A fera ferida -- Capítulo 12

                  Os dias seguiram numa frágil trégua.
                Júlia tentava manter a calma, mas muitas vezes acabava sucumbindo às provocações nada ortodoxa da arrogante Terzak. Ela sempre fazia algo para tirá-la do sério. Agia de forma prepotente, sempre destilava seu veneno. A fisioterapeuta tentava falar o mı́nimo possível com a jovem, a própria Elizabeth só rompia  o silêncio quando desejava usar seus xingamentos para reclamar de dor. Pelo menos, a Wasten conseguira manter uma neutralidade quanto ao charme da paciente. Mas o bom de tudo aquilo era o progresso que conseguira naquelas semanas, Elizabeth já tinha abandonado a cadeira de rodas. Mesmo se movendo lentamente e com dificuldades, as muletas agora eram seu mais novo apoio.
                Desde o último beijo que ocorrera entre elas, a empresária não a provocara tanto a “ doutora”. Na verdade, muitas coisas aconteceram naqueles dias, deixando a herdeira de Alex ainda mais fechada em si. Uma delas foram as insistentes ligações da famı́lia do falecido noivo. Eles voltavam a insinuar que a milionária fora a culpada da morte do filho e ainda chegaram a exigir que ela usasse o poder que tinha para encontrar o fruto que Marco deixara no mundo. Eles temiam essa criança, não desejavam que em algum momento a mãe recorresse à justiça pelos direitos do infante. Todas essas coisas contribuı́ram para que a jovem se mantivesse presa nos próprios pensamentos e não prestasse muita atenção a mãe de Anny.
                    Vez e outra o olhar das duas se cruzavam, mas nada diziam, apenas permanecendo presas em seus temores.




                    Júlia não estava com sono. Brincara um pouco com a filha, até a pequena adormecer.
         Naquela noite em especial se sentia agoniada, alguma coisa a estava perturbando demasiadamente. Pegou um vinho que tinha ganhado de presente do dono da ilha e seguiu para o jardim.
                A mansão dos Terzak contava com uma enorme área verde que se estendia pela frente da residência. Ali, havia alguns bancos, brancos, onde se podia sentar e ficar observando o céu.
                  A jovem sentou-se e despejou o conteúdo da garrafa no copo.
              Não costumava beber, raramente o fazia, mas naquele momento era a única coisa que poderia acalmar seu ı́ntimo.
                Começou a recordar da irmã. Não conseguia deixar de se sentir culpada por não ter estado com a Clarice durante todos os problemas que a jovem enfrentou. Talvez, tudo tivesse sido diferente se ela estivesse ao seu lado e protegesse daquelas pessoas que tanto a fizeram mal. Em muitos momentos passava por sua cabeça o desejo de vingar-se, de destruir quem tinha destruı́do a mãe de Anny, de ferir e fazê-los passar pelo mesmo que a irmã passou. Sabia que esses sentimentos não eram bons, mas não conseguia perdoar, não conseguia esquecer.
                  Ainda se recordava dos inúmeros telefonemas que recebia e via o entusiasmo da garota ao contar da relação que tinha com o namorado. Falava dos planos para o futuro e de como ele ajudaria seus pais a reerguer a empresa que tinham perdido.
                   Fechou os olhos, enquanto tentava segurar a vontade de chorar.
                 -- Não sabia que os empregados tinham o direito de usufruir da melhor bebida da ilha.                           Aquela voz irônica interrompeu seus pensamentos.
                  Júlia respirou fundo e virou-se para fita-la. 
                  Elizabeth caminhava lentamente até o banco.
                A fisioterapeuta observava-a com cuidado. Aquela visão tão perfeita não era aconselhável depois de ter um pouco de álcool no sangue.
             A empresária usava um roupão de seda, preto, na altura dos joelhos, os cabelos negros estavam presos em um coque. Os olhos verdes estavam brilhando como as estrelas do céu.
                 Linda!
                 -- Esse vinho não é seu! – Retrucou, virando-se, dando-lhe as costas.
