Dolo ferox -- Capítulo 30


          Nathália seguia pelo corredor do hospital.
Não aguentava mais ficar naquele lugar, odiava aquele cheiro e as lembranças que pareciam querer lhe atormentar o espírito.
Alta, pele branca, olhos verdes e cabelos negros, não tinha como passar despercebida em parte alguma, já estava acostumada com isso, então os olhares que recebia das pessoas não pareciam lhe interessar.
Parou para guardar o celular na bolsa de couro marrom.
Vestia-se jovialmente com um vestido florido que destacava os seios bonitos, circundava a cintura fina e caia solto pelas curvas até os calcanhares.
Voltou a pegar o aparelho eletrônico, fitando a ligação de quase uma hora que recebeu.
Precisava correr contra o tempo se desejasse sair daquela história vitoriosa.
Seguiu até o elevador.
Ontem passou a noite em uma boate badalada, esperava que sua foto não aparecesse nos malditos tabloides. 
Estava cansada de bancar a mocinha recatada. Desejava transar e transar sem se importar com nada em seu caminho.
Ainda podia ver a duquesa a brigar consigo, dizendo para tomar cuidado, pois a Natasha ganhava espaço com a circense.
Valerie…
A amada irmã era mais difícil de sumir que precisão em casa de pobre. Parecia ter sete vidas igual a um gato. O que custava se matar de uma vez?
Como alguém conseguia sobreviver a todo desprezo que recebeu na infância?
Quantas vezes ficara a pensar que a ruiva sucumbiria a depressão e se jogaria de um dos quartos da mansão… Desejava aquilo silenciosamente...
Respirou fundo ao recordar de Verônica!
A bela Vallares fizera tudo que tinham planejado, infernizara dia após dia a arquiteta, acusando-a, negando-se a ela, humilhando-a diante de todos, fazendo ver como estava em uma posição inferior, mas mesmo assim a maldita arqueava o nariz arrogante e continuava a seguir.
Observou o próprio reflexo no espelho.
Dessa vez não sairia daquele folhetim sem a vitória. Valentina não teria o mesmo destino que a tia. Traria-a para si novamente e não aceitaria uma derrota de forma alguma.
O elevador abriu e se deparou com Nícolas.
Percebeu o olhar perturbado do milionário, parecia reocupado.
— O que houve? — Indagou com a voz mansa e prestativa. — Onde está a Valentina?
— Eu não sei, já andei pelos corredores atrás dela, o apartamento está vazio e não encontrei ninguém que pudesse me explicar o que se passa.
Nathália olhava de um lado para o outro, parecia suspeitar de tal desaparecimento.
De repente a enfermeira chefe veio na direção dos dois. 
A senhora roliça, de cabelos loiros e olhar maternal trazia um sorriso nos lábios.
— Onde está minha filha? -- O filho do conde indagou irritado. -- Estou quase chamando a polícia para que se responsabilizem por isso. -- Ameaçou.
A mulher fez um gesto com as duas mãos como se estivesse a rezar.
                — O pequeno anjinho reagiu, saiu da UTI, o doutor Arthur pediu para a senhorita Valentina amamentá-lo. 
O olhar da neta de Isadora não era um dos melhores. Então estava junto com a irmã! 
— Onde ela está? — Indagou irritada. -- Diga de uma vez, não temos tempo para sua emoção estupida!
        A enfermeira pareceu chocada diante da insensibilidade da bela mulher, mas fez um gesto afirmativo com a cabeça. 
— Venham comigo, levarei-os até lá.
A Hanminton trocou olhares com o sogro, mas logo depois assentiram, seguindo ao lado da profissional da saúde.



