A fera ferida -- Capítulo 3
Júlia tomava água, enquanto observava a empresária e sua carranca.
Era uma mulher de personalidade problemática, via-se isso em seu olhar, sabia que assim que tivesse contanto com o magnata das construções, pediria a sua cabeça. O ódio estava presente em seus olhos escurecidos, mas também havia uma total indiferença dos seus gestos perfeitos de dama da alta sociedade.
Viu-a tomar o suco e comer o sanduíche, mas não terminá-lo, deixando-o de lado e repreendendo a governanta que insistia para que se alimentasse.
Torceu a boca em desdém.
Ela tinha todas as características daquelas menininhas mimadas que achavam que todos deveriam fazer a sua vontade.
Pegou o celular e viu que havia mensagens do noivo.
Suspirou!
Tinha tido uma discussão da última vez que se encontraram. Ele não aceitava a pequena Anny, falava que a menina seria um atraso para a vida profissional da fisioterapeuta.
Não abriria mão da filha por nada em todo o universo. Amava-a como se tivesse gerado em seu ventre e não a trocaria por nenhuma relação fatídica.
Observou o buscador de internet e acabou digitando o nome da Terzak.
Inúmeras fotos da bela mulher aparecia e as manchetes eram cada uma mais chamativa que a outra: Os escândalos da filha do bilionário Alex.
-- Vou esperar por sua boa vontade durante o dia todo é?
A voz rouca se fez ouvir, chamando a atenção da jovem Wasten que arqueou a sobrancelha esquerda em provocação.
Tomou mais um copo de água lentamente e não pareceu se preocupar com a pequena explosão, pois sabia que não deveria começar os exercícios logo após ela ter ingerido alimentos.
Elizabeth estava sentada sobre a cama, enquanto a governanta tentava acalmá-la.
-- Ligue para o meu pai, exijo que ele demita essa morta de fome! -- Dizia em irritação.
Felipa meneou a cabeça em decepção.
Conhecia a herdeira de Alex desde que Ana a trouxe ao mundo. Lembrava-se da alegria do casal quando descobriram que uma criança estava a caminho. O empresário era um pouco mais velho que a esposa, mas formavam um lindo casal. Liz sempre fora um pequeno ser humano lindo. Nascera com as características dos antepassados gregos. Os cabelos eram tão negros e os olhos escurecidos de um verde em igual. A morte precoce da mãe fora o estopim para desencadear uma personalidade problemática, ainda mais quando o poderoso Terzak se tornara permissivo, deixando que a filha fizesse tudo o que desejava, agindo como uma verdadeira deusa na terra.
O esbravejar da empresária lhe tirou das suas lembranças.
-- Ligarei para o seu pai e falarei o quê? -- Indagou com as mãos na cintura. -- Que a doutora Júlia está fazendo um trabalho maravilhoso?
A mais jovem franziu a sobrancelha.
-- Essa idiota invadiu meu quarto quando ninguém tem permissão de fazê-lo, ousou debochar de mim e agora fica ali como se fosse a dona da situação.
-- Filha... --Tocou-lhe a face, mas foi repelida. -- Permita-se ser tratada, permita que ela faça o trabalho dela, assim você se livrará logo de tudo isso.
-- Achas mesmo que essa garota saída do ensino médio vai fazer milagres?
-- Como saída do Ensino Médio? -- Felipa questionou assustada.
Elizabeth relanceou os olhos.
-- Você não ver a cara dela? Por favor, óbvio que o meu pai a contratou por outros motivos, decerto deve estar levando-a para a cama.
-- Santo Cristo! -- A empregada cobriu a boca com a mão. -- Como pode dizer algo assim?
-- Ah, sim, e qual atributo essa mulher tem? -- Torceu a boca.
A governanta ainda abria a boca para protestar, mas acabou ficando calada diante do olhar irado, então pegou a bandeja e deixou o ambiente.
Liz cruzou os braços sobre os seios, queria retornar ao quarto e ficar trancada lá sem olhar para ninguém.
Observou de soslaio a fisioterapeuta.
Não demoraria para fazê-la ir embora com o rabo entre as pernas e apagar aquele sorriso idiota dos lábios carnudos.
De repente os olhos azuis a fitaram com aquele ar de presunção e não demorou para os passos seguros seguirem até si.
-- Ansiosa? -- Questionou parando bem perto dela. -- Desejosa da habilitação?
