Dolo ferox -- Capítulo 46
Os serviçais contratados ainda tentavam deixar tudo pronto para quando os patrões despertassem. Trabalhavam com afinco e também comentavam sobre o relâmpago casamento que acontecera. Pareciam curiosos, ainda mais quando alguns sabiam que a neta do conde tinha um caso com a irmã desaparecida de Nathália.
Não demoraria e o sol nasceria no horizonte, fazendo com que mais um dia fosse vivido por todos.
Copos, pratos, taças e garrafas de vinhos das melhores safras tinham sido servidas naquele enlace, mas mesmo assim a importância daquele ato ocorria em uma dos quartos da imperiosa mansão. As luzes permaneciam acesas nos aposentos nupciais.
Valentina sentiu-a tremer em seus braços. Ouvindo a respiração acelerada da ruiva que ainda se desmanchava em seus dedos. Ainda lhe invadia com ímpeto quando a mão da bela mulher a deteve, segurando-a, cessando-lhe os movimentos.
Sentiu a boca perdida na sua. Encararam-se por longos segundos. Nos olhos verdes reinava a escuridão, os lábios estavam entreabertos, inchados, ainda mais belos e provocantes diante do olhar libidinoso.
Quanto tempo se passara desde a última vez que se amaram? Quanto dias seus corpos ficaram separados?
Mordiscou o lábio inferior, encantada com a figura feminina.
-- E então, bela Valerie, satisfeita
A morena já buscava se levantar, porém foi detida, permanecendo no mesmo lugar.
Natasha não conseguiu falar de pronto, parecia precisar tomar o fôlego, enquanto examinava a esposa de mentirinha.
Poderia ser menos linda e sedutora?
Inicialmente, não estava em seus planos consumar a relação, mesmo quando fora lhe dito que ambas mantinham um relacionamento, em nenhum momento tivera a intenção de chegar até aquela ponto, mas sabia que seria quase impossível resistir aos encantos da neta de Nicolay. Dizer que a circense era bonita não seria suficiente para o encantamento que parecia rodeá-la.
Viu o olhar impaciente em sua direção, então falou com voz baixa:
-- Não imaginei que fosse uma mulher tão perigosa. -- Tomou-lhe as delicadas mãos, levando-as aos lábios. -- Porém percebo que domina com maestria um pouco da arte do prazer.
A Vallares nada respondeu, permanecendo calada, enquanto continuava a lhe mirar a face tão arrogante.
Observou-lhe as madeixas com curiosidade.
-- Pintou os cabelos?
-- Ah sim e usei lentes! -- Falou exibindo um sorriso. -- Não podia sair por aí exibindo minha beleza afogueada.
A jovem nada comentou, parecia ponderar à vontade, mesmo nua sobre as pernas da neta de Isadora. Viu quando o olhar da arquiteta pousou em seus seios, então questionou:
-- O que fez agir assim? -- Observou as mãos que passeavam por seus monte redondos. -- Afinal, você realmente casou comigo.
Natasha levou os lábios ao pescoço esguio, mordiscando-o, descendo pelo colo, beijando-os.
-- Não podia deixar a minha irmanzinha se sair bem nessa história, tampouco, a minha amada avozinha. -- Fitou-a, enquanto continuava a massagear os seios. -- Você tem ideia de como estava seu contrato de casamento original? -- Questionou, fitando-a.
A morena meneou a cabeça negativamente e depois respondeu:
-- Não, não me interessei por nada disso. -- Deteve-lhe o toque, pois seu desejo já reacendia.
-- Pois saiba que havia uma cláusula que deixava bem claro que se algo te acontecesse, sua esposa seria total herdeira de todos os bens que você tinha direito, não sei se você sabe, mas a herança do seu avô é totalmente sua. -- Tocou-lhe os cabelos. -- Eu pelo menos não desejo nada, bem… -- Disse com olhar safado. -- Apenas que se entregue para mim, afinal, estou salvando tua vida, mereço pelo menos desfrutar da sua deliciosa…
As palavras foram interrompidas por uma bofetada que fez com que a cabeça da arquiteta pendesse para trás.
A neta do conde aproveitou a distração da empresária, saindo do seu colo, seguiu pegando o roupão, vestindo-o, como se assim pudesse se proteger.
-- Acha mesmo que pode me tratar assim?
Os olhos verdes se estreitaram em fúria, enquanto levava a mão a face estapeada.
-- Como ousa me bater? -- Natasha indagou por entre os dentes. -- Quem te deu o direito de fazê-lo? -- Levantou-se.
Valentina a observou nua, ela não parecia se importar em estar totalmente despida. Ao contrário, caminhava pelo quarto como se estivesse a vestir o traje de gala mais fino.
Aproximou-se da morena, tomou-a pelos ombros, pressionando-a contra a parede.
-- Acha que pode bater em mim?
A circense não parecia se importar com a raiva que ela demonstrava, relanceou os olhos em provocação, depois lentamente disse:
-- Se você soubesse quanto essa sua carinha bonita já apanhou não agiria com toda essa arrogância.
O maxilar da arquiteta enrijeceu.
-- Não sabe com quem está lidando. -- Apertou-a mais. -- Acho que está me confundindo com a minha irmã.
Valentina meneou afirmativamente a cabeça, enquanto tentava empurrar a ruiva, mas não conseguiu.
-- Não vai a lugar nenhum!
-- E o que você quer ainda? -- Questionou exasperada.
Estava começando a se cansar daquela situação, ainda mais porque agora voltava a lidar com a Natasha arrogante ao extremo, aquela que conhecera e quase morrera de raiva no início de tudo.
A neta de Isadora a olhava e novamente sentia a fraqueza de tê-la em seus braços. Era como se estivesse a lidar com o calcanhar de Aquiles diante da herdeira do conde, talvez tenha sido por isso que ficara tão exposta a ponto de baixar a guarda e cair numa terrível armadilha que quase lhe tirou a vida. Mas quem sairia imune do charme que a bela morena exibia tão naturalmente. Aquele ar desafiador que lhe fazia ansiar por domá-la.
-- Que entenda que sou eu a ditar as regras a partir de agora! -- Acariciou-lhe a face com as costas da mão. -- Não desejo ter mais uma morte na minha consciência.
