Anjo caído -- Capítulo 33
Flávia observava Henri e Ester olhando para si. Respirou fundo, sentando na poltrona.
Ocupava o escritório da mansão Berlusconi, estava sendo alvo de um verdadeiro interrogatório, enquanto Angelina deixara a festa sem nem ao menos dá uma explicação.
Sempre invejara a forma como a filha de Antônio tinha de agir, demonstrando interesse zero pela opinião alheia, mostrando total independência quanto aos atos sem se importar em dar satisfação sobre eles.
Cruzou as pernas, esperando pelo que estava por vir.
Ali ainda dava para ouvir a música tocar, as pessoas aproveitavam as festividades, usufruindo o que tinha de melhor para ser oferecido.
Fitou a namorada e se imaginou despindo-a daquele vestido e amando-a com total loucura, sem inibições, sem barreiras, sentindo-a em todo seu esplendor, o carpete do escritório deveria ser bem macio e não machucaria sua pele delicada.
Corou ao ver a expressão de Mattarelli.
O homem parecia ler o que se passava em seu ı́ntimo. Pigarreou sentindo a garganta totalmente seca.
-- Explique de uma vez que história é essa de casamento! – A voz forte do professor ecoava no ambiente fechado. – Acha que sou algum idiota? Tenho certeza que minha filha não estivera de acordo com esse enlace...
Só depois de terminar a frase, o homem percebeu que falara mais do que o necessário.
A loira fitou a expressão atônita da namorada, parecia que o queixo cairia a qualquer momento. Henri encarou Ester, passou a mão pelos cabelos brancos, suspirou.
-- Sim, eu sou o pai da Eduarda! Descobri há alguns meses e nem tive a chance de falar para ela, na verdade, desde que ela terminou a relação com a Angel, também cortara qualquer tipo de laços de amizade que tinha comigo.
O professor sentou-se ao lado da Tavares, parecia cansado, triste com toda a situação.
Flávia tentou manter a calma, percebendo que o problema que tinha ali era mais sério do que imaginara.
-- A Angelina levou a Duda para Las Vegas e lá se casaram... – Disse de supetão.
A ruiva já sabia dessa parte, ouvira da amiga boa parte daquele enredo.
-- Eduarda não aceitaria esse matrimônio, lutaria com unhas e dentes... Ela deixara claro que não desejava nem mesmo ver a sua amiguinha... Como pode ser isso? – Colocou as mãos nos quadris, parecia ponderar. – Ah, sim, a Duda deixou claro que fora dopada... Sua amiga cometeu crimes terríveis, Flavia, e eu estou a imaginar se você também fez parte desse arranjo sórdido!
Mattarelli parecia ainda mais indignado, levantando-se.
-- Eu mesmo denunciarei a Berlusconi! – Sacudia o indicador no ar. -- Ela não pode agir como se estivesse acima da lei, acima do que é certo, do que é correto.
-- Por que fizeram isso? – A ruiva indagou, colocando a mão no ombro do médico, tentando acalmá-lo.
Ainda estava chocada com a última revelação, mas não daria vazão a curiosidade naquele momento. A loira seguiu até a escrivaninha, sentando-se na cadeira de couro.
Inclinou a cabeça para trás, começou a massagear as têmporas.
-- Não poderia negar a Angelina nada, ela conseguiria com a minha ajuda ou sem ela o que desejava fazer.
-- Qual o objetivo desse casamento? – O professor apoiou as mãos no tampo da mesa. – Para que esse casamento? – Aumentou o tom de voz.
Flávia fitou a decepção presente no olhar da jovem, viu os olhos verdes brilharem em uma fú ria incontida. Engoliu em seco antes de responder.
-- Ela quer se vingar da forma como a Duda a tratara... —Respirou fundo, parecendo tomar coragem. -- Talvez para vocês, a Angel seja a vilã, mas para mim ela é a única vı́tima dessa história.
Ester abriu a boca para retrucar, mas pareceu desconsiderar essa hipótese.
Realmente morrera de dó da doutora Angelina diante de todas as coisas que Eduarda falara naquele dia, pôde ver nos olhos negros da médica a dor insuportável que estava sentindo, pôde ver naquele olhar confuso, a desolação pelas sentenças proferidas pela Fercodini.
Sentou-se na poltrona.
Ponderava sobre tudo e ficava a pensar que algo não se encaixava naquela história, algo estava deslocado, pois tinha total certeza do amor que a amiga sentia, sabia que o sentimento não fora apenas uma brincadeira, porém o que realmente tinha se passado?
-- Isso não justifica esse desejo de vingança! – Henri disse. – Defenderei a minha filha e se for preciso, irei contra a Angel, mesmo que isso parta o meu coração.
Flávia observou o professor deixar o escritório e realmente entendia a raiva que ele sentia, afinal, ninguém aceitaria aquele ato de forma natural.
Fitou a namorada.
Amava-a tanto e sabia que falhara em suas promessas, mentira de forma cruel, sabendo como suas atitudes feririam a amada.
