A fera ferida -- Capítulo 23


                    Os corredores do hospital estavam vazios. Não havia ninguém passando por aquela parte naquele momento.
                    Júlia precisou amparar-se na porta, pois temia cair.
                    Cerrou os lábios fortemente, segurando os soluços que precederiam às lágrimas.
             Para não correr o risco de alguém a ver ali, seguiu para o banheiro privativo dos funcionários.            
                    Felizmente, não havia alma alguma por lá.
                    Mirou sua imagem no espelho e viu os olhos inchados, enquanto as lágrimas desciam como se não houvesse nenhum controle.
                   Levou a mão à boca, sufocando os sons agoniados que emitia em seu desespero.
            Sentiu vontade de voltar a própria sala e tentar se entender com a empresária. Quando lembrava da decepção que chegou a ver naquelas lindas esmeraldas, sentia impulsionada a consolá-la, mas depois recordava que aquela mulher era Elizabeth Terzak, a arrogante e toda poderosa, aquela que não tinha sentimentos por ninguém, aquela só enxergava seus interesses, seus desejos, enquanto o resto do mundo poderia ir para o inferno.
                   Bateu com o punho fechado no azulejo.
               Nunca pensara em confrontá-la, afinal tudo que sabia sobre o que aconteceu fora contado por sua mãe e algumas mensagens que encontrara no e-mail da irmã a levaram a saber dos inúmeros fatos, porém depois de ser tão humilhada, usada  e  tratada  da  pior  forma  possível  não  conseguira  controlar  as  palavras  e  talvez  tenha  sido  dura  demais.  Mas  o  que estava feito, estava feito, o melhor era seguir sua vida e esquecer que um dia o destino fora cruel o suficiente para cruzar seu caminho com o da mulher que destruı́ra a vida de Clarice.



               Vitória estava disposta a qualquer coisa para tirar Anny da tia. Naquele mesmo dia contratara um advogado para anular a procuração que cederia o poder sobre a neta para Elizabeth. Não tinha nenhum interesse em ter nenhum tipo de laços com aquela pirralha, como o próprio filho, apoiara e incentivara o aborto daquela que agora era sua neta. Infelizmente os seus planos não deram cem por cento certo, aquele acidente era para ter matado a milionária e não o Marco. Tudo fora planejado para que o filho saı́sse como vı́tima e recebesse uma enorme fortuna em indenização. Foram forjadas muitas provas, porém a jovem sobrevivera. Mas ela continuaria de onde parara, só descansaria quando tomasse tudo que pertencia a herdeira dos Terzaks.




                      Rafael recebeu o telefonema da chefe. Ela pediu para encontrá-la em seu apartamento. O assessor ficou preocupado, pois ela tinha deixado a empresa bem cedo e não retornara, tampouco atendera o telefone.
                       Precisara aguentar Alex Terzak fazendo um verdadeiro interrogatório, pois percebera que algo não estava bem com a herdeira.
                       Desligou o telefone e seguiu até ela, esperando que não a encontrasse transtornada como já era de costume.




                 A milionária não dormira nada na noite anterior. Bebera até cair, mas mesmo assim seu cérebro não cessara um segundo de pensar em Júlia e nas coisas que ela falara.
                   Mirou o próprio teto. Estava deitada na cama, nem mesmo sabia como fora parar ali.
                   Tentou levantar, mas a cabeça girou, então permaneceu sentada olhando para os próprios pés.
                   Quem diria que voltaria a andar e deixaria a segurança da ilha.
                    Parecia até ironia do destino tudo o que aconteceu consigo.
                    Por alguns segundos, recordou-se da primeira vez que a Wasten entrou em seu quarto e abriu as cortinas, obrigando-a a enfrentar a luz que tanto se escondia.
                     Deveria ser castigada por tudo o que fez a Júlia passar, toda a dor que lhe infligiu.
                     Levantou-se e seguiu até o banheiro. Precisava de um banho, necessitava de algo para aliviar aquela tensão.



                    Júlia já estava pronta para ir ao hospital, mas antes de fazê-lo seguiu até o quarto da filha, vendo-a dormir lindamente.
                        Aproximou-se da cama em formato de castelo. Acariciou-lhe a face e depositou um beijo, depois continuou lá, observando-a.
                        Na noite anterior a criança não parara de falar na Elizabeth, até mesmo pedira para vê-la.
                       Soltou um suspiro sofrido, desejando que Anny esquecesse de uma vez a empresária, pois não desejava se lembrar dela, isso a feria, machucava-a.
                         Ainda conseguia ver os olhos verdes a lhe encararem em confusão, em dor.
                         Esboçou um sorriso amargo.
                         Logo a Terzak seria consolada nos braços de outra, talvez a Mariana.
                         Meneou a cabeça tentando espantar as imagens que se formara das duas juntas na cama.
                        Odiava-a!