Os olhos negros se abriram em surpresa.
-- Sim, eu agora consigo lembrar o que aconteceu com a sua tia naquela terrível noite.
A expressão de Valentina era de curiosidade mesclada a senso de justiça.
-- Diga-me quem o fez. -- Pediu.
-- A duquesa a matou, fê-lo diante de mim, fê-lo quando eu não podia reagir.
A circense viu a tristeza passar como uma sombra pelo olhar arrogante. Era possível notar como estava desolada, talvez revivendo as lembranças da mulher que amara um dia.
-- Eu sinto muito, Natasha, sinto muito por sua dor. -- Falou baixinho em uma forma de conforto.
A Valerie a fitava, perscrutando algum detalhe que denunciasse que tudo aquilo passasse de um teatro, de uma encenação como tantas vezes Verônica fê-lo.
Segurou-lhe pela nuca e logo uniu as bocas em uma carícia exigente. A circense tentou resistir, mas a forma deliciosa que a a ruiva se movia deixou-a totalmente sem ação, cedendo mais uma vez ao desejo que era tão intenso quanto sua indignação. Desvencilhou-se dos braços que a prendia, segurando o rosto arrogante em suas mãos. Aprofundando o toque que logo começava a tomar grandes proporções. Capturou-lhe a língua, chupando-a tão forte que lhe arrancou gemidos. Seu corpo reagia de forma tão arrasadora que os quadris começavam a balançar contra os quadris da neta de Isadora, mesmo tendo entre elas o tecido felpudo.
A Valerie começou a livrá-la do robe, sentindo a pele morena se arrepiar sob seus dedos.
Deus, que desejo tão intenso era aquele?
Lembrou-se das narrativas que ouvira de Helena, de como era perdidamente apaixonada pela neta do conde e como a relação de ambas passaram por momentos conturbados.
Teria realmente se apaixonado pela sobrinha da esposa?
As mãos chegaram aos seios redondos, apertando-os, amassando-os, arranhando os mamilos.
A garganta de Valentina emitiu um ruído rouco ao sentir os dedos tocando sua intimidade externamente,
Não era seu desejo ceder, mas não sabia como resistir à vontade de se entregar novamente a mulher que amava, a mulher que pensara ter perdido.
Abraçou-a mais forte, unindo-se ainda mais ela até ver os olhos verdes lhe encararem.
Mordiscou o lábio inferior e ficou a pensar se naquele momento a altiva Valerie voltaria a lhe falar de forma petulante.
Mirou-a e logo um sorriso se desenhava nos lábios cheios e rosados. Sentiu as mãos pousar em sua cintura de forma delicada e não demorou para o roupão cair aos seus pés.
Natasha sabia que não deveria mais estar ali, naquele momento deveria estar chegando ao apartamento de Rick, porém havia algo que a prendia, principalmente quando fitava aquele olhar. Começava a entender a distração que aquela bela jovem lhe causara.
Segurou-lhe os cabelos trazendo a boca para colar a sua, dizendo:
-- Ah, palhacinha, tem algo que prefiro sentir em minha face e pode ter certeza que não seus dedos longos a me baterem.
-- É? -- Indagou com a boca seca.
-- Há algo que prefiro que esfregue em meu rosto.
A circense sentiu um arrepio percorrer sua espinha, antecipando a deliciosa ação que se desenvolveria.
Tentou beijá-la novamente, mas os lábios cheios desviaram para o pescoço esguio. Fechou os olhos e inclinou a cabeça para trás, enquanto sentia as costas apoiada na parede. Sentiu-a beijar seus seios, mas logo as carícias pararam, então ao mirá-la viu aquela expressão cínica.
-- Eu quero que olhe… Veja tudo o que estou a fazer contigo. -- Dizia, enquanto a boca descia pelos montes redondos. -- Você gosta assim? -- Questionou, enquanto passava a língua pelo mamilo. -- Ou assim? -- Voltou a questionar, mas agora abocanhando todo o colo, mamando-os famintamente. -- Veja…
A trapezista estreitou os olhos, vendo-a continuar as ousadas carícias.
Prendeu a respiração ao ter a língua em seu abdome, tocando o umbigo. Viu o sorriso se desenhar na face bonita, enquanto parava sobre o baixo ventre.
Desavergonhada!
Um milhão de vezes despudorada.
Permaneceu a esperar que ela continuasse o ato, mas a ruiva permanecia na mesma posição, deixando-a constrangida.
-- Confesso que nunca tinha visto uma mulher tão linda… -- Usou a mãos para afagar as coxas. -- Mas também é muito atrevida… -- Começou a beijar as pernas. -- Insolente.
-- Posso ser pior… -- Cerrou os dentes quando o polegar começou a lhe explorar a intimidade.
A mulher de cabelos afogueados era mestre em seus toques. Sabia bem como fazer e fazia de forma não só exigente, mais intensamente prazerosa, intensamente impositiva.
Mexia de forma mais rápida e quando via a morena suspirar, aliviava a carícia.
-- Pode? -- Perguntou, encarando-a.
A neta do conde mirava-a e com curiosidade a observava aspirar o aroma do seu corpo. Trincou os dentes quando a viu brincar na entrada do seu sexo, como se estivesse a ameaçar uma invasão.
O olhar da filha de Elizabth parecia esperar uma resposta, então ela deu, mesmo a voz saindo com dificuldades, falou:
-- Sim… Quanto mais você é arrogante, mais eu sou atrevida.
A Valerie arqueou a sobrancelha em desafio, depois usou as mãos para lhe afastar o ponto delicado.
Valentina sentiu uma onda poderosa lhe invadir, enquanto a boca começava a lhe chupar a carne.
Teve a impressão que as pernas bambeava e logo não suportaria ficar de pé, espalmou as mãos na parede, tentando manter o equilíbrio.
Voltaram a se encarar, enquanto a língua experiente iniciava a prodigiosa viagem pela deliciosa carne escorregadia.
A morena inclinou a cabeça para trás, agoniada com o prazer que a outra lhe provocava. Sentiu-a dentro de si e nesse momento precisou levar a mão aos lábios para conter o grito de satisfação.
