Dolo ferox -- Capítulo 36

                 O médico observava a jovem sobre o leito, enquanto o conde e o filho olhavam tudo com crescente preocupação.
              -- Está sedada, será preciso para que não tenha uma crise ainda maior. Precisa manter a calma para enfrentar a realidade de forma cuidadosa.
             -- Mas isso não fará mal a ela? -- Nicolay se intrometeu. -- Talvez seja melhor que ela viva essa dor, pois assim que passar os efeitos dessa droga, tudo vai ser pior.
                O médico encarou o mais jovem.
               -- Eu quem pedi, papai, Valentina estava em total descontrole e isso não iria fazer bem para ela.
               O patriarca assentiu, enquanto sentava na beira da cama e começava a acariciar a face corada pelas lágrimas da neta.
                    Ainda ouvia os gritos de desesperos vindo da trapezista.
                -- Bem, eu preciso ir, mas qualquer coisa podem me ligar e volto para vê-la. -- Apertou a mão de Nícolas. -- Hoje ela não vai acordar mais e amanhã despertará um pouco mais calma.
                    O empresário assentiu e acompanhou o médico até a porta do quarto e logo retornou para o lado da morena. 
          Ficou ali parado observando-a e se recordando de como despertara aflita do desmaio. Gritara, esbravejara desejando ir até o local do acidente e fora preciso usar a força para detê-la, pois nada que dizia parecia acalmá-la.
                    -- Como vai ser amanhã? -- O conde questionou, enquanto lhe arrumava uma mecha de cabelos que caiam em seus olhos. -- Ela não vai aceitar ficar aqui e você também não poderá mantê-la sedada para sempre.
                   O mais jovem se aproximou do leito, depois passou a mão pelos fios finos dos cabelos.
                   Recordava-se das palavras "assassino" que a circense vociferava sem parar.
          -- E o que devo fazer? -- Indagou impaciente. -- Tentei de todas as formas poupá-la dessa dor, mas foi em vão.
     -- Você achava mesmo que esconder o que estava acontecendo era uma coisa realmente boa? Chegou mesmo a pensar assim?
    Nícolas não respondeu, aproximou-se da filha, depositou um beijo em sua testa e logo deixava os aposentos.
                     O conde permaneceu no mesmo lugar, apenas pensando como se mostraria a situação quando a neta despertasse. O primogênito estivera o tempo todo enganado se achava que a relação da trapezista com a Valerie não passava de um capricho de jovem, conseguiu ver naqueles olhos tão negros a dor que ela estava sentindo, lembrou-se de ter sentido algo parecido quando perdera a única filha.
                    Seguiu até a janela e viu as grades que foram colocadas.
                    Meneou a cabeça em total desgosto.
                 O tempo ainda estava chuvoso e provavelmente continuaria daquele jeito durante muitos dias.
                 Ouviu o som fraco ser pronunciado por Valentina e ao se aproximar, ouvia-a chamar por Natasha.
                      Soltou um longo suspiro, enquanto lhe tomava a mão em um consolo silencioso.





                      -- Quem disse para você contar a verdade para a minha filha?
                   Nathália estava confortavelmente sentada na sala de estar. Parecia compenetrada na leitura de um jornal. Levantou a cabeça, fitando-o.
          -- Quanto tempo você iria esperar para contar? -- Levantou-se. -- Hoje as buscas foram encerradas, não há mais nada o que se fazer, achei injusto que a Valentina não ficasse sabendo de tamanha desgraça, mesmo que me doa, sei dos sentimentos dela e achei cruel o que estava fazendo.
                        O filho do conde estreitou os olhos.
            -- Pelo que percebo não há nenhuma dor em seu olhar por ter perdido a irmã, imagino que deve considerar essa tragédia um alívio.
            -- O que insinua? -- Indagou com um arquear de sobrancelha. -- Afinal, foi você quem gritou aqui mesmo nessa sala que mataria a Natasha… Você reafirmou isso quando esteve no hospital visitando a minha avó, então quem não acredita que tenha algum tipo de lamentação pela tragédia sou eu.
             -- Está insinuando que eu tive alguma coisa a ver com isso?
             Nathália meneou a cabeça.
             -- Apenas disse que não acredito que esteja a sofrer.
          O empresário respirou fundo, enquanto afrouxava o nó da gravata como se o estivesse sufocando.
             -- A minha filha está sofrendo!
         -- Sim, mas logo vai passar, nada dura para sempre e quando a poeira baixar, desejo retomar os planos de casamento.
              -- Ela decidirá!
              A jovem Hanminton parece não ter gostado do que ouvira, mas acabou não protestando.
             -- Voltarei ao hospital. -- Pegou a bolsa que estava sobre a poltrona. -- Vovó ainda não sabe de tudo e preciso usar de tato para que ela não fique pior.
               Nícolas assentiu.
              Os dois despediram-se com beijos na face e quando se viu sozinho, o Vallares caminhou até o bar.
              Preparou uma dose de uísque, tomando pura e de uma única vez.
         Esperava que Valentina se recuperasse rapidamente daquele sofrimento e seguisse a própria vida. Começava a estar seguro que o melhor para ela seria manter total distância da família da duquesa. 