-- Por favor, deixe-me pelo menos te deixar em casa... – Pediu.
Ester fitou a namorada e viu como os olhos claros demonstravam tristeza, como pareciam chorosos, temerosos com sua reação, temerosos pelo que fizera.
Não negava que estava irritada, mas também se colocava no lugar da loira, sabia que faria o mesmo se a Duda pedisse, agiria do mesmo jeito para ajudar à amiga.
Suspirou, levantando-se, caminhou até onde ela estava. Deu a volta na mesa parando diante da cadeira.
-- Sabe que estou brava, pois tinha te pedido que não se metesse nessa briga.
A loira mordiscou o lábio inferior, fitou-a. Fez um gesto de assentimento com a cabeça.
-- Eu sei, meu amor, mas você não tem ideia de como a Angel estava, não sabe como foi difı́cil vê-la sofrer, como foi difı́cil ver as lágrimas e o desespero tomar conta.
A ruiva tamborilava os dedos longos de unhas bem feitas contra o tampo de mogno.
-- Não quero que a Duda sofra...
-- Nem eu desejo isso, não nego que a odeio pelo que fez, mas não quero que ela sofra. A loira baixou a cabeça ao ser repreendida com um olhar.
-- Amor, por que você não me ajuda a descobrir o que realmente se passou? – Agachou-se diante dela, tomando- lhe as mãos. – Tenho total certeza que a Patrı́cia e o Bruno estão por trás disso tudo.
-- Por que pensa isso?
Demonstrava incredulidade, afinal, não tivera motivos para desconfiar da participação deles, na verdade, nem mesmo cogitara a possibilidade.
-- Porque minha intuição diz e eu confio muito nela, então só preciso que me ajude, assim, quem sabe esse casamento não pode dar certo. – Tomou fôlego. – Hoje, enquanto vocês tinham sumido da festa, Bruno apareceu, ele falava baixo, mas em determinado momento ouvi quando ele falara que temia que Angelina lhe fizesse algo se descobrisse tudo.
-- Tem certeza?
A ruiva fez um gesto afirmativo com a cabeça
-- Farei qualquer coisa para possamos ajudá-las. – Disse com entusiasmo, levantando-se. Flávia tentou abraçá-la, mas Ester se desvencilhou.
-- Ainda não! – Tocou-lhe o nariz. – Você está de castigo, doutora!
A luz parda iluminava o interior do veı́culo, podia-se ouvir uma música tocar, os acordes eram baixos, mas mesmo assim agia como tema daquele duelo.
O olhar arregalado de Eduarda, a tentativa inútil de tentar se livrar do aperto em seu pulso. Acabou sentando sobre o colo da médica.
Fitou-lhe os olhos negros, observou-a estreitá-los ainda mais, ameaçadores, sombrios, selvagens...
-- Não creio que aqui seja lugar para isso! – Tentou se desvencilhar, mas acabou ficando quieta ao notar o olhar de prazer que banhou a face da outra.
Angelina lhe tocou o pescoço, descendo os dedos protegidos por luvas pelo busto que demonstrava como a respiração estava alterada naquele momento.
-- Qual seria o melhor lugar para eu te comer, então?
Duda tentou não manter contato visual, pois percebia como ela demonstrava raiva e desejo, combinação perigosa.
Baixou a vista, vendo-a colocar a mão sob seu vestido.
Odiou-se ao sentir os seios doloridos, latejantes pelo contato. Como seu corpo reagia com tanta facilidade aos apelos dela?
-- Responda o que te perguntei! – Ordenou bem próximo ao seu ouvido. – Afinal, não entendo seus protestos, levando em conta que perdera a virgindade aqui... E não me lembro de ter reclamado do lugar.
A Fercodini mordiscou o lábio inferior demoradamente.
Ela não precisava ter falado sobre isso, pois desde que viu o veı́culo estacionado, sua mente suscitara todas as recordações daquela noite.
Sentiu-se molhada, rezando para que chegasse logo ao destino.
A boca da médica começava a traçar beijos em seu pescoço, demorando-se, cheirando-a.
-- Tenho um amor grande por esse veı́culo... – Tocou-lhe o abdome, descendo até parar em sua coxa. – Quando recordo como foi delicioso entrar dentro de ti naquele dia... Apertadinha... Úmida... – Mordiscou-lhe o lóbulo da orelha. – Bem que ainda continua muito estreita... Você adora contrair os quadris... Adoro prender-me...
Eduarda fechou os olhos, sentindo um frenesi em sua espinha.
Fitou-lhe a face, viu o sorriso provocante que brincava naqueles lábios sensuais.
-- Você é a maior desavergonhada que já tive o desprazer de conhecer. – Tentou se soltar novamente. Angelina soltou uma sonora gargalhada, mas não permitiu que ela se afastasse.
-- Deixa de conversa, tira a roupa que eu quero consumar nosso casamento!
Eduarda dessa vez conseguiu puxar a mão, cravando as unhas na face da médica. A Berlusconi praticamente a empurrou ao sentir a pele arder.