Valentina observava os olhos a fitarem.
Mesmo a criança sendo tão novinha, tinha certeza que a tonalidade seria igual ao da Valerie.
Era tão miúdo que temia segurá-lo.
Nem acreditava que ele fora gerado em seu interior, que o carregara consigo durante todos aqueles meses.
Viu-o abandonar o peito, mas depois de alguns segundos, voltou para a fonte de alimentação, ela o ajudou a pegar o biquinho.
                   Sorriu!
Com o dedo indicador, tocou a mãozinha que permanecia fechada. Tocou os fios ruivos e mais uma vez sentia aquela emoção tomar conta de si.
Imaginava-o correndo, brincando…
Levantou a cabeça e se deparou com o olhar penetrante de Natasha. 
Ela parecia querer invadi-la, adentrar em seus pensamentos, analisava-o com aquela expressão de superioridade.
                     Arrogante!
— Eu não abrir mão do meu filho! — A morena falou em tom baixo. — Você pode mover céus e terras, mas eu não desistirei… Não esqueça de que ele também tem o sangue da minha tia, é filho dela também.
A arquiteta apenas a encarava, ponderava sobre tudo aquilo.
— O juiz não entendeu isso… — Levantou-se. — Quem começou primeiro com a intenção de me manter distante foi o seu pai, eu apenas respondi a altura.
— Sabemos muito bem o motivo dele agir assim… Mas não esqueça que eu não fiz nada, então sua raiva está direcionada a pessoa errada.
Natasha seguiu até a janela, parecia sufocada diante da atmosfera.
Precisava manter a serenidade, a frieza, só assim tudo seguiria bem, mas parecia tão difícil quando tinha a circense tão perto de si, era como se perdesse o controle, como se sua mente não conseguisse raciocinar direito. 
Ouviu a porta ser aberta e ao se voltar lá estava a irmã acompanhada de Nícolas.
Cerrou os dentes fortemente ao ver Nathália ir até a herdeira do conde, agachando-se e beijando-lhe os lábios.
Enterrou as unhas na palma da mão para não tomar uma atitude que deveria evitar, porém seu desejo era partir para cima das duas mulheres.
O filho do conde se aproximou também, parecia emocionado ao fitar o garotinho.
— Meu Deus… -- Dizia maravilhado. -- Parece um anjinho... 
Valentina sorriu a mirá-lo.
— Veja, papai, como é lindo…
— Sim… É o bebê mais lindo que já vi em toda minha vida… — O homem estendeu a mão com cuidado, tocando no neto. — Parece tão frágil... tão pequeno.
Nathália voltou a beijar Valentina.
— Vamos criá-lo com todo amor do mundo, meu amor…
A arquiteta relanceou os olhos em irritação.
— Quem deu permissão para vocês entrarem aqui? — Questionou furiosa. — Quero todos fora nesse exato momento! -- Bradou. -- Saiam!
Todos os olhares se voltaram para a ruiva.
— Não cansa de ser cruel, Natasha? — A neta preferida de Isadora se levantou, enfrentando a irmã. — Não basta tudo o que fez aos Vallares, ainda tem a coragem de proibir que os que tem direito se aproxime dessa criança.
A Valerie deu alguns passos para frente, parecia pronta para agredi-la, mas pareceu reconsiderar. 
— Isso não é da sua conta! — Disse por entre os dentes.
— Pois saiba que é sim da minha conta… Porque além de ser namorada da Valentina, fui eu a responsável pela inseminação… Então vai ser comigo que resolverá tudo isso!
                   A Valerie foi até a morena e tomou a criança nos braços dela, mesmo diante do olhar de súplica, não pareceu se sensibilizar.
— Só aproximarão do meu filho por uma ordem judicial, enquanto isso, nenhum chegarão perto dele. Agora saiam daqui!
Valentina se levantou, arrumando a camisola, encarava a ruiva cheia de remorso.
— Vai se arrepender… — Apontou-lhe o indicador. — Sairemos daqui em consideração ao meu filho, pois se percebe que você não tem nenhum tipo de respeito por ninguém, nem mesmo por uma criança que acabou de sair de um estado crítico… Porém fique ciente que em breve se arrependerá disso…
Nathália esboçou um sorriso, enquanto tomava a mão da namorada.
— Vamos, meu amor, logo você não precisará mais se separar do bebê.
A circense assentiu, enquanto olhava mais uma vez para o rostinho de Victor, deixou a sala de mãos dada com a Hanminton.
Nícolas não fez o mesmo, permaneceu lá, encarando a inimiga. 
Natasha apenas exibia o sorriso cheio de sarcasmo.
— Não vai demorar para te jogar na prisão novamente… Quero só ver se ainda vai exibir essa superioridade… Maldita desgraçada!
A ruiva continuou com a mesma expressão até o homem sair.
Tentava manter a calma, enquanto encarava o filho. Pedindo perdão em silêncio por tudo o que estava a fazer. 



