A fera ferida -- Capítulo 7


                          A fisioterapeuta nadava de forma frenética. Fizera natação na adolescência e sempre usara o esporte amador para acalmar os demônios internos, como naquele momento. Sabia que o corpo estava reagindo à dona da ilha, tinha plena certeza de tal fato, apenas não entendia ainda o motivo disso tudo.

                           Seguiu até a outra borda, parando lá.

                         Olhava para a equipada sala, os objetos que foram colocados a sua disposição, tudo de última geração e não duvidava que logo a todo poderoso voltaria a andar. A lesão que havia não fora suficiente para tirar-lhe todos os movimentos, então fora apenas questão de não desejar de recuperar, algo que de certa forma entendia devido aos traumas que deve ter vivido.

                        Fechou os olhos e permaneceu ali por algum tempo, apenas divagando sobre tudo o que se passara desde que pisara os pés naquele lugar. Ainda sentia o desejo queimar em ventre, ainda sentia a face corar ao recordar que chegara mesmo a se tocar pensando naqueles olhos tão vazios.

                           O que estava acontecendo consigo?

                   Jamais em sua vida passara por algo assim. Nem mesmo com o namorado era tão passional, tão ardente e desejosa de sexo.

                           -- Júlia!

                           A voz firme a tirou dos seus pensamentos conflituosos. Ficou brincando com a água, mas não se voltou para a mulher que a chamava.

                           -- Pois não?

                           -- Estou sentindo dores!

                           A fisioterapeuta suspirou alto.

                           Verdadeiramente não desejava tocá-la novamente.

                         -- Meu horário acabou! -- Disse por fim, voltando para ela. -- Peça para o Juan aplicar uma massagem ou tome um analgésico.

                         Os olhos verdes se estreitaram ameaçadoramente.

                       Júlia a fitava sentada em um dos degraus da escada, observava as mãos de dedos longos afagarem as coxas e a panturrilha.

                          Aproximou-se ficando a alguns centímetros de distância.

                          -- É normal sentir esse desconforto, apenas deve fazer o que disse.

                          A empresária continuou a fazendo os movimentos, ignorando o que fora dito.

                          A profissional da saúde observou como os cabelos negros caiam em sua face, fitou os lábios que permaneciam entreabertos e a expressão de dor no rosto bonito.

                          Irritada, decidiu auxiliá-la.

                          Elizabeth a encarou, enquanto sentia as mãos da mãe de Anny cobrir as suas.

                          -- Faça assim, devagar e aos poucos vai aumentando a intensidade... -- Júlia dizia. -- Se fizer dessa forma vai ser rápido a sensação de alívio...

                          A filha de Alex observava-a com crescente interesse, mesmo que soubesse que não devesse, esquecia até do desconforto ao senti-la tão perto de si.

                            Fitou os seios escondidos e observou os pequenos sinais que lhe enfeitavam o colo bonito.

                            -- O seu namorado trabalha em quê? -- Indagou curiosa em determinado momento.

                            A fisioterapeuta continuava a sessão de massagens, mas agora não havia mais as mãos da bilionária para lhe proteger da textura deliciosa da pele, agora seu contato era direto. Apertava a panturrilha, preferindo se demorar lá, achava menos ameaçador para sua cabeça.

                            -- Ele é médico! -- Disse sem mirá-la.

                            -- Interessante... -- Mordiscou o lábio inferior demoradamente. -- As coxas doem.

                            Júlia interrompeu o que estava fazendo, levantou a coluna e cruzou os braços sobre os seios.

                        -- Não fui contratada para estar a sua disposição vinte e quatro horas por dia, madame, então tome um analgésico para que passe o desconforto.

                            Já se afastava, mas a Terzak a deteve pelo pulso.

                            -- Meu pai está te pagando muito bem, sem falar que você apenas tem que abrir as lindas pernas para ele.

                            Os olhos felinos se estreitaram em fúria, ainda se imaginou batendo naquela face arrogante, mas não iria cair nas provocações da paciente, não daquela vez.