As duplas investidas continuavam e ganhavam mais forças.
-- Natasha… -- Chamou baixinho. -- Natasha…
A arquiteta se regozijou com seu nome dito de forma tão sensual, fazendo mais, tomando-a mais para si, metendo com fúria, enquanto ouvia os gemidos agoniados, desesperados.
Sabia que ela não aguentaria por muito tempo, então cessou as lambidas, fitando-a.
-- Esfrega bem gostoso no meu rosto e goza. -- Ordenou.
Valentina nem se fez de rogada, abrindo-se mais, rebolava contra a mulher que se mantinha ajoelhada diante de si. Mexendo cada vez com mais ímpeto, melando-a completamente, acelerando mais e mais.
A arquiteta lhe apalpou as nádegas, ajudando-a no seu ato. Sentia-a rebolar contra si como se estivesse a bailar uma lambada antiga, mexendo, lambuzando-a com sua essência poderosamente feminina. Sentia o próprio sexo reclamar naquele momento, ansiando por satisfação, mas ele teria que esperar, pois aquele momento era todo da trapezista.
-- Nathália…
A voz de Isadora do lado de fora do quarto não fora suficiente para que ambas parassem o ato.
A trapezista continuou com a dança sensual até sentir seu corpo ser sacudido por uma poderosa explosão.
Levou os dois dedos à boca para não gritar, mas logo seus lábios foram presenteados com um beijo delicioso e agora fora os lábios rosados que ela mordeu em sua insanidade temporária.
-- Nathália…
Novamente a voz da duquesa invadiu o ambiente.
A Valerie se afastou alguns centímetros da bela mulher, fitando-a. Os olhos negros agora estavam fechados, os seios se movimentavam numa respiração agoniada, os cabelos se prendiam à nuca pelo suor.
Natasha ficou encantada quando os olhares se encontraram.
Deus, então era realmente aquela mulher sua maior fraqueza?
Beijou-lhe a pontinha do nariz.
-- Descanse, minha esposa, preciso resolver algumas coisas.
Valentina a viu seguir até o banheiro e não demorou para ela retornar com as lentes, vestindo um delicado roupão rosa.
Ainda abriu a boca para falar algo, porém acabou permanecendo quieta, vendo a empresária deixar os aposentos.
Lentamente seguiu até o leito, praticamente desabando sobre ele.
Natasha seguiu até o quarto onde avó ocupava naquela noite.
Seus passos eram delicados, seus atos bem estudados, pois não estava disposta a perder novamente naquele jogo, ainda mais quando havia tantas coisas em riscos.
Precisava se concentrar e tirar dos pensamentos os Misteriosos olhos negros da mulher que tinha desposado, da mulher que todos diziam que ela estava apaixonada, entretanto, não havia lembranças concretas da neta do conde em seus pensamentos, mas pelo que percebia, seu corpo a reconhecia muito bem, pois já perdera o controle duas vezes naquela madrugada pela jovem e se não fosse a interrupção, teria se entregado infinitas vezes.
Olhou de um lado para o outro. O corredor grande estava escuro e vazio, não se ouvia nada naquele momento no interior da casa, mas lá fora, sabia que os empregados continuavam a arrumar toda a bagunça que fora feita.
Parou diante da porta, batendo, em seguida entrou. As luzes ali estavam acesas, deixando o elegante lugar bem iluminado.
A duquesa andava de um lado para o outro no grande quarto, seu ar trazia exasperação. Provavelmente nem dormira ainda, ainda estava a vestir a elegante roupa com a qual comparecera ao casamento.
-- Por que demorou a vir? -- A velha indagou ao fitá-la. -- Não acredito que estava nos braços daquela desgraçada.
-- Vovó, pensei que tinha concordado com meu plano, pensei que me aliviaria um pouco. -- Dizia tentando imitar o tom mais tranquilo da irmã.
Isadora parou bem próximo a ela.
-- Não me conformo que esteja apaixonada por essa trapezista de circo, sendo que há pessoas da nossa classe que poderia muito bem desposar. -- Olhou-lhe bem, parecia desconfiada. -- Por que seus lábios estão cortados?
A ruiva deu de ombros, desvencilhando-se o toque.
-- A Valentina é neta de um dos homens mais poderosos do país, muito dinheiro, muito poder e eu quero isso pra mim.
A duquesa sentou no leito.
-- Vá para essa maldita lua de mel e demore tempo suficiente longe., preciso de concentração para meu plano perfeito.
A Va se aproximou do avó, agachando, tomou-lhe as mãos.
-- Não quero que seja assim, que fiquemos assim só por isso, peço que siga meus planos, eu sei o que estou fazendo.
-- Eu seguirei, mas você deverá seguir os meus… -- Acariciou-lhe a face. -- Enquanto você estiver longe com a puta da Natasha, eu usarei todo o meu poder para conseguir anular a procuração, quero o filho da Valerie comigo, quero a herança da minha neta, quero tudo, tudo.
A empresária não duvidara um único momento que ela faria isso. Sabia que mesmo que a duquesa tivesse prometido que deixaria o neto, ela jamais abriria mãos da fortuna.
Como a Valentina fora burra em acreditar em toda a história.
-- Mas…
-- Nós não matamos a Natasha para sairmos dessa história com migalhas.
O maxilar da Valerie enrijeceu.
Mesmo já sabendo de tudo, ouvir dos lábios da mulher que deveria tê-la criado, protegido, amado como membro da sua família fora um tanto pesado.
Já tinha quase tudo para de nunciá-la, as provas logo seriam suficientes e não demoraria para se livrar de uma vez daquelas mulheres, apenas teria que esperar um pouco mais.
-- Farei como a senhora quer… -- Depositou-lhe um beijo em sua face. -- Agora terei que voltar ao meu quarto, há pontos para acertar antes da viagem.
Rick passara toda madrugada a esperar por Natasha.
Andava de um lado para o outro, enquanto Rebeka e Leonardo descansavam em uma das poltronas do apartamento.
Ele já começava a ficar preocupado, pois passara muito do horário combinado.Teria a duquesa desconfiado do plano? Teria descoberto que mais uma vez estava a lidar com a Valerie e não com a amada neta?