Valentina se arrumava no banheiro, enquanto Nathália a esperava.
Não tinha motivos para continuar naquele lugar, pois há tempos tinha recebido alta, só o filho a prendia ali, mas agora com a imposição de Natasha, nada adiantaria continuar.
                   Mirou o reflexo e viu como a face estava vermelha.
                  Não acreditava no que estava acontecendo, nem mesmo em seus piores pesadelos chegou a imaginar que a arquiteta seria tão cruel consigo.
Seguiu até o quarto.
A neta de Isadora se aproximou, tomou-lhe a mão, fê-la sentar na poltrona, agachando-se, segurou-lhe a mão. 
Ambas se encararam durante longos segundos, olhavam-se apenas sem nada falar. Pareciam perdidas em seus próprios pensamentos, em seus interesses. 
— Meu amor, eu sei que desde que retornei, tudo parece estranho entre nós… Eu entendo, sabe, sei que não deveria ter tomado algumas atitudes, mas eu juro que tudo que fiz foi por você… — Beijou-lhe a mão. — Dê-me mais uma chance, eu imploro, peço que façamos mais uma tentativa… -- Uma lágrima rolou por sua face. -- Se eu pudesse nesse momento fazer um único pedido a Deus, seria que você tivesse com aquele bebê em seus braços... Porque só assim eu poderia voltar a ver seu lindo sorriso...
A circense mirava os olhos verdes.
Gostaria de que as coisas fossem tão fáceis, que seu coração não tivesse ocupado pela Valerie. Odiava sentir-se assim, pois em todos aqueles meses, não havia nada que pudesse demonstrar que havia algum tipo de sentimentos, além da maldita arrogância, orgulho e crueldade que adorava demonstrar. Deveria lutar para tirá-la do seus pensamentos, ela não merecia seu amor, essa era a maior certeza que tinha naquele momento. 
Mais uma vez lágrimas começaram a rolar por sua face e logo o pranto calmo se transformou em uma explosão de emoções regada a soluços.
Nathália a abraçou e a trapezista aceitou, escondendo o rosto no pescoço esguio, apertando forte a neta de Isadora, como se necessitasse dela como um náufrago à deriva. 
— Nós vamos conseguir… Você vai ter seu filho em seus braços, eu mesma me certificarei disso, eu mesma lutarei para isso… — Fê-la encará-la, segurando-lhe o rosto. — Acredita em mim?
                Valentina precisava acreditar, necessitava com todo seu ser crer que ela estava falando a verdade. 
                   Assentiu com um gesto de cabeça e não demorou para sentir os lábios macios encostar nos seus.
                Fechou os olhos e se permitiu ser tocada, permitiu que o beijo acontecesse. A língua roçava e não demorou para encontrar a sua. Chupou-a forte, tomando-a para si, tentando ir longe, tentando não pensar, apenas tentando não sair ferida de novo de tudo aquilo.
                A carícia foi interrompida.
                 Mais uma vez ficaram a se olhar.
                 — Ajude-me, Nathália, ajude-me, por favor…
                 A aristocrata sorriu, abraçando-a novamente.




            Natasha observava o berço do filho.
          O quarto tinha sido decorado cuidadosamente, enquanto estavam no hospital. As paredes foram pintadas de azul e branco. Havia desenhos de ursinhos por todos os lados. Um arco-íris. Tudo parecia tão feliz.
        Observou a estante com brinquedos. O trocador, o armário. Uma cama estreita tinha sido colocada lá junto com uma poltrona reclinável. 
             Eles tinham vindo para a cobertura naquele dia.
             O pequeno chorara a plenos pulmões e só agora pareceu se acalmar, dormindo.
             A ruiva foi até ele, observando-o em seu sono, parecia tão frágil.
            Foi até a mesinha e pegou o livro infantil que estava lá. Tentara até contar histórias, mas nada parecia ser suficiente para o pequeno Victor.
            Apagou uma das luzes, deixando a luminária acesa. Voltou para a poltrona, amarrou o roupão, sentou-se, cruzando as pernas, mirando mais uma vez as figuras coloridas do livro.
            Umedeceu os lábios…
          No dia seguinte iria até Rick. O detetive parecia ter novidades, esperava de todo coração que algo de bom estivesse para acontecer, pois já não sabia mais onde buscar forças para prosseguir com tudo aquilo.
              Inclinou a cabeça, enquanto mantinha os olhos fechados.
              Valentina…
             Aquela era a imagem que aparecia o tempo todo…
           Sabia que estava sendo cruel e não podia negar que estava se vingando por vê-la beijando a irmã, por ter presenciado aquela cena que parecia apenas se repetir na sua cabeça.
              Cerrou os dentes tão fortes que precisou aliviar ao sentir o maxilar doer.
             O seu foco não era a circense! Repetia isso o tempo todo. A única coisa que deveria focar era em manter o filho a salvo e desmascarar Isadora e Nathália de uma vez por todas. Precisava provar os crimes que elas cometeram e esclarecer a morte de Verônica. Agora mais que nunca deveria fazê-lo, pois não permitiria que essas acusações no futuro pudessem prejudicar o filho.
               A porta se abriu e Helena entrou.
               A esposa de Leonardo estava lá desde cedo, auxiliando-a, afinal, ela nem mesmo sabia o que fazer com a criança.
              — Fiz mamadeiras… — Colocou sobre o móvel. — Mas você sabe que o melhor seria que a Valentina o amamentasse… — Fitou o bebê dormindo. — Filha, reconsidere, você mesma sabe o que é o melhor nesse momento.
              — O melhor é manter a Valentina bem longe… A presença dela seria prejudicial, ainda mais se meu filho se apegasse, não quero que ele sofra depois…
               — Como você está sofrendo?
               Os olhos verdes se estreitaram ameaçadoramente. 
             — Achas que me amedronta, Valerie? — Helena colocou as mãos na cintura. — Não esqueça que convivo contigo desde que era apenas uma garotinha e não é a primeira vez que vejo essa expressão que usas para intimidar os outros… Comigo não funciona!
              A ruiva se levantou, deixando o livro sobre a poltrona.
             — O que você acha que tenho com a trapezista? — Indagou cruzando os braços. — Pensa que a amo só porque transamos? Ah, por favor, Helena… Você mesma disse que me conhece há muito tempo e já deve ter visto o tanto de mulher que já passou por minha vida… Até mesmo a Verônica e nenhuma delas representou nada mais que prazer carnal.
            — Esse discurso pronto é para enganar a quem? Imagino que você mesma fique repetindo isso dentro dessa sua cabecinha dura…
           — Chega! — Disse irritada. — Agradeço a sua ajuda, mas não desejo falar de nenhuma palhaça de circo aqui… Meu filho e eu não precisamos dela!
                A senhora Antonini assentiu, pois sabia que seria inútil continuar aquela discussão.
               — Leonardo e eu ficaremos aqui hoje… Preparei um jantar, se quiser, fico com o Victor para você comer algo.
                 A arquiteta fez um gesto afirmativo com a cabeça.
             — Preciso contratar uma babá! — Passou a mão pelos cabelos. — Preciso de alguém que seja responsável para cuidar dele.
            — Por enquanto, eu mesma cuidarei dele, não se preocupe com isso, pois teremos que escolher alguém com calma para essa função.
                 — Mas, Helena, vai ser trabalhoso… -- Protestou. 
             — Nada disso, farei com o maior prazer… — Voltou a encarar o pequeno. — Não sabes como estou entusiasmada com essa criança.
                Natasha esboçou um sorriso.
                — Obrigada!
                A mais velha foi até ela, beijando-lhe a face.
                A Valerie nada disse, enquanto deixava o quarto.



