Dolo ferox -- capítulo 26

        Valentina ouvia a respiração acelerada… Sentiu-a contrair, prendendo-a em seu interior e adorou a sensação de ser retida…
Invadiu-a mais uma vez e mais uma e mais uma… Então fitou a ruiva, vendo como parecia frágil naquele momento.
Não demorou para ouvi-la gemer demoradamente, enquanto o prazer supremo a invadia.
Natasha desabou sobre o colchão com os olhos fechado, a respiração descontrolada, o coração batendo ainda mais rápido.
Sentiu o corpo se deitar sobre o seu…
Lentamente abriu os olhos, vendo a bela morena a encarar.
Abriu a boca para falar algo, mas parecia sem forças, então sentiu os lábios sendo tomados pela jovem amante em um beijo cruel e delicioso. Cheio de raiva e desejo… Abraçou-a forte, sendo conduzida por sua palhacinha. 
Valentina sentia o sabor do vinho, embriagando-se com o mesclado do sabor da carne que ainda tinha em seu paladar.
Sabia que não deveria ter cedido, mas cada dia se tornava mais difícil resistir ao charme daquela perigosa mulher, mesmo tendo certeza que estava arriscando muito mais que seu coração.
Aprofundou ainda mais a carícia, tentando se livrar dos temores…
Capturou a língua e logo a chupava… Prendia-a, puxava-a, mordiscava… Ouvia os sons que escapavam da arquiteta e isso a deixava ainda mais desejosa de tê-la para si, porém sem nenhuma disposição para dividi-la com ninguém.
Apoiou-se nos braços, enquanto a encarava.
Como podia ser ainda mais bela com os cabelos em desalinhos, a face ainda mais corada e o lábio superior um pouco mais inchado. Os óculos continuavam no mesmo lugar.
Os olhos estavam estreitados, brilhantes… Fascinantes com seu verde tão escuro naquele momento.
A morena tentou se afastar, mas a ruiva a deteve sobre si.
-- Não! -- Natasha falou. -- Quero você aqui… Comigo sempre…
A circense mirava-a, parecia desejar encontrar naquelas palavras a verdade.
-- A Rebeka e eu? ou tem outras para acrescentar?
A ruiva umedeceu o lábio superior, enquanto não deixava de encará-la. Entendia o que ela estava sentindo naquele momento, a insegurança que também a corroía por dentro.
Ficaram em silêncio, enquanto a trapezista a fitava com um olhar acusador.
A arquiteta respirou fundo, cerrou os dentes fortemente.
Valentina já tentava se desvencilhar do abraço mais uma vez, mas foi detida pela voz baixa e rouca.
-- Eu estou apaixonada por você…
Os olhos negros se abriram em perplexidade. 
Que brincadeira nova era aquela?
Jamais em sua vida chegara a pensar em ouvir algo daquele tipo dos lábios carnudos da bela mulher.
Arqueou a sobrancelha direita.
-- De que está falando? 
A Valerie virou a cabeça para o lado durante alguns segundos. Ponderava sobre o que acabara de falar, imaginando se deveria tê-lo feito… O que adiantava falar sobre os sentimentos quando não poderiam de forma alguma ficar juntas?
Ouviu a voz da bela jovem a lhe tirar dos seus pensamentos.
-- Fale, o que estava a dizer?
Natasha voltou a mirá-la e mais uma vez mergulhou naqueles olhos tão negros e misteriosos.  Desejou lhe beijar a boca rosada, tocá-la sem imaginar que algo de ruim poderia lhe acontecer.
Engoliu em seco, como se houvesse algo preso em sua garganta, impedindo-a de verbalizar o que desejava.
Abriu a boca lentamente e as palavras começaram a formar as frases.