           O dia amanheceu com Leonardo no escritório da cobertura tendo ao seu lado o chefe da equipe de busca que tinha contratado. Um grande atlas fora posto sobre a mesa e os dois homens examinavam com cuidado.
           -- Preciso que cubram toda essa região! -- O arquiteto apontava o indicador para o papel. -- Deve haver alguma coisa aqui que passou despercebido.
            O homem soltou um longo suspiro.
         -- Senhor Antonini, entendo o que está passando e continuarei o trabalho independente de qualquer coisa, porém talvez devesse aceitar que seria praticamente impossível encontrar a senhora Valerie com vida... Tudo isso aqui é deserto. Não há nada a não ser aquele maldito rio que corta essa terra.
          Sim, o empresário sabia disso muito bem e isso o estava destruindo aos poucos, porém não poderia desistir, não poderia perder as esperanças, pois era aquilo que a estava mantendo de pé.
          -- Se assim o for, desejo que o corpo tenha um enterro digno, mas só sossegarei se a encontrá-la: viva ou morta!
             Augusto assentiu e continuaram a estudar os possíveis lugares que poderiam percorrer naquela busca.




               Valentina abriu os olhos com dificuldade.
               A visão estava embaçada, sentia-se sonolenta, terrivelmente sonolenta.
               Fechou-os novamente, pois sentia um mal estar que lhe entontecia os sentidos. Depois de alguns segundo voltou a abri-los e dessa vez conseguiu mantê-los assim.
        Observou tudo ao redor e por um pequeno tempo não reconheceu o lugar, mas logo os aposentos na mansão Vallares fizeram sentindo em seu cérebro.
        Havia uma névoa em sua mente, uma confusão de cenas que a fez pensar que estava mergulhado em um pesadelo, mas logo a realidade dos fatos lhe invadiram a cabeça como um raio que lhe partia.
             Abruptamente, sentou-se e isso fez doer ainda mais a cabeça.
             Gemeu baixinho.
            Nicolay entrou trazendo um copo com água e ao ver a neta desperta, apressou-se a ir até ela.
         -- Filha, deve permanecer deitada, pois o remédio que tomou foi forte. -- Sentou-se, tentando-a fazer deitar.
              Valentina se desvencilhou do toque, enquanto o encarava com ressalva.
           -- Vocês me doparam? -- Indagou em perplexidade. -- Até onde irão nesse plano de me afastar da Valerie. -- Cambaleando, levantando-se. 
          O conde a observou com seu pijama de flores composto por calça e blusa, parecia uma criança com os cabelos em desalinhos.
             -- Você desmaiou, teve uma crise que foi preciso controlar. -- O mais velho explicou com calma.
              -- Isso não me importa… -- Gesticulou com a mão direita. -- Exijo que me levem até a cobertura, desejo  saber o que se passa… -- Passou a mão pelos cabelos. -- Não acredito que Natasha esteja… -- Cerrou os dentes. -- Leve-me até lá, vovô!
              Nicolay já esperava isso.
             Observou as lágrimas que ela tentava prender inutilmente.
             -- Tome um banho e eu mesmo irei contigo até lá.
            A jovem assentiu, mas permaneceu no mesmo lugar. Tinha o olhar perdido, a expressão pensativa e dolorida.
               -- Filha…
            -- Não me chame assim! -- Retrucou em irritação. -- O senhor permitiu que meu pai fizesse tudo o que desejava, permitiu que ele me prendesse aqui… -- Falava chorando copiosamente. -- Se Nícolas Vallares tiver feito algo… -- Soluçou. -- Se tiver feito algo com a Natasha, eu mesma… -- Apontou para o peito. -- Eu mesma o colocarei na cadeia e farei com que pague por tudo.
           O conde ainda pensou em retrucar, mas sabia que seria algo impossível naquele momento.
                   Levantou-se lentamente e de cabeça baixa deixou os aposentos.
              A circense permaneceu no mesmo lugar, sentindo aos poucos a agonia de quando recebera a notícia retornar ao seu peito.
             Seguiu até as grades que tinham sido colocadas na janela para que ela não fugisse. Segurou-as com força, como se desejasse arrancá-las.
              Os ombros magos eram sacudidos por espasmos. Sufocou um soluço, mas o outro foi impossível.
            Encostou as costas contra a parede e lentamente escorreu até o chão. Encostou a cabeça nos joelhos dobrados e chorou mais ainda.
             Não podia acreditar que aquela tragédia estava acontecendo e pedia a Deus com toda sua fé que aquilo não fosse verdade, que a ruiva estivesse na cobertura e exibisse aquele sorriso cínico quando a visse ou que a provocasse com seu sarcasmo cheio de aristocracia ou simplesmente a abraçasse forte como no dia que se amaram pela última vez.