                 Valentina seguiu até o escritório. O patriarca da família tinha requisitado sua presença.
             A morena adentrou o grande espaço e o viu sentado em sua cadeira elegante, ele parecia compenetrado em papéis, ao vê-la, sorriu.
              Há dois dias a morena tinha retornado para a mansão e a única coisa que fazia era ficar trancada dentro do quarto, saindo apenas para fazer as refeições ou receber a visita da namorada.
                  — Venha até aqui! — Apontou-lhe a cadeira de frente para que ela se acomodasse.
                 A morena o fez.
                 Usava calça de moletom, camiseta e os cabelos estavam presos em um rabo de cavalo.
                 Sentou-se com as pernas dobradas em posição de buda.
                — Filha, está cada dia mais abatida e não é assim que vencedores devem agir.
               — O que venci? — Indagou com sarcasmo. — Porque o que aconteceu é que fui usada como barriga de aluguel e agora nem chegar perto do filho que foi gerado dentro de mim eu posso!
            — E você acha que ficar trancada dentro de um quarto a chorar vai resolver algo? — Estendeu as mãos sobre a mesa tomando as dela. — Todos os meus advogados estão lutando por seu direito, mas você precisará fazer o mesmo também.
                  A morena soltou um suspiro sofrido.
          Aqueles dias estavam sendo um verdadeiro suplício. Tentara inúmeras vezes falar com a Natasha, mas ela não lhe atendia, nem respondia uma única mensagem enviada. Parecia feliz em destruí-la aos poucos, tratando-a pior que a um cachorro de rua.
                — O que o senhor acha que devo fazer, vovô? — Indagou depois de algumas ponderações.
               Nicolay corriu.
               — Quero que assuma o seu lugar nos negócios da família! — Falou com os olhos brilhando. — Eu não tenho mais como fazer isso… Seu pai anda muito ocupado com os próprios negócios, então só me resta você…
                Os olhos negros pareciam confusos, mas um certo brilho surgia.
                — Eu a ensinarei… Você será uma Vallares superior a todas as que existiram…
                — Mas e o meu filho?
             — Assuma seu lugar e lute de cabeça erguida… Você pode enfrentar a Natasha Valerie melhor que qualquer um de nós, disso eu não tenho dúvidas. 
                 A jovem fez um gesto afirmativo com a cabeça, depois deu a volta na mesa, indo receber o abraço daquele homem que a tratava tão bem.