A empresária não respondeu de imediato, estava com a cabeça baixa, mas depois de alguns segundos a encarou.
-- Ansiosa para que saia daqui! -- Falou por entre os dentes.
Júlia apoiou as mãos nas laterais das pernas da paciente, enquanto a fitava:
-- Eu acho desnecessário que reaja assim. -- Disse em um suspiro. -- A única coisa que desejo é fazer o meu trabalho da melhor forma possível.
-- A mim não interessa seu trabalho! -- Disse bruscamente.
A fisioterapeuta assentiu.
De forma alguma era seu interesse ter essas desavenças com a mulher que deveria cuidar, entretanto, não aceitaria de forma alguma a forma que ela agia e lhe tratava. Exigiria respeito e não baixaria a cabeça para tolices de riquinha mimada.
-- Deite-se! -- Ordenou.
A paciente não respondeu, apenas fez o que fora dito, enquanto mantinha os olhos fechados.
A senhorita Wasten se posicionou mais uma vez sobre a cama, permanecendo de joelhos, sem deixar de fitá-la. Mirou a cicatriz que poderia ter sido facilmente retirada do seu lindo rosto, mas por alguma razão desconhecida permanecia lá, talvez como uma marca do que tinha vivido.
Sacudiu a cabeça, precisava se concentrar no que estava fazendo.
Iniciou as massagens nas pernas longas sobre o tecido de algodão. Fê-lo com cuidado, tentando não a ferir. Observou a respiração acelerada, enquanto o abdome liso se contraia.
Elizabeth a fitou, mas a outra parecia bastante centrada no trabalho.
-- E você está transando com meu pai nas horas vagas?
Júlia prendeu a respiração, mas não respondeu, apenas pegou novamente a bola, pondo-a sobre os membros inferiores, iniciando mais uma vez os exercícios.
A tia de Anny continuou, forçando-a, fazendo-a movimentar-se de forma a tentar recuperar um pouco do tempo que já perdeu.
Meia hora depois, Elizabeth suava como se estivesse exposta a uma corrida de cinquenta quilômetros.
Com a respiração acelerada, deteve as mãos que lhe auxiliava.
A fisioterapeuta a encarou.
-- Quero voltar ao meu quarto.
Júlia fitou os cabelos colados na nuca, o rosto demasiadamente corado, mas deu de ombros e pegou uma bola menor. Colocou-a sob a articulação do joelho.
-- Tente forçar a bola para baixo.
-- Já disse que quero voltar ... -- Falou pausadamente.
A fisioterapeuta parou o que fazia, depois arrumou o rabo de cavalo que usava.
-- Elizabeth, por favor, só estou querendo te ajudar.
Os olhos verdes se estreitaram em desprezo.
-- Não preciso da ajuda de nenhuma morta de forme. – Desdenhou. – Você não é ninguém, como tem a ousadia de achar que pode ajudar-me?
Júlia respirou fundo!
Era a primeira vez que lidava com uma paciente tão nojenta, mas também, pelo que foi oferecido pelo pai, já era de se esperar.
-- O seu dinheiro não serve para nada. – Pressionou um pouco a perna da jovem.
-- Basta um estalar de dedos e destruo sua vida. – Fez uma careta de dor seguida de um gemido.
-- Pronto! – Julia levantou-se com um sorriso. – Agora você já pode ir.
A fisioterapeuta seguiu para fora da sala.
Elizabeth continuou deitada.
Uma fúria enorme tinha tomado conta de si. Desde o fatı́dico acidente, ninguém lhe causara tanto ódio. Desejava arrancar aquele riso idiota estampado naqueles lábios. Queria lhe infligir uma dor mortal, vê-la derramar lágrimas de sangue. Teria o maior prazer em fazer isso.
Enterrou as unhas na palma da mão de tão forte que as fechavam. Soltou um rugido de frustração por estar incapacidade e ter se submetido ao tratamento compulsoriamente.
-- Deseja ajuda, senhorita? – O enfermeiro indagou aproximando-se.
-- Não, seu imbecil! Já consigo me virar sozinha. – Ironizou. -- Inscreva-me na próxima maratona.
Juan apenas assentiu, pois sabia que se ousasse retrucar, seria demitido na mesma hora. Pegou nos braços e a colocou na cadeira.
-- Deseja mais alguma coisa?
-- Sim! Vá para o inferno.