Seguiu até a mesa onde havia uma garrafa com café. Sentou-se, enquanto mirava os outros que dormiam.
Mais uma vez se deixou convencer pelos planos da arquiteta, mesmo sabendo que poderia colocá-la em perigo, aceitou, porém já começava a ponderar se aquela fora uma decisão sábia.
Pegou o celular do bolso e novamente discou o número da ruiva, mas logo a porta foi aberta e lá estava a razão da sua preocupação.
-- Deus, pensei que tinha se passado algo! -- O detetive disse ao se levantar, seguindo até ela, abraçando-a.
-- Ora, você está ficando muito meloso! -- Disse, enquanto o encarava. -- Apenas aconteceu uns contratempos e acabei me atrasando. -- Livrou-se da jaqueta de couro vermelha..
-- Com certeza aproveitando a noite de núpcias!
A voz da loira chamou a atenção de todos.
Natasha lhe dirigiu um olhar sugestivo, mas nada respondeu. Já sabia que a bela mulher era filha da sua amante da universidade.
Leonardo também despertou.
-- Meu Deus, filha, que bom que apareceu. -- Seguiu até a mesa para tomar um pouco do líquido preto.
-- Não sei o porquê da preocupação! -- Rebeka se levantou. -- Mesmo que a bela não se recorde da amada Valentina… -- Revirou os olhos. -- Óbvio que ela não deixaria de aproveitar os encantos da esposa.
-- Não me diga que está com ciúmes? -- Natasha indagou, enquanto sentava confortavelmente na poltrona, cruzando as longas pernas.
-- Oh, não, já me acostumei com o mau gosto que persegue as netas da duquesa…
-- Você também faz parte? -- Provocou-a com uma piscadela.
-- Gente, acho que esse não é o momento para isso! -- Antonini se intrometeu. -- Nesse momento temos que nos concentrar na segunda parte dos planos, ou seja, Natasha, deve levar Rebeka consigo para a mansão, afinal, todos sabem que o caso ela e a Nathália estava de vento em polpa e ela precisa executar a missão para provar sua lealdade.
-- Sim, eu sei, estive com a Isadora, ela tem planos para tomar o Victor da Valentina.
-- Ninguém nunca duvidou disso! -- Rick se aproximou. -- A duquesa não desistiria do seu dinheiro assim.
-- Bem -- Natasha levantou -- a tonta da neta do conde acreditou, tanto que se submeteu ao casamento com a minha irmã, mesmo diante de tudo. -- falou aborrecida. -- Queria saber o que seria dela se eu não tivesse retornado.
Os presentes perceberam que havia uma certa raiva nas palavras proferidas pela arquiteta, mas ninguém ousou falar nada.
-- Agora o que precisamos é armar a emboscada e ouvir a confissão da duas. -- O detetive seguiu até a escrivaninha e pegou uma pasta. -- temos a polícia ao nosso lado agora.
A Valerie assentiu, depois questionou:
-- E o filho do conde? Quando vai deixar a prisão?
-- Por enquanto vamos fingir que tudo continua do mesmo jeito. -- Rick respondeu. -- A família Brancamontes está presa, a rede de tráfico internacional caiu feio, eles já cederam todas as provas contra as Hanmintons, então só precisamos confirmar a ação concreta de Nathália, pois sabemos que Isadora irá assumir tudo para proteger a neta.
-- Bem, preciso retornar à mansão. -- Caminhou até a loira, entendendo-lhe a mão. -- Acho que você vem comigo, bela senhorita.
Rebeka aceitou o convite.
-- Ah, não esqueçam de que desejo ver a minha irmã antes que ela seja presa, então cuidem bem dela para quando esse momento chegar.
Valentina tinha tomado banho depois que a ruiva saiu, depois seguiu até o leito, acomodando-se entre os lençóis perfumados.
Sua cabeça começava a doer, porém ela ainda não sabia qual razão disso. Talvez fosse a falta de sono, desde que fora obrigada a aceitar aquele matrimônio não conseguira dormir. Podia ser também o excesso de álcool que ingeriu no dia anterior para conseguir forças para suportar aquela terrível cerimônia, ou talvez aquela dor viesse das últimas horas que estivera ao lado de Natasha.
Cobriu a cabeça com o travesseiro macio, pressionando-o contra a face.
Por que tinha e impressão que tudo retornara ao início, mas antes não havia o sentimento que a deixava tão frágil e entregue.
Virava de um lado para o outro e quando notou que não conseguiria dormir, sentou-se.
O sol já aparecia, mas ele nem sabia a hora exata. Podia ser nove ou dez horas, também não lhe importava.
Observou os próprios pés como se aquilo fosse a coisa mais interessante a se fazer.
E se tivesse acordado sendo a esposa da Nathália?
Não teria suportado, não teria permitido que lhe tocasse, nem que ousasse a se aproximar.
Não demorou muito para a porta ser aberta e lá estava a matriarca das Hanmintons.
Suspirou, encostando-se ao espelho da cama, cruzou os braços.
Como um ser humano podia ser tão cruel como aquela mulher? Ainda lhe passava pela mente as palavras da arquiteta sobre o assassinato da tia. Por que ela fez aquilo?
-- Imaginei que já estaria vestida para cuidar da sua esposa! -- A velha alfinetou com um sorriso a brincar em seus lábios. -- Você não casou com qualquer uma, contraiu matrimônio com a herdeira de uma família tradicional, então comece a ser grata pelo seu presente.
A morena relanceou os olhos em irritação, mas nada respondeu.
-- Imagino que esteja a pensar que já viajarão para a lua de mel. -- A duquesa caminhou até a janela, abrindo-a. -- Talvez seja necessário sair um pouco mais tarde que o combinado.
A morena levou o braço aos olhos para se proteger da luminosidade.
-- Ah, venha ver como o sol está lindo, ops! -- Levou a mão aos lábios. -- Acho que a sua núpcias vão demorar um pouco.
A morena a observou, sabia que ela queria provocá-la, como se fosse se importar com as provocações idiotas daquela velha.
Coitada, nem sabia que quem assumia o controle novamente era Natasha Valerie, porque se fosse Nathália, a circense nem se importaria com a sua presença.
