Dolo ferox -- Capítulo 41
A comemoração na mansão dos Vallares prosseguia.
O jardim iluminado tinha agora mais animação e músicas. Outros empregados foram recrutados para ajudar no serviço que tinha triplicado. Isadora ousara ainda mais e convidara pessoas sem a menos consultar os donos da casa. Ela agia como se já tivesse o poder sobre tudo.
Helena e Valentina seguiram para um dos quartos para colocar Victor na cama, pois o garotinho tinha gasto toda a energia brincando.
Quando entraram nos aposentos da circense, a esposa de Antonini falou:
-- Como consegue aguentar a duquesa e a neta? -- Indagou baixinho, enquanto arrumava a criança no leito. -- Essa mulher realmente acha que já é a dona de tudo.
A morena nada respondeu de imediato, apenas seguiu até a janela que tinha vista para o vasto jardim. As grades tinham sido retiradas.
Fitou o céu estrelado, depois aos convidados que nem mesmo conhecia.
Sua cabeça não parecia se importar com aquele fato, seus pensamentos estavam longe, presos em olhos intensamente verdes.
-- Sabe que só faço isso para manter meu filho protegido… -- Virou-se para a mulher. -- Caso contrário, Nathália já teria permitido que Isadora tomasse o Victor de mim. -- Arrumou uma mecha de cabelo por trás da orelha. -- Preciso de todas as provas para poder colocá-las na prisão.
-- Filha, não seria algo tão fácil assim… Talvez o melhor seja encerrar essa relação, tenho medo que possam te fazer algo.
-- Não, ainda não farão… -- Soltou um longo suspiro. -- Só preciso de tempo, isso é que precisarei agora.
A senhora Antonini se aproximou dela,tomou-lhe as mãos.
-- Eu sei que está sofrendo, eu sei do amor tão grande que sentia pela Natasha, mas precisa seguir… Acho que todos precisamos nesse momento. -- Limpou uma lágrima que lhe molhava a face. -- Todos os dias eu acordo -- Soluçou -- e a primeira imagem que me vem à cabeça são aqueles olhos, aquele sorriso cheio de sarcasmo e que mesmo fingindo para todos que não tinha sentimentos, eu sabia que naquele coraçãozinho havia muito amor...
A trapezista a abraçou.
Ouvia o choro da boa mulher, sabia como estava a sofrer e se sentiu mal por não poder contar a verdade, mas tinha prometido ao monge e não quebraria a promessa, mesmo sendo tão difícil para si.
-- Continue tendo fé! -- Sussurrou-lhe no ouvido. -- Não deixe de acreditar.
Helena a fitou em confusão, porém batidas na porta interromperam o momento.
Valentina seguiu lentamente e a abriu e lá estava a namorada.
Encarou-a demoradamente. Via o sorriso alvo que brincava em seus lábios rosados, os cabelos tão negros quanto os seus e olhos idênticos e tão distintos da irmã. Fitava-a e apenas asco conseguia sentir, mesmo diante de tanta beleza.
-- Não vai descer mais? -- Nathália questionou tentando controlar a irritação. -- Vovó deseja que conheça uma amiga da nossa família.
Isadora quem a fez ir até ali, praticamente a obrigou, tirando-a de perto de Helo, que para a bela herdeira parecia mais interessante, afinal, não recebera nem mesmo atenção da futura esposa.
Valentina não desejava ir, porém sabia que deveria demonstrar um comportamento melhor, pelo menos por enquanto.
-- Sim, meu bem, desço contigo agora.
Só depois de dois dias a morena conseguiu seguir para a fazenda, pois tivera que resolver algumas coisas e cedera as Hanmintons para que não desconfiassem do seu interesse em retornar para uma terra tão isolada. Fora até uma das lojas mais requintadas do país e encomendara as alianças, também tivera que autorizar que os preparativos para o noivado fossem feitos, depois seguira até a empresa para participar de uma reunião.
Acomodou-se no helicóptero tendo o filho sentado no seu colo. Sabia que Helena e Leonardo ficariam tristes sem o bebê, mas ela ansiava por levá-lo consigo, desejava que ele visse Natasha e os dois foram bastantes compreensivos, incentivando-a a ficar mais tempo com o herdeiro.
Nicolay quem não achou a ideia interessante, ainda mais pelo fato da morena ainda estar usando muletas, mas ela conseguira convencê-lo, afinal, quando chegasse lá poderia pedir a uma das empregadas para lhe ajudar.
O pequeno dormia com a cabeça encostada em seu peito, parecia tão tranquilo.
Beijou-lhe os cabelos ruivos, depois segurou a mão gordinha, levando-a aos lábios.
A aeronave pousaria na fazenda, assim não haveria o problema de ter que fazer uma longa viagem de carro. Aquelas foram as ordens do conde e a condição para que ela fosse com a criança.
Sorriu ao lembrar do avô.
Nunca chegaria a imaginar que um aristocrata teria uma personalidade tão maravilhosa como o patriarca dos Vallares. Ele sempre estava querendo animá-la e enquanto todos já acreditam que a Valerie tinha morrido, Nicolay continuava as buscas junto com Leonardo, revirando grandes áreas, mesmo a circense sabendo que nada seria encontrado, sentia-se grata por tudo.
Observou pela janela, não demorariam a chegar.
