando a boca bem desenhada. Desejou tocá-los novamente, senti-los como fizera tantas vezes.
              Por isso preferia se manter distante, era insuportável estar perto e não poder tê-la para si.
               Balançou a cabeça para livrar-se dos pensamentos perturbadores.       
              -- O Rafael me enviou um correio eletrônico e falou o que estava acontecendo. Eu ainda pensei em não vir, afinal, sei que minha presença não é bem-vinda, mas lembrei de Anny, ela não merece morar com uma vó como aquela.
              A fisioterapeuta mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente e era possível ver o de baixo tremer.
                -- Mesmo assim, eu te agradeço. Tudo já estava perdido. – Soluçou.
            A empresária viu mais uma vez a senhorita Wasten se entregar ao desespero, mas naquele momento, não hesitou. Abraço-a, fazendo carinhos em seus cabelos e sussurrando ao seu ouvido.
             -- Tudo vai dar certo! Eu prometo! Jamais permitirei que alguém tire a Anny de ti.
             Os olhos azuis a fitaram demoradamente.
         Pela primeira naqueles angustiantes dias, Júlia acreditou que não perderia a filha, naquele momento, entre os braços daquela mulher que parecera, tantas vezes, cruel encontrava uma paz que há tempos não sentia.
              Escondeu a face em seu pescoço.
            Elizabeth a apertou bem forte. Sentindo seu cheiro, sua essência maravilhosa. Como fora difı́cil se manter afastada.
         Quantas vezes pensara em pegar o jatinho e voltar correndo e fazer aquela morena sua novamente. Implorar que a perdoasse e a aceitasse de volta em sua vida.
             Os corações pareciam sincronizados. Felizes! Continuaram abraçadas até ouvirem a voz da juı́za.
               Elas se separaram lentamente, pareciam não desejarem se afastar. 
               A meritíssima pediu para que todos retornassem aos seus lugares.
               O olhar de ódio da Dilon passeava por todos, mas permaneceu em seu lugar quando a voz da mulher que decidiria o destino de Anny se fez ouvir.
                Todos permaneciam de pés, ouvindo com atenção.
            -- As provas trazidas pela senhorita Terzak foram mais que suficientes para que chegássemos a uma decisão. Lembrando que não estamos aqui pensando em vossas pessoas, mas em uma criança que perdeu os pais e que necessita de alguém responsável, que a ame, cuide, eduque e proteja.
               Júlia estava temerosa. Não sabia quais eram as provas que a empresária levara, só esperava que elas tivessem servidos ao seu favor.
                Mirou Elizabeth. Ela parecia tão impenetrável, ouvia cada palavra e parecia muito segura.
            -- Então, eu junto com os representantes do ministério público e os conselheiros do ECA, chegamos à conclusão que a senhorita Julia Wasten é a pessoa mais indicada para assumir a guarda da sobrinha, tendo a partir de agora que prestar responsabilidade dos seus atos a uma equipe que analisara de forma periódica a forma como Anny Clarice Wasten está sendo tratada e em qual ambiente está vivendo...
                Vitória começou a gritar, parecia descontrolada.
                 A juíza fez um gesto para que os guardas se aproximassem da condessa que pareceu se recompor imediatamente.
               -- Enquanto a senhora, a senhorita Terzak poderá entrar com o processo por extorsão. Bem, finalizo os trabalhos. Todos estarão liberados, após assinarem os papéis.
                   Elizabeth seguiu até o escrivão e assinou, depois disso, seguiu por uma porta lateral, observando todos os lados.
                     -- Me procurando, Liz?
                     A empresária virou-se e viu a amiga de sua mãe. Estendeu a mão em cumprimento.
                  -- Eu só queria agradecê-la, Luiza. Acredite essa foi a melhor decisão para Anny. 
                     A mulher ignorou a mão estendida, aproximou-se, abraçando-a.
                -- Fico tão feliz em vê-la bem! Está cada dia mais parecida com sua mãe. E fico mais feliz por não ter sido você a ré. 
                   Ambas riram com a brincadeira.
                   -- Acho que já superei essa fase.
                   -- Fiquei preocupada, deve processar a senhora Dilon pela forma que agiu.