                Rick observou o monge preparando o alimento para o almoço. 
            Tinham conseguido caçar um coelho e pescar alguns peixes o que renderia uma deliciosa refeição.
         Estava do lado de fora da caverna, na parte de trás, estava sentado sobre uma pedra, enquanto o religioso usava espetos improvisados para assar os alimentos que comeriam naquele dia.
             O céu estava escurecido, mas não havia chovido ainda, apenas ocorrera a precipitação pela madrugada. O chão ainda estava encharcado e exalando um cheiro de tranquilidade.
             -- Em que pensas, detetive?
            O mais jovem observou o olhar insistente em sua direção. Ponderou por alguns segundos e depois falou:
           -- Estou pensando em como as pessoas que amam a Natasha devem estar sofrendo… -- Meneou a cabeça. -- Eu não sei se conseguirei deixá-la contigo e seguir sem levá-la.
               O religioso fez um gesto de assentimento com a cabeça.
            -- Eu entendo o que você fala, acredite, eu não tenho nenhum tipo de interesse na Valerie a não ser protegê-la. -- Largou o espeto e caminhou até ficar ao lado do policial, sentando-se com cuidado. -- Você não imagina como passei a minha vida me culpando pela morte da Elizabeth e por não ter feito nada pela Natasha… -- Encarou o Rick. -- Eu me sinto culpado, por isso deixei o sacerdócio… Há tempos deixei de ser padre, pois não me sentia digno, vivo a minha própria filosofia.
           -- Pensei que ainda rezasse missas e confessasse os pecados alheios.
         -- Não, mas vivo como um, apenas não presto mais conta aos chefões. -- Fitou o céu. -- Daqui a dois dias vou seguir até o povoado onde vivemos. É um lugar esquecido por todos. Plantamos e criamos animais e disso vivemos. -- Levantou-se com dificuldade e seguiu até o almoço. -- Lá não deve ter mais que cinquenta pessoas. Não há modernidade, em sua maioria são refugiados de países que vivem em guerras… -- Fitou o detetive. -- Se aceitar que a neta de Isadora fique, será lá que estaremos quando voltar para buscá-la.
             O rapaz assentiu e antes que pudesse falar alguma coisa, viu a arquiteta se aproximar vestida com hábito azul de religiosa. Os cabelos escondidos sob a toca, as vestes mesmo gastas seguiam até seus pés. Fitou os olhos verdes, as sardas em sua face, a ferida na têmpora.
              Deus, aquela mulher não podia ser freira!
               Observou a muleta improvisada que fora feito para ela.
              -- Como se sente, irmã? -- O monge questionou.
              Natasha soltou um longo suspiro.
              -- Acho que melhor… -- Disse olhando tudo ao redor. -- Moramos aqui?
              O detetive sorriu.
            A poderosa magnata no ramo das construções sendo uma simples freirinha no meio do mato.
            Sabia que quando ele recuperasse a memória seria bem capaz de matá-lo.
             -- Logo iremos para o povoado onde vivemos.
             -- E é longe daqui?
             -- Um pouco, mas existe um atalho e é por lá que seguiremos.
             Natasha assentiu.
             Parecia impaciente, olhava para todos os lados como se estivesse a buscar alguma coisa.
             O detetive se levantou, aproximando-se dela ao notá-la diferente.
             -- Algum problema?
              Ela o encarou demoradamente até que falou:
            -- Eu não sei, acho que é por não me lembrar de nada, sinto como se algo estivesse me faltando, deixa-me angustiada, meio perdida em meus sentimentos.
            -- Não se recorda de nada mesmo? -- Questionou fitando os olhos verdes que pareciam mais claros. -- Não há nada em sua mente? Um nome, um rosto?
                Ela meneou a cabeça.
           -- Eu não lembro de nada, tenho a impressão que tudo é novo para mim e isso me deixa inquieta.
             -- Aos poucos isso vai passar, querida. -- A voz do monge se fazia ouvir. -- Entendo que esteja assim, mas logo tudo ficará claro e você poderá recordar de tudo.
              A nova freira fez um gesto de assentimento, enquanto seguia para o interior da caverna. 
                 Rick encarou o monge.
              -- Irei com vocês até o povoado, verei se há mesmo possibilidade de ela ficar com vocês, se eu ver que estará segura, deixarei-a, retornarei para a cidade e farei o possível para conseguir colocar todos os envolvidos nisso na prisão, assim ela poderá retornar logo para os que a amam.
                  -- Não deve esquecer que é necessário manter segredo. -- O mais velho o alertou.
                  -- Não se preocupe quanto a isso, vai ser difícil, mas farei tudo para protegê-la.