                 A herdeira de Alex a observava, sentindo o aroma do mar e o cheiro dela, sim, conhecia bem aquele perfume.
                   Umedeceu os lábios demoradamente.
           -- O salário de uma simples fisioterapeuta não dá para comprar algo tão caro. Acredito que você nunca terá algo tão fino nas mãos. – Provocou.
             Fora uma verdadeira coincidência encontrá-la naquele lugar. A paciente não conseguira dormir e por esse motivo tinha decidido tomar um pouco de ar.
                   Os olhos azuis a encaram em desafio.
                  -- Realmente não tenho, mas Alex Terzak tem para comprar a vinícola inteira. -- Disse com um sorriso de provocação.
                 A empresária sentou-se ao lado da fisioterapeuta, pegou a garrafa e observou o rótulo.
              -- Eu consigo comprar a vinı́cola, a fábrica e ainda compro todos os clientes. – Piscou.
                 A outra deu de ombros, levando o copo aos lábios.
            -- Você acha que dinheiro compra tudo, não é? – Júlia girava o copo entre os dedos e observava o lı́quido âmbar.
                -- Lógico! – Sorriu. – Não tenho dúvidas quanto a isso. Afinal, por qual motivo você vem me aguentando durante todo esse tempo? Com certeza, meu pai vai lhe dar um bom dinheiro.
                 A mãe de Anny estendeu o braço e tocou a cicatriz na face da dona da ilha. Acariciava-a com os dedos, enquanto a outra franzia o cenho.
              -- Sabe que me pergunto isso todos os dias. Às vezes, tenho a impressão que estou vendendo minha alma ao diabo. 
                   Se entreolharam durante longos segundos. Buscavam respostas que nenhuma lı́ngua poderia expressar através das palavras.
                   A poderosa Terzak desviou o olhar. Aqueles olhos zuis pareciam querer decifrar todos os seus segredos.
                    -- Então, eu sou o Diabo! – Gargalhou de forma debochada.
                 -- Acho que sim. – Levantou-se. – Afinal, dizem que ele é um ser de extrema beleza. Vou voltar para o meu quarto.
              -- Por que a pressa? Parece triste. Não me diga que está com saudades do seu “medicozinho”. – Provocou.
                   -- E se fosse? Não é da sua conta. – Respondeu exasperada. 
                   Elizabeth levantou-se, apoiada nas muletas e seguiu para a porta.
                   -- Ele deveria saber que você dar para qualquer um.
                Júlia apenas a olhou entrar na mansão. Sentia o sangue esquentar pouco a pouco. Pegou o vasilhame e bebeu no próprio gargalho.
                Sua irritação parecia aumentar perigosamente. Se sentia furiosa com a última colocação da empresária. Ela estava sendo injusta quando a acusara de trair o namorado. Nunca nem passara por sua cabeça algo assim, até conhece-la.
                 Descontrolada, jogou a garrafa no chão e seguiu ao encalço da bela arrogante. Tinha muitas coisas para resolver com aquela egocêntrica e daquela noite não passaria.
                 Elizabeth teve tempo apenas de chegar na cama, estava tirando o roupão quando a porta fora aberta abruptamente.
              -- Você enlouqueceu? Quem te deu permissão de entrar assim nos meus aposentos? – Apoiou-se no móvel para não cair.
                    -- Estou cansada das suas insinuações! – Apontou o dedo acusadoramente. – Você não me conhece, desde que cheguei aqui nunca ouvi nada que prestasse dessa sua boca.
                 -- E o que presta na sua pessoa? Poupe-me, você não tem moral. Nem sei como te permitem ficar com uma criança, vai leva-la a perdição.
                         A mãe de Anny a segurou violentamente pelos ombros e apertou.
                        Os olhos verdes se estreitavam, enquanto a respiração acelerava. 
                      -- Já disse te disse para não falar da minha filha. – Falou entre os dentes. – E já que você me acusou de dar para todo mundo... – Puxou-a para si colando os lábios aos dela.
                      Elizabeth tentou se soltar das amarras, porém não podia se esforçar muito ou acabaria no chão. Sentiu sua boca ser praticamente devorada de forma abrupta, ferindo-a, castigando-a. Reconheceu o sabor do vinho e do sangue.