A trapezista seguiu até a janela e viu a falsa esposa desfrutando da piscina ao lado de Rebeka.
Realmente o dia estava bonito. O astro rei brilhava em seu majestoso espaço. Alguns empregados seguiam com bebida e comidas, arrumando uma das mesas para o desejum.
Observou o sorriso da Valerie, brilhar para a acompanhante e desejou poder lhe jogar algo na cabeça, algo forte o suficiente para ver se sua memória retornava por completo.
Cerrou os dentes.
-- Isso é o que vai esperar sua vida ao lado da minha neta. -- A duquesa lhe sussurrava ao ouvido. -- Isso é para você aprender que não se humilha uma Hanminton e quão insignificante você é.
A trapezista se voltou para ela.
-- E a senhora acha mesmo que eu me importo com a sua querida neta? -- Indagou em irritação. -- Acha mesmo que sinto algo pela sua amada Nath? -- Desdenhou. -- Meu casamento com ela só tem um objetivo, proteger meu filho.
A duquesa a encarou com ódio.
-- Você não é ninguém, apenas a filha de uma prostituta.
Valentina sorriu com deboche.
-- Sim, sou, mas as suas duas netinhas me quiseram na vida… Eu devo ter nascido com talentos… -- Piscou ousada.
Isadora levantou a mão para esbofeteá-la, mas a circense lhe segurou, apertando-a tão forte que a ouviu gemer..
-- Eu não sou a minha tia, então, se ousar tentar me bater novamente, esquecerei que estou a lidar com uma idosa senil e te espanco até que fique sem respirar. -- Ameaçou-a por entre os dentes.
A velha se afastou.
-- Vai pagar caro, tão caro quanto a sua titia.
A morena a viu se afastar e ficou a pensar que logo aquela desgraçada pagaria por tudo o que fez.
Respirou fundo, enquanto voltava a fitar a área da piscina.
A loira estava dentro da água de frente para a arquiteta. Apoiava os braços em volta do pescoço da bela ruiva e ambas gargalhavam por algo que tinha sido dito.
Meneou a cabeça irritada.
Será que a amante de Nathália sabia que agora estava lidando com a Valerie?
Óbvio!
Agora entendia as provocações no dia anterior. A atrevida já sabia, na verdade, praticamente todos sabiam, apenas ela fora deixada de fora daquele plano.
De repente o olhar poderoso foi em sua direção. Mesmo que a empresária estivesse a usar óculos, sentia o quanto deveria estar debochando de si, afinal, ela tinha retornado com sua memória em perfeitas condições, apenas excluindo a parte que se referia a si e aos sentimentos que as uniram um dia.
Exasperada, fechou as cortinas.
Rebeka abraçava a ruiva pelo pescoço e logo observou que algo a distraia, então viu de quem se tratava.
Fitou a bela empresária.
-- Mesmo sem lembranças, você ainda está presa a trabalhadora de circo.
Natasha encarou a loira.
-- Não acho que isso seja algo a ser discutido, afinal, estamos aqui para seguir os planos.
-- Ah, claro, como se você estivesse a fazer, desde que viu a neta do conde na janela, parece que ficou enfeitiçada.
A Valerie não respondeu, enquanto arrumava o coque no alto da cabeça, arrumando pacientemente alguns fios por trás das orelhas.
A água estava em uma temperatura deliciosa. Podia-se dizer até que estava gelada, mas algo em seu interior queimava ao mirar a circense. Havia labaredas de um vulcão que permanecera adormecido durante muito tempo e agora entrava em ebulição.
Observou o olhar acusador de olhos negros e lhe dirigiu um olhar cheio de deboche, mas por que fazia isso?
Por que se sentia tão desejosa de se aproximar novamente da morena atrevida?
Quando Leonardo e Helena narraram para si a relação que tinha com a jovem circense, chegou a duvidar, afinal, nem mesmo pela esposa sentira amor, nem mesmo sabia o que era isso, entretanto o casal Antonini insistia que ela estava perdidamente apaixonada pela sobrinha da Verônica, mas se fosse assim, por que não havia lembranças dela em sua mente?
-- Está vendo como está distraída? Vai acabar colocando tudo a perder.
-- Já chega! -- Ela ordenou por entre os dentes. -- Eu sei bem o que devo fazer e como devo fazer, então já chega de ficar falando besteiras. -- Retrucou aborrecida.
-- Sabe mesmo? -- Pousou as mãos em seus seios. -- Então faça, pois sabemos que se realmente fosse a sua irmã aqui, ela não agiria com relutâncias.
-- Acha mesmo que estou hesitando? -- Segurou-a bruscamente pelo braço. -- Não seja tola.
-- Você nega, porém quando se apaixonou pela palhaça de circo nunca mais transou com outra, nem mesmo comigo, então não me venha com essa história.
-- Eu não me recordo dela! -- Grunhiu. -- Apenas estou irritada por ela ter me enganado naquela fazendo e me prendido, enquanto cedia as chantagens da minha irmã. Por culpa dela, eu poderia perder meu filho.
-- Ah, sim, porém tenho certeza de que isso não foi motivo suficiente para não consumar o casamento. -- Afastou-se um pouco. -- Diga-me se não fizeram sexo, diga! -- Exigia.
A ruiva já se preparava para responder, mas a duquesa apareceu na borda da piscina.
-- Algum problema, vovó? -- Questionou tentando manter a calma, arrumando os óculos pretos.
-- Que horas irá viajar? -- Indagou ignorando Rebeka.
A arquiteta se aproximou de onde a duquesa estava, apoiando-se, encarou-a.
-- O conde não liberou a aeronave ainda, parece que está em manutenção! -- Fingiu irritação. -- Acredita que o velho ousou a dizer que eu não usurfruiria do que é dele, deixou claro que devo me virar. -- Relanceou os olhos.
A duquesa mirou em direção à mansão.
-- Precisa dar um jeito nessa situação… O moleque já está aqui… Lá está sua esposa com ele.
Natasha mirou na direção e prendeu o fôlego por alguns segundos.
Valentina estava ainda mais linda em um biquíni branco que deixava à mostra o abdome liso, as pernas torneadas e longas, os seios redondos. Helena a acompanhava.