Júlia retornou para ala que ocupava naquela enorme mansão. Ainda sentia o sangue correr forte em suas veias diante da provação que tivera naquele dia. Sempre fora uma pessoa calma, tranquila em suas ações e raramente se envolvia em brigas ou retrucava diante de provocações, mas desde que fora apresentada a arrogância de Elizabeth Terzak, sentia como se a qualquer momento um vulcão fosse explodir em seu interior.
Se o que Alex tivesse oferecido não fosse tanto, não representasse a independência financeira, deixaria aquela ilha naquela mesma hora.
Parou diante da porta do apartamento, fechou os olhos e começou a iniciar exercícios de respiração para tentar se acalmar, depois de alguns minutos entrou.
Encontrou Jane preparando a pequena Anny para um passeio. Sorriu encantada ao ver a filha se alegrar com sua presença.
-- Posso saber para onde essa princesa está indo? Tá parecendo uma foquinha com esse maiô. – Pegou a criança nos braços e a encheu de beijos.
A menininha ria feliz e usava as gorduchas e diminutas mãos para agarrar a tia.
-- Ma,ma,ma. – Balbuciava.
-- Estamos indo à praia. – Jane colocou um enorme chapéu no bebê e outro em si. -- Pensei que demoraria e por isso não a incluí no passeio.
A fisioterapeuta ensaiou uma carranca que só arrancou risos da amiga.
-- Irei com vocês, assim tento relaxar um pouco, espere-me um . – Entregou a filha a babá e correu para se trocar.
Elizabeth permanecia sentada em sua cadeira. Aproximou-se das enormes portas que davam para a praia.
Nunca, naqueles dois anos, fora ali fora. Não havia mais prazer na sua vida, perdera totalmente o prazer de sentir viva.
Engraçado que quando estava sã, aquela mansão nunca estava em seus planos de visita. Nunca gostara muito do mar e odiava ficar isolada, tinha a necessidade de estar cercada de gente, gostava de ver a admiração, não só por sua inteligência, como também aparência. Sabia ser uma mulher muito bonita, cuidava-se bem, malhava bastante, cuidava da pele, dos cabelos e também havia a questão da sedução. Sua sexualidade sempre fora aflorada em demasia, sabia seduzir como um verdadeiro mestre e em todos aqueles anos fora rejeitada por algum ser.
Seguiu até a penteadeira.
Onde havia antes um espelho, existia apenas o vazio. Ela o quebrou no que fora levada até ali, mesmo no hall da entrada, todos os cristais foram retirados.
Afastou um pouco a cortina, inicialmente, cobriu os olhos devido à claridade, mas aos poucos foi se acostumando e foi nesse momento que viu duas mulheres e um bebê brincando na areia.
Olhou com mais atenção e logo percebeu de quem se tratava.
Júlia!
Furiosa, apertou o comunicado chamando a governanta. Em poucos segundos, Felipa adentrava o ambiente esbaforida, pois não era costume a patroa chamar.
-- O que houve, Liz?
-- Quem deu permissão para a empregada usar a praia particular dos Terzaks? -- virou a cadeira para a idosa, batendo forte nos encostos dos braços. -- E quem são aquelas que as acompanham?
Felipa se aproximou, observando pela fresta, viu quem era o alvo da raiva da herdeira de Alex.
Sabia que se mentisse a situação seria ainda pior, então secando as mãos no avental que usava falou:
-- A criança é a filha da doutora e a outra moça é a babá.
Elizabeth surpreendeu-se!
Júlia era muito jovem para já ter um filho, decerto fora uma dessas doidas que viviam com milhões de homens sem usar preservativo. Deveria ter até doenças. Enojou-se.
-- Exijo que elas saiam imediatamente da minha praia. -- Dizia gesticulando o indicador ameaçadoramente. -- Não dei permissão para que usassem, ela não é ninguém aqui para sair se aproveitando do que não é dela.
--Mas, menina...
-- Já! – Gritou. -- Faça-o ou chamarei a polícia da ilha agora mesmo.
A governanta preferiu não contrariar a patroa, pois sabia que ela seria bem capaz de fazer as autoridades arrastarem a jovem dali e trancafiá-la em uma prisão.
Lentamente, seguiu até a praia e chamou a fisioterapeuta, explicou o que estava se passando, porém a jovem não entendeu muito bem e foi direto tirar satisfação com a paciente.