Talvez não retornasse para o réveillon, não tinha interesse de aguentar a duquesa e sua forma espalhafatosa.
Meneou a cabeça.
Não tinha ido visitar o pai, não tivera coragem para fazê-lo e viu a tristeza no rosto do avô por não o fazer, mas ainda não se sentia pronta para perdoá-lo, não enquanto não provasse que realmente era inocente. Não conseguia esquecer a crueldade que ele agira ao prendê-la naquele quarto, privá-la de ir a encontro da mulher que amava.
Uma jovem comissária se aproximou.
-- Deseja que fique com a criança para que descanse um pouco? -- Indagou em simpatia.
-- Realmente não será necessário, mas agradeço.
A moça assentiu, voltando para o lugar que ocupava.
A trapezista inclinou a cabeça para trás, enquanto fechava os olhos, tento dormir um pouco, mas então ouviu o filho resmungar em sua língua indecifrável. Acariciou-lhe as costas, acalmando-o.
Depois de meia hora, pousavam no verdejante campo.
Os empregados olhavam fascinados e logo que o motor fora desligado e a porta aberta. Giovana foi a primeira a correr até a patroa.
-- Boa tarde, senhorita! -- A jovem cumprimentou com um sorriso.
Valentina fitou-a com simpatia.
-- E esse bebê tão lindo?
-- Ajude-me com ele, por favor, estou usando muletas!
A moça o fez, tomando-o nos braços, enquanto a morena pegava os apoios e deixava o meio de transporte aéreo.
-- Seu filho é lindo!
Seguiram lentamente devido ao problema de Valentina, mas isso não impedia que a empregada tagarelasse o tempo todo. Victor olhou para mãe e logo encostou a cabeça nos ombros da babá improvisada e fechou os olhos. Devia estar cansado e estranhando o novo cenário.
A Vallares também olhava tudo surpresa, pois estava óbvio que em pouco tempo grandes melhorias foram feitas na casa. Agora não havia mais a pintura gasta de outrora, mas um branco brilhante embelezava as paredes.
Ao entrar, maravilhou-se com a sala.
Havia um carpete a se adequar lindamente ao assoalho, um sofá parecido com o da mansão do conde e poltronas menores, até mesmo a lareira fora resgatada. Mirou o lustre de cristal e olhou confusa para Giovana.
-- Veio um batalhão de pessoas aqui e fizeram tantas melhorias, o conde mandou.
Uma das mulheres dos peões apareceu usando uma daquelas fardas típicas dos que serviam ao Nicolay.
-- Boa tarde, patroinha! -- Cumprimentou-a com um sorriso.
Valentina não se lembrava daquela senhora roliça, de cabelos grisalhos e de expressão tão simpática trabalhar ali.
-- Eu fiquei no lugar da outra, sou Antônia! -- Explicou ao notar a confusão da morena.
A circense assentiu e logo seguia para os aposentos. As mudanças ali foram ainda maiores. Agora havia uma cama grande e confortável ocupando o espaço. Um closet fora instalado. Uma enorme penteadeira com itens de beleza, um espelho se fazia presente. Observou a escrivaninha e a cadeira de couro, o berço...
-- Meu avô realmente não perdeu tempo! -- Seguiu até a janela, afastando um pouco o cortinado de seda.
-- Mas está tão lindo! -- A outra disse, enquanto colocava o bebê adormecido sobre o leito. -- Acho que ele está exausto.
Valentina mirou o pequeno em seu sono tranquilo.
Os cabelos lisos e vermelhos, as bochechas coradas…
-- Sim, não está acostumado a essas viagens!
-- Mas tenho certeza de que vai adorar tudo aqui, ainda mais os animais, agora há galinhas, peixes, fora os cavalos e as vacas.
A circense mordiscou o lábio inferior demoradamente.
-- E a freira esteve por aqui? -- Questionou, enquanto se acomodava na cadeira. -- Buscar os mantimentos...
-- Não, apenas vem um homem chamado Helian e como a senhora ordenou, estamos fazendo as doações.
Engraçado que aquele fato não parecia lhe surpreender. Natasha não iria até ali, ainda mais depois de tudo o que aconteceu. Soltou um longo suspiro.
-- Ele já esteve aqui hoje?
-- Sim, ele sempre vem muito cedo.
Valentina segurava na muleta, depois observou o pé que descansava na bota. Não poderia ir até lá.
-- Amanhã quando ele vier desejo que me chame, quero falar com ele.
A empregada assentiu.
-- Agora tomarei um banho e descansarei.
-- Deseja algo para comer?
-- Não, apenas deixe a mamadeira do Victor pronta, quando acordar vai estar faminto.
A jovem assentiu, enquanto deixava o quarto.
A trapezista permaneceu olhando para o filho que parecia tão tranquilo em seu sono. Ficou a pensar se ele reconhecia a Natasha, se vibraria quando a visse.
Mordiscou o lábio inferior demoradamente, enquanto ponderava sobre como seria reencontrá-la. Como deveria se deter para não a beija, não a abraçar forte… Sim, era um verdadeiro suplício aquela situação, porém o que a conformava era o fato de não ter morrido, de poder tê-la ao seu lado, mesmo desmemoriada.