                  Helena foi informada pela empregada da visita que estava esperando no térreo da cobertura.
                  Colocou Victor no berço, o menino estava estranhando e começava ser difícil colocá-lo para dormir. Estava choroso.
                   Beijou-lhe a mão e rapidamente deixou o quarto.
              Seguiu pelo corredor e ao chegar o topo da escada ficou surpresa ao ver o conde Vallares ao lado da neta.
                         Há muito tempo não se relacionava com aquele homem, principalmente depois do que aconteceu com a Verônica e ele passou a odiar a todos que defendiam a arquiteta.
                        Sua atenção foi voltada para a jovem morena.
          A expressão de Valentina era de pura tristeza. Os olhos estavam inchados e a face demasiadamente corada.
             Desceu os degraus e ao chegar embaixo, a jovem seguiu em lágrimas até ela, abraçou-a, sentindo a imensa dor que a invadia naquele momento.
          Acariciou-lhe os cabelos negros, ninando-a diante do olhar complacente do velho aristocrata. 
              -- Diga que tudo isso é mentira… -- Pediu fitando a esposa de Leonardo. -- Diga-me onde está a Natasha, pelo o amor de Deus negue pra mim que isso realmente tenha acontecido.
              Helena voltou a abraçá-la, enquanto ouvia o pranto descontrolado. Tentava ser forte, mas logo suas próprias lágrimas se libertavam.
             Toda noite ficava horas dentro do banheiro, chorava escondido para não deixar o marido ainda mais arrasado. Diante dele tentava ao máximo mostrar esperança, porém quando ficava sozinha começava a pensar em tudo com tamanho desgosto que tinha medo de não ter forças para conseguir seguir em frente.
            Nicolay observava tudo e pensava quanto tempo demoraria para que tudo aquilo passasse. Para que aquela perda pudesse ser superada por todos.





                  Três meses depois…
                  Natasha cuidava das crianças na escola dominical.
              Observou o mais novo do grupo se esconder por trás da porta, enquanto todos já tinham deixado o local de terra batida, cobertura de palha, contando com alguns bancos para que pudessem sentar.
             -- Eu acho que você não deveria ficar aí, o monge daqui a pouco vem meditar e se te encontra, te arranca as orelhas.
              O pequeno garota que deveria contar com cinco anos, mas era bem pequeno, magro e tinha aqueles olhos tipo orientais a fitou.
                A ruiva cruzou os braços em um suspiro, enquanto o via sair em disparada.
                Meneou a cabeça com um sorriso nos lábios.
            Desde que chegara ali tudo pareceu diferente, até mesmo a amnésia não a incomodava totalmente, apenas quando suas noites eram assoladas por sonhos estranhos, pessoas que não se recordava, mas estavam sempre sendo perseguida por olhos idênticos aos seus, enquanto outros negros pareciam desafiá-la.
               Massageou a têmpora, estava doendo, mas talvez fosse pelo calor que fazia naquele dia.
              -- Tudo bem, irmã Elizabeth?
             A voz do monge a tirou dos seus pensamentos.
             Sorriu, enquanto assentia afirmativamente com a cabeça.
           O religioso era bastante paciente o tempo todo. Tratava-a com muito carinho, ajudando-a em tudo que não conseguia recordar.
             -- As crianças já estão correndo lá fora. -- Ela comentou, enquanto olhava pela janela. -- Conseguiram a caça?
           O monge sentou no banco. Parecia cansado, além de suado. Já era idoso para viver naquela luta.
           -- Por hoje teremos o almoço, filha, mas para o jantar vamos ter que usar o pão. Estamos com poucos alimentos e não podemos sair daqui para conseguir mais, pois logo vai cair uma tempestade.
                 Natasha encarou o homem com o cenho franzido.
           -- Há muita gente aqui e aos poucos o senhor vai acolhendo mais, daqui a pouco não haverá mais alimento.
             -- Eu sei, porém me nego a abandonar essas pessoas que nos recorrem em busca de ajuda.
            -- Entendo, mas precisa planejar melhor para que, principalmente, essas crianças não passem fome.
                O monge encarou a bela mulher.
           Lembrou do detetive narrando a personalidade forte e inflexível, mas que agora se mostrava mais acessível.
              -- Há muitas frutas que colhemos na fazenda abandonada, fale com a irmã Luíza, tenho certeza que ela fará algo muito gostoso para todos. -- Disse com um sorriso grande.
                 Natasha foi lentamente, pois sua perna estava machucada.