Elizabeth viu a porta sendo aberta violentamente e uma deusa de biquíni invadir o local.
Realmente, era uma mulher muito linda. Apesar de ser magra, era toda definida. Nem parecia que já tinha um filho. A peça de banho que ela usava era minúscula, adequando-se e deixando ainda mais sensual os seios redondos, o abdome liso e o minúsculo pano que cobria a intimidade.
Suspirou irritada!
-- Você não tem educação? -- Esbravejou. -- Do lixo onde você saiu não te ensinaram nem isso?
Júlia a fitava, enquanto tentava a todo custo manter a calma.
A paciente estava vestindo um roupão atoalhado preto, os cabelos estavam úmidos denunciando o banho recente.
-- Bem, você não tem nenhuma moral para falar em educação. – Manteve uma distância segura. -- Então deixo que use para você o que tanto propaga.
Liz estreitou os olhos ameaçadoramente.
-- Saia já do meu quarto.
A mãe de Anny aproximou-se um pouco.
-- Por que pediu para Felipa mandar eu sair da praia? Posso saber o que te incomoda o fato de estarmos nos divertindo? -- Questionou com as mãos na cintura.
-- Não esqueça que aqui você é apenas uma empregadinha, empregadinhas não usam os lugares dos patrões.
A fisioterapeuta respirou fundo.
Alex tinha permitido que ela usufruísse de todas as coisas que a ilha oferecia, mas preferiu não continuar a discussão.
-- Ok! – Virou-se para sair. – Pode comer sua praia, cuidado para não morrer engasgada.
-- Quem te deu permissão para trazer uma pirralha para minha casa?
Júlia olhou sobre o ombro direito.
-- Não ouse falar da minha filha. – Avisou entre os dentes.
-- Cadê o pai dessa criança? Só falta ela ser uma bastarda. – Disse venenosa.
A paciência da fisioterapeuta extinguiu-se. Não suportava que ninguém falasse de Anny. Aquela criança já sofrera o suficiente com a perda dos pais.
Caminhou até ela com passos largos, segurando em cada lado da cadeira, praticamente arrastando-a.
-- Nunca mais abra sua boca suja para falar da minha filha. – Encarou-a.
-- E o que você vai fazer se eu falar? – Levantou a sobrancelha em desafio. -- Se quiser patrocino um exame de DNA para você descobrir quem gerou sua filhinha. -- Disse em desdém.
Júlia apertou mais forte a cadeira, enquanto os olhos azuis pareciam a ponto de invadirem os verdes, depois aproximou os lábios da orelha dela e disse:
-- Acabo com sua raça.
Deu um sorriso meigo, levantou-se e saiu.
A noite estava bem escura, com certeza viria uma tempestade.
A ilha era habitada por algumas pessoas, havia um pequeno povoado que era habitado por pescadores. A mansão dos Terzaks surgia em meio a vegetação, parecia fazer parte do panorama.
Júlia acordou cedo.
Tomou banho, vestiu-se e preparou-se para começar as sessões de fisioterapia. Não voltará a encontrar com a paciente no dia anterior.
Preferia evitar bater de frente com ela novamente, perdera a calma e isso era muito difı́cil de acontecer. Nunca se exaltava, sempre fora uma mulher contida, não era de perder a paciência com ninguém, mas Elizabeth conseguia tirar qualquer um do sério. Ela era debochada, irônica, arrogante e para piorar ainda teve a ousadia de falar mal da sua filha.
Anny era tudo de mais importante que tinha, podia a menina não ter sido gerada dentro de si, mas a amava como se tivesse. Ela era sua filha e não permitiria que ninguém magoasse a pequena.
Elizabeth tomou banho e penteou-se.
Estava pronta para ir a sessão de fisioterapia.
Passara a noite em claro, a chuva sempre lhe deixava assustada. No dia do acidente chovia bastante, por isso sempre ficava temerosa com esse tempo.
Seguiu para a sala de exercı́cios.
Julia encontrou Elizabeth próximo a piscina. Ela parecia hipnotizada olhando para água. O que passaria pela cabeça daquela mulher? Ela era tão estranha, não conseguia ver nenhum sentimento naqueles olhos verdes. Havia uma frieza presentes neles, raiva, ódio.
A paciente sentiu que alguém a observava. Virou-se e deparou-se com um par de olhos azuis lhe fitando.
