Dolo ferox -- Capítulo 40

                      A aldeia estava tranquila quando Natasha chegou acompanhada do garotinho.
                A caminhada fora cansativa, mesmo assim era possível ver o entusiasmo pelo retorno presente no olhar dos chegantes. 
                Ainda era cedo, mas antes de deixar as terras dos Vallares um apetitoso desejum foi servido, tendo bolos pães, frutas, leites, cafés e sucos,entretanto a bela desmemoriada não aproveitou das iguarias, pois a todo momento esperava que a forçada anfitriã aparecesse para uma despedida que não aconteceu. Umas das empregadas deixara escapar que a intrigante morena ainda estava a dormir.
                 Felipe foi até o pai abraçando-o, enquanto a irmã se aproximava lentamente perdida em seus pensamentos dúbios.
                   -- Não tenho como agradecê-la, irmã, não saberia o que faria se não fosse a senhora. -- Dizia, enquanto aconchegava o pequeno. -- Já estava disposto a ir atrás de vocês, pois já imaginava algo de ruim ter ocorrido.
                     -- Não, papai! -- A criança dizia em afobação. -- A dona da fazendo, a dona Valentina, é uma mulher muito bonita e foi muito simpática, até nos deu frutas, comidas...
                   A ruiva apenas esboçou um sorriso, enquanto ouvia a narrativa caprichada e olhava tudo ao redor em busca de uma figura conhecida, porém apenas via o aglomerado de mulheres que já juntavam as roupas para lavar, enquanto os homens deveriam estar seguindo para o campo. Procurava inutilmente o monge e as outras freiras quando ouviu um grito de dor e os presentes correram até o local para ver.
                 A religiosa foi com mais cuidado até o local e seus olhos verdes se abriram em grande surpresa ao ver quem estava com a perna presa na armadilha.
                    Cerrou os dentes, mirando-a com um acusador olhar.
                   Os olhos negros a encararam demoradamente. Viu a expressão de reprovação e a surpresa que exibia em seu rosto bonito. Sempre era como se a visse pela primeira vez. Por alguns segundos esqueceu a for que estava a sentir.
                  A esquecida Valerie abriu espaço entre os presentes, tentando se aproximar, agachou diante dela.
                         Observou Helian desmontar a armadilha e agradeceu a Deus por aquela peça não estar funcionando corretamente, pois se assim o fosse, teria lhe partido a carne.
                       Mais uma vez os olhares se encontraram, enquanto os presentes continuavam curiosos diante da forasteira.
                       -- O que faz aqui? -- Questionou baixinho. -- Me seguiu! -- Constatou irritada. -- Qual o direito de invadir um lugar onde não foi convidada.
                     Valentina ainda abriu a boca para retrucar, porém não o fez, pois seu pé doía muito dentro da bota.
                         -- Precisamos levá-la, irmã, cuidá-la. -- O pai do garotinho falou.
                      Natasha se levantou, olhava tudo ao redor e ficava a pensar se alguém poderia carregá-la nos braços até a fazenda, mas seria quase impossível.
                       Soltou um longo suspiro, tentava manter a tranquilidade para não cometer o pecado da ira.
                        -- Leve-a para a choupana, irei até lá assim que falar com o monge.
                       O rapaz fez isso, enquanto a Vallares apenas ficava calada, tentando não sucumbir à dor, vendo sua amada sair pisando duro.


                       Natasha seguiu até o lugar onde o monge estava. Encontrou a madre de prontidão:
                      -- Onde estava, filha?
                     -- Precisei resolver um problema. -- Olhou para a cama que o religioso estava deitado. -- Ele está bem? -- O que se passa?
                      -- Agora sim, só um pouco fraco devido à falta de alimentação, mas logo vai ficar bem.
                  A Valerie olhou para fora e pensou se seria uma boa ideia contar da invasora naquele momento, mas imaginou encontrá-lo para poder lhe narrar o ocorrido, dizer-lhe a confusão que a senhorita Valentina Vallares tinha causado ao confundi-la.
                       Umedeceu os lábios sob o olhar confuso da religiosa.
                       Soltou um longo suspiro.
                       -- Preciso resolver algo, porém retorno depois.
                      A madre assentiu, enquanto a via se afastar.