-- Que estou apaixonada por você, Valentina, e tenho a impressão que morrerei se não te ter comigo… -- Mordiscou a lateral do lábio inferior. -- Eu não sei, eu juro que não sei o que se passa comigo… Mas sabe quando a sua vida parecia que não tinha nenhum sentido? Que você sempre funcionou no automático, que suas emoções eram sempre calculadas, como se fosse um ator em uma peça teatral? -- Usou o polegar para lhe acariciar a bochecha. -- Desde que a vi pela primeira vez foi como se eu tivesse esquecido todas as falas… Eu nem sei como agir nas cenas… Quero você, meu amor… -- Suspirou. -- eu sei que sou grosseira, sarcástica… Cínica… Eu não sei falar coisas bonitas como a minha irmã… Mas eu tô loucamente apaixonada por você, palhacinha…
       A circense tinha os olhos marejados de lágrimas. Quando um sorriso enorme se abria em sua face, deixando a mostra os pequenos furinhos que fascinavam a arquiteta.
       -- Esqueceu de dizer que é arrogante… orgulhosa… irritante… provocadora… mas é a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida… mesmo que me provoque a ponto de eu ter vontade de tatuar essa tua cara de safada com meus dedos… mas eu também estou apaixonadinha por ti… estou louca por você… Louca mesmo...
        A ruiva lhe tomou o rosto nas mãos, mirando os olhos tão negros, observando-os tão estreitados e ainda mais lindos…
      -- Não quero continuar com essa farsa, eu não vou aguentar… por favor, quero você… -- Valentina dizia. -- eu preciso que fique comigo…
        Natasha entendia, sabia que a bela estava certa, que não seria uma situação fácil, mas teriam que se arriscar.
          -- Não vai ser possível…
        Antes que ela terminasse de falar, a trapezista se levantou.
        A ruiva a observou seguir até o banheiro com a cara emburrada.
      Levantou-se, vestiu o roupão e ficou esperando-a. Não demorou para ela aparecer, enrolada na toalha.
            -- Achas mesmo que aceitarei a cena que vi hoje? -- Questionou com as mãos na cintura. -- Pensas que meu sangue é tão frio quanto o seu?
A ruiva juntou as mãos em uma súplica silenciosa.
-- Valentina, não há outro caminho, eu sei que não teremos sossego enquanto toda a verdade não for revelada, a duquesa e a Nathália não me deixarão em paz, não nos deixarão viver em paz… Acredite em mim, eu as conheço bem…
A morena respirou fundo.
-- Quanto tempo? Me fala quanto tempo? -- Indagou impaciente. -- Dez anos? A vida toda? Quer que eu seja a sua amante?
Natasha se aproximou, tentou tocá-la, mas foi repelida.
-- Eu não sei… Quero que fique com o Nícolas… Ele vai te proteger, é o seu pai… Ainda mais agora que há um bebê para ser cuidado.
A circense cruzou os braços sobre os seios.
-- Eu mais que você desejo saber toda a verdade… Farei mais por mim… E pela criança que estou a esperar e pela Verônica… Mas não te garanto que ao final de tudo isso vai sobrar algum tipo de sentimento em relação a ti… -- Foi até a porta, abrindo-a.
A Valerie contraiu o maxilar, mirando-a intensamente com os olhos irritados. Ainda pensou em falar algo, desejou esbravejar diante do que estava a ouvir, mas o melhor a fazer era deixar as coisas do jeito que estavam.
Deixou os aposentos sem dizer uma única palavra, enquanto Valentina permaneceu lá, parada, apenas com o olhar perdido, sentindo ainda o cheiro da ruiva preso seu olfato.


Na manhã seguinte Nathália se arrumava para deixar o quarto quando ouviu batidas na porta e não demorou muito para a bela Rodrigues aparecer.
A neta da duquesa a fitou demoradamente e pela primeira vez teve a impressão que estava diante de uma nova Valentina. Não era mais a simples garotinha encantada do circo, havia algo mais naquele olhar, uma força, determinação.
-- Que surpresa vê-la aqui depois de ter saído sem dizer para onde ia…
A morena mordiscou o lábio inferior demoradamente, enquanto se aproximava.