                             Aproximou-se da orelha dela, sussurrando bem perto do ouvido.

                            -- Às vezes nem é necessário abrir as pernas... -- Dizia baixinho. -- Tem outras posições que nem requerem tanta acrobacia e faz gozar mais gostoso ainda...

                             Antes que uma Elizabeth corada e toda desconfortável pudesse falar alguma coisa, Júlia deixou a piscina.

                                 

                      







                          A Wasten tinha acabado de sair do banho, passara o resto da tarde estudando. Estava preparando um projeto para ir em busca de uma bolsa de mestrado, precisara dar uma pausa nos planos, devido a filha, porém agora tudo estava mais equilibrado e reservaria um tempo para concretizar aquele desejo antigo. Para melhorar, estava quase certa que conseguiria realizar um bom trabalho, assim, receberia uma ótima recompensa do senhor Terzak, bastava controlar seu crescente tesão pela paciente ou no final acabaria ganhando um processo por assédio.

                            Riu!

                          Ainda se recordava de como ela ficara desconsertada diante do que dissera. Ainda via a face bonita ficar vermelha.

                             Estúpida!

                          Como ousa dizer abertamente que ela tinha um caso com o magnata das construções? Não negava que Alex era um homem muito bonito, mas jamais passara por sua cabeça um envolvimento daquele tipo com ele. Ambos se tratavam com grande respeito, sem falar que estava comprometida, mesmo que isso não a impedisse de desejar a irritante mulher.

                         O que Elizabeth pensaria se soubesse o que passava por sua cabeça quando a tocava, a mimadinha era capaz de ter um ataque de fúria. E se soubesse que ela se tocara...

                          Deitou na enorme cama.

                          Ainda estava com a toalha.

                          Fechou os olhos e se recordou de como se sentira na piscina. De como ansiara por beijá-la e senti-la ainda mais perto de si.

                        Sentiu os seios reclamarem, os mamilos enrijeceram. 

                        Seu sexo ainda estava molhado e desejando por satisfação.

                        Livrou-se da toalha e começou a acariciar o abdome liso.

                        Deus do céu, aquilo era uma verdadeira loucura!

                        Levantou, enquanto seguia até o armário pegando um roupão.

                      Aproveitou que Jane tinha levado Anny consigo para dar uma passada pela cozinha, fora pedir a Felipa para preparar uma sopinha de legumes para a pequena.

                        -- Sim, querida, eu farei com todo prazer!

                        Júlia observou a bandeja que estava intocada sobre a grande mesa.

                        -- A Liz não quis comer! -- A empregada disse com desgosto. -- Chegou possessa e reclamando de dores.

                        A fisioterapeuta observou a cesta cheia de frutas frescas. Aproximou-se pegando uma maçã, enquanto sentava em um dos bancos vermelhos.

                        -- A sua Liz é bastante mimada e arrogante desde sempre ou só ficou assim depois do acidente?

                       A governanta observou a jovem bonita. Sabia que ela enfrentava uma situação difícil ao lidar com a patroa, mas em parte entendia a Terzak.

                        -- Sempre teve personalidade forte, mas a crianção dela foi um pouco preocupante, ainda mais devido à liberdade que sempre recebeu do pai.

                            Júlia deu uma mordida grande na fruta vermelha.

                      Observou Felipa seguir para buscar os materiais para fazer a sopa. Pensou em questionar mais, porém percebia que estaria sendo ainda mais indiscreta, então dando de ombros, seguiu de volta ao próprio apartamento.

                        Seguia lentamente pelos corredores, seguindo pelo gramado, viu a praia, inspirou o ar puro, retornando para o quarto, viu que a filha e Jane não tinha retornado ainda.

                         Prendeu mais forte o robe e deitou-se mantendo os pés para fora da cama. Observava o elegante lustre que pendia no teto de madeira.