                   Valentina observava o lugar todo em chão batido e tendo as paredes de barro. A cama era minúscula, mas os lençóis estavam limpos e tinha bom cheiro. Observou a pequena janela.
                  O homem a tinha deixado lá e saído, já se preparava para fazer algo quando viu a linda freira a entrar.
                 Mesmo com a dor, ainda sentia o coração aos pulos por ver os olhos verdes estreitados a lhe fitar.
               Natasha se ajoelhou e começou a lhe livrar da bota sem dizer uma única palavra. Não precisava ser um gênio para ver a irritação em seu olhar, ainda mais para a trapezista que a conhecia tão bem e conseguia decifrar suas emoções pela tonalidade dos olhos.
                    Deus, ela estava ali, estava viva e bem. Ainda tinha o peito envolvido por tanta felicidade que não se importava se a outra estava exasperada.
                    Viu-a tocar em seu pé e cerrou os dentes para não gemer de dor.
                  -- Não deveria ter vindo até aqui! -- A ruiva falou, encarando-a. -- Já disse que não vamos mais ir até as suas terras, não faremos mais isso, todos estão avisados. -- Fitou o pescoço esguio e os ombros bem feitos que estavam de fora devido à camiseta branca que usava.
                A circense a fitou, depois o olhar seguiu até o pé. Sorte que estava usando uma bota de couro rústico, pois apenas sofrera a pancada e a armadilha não lhe perfurou a carne, entretanto já se mostrava inchado.
                   -- Desejo apenas falar com o homem que te resgatou, com o monge. -- Tocou-lhe a face, enquanto mirava o hábito, desejando ver os cabelos flamejantes livres. -- Estou aqui para isso e não sairei antes de vê-lo. 
                 A religiosa pegou uma espécie de banha e iniciou massagens para tentar aliviar o incômodo que a outra sentia.
                        De repente sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha, assustando-a. 
                 -- Não creio que ainda acredita que sou essa pessoa que você diz ser algo sua! -- Dizia impaciente. -- Pensei que tinha entendido que nada tenho a ver com essa mulher.
                        Valentina cerrou os dentes em dor ao senti-la lhe tocar com grosseria.
                     -- Pensei que freiras fossem doces, gentis e que não houvesse ira em seus corações. -- Provocou-a com um sorriso que estava mais para careta. 
                        A Valerie se levantou impaciente, afastando-se, enquanto a encarava com o cenho franzido. 
                     -- Antes da senhorita aparecer tudo estava tranquilo, porém sua insistência em algo tão absurdo está me tirando a paz. -- Mais uma vez tocou a cruz que trazia no pescoço. -- Por Deus, entenda de uma vez por todas que não sou essa pessoa que tanto fala. 
                        Com muito esforço a morena se levantou e pulando à moda do Saci se aproximou.
                    -- Natasha, acredite, você é a Valerie e te levarei de volta para a nossa vida, para o nosso filho… -- Soltou um longo suspiro. -- Eu sei que está confusa, porém acredito que em algum lugar dessa sua cabecinha avariada estão as nossas lembranças… -- Estendeu a mão para tocá-la. -- A última vez que nos amamos… Os beijos trocados... Meu toque em seu corpo...
                     Os olhos verdes se abriram em total pavor, afastando-se, deixou a choupana, enquanto a trapezista se desequilibrava e colocava o pé machucado no chão, precisando morder a língua para não gritar em desconforto.
                       Praguejou baixinho, enquanto sua testa já trazia respingos de suor.


                      A Valerie seguia sem rumo até entrar na casa que usavam para se reunir em orações.
                     Observou durante alguns segundos a cruz que fora fincada naquele chão batido. Mirou os bancos que foram improvisados.
                      Nada mais havia fora isso.
                     A tranquilidade ali era tão grande que parecia ouvir o eco dos próprios pensamentos.
                      Sentou-se, enquanto mantinha os olhos fechados.
                   Sabia que não deveria ter saído sem terminar os cuidados necessários na dona da fazenda. Imaginava o desconforto que ela deveria estar a sentir naquele momento, mesmo assim não tivera forças para manter-se, para olhá-la e ouvir toda aquela história.
                  Desde que fora levada até ali em nenhum momento questionara a história que fora contada pelo monge, porém seu sono sempre fora atacada por sonhos confusos, imagens que a assustavam. Sim, havia um bebê de cabelos tão vermelhos quanto os seus, havia olhos negros e outros tão idênticos aos seus, entretanto nenhuma lembrança tinha sobre isso. 
                      Não, não e não!
                    Aquela jovem de beleza tão exuberante deveria estar louca. Com certeza a dor por perder a mulher que amava era tanta que acabara confundindo os pensamentos. Sim, era isso.
                   Simplesmente deveria ignorá-la e fazê-la ir embora o mais rápido possível e implorar que procurasse um médico que lhe examinasse a cabeça, talvez assim pudesse parar de falar coisas sem sentidos. 
                   Mais calma, levantou-se, enquanto se ajoelhava diante da cruz e começava a rezar. Pedindo mais uma vez a Deus que lhe ajudasse a superar aquele problema e mais pedindo para que a linda Valentina pudesse se conformar diante da triste perda e seguisse sua vida.
Passaram-se longos minutos naquela mesma posição, apenas a tentar uma conexão com os céus e buscando alívio para a alma.