               Nathália parecia disposta a tudo para ajudar a Valentina, até mesmo aceitando a culpa pela inseminação da circense.
                 Naquela manhã haveria uma audiência para uma possível conciliação entre as partes.
                 Natasha estava com os advogados e Leonardo.
                Surpreendera-se diante da intimação para comparecer em juízo. Só não deixou de ir, porque gostaria de presenciar a performance de atriz da irmã.
                 Passara-se quase duas semanas que Victor tinha ido para casa e cada dia que passava ele parecia mais forte. 
                  — Quanto tempo isso irá demorar? — Indagou impaciente.
                  — Bem, os envolvidos acabam de chegar. — Antonini sussurrou.
                A ruiva virou a cabeça para trás e teve a impressão que seu coração parecia que explodiria em questões de segundo.
                Nícolas, Isadora, Nathália e Valentina adentravam o fórum. Mas só a circense lhe chamava a atenção. A morena usava uma saia justa branca que chegava aos joelhos, uma blusa de seda branca de mangas longas e um elegante terninho azul por cima. Os cabelos estavam menores, soltos, emoldurava a face bonita. O corpo tinha voltado ao normal rápido de mais.
                   Observava os passos lentos dos elegantes sapatos de salto fino e de cor nudes.
                   Viu o sorriso nos lábios da irmã ao ostentar que seguia de mãos dadas com a trapezista.
                   A ruiva virou-se para frente e mais uma vez teve a impressão que perderia o controle.
                 Sentia uma intensa raiva a lhe queimar por todos os poros, uma vontade maligna de destruir a todos, principalmente a herdeira dos Vallares.




           Helena subiu até o quarto de Victor.
           Sorridente, levava a mamadeira.
Aproximou-se do berço e viu o pequeno acordado, brincava com os ursinhos que estavam pendurados.
A cada dia que se passava estava mais forte e mais saudável.
— Só agora você acorda não é? — Estendeu as mãos, pegando-o. — Sua mamãe Valentina trouxe o seu leite, te deu um beijo e você nem para vê-la. — Fitou-lhe. — Espero que ela consiga o direito de se aproximar, mas se for diferente, continuaremos fazendo tudo às escondidas. — Sorriu. — Não deve nem pensar em nos denunciar, viu, afinal, seu leitinho está sempre garantido.
Helena levou-o até o trocador, deitando-o, entregou-lhe um brinquedo para distraí-lo, enquanto lhe tirava a roupa.
          A fralda estava suja de xixi.
Parou a tarefa para observar bem a criança.
Não havia dúvida de quem era filho, os traços de Natasha apareciam dia após dia, até mesmo os olhos verdes em uma tonalidade mais escura. Fisicamente não havia nada dos Vallares e rezava para que não herdasse de Verônica a personalidade.
Segurou-lhe a diminuta mãozinha.
Sabia que se a Valerie descobrisse o que estava sendo feito a suas costas seria terrível, mas jamais aceitaria que Valentina não tivesse permissão para ver a criança que carregara dentro de si durante todos aqueles meses, por isso, no dia seguinte que a ruiva retornara ao trabalho, entrara em contato com a circense e desde desse dia, a bela morena ia ao encontro do filho.



Valentina sentou-se na fileira da frente tendo ao seu lado o pai e da duquesa.
Nathália estava sendo interrogada naquele exato momento e parecia bastante segura diante das suas palavras.
Não tinha motivos para reclamar dela, ao contrário, nos últimos dias se tornara um grande apoio em sua vida, principalmente nessa nova rotina de aprendizagem.  A exposição que ela estava sofrendo naquele momento era a maior prova do seu afeto.
Umedeceu os lábios e ao inclinar a cabeça para trás lá estava os olhos incisivos e frios de Natasha a lhe mirar.
Viu-a assim que entraram por aquela porta, observou o desdenhoso olhar e agora não parecia diferente.
               Miseravelmente linda!
           Odiava aquela expressão de indiferença que ela exibia, aquele arquear de sobrancelha carregado de cinismo ou os lábios rosados entreabertos prontos para serem beijados.
                Sacudiu a cabeça tentando se livrar daqueles pensamentos.
Sabia que ela desejava lhe intimidar, mas jamais conseguiria e como o avô falou, ela poderia lhe enfrentar.
Voltou a olhar para frente, tentando acompanhar o que se passava, mas a presença da arquiteta a distraia demasiadamente.
            Ainda tinha na mente a imagem que viu ao chegar. Os cabelos afogueados soltos, a jaqueta marrom e a camiseta preta, justa de gola alta...
Naqueles dias a raiva por ela só fazia aumentar, odiava-a pela forma desprezível que vinha sendo tratada. Se não fosse Helena, nem mesmo acompanharia a recuperação do filho.
Sorriu!
Todos os dias saia da empresa do avô no horário do lanche da tarde, seguindo direto para a cobertura. Às vezes o fazia também pela manhã, assim amamentava a criança e deixava o leite para as horas que não poderia estar presente. Era sempre um martírio ter que deixá-la, mas fazia, pois não desejava que a boa senhora Antonini tivesse problemas. 
Naquela manhã passara rapidamente lá, deixando o alimento. Victor dormia como um anjinho, nem pôde segurá-lo, esperava que hoje ainda pudesse ir até lá.
Suspirou alto.
— Tudo bem, filha? — Nícolas indagou preocupado.
— Sim, papai, apenas estou me sentindo cansada de tudo isso…
O homem lhe segurou a mão.
— Tenha paciência e tudo vai acabar bem.
Ela esboçou um sorriso, voltando a prestar atenção ao interrogatório.
O advogado de Natasha seguia implacável.
— A senhora cometeu um crime ao usar o material genético da sua irmã em sua namorada, sem esquecermos que nessa ocasião, outro crime era cometido, o de usurpação. Então por qual razão acha que devem receber a permissão para conviver com essa criança? 
                  A juíza observava tudo com atenção e esperava que a Hanminton respondesse. 
— Sim, eu sei… — Nathália dizia. — Reconheço o crime, mas todos já sabem os motivos que me levaram a fazê-lo, óbvio que não justifica, mas mesmo assim, eu não tinha saída... Mas se é preciso que alguém pague por isso, que seja eu, não a Valentina... ela é a única inocente de toda essa história.
Natasha se levantou, deixando a sala.
Estava furiosa diante de todo aquele teatro, desejando fazer Nathália cuspir toda a verdade.
O guarda abriu a porta e arquiteta deixou o espaço.
Caminhou até um pequeno corredor onde não havia ninguém.
Observava os quadros que adornavam as paredes amadeiradas e bem lustradas.
Apoiou-se a elas com ambas as mãos.
Tinha a impressão que estava mergulhada em um verdadeiro inferno nos últimos dias. A única parte boa em tudo aquilo era o filho. Contava as horas para estar com ele. Adorava levá-lo para a sala do piano, deixava-o na cadeirinha, enquanto tocava,em outros momentos, ficava com ele nos braços, enquanto brincava com as teclas.
Não permitiria a presença dos Vallares, não deixaria que Isadora e a irmã se aproximassem.
Tentava de todas as formas ignorar o vulcão de sentimentos que viviam a lhe atormentar durante as noites de insônia, ou quando conseguia dormir e olhos negros pareciam lhe perseguir.
Por que permitira que a herdeira do conde chegasse tão longe dentro de si?
Bateu tão forte contra a parede que sentiu os dedos estalarem.
— Maldita!