                        Elizabeth era uma mulher diferente de todas que conhecera. Agia como se fosse a dona do mundo, deve ter sido criada tendo todas as vontades realizadas. Às vezes, achava que não aguentaria mais um dia ao lado da paciente, vez e outra a “ vossa alteza” lhe dizia certas coisas que a deixava desejosa de esbofeteá-la. Era muita arrogância para um ser tão lindo, achava difı́cil que alguém tivesse gostado dela verdadeiramente, quem aguentaria tanta estupidez? Teria se tornado tão intratante depois do acidente ou sempre fora assim?

                           Ouviu o toque do celular. Observou no visor aparecer uma foto conhecida.

                           Henrique! Seu namorado.

                    Não estava interessada em falar com ele, não gostara do jeito que acabara a última conversa que tivera com o médico. Não suportava discussões inúteis e tampouco ser pressionada. Não admitiria viver esse tipo de ralação.

                            O rapaz insistiu tanto, que acabou cedendo.

                        -- Por que demorou tanto, amor?

                       Engraçado, a fisioterapeuta não sentiu nenhum entusiasmo em ouvir a voz do homem.

                        -- Estava tomando banho. – Respondeu seca.

                        -- Hun! Adoraria presenciar essa cena. 

                         Júlia virou os olhos em desagrado.

                         -- O que você quer?

                      -- Estou te ligando para avisar que provavelmente no próximo final de semana você recebera a visita de um médico apaixonado e louco por seus beijos e carinhos.

                          -- Quem? – Se fez de desentendida.

                        -- Amor, para com isso. Me desculpa se eu errei, mas é que não estou gostando nada dessa distância.

                         -- E eu não gosto de ser pressionada. E para completar, foi você quem me indicou para o senhor Terzak.

                             -- Eu sei. O fiz porque o dinheiro que ele estava oferecendo seria de grande ajuda, ainda mais se insiste em cuidar da filha da sua irmã.

                         Não era segredo que o namorado não gostava muito da ideia de Anny ter ficado com ela, ele reclamava que mal tinham tempos para eles e, às vezes, dava a impressão que não gostava de crianças. Pelo menos, nunca o via sendo carinhoso com a criança.

                              -- Ela é minha filha!

                              Ouviu um suspiro exasperado do outro lado da linha.

                             -- Certo, eu sei. Mas vamos falar de nós dois, estou com muita vontade de te ver...

                         Ficaram mais alguns minutos conversando, na verdade, o médico quem falara o tempo todo, Júlia parecia apenas desejar que aquela ligação terminasse o mais rápido possível.









                          Elizabeth não conseguia dormir, suas pernas estavam doendo muito, tinha muita cãibra e não sabia o que fazer.

                        Xingou baixinho Júlia e sua ideia absurda de fazê-la se exercitar mais que o necessário.

                                Massageou as coxas, apertando-as e recordou a forma que a fisioterapeuta fazia com seus dedos longos e delicados. Lembou-se dos olhos tão azuis a lhe encarar, dos lábios rosados entreabertos, os dentes alvos. 

                                   O que acontecia consigo diante dela?

                                   Ainda se recordava do arrepio que sentiu quando sentiu-a colada as suas costas, de como ela tinha um cheiro delicioso e como teve em seu corpo uma sensação bem antiga.

                                  Fechou os olhos, enquanto massageava as têmporas, ansiando por poder dormir, mas o incômodo era tanto que sabia que não conseguiria.

                                   Ouviu o barulho do mar, o som das ondas a baterem nas pedras, a ventania que movia os pés de coco.













                                  Júlia foi até a cozinha e tomou um chá.

                                  Anny e Jane dormiam tranquilas no quarto, mas a fisioterapeuta não conseguia pegar no sono, então cansou de ficar virando de um lado para o outro e seguiu até a sala. Sentou pesadamente no sofá, enquanto ligava a TV. Viu um filme passando em uma das emissoras e isso lhe interessou.

                           Pausou a imagem e seguiu até a cozinha em busca de pipoca, mas não encontrou.