                     Isadora tinha chegado à mansão Vallares ao cair da tarde, como a filha, agia como se fosse a dona de tudo.
                 -- Onde está conde? -- Indagou, enquanto entregava a bolsa de couro marrom para a serviçal. -- Tome cuidado, infeliz, esse item é de coleção. -- Repreendeu a empregada.
                        -- Encontra-se no escritório, senhora! -- A moça respondeu temerosa.
                    A duquesa a dispensou com a mão e ficou a passar seus olhos por cada peça da pomposa decoração do ambiente.
                   Estava cansada de esperar pela morte do velho, nem mesmo o desgosto pela prisão do filho parecia suficiente para matá-lo.
                   Torceu a boca em irritação, enquanto seguia até o escritório. Nem mesmo bateu e logo adentrava o espaço, encarando-o.
                   O aristocrata estava sentado em sua cadeira, tinha acabado de encerrar uma ligação com o detetive que fora contratado pela neta.
                     -- Ora, ora, duquesa, onde está sua aristocrata educação? -- Questionou sorridente.
                     A mulher ignorou o sarcasmo.
                  -- Exijo que traga a Valentina de volta e marque imediatamente a festa de noivado, quero que todos saibam do compromisso entre a Nathália e a trapezista, aproveitaremos o Natal para isso.
                     Nicolay percebia um nervosismo nos gesto da Hanminton.
                   -- A minha neta retornará para o Natal, mas não acredito que seja um momento adequado para termos essa comemoração, afinal, o Nícolas está preso e sua neta, Natasha, morreu há pouco tempo. -- Pegou uma caneta dourada, enquanto girava nos dedos. -- Não sentiu nada com a sua perda?
                  Isadora levou as mãos aos cabelos, arrumando o penteado.
                 -- Não guardarei luto a vida toda, nem a Nath. -- Sentou-se. -- O senhor deveria estar feliz por essa união, afinal, querendo ou não, estamos a falar da filha de uma prostituta se unindo a uma jovem de família renomada.
                   Mais uma vez o conde apenas fez um gesto afirmativo com a cabeça.
                 -- Dessa vez não será como quando a Natasha casou com a Verônica, não haverá falatórios, óbvio, se escondermos a origem materna da circense.
               O conde ouvia e sabia que aquele não era o momento para explodir, sabia que deveria esperar e isso que faria, pois em breve fariam com que todos pagassem por seus crimes.
                 -- Outra coisa,  quero que o filho da Valerie seja criado por mim, eu mesma educarei. Não acho que outra pessoa seja adequada para essa tarefa tão árdua…
                O Vallares ouvia o disparate de absurdos e ficava a pensar como nunca desconfiara daquela mulher e sua gentil neta. Talvez porque estivesse cego e surdo diante das evidências, centrando sua indignação apenas na Valerie. 
                 Ouvia e em sua mente estava a tramar o momento que desmascararia as duas aristocratas, porém antes se certificaria que não haveria riscos para Valentina e para o neto.



                Rick estava no apartamento que conseguira alugar usando a identidade falsa que conseguira.
                   Seguiu até o quarto, agachou e de sob a cama, retirou o pequeno baú que guardava como a um tesouro. Tirou o cadeado, pegou os papéis.
                   Seguiu até a mesa redonda, examinava tudo com cuidado.
               Ainda não era o momento de fazer a denúncia, mas não demoraria para que isso acontecesse. Não demoraria para que conseguisse fazer aquelas mulheres pagarem por tudo o que fizeram a Valerie.
                    Observou as fotos que conseguira.
               Nathália e Verônica tinham uma relação amorosa. A filha do conde era apaixonada pela envenenada Hanminton, mas quem a matou? A avó ou a neta?
              Pelas imagens das câmeras que conseguira, ambas estiveram naquele dia no hotel onde estava havendo a comemoração, porém negaram, usaram um consistente álibi e enganaram a justiça, porém pelas provas que conseguira, elas estiveram lá e em horários distintos. Teria ido Isadora apagar as evidências deixadas por Nathália? Ou teria Nathália ido apagar as evidências deixadas pela avó?
                   Bateu o punho fechado contra a madeira.
                  Sabia que havia outra fita e nela todo o episódio estaria exposto, mas essa estava em poder dos Brancamontes e se conseguisse provas contra eles, faria-o ceder.
                  Seguiu até a cama e pegou o computador portátil, abrindo-o, começou a checar os e-mails.
                    Leonardo não desistira de buscá-lo.
              Precisava se apressar, necessitava disso para trazer a arquiteta de volta para os que a amavam.
                   Levantou-se!
                    Precisava ir até a Rebeka, mas não sabia se poderia confiar na loira.
                Seguiu até a janela, puxando a cortina, observou a noite começar a cair naquele bairro da periferia.
                   Sabia que Nathália tinha ido até ela, mas para quê?
                   Estaria armando algo, disso não havia dúvidas.
              O tempo estava passando muito rápido e pelo que percebia Natasha ainda não recupera a memória, pois se o tivesse feito, ela já estaria ali a esbravejar e a enfrentar a todos, mesmo que não quisesse admitir, aquela fora a coisa certa a fazer, mesmo sabendo que seria o alvo dela quando tudo se resolvesse. Sabia que teria que lidar com sua raiva… e a Valentina? Qual o propósito daquela relação que mantinha com a Nathália? Não, não poderia acreditar que realmente tinha se deixado iludir pela Hanminton. Sempre se mostrara uma jovem inteligente e não chegara a duvidar do sentimento que sentia pela Valerie, estaria querendo defender o pequeno Victor da duquesa e da sua neta?
                  Sabia que Isadora tinha uma poderosa carta nas mangas. Ela sabia que a criança não tinha o sangue dos Vallares, viu-a no laboratório e conseguira as provas, mas ainda não tinha usado, nem mesmo falado para a trapezista. Se não conseguisse prendê-la, sabia que ela teria grandes chances de ficar com o bisneto e se isso acontecesse, a ruiva jamais lhe perdoaria. Talvez tenha chegado o momento de falar com Antonini, talvez tenha chegado a hora de falar com a neta do conde para deixá-la ciente do que estava a acontecer, porém ainda temia que ambos não aceitassem que Natasha permanecesse escondida, estava temeroso com a reação dos dois e isso poderia atrapalhar seus planos.
                      Deitou-se na cama, mantendo o olhar preso ao teto.
                    Faltavam peças daquele quebra-cabeça e qualquer falha poderia levar ao fracasso tudo o que conseguiu.
                   Naquela madrugada teria um encontro com mais um informante e quem sabe esse não pudesse lhe trazer uma luz maior diante daquela história, quem sabe não lhe desse fatos novos e assim a denúncia pudesse ser feita imediatamente, mesmo diante de todo esse entusiasmo, precisava ter cuidado, poderia ser pego em uma armadilha, poderia ser facilmente enganado se não mantivesse os olhos bem abertos.
                      Suspirou em cansaço!
                 Desde que retornara para a cidade, não tivera uma única noite de sono por completo, estava sempre a temer que algo saísse errado ou que lhe descobrisse vivo, mas devia a Natasha todo aquele sacrifício, pois só assim poderia lhe pagar pelo risco que a fez passar naquela perseguição.