                     
                     A Terzak descia as escadas quando ouviu a campainha tocar.
                     Com certeza era Rafael.
                     Olhou com desgosto para a bagunça que se encontrava sua sala, depois seguiu para abrir a porta.
                  Já estava arrumada, só precisava ajeitar os últimos detalhes com o assistente para seguir para a pista de pouso e retornar para a ilha.
                     Tomara aquela decisão depois de ponderar bastante. Sabia que se ficasse na cidade iria atrás de Júlia e com certeza arrumaria uma forma de obrigá-la a ficar consigo, então o melhor seria ficar distante.
                   -- Você está atrasado, Rafael. – Foi logo dizendo.
              -- Você poderia ter disponibilizado o helicóptero, assim, eu não teria pegado trânsito. – Entrou.
                  Teve que tapar o nariz devido ao cheiro forte de álcool. Havia vidros quebrados por todo o espaço, como se um furacão tivesse passado por ali. Garrafas jogadas, taças de cristais. O bar estava completamente destruído.
                   -- Está pensando em redecorar? – Indagou com sarcasmo. 
                   A empresária apenas deu de ombros. Nem se recordava de como fizera tudo aquilo, mas não era problema.
                  O assistente arrumou um lugar para sentar em uma poltrona virada.
                  -- O que lhe fez me chamar com tanta urgência?
                 Elizabeth se aproximou.
                Usava calça jeans preta coladas às pernas e casaco de lá de mangas longas na mesma cor. O dia amanhecera frio.
                -- Mais uma vez estarei viajando e não sei quando retornarei, por isso, você ficará à frente de tudo mais uma vez, continuarei a resolver as coisas pela internet. Manteremos contato através de conferências, ligações.
                   Rafael a fitou surpreso.
               Ele não imaginava que a empresária voltaria a se enclausurar naquele fim de mundo. O que teria acontecido?
                   -- E a Júlia? – Arriscou sabendo que não deveria ter feito.
                   Elizabeth o fitou irritada.
                 -- Eu não tenho nada com a doutora, fora apenas sexo, você mesmo viu o contrato, era apenas isso que a gente tinha. – Falou exasperada.
                 O assistente tinha certeza que a fisioterapeuta era o motivo daquela repentina vontade de sumir que a milionária estava manifestando. Agora entendia o estrago no apartamento.
                    Ela estava apaixonada!
                    A filha de Alex estava enamorada e mesmo que negasse poderia ver em sua cara.
                    Levantou-se.
                 -- Eu acho que você não deveria deixar a doutora sozinha. Sua adorável sogrinha pode fazer muito mal a ela. Ontem ela saiu da empresa furiosa e gritara bem alto que ficaria com a filha de Marco.
                 Liz passou a mão pelos cabelos, aquele era um gesto normal que denotava quando a jovem estava agoniada com alguma coisa.
                  Sabia que Vitória não descansaria até conseguir seu intuito, porém não acreditava que Júlia aceitasse sua ajuda, então nada poderia fazer.
                    -- Ela pode fazer isso, já que a Wasten não é a mãe da menina.
                Rafael arregalou os olhos. Se isso era verdade, a empresária se vingara na mulher errada. Deus do céu! Agora ferrou tudo! – Pensou.
                     -- Ela não é a mãe da menina?
                      A jovem meneou a cabeça negativamente.
                      -- É a tia, irmã da amante do Marco, mas assumiu o papel de mãe da garota.
                      O rapaz cobriu a boca com a mão, estava surpreso com tudo aquilo.
                      -- Mas se é assim ainda seria mais fácil para a Dilon tirar a neta dela.
                      A herdeira do Terzak deu de ombros.
                      -- E então? – Ele insistiu curioso curioso.
                    -- Então, nada! A própria senhorita Wasten mandou que eu sumisse de sua vida e é isso que estou fazendo. Acho que essa vai ser a única coisa boa que já fiz na vida.
                       O assistente via a dor nos olhos verdes, algo que não parecia normal.
                       Aproximou-se e lhe segurou as mãos, mirando-a.
                    -- Liz, eu te conheço há muito tempo. Sei de cada um dos seus defeitos, de sua ambição, das suas dores e medos. Não precisa agir com tanta frieza, ambos sabemos que você está sofrendo com tudo isso, mas não acredito que fugir seja uma  boa solução.
                     O maxilar da empresária enrijeceu.
                  -- Não quero solucionar nada, quero apenas esquecer tudo isso. – Puxou as mãos. – Bem, faça o que eu pedi. Cumpra minhas ordens e nada mais será necessário. Qualquer coisa, já sabe como entrar em contato comigo.
                     O rapaz assentiu decepcionado com a decisão da outra, mas sabendo que não teria como dissuadi-la daquela ideia.