Recordou-se da crueldade de Isadora sempre quando citava o nome da neta. Estava quase certa que fora ela quem armara tudo aquilo, afinal, o regozijo da duquesa não passava despercebido nem diante de um cego.
Miserável!
Em breve pagaria por tudo, em breve tanto ela quanto Nathália se arrependeriam de tudo o que fizeram.
Cerrou os dentes em irritação.
A bela namorada estava se esbaldando com o poder que lhe fora dado na empresa. Já estava sabendo dos contratos superfaturados, armara uma boa armadilha para pegá-la e isso seria mais um item a ser somado aos pecados. Fora tão burra que repetia os mesmos erros que fizera quando assumira o lugar da irmã nos negócios. Esse era o defeito da filha amada de Elizabeth, acreditar que poderia enganar a todos e nunca ser descoberta.
Ainda sentia asco quando recordava dos beijos que tivera que receber…
Como uma situação podia mudar de forma tão radical?
Ainda se recordava do quanto queria Nathália por perto, de como chegara a pensar que a vilã daquela história era a Valerie…
O sorriso brincou em seus lábios ao imaginar que logo a encontraria e seria preciso muito controle para não provar daquela boca tão vermelha quanto uma maçã…
Numa sala cinza com algumas mesas disponíveis e cadeiras, Nícolas recebia a visita do advogado e o pai.
Luís Fernando Leviatan era um dos que faziam parte da equipe jurídica que buscava defender o filho de conde.
-- Entrei com um novo pedido de Habeas corpus, mas não sei se o juiz aceitará, ainda mais depois da imagens das câmeras do hospital foram entregues para a promotoria.
-- E como eles chegaram a pensar que lá havia algo comprometedor? -- O empresário se levantou irritado. -- Claro, só as Hanmintons sabiam desse detalhe. -- Fechou os punhos. -- Maldita seja aquela família.
Leviatan fitou Nicolay que até aquele momento permanecia em silêncio.
-- Nada vai adiantar reagir assim, filho, será apenas mais estressante. O que devemos fazer é usar toda nossa energia para provar que você é inocente. -- Salientou o mais velho.
-- Minha inocência? -- Indagou perplexo. -- Eu já começo a pensar que serei condenado e já me vejo passando anos trancafiado nesse maldito lugar.
O conde ficou em silêncio, enquanto ouvia o advogado voltar a dialogar, tentando acalmar o cliente. O patriarca dos Vallares sabia como aquela seria uma tarefa difícil, pois seu primogênito estava em total descontrole naquele dia.
Com seus olhos cansados, observava tudo ao redor e ficou a imaginar quando Natasha Valerie fora condenada a ficar em um lugar análogo àquele. Como deve ter sido difícil para ela ser acusada de um crime tão cruel: O assassinato da esposa.
Depois de tanto tempo ele entendeu o motivo do silêncio que sempre fora usado pela ruiva. Aquilo não fora deboche ou descaso, mas um caráter sem igual, afinal, ela não se recordava do que acontecera e por esse motivo não se defendera. Ainda conseguia ver a imprensa toda presente, as manchetes, as aparições que ela fizera… Em nenhum momento ela abrira a boca para se defender, tendo uma equipe de advogados que tentava lutar inutilmente para salvá-la de um destino tão nefando.
A despedida de Luís Fernando interrompeu seus pensamentos e logo ele estava sozinho com o filho.
Nícolas permanecia de cabeça baixa e quando a levantou, havia lágrimas em seus olhos negros quando indagou:
-- E a Valentina?
O conde estendeu a mão tocando a dele.
-- Voltou à fazenda…
-- Mas o que ela está fazendo em um lugar tão isolado?
-- Eu não sei, porém a prefiro longe que perto de Nathália.
-- Não quero que essa relação continue!
-- Você não deve se meter nisso, não esqueça o que causou da última vez que o fez.
O maxilar do mais jovem enrijeceu, enquanto os olhos se estreitavam.
-- Fiz para protegê-la, fiz apenas para isso, mesmo que ela nunca entenda, mesmo que sempre me condene, só pensei no bem dela.
-- Talvez estivéssemos totalmente enganados diante das falsas evidências.
-- Está defendendo a Natasha? -- Levantou-se.
O guarda observava tudo com atenção do outro lado.
-- Imagino que essa sua mudança se dê pelo fato da maldita ter morrido.
-- Não, essa mudança vem de tudo que ando observando, ainda mais ao perceber que Nathália e Isadora estão fazendo fazendo tudo para que você seja condenado como aconteceu com a Valerie.
-- São situações distintas!
Antes que o conde pudesse responder algo, fora avisado que o tempo da visita tinha se encerrado.
Ambos se despediram com um cordial e frio aperto de mão.
Rebeka descansava nos braços da amante.
Fechou os olhos, tentando mais uma vez imaginar que estava sendo tocada pela ruiva e não por sua cópia mal feita.
Ouvia a respiração tranquila da aristocrata e imaginava se ela realmente acreditava que fora maravilhosa naquele momento e não um total fracasso com seu egoísmo em apenas satisfazer seu desejo.
Tentou não suspirar em decepção.
Estaria mesmo Natasha morta?
Não conseguia acreditar naquela ideia, não conseguia de forma alguma pensar que aquilo realmente tinha acontecido.
Ficou pensando no plano da Hanminton.