Instintivamente retirou as luvas para tocar o machucado.
A Fercodini estreitou os olhos e mesmo com a luz parda, conseguiu perceber a ausência das cicatrizes na pele da doutora.
Rapidamente sentou ao lado dela, tomando as mãos nas suas.
-- Você fez a cirurgia! – Disse em tom de surpresa. – Quando fez?
Angelina lhe afastou o toque.
-- Não é da sua conta! – Gemeu ao sentir o contato com a ferida. – Próxima vez que me arranhar como uma selvagem você se arrependerá!
Duda observou o minúsculo arranhão que se mostrava perto do olho direito.
Teve vontade de rir da cara de emburrada, da expressão infantil que se desenhava naquele momento em seu rosto.
Tinha como aquela mulher não ser tão linda?
Viu quando Angelina ordenou a José que seguisse para casa. Então era isso, por isso da demora.
Corou só em pensar que o motorista sabia qual era o propósito de não chegar logo ao destino. Observou o olhar da esposa e viu como ela fitava a rua.
Suspirou, sentindo um alıvio, mas também jamais confessaria que sentiu uma frustração enorme. Não demorou para estacionar diante do condomı́nio de luxo.
Angelina nem mesmo a esperou, saindo às pressas do carro. José abriu a porta, estendendo a mão para a garota.
-- Obrigada!
Duda não seguiu atrás da esposa, ao contrário, encostou-se ao veı́culo, sentindo o vento noturno lhe assanhar os cabelos.
Levantou a cabeça, observando quão alto era o edifı́cio e quão desejosa de fugir de tudo aquilo estava vivendo.
Se não fosse aquela criança, iria para bem longe, para um lugar onde Angelina não pudesse encontrá-la, um lugar onde pudesse fugir daquele sentimento que tentava se libertar, aquele amor que ainda vivia, mesmo depois de todas as decepções, mesmo depois de todas as mentiras, todos os enganos... Ele ainda vivia dentro de si.
-- O que deve ser feito para fugirmos das dores? – Questionou pensativa.
O motorista tomou a mão da jovem nas suas, mirando-a com atenção.
-- Não adianta fugirmos, meu anjo, o melhor é enfrentamos os problemas...
-- Como se enfrenta a Angelina Berlusconi?
Antes que José respondesse, a jovem seguiu para o interior do prédio. O bom homem suspirou.
-- O amor é a batalha dos perdedores, querida...
Patrı́cia seguia dirigindo em alta velocidade, tendo Bruno ao seu lado.
-- Pensei que a Angel voaria em ti, mas ela levou a esposinha para dançar, depois sumiu sem deixar pistas. O rapaz a viu passar direto no sinal vermelho, quase se chocando com outro carro.
-- Você quer matar a gente, sua louca? – Repreendeu-a.
A psicóloga o encarou, depois seguiu até o acostamento, parando.
-- Estou com ódio! – Bateu forte contra o volante. – O que descobriu com aquela maldita sonsa?
-- Nada, apenas falei que não deveria comentar sobre o que descobriu, pois eu temia que a médica me estraçalhasse.
-- Disse isso abertamente, seu idiota? – Atacou-o com as unhas. – Não percebe que ela vai acabar desconfiando?
Bruno segurou-lhe as mãos.
-- Claro que não! Falei de forma sutil, apenas mostrei que não confiava na Angelina.
-- Por que não perguntou sobre o casamento? Por que não perguntou sobre o maldito bebê?
-- A Ester estava perto, praticamente se esticava para ouvir a conversa, temi. A loira voltou a ligar o carro.
-- Está bem, mas quero que descubra o que tem por trás desse casamento. Não acredito que Duda tenha cedido assim tão fácil, da mesma forma que não acreditei quando a Angel se manteve por tanto tempo distante.
-- Você teve dois meses e não conseguiu se aproximar.
Patrı́cia nada respondeu, apenas seguiu em velocidade razoável.
O bebê dormia em seu berço.
Angelina banhara, vestira o roupão e seguira para o quarto da filha. Observava-a e invejava a paz que ela expressava em seu sono.
-- Pequeno Anjo! – Sussurrou tocando os cabelos negros.
Viu o sorriso que se desenhou na boquinha minúscula.
Como pôde se apaixonar tão rapidamente por aquela criança.
Sua filha!
Gostaria de ter uma famı́lia grande, gostaria de ver crianças brincando pelo jardim, gostaria de poder levá-las para a escola, de ensiná-las a fazer as lições e também adoraria ter a esposa para dividir todos esses momentos.
Pensar em Eduarda lhe fez voltar a irritação que tivera quando estavam no carro. Depositou um beijo na fronte da filha, seguindo em direção ao quarto.
Encontrou a esposa diante do espelho, tentando em vão soltar o zı́per do vestido, parecia ter arrebentado. Caminhou, parando por trás dela, encarando-a através do reflexo.
Encontrou-lhe o olhar.
Duda a sentiu colar em suas costas como sempre costumava fazer.
Suplı́cio!