                           Encostou-se à mesa, cruzando os braços, enquanto ponderava e pensava que poderia ir até a mansão e pegar emprestado.

                            Sorriu, enquanto seguia até a caverna da poderosa Terzak.

                            Caminhava e as luzes iam acendendo. Passou pelo quarto da bela paciente e ouviu gemidos doloridos, agoniados.

                           Esperou alguns segundos, mas como os sussurros continuavam, decidiu ver o que se passava.

                         Abriu a porta e entrou.

                         Encontrou a paciente sentada, com as costas encostada na cabeceira da cama e o rosto exibindo um semblante dolorido. 

                   Estranhou o quarto está iluminado. Mirou os olhos verdes que a fitavam em total surpresa.

                         -- O que houve? – Indagou se aproximando.

                        Elizabeth a fitou, parecia pronta para começar uma discussão, mas parece ter desistido.

                        -- Estou com muita cãibra, está doendo muito.

                 Imediatamente, Júlia se aproximou, viu os lençóis jogados pelo chão, depois seguiu até a cama e começou a massagear toda extensão daquelas longas pernas. Imaginara que algo assim pudesse acontecer, afinal, hoje elas tinham prolongado muito as sessões e isso era normal acontecer.

                       -- Preciso tirar sua calça.

                      A Terzak usava um pijama de seda preto.

                       -- Mas para quê? – Indagou apreensiva.

                       A Wasten se afastou, ficou de joelho e cruzou os braços.

                       -- Como vou fazer massagem assim?

                       A filha de Alex mordiscou a lateral do lábio inferior demoradamente, enquanto via o olhar impaciente dirigido para si.

                      -- Ok! Pode tirar.

                  A fisioterapeuta tentou agir com todo profissionalismo que tinha, mas quando a despiu e viu que ela usava uma calcinha de renda branca e sensual, sentiu seu sangue esquentar. Ela ficava sexy usando aquele item, tão tentadora quanto a maçã do jardim do Éden.

                  Ignorou os sinais do próprio corpo e iniciou os toques. Os músculos das coxas da paciente estavam rígidos, isso deve ter causado as dores.

Elizabeth não sabia o que era pior, sentir dores, sentir o toque da outra ou vê-la tão linda vestida com short, jeans, curto e camiseta.

               A empresária cobriu os olhos com o braço, estava tentando respirar, pois aquela proximidade a estava deixando sem folego.

                     -- Está se sentindo melhor? – Indagou.

                     A paciente apenas assentiu com um gesto de cabeça.

                   -- Você deveria ter me chamado assim que começou a sentir o desconforto, iria passar a noite tendo dores.

                     -- Achei que você não trabalhasse fora do seu horário. – Disse sem descobrir a vista.

                     -- Você é muito rica, pode pagar uns extras, não é? – Gracejou. 

                     Elizabeth a encarou.

                     -- Que eu saiba é meu pai quem está te pagando.

                     -- Estava só brincando. – Continuou a massagear.

                     A filha de magnata observava a forma delicada que a outra lhe tocava. Inspirou o delicioso cheiro que se depreendia do seu corpo e continuou a analisar com crescente interesse.

                    -- E a sua filha? -- Indagou depois de um tempo, tentando distrair a mente.

                    -- Está dormindo. Brincou muito e ficou cansada. – Sorriu, mirando os olhos verdes.

                    -- Ela é muito fofa.

                    -- Ela tem meu charme. – Piscou ousada. 

                    A empresária apenas deu de ombros.

                    -- E o pai dela?

                   Júlia parou e a encarou.

                    -- Ela é apenas minha filha, não há nenhum pai.

                    -- Hun! E o seu namorado?

                    -- O que tem ele? – Cruzou os braços parecendo curiosa com o tanto de perguntas que estavam sendo feitas. 

               -- Nada! Só acho estranho ele ter permitido você ficar tão longe, nem sei como você aguenta.

                     -- Nos falamos sempre e próxima semana ele virá me ver.