Sabia que não poderia se meter em algo tão perigoso, porém era necessário provar sua lealdade, algo que se não o fizesse prejudicaria os planos da circense.
Dessa vez ela não sufocou o suspiro.
Não acreditava que estava a ajudar a Valentina Vallares. Na verdade só o fazia por saber que seria o certo a fazer, pagar por tudo que a Valerie fez por si e só por ela e pelo bebê que entrara naquele plano complicado.
Ouviu a outra despertar e decidiu que aquele era o momento para dormir e dormir muito, assim fugiria de um novo encontro.
Já passava de meio dia e a Valerie ajudava a servir as crianças.
Um refeitório fora feito para que não tivessem que se alimentar pelos chãos.
A cobertura era de palha de coco, troncos foram fincados em cada uma das pontas e ao centro para sustentar o peso. A mesa enorme e madeira escura e com bancos fora presente da dona Vallares.
Natasha servia a todos, enquanto o monge observava tudo com atenção, mas seus pensamentos foram interrompidos por um Helian entusiasmado que chegava com mantimentos trazidos dos vizinhos.
-- A senhorita Valentina retornou! -- Dizia com um enorme sorriso. -- Ela convida a todos para uma comemoração amanhã à tarde na fazenda dela.
A ruiva continuou a servir aos pequenos, mas viu a mão tremer ao ouvir o nome da morena.
Por que pensar que ela estava tão perto lhe atormentava tanto a alma? Seria tão bom se ela nunca mais tivesse retornado àquelas terras, assim poderia esquecer a sensação que tivera quando a sentiu tão perto.
-- O que acha do convite, irmã? -- O monge questionou a observando.
A freira terminou o que fazia e já encarava os dois homens.
-- Acho que não devemos aceitar, ainda mais porque já estamos a abusar bastante da boa vontade da senhorita Vallares.
-- Mas ela deixou claro que não aceita negativas. -- O pai de Felipe disse.
-- Então não se trata de um convite, mas de uma ordem! -- Falou sem esconder o aborrecimento.
-- Não entendi assim…-- Helian insistia. -- Ela está usando muletas, tem uma bota no pé devido ao machucado. Eu não sou ninguém para opinar, mas acho seria ingratidão da nossa parte não aceitar, ainda mais depois de tudo que estamos recebendo. -- Deixou as frutas no lugar onde colocava os mantimentos. -- Irei até o rio pescar com os outros. -- Despediu-se com um gesto de cabeça.
O monge se aproximou, tocando o braço da irmã.
-- Ela a incomoda tanto assim?
A ruiva cerrou os dentes. Sua expressão denotava uma confusão assustadora.
-- Filha, o que há nessa mulher que a deixa assim? -- Tocou-lhe a face, fazendo-a lhe encarar. -- Entendo que se aborreceu com toda a confusão que ela fez, porém depois tudo foi esclarecido, mesmo assim você se retrai quando ao menos falamos da fazenda.
-- Eu não sei… Apenas não gosto dela. sei que é um pecado e peço a Deus perdão por isso toda vez que a tenho em meus pensamentos, mas é algo mais forte que… Desagrada-me a presença dela, os olhos negros quando me encaram.
O religioso sabia que aquelas palavras seriam dolorosas para serem ouvidas por valentina e rezava todos os dias para que alguma lembrança iluminasse a cabeça da arquiteta e esse desagrado pela mulher que tanto amou acabasse.
-- Como Helian, acho que devemos aceitar o convite tão gentil e eu em particular gostaria bastante que você fosse, porém não te obrigarei a fazê-lo.
Um lençol branco fora forrado no gramado em frente a casa grande. A pequena piscina de plástico montada e Victor sorria, enquanto brincava com a água.
Valentina permanecia sentada, jogando-lhe água ou usando os brinquedos dele para diverti-lo. Era possível ouvir o riso do garoto e isso enchia seu coração de felicidade.
Agradecia a Deus por ele não ter estranhado a distância de Helena e esperava que a boa senhora não sofresse tanto com aquela ausência, mas o fizera por uma boa causa. Ansiava que o filho voltasse a ver a Valerie.
Levantou os olhos para além dos limites das suas terras e ficou a pensar se ela viria no dia seguinte também.
Enquanto Helian e uma moça pegava as frutas naquela manhã, fizera questionamentos sobre a bela desmemoriada e ficou sabendo que ela estava bem, porém sentia que ambos preferiram não falar sobre a ruiva, estava claro que a freirinha não era uma fã sua.
Ouviu o balbuciar do pequeno e isso lhe tirou das suas divagações. O garotinho já queria levantar, não demoraria para que ele andasse.
Trouxe-o para o colo, mesmo estando molhado, abraçou-o, enquanto a criança lhe apalpava a face com as pequenas mãos gorduchas.
Natasha andava sem rumo, mesmo sabendo que não demoraria para escurecer, seguia por aquela mata e não demorou para seus passos incertos a levarem até a cachoeira.
Encostou-se a árvore, enquanto observava as águas cristalinas cairem entre as pedras. Sempre acha aquele lugar digno de uma obra de artes. Um quadro seria perfeito para retratar aquela beleza.
De repente sons vieram a sua mente, como se fosse feita com os acordes perfeitas para combinar com a calmaria.