Valentina observou o celular, havia inúmeras ligações de Helena.
Deus, será que tinha acontecido alguma coisa?
Levantou-se diante do olhar estupefato do pai.
— Precisa fazer uma ligação, papai, já volto!
Nícolas pareceu desconfiado, mas apenas assentiu.
Isadora lhe olhou em reprovação, mas foi totalmente ignorada pela circense.
Valentina seguia até a outra extremidade, buscando um lugar onde não havia muita gente.
Discou o número e depois de insistentes segundos, a senhora Antonini atendeu.
— Algum problema, Helena? Tudo bem com meu filho? — Questionou preocupada.
— Sim, filha, tenha calma, apenas liguei porque falei com Leonardo. Hoje a Natasha terá uma reunião muito importante e não estará em casa pela tarde.
A jovem se sentiu aliviada, pois ao ver as chamadas ficou a pensar que algo tivesse ocorrido.
— Eu irei, estou morrendo de saudades do Victor… Te aviso assim que seguir para ir.
— Certo, filha, nos vemos aqui!
A morena encerrou a chamada com um sorriso brincando nos lábios. 
Assim que saísse, passaria em uma loja e compraria alguns moletons para o bebê.
Guardava o aparelho na bolsa quando ouviu passos e ao levantar a cabeça, deparou-se com a arquiteta caminhando em sua direção.
Encarou-a por alguns segundos, mas logo seguiu, sabendo que seria uma perda de tempo manter algum tipo de diálogo.
Natasha a deteve pelo braço.
— Esqueça meu filho! — Exigiu por entre os dentes. — Faça o seguinte, engravide da sua amada Nathália e tenha quantas crianças desejar para suprir essa sua carência idiota.
Valentina fitou a mão que prendia seu braço, via os dedos longos de unhas bem feitas lhe apertar a carne, depois mirou os olhos verdes que estavam tão escurecidos que pareciam tão negros quanto os dela.
— Eu não tenho nada para falar contigo! — Tentou se desvencilhar delicadamente, mas a ruiva a pressionou mais. — O que você quer, Valerie? Quantas vezes te liguei e você me ignorou, implorei em mensagens para me ouvir, para me escutar e você simplesmente rejeitava cada uma das ligações que fiz… E agora você vem falar comigo? Sinceramente, prefiro que continue a me ignorar. 
Os olhos verdes se estreitaram ameaçadoramente, enquanto enrijecia o maxilar. 
Sim, era verdade, ignorou-a, pois sabia que não teria forças para resistir aos apelos daquela mulher.
— Saia do meu caminho, palhaça de circo! — Ordenou com os dentes cerrados. — Esqueça que existimos e mande a Nathália acabar com essa maldita palhaçada! -- Exigiu. 
— Por que eu faria isso? — Questionou com perplexidade. — A Nathália está sendo maravilhosa comigo… — Mirava-a intensamente. — Está fazendo tudo para me ajudar, está se expondo diante de todos para que eu possa ter o direito de me aproximar do meu filho… — Meneou a cabeça negativamente. — Eu sou grata a você por ter permitido que eu pudesse ver como verdadeiramente a sua irmã me ama!
A ruiva a apertou ainda mais forte, odiando-a ainda mais naquele momento.
— Imagino que já esteja dando para ela da mesma forma que o fez comigo… 
A morena esboçou um sorriso grande, enquanto arqueava a sobrancelha esquerda em sarcasmo.
— Ainda não, o médico não liberou esse tipo de extravagância, mas não se preocupe, assim que o parquinho estiver liberado, deixo a Nathália degustar daquilo que você vivia atrás.
A arquiteta empurrou a morena como se o toque tivesse lhe queimado.
Valentina quase se desequilibrava, mas conseguiu se manter firme.
A ruiva saiu pisando duro, parecia que afundaria o assoalho a qualquer momento.
A neta do conde permaneceu quieta, tentando manter a respiração controlada, sentia-se tremer.