                Valentina viu o garoto se aproximar com uma tigela feita de quenga de coco, sentiu um aroma gostoso.
                     Sorriu, mesmo ainda sentindo dor.
                     -- Trouxe para a senhorita.
                     A morena assentiu, enquanto aceitava e olhava o caldo com atenção.
                     -- É gostoso, pode provar. -- A criança a incentivou. -- Vai até lembrar das comidas da sua fazenda.
                    -- Ah é? -- Indagou com um arquear de sobrancelha.
                    -- Um pouquinho assim... -- Fez um gesto com o polegar e o indicador. -- Mas meu pai disse que vai ajudar para que seu pé fique bom logo.
                    A Vallares olhou desolada para o membro inchado.
                     -- Diga-me, você sabe onde está o monge, desejo lhe falar...
                    Antes que a circense pudesse terminar as sentença, a criança saiu em disparada.
                    Pelo que via, teria que ir pessoalmente em busca desse religioso, pois ninguém ali estava disposto a ajudá-la, tornando a situação ainda mais difícil fora machucar o pé.
                  Observou o caldo verde, levou à boca, bebendo e realmente era algo gostoso, mas não conseguia identificar do que se tratava.
                      Ouviu passos e lá estava a irmã que passara todo o dia evitando-a. Fitou-a e lá estava o olhar de acusação.
                  -- Pela manhã pedirei que Helian vá até a fazenda e avise o que se passa, mas não deixarei que eles venham até aqui, te levaremos até o outro lado para que te resgatem.
             -- Eu não sairei daqui, enquanto não falar com o seu monge e se me colocar para fora, retorno, afinal, já sei o caminho.
                   A ruiva cruzou os braços.
                   -- O monge não está bem de saúde, então não será possível que lhe receba.
                   -- Eu esperarei o tempo necessário... Um dia há de melhorar!
                   Natasha suspirou.
                   -- Entenda de uma vez. Eu sou a irmã Elizabeth da ordem das Carmelitas.
                   Valentina relanceou os olhos.
              -- Elizabeth é o nome da sua mãe, então acredite, você poderia ser qualquer coisa no universo, menos uma freira. -- Falou em irritação. -- Isso é uma mentira, te enganaram, ainda não por qual motivo, mas foi isso que fizeram e assim que encontrar o seu padre ou sei lá o quê, vou te provar a verdade.
                    -- Já estou aqui!
                    A voz do religioso foi ouvida.
                 Natasha prendeu a respiração ao vê-lo, pois realmente não desejava aquele encontro entre os dois.
                 A circense se apoiou nos braços, levantando-se, tomando cuidado para não colocar o pé machucado no chão. Estava disposta a esclarecer aquela situação e provar que o que estava a dizer era a verdade.
                   -- Ela veio me seguindo… -- A irmã explicava. -- Mas já vai embora!
                -- Helian já  me explicou o que se passou. -- Aproximou-se apoiado na bengala feita de cabo de vassoura. -- Deixe-nos a sós, irmã, preciso falar com a senhorita.
                A Vallares ainda pensou em protestar, mas apenas esperou que a ruiva deixasse a choupana.
                 Era possível ouvir os sons dos animais noturnos e um vento frio penetrava pela porta e janela.
               -- Ela não é freira e o senhor sabe disso, ela é Natasha Valerie de Hanminton. -- Valentina foi logo dizendo quando ficaram sozinhos.
                    O monge apontou a cama para ela sentar, enquanto se acomodava em um banco.
                    Como o mundo era pequeno.
                    Ainda recordava quando Rick falara sobre a vida da arquiteta e falara daquela jovem e agora a tinha ali, intrépida e pronta para esclarecer aquela confusão que fora criada propositalmente. 
               -- O universo sempre conspirará para que tudo volte ao seu lugar. -- falou mirando a morena. -- Sim, você está certa.
                -- E por que a manteve aqui? Sabe o quanto as pessoas que a amam estão sofrendo pensando que esteja morta? -- Indagou em exasperação. -- Irei denunciá-lo e todos os envolvidos nisso.
                      O religioso assentiu, não parecia se exaltar diante da explosão.
                  -- Pelo que vejo estou diante de Valentina Vallares, neta do conde Nicolay… A mulher que se apaixonara por alguém totalmente proibido para si…
                      Os olhos negros se abriram em espanto.
                       -- Como sabe disso?
                      -- Filha, nunca tive a intenção de fazê-los sofrer, quis apenas proteger a Valerie, essa foi a única intenção quando a trouxe para cá.
                       A trapezista o mirou em desconfiança.
                 -- Se não sabe, foi um verdadeiro milagre que a Natasha saísse viva do acidente… Encontrei-a desacordada e temi o pior… Rick…
                      -- Então ele também sabe? Também está vivo? -- Questionou em total indignação.
                  -- Sim, ele a deixou aqui e voltou para a cidade para conseguir provar os culpados por tudo o que aconteceu, só assim, a arquiteta poderá retornar em segurança para a casa… Por favor, escute-me…
                   Mesmo desejando esbravejar, a circense respirou fundo enquanto ouvia toda a história desde quando tudo se passara.
                       A perseguição, os tiros e os capangas mortos.
                 Mesmo odiando aquelas pessoas por terem lhe feito passar por tanta dor durante seis meses, por terem feito quase enlouquecer todas as noites quando deitava para dormir e seus pensamentos seguiam até a ruiva, percebia que aquela fora a única forma para salvá-la.
                 Depois de ouvir toda a narrativa, levantou-se com dificuldade e seguiu até a pequena janela.
                   Observou a escuridão da noite já começar imperar, viu uma fila de pessoas se juntarem ao redor de uma grande fogueira e não demorou para  encontrar em meio a todos a amada.
                   Mais uma vez lágrimas lhe banhavam a face ao recordar de como sofrera ao imaginar tê-la perdido para sempre. As batidas do coração pulsava tão forte que a única coisa que desejava naquele momento era poder abraçá-la forte, estreitá-la e senti-la viva.
                     Ouviu passos e ao se virar viu o monge acender uma lamparina.
                 -- Essa é toda a história, você pode levá-la de volta, porém deverá se responsabilizar pelo que possa acontecer.
                  Valentina cerrou os dentes, enquanto ponderava.
                   Mordiscou demoradamente a lateral do lábio inferior.
                    -- Ela está sem memória, precisa ir a um especialista…
                    -- Ele apenas falará que só com o tempo tudo voltará ao normal.
              -- Ela não lembra de mim… -- Dizia em indignação. -- Não lembra do que vivemos, não lembra do nosso filho…
                  O religioso foi até ela.
                  -- Tenha paciência e fé que logo tudo vai se resolver…
                  A morena passou a mão pelos cabelos longos, retornando à cama.
                  O que faria agora?
                  Como agiria a partir daquele momento?
            -- Deixarei que pense, que veja o que realmente deve ser feito nesse momento. Não irei pressioná-la, tampouco a condenarei se decidir que deve levar a Natasha de volta, apenas aceitarei a sua decisão e pedirei a Deus para que seja a correta a se tomar.
                   Valentina nada respondeu, apenas observava o homem já idoso deixando o local.
                Não havia dúvidas que Isadora e Nathália não descansariam enquanto não se livrasse da ruiva e se elas soubessem que ela estava viva, usariam todos os artifícios para acabar com sua vida.
                    Cobriu o rosto com as mãos sentindo o desespero tomar conta de si. 
                     Suportaria levar aquela mentira?
                     Sim, era uma egoísta por estar pensando apenas em si naquele momento, por apenas querer para si e fazê-la relembrar de tudo o que tiveram.
                    Amava-a tanto que chegava a lhe ferir a alma.
                  Ouviu passos a mais uma vez lá estava a esquecida mulher a lhe encarar. Trazia um pequeno pote com alguns tecidos.
                    Encarou-a demoradamente, desejando por um fim a tudo aquilo, mas sabendo que não era o certo a fazer. 
                    -- O monge pediu que fizesse compressa em seu pé. -- Disse, enquanto arrastava o banco para perto, sentando-se. -- Disse que devo cuidá-lo, pois está com muita dor.
                 A Vallares a encarou, mirando os lábios rosados e tentando se segurar para não ir até ela, beijá-la, mas via o temor nos olhos verdes, então apenas soltou um longo suspiro, deitando na improvisada cama.
                  As chamas da lamparina projetavam imagens nas paredes de barros. A Valerie notou que a face bonito da morena tinha lágrimas e mesmo estando chateada por ela ter ido até ali, condoeu-se pela bela jovem.
                 Seguiu até o delicado pé e começou a massageá-lo, sentindo a maciez e a delicadeza da carne.
                    Passou-se alguns segundos até que a tarefa foi encerrada.
               -- Deseja alguma coisa? -- A freira indagou com os braços cruzados sobre os seios. -- Deseja usar o banheiro?
                -- O rapaz que me trouxe até aqui me levou, não necessito agora. -- Disse sem fitar os fascinantes olhos.
                     -- Está doendo?
                A neta de Nicolay fitou-a e viu como a penumbra não maculava em nada aquela beleza. Ficou a lembrar de quando a viu pela primeira vez e de quando se entregou a ela, mesmo sabendo que não estava a lidar com Nathália, mesmo ciente disso, ansiou por senti-la por completo, ansiou por saber como era ser tomada pela rebelde e arrogante Valerie.
                   -- Um pouco só, mas acho que amanhã conseguirei ir embora… Não desejo que a vila de vocês sejam conhecida se assim é o desejo de todos, eu mesma não deveria ter vindo até aqui, agi errado. -- Engoliu em seco. 
                  A religiosa estava curiosa sobre a conversa que ocorrera entre a bela fazendeira e o monge, mas o homem a passar por si nada disse, apenas pediu para que fosse até ali e cuidasse do pé machucado.
                       Soltou um longo suspiro.
                       -- Então realmente aceitou que não sou essa mulher que você perdeu?
                      Valentina comprimiu os lábios enquanto pensava que aquilo era o melhor a ser feito, que não poderia ser tão egoísta a ponto de só porque desejava a Valerie ao seu lado não entender quão perigoso seria se a levasse consigo.
                    Será que um dia ela recordaria de tudo? Será que poderia lembrar de tudo o que viveram?
                      -- Não, irmã, infelizmente eu estive enganada… -- Disse baixinho. -- Apenas como falei, sua aparência é tão idêntica à Natasha que não raciocinei direito… -- Estendeu a mão e mesmo hesitante a ruiva tocou a dela. -- Me perdoe por ter causado essa confusão tão grande, porém não tem ideia de como vivo infeliz depois de tudo o que aconteceu, como me sinto perdida…
                     A falsa freira viu uma lágrima descer solitariamente, enquanto ouvia a narrativa dolorosa sendo feita pela voz baixa e rouca.
                    -- Eu sinto muito pelo que houve e o que mais desejo é que possa conseguir seguir, mesmo diante de tanta dor.
                          A morena esboçou um sorriso.
                         -- Obrigada, irmã…
                        -- Agora terei que ajudar os outros na organização do jantar, mas depois retornarei para ver como está.
                        A Vallares assentiu, vendo-a deixar o humilde lugar.
                         Fechou os olhos tentando não permitir que os temores invadissem seus pensamentos e chorou...