                      Os dias passavam lentamente.
                  Júlia continuava sua rotina. Tentara não pensar mais em Elizabeth, mas não era fácil, ainda mais quando Anny estava sempre perguntando por ela. Não soubera mais notı́cias, nem mesmo recebera uma única ligação. Era melhor assim, não queria mais se envolver com aquela mulher. Não mais!
                       Tinha acabado de atender um paciente, encerrara a sessão e logo iria fazer sua refeição e retornaria rápido, pois havia várias consultas marcadas.
                       Suspirou, enquanto tirava o jaleco.
                      Ouviu batidas na porta.
                    Era quase horário de almoço, não tinha nenhum paciente para aquele horário. Autorizou a entrada e um homem bem vestido se aproximou.
                     Alto, magro, cabelos grisalhos, trajava ternos finos e gravatas de seda.
                     -- Senhorita Wasten? – Ele indagou.
                     -- Sim, o que deseja? -- Questionou preocupada.
                     -- Sou do juizado de menor e tenho uma intimação para que compareça ao tribunal.
                    A jovem sentiu o coração bater aceleradamente.
                     -- Mas, por quê? – Perguntou quase entrando em pânico. -- Qual o propósito de tudo isso?
                    -- Nesse papel explica tudo. – O homem lhe entregou o envelope. – Tenha uma boa tarde.
                    Observou-o deixar a sala tão rápido quanto entrou.
                     Fitou a encomenda e lentamente abriu e deparou-se com o seu maior pesadelo.
                     A vó materna requisitava a guarda da neta.
                    Em três dias haveria uma audiência e ela deveria comparecer.
                Sabia que apenas uma pessoa poderia estar por trás daquilo. Mais uma vez se decepcionava por estar sendo alvo da maldade de Elizabeth. Mas dessa vez ela não iria recuar, enfrentaria todos, mas não abriria mão de Anny.
                     Pegou as chaves do carro e saiu.