Helena viu quando Victor acordou pela babá eletrônica, mas antes de ir até ele, seguiu para abrir a porta para Valentina.
Sempre quando a morena vinha, arrumava algo para a empregada fazer na rua, pois preferia não envolver ninguém naquela situação.
Valentina entrou com um enorme sorriso, enquanto abraçava a esposa de Leonardo, entregando-lhe algumas bolsas.
— Vim o mais rápido para poder aproveitar mais tempo... Inventei uma desculpa e não terei que retornar a empresa hoje. 
— E como foi no fórum? — Indagou ansiosa. -- Mirava as roupas dentro das sacolas. -- Pelo menos alguém sabe vestir essa criança, porque Natasha o veste como se fosse um príncipe da renascença, todo espalhafatoso. 
                     Valentina sentiu um arrepio ao ouvir o nome da arquiteta. 
— Nada ainda, haverá outras audiências, eu mesma não aguento mais. — Tirou o prendedor de cabelos, atando as madeixas. — E meu filho?
— Acabou de acordar, estava indo banhá-lo, mas você chegou mais cedo.
— Deixe-me fazer? — Pediu com os olhos brilhando. — Por favor… Ainda não fiz isso, porque sempre chego antes ou bem depois.
Helena sorriu.
— Claro, mas vai precisar tirar essas roupas ou vai acabar toda molhada.
— Não tenho outra…
— Vista um roupão, não tem problema…
— Ótimo, mas vamos logo até ele, estou super ansiosa e meus seios cheios de leite.
Ambas gargalharam, enquanto seguiam para o piso superior.




Leonardo observava uma Natasha totalmente descontrolada no escritório.
Documentos pelo chão, plantas destruídas, cadeiras viradas, telefones, computadores…
A sala da presidência estava um verdadeiro caos.
Era a primeira vez em todos aqueles anos que se deparava com tamanho descontrole e ainda não conseguia ver motivos para isso, afinal, ela saia vitoriosa da primeira audiência, mesmo que ainda houvesse outras.
Permaneceu calado, pois sabia que se ousasse falar algo, seria o motivo para começarem uma verdadeira guerra.
— Não irei a nenhuma reunião, represente-me, decida sobre o que deve ser feito, pois eu mesma não me darei ao trabalho de comparecer. — Apoiou as mãos sobre o tampo da mesa. — Eu tenho vontade de matar a maldita Valentina… Odeio-a mais que a todos. — Esmurrou a mesa. — Vou destruí-la, fazê-la se arrepender de ter cruzado o meu caminho.
O empresário apenas fez um gesto de assentimento, enquanto via o sangue cobrirem os dedos.
                    Aproximou-se com um lenço para limpar o sangue, mas a ruiva se desvencilhou do toque.
— Contrate todos os advogados do país, eu não quero que a essa maldita ouse ter autorização de se aproximar do meu filho.
— Você já tem uma ordem contra ela…
A Valerie o encarou com verdadeiro ódio.
— Quero outras e mais outras, todas que a fazerem sumir desse planeta. 
Antonini não entendia o motivo de toda aquela raiva, apenas se recordava da arquiteta ter retornado transtornada.
— Valentina não é o nosso maior problema… Nem a vejo assim, precisa centrar em outras coisas.
— Ela é o meu maior problema!
Antes que Leonardo pudesse falar algo, a ruiva deixou a sala pisando duro.
O homem olhou com pesar para toda destruição que tinha acontecido. Precisaria transferir a reunião para outro lugar.