                     Na manhã seguinte Valentina despertou cedo, mesmo não tendo conseguido dormir, o sol nem mesmo tinha surgido quando foi possível vê-la de pé.
                       Ouviu passos e lá estava o monge.
                    O religioso lhe dirigiu um sorriso encorajador e também era possível perceber como ele parecia orgulhoso pela forma que a jovem tinha lidado com a situação.
                     -- Não foi fácil… -- Ela já foi logo dizendo. -- Ainda estou a pensar se deveria tê-lo feito ou simplesmente jogado tudo por alto, levando ela comigo para a cidade.
                      -- Eu tenho certeza de que sim…
                     -- Porém estou disposta a fazer dessa forma, estou disposta a proteger a Natasha de tudo e de todos…
                     O monge lhe tomou as mãos.
                  -- Acredite, filha, Deus sabe tudo o que se passa e não vai permitir que essa situação se estenda de forma tão cruel… Ele te trouxe aqui porque viu o seu sofrimento, viu a sua dor.
                       A circense assentiu.
                      -- Quero lhe pedir uma coisa.
                       -- O que desejar.
                    -- Deixe que a Natasha vá até a fazenda para que busque mantimentos e frutas… Desejo pelo menos vê-la, assim meu coração vai estar tranquilo.
                        -- Farei como desejar…
                        -- Amanhã retorno à capital para o Natal, mas não demorarei a retornar.
                        -- Está bem!