                      -- Está me machucando. – Pronunciou quando a outra se afastou um pouco.
                      -- Você ainda não viu nada!
                      A empresária parecia assustada. Nunca viu aqueles olhos azuis tão carregados de raiva.
                 -- Não esqueça que sou a dona dessa casa e que você trabalha para mim. – Tentou intimidá-la.
                     -- Trabalho para o seu pai. – Desceu a mão pela coxa da paciente, acariciando-a de forma ousada.
                          -- Você está se aproveitando de mim. Eu não consigo me defender. – Protestou.
                      -- Caso não goste, peça para parar e eu o farei. – Arqueou a sobrancelha em sinal de desafio.
                         A fisioterapeuta não sentia mais raiva, porém um outro tipo de sede se instalou em seu ı́ntimo. Mergulhou o rosto naquele pescoço longo e iniciou a tortura.
                      Liz sentiu a pele toda arrepiar, nem tinha forças para continuar lutando. Fazia tempo que não a sentia e agora não desejava que aquilo parasse. Quando identificou a mão pousar em sua calcinha, teve que morder o lábio inferior para não gemer. Aquilo não podia ser normal, nunca na vida sentira uma coisa tão poderosa. Seu ventre chegava a doer, desejava não ter barreiras para impedir o contato entre as peles.
                       Júlia a sentiu úmida.
                       Acariciava as coxas, sentindo-a forte. Retornou à intimidade e sobre o tecido, tocava-a  desajeitadamente, 
                    Não tinha forças para interromper aquele ato, desejava-a tanto que a intensidade chegava a assustar. Fitou aqueles olhos que se mantiveram fechados, mas que agora a encaravam-na.
                    -- Eu não consigo parar. – Sussurrou embriagada de paixão.
             Dessa vez a paciente que assumiu o beijo. Mas não o fez com raiva, mas de forma deliciosamente sedutora. Chupando, sugando e mordiscando aqueles lábios carnudos. Abraçou-a, tentando colar ainda mais os corpos.
                   A fisioterapeuta também queria aquilo, por esse motivo afastou-se um pouco para tirar toda a roupa.
                   Elizabeth nunca pensara que poderia se sentir tão desejosa por um corpo feminino. Ela era muito linda. Os seios redondos e médio, os biquinhos estavam prontos para serem tomados.
                   -- Posso? – Júlia indagou com a mão pronta para soltar o roupão. 
                  A empresária apenas assentiu afirmativamente.
           Hipnotizada, observava os movimentos delicados que em poucos segundos a deixou totalmente nua.
                    -- Você é perfeita! – Comentou extasiada.
                 Passou as mãos pelo busto farto. Eram os seios mais maravilhosos que já tinha visto. 
                Com os dedos iniciou uma série de movimentos circulares. Deixando-os excitados. Baixou a cabeça e com a lı́ngua substituiu as mãos. Lambeu o biquinho, mordeu de leve e mamou vorazmente, como uma criança faminta.
                   -- Por favor...
                  A mãe de Anny ouviu a súplica, porém não conseguiu interpretar o significado da mesma.
Olhou-a.
                Os corpos agora desejam fundir-se, unir-se. Os sexos sentiram o primeiro contato, os colos se encontraram, roçando-se. Abraçavam-se, apertando-se. 
             Elas executavam movimentos lentos. Sentiram o excitante barulho das fricções. Para Elizabeth era uma experiência nova, enquanto para Júlia o reconhecimento de algo que há tempos ficara escondido na memória.
              Guiada pelo extinto, a poderosa Terzak deslizou a mão por entre as coxas da “ doutorinha”, apertou, alisou, até ousar mais. De inı́cio um dedo explorava, movimentava-se, circulando-o. Júlia seguia o ritmo dos toques.
            Mexia o quadril nas pontos dos dedos dela, fazendo movimentos de vai e vem, rebolando, adorando a forma que a outra mexia em seu sexo.