Sentiu o cheiro de sabonete, cheiro do hidratante que ela costuma usar, o cheiro dela era uma verdadeira droga a lhe entorpecer os sentidos.
Tentou mais uma vez de forma inútil.
-- Poderia ajudar-me? – Pediu impaciente.
Angelina nada disse, apenas continuava a encará-la, sem fazer nenhum gesto. Observava a Fercodini tentar mais uma vez se livrar das vestes.
Viu-a bater as mãos fortemente contra a penteadeira em sinal de desespero.
A Afilhada de Antônio baixou a cabeça, estava com vontade de chorar por se sentir presa naquela roupa, vontade de chorar que era uma soma de todas as coisas que estavam acontecendo em sua vida.
De repente sentiu o toque em seus ombros.
A delicada massagem, a forma deliciosamente que aquelas mãos tinham de tocar, realmente aquela mulher nascera com o dom da sedução, pois não era difı́cil para despertar desejos.
-- Ajudarei você, minha linda esposa... – Colou os lábios nas costas dela. – Sua pele parece seda...
Sempre que a ouvia chamá-la de “esposa” era como se algo pressionasse seu estômago... Era como se estivesse em uma montanha russa.
Estava tão distraı́da que não percebeu que a roupa deslizava por seu corpo, ao notar o que se passava, tentou se afastar, mas as vestes já estavam ao chão.
Não usava sutiã, pois o vestido não necessitava.
Quando já pensava em cobrir o colo desnudo, as mãos da médica executaram o seu intuito.
Angelina sentiu o corpo ser dominado pelo desejo, ainda mais ao ver a cinta liga que a Fercodini usava.
-- Estou louca para ver seus dotes de atriz.
Duda a viu se livrar do roupão...
Por um momento teve a impressão que desmaiaria mais uma vez, talvez essa fosse a melhor saı́da. Sentiu o sexo molhando em seu bumbum...
Usava uma minúscula calcinha de seda, vestira-a sem imaginar que passaria por aquele momento.
-- Estou com sono... – Disse em um fio de voz. – Gostaria de dormir se não se incomodar. Angelina a virou para si, abraçando-a.
O contato entre os seios foi eletrizante, quente, excitante...
A Fercodini tentava não ceder, mas a boca da médica a deixava tonta ao beijar o seu pescoço, enquanto as mãos lhe tocavam lateral do colo.
A Berlusconi a sentou sobre a penteadeira, depois a fitou.
Observava os olhos claros, parecia procurar alguma coisa naquele brilho, parecia desejar encontrar a verdade... Tentou beijá-la, mas a jovem foi ágil, virando o rosto, recebendo a carı́cia na face.
-- Não deseja consumar nosso casamento? – Tocou o mamilo intumescido com o polegar. – Falou que deseja continuar casada comigo, então precisamos ir às vias de fatos.
Os olhos claros se estreitaram, transfigurados pela intensa libido.
-- Não... Angel... Não precisa... O papel já deixou claro que sou sua esposa... Mesmo você tendo usado de meios criminosos para isso...
Angel...
Adorava ouvir aquele tom rouco lhe chamar daquele jeito. O mar negro a mirou...
A afilhada de Antônio sempre a fascinava com aquele olhar, eles pareciam perdidos, da mesma forma que trazia um turbilhão de emoções...
Viu os lábios se aproximarem novamente e dessa vez não teve como desviar, pois a médica segurou-lhe o rosto, mantendo-a cativa.
Ao primeiro contato tentou não ceder, tentou resistir, mas quando a lı́ngua contornou seus lábios, teve que sufocar um gemido, pois a boca fora dominada pela doutora.
Mesmo se agitando, tentando empurrá-la, as bocas se uniram em um beijo possessivo, lânguido, dominador.
Duda sentiu a lı́ngua buscar a sua, mordeu-a, feriu-a, porém diante da insistência, entregou-se àqueles lábios fortes, desejando que aquele contato perdurasse por muito tempo, que aquela boca jamais se afastasse. A forma como Angelina chupava, como se movia, como parecia ser a dona de todo o momento.
As mãos da médica se fecharam sobre os seios redondos, amassando-os, instigando-os, aumentando a pressão até ouvi-la gemer contra si.
-- Realmente é muito boa atriz, senhora minha esposa! – A morena interrompeu o ato. Eduarda pareceu confusa diante das palavras, mas voltou rapidamente à velha forma.
-- Tanto quanto você! – Acusou-a irritada.
Angelina tocou-lhe o abdome liso, chegando ao cóis da lingerie.
-- Não me lembro de ter atuado quando estive ao seu lado. – Usou os nós dos dedos para acariciar o sexo sobre o tecido encharcado. – Como consegue ser tão talentosa? – Arqueou a sobrancelha de forma sarcástica. – Aprendeu a dominar seu corpo a ponto de tudo parecer tão real?
Eduarda viu a ironia brilhar naquele sorriso, percebendo como ela se divertia com sua fraqueza, com seu desespero.