                    Valentina retornou à cidade naquele mesmo dia. Seu pé sofrera uma piora e fora direto até um hospital.
                    Nicolay se aproximou ao ver a neta com a incômoda bota e usando muletas. Fora até lá assim que ficara sabendo do ocorrido.
                      -- Como se sente?
                      A morena o abraçou.
                      -- Acho que bem.
                      -- Pelo menos não será obrigada a dançar com a Nathália.
                      Ambos riram, enquanto seguiam até o carro.
                      O motorista deu partida assim que os dois se acomodaram no banco traseiro.
                      -- Como isso aconteceu?
                      -- Pisei em falso, vovô, fui estabanada e não prestei atenção.
                 -- Estou me sentindo culpado por ter te mandado para aquele lugar sem civilização, imagina se algo pior tivesse acontecido.
                        A morena riu.
                       Ele nem tinha ideia de como fora maravilhosa aquela viagem.
                       -- Quero ir para a cobertura, tô morrendo de saudades do meu filho.
                       -- Estive com ele sempre, está ainda mais fofinho e lindo.
                    A conversa continuou. Valentina narrando sobre a fazenda e logo o patriarca dos Vallares falou sobre a nova prisão do filho. A morena permaneceu calada, apenas ouvia, ponderando se fora realmente ele responsável por aquele atentado. Agora que sabia que Natasha estava viva, parecia mais interessada em investigar aquele fato, mesmo tendo bastante raiva pela atitude que o pai tivera consigo, prendendo-a em um quarto.