Percebeu como a filha de Nícolas fez questão de ignorá-la e isso a perturbou ainda mais.
Mirou o filho e sentiu aquela sensação de euforia, vontade de tomá-lo nos braços.
-- Está na hora de agir e não de ficar de esfregado com essa aí!
A voz dura da avó lhe tirou das suas divagações.
Natasha assentiu, mas não deixou a água.
-- Não tenha pressa, vozinha, começo a me cansar do jogo de puritana da minha esposinha... Logo ela vai perceber como eu sou especialista nas jogadas tolas que ela vem fazendo. -- Dizia, enquanto voltava a mirar Valentina.
-- Essa maldita me desafiou ainda pouco, age como se estivesse em um patamar superior ao nosso.
Rebeka se aproximou, abraçando a ruiva por trás.
-- Se quiser, posso ajudar… -- Mordiscou a orelha da arquiteta. -- Afinal, não estou disposta a dividir a Nath com essa palhaça de quinta categoria.
Os olhos verdes da duquesa brilharam ao ouvir aquilo, afinal, ganharia muito se a esposa da neta morresse precocemente, entretanto, deveria tomar cuidado para não se comprometer, sempre fizera tudo muito bem feito e não seria agora que meteria os pés pelas mãos.
Helena observava Valentina sentar com o filho em uma das espreguiçadeiras. Conseguia notar a irritação que ela tentava disfarçar a todo custo e se sentia culpada por isso, pois sabia que deveria ter lhe contado a verdade. Entendia aquela inquietação, ainda mais porque já tinha notado como o fato da empresária não recordar dela a afetava.
-- Filha, tudo faz parte de um plano. -- Disse, enquanto lhe segurava a mão. -- Precisa entender.
A morena não respondeu de imediato, pois estava preocupada em distrair o filho que já tinha visto a mãe e ansiava para ir até ela. Pegou a mamadeira com suco, dando-lhe e se sentiu aliviada quando o garotinho se acomodou em seu peito, enquanto comia.
Ele estava forte, nem parecia o garotinho prematuro que quase não sobreviveu ao nascimento.
Vestia apenas uma camiseta e uma sunga do personagem de um desenho animado. Os cabelos acobreados brilhavam. Tinha passado protetor solar nele, pois era tão branquinho quanto à arrogante mãe.
Observou Isadora se afastar e olhar da arquiteta seguir até o seu. Furiosa, desviou.
Odiava-a naquele momento, odiava por vê-la com a loira e por saber que ambas dividiam um plano, enquanto lhe excluíam.
Respirou fundo, enquanto fitava a esposa de Leonardo.
-- Acha mesmo que vou me passar nesse jogo? -- Indagou baixinho. -- a sua protegida age como se eu fosse a errada nessa história, age como se tudo o que eu fiz foi por minha vontade, ela não entende que só desejei protegê-la e proteger o Victor. -- Mordiscou o lábio inferior demoradamente. -- Ainda vem me dizer que não lembra de mim, que não sabe quem sou eu… Ah, sim, está tudo perfeito, eu só preciso olhar aquela pouca vergonha e sorrir delicadamente.
-- Valentina, eu entendo você, mas logo isso tudo vai acabar.
-- E quando acabar eu exigirei a anulação desse casamento.
-- Ah é? Imagino que se fosse a Nathália você não o faria.
A voz da arquiteta soou baixa e ameaçadora.
Valentina se virou e lá estava o motivo do seu descontrole. Como ela tinha chegado tão rápido e de forma tão sorrateira que não percebeu a proximidade?
Victor começou a se manifestar nos braços da circense, queria a mãe Valerie. Helena fez um gesto para que a ruiva não se aproximasse, então se levantou, pegou o garoto e mesmo ele chorando, afastou-se com o pequeno.
Natasha suspirou em frustração.
A trapezista já se levantava, afastando-se, mas a arquiteta a tomou pelo braço, arrastando-a praticamente até a ala onde havia churrasqueiras, poltrona e mesas.
-- Solte-me! -- Desvencilhou-se do toque. -- Não ouse encostar em mim!
A empresária ficou surpresa com a fúria nos olhos negros, inicialmente não pareceu entender, mas logo teve uma ideia do que se passava.
-- Está com ciúmes? -- Indagou baixinho. -- Ah, sim,é isso, estás enciumada da Rebeka. -- Cruzou os braços. -- Era o que me faltava!
A trapezista não gostou de forma alguma da expressão de deboche que se desenhava no olhar da mulher que lhe fitava naquele momento.
-- Ah, querida, perdão por ter deixado transparecer, prometo que a partir de agora isso não vai mais acontecer.
Valentina já se afastava, mas Natasha a deteve pelo braço novamente, levando-a para um lugar reservado, por trás de uma árvore frondosa. Encostou-se a ela, trazendo a jovem para perto de si, abraçando-a pela cintura.
-- Solte-me! -- Tentou se afastar inutilmente.
-- Ainda não, primeiro deve se acalmar ou vai colocar tudo a perder.
-- Ah, vou é?
A arquiteta observou os olhos negros se estreitarem. Ela podia ser menos linda, assim, não ficaria hipnotizada como estava.
Tocou-lhe a face e se recordou de como fora delicioso a forma como ela se entregara. Seu corpo reagiu instantaneamente.
-- Vai, pois está quase voando no meu pescoço.
-- Acredite, Valerie, se eu pudesse faria bem pior que isso.
-- Que tal fazer isso na cama, minha esposa, prometo que deixo que me rasgue toda.
-- Cínica! -- Gritou. -- É uma cínica safada, uma cachorra que não pode se comportar diante de um par de pernas femininas.
-- Não seja boba, tudo faz parte do plano de me passar por minha irmã.
-- Ah, sim, ótimo, agora me deixe ir. --Tentou se soltar novamente, mas a outra não deixou. -- Vá lá, continue a fazer seu papel tão perfeitamente, eu te daria o óscar sem dúvidas.
A ruiva desceu as mãos até as amarras do biquíni, mirou os lábios cerrados em exasperação
-- Você é uma tentação maior que todas que já tive.
Valentina a deteve.
-- Não ouse! -- Advertiu-a.