-- Pensei que não viria mais.
-- Hun! Hoje, você parece ansiosa pela minha presença. – Sorriu.
-- Apenas, quero que isso termine rápido.
Júlia pediu ao enfermeiro para colocar a jovem na cama.
Elizabeth estava melhor vestida. Calça de moletom e camiseta.
A fisioterapeuta começou a massagem, iniciou pelos pés e foi subindo até chegar as coxas.
-- Da próxima vez vista um short, fica melhor para o meu trabalho.
Elizabeth olhava para as mãos que tocavam seu corpo. Eram dedos longos que si insinuavam por toda extensão. Era estranho, aquilo chegava a ser prazeroso.
-- Chega! – Falou. – Não gosto do seu toque.
A jovem a encarou sem entender o que estava a dizer.
-- Isso é preciso, uma espécie de alongamento para as atividades que se seguem.
-- Mas, não gosto.
-- Ok! – Saiu de cima da cama e colocou a bola grande sob as pernas da paciente. Ajudou-a a fazer os movimentos.
Naquele dia estava forçando mais, precisava que ela recuperasse a força nos membros inferiores, só assim poderia seguir para a segunda etapa.
Uma hora depois, a paciente parecia ter tomado um banho. Mesmo o ambiente sendo climatizado, o esforço feito pela jovem a fez transpirar bastante.
-- Chega! Não aguento mais.
A fisioterapeuta assentiu, enquanto anotava o progresso do dia na prancheta que costumava usar.
-- Amanhã continuamos. – Afastou-se.
O enfermeiro ajudou a patroa sentar-se e seguiu com ela para o quarto.
Júlia seguiu direto para o banho, após beijar a filha. Jane estava preparando o almoço.
Anny estava sentada no quarto brincando, mas travessa como era, levantou-se, segurando nos objetos e seguiu para fora.
Elizabeth estava esperando o almoço chegar, Felipa virá perguntar o que ela desejava comer e esqueceu de fechar a porta. Isso era muito irritante.
Aproximou-se, quando viu uma pequenina adentrando o ambiente. Era uma criança linda. Gordinha, com os cabelos pretos e olhos azuis, não havia dúvidas de quem era a mãe. Usava fralda descartável de ursinho, camiseta e estava com os pés fofinhos descalços.
“ ma,ma,ma,ma,ma,ma”
Essas eram as palavras que o bebê balbuciava.
A criança aproximou-se mais, até segurar-se nos joelhos de Elizabeth.
A mulher ficou sem saber como agira. Nunca se aproximara de nenhum ser tão pequeno.
A menina parecia querer colo.
Júlia saiu do banheiro e não encontrou a filha brincando.
Onde a menina poderia ter ido? Ficou desesperada e saiu em busca do bebê.
-- Jane! -- Chamou pela amiga.
A jovem veio correndo.
-- O que houve? -- Indagou preocupada.
-- A Anny está contigo? Deixei-a aqui quando fui tomar banho.
-- Não, eu estava na cozinha...
A babá nem terminou de falar e a fisioterapeuta já deixava o apartamento correndo, sem ao menos lembrar que vestia apenas uma calcinha com uma camiseta justa.
Seguiu pelos corredores da mansão, olhando em todos os lugares, sabendo que a menina poderia bem se esconder em qualquer lugar.
Acelerou os passos ao pensar que ela poderia ter seguido até a praia, porém quando passava pelo quarto da filha de Alex, ouviu o risinho feliz da menina, entrou sem mesmo bater. A cena que viu tocou seu coração.
A criança se encontrava nos braços de Elizabeth. Parecia se divertir brincando com os cabelos da dona da casa.
-- Anny. – Aproximou-se e tirou-a dos braços da jovem. – O que está fazendo com minha filha?
A empresária observou os trajes que a moça estava usando e isso a irritou. Encarou-a:
-- Ela chegou aqui sozinha. Você deveria ter mais responsabilidade. – Falou aborrecida. – Próxima vez, deixo-a perdida por aı́.
Júlia apertou a menina contra o peito e era possível ver as lágrimas que lhe enchiam os olhos.
-- Obrigada.
Ambas se fitaram por alguns segundos, até a fisioterapeuta virar-se e ir embora.
Já estou apaixonada, aguardando ansiosamente os próximos capítulos.
ResponderExcluirPois já está disponível, meu bem, boa leitura.
ExcluirBeijos!