              Valentina chegou à construtora, desceu do veículo, deu a volta e abriu a porta para tirar o filho da cadeirinha.
               Sorriu ao ver os olhinhos claros lhe encararem com felicidade.
                Tomou-o nos braços, enquanto seguia para o elegante prédio espelhado.
              Todos ali já estavam acostumadas a vê-la com o pequeno ruivo que sempre estava ao seu lado.
                  Cumprimentava a todos com simpatia.
                 A secretária avisou que Leonardo a esperava na sala de reuniões.
            O arquiteto sorriu ao vê-la, levantou-se e foi até ela, abraçando-a e depois tomando Victor nos braços.
               -- Vovô já está com saudades, nem falo de Helena, passou a noite reclamando.
               -- Daqui a pouco vou até a cobertura, deixarei-o com ela. 
            Nesses três meses do desaparecimento da Valerie, a guarda da criança estava sendo dividida entre o casal e neta do conde, isso fora documentado por Natasha, talvez temendo que Isadora se aproximasse do filho. Entretanto a duquesa não parecia disposta a sair daquela história sem vantagens econômicas não, pois já contratara vários advogados, alegando que como bisavó da criança, ela quem deveria ter o direito de cuidá-lo.
             -- E onde está o responsável pelas buscas? -- Valentina questionou. 
             -- Deve estar chegando em meia hora. -- Disse enquanto pegava um carrinho para brincar com a criança.
             Os dois não pararam de procurar a ruiva um único dia. Contrataram mais duas equipes que ia desde mergulhadores a bombeiros para procurarem a Valerie.
             A morena se segurava àquela esperança para não cair em uma tristeza profunda, como ocorrera na primeira semana.
              Não demorou para o homem entrar.
           Ele era Augusto Montavani, era chefe da equipe de buscas. Alto, cabelos um pouco abaixo da nuca, grisalhos, corpo atlético, deveria ter por volta de cinquenta anos.
               Cumprimentou a todos.
               -- Vim o mais rápido possível.
               Valentina recebeu o filho de volta, enquanto Leonardo e o comandante se acomodava.
               -- E então, a equipe já está lá? -- A circense questionou impaciente.
              Augusto se levantou, tirou algo do bolso, colocando sobre a mesa.
        A neta do conde reconheceu imediatamente. Observou durante longos segundos o medalhão com símbolo viking que a arquiteta sempre usava.
              Prendeu a respiração por alguns segundos.
                  -- Encontramos isso ontem de madrugada. Estava sob uma pedra, vocês reconhecem?
                  Leonardo fez um gesto afirmativo com a cabeça.
                 -- Serei honesto com vocês… -- Montavani começou. -- Entendo o desespero de todos, vejo como anseia por boas notícias, mas verdadeiramente, não acredito que possamos encontrar a senhora Natasha viva. Já tinha falado isso antes e a cada dia mais estou convicto disso.
              -- Não vamos parar as buscas! -- Valentina disse irritada. -- Pagaremos o que for preciso, mas não vamos desistir! Se não deseja continuar, contrataremos outro!
                 Augusto fitou Antonini e depois se levantou.
            -- O dinheiro é de vocês, apenas quis ser honesto e mostrar a verdadeira situação. -- Soltou um suspiro. -- Estou indo até a base e de helicóptero seguirei até o ponto que estamos acampando.
               -- Quero ir contigo! -- A trapezista falou.
            Mais uma vez os dois homens ficaram em silêncio. Sabiam que seria impossível dissuadir a morena do seu intuito. Não seria a primeira vez que ela fazia isso.
                -- Nos encontraremos às duas no hangar. 
             O comandante deixou a sala, enquanto Leonardo tocava o achado. Primeiro foram as roupas em total frangalhos, agora aquilo.
                         Encarou a jovem.
             -- Valentina, acho melhor que não vá. -- Falou se levantando. -- Talvez tenha chegado o momento de seguir a sua vida… -- Disse tristemente. -- Sei que a Natasha não gostaria de te ver assim… É jovem…
            -- Não quero ouvir mais nada! -- Pegou o cordão. -- Enquanto eu não ver os restos mortais dela, eu jamais acreditarei que tenha morrido e lutarei dia após dia para encontrá-la.
                  Antonini assentiu ao vê-la deixar a sala exasperada.
                Lentamente seguiu até o sofá, sentando-se. Tirou a foto que tinha da arquiteta e ficou olhando.

                 Nícolas estava em seu escritório na empresa dos Vallares.
                 Tentou mais uma vez ligar para a filha e novamente sua ligação foi rejeitada.
                Desde que ela descobrira o que tinha se passado com a Valerie não voltaram a se falar.                          Ela o acusava de ter provocado o acidente. O empresário preferiu deixar a mansão, pois sabia se continuasse lá, ela não aceitaria ficar ao lado do avô.
                 Mariana entrou trazendo algumas sacolas.
                 -- Aqui está o que pediu. Seus ternos chegaram da tinturaria.
                 Ele apenas assentiu, enquanto apontava a cadeira para que ela sentasse.
                 -- Precisa de mais alguma coisa? -- Indagou depois de acomodada.
                 -- Viu a minha filha hoje?
                 -- Sim, ela compareceu a reunião com a diretoria representando o conde. Estava com o filho. -- Disse com um sorriso.
                   Nícolas tamborilava os dedos sobre o tampo de vidro.
               -- Ela não me atende! -- Disse em total desgosto. -- Inúmeras vezes já tentei um diálogo com ela, mas nada…
                   Mariana sabia como ela estava sofrendo, via as olheiras das noites sem dormir.
                     -- O seu advogado ligou mais cedo.
                O herdeiro do conde passara dez dia preso acusado de ser o mandante do possível assassinato da Valerie, mas fora posto em liberdade, enquanto as investigações prosseguiam.
                 -- Eu não tenho nada a ver com tudo isso… -- Levantou-se irritado. -- Sim, eu falei que a mataria, mas eu o faria com as minhas mãos e não contrataria alguém para dar cabo da vida daquela desgraçada. -- Socou a mesa com o punho fechado.
                    -- Enquanto isso não for elucidado, será o principal suspeito e a Valentina não vai aceitar sua proximidade.
             Sim, ele sabia disso e por essa razão não descansaria até descobrir o que havia acontecido.
                         -- Mas ela está namorando a Nathália, retomou a relação, então não entendo o motivo dela agir assim comigo.
                         -- Não sei o que dizer quanto a isso. A senhorita Hanminton ocupou um dos cargos de confiança, age como se fosse a dona de tudo.
                        O filho do conde apenas permaneceu em silêncio, não desejando se meter naquela situação, pois outra mais difícil necessitava de solução. 