               Gemeu alto, enquanto cravava os dentes nos ombros da filha de Alex. Sabia que estava em total descontrole, ainda mais porque ela ainda não estava totalmente recuperada.
                   Não podia força-la a ficar tanto tempo em pé. Interrompeu seus movimentos.
                  -- O que houve? – A empresária indagou confusa fitando-a. -- Te machuquei?
                  A mãe de Anny desejou esboçar um sorriso diante da preocupação que a outra demonstrava.
                 -- Na cama será muito mais confortável. – Murmurou ao pé do ouvido. 
                 Elizabeth assentiu e seguiu o que lhe era sugerido.
             Júlia ajoelhou-se entre suas pernas, lhe dobrando os joelhos, afastando-os suficientemente para permitir um melhor acesso.
                   A empresária sentiu-se incomodada com a inspeção e tentou cobrir-se, mas foi impedida.
           -- Você é maravilhosa. —Pousou a mão no centro do seu prazer. – Você está tão deliciosamente molhada. – Passou o dedo, invadindo aquele espaço. -- que não sei se conseguirei me controlar.
              A paciente sentiu a penetração, cravou as unhas nas palmas das mãos, como uma forma de controlar seu ı́mpeto de gemer alto. Fazia tanto tempo e mesmo assim tinha a impressão que aquela era sua primeira vez.
               Fitou os olhos tão azuis, observou os lábios entreabertos.
                   Mexeu os quadris lentamente, buscava acompanhar os movimentos imposto de forma tão deliciosa pela outra, sincronizando perfeitamente os atos.
           Aquilo não era suficiente para a fisioterapeuta. Ela sentia uma fome crescendo dentro de si. Posou a cabeça bem próximo, aspirou aquele cheiro de prazer e continuou tocando-o.
              Elizabeth estava curiosa. Arqueou um pouco para ver o que a outra estava fazendo e foi nesse momento que ela viu os lábios se aproximando, beijando-a intimamente.
                   -- Hun... -- Resmungou ao olhá-la sorrir
                   A filha de Alex semicerrou os olhos, enquanto inclinava a cabeça para trás, apoiando nos braços.
                    A Wasten sentiu o próprio sexo vibrar ao vê-la tão entregue.
                    Beijou o sexo molhado, esfregando toda a face nele, pressionando-o diante dos gemidos sufocados que saiam do peito da adorada arrogante.
                   Liz esfregou-se à boce dela.
                 A lı́ngua parecia brincar, apenas a pontinha tocava no clitóris, estimulando-o, até percebê-lo rı́gido, logo começou a sugá-lo, chupando-o como a um doce de luxúria.
                 A empresária já não mais conseguia distinguir quem estava dentro de si, se era a lı́ngua que a lambia ousadamente ou se eram os dedos, chegará a sentir os dois ao mesmo tempo.
                Cravou as unhas no ombro de Julia, descontrolando-se, mexendo-se rapidamente, buscando o prazer total.
                 A fisioterapeuta sabia que ela estava a ponto de chegar ao orgasmo e seu corpo não estava indiferente. Necessitava do mesmo, sentia a pressão e a dor no próprio âmago. Deitou sobre a jovem, encaixando os corpos de forma perfeita.
              Seguiram a mesma dança. Gemeram, pronunciaram palavras desconexas, estavam prontas para o prazer total e ele veio. Um poderoso tremor se apossou de ambas violentamente, levando-as para um mundo onde apenas o prazer tinha importância.




              Elizabeth despertou e viu a longa cabeleira estendida em seu peito. Júlia dormia aconchegada em seu corpo. Respirou fundo!
                      Não lembrava de ter sentido um prazer tão intenso em sua vida. Não tinha palavras para descrever, porém sabia que desejava repetir mais e mais. Se sentia tão leve, feliz. Sim! Feliz! Esse era o nome para a emoção que lhe enchia a alma naquele momento.
                       Acariciou os cabelos e a ouviu ronronar igual a uma gatinha. Sorriu!
                       Estreitou-a fortemente.
                       Estava apaixonada por aquela mulher?
                       Não sabia, porém, tinha certeza que a desejava para si.

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