-- Sexo representa tudo para você! – Acusou-a. – Porém deveria se lembrar de sentimentos mais nobres, ao invés de um encontro selvagem de corpos... Onde fica a alma nessa sua equação?
-- Alma? – Quase gritou. – Você condenou a minha ao inferno quando me dispensou, quando deixou bem claro que me usara como um experimento, uma forma de saciar sua maldita curiosidade!
Angelina se afastou, pegando o roupão que deixara cair ao chão, vestindo-o e saindo do quarto.
Duda sufocou um soluço, mantendo-se no mesmo lugar.
Até quando suportaria aquela tortura, até quando resistiria ao toque da Berlusconi? Precisava pensar em algo para sair daquele casamento, porém algo que não lhe tirasse a filha.
Flávia estacionou o carro diante do prédio onde a namorada morava.
Infelizmente não conseguira convencê-la a seguir consigo para a cobertura, porém o melhor é que ela não parecia mais tão irritada.
Quando a ruiva tentou abrir a porta para sair, a loira a deteve pelo braço.
-- Ainda dá tempo de irmos para o meu apartamento. – Livrou-se do cinto, inclinando-se para ela. – Eu mereço ser perdoada!
Ester disfarçou o sorriso ao fitá-la.
Ficara tão chateada naquela noite que nem mesmo falara que a amada estava divinamente linda naquele vestido vermelho. As curvas bem acentuadas e o colo provocante faria qualquer um suspirar.
Encarou-a, tentando não olhar para o decote provocante.
-- Se não tivesse aprontado às minhas costas, você estaria saciando seus desejos.
Tentou abrir a porta novamente, mas Flávia foi ágil, detendo-a, enquanto colava os lábios aos dela.
A ruiva tentou empurrá-la, mas a forma provocantemente doce que a boca da médica se movia, deixou-a extasiada.
Inicialmente as lı́nguas duelaram, até que a jovem de cor rubra se rendeu ao contato, permitindo que a carı́cia fosse aprofundada, perdendo o fôlego, chupando e mordiscando-a.
Flávia aproveitou-se, tocando-lhe os seios, baixando o vestido da garota, adorando o gemido rouco que escapou dos lábios da amada.
Estimulou os biquinhos, deixando-os excitados, esfregou com polegar e o indicador. Ester lhe segurou o pulso.
O penteado tão bem desenhado estava desfeito, as bochechas demasiadamente rosadas, os lábios já se mostravam inchados pela pressão que sofreram.
A ruiva observou a rua, percebendo apesar do horário avançado, ainda havia pessoas nas calçadas, outras conversavam. Levantou a cabeça para olhar para o apartamento onde morava, as luzes estavam apagadas.
Respirou fundo!
-- Preciso ir!
A médica sabia que ela lhe queria, podia sentir seu cheiro, seu corpo trêmulo.
Mais uma vez inclinou a cabeça, beijando-lhe o rosto, seguindo pelo pescoço, parou em seu ouvindo. Mordeu de leve a orelha.
-- Eu te amo... – Sussurrava. – Entendo que esteja brava, mas isso não deve lhe negar o direito de sentir prazer... – Massageou o colo mais uma vez. – Eu mereço um castigo, você não!
Ester sentiu um arrepio percorrer a espinha. Voltaram a se encarar.
Mesmo o carro estando envolvido pela escuridão da noite, a lua que reinava no céu fazia sombras em seus rostos, permitindo que pudessem se ver.
A ruiva encarou os olhos azuis, estavam em brasas...
-- Está disposta a se sacrificar tanto, doutora? – Questionou, mordiscando a lateral do lábio inferior demoradamente.
-- Eu sou louca por ti...
Ester sentiu o hálito refrescante mesclado ao champanhe que parecia lhe embriagar os sentidos.
-- Castigue-me, eu mereço, mas não faça o mesmo contigo...
Antes que a outra pudesse esboçar algum tipo de reação, os lábios se fecharam sobre seu seio esquerdo. A lı́ngua, incitando-a, lambendo... Mamando avidamente...
As mãos tão peritas desciam, tocando-lhe a coxa sedosa... Afastando-a... A ruiva ajeitou-se melhor, lhe dando passagem...
Quando os dedos tocaram a calcinha úmida, pareceu que alcançara o próprio céu... Ester mordeu a lı́ngua para não gemer alto.
Flávia voltou a fitá-la quando o tato alcançou o sexo nu... Pulsante.
Os olhos que pareciam grandes esmeraldas estavam fechados, mas ao lhe perceber a mirada, abriram-se, fogosos, quentes, queimando como labaredas.
-- Sim... – Disse em um fio de voz. – Dê-me prazer com a mesma intensidade da minha fú ria por ti...
A médica abriu um enorme sorriso jocoso, enquanto cobria os lábios com os seus... Impulsiva, impetuosa, apaixonada...
Esfregou-lhe o sexo com o polegar, sentindo o clitóris implorando por mais, vibrando, latejando... Ester impulsionou o quadril para frente... Retomava uma dança primitiva...
Flávia sentia as mãos totalmente molhadas e pegajosas...