Deu alguns passos, chegando mais perto, estendeu a mão, sentindo o líquido lhe molhar os dedos.
Fechou os olhos tentando espantar seus pensamentos, mas uma voz conhecida lhe despertou.
-- Olá, irmã, uma surpresa vê-la aqui!
A ruiva virou-se e lá estava a bela morena sobre o garanhão da vez passada. Não sabia quem era mais poderoso naquele momento, o montador ou a montaria.
Notou a camiseta preta que a outra usava, o jeans esbranquecido. Um dos pés estavam descalços e o outro tinha a proteção devido ao machucado.
Valentina sentia as batidas do coração aceleradas ao contemplar a bela Valerie a lhe olhar com aquele ar de assustada mesclado a algo que ainda não decifrava.
Sabia que não deveria ter montado devido ao problema no pé, mas estava inquieta, enquanto o filho dormia com um anjinho, então decidiu dar uma volta pelas terras e fora parar ali por um acaso do destino.
-- Como vai? -- A morena voltou a questionar diante do silêncio da outra. -- Como passou o Natal?
-- Estou bem, senhorita! -- Disse por fim, já se afastando.
-- Espere! -- Pediu. -- Não precisa de pressa, sabe que pode vim até a fazenda quantas vezes quiser e se a cachoeira lhe agrada, use-a.
Natasha voltou a encará-la e mais uma vez aquela sensação de desconforto lhe atingia. Ouvia o som das águas e isso não parecia lhe acalmar naquele momento.
-- Agradeço sua gentileza, porém já está quase anoitecendo, então devo ir embora o mais rápido possível.
Valentina fez o cavalo se aproximar mais da religiosa.
-- Se desejar, pode pernoitar na minha fazenda, prometo que dessa vez não será no estábulo com os animais. -- Gracejou.
A neta de Isadora mirou as patas do cavalo se molhares nas águas rasas que dividiam as terras.
-- Realmente prefiro retornar à vila. -- Disse enquanto voltava a caminhar.
-- Irmã! -- A morena a chamou novamente.
Natasha estava de costas para ela, então virou a cabeça sobre o ombro.
-- O que deseja agora? -- Indagou em impaciência.
-- Bem, desejar, desejo muitas coisas, porém sei que seria um grande pecado, então não será isso que quero agora. -- esboçou um sorriso diante do olhar perplexo da arquiteta. -- Apenas quero lhe fazer uma pergunta.
A ruiva se virou totalmente para fitá-la, enquanto cruzava os braços sobre os seios.
-- Diga! -- Pediu aborrecida.
-- Foi a senhorita que estava me observando quando estive tomando banho despida na cachoeira?
A face da neta da duquesa ficaram ainda mais coradas diante do questionamento.
Não respondeu de imediato, apenas mordiscava a lateral do lábio inferior demoradamente até que conseguiu falar, mesmo tendo aquele olhar misterioso sobre si.
-- Sim, mas não a estava espionando, tinha vindo buscar umas ervas e a vi simplesmente.
-- Sim, porém não foi embora imediatamente, ficou olhando…
-- Claro que não! -- Desviou o olhar, mas logo a mirou novamente. -- Eu apenas fiquei surpresa em ver uma mulher tomar banho totalmente despida! -- Explicou em exasperação.
-- Freiras tomam banho com roupas? -- Provocou-a.
-- Acredito que isso não seja da sua conta!
-- Gostou do que viu? -- Indagou ignorando a resposta cheia de ignorância.
Os olhos verdes se abriram ainda mais.
-- Nego-me falar esse tipo de coisa com a senhorita!
-- Não vejo motivos para sua irritação, afinal, não acredito ser pecado apreciar a beleza.
-- O que sabe sobre pecado? -- Indagou com as mãos na cintura.
-- O mesmo que a irmã deve saber, apenas com a diferença de que não sou uma freira, diferente de ti…
-- Sabe, eu acho que já perdi muito tempo conversando contigo!
-- E vai para a minha festa amanhã? -- Indagou ignorando o mau-humor.
-- Sinceramente acho que não, não tenho nenhuma vontade de ir, ainda mais quando sei que você estará presente.
-- Por que não gosta de mim? -- Fez o cavalo se aproximar ainda mais. -- Afinal, eu já pedi desculpas por meus atos, não vejo motivos para ser tão desagradável aos seus olhos.
-- Não irei lhe responder nada! -- Girou nos calcanhares, afastando-se.
A morena a viu seguir mancando e desejou ir atrás dela, mas sabia que isso só a provocaria ainda mais.
Acariciou a crina do animal, enquanto ficava a pensar em como deveria agir com a ruiva, deveria pensar, afinal, ela conhecia bem a Valerie e mesmo desmemoriada, sabia que a personalidade não mudou, podia ver isso naqueles olhos tão verdes.
No dia seguinte os empregados da fazenda trabalhavam duro para que tudo saísse do gosto da patroinha.
Uma extensa mesa fora montada e coberta com toalhas brancas. A cozinheira com suas ajudantes trazia os mais deliciosos doces, sobremesas,salgadinhos, bolos, tortas e docinhos.
Um grande reservatório de suco já estava disponível para todos.
Algumas toalhas estavam sendo colocadas sobre a grama para que os convidados ficassem à vontade. Também fora trazido para as crianças um pula-pula, piscinas de bolinhas, escorregadores e balanços.