                 Rafael estava em sua sala. Tentava contato com a chefe, mas há uma semana não conseguia falar com a jovem. Todos os números só davam desligados e nenhum dos seus e-mails foram respondidos.
                       Estava saindo quando ouviu gritos no corredor. O segurança tentava segurar uma jovem que exigia falar com Elizabeth, além de xingá-la de todos os nomes que nenhuma mocinha deveria conhecer.
                          Aproximou-se e viu de quem se tratava.
                         -- Solte-a. – Ordenou ao brutamontes.
                         Júlia encarou o assistente da empresária.
                         -- Onde está a Terzak. – Perguntou furiosa. -- Em qual cama ela está metida?
                         Rafael viu como a fisioterapeuta estava fora de si, mesmo assim fez um gesto para o segurança se afastar.
                         -- Venha comigo para minha sala. Lá poderemos conversar. -- falou calmamente. 
                  A doutora seguiu o olhar do rapaz e viu que todos os funcionários do andar a fitavam. 
                  Não se importava com aquilo, estava pouco preocupada com o que aquelas pessoas que não conheciam poderiam pensar de si.
                     Fitou o olhar de apelo do empregado da filha de Alex e acabou assentindo.
                     Ele fez um gesto para ela seguir na frente, acompanhando-a em seguida.
                     O que poderia ter acontecido?
                     Essa era a pergunta que martelava na cabeça de Rafael,enquanto a acompanhava.
                     Chegaram a sala e ele pediu para que ela sentasse, mas Júlia se negou.
                      -- Quer beber algo? – O assessor questionou, enquanto acomodava-se.
                      -- Eu não quero nada, só desejo falar com a maldita Terzak.
                      O rapaz soltou um longo suspiro e mais uma vez fez um gesto com a mão para que ela sentasse.
                     A mãe de Anny soltou um longo suspiro, depois se acomodou.
                    -- Quero falar com a sua chefe, diga-me onde ela está e ire até ela.
                    -- Sinto muito, mas não será possível que você a veja.
                    -- Por quê?
                    --Faz um mês que a Elizabeth voltou para a ilha. 
                    Júlia levantou-se perturbada.
                -- Como assim? Hoje, um oficial me trouxe uma intimação, estão querendo tirar minha filha de mim e a única pessoa que faria algo assim seria sua arrogante chefe.
                 -- Eu posso te garantir que ela não tem nada a ver com isso. – Abriu a gaveta e lhe entregou uma folha.
                     Relutante, a moça pegou o papel e examinou o conteúdo. Era uma cópia do contrato que Vitória assinara. Lá estava claro que a mulher recebera meio milhão de dólares para abrir mão dos poderes sobre Anny.
                      Sentiu-se enojada. Que espécie de mulher era a mãe de Marco?
                      -- Mas e então? – Fitou-o.
                  -- Bem, ela esteve aqui há mais de um mês e exigiu que Elizabeth lhe desse muito dinheiro ou entraria na justiça para tomar a menina. Acho que foi nesse dia que ela contou para Liz que você era a tia e não a mãe da menina.
                      Júlia imaginou se fora no mesmo dia que a empresária estivera no hospital.
                      Soltou um longo suspiro.
                     -- E por que ela está reclamando esse direito se já recebeu esse dinheiro?
                     -- Porque o pedido dela fora negado. Voltou aqui e exigiu dez milhões, mas Elizabeth não cedeu, pois sabia que ela voltaria a pedir mais depois.
               Então agora era essa mulher quem estava querendo lhe tomar a filha. Então a empresária pagara para que não lhe tomasse a Anny. Mas e agora?
                   Julia arrumou os cabelos. Estava atordoada com todas aquelas informações.
                 -- Eu preciso ir, tenho que encontrar um advogado com urgência.
                -- Não precisa! – Rafael também levantou. – Vou pedir para o advogado da empresa assumir o seu caso.
                 -- Eu não quero nada que venha da sua chefe.
                -- Não entendo o porquê. Apesar de tudo, Elizabeth sempre protegeu a sua filha para que não te fosse tirada.
                 -- Mas em troca de que?-- Exibiu um sorriso sarcástico. -- Não! Dessa vez eu vou resolver isso sozinha.
                O rapaz a observou seguir para fora da sala. Não sabia o que fazer, tinha certeza que a doutora iria perder essa batalha, ao menos que ele conseguisse contato com Liz.




                   Júlia precisara vender o próprio carro para conseguir contratar um bom advogado. Mas isso não importava, estava disposta a qualquer coisa para não perder Anny. Sua filha era o de mais importante que tinha na vida e por ela era capaz de qualquer coisa. Não permitiria que a mãe de Marco lhe tirasse a garota, ainda mais depois de ficar sabendo que espécie de gente ela era. Como alguém negociava o próprio sangue? Aquilo era tão sujo, Elizabeth só podia estar envolvida em algo tão baixo.
                     A criança se mexeu.
                A filha estava dormindo em sua cama. Queria tê-la por perto, no dia seguinte teria que está às nove no fórum para resolver tudo aquilo.
                  Viu-a se mexer, parecia agoniada.
               Abraçou-a, embalando-a em seu colo, foi quando a ouviu chamar “ tia Liz”. Sentiu uma tristeza se apossar de si. Passara todos esses dias mergulhada no trabalho, fizera tudo para que não lhe sobrasse tempo para recordar da empresária. Mesmo assim, inúmeras vezes despertara no meio da noite com a imagem daqueles olhos verdes em sua mente. Ou pior, quando seu corpo lhe traia e acordava pegando fogo, com um desejo animal por aquela mulher arrogante.
                    Não!
Precisava tirar a empresária dos seus pensamentos. Ela não se importava com nada, nem com ninguém, a poderosa Terzak só se interessava pelo próprio umbigo. Mesmo sabendo do perigo que rondava, ela fora para sua ilha particular, sem se importar com os simples mortais. Cada dia que passava tinha mais certeza do caráter da ex-paciente. Uma mimada, orgulhosa e arrogante. Não poderia amar alguém assim!
                  Não desejava vê-la nunca mais em sua vida, nunca mais!