                 A Wasten sentiu uma incontrolável alegria diante do resultado da audiência. Seu peito vibrava de alegria e não via a hora de retornar para casa e abraçar bem forte a filha.
                   Observou quando a empresária deixou a sala apressada e desejou ir até ela, mas ainda precisava assinar os termos de responsabilidade.
                     Soltou um longo suspiro e já estava chegando a saída quando viu o motorista parado, esperando a chefe. Pensou em ir embora, mas não queria ir sem antes falar com Elizabeth. Precisava agradecer-lhe mais uma vez. Era tão grata a tudo que ela tinha feito. Em pensar que se a jovem não tivesse voltado, aquela mulher odiosa ganharia a guarda.
                      Permaneceu no primeiro degrau das escadas, olhava para as pessoas que andavam apressadas naquele horário.
                        O sol se escondia por entre às nuvens e parecia que logo choveria, assim ajudaria a amenizar o calor que estava fazendo.
                         Pensou em ligar para Jane para contar a boa notícia e já se preparava para fazê-lo quando viu a poderosa Terzak se aproximando lentamente. Quem a via não imaginaria que passara todo aquele tempo sem conseguir andar.
                      Os óculos escondiam a expressão, não dava para ler o que se passava por aquela cabeça.
                     -- Pensei que já tinha ido embora. – Comentou Liz ao se aproximar.
                    -- Eu ia, porque também pensei que você não estava mais aqui, porém vi seu motorista e decidi te esperar.
                     -- Para quê? – Franziu a testa.
                     Júlia olhou para os lados, depois a encarou:
                     -- Para te agradecer novamente. Não sei como pagar por tudo que fez hoje.
                  A empresária pensou em várias formas de receber esse pagamento. Adoraria ser perdoada, por exemplo, mas não poderia ser tão canalha para dizer algo assim.
                      -- Você está indo para o hospital?
                      -- Não! Consegui tirar o dia de folga hoje, não sabia que horas acabaria aqui.
                      -- Você está de carro? – Elizabeth procurou entre os veı́culos.
                      -- Não!
                     A empresária fez um gesto de assentimento com a cabeça.
                     -- Então posso te dar uma carona? -- Colocou as mãos nos bolsos. -- Está um pouco abafado aqui fora, então não acho que seja um bom lugar para conversarmos.
                      -- Certo! Eu aceito! – Sorriu.
                     Elizabeth fez um gesto para Júlia seguir na frente, enquanto caminha lentamente bem perto dela.
                       Precisaria pensar em algo para manter Vitória longe de Anny, pois tinha certeza de que ela não se daria por vencida tão facilmente.
                        O motorista se adiantou, abrindo a porta para as jovens. Ambas se acomodaram no banco de trás.
              No interior do veı́culo, o celular da Terzak começou a tocar. Ela pediu licença para atender. Depois de alguns segundos, desligou.
               -- Era o Rafael. Ele estava muito preocupado.
               -- Ele foi muito legal comigo quando estive na empresa para... -- Júlia parou de falar abruptamente.
                   -- Eu sei que você esteve lá e me acusou.
                   -- Eu não sabia que era essa mulher. – Falou sem graça.
              -- Hun! Lógico, eu já fiz tanta coisa que não havia como não pensar que estava por trás disso. – Sorriu amarga. -- Quem faz a fama deve deitar na cama...
                 Elas estavam sentadas em bancos opostos. 
                 Havia uma atmosfera sufocante entre elas, mesmo assim a Wasten tentava manter uma conversa amigável.
                  -- Por que você voltou para ilha?  Não entendi quando falaram que tinha ido para lá...
                  A empresária baixou os olhos, depois retirou os óculos, mirando-a.
                  -- Não queria forçar a você a minha presença. Já fiz tantas coisas ruins, acho que assim é melhor para nós. -- Umedeceu os lábios. -- Sabemos que uma aproximação entre a gente é algo inviável...
                   Júlia lembrou de tudo que falara naquele dia. Não sabia que a tinha ferido em demasia.
                   Encarou-a e viu em seu olhar como parecia recuada.
                   -- E agora? Vai voltar para lá?
                   A empresária fez um gesto afirmativo com a cabeça.
                   -- Sim! Amanhã mesmo retorno. – Pigarreou. -- Na verdade estarei viajando a maior parte do tempo, pois há negócios para administrar. Tenho Rafael aqui para cuidar das coisas. Antes do acidente, pouco eu ficava na cidade, então estou retomando a rotina.
                   A fisioterapeuta esboçou um meio sorriso, enquanto observava a rua pela janela e se perdia em seus pensamentos.
                        Não achava que seu amor era tão poderoso para poder superar todas aquelas barreiras. Estava certa que era uma batalha perdida, mesmo que seu coração continuasse a insistir naquele sentimento. 
                 Desde que a viu, todas as emoções que tentava sufocar voltavam a se manifestar e com maior intensidade.
                   Soltou um longo suspiro.
              Elizabeth pegou o celular e começou a checar os e-mails. Não queria continuar encarando a doutora. Precisava distrair sua mente e controlar a Terzak arrogante que não aceitava que a história entre elas acabara daquela forma. Se conhecia o suficiente para saber que não resistiria e a acabaria tomando-a nos braços. Afinal, era aquilo que aspirara durante todos aqueles dias.
                     Precisava ir embora da cidade o mais rápido possível.
                     Reconheceu a rua onde a fisioterapeuta residia. O carro estacionou em frente ao prédio.
                    Júlia respirou fundo.
                    O motorista desceu e abriu a porta para ela.
                    -- Quer ver a Anny? -- Indagou receosa. 
                    Liz apenas negou com um gesto de cabeça, mesmo que sua vontade fosse outra, sabia que aquilo era o melhor a se fazer.
                    -- Certo! Mais uma vez obrigada por tudo. – Estendeu a mão para a outra.
                A empresária correspondeu ao cumprimento. Sentia a textura dos dedos longos entre as seus.
                    -- Seja feliz! – Completou a doutora.
              Elizabeth a observou saindo e sentiu ı́mpetos de ir atrás dela. Mas era melhor que tudo ficasse assim. Não era uma boa o suficiente para fazer parte da vida daquela mulher tão batalhadora.
                  Envergonhava-se de tudo que fizera. Submetera a jovem a muitas humilhações, mesmo não sendo ela a mulher que ficara com seu noivo.
                 -- Espero que você seja feliz, Júlia, porque eu jamais serei. – Comentou para si mesma.