Levou-a à boca, lambendo-a, sentindo o sabor feminino... Viu o olhar de desespero que a ruiva lhe dirigiu...
Beijou-a, enquanto dessa vez, penetrou-a... O indicador explorava-a com precisão...
Ouviu-a sussurrar contra si, pedia mais... Muito mais...
-- Por favor...
Flávia a fitou, enquanto a invadia duplamente...
A ruiva escondeu a cabeça no pescoço da médica, os dentes cravaram na carne do ombro.
-- Minha... Pertence a mim... por todo sempre...
As investidas aumentaram...
Ouvia-se o som, as fricções, o sacolejar do veı́culo...
Não demorara muito para o grito cansado e satisfeito ser ouvido pela loira apaixonada.
Eduarda tomou um demorado banho. Desejara tirar da sua pele o cheiro da esposa.
Vestiu o roupão seguindo em direção ao quarto da filha.
Aproximou-se do berço, ouviu o respirar pesado da pequena, os lábios miúdos formavam um sorriso doce. Observou os brinquedos que estavam pendurados, quem será que escolhera?
Percebera que as roupas da pequena eram de grifes, mas não havia nada básico, algo que pudesse usar para engatinhar, nada que não tivesse tantos babados ou que a fizesse parecer um bichinho de pelúcia.
Quando tivesse um tempo iria a uma loja, compraria algumas camisetas, moletons... Seria o ideal para ficar em casa.
Também teria que pensar em como seria a rotina, pois na segunda voltaria ao hospital, mas seria realmente terrível ficar tantas horas longe da filha.
Demorou um pouco lá, em seguida foi até a sala, na verdade buscava inconscientemente a morena de olhos negros.
Decerto saı́ra para satisfazer os desejos. Enojou-se só em imaginar.
Mas não permitiria que tais coisas a afetasse, levaria a vida da melhor forma possível, teria a Cecı́lia e que a médica tivesse quantas amantes desejasse.
Foi até o bar...
Não era costume seu beber, mas sabia que precisava de alguma coisa forte para lhe ajudar a pegar no sono. Nem mesmo se importou em ler o rótulo, apenas preparando uma dose grande.
Tomou-a praticamente de uma vez, sentindo o fogo queimar a garganta. Sentiu-se tonta por alguns segundos, mas em seguida se recuperou.
Apoiou os cotovelos sobre a mármore, apoiando o queixo nas mãos. Algo começava a lhe martelar a cabeça naquele momento.
Por que Angelina armara todo aquele circo? Apenas para lhe dar uma lição?
A médica armara um plano perfeito para tê-la como uma esposa que teria como única função ser humilhada? E se ela tivesse se negado a se submeter?
Bebeu um pouco mais, porém daquela vez o lı́quido pareceu mais suave. Correra muitos riscos, pois mesmo sendo tão rica não estava acima da lei.
Olhou o relógio que descansava em seu pulso. Já passava da meia noite.
Seguiu pela escada, iria até a cobertura.
Sentaria em uma cadeira e ficaria observando a noite. Parou diante da piscina.
Angelina nadava, enquanto a babá de Cecı́lia parecia muito solı́cita, sentada na borda, demonstrava um olhar fascinado para a médica.
Aproximou-se em passos largos, parando com as mãos nos quadris.
-- Acho que sua função é cuidar da filha e não da mãe!
A moça se levantou em um sobressalto, enquanto Angelina nem mesmo se importou, continuando a nadar.
-- Perdoe-me, mas é que eu vi a doutora e fique a pensar se ela precisava de algo...
Era a mesma mulher que seguira com elas no avião.
Muito bonita e muito jovem!
-- Não se preocupe! – Eduarda exibiu um sorriso sarcástico. – Ela já bem grandinha, sabe se virar sozinha.
A garota pediu desculpas, afastando-se apressadamente.
Duda sentiu vontade de gritar, de brigar, mas Angelina parecia pouco interessada nisso. A médica parecia incansável em seu exercı́cio aquático.
A vontade da Fercodini era tirar a morena da água pelos cabelos.
Depois de intermináveis minutos a herdeira de Antônio deixou a piscina. Nua!
Passou pela esposa, que parecia não conseguir fechar a boca, pegou um roupão, vestindo-se.
Eduarda finalmente pareceu se recuperar, observando a mulher que torcia os cabelos, parecendo desejar se livrar do excesso de liquido.
--É esse exemplo que a nossa filha vai ter? A mãe dela levando para a cama até as babás? – Acusou-a.
Angelina nada disse, pegando a tolha que estava sobre a cadeira, começou a secar as madeixas.
-- Não tem vergonha na cara! – Praticamente gritou.
A respiração da médica era pesada.
Era possível perceber que tentava manter a calma.
-- Duda, acho melhor você não me provocar, pois a minha paciência está no limite contigo. – Disse por entre os dentes.
A Fercodini se aproximou mais dela, decerto o álcool estava lhe dando coragem.
-- Ah, ainda se mostra indignada! – Ironizou. – Poupe-me!