                        Helena estava na enorme área da piscina.
                      Naquele dia o filho da Valerie pareceu tristinho, pois estava irritado com o dentinho que já lhe rasgava a gengiva. Mal conseguira dormir e passara a manhã toda chorando.
                 Naquele momento, a criança estava dentro da sua piscina redonda de plástico e batia na água espirrando-a para todo lado.
                 A senhora Antonini observava tudo com felicidade quando viu os visitantes. Victor também viu e ficou tão agitado para se jogar nos braços da circense que a mulher teve que tomá-lo até que Valentina se aproximasse.
                       -- O que houve, filha? -- A mais velha indagou assustada. -- Machucou-se como?
                      -- Foi um pequeno acidente...
                       O conde trocou olhares com a mulher do arquiteto, enquanto auxiliava a neta se acomodar para que o filho fosse colocado nos braços.
                         A morena segurou o bebê, abraçando-o e adorando vê-lo tão alegre ao vê-la.
                       -- Está muito lindo, vejo que vovó está cuidando muito bem desse molequinho.
                       -- Que felicidade em vê-la! -- A esposa do arquiteto falou. -- Pensei que não viria para o Natal.
                  A Vallares narrava todo o ocorrido, omitindo a parte que se referia a Natasha, depois foi com o filho até o pequeno lago, brincando e gargalhando com os brinquedos. Olhava para ele e não conseguia não pensar em sua mãe, não conseguia não sentir uma vontade enorme de ir até ela, trazê-la para ficar ao seu lado.




                      O encontro entre Nathália e a namorada só acontecera no jantar natalino. Valentina inventara mil desculpas para se livrar da neta de Isadora, mas naquele momento ao descer as escadas da mansão, viu o olhar da namorada e da duquesa a lhe inspecionar.
                           Observava a pompa que ambas estavam vestidas, mesmo que o Vallares tivessem se negado a fazer uma recepção pomposa. 
                           -- O que houve, amor? -- A gêmea de Natasha indagou quando ela chegou ao térreo. 
                           -- Machuquei-me, mas está tudo bem.
                           -- Poderia ter se vestido melhor e não com calça de moletom e camiseta, afinal, hoje é uma ocasião especial. -- A duquesa disse ao fitar a circense com reprovação.
                          -- É apenas um jantar, minha senhora! -- Valentina respondeu seguindo até o lugar que fora reservado para a ceia.
                            Nicolay, Leonardo, Helena e o pequeno Victor já estavam sentados na mesa farta.
                           A Hanminton jovem olhou a todos com desdém, ainda mais quando viu a morena sentar e pegar a criança nos braços.
                            Poderia ter morrido junto com a mãe! -- Pensou em maldade.
                            O grande jardim estava bem iluminado.
                          Uma mesa retangular fora arrumada para os presente. Havia inúmeras frutas, bebidas, carnes, peixes, tortas, sobremesas e um pomposo peru regado ao vinho dos antigos conquistadores.
                         Os garçons circulavam para atender a todos.
                          Isadora ocupou uma das pontas e a neta ficou junto a ela.
                          -- Acho um desperdício perder uma noite dessas com pessoas que não fazem parte da nossa classe.
                        Leonardo e Helena conversavam com o conde e ignoraram a provocação, mas a duquesa não estava disposta a ser tratada com descaso.
                          -- Uma pena que a querida Natasha numa hora dessas esteja a queimar no fogo do inferno...
                              A trapezista segurou a mão do filho, enquanto mirava a venenosa mulher.
                      -- Imagino que isso lhe traga muita felicidade... -- Antonini respondeu. -- Seu advogado não descansou um segundo desde o acidente buscando uma forma para você receber a herança.
                           -- E acha que deixarei para vocês?
                           Helena enviou um olhar para o marido e logo o arquiteto voltava sua atenção ao conde.
                         Nathália se aproximou da namorada.
                         -- Pensei que hoje seria anunciado nosso noivado para todos. 
                        Victor brincava com uma mecha dos cabelos soltos da mãe.
                        -- Não quero estar aleijada nesse momento, afinal, você sempre fala em baile, acredito que prefere que eu esteja recuperada. -- Falou, enquanto a encarava.
                        -- Sim, porém já estamos a demorar bastante, disse que faria, mas parece que vive a fugir, nem mesmo quis me ver, faz uma semana que retornou e nunca estava disposta a me encontrar.
                        -- Quis ficar com meu filho também, afinal, passei dias longe, não posso deixar que apenas Helena cuide dele.
                          -- Então consiga uma babá, posso até te ajudar a conseguir uma... -- Falou irritada, enquanto bebia um pouco de champanhe. -- Espero que aceite o meu convite para jantar e espero que vá sozinha.
                          A trapezista sabia que ela não queria a criança por perto, mas nada falaria naquele momento, logo chegaria a hora de fazê-la pagar caro por tudo aquilo.
                          -- Amanhã retornarei para a fazenda do vovô, tenho coisas a resolver e não há ninguém que o faça.
                         Os olhos verdes se abriram em total espanto.
                         -- Como vai retornar para aquele fim de mundo com esse pé machucado?
                         -- Só tenho que resolver algo e retorno.
                        -- Irei contigo então!
                         -- Não, deve ficar e cuidar dos negócios em minha ausência.
                         A Hanminton não protestou, afinal, aquela ideia de dirigir os negócios dos Vallares era bastante lucrativo.
                       A comemoração continuava diante dos comentários cheio de sarcasmos da duquesa, enquanto a bela neta buscava uma forma para estreitar os laços com a namorada.