               Quando contara tudo para Jane, a garota gritava de tanta felicidade. Não tinham mais porque temer Vitória Dilon, Anny era agora, legitimamente sua filha e nada, nem ninguém poderia ir contra aquilo. Tudo tinha se resolvido, mas mesmo assim a doutora não parecia completamente feliz. Era como se lhe faltasse algo, como se a famı́lia estivesse incompleta e sabia o motivo por ter aquela sensação. Era doloroso demais pensar que não veria mais Elizabeth Terzak.
              À noite, quando todos dormiam. Júlia lembrava as sensações que sentira quando a viu entrando no tribunal, de como fora perfeito ser abraçada por ela. Continuava tão linda, mas seu olhar tinha perdido o brilho. Aqueles lindos olhos exibiam a mesma angustia de quando a conhecera.



                Mariana não perdera tempo. Assim que ficou sabendo do retorno da empresária foi ao seu encontro. A encontrara bêbada, mas mesmo assim usara de todo seu charme para seduzi-la. A loira nem mesmo se importara quando Elizabeth a chamava de Júlia, pois fora esse nome que não abandonara seus lábios por um único segundo.



                 No dia seguinte, a doutora chegou cedo ao hospital e iniciou suas sessões. Estava tranquila, mesmo não tendo dormido tão bem, mas só em ver a filha sorrindo lhe dava ânimo para ir ao trabalho.
                 Jane ficara de levar a menina ao médico. Precisava tomar algumas vacinas. Desejava muito ir, mas não teria coragem de pedir dispensa novamente. Agora, mais do que nunca, não poderia perder aquele emprego.
Era quase meio dia. Só teria pacientes às treze horas. Decidiu fazer um lanche na cantina. Estava tomando café quando viu mariana se aproximar.
                  -- Posso te fazer companhia? – Indagou a loira.
                  A doutora apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça.
               -- Por pouco você não ficou com meus pacientes, hoje. – Começou fingindo inocência. – Quase não acordo.
                 A Wasten tomou um pouco do suco que tinha pedido e logo começava comer o pastel.
               -- Que bom que você despertou porque não teria como encaixar seus pacientes, hoje também estou cheia. -- Falou dando pouca importância.
                   -- Anhan! Mas isso tudo foi culpa sua, amiga. – Provocou com um sorrisinho.
                   -- Minha? – Perguntou surpresa.
               -- Sim! Se não tivesse me passado o caso da milionária nada disso estaria acontecendo. Aquela mulher é um furacão. Ontem ela me convidou para jantar e acabamos na cama. Elizabeth Terzak é muito gostosa... Sem falar na beleza... Ain...
                    Júlia apertou o copo tão forte que temeu quebrá-lo, aliviando a pressão em seguida.
                 Contou até cinquenta, até se sentir menos inclinada a jogar todo o conteúdo na cara daquela insuportável.
                    Não tinha nenhum interesse em saber das intimidades daquelas duas.
                  -- Bem, tenho que voltar para minha sala. – Levantou-se. – Tome um pouco de café, quem sabe assim seu sono não passa, né? – Forçou um sorriso. -- Boa tarde!