A Berlusconi não desejava discutir, estava cansada e só queria poder descansar.
Ignorou-a mais uma vez, dando-lhe as costas para voltar para o apartamento, mas a jovem a segurou pelo braço, virando-a para si.
-- Acha que vou aguentar ser traı́da o tempo todo e não fazer o mesmo?
Eduarda agora parecia ter a atenção que buscara.
Os olhos negros se voltaram para ela.
-- Não me provoque porque ainda não engoli o fato daquele seu antigo mancebo está sentado ao seu lado e lhe falando ao pé do ouvido.
-- Ah ta, e você com sua adorada ex esposa, pensa que não te vi com ela? – Aumentou o tom.
Angelina se desvencilhou do toque.
-- Patrı́cia não representa nada e pode ficar tranquila que ela não está na lista das minhas possíveis amantes.
Duda exibiu um sorriso de incredulidade.
-- Ah, sim, você só transava com a psicóloga quando estávamos juntas, devia se sentir bem em me trair com ela.
O olhar da Berlusconi se mostrou estreito, ameaçador.
-- Está louca! – A médica maneou a cabeça negativamente. – Só pode ter enlouquecido.
-- Sim, eu estive louca quando acreditei que você me amava... – Disse chorosa. – Você deve ter rido muito às minhas custas.
Angelina parecia cada vez mais confusa com o que ouvia. Tomou-a pelos ombros delicadamente.
-- Duda, eu nunca traı́ você, jamais estive com outra mulher enquanto estivemos juntas, eu não conseguiria, ainda mais com a Patrı́cia.
-- Mentirosa! – Fitou-a. – Consegue mentir olhando nos meus olhos!
A Fercodini soltou-se com um safanão.
A morena via as lágrimas brilharem, a raiva deixara a pele branca totalmente vermelha. Tentou se aproximar mais uma vez e novamente fora empurrada.
A Berlusconi passou a mão nos cabelos e gesto de desespero.
-- Deixe-me! – A afilhada de Antônio vociferou. – Enoja-me quando me tocas, enoja-me sua presença... – Limpou as insistentes lágrimas. – Te odeio, Angelina, e sempre te odiarei por todo o tempo que a vida continuar a pulsar no meu peito. – Retirou a aliança, jogando-a contra a esposa.
A médica engoliu em seco, tentando não se permitir a explosão do sentimento que parecia desejar jorrar. Viu-a se afastar, porém não teve forças para ir atrás dela.
Agachou-se, pegando o aro que brilhava diante dos seus olhos. O maxilar se contraiu.
Suspirou, enquanto permanecia a olhar a joia. Retirou o cordão que usava, colocando a aliança nele.
Levantou-se, caminhando até a grade de proteção do prédio. Apertou-a forte que acabou sentindo novamente as dores que lhe acometiam antes da cirurgia.
Mirou o céu estrelado, a lua majestosa que reinava soberana.
Mordiscou o lábio inferior, deu um sorriso amargo, os olhos negros se estreitaram, mas dessa vez não fora de forma ameaçadora, porém em uma vã tentativa de conter o copioso pranto que lhe sacudia os ombros.
O vento frio emaranhou-lhe os cabelos, frio, chicoteando-lhe a face...Aeolus com seu assobio parecia zombar das chagas que a herdeira do império Berlusconi carregava dentro de si.
A figura bonita e solitária perdurou por muito tempo naquela noite, dando vazão as lágrimas que pareciam não ter fim.
Os raios da manhã já banhavam o novo dia quando a Fercodini seguia para o quarto da filha.
Fora instalado uma babá eletrônica para monitorar Ceci, mas em nenhum momento a garotinha reclamou, ou chorou durante o sono.
Abriu a porta com cuidado para não assustá-la.
Seguiu até o berço, surpreendendo-se ao ver a pequena com os olhos abertos. As mãozinhas roliças tentavam tocar os pequenos ursinhos que chacoalhavam. Sorriu, estendendo os braços, pegando-a no colo.
Adorou ver o rostinho lindo parecer feliz.
Inalou o delicioso aroma da criança, fazendo uma careta que fez Ceci gargalhar.
-- Acho que alguém precisa de um banho e de fraldas limpas.
Só naquele momento percebeu quem dormia sentada na poltrona.
Ela jazia encolhida, ainda com o roupão da noite anterior.
Os cabelos estavam em desalinhos e mesmo dormindo, percebia que o sono não era tranquilo.
Chegara a imaginar que depois da briga ela tivesse saı́do para algum lugar, encontrasse com alguém que saciasse seus desejos.
Aproximou-se mais, vendo que ela usava uma proteção nas mãos. Teria se machucado?
Viu o aro dourado repousar em seu anelar esquerdo e depois viu o que jogara na noite anterior ser usado com pingente em um cordão que ela sempre usava.
Sentiu a garganta seca.
Estendeu a mão para tocar o arranhão em sua face, mas desistiu.
Um dia deixaria de amá-la?
Decerto quando isso acontecesse seria o mesmo efeito de quando se arranca o coração do peito...