Valentina já estava lá, tendo Giovana ao seu lado com o pequeno ruivo nos braços. O garoto olhava tudo com curiosidade, parecendo ansiar por se aproximar de tudo.
-- Tudo está muito lindo, senhorita! -- A babá dizia.
A morena apenas assentia, pois estava muito ansiosa para falar.
Olhava tudo ao redor e não demorou para o monge aparecer com algumas pessoas.
Não conhecia a todos, mas via os rostos assustados e encantados com o que viam. As crianças estavam tão entusiasmadas, enquanto apontavam para os brinquedos.
O religioso se aproximou com um sorriso.
-- Agradeço pelo convite! -- O monge disse simpaticamente. -- E fico muito feliz em vê-la. -- Observou o garotinho. -- Esse é… o seu filho?
Valentina fez um gesto afirmativo com a cabeça, enquanto o mirava. Ele estivera lá pela manhã, mas a criança estava a dormir. Tinham conversado por algum tempo tendo como pauta a bela arquiteta e os problemas que ainda não tinham sido solucionados.
-- Posso pegá-lo nos braços? -- O religioso acariciou os cabelos ruivos da criança. -- Como pode ser tão parecido…
Giovana entregou Victor ao homem.
A Vallares ouvia os elogios para o herdeiro, mas seu olhar estava um pouco mais atrás, pois naquele momento Natasha se aproximava com seu hábito tendo o garoto Felipe segurando em sua mão.
Os olhares se encontraram, mas a morena estava disposta a agir de forma totalmente diferente, então apenas a cumprimentou com um sorriso e voltou a conversar com o monge.
A irmã Elizabeth quase não ia até a fazenda. Na verdade, não desejava voltar a encontrar a morena, ainda mais depois da conversa que tiveram na cachoeira, porém acabou se deixando convencer.
Veio mais atrás junto com Felipe e Helian, mas assim que chegou, seu olhar fora atraído para a dona daquelas terras.
Não tinha motivos para negar que a jovem estava realmente muito linda com o vestido florido que era justo na cintura e no busto, mas no quadril caia soltinho. Observou que ela estava usando chinelo de dedo em um pé e no outro a bota que lhe imobilizava os movimentos. Os cabelos negros estavam trançados, deixando-a ainda mais etérea.
Já se preparava para desviar o olhar quando ela o fez primeiro.
Suspirou!
-- Vamos falar com a senhorita Valentina! -- Felipe pedia embevecido.
Helian seguiu na frente e a ruiva o acompanhou mais atrás, parecia dificulta ao máximo a aproximação.
-- Tudo está muito bonito! -- Felipe se manifestou assim que chegou perto dela. -- E esse bebê? -- Indagou ao olhar para a criança que já chorava e se jogava nos braços da Vallares.
-- É meu filho, o Victor! -- Ela respondeu e logo seus olhos se encontraram com os da Natasha.
A ruiva observava a criança como se aquela fosse a primeira vez que via uma, porém o garotinho a reconheceu e logo suas bochechas rosadas se esticavam em sorrisos com seu único dente. Não demorou para ele se jogar no colo da freira que o segurou em meio a um olhar cheio de confusão.
-- Acho que ele gostou de ti! -- O garotinho dizia.
-- Ele parece com a senhora, irmã, tem a mesma cor! -- Helian dizia.
Mais uma vez o olhar das duas mulheres se cruzavam. Pareciam mais uma vez se analisarem.
A conversa continuava e Valentina tentava ao máximo não ser atraída pela freira. Pediu ao monge para que lhe apresentasse a todos os presentes, mas antes de ir seguiu até a Valerie que ainda tinha o pequeno nos braços.
-- Vou deixá-lo com a Giovana, acho que ele é tão abusado quanto eu diante de ruivas. -- Disse com um sorriso.
A desmemoriada a encarou, sentindo-a tão perto de si.
-- Deixe-a com a irmã Elizabeth! -- O monge incentivou. -- As crianças gostam bastante dela na vila.
-- Não quero incomodar...
-- Não há problemas, posso ficar com ele…
Voltaram a se fitar.
Natasha mirava o mar negro, os lábios entreabertos e a expressão que não conseguia decifrar.
A neta do conde ouvia a ladainha que o filho sempre lhe dizia sendo dirigida à arquiteta: “mamamamama”.
A ruiva lhe segurou a diminuta mão, enquanto mirava a face rosada.
-- Deus, ele é tão lindo…
Mais uma vez Valentina mordeu o lábio inferior para não falar nada. Sabia que a assustaria se voltasse a lhe falar sobre sua identidade.
-- Vamos? -- O monge a chamou.
A morena assentiu, enquanto Giovana lhe entregava as muletas.
-- Volto logo! -- Disse, enquanto beijava o filho na face.
Natasha sentiu o cheiro dela lhe invadir os sentidos, enquanto corava ao tê-la tão próximo de si. Sabia que as mãos que segurava a criança naquele momento roçara no decote do vestido da Vallares, mas permaneceu quieta até vê-la se afastar junto ao eremita.
Por que aquela mulher lhe desconsertava totalmente? Tinha a impressão que estava a mergulhar em águas selvagens, desconhecidas, afogando-se aos poucos sempre que a tinha por perto.