                 -- E quem dará permissão para ele entrar na ilha? – Indagou irritada. – Isso aqui tudo é propriedade dos Terzaks, simplesmente ninguém vem aqui sem autorização.

                     -- Com certeza, ele pedirá autorização ao seu pai.

                   -- Meu pai não decide nada aqui. – Bateu com força na cama. – E eu não quero nenhum namoradinho na minha porta.

                      Júlia exasperou-se, levantando-se.

                      -- Bem, você já não está mais sentindo dores, até já recuperou o bom humor de sempre. -- Ironizou.

                      -- Ainda estou com cãibra.

                 -- Pois você vai dormir com ela, porque não vou ficar aqui aguentando seus ataques. – Apontou o dedo em riste.

                     Elizabeth cobriu os olhos com o braço. Queria continuar a discussão, mas estava cheia de dores.

                   A fisioterapeuta não sabia o que fazer. Aquela mulher ali deitada lhe confundia demais, ora seu corpo queimava de desejo por ela, ora queimava de raiva. Porém, não poderia deixá-la daquele jeito. Tinha ideia do que ela deveria estar sentindo e decerto a paciente não conseguiria dormir.

                      Respirou fundo e voltou para o seu trabalho.

                 A outra não esboçou nenhuma reação, apenas continuou na mesma posição.

               A Wasten lhe observou a expressão impassível,  viu  a  cicatriz  que  ela  trazia  na  face.  Engraçado,  aquilo  não  a  deixava  com  aparência  feia,  lhe  dava  um  ar  mais sombrio, até sensual, animalesco, irracional.

                      Mirou os lábios, eles eram tão convidativos.

                     Tentava apagar de sua mente o sabor daquela boca, a maciez daquele toque. Desejava-a. Impulsivamente, inclinou-se sobre ela, surpreendendo-a.

                  A empresária não conseguiu emitir nenhuma reação, então quando se sentiu invadida por aquela lı́ngua não conseguiu se manter inerte. Trouxe-a para si, sentindo a delı́cia de ter aquele corpo colado ao seu.

                Júlia começou a movimentar os quadris de leve, tinha uma necessidade enorme de senti-la mais intimamente. Quando sentiu as mãos de Elizabeth por baixo de sua camiseta, gemeu.

              A empresária lhe tocou os seios, estimulou-lhe os mamilos, até ouvi-la gemer. Nunca se sentira assim, era diferente está com ela, tinha algo a mais, um desejo bem mais forte, intenso, incontrolável.

                A fisioterapeuta sentiu as mãos descerem dos seios e buscarem abrir-lhe o short e foi naquele momento que milhões de coisas começaram a passar por sua mente. Aquilo não podia estar acontecendo, estava arriscando sua estabilidade, sua profissão, sua filha.

                    Livrou-se das mãos que a prendiam e saiu correndo daquele quarto, antes que fosse muito tarde para voltar atrás.

                  Elizabeth estava estática, não sabia muito bem o que tinha acontecido. Sentia apenas que seu corpo fora tomado por uma força inexplicável, mas fora a frustração que assumira seu lugar. Por um momento esquecera da incapacidade de caminhar, tentou sair da cama e ir atrás de Júlia, infelizmente isso só servira para lhe trazer dores novamente ao cair sobre o carpete.

                     -- Que droga! -- Bateu com a mão aberta sobre o assoalho.







                  Júlia chegou ao próprio quarto, sua filha dormia em sua cama. Raramente, ela deixava a pequena dormir consigo, mas Anny ultimamente sempre se instalava ali e não tinha coragem de tirá-la.

                    Beijou-lhe a face e seguiu para o banheiro. Precisava de um banho.

                 Sob a água fria que molhava seu corpo, sentiu pouco a pouco seu coração voltar a bater normalmente, sentiu o desejo ser interrompido, mas sabia que não tinha dado fim a ele.

                     Como conseguiria levar seu trabalho até o fim?