Nathália estava tomando banho e ao sair encontrou a avó sentada na cama.
— Você foi ótima hoje! — A duquesa elogiou-a. — Observei a admiração nos olhos da trapezista.
A morena sorriu, enquanto amarrava o roupão branco na cintura.
— Na verdade, isso é apenas um ponto a mais… A minha irmanzinha foi responsável por tudo isso… — Observou o ostentoso jardim. — Sei que a Valentina vai me aceitar em breve e não perderei muito tempo, quero me casar com a herdeira dos Vallares o mais rápido possível… Ela vai ter a guarda do filho… a minha irmanzinha vai sumir do mapa e seremos donas de uma das maiores fortunas de todo o país.
A duquesa sorriu.
— Agora que o Nicolay está empenhado em tornar a neta a sua sucessora… — Os olhos da mulher brilhava. — Estamos no caminho certo.
Nathália seguiu até a cama, deitando-se. 
Não podia dizer que estava apaixonada pela circense, mas a desejava, queria-a para si. Nos últimos dias seu corpo ansiava por ela, ainda mais ao lembrar da pureza intacta que era preservada…
Faria-a a sua o mais rápido possível, ensinaria a lhe satisfazer… e já pensava em uma gravidez, assim, tiraria o foco do pirralho ruivo. Óbvio que queria o filho da Natasha ao seu lado, mas faria o desgraçado viver o mesmo que a mãe viveu, condenaria-o ao mesmo tratamento que Isadora deu a neta.
— O garoto nasceu igual a ela… — A velha torcia o nariz. — Tem a mesma índole ruim da Valerie.
— Não se preocupe com isso, vovó, nós seremos responsáveis por sua educação… Vamos mostrá-lo o caminho que deve ser seguido!
— Por mim, ele morreria junto com a Natasha…
Nathália exibiu um sorriso misterioso.





Valentina parecia encantada, enquanto Helena lhe ajudava a banhar o filho.
                       O banheiro grande fora montado para que pudesse dar todo o conforto. A banheira azul e branca ficava bem apoiada.
O pequeno no início chorava bastante, mas aos poucos se acalmara.
A morena lhe jogava água devagar, enquanto ele brincava com o patinho. A morena o segurava com cuidado.
— Ele está mais forte… 
Helena o tirou da água, enquanto circense pegava a toalha azul de orelhinhas, arrumando-a na cabeça do filho, depois enrolou-o, tomando-o nos braços, abraçando-o.
— Está com fome, meu amor? — Beijava-o. — Precisa se alimentar muito bem para poder ser uma criança saudável...
Os olhinhos verdes apenas a olhava com aquela curiosidade.
— Você se molhou toda, filha! — A senhora Antonini a repreendia. — Melhor que se banhe e vista outro roupão.
— Não, primeiro o amamento, depois faço isso. — Piscou.
Deixaram o banheiro, seguindo para o quarto.
Ao entrarem nos aposentos, as expressões das duas mulheres demonstravam total perplexidade ao verem Natasha Valerie sentada com as pernas cruzadas na poltrona,exibindo aquela expressão de déspota.

Comentários

  1. Nossa... Nossa...
    Espero que saia logo o próximo, pois estou enamorada por esta obra de arte.
    Autora, sou fascinada por tua escrita.
    O dia que comecares a publicar livros, farei uma bela coleção.
    Volte logo!

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    1. Oh, sinto-me muito feliz em saber disso, uma honra em grau maior :) estou postando o outro agora :)
      Um beijo e tenha um ótimo domingo.

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  2. Geh vc é a Deusa da literatura eu sou apaixonada por tua forma de escrever,meu bem muito obrigada pelo retorno.Vc me faz bem.Beijos no coracao

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    1. ah, linda, eu agradeço imensamente o seu carinho, sempre me demonstrou isso... Grata mesmo.
      Um beijo grande.

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  3. Oi querida autora❤️
    Volte aqui autora,não faz isso,não termina o capítulo nessa parte.
    Por favor um EXTRA.
    Cara,que vontade de mata essa cínica da Nathalia e essa velha maldita,que lixos são essas duas.
    Ela quer fazer com o Vítor o que a velha fez com a Natacha,espero que o garoto nunca caia nas mãos das bruxas.
    Coitada,pois vai vendo que a Valentina ainda é pura,pergunta para a ruiva,kkkkk.
    Geh,tu manda bem demais na escrita,pois ADORO tuas histórias espero que você traga para o blogue a história da Índia e a ex militar,amo demais aquela história.
    😘😘😘😘😘😘

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    1. Em breve a dama estará aquikkkkkk
      é porque ela é muito grande, preciso editar aqui, mas elas aparecerão...
      A Nathália é o caos kkkkkk mas ela precisa aparecer muito aqui para causar a discórdia kkkkk
      Um beijão, meu bem...

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  4. Eu sou viciada na sua literatura, por favor posta mais capítulos...

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    1. olá, meu bem, voltei com o capítulo, não pude vim antes kkkkkkk
      beijão kkkkkkkk

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  5. Obrigada minha autora predileta você deixou o meu mais feliz, ficaria perfeito se tivesse capitulos do anjo caído.

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