                 A sessão começara pontualmente às nove.
              Na enorme sala estavam presente uma juı́za, que deveria ter uns quarenta anos, um escrivão com pouco menos de trinta anos. Representantes do conselho da infância e adolescência também estava presentes.
                 Júlia estava muito nervosa.
                 Tentara falar com os pais e convencê-los a ir até a cidade, mas se negaram, não tinham interesse na criança, até aconselharam a entregá-la a família de Marco.
                 Viu quando uma mulher de seus cinquenta anos adentrar o ambiente ao lado de três homens bem vestidos. Seriam todos advogados? Vitória Dilon era bonita, mas tinha um olhar que mostrava sua mesquinhez.
                 -- Já que as partes interessadas já estão presentes, declaro aberta a sessão. – Se pronunciou a meritíssima.
               Os advogados da mãe de Marco iniciaram o teatro. Eles pintavam a mulher como se fosse um ser solitário que necessitava da neta, já que perdera o filho num acidente tão drástico. Disseram que o marido de Vitória estava muito debilitado com a morte de Marco e que também compartilhava com ela o desejo de criar a pequena Anny. Ainda chegaram a acusar Júlia de ter escondido a criança propositalmente para que os avós não tivessem conhecimento de sua existência.
               A doutora estava indignada com tudo que estava ouvindo e o pior de toda aquela mentira era ver aquela ambiciosa fingir que estava chorando, quando nenhuma única lágrima saia.
            Revoltada, a fisioterapeuta levantou-se, mas fora advertida pela juı́za que se não se comportasse seria colocada para fora da sala.
             Depois de mais de uma hora de mentiras, chegara a vez do representante da Wasten tomar a palavra.
           Com o passar do tempo, a doutora percebia que tudo caminhava contra si. Tudo fora bem armado, a encenação comoveria qualquer um que estivesse por fora dos acontecimentos. Alguém que não conhecesse diria que a mulher ali presente desejava realmente a neta. Ela mostrava um amor que não existia. Era uma inescrupulosa.
                A juı́za pediu tempo para deliberar.
              -- Eu sinto muito, senhorita Wasten, fiz tudo que era possível, mas não temos como ir contra a vó  da sua sobrinha.
                -- Eu não vou entregar minha filha!
                 Vitória se aproximou.
                 -- Arrume minha neta, hoje mesmo irei buscá-la.
              Júlia não teve tempo de responder, pois a meritı́ssima voltava. A mulher fez sinal para que todos ficassem de pé.
                 O representante começou a ler o veredicto.
                A doutora percebia que o fato de ser apenas a tia da menina era algo negativo. Pedira tanto aos pais para lutarem pela guarda de Anny, mas eles se negaram a entrar naquela briga, até mesmo, chegaram a achar que seria melhor que a neta fosse criada pela condessa. Infelizmente estava sozinha. Não havia ninguém ao seu lado, estava só naquela luta.
               Vitória sorria! Tudo saı́ra como planejado. Lógico que preferia o dinheiro que uma pirralha para cuidar. Há um tempo se encontrara com Elizabeth, lhe dará mais uma chance para ter a menina, até baixara o preço, mas a arrogante estava irredutível. Agora venceria e pensaria em algo lucrativo para fazer com a tal da Anny. Teve vontade de gargalhar das lágrimas que corriam pelo belo rosto da tal senhorita Wasten. Ela estava desesperada, pena ela ser uma morta de fome, com certeza ela pagaria caro para ficar com a garota.
                Uma moça bem vestida entrou na sala, pediu licença e dirigiu-se à juíza. Falou algo em seu ouvido, segundos depois, a jovem saiu e logo depois a porta era aberta novamente.
                Todos viraram para olhar quem entrava.
              Júlia ficou pasma ao ver Elizabeth caminhar orgulhosamente. Seu rosto não expressava nenhum tipo de sentimento. Era uma máscara de neutralidade. O porte de rainha chamava atenção de qualquer um. Os cabelos estavam soltos, usava calça jeans colada, delineando as lindas pernas, bota, camiseta e jaqueta de couro. Como alguém podia ser tão perfeito! – Pensava a doutora.
                    Só naquele momento se deu conta de como estava com saudades.
                    Ouviu a voz firme e de tom rouco:
                -- Antes que a senhora decida o destino dessa criança, preciso que veja e saiba de algumas coisas. – Falou arrogante.
                  Elizabeth Terzak estava de volta!


Comentários

  1. Amor da minha vidaaaaaaa vc é fodaaaaaaaaa. obrigada,ajude em nossa quarentena em ter o q ler,e se cuide Deus te abencoe

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    1. Olá, querida, cuide-se também e farei o possível para sempre estar postando capítulos aqui, uma forma para nos distrair diante desses momentos difíceis.
      Um grande beijo e fique com Deus.

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