-- Vamos levá-lo para ver os brinquedos, irmã!
Os pensamentos conflitantes da ruiva foram interrompidos por um Felipe entusiasmado que lhe puxava a barra do hábito.
Assentiu, enquanto seguiam.
As crianças brincavam e não pareciam se cansar, já os adultos pareciam encantados com a dona da fazenda.
Valentina era muito simpática e bastante sorridente com todos, coisa que não passava despercebida para a Valerie que mesmo distante acompanhava cada ato seu.
Isadora seguiu direto para a sala da presidência nas empresas Valerie.
Um dos seguranças tentou detê-la, mas o escândalo provocado pela educada aristocrata era capaz de acordar o Hades inteiro.
Leonardo estava em sua sala quando ouviu tudo.
Levantando-se, seguiu até a secretária.
-- O que se passa aqui? -- Indagou ao mirar a duquesa.
-- Diga para esse miserável me soltar ou demitirei a todos!
Antonini a fitou demoradamente, mas não deu as ordens para que a soltassem.
-- Aqui não há nada para a senhora, então o melhor é sair e nos deixar em paz.
A avó de Nathália conseguiu se livrar dos braços que a detiam.
-- Se você acha que vai ficar com tudo que é da Natasha está muito enganado, pois eu mesma irei até o juiz agora mesmo e pedirei que seja feito um exame de DNA no pirralho, assim que ficar claro que apenas há o sangue dos Hanmintons nele, eu serei nomeada sua cuidadora e como ele é herdeiro de tudo isso, mandarei você para o olho da rua.
O arquiteto sabia que ela cumpriria aquela ameaça e isso era algo que o assustava bastante.
-- Falaremos sobre isso quando chegar o momento, não cederei as suas ameaças, então saia daqui ou meus seguranças te jogarão para fora.
Isadora lhe apontou o dedo em riste.
-- Você vai pagar caro, muito caro por tudo isso…
Leonardo a viu deixar o corredor pisando duro, sabendo que ela cumpriria o que dissera. Fitou a secretária.
-- Ligue para os advogados e peça para eles virem para cá imediatamente.
O sol já estava a se pôr, mesmo assim a festa na fazenda continuava.
As luzes já tinham sido acesas.
Algumas pessoas retornaram para a vila, mas muitas outras ainda estavam a comer e conversarem, enquanto as crianças aproveitavam dos brinquedos.
Valentina chamara Gumercindo e falara com ele diante do monge e ficou acordado que conseguiria empregos ali para algumas das pessoas que viviam na vila. Também iriam ajudá-los a cultivar as terras, assim eles poderiam sobreviver sem necessitarem de tanta caridade.
-- Assim que iniciar o novo ano daremos início aos trabalhos. -- A Vallares dizia entusiasmada. -- Tenho certeza de que tudo vai ficar pronto em breve.
O peão pediu licença e se afastou.
-- Fico muito grato por tudo o que está fazendo por todos nós, agradeço bastante, filha, Deus irá recompensá-la ainda mais. -- O monge dizia.
A morena sorriu, enquanto suspirava.
-- O desejo do meu coração é apenas que tudo se resolva, que a Natasha se recorde de mim e que possamos nos entender novamente. -- Disse com lágrimas nos olhos. -- Eu a amo tanto que estou me segurando para não falar nada com ela, para não voltar a lhe falar dos meus sentimentos, amo-a tanto…
O monge sabia que sim, então assentiu e ambos seguiram para a frente da fazenda.
Caminhavam em silêncio.
-- A irmã levou o Victor para dentro, ele dormiu nos braços dela. -- Giovana foi logo dizendo.
A Vallares pediu licença e seguiu para o interior da casa. Ia devagar devido às muletas que ainda precisava usar. Seus pensamento ainda estavam presos na ruiva, mesmo tendo praticamente ignorado-a durante a tarde, mesmo ansiando por se aproximar e ficar ao seu lado, ainda mais quando a via brincando com seu filho.
Abriu a porta dos aposentos e a Valerie estava inclinada sobre a criança, mas ao ouvir, virou-se para ela.
A energia elétrica já funcionava na fazenda e naquele momento ambas podiam se encarar sem nenhuma penumbra em suas faces.
-- Trouxe-o, estava a dormir e… -- Deu uma pausa. -- a babá disse que não haveria problema de trazê-lo até aqui.
A morena nada falou, apenas a mirava em suas vestes celestiais. Mirava os brilhantes olhos verdes e viu o peculiar escurecimento.
-- Não há problemas, apenas subi para ver se precisava de alguma coisa. -- Seguiu até a cama, mirando o garotinho que dormia em paz. -- Espero que ele não tenha dado trabalho, acabei me demorando muito na conversa com o Gumercindo e o monge.
-- Ele é muito bonzinho e não estranhou me momento algum…
Valentina voltou a fitá-la, aproximando-se até ficarem bem próximas.
-- Quero te pedir desculpas por ontem, não tinha motivos para falar aquelas coisas.
Mais uma vez as faces da ruiva ficaram ainda mais rosadas que de costume.
-- Deve entender que não estou acostumada a esse tipo de diálogo e como deixei claro, não a olhei com nenhuma outra intenção a não ser a curiosidade, afinal, não é qualquer pessoa que toma banho totalmente nua em um lugar que pode ser vista por qualquer um.