                    Mais três meses depois…
          Valentina estava na empresa. Vivia mergulhada nos negócios da família e nas investigações sobre a morte da Verônica, fora a busca por alguma pista sobre a Natasha.
                Observou o cordão que andava sempre consigo agora. Fitou-o e se recordou de vê-lo sempre no pescoço da mulher que tornou tão importante na sua vida.
                   Limpou a lágrima que lhe descia solitariamente.
               Toda noite quando seguia para a cama, chorava por horas e raramente conseguia dormir. Tinha a impressão que a dor só aumentava com o passar dos dias. Fazia o máximo para ocupar a mente, tentava se cansar a ponto de seu corpo não aguentar. Muitas vezes baixava a cabeça ali e passava a noite daquele lugar, debruçada sobre o amontoado de papéis.
                  Lembrou-se do filho.
               Tinha-o deixado com Helena naquela manhã, sabia como ele também era um consolo para a boa senhora.
              Seis meses sem uma única notícia, sem pistas, sem corpo, apenas com aquela angústia que lhe apertava o peito.
               O som do telefone lhe tirou dos seus pensamentos.
               -- Sim? -- Respondeu a secretária.
               Ficou surpresa ao saber que a mulher tinha aceitado ir até ali e agradeceu aos céus por Nathália não estar na empresa naquele dia.
                    Ponderou durante alguns segundos e logo permitiu a entrada. Não demorou para a bela loira adentrar ao seu escritório.
                Apontou a cadeira para que ela se sentasse.
              -- Agradeço por ter me recebido, Valentina, ainda mais depois que eu me recusei a lhe falar quando esteve em meu apartamento! -- Disse simpaticamente.
               -- O que você quer, Rebeka? -- Indagou irritada. -- Há dias vivo atrás de ti, ligo, e agora vem aqui… Deveria ter ligado para o meu celular.
                      -- Mas eu liguei e deu desligado.
                      A circense mordiscou a lateral do lábio inferior, enquanto se certificava que ela dissera a verdade, realmente o aparelho estava desligado. Ligou-o, pondo sobre a mesa.
                       -- Diga o que quer, pois o meu interesse por ti já foi sufocado.
              -- E é a primeira vez que você aceita me ver e deveria ser mais gentil, pois não fui eu que estava querendo falar contigo. -- Disse com um sorriso. -- Eu entendo a sua raiva, mas acredite, eu desejo apenas te ajudar a provar que Natasha não matou a Verônica.
                  Os olhos negros se estreitaram ameaçadoramente. 
                -- Não confio em ti! -- Falou enquanto girava na cadeira. -- Não vejo motivos para deseje me ajudar, afinal, se eu não gosto de você, você também não gosta de mim. -- Falou diretamente. 
                    A loira fez um gesto afirmativo com a cabeça.
                -- Realmente você está certa… Morro de raiva por Natasha ter preferido você… Ainda não entendo o que viu em ti, porém estou disposta a ajudar, pois sinto que devo isso a Valerie. Sinto que o nome dela deve ser limpado, pois tenho certeza de que ela não cometeu esse assassinato.
                A circense olhava a mulher ali parada e reconhecia que a odiava, ainda mais quando se recordava de tê-la visto com a arquiteta no navio.
                 Respirou fundo!
                         Aquele não era momento para permitir que seu ciúmes dominasse sua cabeça. 
            -- Conte-me tudo o que sabe, afinal, você conheceu a minha tia e pelo que sei transava com a Nathália.
               -- Sim! -- Falou com um sorriso. -- Ela nunca chegaria aos pés da irmã… Você deve saber, afinal, voltou para os braços da futura duquesa... Se a ruiva estivesse viva, eu ficaria com ela agora.
                   Mais uma vez os olhos negros se estreitaram em fúria.
              Sim, realmente ela tinha retomado a relação com Nathália, mas não o fez por querê-la, mas por saber que aquela seria a melhor forma para mantê-la afastada do filho. Isadora estava desesperada em busca de tomar a guarda da criança, devido a isso fora necessário aceitar se submeter ao noivado proposto. Fora as regalias que tivera que ceder para mantê-las tranquilas. 
                -- Calma, quis apenas descontrair,  mas tome cuidado, se a Hanminton descobre que estás empenhadas em provar a culpa dela, ela poderia te fazer alguma coisa.
                   -- Diga-me então se você irá até ela e contará! -- Desafiou-a.
                 -- Não, na verdade não desejo nenhum tipo de proximidade com as duas, sei bem do que são capazes, por isso também espero que não conte a ninguém sobre a minha visita.
                   -- Não o farei, mas se me trair, vai ter que temer o que vai enfrentar…
                     Rebeka apenas assentiu.
                  Valentina fez um gesto para que ela começasse a falar,  logo ouvia a narrativa cheia de detalhes da bela loira. Usava o caderninho de anotações para marcar os principais pontos.