A neta de Isadora arqueou a sobrancelha esquerda em provocação, enquanto umedecia os lábios com a língua demoradamente.
-- Medo de não controlar a vontade de dar pra mim?
-- Na verdade o meu medo é não me controlar e tirar esse sorriso da tua cara de forma nada ortodoxa.
Natasha ficou a brincar com o cordão da calcinha dela e seus dedos começaram a roçar no baixo ventre. Não parecia muito preocupada, pois o lugar onde estavam era bastante discreto.
Sabia que não deveria estar ali, mas havia algo que a atraia descontroladamente.
Ouvia-a suspirar com impaciência.
-- Você gosta mais de bater ou de apanhar?
A trapezista mirou os óculos escuros e teve certeza de como eles deveriam estar se divertindo com toda aquela situação.
-- Realmente você é a pessoa mais desavergonhada que eu já conheci em toda minha vida. -- Livrou-se dela com um safanão. -- Sabe, Valerie--apontou-lhe o indicador em riste -- você não se recorda, essa sua cabeça está muito avariada, mas te direi aqui mesmo, para que consiga algo comigo, tem que ser apenas comigo, não aceito esmolas, nem divido o que é meu, então seria interessante que seu cérebro voltasse a funcionar, pois não me passarei em viver essa palhaçada.
Antes que ela se afastasse, a empresária a deteve pelo braço.
-- Não vai haver anulação, não enquanto não for da minha vontade.
-- Ah, sim, vamos ver!
Sem mais, a circense deixou o local, enquanto uma Valerie possessa permanecia parada, apenas tentando controlar a indignação diante dos desafios. Não estava acostumada a lidar com pessoas tão voluntariosas, tampouco permitia que alguém tentasse lhe dominar, então não seria a neta do conde a primeira.
Valentina seguia pisando duro para o interior da mansão e quase se chocou com o avô.
-- O que se passa, filha?
A morena suspirou, mas nada respondeu.
Juntos seguiram até o escritório. Nicolay se acomodou e apontou a cadeira para que ela fizesse o mesmo.
A circense ainda relutou, permanecendo parada de braços cruzados.
-- Imagino que o senhor sabia dessa cachorrada! -- Acusou, sentando-se. -- Acho que só a Isadora, a Nathália e eu estávamos sem entender droga nenhuma.
O aristocrata sabia que aquela não era a principal razão para toda aquela raiva, mas achou melhor não tocar ainda no centro da ferida.
-- Eu faria qualquer coisa para salvá-la das garras daquelas duas mulheres, então, não me preocupei em ceder ao plano da Valerie.
-- Ah, sim, plano da Valerie! -- Levantou-se, enquanto apoiava ambas as mãos sobre a escrivaninha. -- E que plano é esse?
-- Salvá-la e protegê-la das Hanmintons.
Os olhos negros se estreitaram furiosamente.
-- Vovô, eu não sei qual seria pior destino: Casar-me com a Nathália ou casar-me com a mulher que amo, mas que não lembro de mim, que me julga e me vê como uma garota inconsequente e estúpida.
-- Ela não tem culpa se essa parte ainda não está clara em seu cérebro, porém o resto ela lembra, até mesmo coisas que ficaram escondidas em sua mente.
A circense pareceu se interessar por aquelas últimas frases, então mais calma questionou:
-- Ela lembra do que se passou com a minha tia, falou-me sobre isso.
O conde fez um gesto de assentimento, a tristeza se apossou de seu rosto envelhecido pelos anos.
-- A Isadora tirou a vida da Verônica cruelmente e se estamos fingindo nesse jogo é porque sabemos que ela não se importaria de fazer o mesmo contigo.
A morena passou a mãos pelos cabelos.
-- E por que não a denunciamos de uma vez? O que estão esperando?
-- Que Nathália testemunhe contra a duquesa e que a duquesa confesse, não desejamos que haja escapatória dessa vez, queremos que pague por cada crime que foi cometido sem chances para inventar desculpas.
A trapezista voltou a sentar.
-- Meu filho corre perigo.
-- Não, vamos protegê-lo, a Rebeka se mostrou cúmplice da Nathália e a ela fora feito um pedido para que provasse que estava ao lado delas.
-- Qual pedido?
Nicolay tamborilava os dedos sobre a madeira, parecia ponderar, mas diante do olhar impaciente da neta, disse:
-- Que desse fim no Victor… Se assim fosse feito, a herança da Valerie passaria imediatamente para as mãos da duquesa.
Os olhos negros se encheram de fúria.
-- Maldita seja essa mulher! -- Meneou a cabeça. -- Ela é um monstro.
-- Sim, por isso temos que tomar cuidado, não sabemos que há outros cúmplices, não devemos baixar a guarda.
Valentina assentiu, mesmo ficando cada vez mais preocupada diante do que estava sendo dito.
Natasha tinha acabado de chegar aos aposentos.
Sentiu a dor na perna, mas não podia se preocupar com isso agora, ainda mais porque a duquesa adentrou o espaço com o cenho franzido.
-- Leve-a para qualquer lugar, mas saia daqui com a maldita Valentina.
A arquiteta encarava a velha e tentava a todo custo manter a frieza diante de todas as descobertas.
-- Não se preocupe, já resolvi essa questão. -- Sentou na cama. -- A Rebeka ficará aqui, ela já sabe o que deve fazer, porém devemos pensar em uma boa recompensa, necessitamos de que todos pensem que se trata de um sequestro… Vamos lucrar bastante.
-- Por mim esse pirralho iria ao encontro da mãe, assim eu teria a fortuna mais rápido.
-- Não podemos nos deixar levar pela pressa… -- Foi até onde estava a avó. -- Tudo o que fizemos até hoje só deu certo porque pensamos muito antes de executar os planos… Pense… Se não fosse assim não teríamos saído ilesas da morte da Verônica.
-- Nem da idiota da Natasha! -- Disse com um sorriso. -- Essa foi a melhor que tivemos, sem dúvidas. -- Acariciou a face da neta. -- Eu deveria ter me livrado dela quando nasceu, mas aquelas malditas freiras não permitiram, porém em parte foi bom, afinal, ela construiu um império único e tudo vai ser para nós.
-- Isso… tudo no seu momento.