A neta do conde exibiu um sorriso de canto.
-- Nenhum dos meus funcionários tinham permissão de ir até lá… -- Chegou tão perto que conseguia ouvir a respiração baixa. -- Apenas você me viu e eu fico ainda a imaginar o que achou da cena.
A desmemoriada abriu a boca para falar, mas parecia ter se arrependido do intuito.
-- Tem medo de mim, irmã? -- Tocou-lhe a face. -- O que te assusta tanto?
-- Nada me assusta! -- Desvencilhou-se do toque.
-- Mentir é pecado!
Natasha voltou a abrir a boca para falar algo, mas a fechou novamente. Sabia que não deveria prolongar a conversa com a dona da fazenda, ainda mais porque ela a confundia com seu jogo de palavras.
-- Tem medo de mim porque sente algo em seu íntimo, eu sei, acredite, eu sinto nossa conexão.
A ruiva deu alguns passos para trás.
-- Continua louca, só isso que posso dizer da senhorita, nem sei se todas as minhas orações serão capazes de lhe devolver a sanidade.
A morena segurava nas muletas com mais força, mas o sorriso não lhe abandonava a face.
-- Talvez eu goste de ser louca… -- Voltou a se aproximar e dessa vez a encurralou na parede. -- Talvez a minha loucura seja tão deliciosa que não deseje uma cura…
A Valerie parecia fascinada pela boca que lhe falava tão perto, o hálito de menta, os dentes alvos. Não conseguiu se afastar quando sentiu o toque dos lábios nos seus.
Os olhos verdes se abriram em perplexidade e apenas sentia a maciez.
Espalmou as mãos contra os seios dela para afastá-la e teve a impressão que uma corrente elétrica passava por todo seu corpo.
Estremeceu.
Valentina a olhava e mesmo sabendo que deveria parar, não foi isso que fez, ainda mais quando passou a ponta da língua por toda extremidade da boca que permanecia fechada. Fazia-o sem nenhuma pressa, fazia-o mesmo sabendo que não deveria fazê-lo. Para sua surpresa, conseguiu abri-la e logo a carícia ganhava um maior ímpeto. Movia-se agora contra ela, sentindo-a. Não demorou para lhe capturar a língua, mas tomou-a devagar, tocando-a com cuidado como se temesse feri-la, depois se afastou.
-- Talvez agora você deva rezar a Deus para que eu não queime no inferno… Porque para a loucura não há salvação.
Natasha permaneceu no mesmo lugar, enquanto a Vallares deixava o quarto.
-- Meu Deus, o que se passa comigo? -- Questionou, enquanto voltava a segurar a cruz.
Olá autora!
ResponderExcluirNão tem jeito Natacha,mesmo desmemoriada você está encantada pela Valentina.
Adorei o beijo que a Valentina deu ruiva, isso vai mexer ainda mais com a falsa freira.
Pensei que quando ela visse o seu filho,ela lembraria de algo que passaram juntos,porém não aconteceu.
Beijão autora, um ótimo final de semana.
O corpo conhece né e não seria diferente agora, ainda mais com o amor tão intenso que une as duas mulheres, não seria normal se não respondesse...
ExcluirAos poucos o amor tomará todo o espaço e mesmo sem memória, a ruiva vai se entregar ao amor
Beijão grande e boa noite.
Olá! Arrasou no capítulo.
ResponderExcluir"A neta do conde ouvia a ladainha que o filho sempre lhe dizia sendo dirigida à arquiteta: “mamamamama”. Amei esse momento, emocionante! Tbm estou amando a maneira como a Valentina tem agido, com calma para não assustar a Natasha, porém tenho certeza que as fortalezas da freira começam a ruir, “—Talvez agora você deva rezar a Deus para que eu não queime no inferno… Porque para a loucura não há salvação.” Tadinha, imagino a confusão que se instalou em sua cabeça, depois do beijo a coitada já deve estar rezando mentalmente dez pais-nossos e quinze ave-marias rsrsrs espero que a Valentina não dê trégua, sugiro que circense use uma roupa bem provocante, coloca essa feira para pecar Geh Kkkkkkkkkkkkk.
Bjs no coração.
As rezas serão poucas nesses capítulos, pois ambas parece que retornam ao início da trama, mas tendo a ruiva numa posição de fragilidade, enquanto a Valentina ocupa o lugar de comando. Isso que se passa, pois mesmo tentando se controlar, a trapezista está em chamas e não é nem o fogo do inferno kkkkkkkkkkk
ExcluirVamos ver como ambas continuam a levar essa história, sem falar no filhote que agora está pertinho, um trunfo grande para ser colocado na aposta.
Beijão grande e boa noite.
Estou amando a Valentina ela está fantástica !!! Seu status de apenas a namoradinha da protagonista está visivelmente diferente ela é a outra protagonista e adoroooooo !
ResponderExcluirShow Gêh beijão
Ah, sim, hj mesmo conversamos sobre isso, né? A Valem, como tu chamas, se tornou o outro lado da minha moeda. A personagem teve um crescimento grande e mostrou que não é apenas aquela que seria o topo para a ruiva, mas ela escala junto com a ruiva, tendo assim seu espaço e seu próprio pódio.
Excluirum beijo grande.