                  Nathália estava na espreguiçadeira diante da enorme piscina na mansão dos Vallares. Naquele dia tivera que resolver algumas coisas em outra filial e depois do esforço, seguiu até ali, esperava que a circense aparecesse para lhe fazer companhia.
                 As coisas caminhavam muito bem. Parecia que finalmente Deus a estava abençoando.
               A irmã estava morta. A culpa caia sobre os ombros de Nícolas, ela tinha novamente a namorada ao seu lado e já começava saldar a dívida que tinha com o chefe, sem falar que agora era uma importante executiva.
                  Sorriu, enquanto tomava um pouco da limonada.
              Óbvio que sabia que Valentina só tinha cedido devido ao filho da Natasha. Sabia que ela temia que Isadora o tomasse, mas acreditava que aos poucos a conquistaria, ainda mais quando oferecia seu total consolo diante das tragédias ocorridas.
               Exibiu um sorriso, enquanto a bela Helo se aproximava vestindo um minúsculo biquíni vermelho. 
             A morena era maravilhosa para mantê-la ocupada, mas seu desejo já seguia para a beleza de Valentina. Queria-a em sua cama, desejava seduzi-la, por essa razão sempre se mostrava prestativa, apaixonada, ansiando para tê-la em seus braços. Mesmo que a avó falasse que assim que se casassem deveria livrar-se dela, não era isso que desejava, realmente gostava da trapezista, ainda mais dos bilhões que ela herdaria quando o avô morresse e Nícolas passasse o resto da vida na cadeia.
               Soltou um longo suspiro.
                 -- Encontre-me na casa de jardinagem! -- Sussurrou para a morena. -- Daqui a pouco vou até lá.
                 A moça sorriu safada, enquanto fazia o que tinha sido ordenado.




               O restaurante escolhido tinha sido o mais caro de região. Lustres de cristais enfeitavam o teto. Uma orquestra tocava uma melodia delicada. Algumas mesas trazia pessoas em seus trajes elegantes.
             Nathália e Valentina entraram de mãos dadas diante do olhar discreto de todos. Não passariam despercebidas, além de pertencerem a famílias tradicionais, eram demasiadamente belas em seus vestidos.
              A neta de Nicolay optou por um branco longo, a neta de Isadora por um verde que combinava com seus olhos.
                  O garçom acompanhou-as, puxando a cadeira para que sentassem.
                  Só depois do vinho ser servido, Nathália falou:
               -- Fiquei surpresa com o convite… -- Estendeu a mão, tocando a dela. -- talvez esse seja um sinal que deixou de sofrer pela minha irmã e está disposta a realmente nos dar uma chance.
                 A circense esboçou um sorriso.
               Além de ter levado a namorada para o caríssimo lugar, também presenteara a duquesa com fichas ilimitadas de um cassino que tinha sido aberto num luxuoso navio. Tudo isso para que o detetive conseguisse invadir a mansão Hanminton e buscasse alguma coisa que pudesse ser usada contra as duas mulheres.
               -- Sabe que não está sendo fácil tudo o que aconteceu, ainda mais quando meu pai está sendo acusado de ser responsável pelo crime
              -- Sim, meu amor, eu sei e por isso sempre te dei meu apoio, te disse que estaria ao seu lado para tudo o que precisasse e é isso que venho fazendo, talvez por isso tenha me dado uma nova chance. -- Levou os dedos da trapezista aos lábios, beijando cada um deles. -- Deve esquecer a Natasha, que ela descanse em paz… Agora temos que pensar na família que vamos construir…
                A morena assentiu, enquanto observava os olhos verdes brilharem.
             -- Amanhã terei que viajar, meu avô deseja que veja uma antiga propriedade abandonada que comprou, acredito que tenha planos para ela.
              -- Se quiser, posso ir contigo.
              -- Dessa vez prefiro que fique aqui, na verdade tenho um pedido para te fazer.
              -- O que você quiser, meu amor!
              -- Quero que vá até a cidade vizinha, o circo está lá, traga o Papi para cá e o deixe na mansão.
            Nathália não gostou, pois não se interessava que ela tivesse contato com aquelas pessoas, mas assentiu. 



             O carro de Rick estava estacionado na esquina do famoso restaurante e não demorou para ver as duas mulheres deixarem o local.
                Viu o beijo que trocaram antes que entrassem no veículo.
                 Meneou a cabeça.
             Não acreditava que pensara que Valentina sofreria por Natasha. Ao contrário, parecia bastante feliz ao lado da irmã assassina.