                 Para piorar a situação, Elizabeth não parecera ser imune a tudo aquilo. Ela reagira com mais paixão. Aceitara e tentara ir mais longe.

                    Fechou os olhos ao lembrar das carı́cias que recebera nos seios, como seguiria daqui para frente?





                   O senhor Alex Terzak chegou muito cedo à ilha. Não avisara a ninguém de sua visita, era sábado, queria poder encontrar  a  filha.  Apesar  da  relação  deles  ter  se  tornado  terrível  nos  últimos  anos,  a  amava  muito.  Era  a  pessoa  mais importante da sua vida e tentaria uma reaproximação.

                  Seguiu direto para o quarto da filha e a encontrou sentada na cadeira de rodas. Ela olhava o mar pelas portas de vidros.

                    Ficou surpreso ao ver que a escuridão não estava mais presente naquele lugar.

                    Era tão linda. Lembrava a mãe, porém a personalidade era distinta, forte, arrogante, coisa que a esposa nunca fora

                    -- Filha! – Aproximou-se, beijando-a com um sorriso.

                    A jovem assustou-se, não imaginava encontrar o pai tão cedo.

                    -- O que faz aqui?

                   O milionário agachou, segurou-lhe a mão, levando-as aos lábios.

                  -- Precisava vê-la, saber se estava tudo bem. Você não atendeu a minha ligação, só fico sabendo do que se passa aqui porque Felipa me conta.

                     -- E é mais do que suficiente. – Virou-se. -- Ainda mais porque quando te ligo, não faz questão de atender.

                       A última coisa que desejava naquele momento era ter o próprio pai na ilha.

                     Não o queria por perto, às vezes, sentia ódio do progenitor, era como se tudo de ruim que acontecera em sua vida fosse culpa dele. Sabia que não era assim, ele não fora um mau pai, fora apenas fraco demais e se deixara dominar por uma criança. Também havia a presença da fisioterapeuta. Ainda sentia o corpo queimar ao lembrar do que se passara entre elas.

                        Suspirou impaciente.

                        Teria algum interesse o empresário na bela Júlia?

                        -- Como está indo as sessões de fisioterapia?

                        -- Por que não pergunta a mulher que você mandou aqui sem o meu consentimento?

                    Estava irritada, não dormira nada na noite passada, não só devido as fortes dores, mas também por causa do enorme desejo que sentira.

                        -- Achei que estivesse se dando bem com a Júlia. Ela é uma ótima profissional.

                        -- Profissional? – Gritou, virando-se para ele. – Aquela maldita me deixou a noite toda sentindo dores.

                        -- Mas por quê? – Indagou confuso.

                        -- Pergunte a ela pessoalmente e me deixe em paz.

                     Estava com muita raiva, se sentia furiosa por ter cedido àquela mulher. Por ter se deixado levar pelos próprios desejos. Decerto com outros ela não interromperia o ato.

                         Alex suspirou alto, deixando os aposentos em seguida.









                    Júlia tinha acabado de se vestir, quando ouviu batidas na porta. Atendeu e encontrou o pai de sua paciente.

                      -- Bom dia, senhor. – Estendeu a mão em cumprimento.

                      -- Como vai, senhorita Wasten? – Beijou-lhe a mão de forma galante.

                   A fisioterapeuta se sentiu um pouco constrangida, aquele homem agia sempre com muita educação, na verdade, parecia um cavalheiro à moda antiga.

                      -- Adoraria ter a sua companhia no desjejum. Me acompanha?

                     Impossível negar um pedido daqueles.

                      -- Sim! 

                Aleex Terzak segurou gentilmente pelo braço da jovem e ambos seguiram para a enorme varanda da mansão. Lá, tudo já tinha sido montado, havia frutas, pães, sucos, queijos, leite... Era um verdadeiro banquete a espera de ambos.

                 De inı́cio a conversa fora sobre amenidades, porém depois focaram o assunto em Elizabeth.