Não quisera ter falado aquelas coisas quando estiveram na piscina, mas ficara com tanto ciúmes que perdera a cabeça... Por um triz não contara tudo sobre as provas que tinha de sua traição.
O balbuciar da criança lhe tirou dos seus devaneios. Afastou-se, seguindo com a garotinha para fora do quarto.
Flávia estacionou em frente ao condomı́nio onde a amiga morava. Fitou o relógio, percebendo que passava das nove.
Sabia que não tinha sido convidada, mas depois da saı́da brusca de Angelina e Eduarda da festa, teve a necessidade de saber se tudo estava bem.
Fitou a namorada de soslaio. Convencera a lhe acompanhar.
Era possível ver em seu semblante como ela estava preocupada com aquela situação. Assim que o porteiro reconheceu o carro da médica, liberando a entrada.
Duda estava na sala.
Sentia-se encantada ao perceber o esforço que o bebê fazia para tentar sentar e depois gargalhava.
A pequena Angel usava apenas uma camiseta e a fralda descartável. Fazia pouco tempo que a trocara novamente. As bochechas rosadas e os cabelinhos presos no alto da cabeça a deixavam ainda mais fofinha.
Pegou-a nos braços, levantando-a.
-- Você está muito linda bebê e muito pesadinha...
Ouviu passos e chegou a imaginar que fosse a Angelina, mas era a melhor amiga e a médica. Levantando-se, abraçou a amiga.
-- Nossa, como a minha sobrinha é linda! – A ruiva tocou-lhe o queixo. – Quando vou poder levá-la para passear e estragá-la de tantos mimos?
Ambas sorriram.
-- Espero que não estejamos incomodando! – Flávia se adiantou, pegando a criança. – Sabia que você é igualzinha a sua mamãe Angel? – Tocou-lhe os cabelinhos presos. – Espero que não herde o gênio...
Duda também achava que a filha parecia muito com a esposa.
-- Sentem! Querem tomar alguma coisa?
Ester a Flávia se acomodaram, depois a Fercodini fez o mesmo.
-- Não queremos nada, viemos só saber se está tudo bem. – A loira continuava a brincar com o bebê. – Onde está a poderosa Berlusconi?
-- Não sei... – Disse dando de ombros.
Flávia arqueou a sobrancelha em uma interrogação.
-- Então, não há chances mesmo desse casamento se tornar algo bom?
Ester advertiu a namorada com um olhar.
-- Seria algo bom ser dopada e acordar casada com alguém?
-- Bem, se a Ester quiser fazer isso comigo eu seria a pessoa mais feliz do mundo. Eduarda se levantou altiva, encarando-a com o nariz arrebitado em desafio.
-- Porque vocês se amam, diferente do meu caso!
A ruiva a fitou por alguns segundos e mais uma vez teve certeza de como ela sofria. Respirando fundo, falou-lhe:
-- Duda, conte-nos o que se passou contigo enquanto a Angel esteve na Alemanha. – Pedia calmamente. – Tenho certeza que algo ruim se passou, pode ser apenas um mal entendido.
A Fercodini pareceu ponderar durante alguns segundos.
-- Não tenho nada para falar sobre isso e acredite, doutora – Encarou a loira – sua amiga não tomou uma decisão muito acertada ao armar esse casamento.
Flávia ainda abriu a boca para esbravejar, mas não desejava traumatizar a garotinha. Tentou usar um tom baixo, mas não conseguiu se calar.
--É uma lástima mesmo sua forma de agir, ainda mais porque sei do grande amor que a Angel sente por ti. Eu estive ao lado dela durante todos os dias depois que você a abandonou, vi as lágrimas e o desespero que a acometeu... Espero de todo meu coração que quando perceba o erro que cometeu não seja tarde de mais. – Levantou-se, entregando-lhe a criança. – Acho melhor irmos embora. – Fitou Ester.
A ruiva assentiu, aceitando a mão que lhe era estendida.
-- Nos encontraremos amanhã! – Abraçou Eduarda. – Se precisar de algo baste que me ligue. – Beijou Ceci.
Duda assentiu, permanecendo parada, vendo-as deixarem o apartamento.
De repente dúvidas começavam a martelar em sua cabeça.
E se realmente tudo não passasse de uma armação da Patrı́cia?
Não, não, aquela possibilidade era assustadora, ainda mais porque Bruno deixara claro que viu a cena, mas e... Tentando não pensar naquela possibilidade, seguiu para o quarto da filha. Desde que a pegara cedo, não voltara lá, mas agora precisava pegar algumas coisas para levar para os próprios aposentos.
Entrando, encontrou Angelina no mesmo lugar.
Observou-a, percebendo que a face estava demasiadamente corada. Colocou a filha no berço, em seguida se aproximou da esposa.
-- Angel... – Chamou-a.
Quando não recebeu resposta, tocou-lhe a face, assustando como a pele dela estava quente.
Viu os lábios se mexerem, falava o nome de Ângela... Chamava pela mãe... Chamava pela própria Duda... Estava delirando...
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