                        Depois do motorista deixar a Hanminton em casa, Valentina ordenou que ele seguisse até a cobertura. Não desejava retornar para a mansão naquela noite.
                       Limpou a boca.
                       Sentia-se enojada depois dos beijos que fora obrigada a receber.
                    Nathália estava mais atrevida, chegando a tentar tocá-la intimamente, o que não permitiu, jamais se entregaria a ela, nunca em sua vida o faria.
                       O carro estacionou diante do prédio.
                        -- Você está liberado por hoje, pegue-me amanhã logo cedo aqui, terei que ir buscar a mala para viagem.
                       O homem assentiu, dando boa noite, foi embora.
                        A Vallares caminhou pelo hall de entrada até o elevador. Estava vazio.
                        Encostou-se a ele, enquanto mirava o próprio reflexo.
                        Sentia-se cansada, mas não conseguia dormir, não conseguia descansar. Sua mente não parava. 
                   As portas do elevador abriram e ela caminhou até o apartamento, pegou as chaves na bolsa, abrindo-o.
                   As luzes estavam apagadas, mas também já estava tarde, decerto Helena e Leonardo já deviam estar dormindo.
                      Não subiu as escadas até o quarto que ocupava, seguiu até o escritório.
                      Respirou fundo e sentiu o cheiro da ruiva naquele lugar.
                      Acendeu as luzes, tudo tinha sido arrumado. O caos da última vez tinha sido colocada em ordens.
                      Seguiu até o piano, sentando-se no banco, levantou a tampa e começou a brincar com as teclas, produzindo um som incoerente.
                       Cerrou os dentes fortemente, enquanto mais uma vez sentia o desespero se apossar de si.
                      Como suportaria a ideia de nunca mais ter a ruiva ao seu lado?
                      E se realmente ela estivesse morta, como conseguiria seguir em frente?
                      Baixou a cabeça e naquela posição desconfortável ficou toda a noite.




            Na manhã seguinte, Valentina deixou cobertura, após se despedir do pequeno Victor, deixando-o o filho com Helena, depois seguiu até o aeroporto. Precisava resolver o problema dessa propriedade comprada pelo avô, também seria bom para lhe ocupar a mente.
               Embarcou no avião de pequeno porte, sentando-se e logo abriu o notebook para ler todas as informações que até agora tinha recolhido.
           Abriu os e-mails e viu com entusiasmo o que o detetive que contratara tinha conseguido na mansão de Isadora. Depósitos estavam sendo feitos constantementes na conta de um várias pessoas. Sutilmente ela estava desviando todo o dinheiro do fundo que ela deveria administrar na empresa Vallares.
              Desgraçada!
            Não descansaria até fazê-la pagar caro por tudo o que fez. Ela e Isadora iriam direto para a cadeia e nunca mais representariam uma ameaça para o bem estar do filho.
             Fechou o computador portátil, enquanto olhava pela janela o quanto estavam distante do chão.
           Soltou um longo suspiro, enquanto cerrava os olhos e logo a imagem de Natasha vinha em seus pensamentos.
           Não havia um único dia que não pensasse na ruiva. Que não deitasse na cama e chorasse até não aguentar mais, que despertasse com os olhos inchados pela dor da perda que parecia apenas aumentar com o passar dos dias e a falta de respostas.
            Pegou o cordão que sempre levava consigo, observou as serpentes, depois apertou forte contra o peito.
          Sufocou um soluço que escapou dos seus lábios e logo o pranto começava a sair. Pelo menos isolada não precisava fingir que estava bem, não precisava negar como estava destruída por dentro e se continuava de pé era por Victor.





              Natasha estava cuidando do ombro de um dos rapazes que tinham saído para caçar.
         Os olhos do homem não abandonavam a face da irmã por nenhum momento. Não era segredo que todos ali achavam a ruiva linda, mesmo vestindo aquele hábito. Viviam a rezar por terem pensamentos românticos com a mulher que parecia ter sido consagrada a Deus.
           A porta da choupana que usavam como uma espécie de hospital se abriu e o monge entrou.
             -- O que houve, meu filho?
            A Valerie se afastou um pouco para o religioso sentar ao lado do enfermo.
            -- Fui acertado de raspão, mas a irmã Elizabeth está cuidando de mim.
          -- Sim, eu vi, ela é um verdadeiro um anjo. -- Encarou a jovem, depois fitou o enfermo novamente. -- Mas quem atirou em você?
           O monge parecia temeroso com o fato inusitado, ainda mais devido a presença da neta da duquesa.
          -- Eu fui pegar frutas e fui até a fazenda abandonada, mas não está mais abandonada, há homens armados e uma bela mulher também.

Comentários

  1. Que angustia... Mal posso esperar para elas possam finalmente ficar juntas.
    Imaginando aqui, um filme de Dolo Ferox.
    Que delícia.

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  2. Bravo!!!! Capítulo impecável ! Talentosa autora ! Mto bom mesmo ...........💙

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  3. Não preciso dizer que você é uma das melhores autoras.
    Sou completamente apaixonada pelas suas histórias,amo.
    Beijos ❤️

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