                   Júlia chegava ao consultório, quando seu celular começou a tocar. Atendeu-o.    
                Não podia acreditar no que Jane estava relatando. Alguém entrara em seu apartamento e quebrara tudo. Destruı́ra todos os móveis e ainda deixara uma ameaça.
                   Imediatamente seguiu para a casa.


                 Elizabeth despertou às catorze horas. Não teria como voltar para ilha naquele dia. Lembrou o que tinha acontecido na noite anterior e da presença de Mariana. Acabara afogando suas dores na loira sexy, mas agora aquilo só lhe fazia sentir pior.
               Sentou-se na cama colocando os pés para fora.
               Pegou o aparelho móvel e viu que havia inúmeras ligações de Rafael. O que teria acontecido agora? Retornou rapidamente.
               O assistente relatou o que tinha se passado no apartamento de Júlia.
               Vitória estava por trás daquilo, com certeza. Mas precisava de provas para acusa-la.
            Naquele momento precisava pensar em algo para manter a doutora e Anny seguras. Arrumou-se e seguiu para a casa da senhorita Wasten.



                Júlia observava o lugar. A polı́cia tinha acabado de sair, mas não encontrara nada que pudessem identificar quem tinha feito aquela barbárie. Ela tinha certeza que aquilo era coisa da tal mãe de Marco, ela a ameaçara no dia anterior. Entretanto não tinha como provar aquilo.Não sabia o que fazer. Temia que fizessem algo com a filha.
               A porta estava aberta. Elizabeth foi logo entrando e encontrou a Wasten com o olhar perdido. Realmente, tudo tinha sido destruı́do. Era como se um furacão tivesse passado por ali.
                 -- Júlia! – Chamou-a.
                 A doutora a fitou com os olhos marejados.
                 -- Foi ela, eu tenho certeza.
                 Liz se aproximou abraçando-a.
               -- Eu sei, mas precisamos de provas para acusá-la. Consultei meu advogado, não podemos simplesmente apontar Vitória Dilon como responsável se não há nada que a incrimine.
                 -- E quando vamos ter? Quando aquela doida fizer algo pior. – Encarou-a.
                 -- Ela não vai fazer. – Respirou fundo, segurnado-lhe os rosto em suas mãos. – Venha morar comigo na mansão Terzak. Lá vocês estarão protegidas, até conseguirmos colocar aquela louca atrás das grades.
                   Os olhos azuis pareciam em total confusão diante das últimas frases.
                   -- Mas ...
                  -- Eu não estou pedindo para você se submeter a nada sujo, apenas fique na minha casa. Lá será seguro para Anny, pense que aqui você estará se expondo e expondo a menina. 
             Júlia estava confusa diante daquele pedido. Mas sabia que Elizabeth estava certa. Não poderiam acusar Vitória sem ter provas. Mas também não podia ficar desprotegida diante dos ataques dela. Sua filha corria perigo.
                   Ponderava todas as alternativas e não havia nada que pudesse fazer para buscar uma saída que não fosse aquela.
                  Umedeceu os lábios.
                -- Eu farei como você diz. – Hesitou. – Mas não serei obrigada a partilhar contigo da mesma cama e nem obrigada a aceitar seus carinhos... Quero apenas proteger a minha filha, apenas isso.
                     A empresária afastou-se visivelmente perturbada.
                    -- Acredite, isso jamais passou pela minha cabeça. -- Falou friamente.





Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A antagonista - Capítulo 25

A antagonista- Capítulo 22

A antagonista - Capítulo 21