-- Sim, porém quero que acabe com a neta do conde de uma vez… Um acidente seria o ideal, ela não te merece, tinha um caso com a sua irmã, entrou na sala naquela noite gritando que viveria com a Valerie, pense nisso, fomos humilhadas, então ela deve pagar, deve pagar igual a maldita tia.
Natasha se manteve quieta, sabendo que aquela mulher que lhe olhava com todo aquele carinho seria capaz de fazer qualquer coisa para destruir os que cruzavam o seu caminho.
A porta foi aberta e Valentina entrou.
O olhar da trapezista parou por tempo demasiado em direção da ruiva, mas logo ela voltou a sua postura defensiva.
-- O que fazem aqui? -- Indagou tentando disfarçar.
-- Estávamos aqui falando sobre a lua de mel, espero que suas malas estejam prontas, querida, pois logo estarão viajando.
A circense não respondeu, logo, a duquesa deixava os aposentos.
As duas jovens ficaram em silêncio e quando a trapezista já abria a boca para falar, recebeu um sinal para que se mantivesse em silêncio.
A arquiteta a tomou pelo braço, seguindo com ela até o banheiro, fechou a porta, encarando-a.
-- Tome cuidado com seus olhares! -- Advertiu-a.
-- Sim, eu sei que dei mancada, mas não consegui evitar. -- Justificava-se. -- Acha que ela notou algo?
-- Não sei, apenas deve entender que a Isadora é muito esperta, ela não chegou até aqui sendo tola não, por isso todo cuidado é pouco.
-- O que estavam conversando?
-- Ela começava a narrar os planos para sua morte.
A morena engoliu em seco.
-- E meu filho?
A arquiteta não respondeu de imediato. Encostou-se a porta, cruzando os braços sobre os seios.
Ainda usava o biquíni.
Fitou o espelho do elegante banheiro.
-- Rebeka vai levá-lo para um lugar seguro.
Os olhos negros se abriram em indignação.
-- Por favor, Valentina, siga apenas os planos... Não proteste, não suspire, apenas faça o que deve ser feito.
A trapezista parou de frente para ela. Encararam-se demoradamente, até que a herdeira do conde falou:
-- Será feito de acordo com as suas ordens. -- Cerrou os dentes. -- Agora pode sair, pois quero tomar um banho, afinal, pelo que vejo, você e eu viajaremos.
-- Dispa-se diante de mim, eu não sou um animal que não saberia me controlar... Ainda temos que acertar algumas partes.
A morena deu de ombros, começando a tirar as peças de banho, não demorou para estar totalmente nua, então já seguia até o chuveiro, mas foi detida pelo braço.
-- Vamos para a minha cobertura... Vai ser lá a nossa lua de mel. -- Dizia com um sorriso safado. -- Precisaremos fingir bem, você não acha? -- Mirou os seios e logo viu os mamilos endurecerem. -- Você é tão passional assim mesmo?
-- E você é tão desavergonhada assim mesmo?
-- Você poderia responder isso, afinal, pelo que sei, me conhece muito bem. -- Segurou-lhe a mão e iniciou movimentos circulares em sua palma. -- Eu que não me recordo nada sobre você...
Valentina sabia o que ela queria. Conhecia-a bem e tinha certeza das intenções da arquiteta naquele momento, mas não cairia novamente naquele charme de rainha da arrogância.
-- Acho que perdi a memória.
Puxou a mão e seguiu para o box. Ligou as duchas e ficou sob elas, sentindo o corpo ser massageado pelo líquido frio.
Sua cabeça ainda doía, mas entendia que ela tinha razões de sobras para estar assim, afinal, foram tantas emoções em tão pouco tempo que não conseguiu digerir direito.
Ouviu passos e quando se virava para ver, sentiu Natasha colar as suas costas, virando-a para si.
-- Vamos tomar banho juntinhas, lógico que preferiria a hidro, mas me conformarei com o que temos.
Valentina já pensava em protestar, mas a viu desligar a água, depois pegar o sabonete líquido, derramar um pouco nas mãos e iniciar a limpeza em seu corpo.
A ruiva começou por seus pés, depois subiu por suas panturrilhas, demorando mais em seus coxas... Esfregando-as e afagando-as, depois a virilha, o sexo, o abdome e lá estava ela em seus seios, usando também os dedos.
A morena prendeu a respiração, rezando para que aquilo acabasse, pois realmente não sabia se teria forças para resistir.
Agora ela estava ali, colada ao seu corpo e fitando-a com um sorriso irônico no canto dos lábios.
-- Apresse-se, pois sairemos em meia hora.
Antes que a trapezista pudesse dizer algo, a ruiva deixou o banheiro.
Kkkk meu pai...
ResponderExcluirQue capítulo ❤️
estamos seguindo para o fim... Então logo as coisas se encaixarão.
ExcluirBeijos.
Bravo!!!! Bravíssimo!!!! Excelente!!!!
ResponderExcluirkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk já li seus elogios no whatsapp, então aqui só vim ser educada kkkkkkkkkkkkkk
Excluirbeijos.
Tudo bem autora?
ResponderExcluirQue capítulo!!!!!!! Estou cada vez mais apaixonada por esse enredo.
Valentina paciência,mas está difícil ne? Siga o plano e logo essa mulher será só sua.
Espero que tanto a "veia"kk, quanto a neta moram,pois se elas forem presas ainda podem fazerem maldades. A Nathalia bem que deveria ser filha do vick também, e a velha revoltada a matasse,e depois a velha morresse de infarto.
( é só um desejo,pois detesto essas vilãs).
Beijos Geh 😘😘😘😘
Olá, querida, Valentina precisa de calma nessa hora né, afinal, ela pode não está nas memórias da Natasha, mas está em seu coração e isso não tem como tirar de forma alguma.
ExcluirBem, agora estamos chegando ao fim, então logo teremos o castigo para essas duas mulheres, elas precisam né...
Beijão grande.
Oi! Boa Noite... Pq vc não disponibiliza a história da Aime? Gostaria muito de ler novamente. Obrigada
ResponderExcluirOlá, boa noite, a história da Dama selvagem será colocada no blog sim, em breve ela estará aqui também.
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