                  Júlia quase engasgou quando o homem falou sobre a filha ter se queixado de não ter conseguido dormir por culpa dela. Mas ele falara sobre possíveis dores que a outra reclamara.

                     -- Eu estive no quarto com sua filha, até fiz massagens, porém... -- Sentiu que o rosto corava.

                     -- Eu sei que Liz é um ser humano muito difı́cil de lidar. – Interrompeu-a delicadamente. – Ela perdeu a mãe muito cedo e infelizmente eu tinha que está sempre viajando, não conhecera muito sobre sentimentos. Eu sempre a amei, mas acho que o fiz de forma bastante errada. – Baixou os olhos com tristeza. -- Permitia que ela fizesse tudo o que queria, era como se isso suprisse a minha ausência... Um paliativo para a minha consciência.

                   -- O senhor não deve culpar-se por isso. – Cobriu-lhe a mão com a sua. -- Acredito que também deveria estar sofrendo... Somos seres humanos, cometemos erros...

                        Sons de aplausos interrompiam a conversa.

                        Ambos se viraram e deram de cara com a empresária em sua cadeira de rodas.

                    -- Você é uma verdadeira sedutora! Está em busca de um “papai milionário” para sua filhinha bastarda?

                     A fisioterapeuta a fitou e viu como aqueles belos olhos verdes estavam cheios de desdém. Tão diferentes do da noite anterior que só aparentava paixão.

                      -- Já disse para você não falar da minha filha. – Levantou furiosa.

              -- Mas você está certa, os Terzaks são muito ricos, e você o que deve ganhar como fisioterapeuta? Um salário mı́nimo? – Riu venenosa. -- Papai gosta do tipo elegante, mas dependendo de como abre as pernas, ele não fará questão...  

                       O milionário levantou-se e pediu para a Júlia sentar-se, temia que ela se descontrolasse e batesse na empresária que era pura provocação.

                          -- Por favor, meninas, não vamos brigar. – Venha, filha, junte-se a nós.

                         -- Não, papai. Porque só em ver a cara dessa vagabunda sinto ganas de vomitar. 

                        Júlia observou a paciente retirar-se da varanda e sentiu o ódio pelas ofensas crescer em seu peito.





                   Elizabeth estava totalmente irritada, viu toda cena entre o pai e fisioterapeuta. Ela parecia estar jogando charme para o homem, decerto, estava pensando em fisga-lo. Para piorar, Alex parecia encantado pela morena, usava galanteios e charmes para com ela. Isso era um absurdo.

                  Aquela mulher era uma qualquer. Não tinha dúvidas. Certamente, nem deveria saber quem era o pai da filha. Sentia nojo de ter permitido que a beijasse. Como pode se interessar por aquela safada.









                  O final de semana passara rápido. No domingo, Júlia, Jane e a pequena Anny foram passear de lancha, convite feito pelo pai da Terzak. Fora um ótimo dia, poderá conhecer um pouco daquele belo lugar, era um verdadeiro paraíso. Foram para a pequena vila e se encantaram com as pessoas que moravam ali, havia uma pequena feira onde os habitantes negociavam artesanatos, frutos do mar, frutas, verduras, legumes. Tudo muito natural.

                     Anny adorara tudo, ganhara vários mimos de Alex e até experimentara algumas comidas tı́picas da região. Todos pareciam encantados com a pequena, ficavam fascinados pela beleza da mãe e da filha.









                         No dia seguinte, tudo voltava ao normal.

                     Júlia estava a espera da paciente na sala de exercı́cios. Não a viu, após a discussão no café da manhã. Preferiu se manter bem afastada ou acabaria fazendo algo que pudesse se arrepender.

                         Viu-a se aproximando.

                     Não estava acreditando que seu corpo continuava reagindo àquela presença. Ela usava um roupão, como a própria fisioterapeuta usava. Teria aderido ao biquı́ni?

                        O fiel enfermeiro ajudou-a a segurar-se na barra, despiu-lhe e ajudou-a entrar em água.