                     A fogueira estava acesa e a voz do monge podia ser ouvida. Ele presidia uma celebração em comemoração ao Natal e pela primeira vez em todos aqueles anos, havia comida suficiente para todos.
                     A Vallares fora generosa em doar carnes, frutas e cereais.
                    Uma improvisada mesa fora montada e todos pareciam felizes com a comemoração.
                     A irmã Elizabeth via as crianças brincarem e logo Felipe corria até ela.
                  -- A senhorita Valentina foi um anjo para gente, já viu o tanto de comida que nos mandou?
                A ruiva assentiu, enquanto seus pensamentos traziam aqueles olhos tão negros e misteriosos.
                 Não retornara à fazenda, mas ficara sabendo por Helian que ela não estava lá e que pelo que os empregados comentavam, talvez não retornasse mais, pois era uma mulher bastante ocupada.
                   -- Não vai comer, irmã? -- A voz da criança a tirou das suas ponderações.
                   -- Irei depois, prometo!
                   O garoto assentiu, enquanto retornava para a brincadeira com os outros.
                   Viu o monge se aproximar e se encostou a construção de barro.
                    -- Tudo bem, filha? -- O velho questionou. -- Nem parece entusiasmada com nossa ceia.
                    -- Apenas estou um pouco cansada e com dores na cabeça. -- Disse com meio sorriso. -- Mas estou bastante contente, afinal, é a primeira vez que há tanta comida.
                  O religioso a observava e mesmo com a sombra da noite, via-lhe os olhos.
                     -- Devemos agradecer a Valentina. Desde que ela esteve aqui vem nos ajudando muito.
                    Mais uma vez Natasha se sentiu incomodada ao ouvir o nome da jovem.
                    -- O senhor não me disse o que conversaram naquele dia...
                    -- Apenas reafirmei o que você já sabe...
                    A Valerie mordiscou o lábio inferior demoradamente, enquanto ponderava.
                    -- Sim, mas eu já tinha falado a mesma coisa e ela não tinha acreditado, por isso achei estranho...
                     -- Ela perdeu alguém que amava muito e você parece com a pessoa... -- Acomodou-se ao lado dela, mirava o céu. -- Sentiu alguma coisa?
                     A face da ruiva corou e agradeceu por estarem na penumbra, assim ele não a via.
                     -- Eu não sei e realmente não me interessa falar sobre isso!
                     O monge a viu se afastar e ficou a pensar o que se passava na cabeça da arquiteta. Viu as mudanças que se passaram  e percebia que agora havia uma tristeza maior em seu olhar, sim, decerto em seu coração sabia que havia uma verdade escondida nos recantos da sua memória que fora perdida.
        



Comentários

  1. Ai Geh, vc nos mata do coração, pela dor que a Valentina sentiu, pensei: Putz! Uma cobra kkkkkkkkKK. Santa armadilha, tu não dar ponto sem nó hein? Livrou a circense do noivado, boa!
    Que Natal frustrante sem a Natasha, tudo bem eu entendo, desmemoriada e correndo risco de morte, sem chances no momento, mas promete que irá descrever o Natal dos sonhos entre elas e o filho quando tudo se resolver? Pleaseeeee!
    Valentina amiga vem cá rsrs está na hora de usar as armas da sedução, faça a Valéria se apaixonar por vc novamente, quero ver não lembrar, bora arriscar mulher, vai pra cima kkkkkkkk.
    Bjss Geh.

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    1. kkkkkkkkkkkkkk imagina uma cobra e freirinha ter que chupar o veneno kkkkkkk como assisto muito àqueles programas de ciências, temi a irmã morrer envenenada, então optei pela armadilha quebrada, assim daria menos prejuízo rsrsrs sei que o natal foi frustrante, mas farei outro natal ainda esse ano, assim a gente poder ver as bichinhas juntas kkkk eu também sou de acordo em Valentina partir para o ataque, afinal, ela não é freira, então nao vai condenar a alma ao fogo do inferno kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
      Beijão e boa noite.

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    2. "kkkkkkkkkkkkkk imagina uma cobra e freirinha ter que chupar o veneno kkkkkkkk" ai Geh, vc me fez pecar em pensamentos kkkkkkkk tipo, Natasha olhando para o céu e dizendo: "senhor, é por uma causa nobre, é só uma chupadinha kkkkkkkkkkkk ajoelhou tem que rezar.
      Bjs Geh.

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  2. Oi autora,tudo bem com você?
    Valentina, você tem muito jogo de cintura para lidar com essas bruxas chatas.
    Vai embora Valentina para a fazenda e leva o garoto,e quem sabe a Natacha não lembrará de tudo.
    Capítulo perfeito,obra dessa autora maravilhosa.
    Beijos Ghe.

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    1. Olá, querida, boa noite, realmente a Valentina está conduzindo as coisas de forma paciente e admirável, ainda mais com seu drama silencioso, pois se de um lado está feliz por ter encontrado a mulher que ama viva, por outro a tem sem memória, não recordando do grande amor que as unem, mas mesmo assim ela segue firme...
      Beijão grande e obrigada pelo carinho.

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