                     A Wasten desviou o olhar. Mas não a tempo de não contemplar tanta beleza. Iria focar-se no trabalho, só nele. Aproximou-se e tentou segurar-lhe as mãos, mas fora rejeitada.

                       -- Não me toque!

                       -- E como vai ser? Não tem como não te tocar. – Retrucou exasperada.

                       -- Diga apenas o que tenho que fazer.

                      -- Elizabeth, por favor, tudo estava indo tão bem, veja o progresso que já conseguimos, mas tudo só progrediu porque você colaborou comigo. -- Explicava pacientemente.

                        -- Você não se importa se é homem ou mulher, né? 

                        A fisioterapeuta a encarou confusa.

                        -- O que você está falando?

                          A empresária riu sarcástica.

                      -- Sua cara de donzela virgem é muito engraçada. Poupe-me do seu teatro, o faça quando estiver na presença do Alex.

                       -- Não faço teatro nenhum e tampouco me faço de virgem. – Encarou-a.

                        Elizabeth ficava cada vez mais irritada.

                        -- Você também seduziu meu pai? Ficou na metade ou com ele foi até o final?

                  A fisioterapeuta por muito pouco não a esbofeteou. Bateu as mãos na água com força, precisava extravasar aquela raiva, porém sabia que seria uma covardia bater em alguém que não podia se defender.

                        -- Foda-se, Elizabeth Terzak. Vá para o inferno.

                        -- Vagabunda! – Gritou.

                     -- Uma vagabunda que você desejou. – Falou bem perto da boca dela. – Se eu não tivesse parado, você teria adorado ficar com essa vagabunda.

                      -- Com...como ousa... – Gaguejou.

                     Júlia se aproximou e aproveitou que a paciente não podia soltar-se das barras e passou as mãos pelos seios, sobre a parte de cima do biquı́ni.

                    A empresária estava perplexa com a ousadia daquela mulher. Quando a viu movimentar os dedos e tocar-lhe a pele, sentiu que sua libido mais uma vez era ativada.

                   Mirou o azul intenso que a fitava e viu o desejo estampado, porém havia algo mais, deboche! Segurou firmemente na barra com uma única mão e com a outra deteve os movimentos.

                     -- Não brinque comigo. – Falou pausadamente. – Você não tem ideia do que sou capaz de fazer. Posso destruı́-la sem muito esforço.

                    -- E eu a você! – Segurou-a pela nuca e a trouxe para si. 

                     As bocas se buscaram com urgência.

                     Não dependia das vontades delas, não havia força para resistir ao apelo dos corpos.

                  A Wasten a abraçou pela cintura, buscando um maior contato entre ela. Aspirava aquele cheiro, a desejava para si como nunca quisera outra coisa na vida. Desde que seus olhos se encontraram com aquelas esmeraldas sonhava, mesmo que inconscientemente, em tê-la.

                 Elizabeth sugou aquela lı́ngua com toda ânsia que estava presa dentro de si. Não tinha como negar que a queria, que a raiva e o desejo se mesclava e lhe davam uma vontade muito maior de senti-la.

               Gemeu quando sentiu as mãos delicadas subirem e se instalarem em seus seios. Seus mamilos reagiram imediatamente à carı́cia, suas vistas embaraçaram quando sentiu que agora não era mais os dedos e sim a boca que lhe chupavam. A língua golpeava o mamilo, depois lhe circundavam e logo o devorava.

                  Júlia agia por instinto, tinha uma necessidade imensa de provar aquele sabor, lambeu, mordiscou, sugou intensamente e mesmo assim não era o suficiente, queria sempre mais.

                          Os olhares se encontraram, ambas estava coradas, assustadas com o intenso desejo.

                         A fisioterapeuta viu o enfermeiro se aproximando e afastou-se da paciente.

                  -- Vamos começar as sessões porque já perdemos muito tempo.  

                     A empresária não teve forças para argumentar. Apenas assentiu.

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