-- Fiquei muito chateada com tudo o que se passou… -- Cerrou os dentes. -- Achas que é fácil engolir aquela história toda que contou? Poderia tê-lo feito antes e para mim… Se eu não tivesse ouvido, temo que você não me falaria.
-- Claro que não, meu amor! -- Estendeu a mão, acariciando-lhe a face. -- Se a Natasha não tivesse entrado no nosso caminho, há tempos teria te falado de tudo o que se passou… -- Usou o polegar para lhe desenhar o lábio inferior. -- Eu jamais esconderia algo tão sério…
A trapezista a ouvia falar, enquanto encarava os olhos tão claros e os lábios rosados próximos aos seus.
Como podiam ser fisicamente tão parecidas e ao mesmo tempo tão distintas?
Não conseguira dormir nada na noite anterior e logo quando os primeiros raios de sol iluminava o chão encharcado, levantou-se, tomou um demorado banho e deixou a casa de Leonardo. Nem mesmo se despediu dos anfitriões, apenas deixou um bilhete com a empregada agradecendo pela gentileza. Quando seguia pelos portões, viu o carro da ruiva ainda estacionada lá, deixando claro sua presença na mansão.
-- Entende, amor?
Ouviu a voz insistente de Nathália, mas nem mesmo sabia o que tinha sido dito, estava tão perdida em seus pensamentos, mas mesmo assim, assentiu afirmativamente. 
Não demorou para sentir os lábios da preferida da duquesa tocarem os seus em uma beijo gentil, delicado, carinhoso. Simplesmente permaneceu parada, apenas, sentindo-a,movendo-se de forma automática como se fosse um robô.
A Hanminton logo se afastou alguns centímetros, observando-a com atenção.
-- Agora vamos ficar juntas e nada, nem ninguém cruzará nossos caminhos…
Antes que Valentina pudesse responder, a porta foi aberta e Isadora e Nícolas entraram.
As jovens encararam os presentes, enquanto Nathália segurava a mão da namorada.
-- Aproveitamos para fazer o exame de paternidade agora, porque não quero voltar mais ao hospital. -- Sorriu. -- Estou cansada!
A duquesa sorriu, mas seu olhar perscrutava a namorada da neta de forma atenciosa. Parecia desejar saber mais do que estava presente naquele olhar que se mostrava tranquilo, sabia que havia coisas não reveladas naquela história, tinha certeza desse fato.
O filho do conde se aproximou da herdeira.
-- Não imagina como fico feliz por ter vindo… Não vejo a hora que tudo seja esclarecido para que venha comigo.
A circense soltou um longo suspiro, pois sabia que deveria ceder em toda aquela história, pois só assim poderia descobrir a verdade de toda aquela trama.




Natasha andava de um lado para o outro na sala de reuniões.
Rick e Leonardo a encaravam preocupados.
-- Quanto tempo eu vou precisar esperar para que tudo isso seja esclarecido? -- Ela questionou parando diante dos dois. -- Não entendem o que se passa? Passei a vida toda sendo perseguida pela duquesa. -- Parou diante da mesa, espalmando as mãos sobre o tampo. -- Eu vou destruí-la e de quebra a Nathália vai junto. -- Esmurrou a madeira com punho fechado.
O arquiteto sabia a razão dela está tão descontrolada, entendia que estava irritada pelo fato de ter sido obrigada a se afastar de Valentina. Sim, agora tinha certeza de que ela estava apaixonada pela trapezista.
-- Você precisa manter a calma, Natasha. -- O detetive começou. -- eu entendo os seus motivos, entendo muito bem, mas se agir desse jeito, tudo ficará ainda pior… Mantenha-se afastada, retome a sua vida, vamos esperar o escorrego das Hanmintons, pois isso vai acontecer mais cedo ou mais tarde.
A arquiteta passou a mão pelos cabelos que estavam soltos.
-- Meu filho vai nascer e vou precisar manter distância, é isso?
-- Não! -- Rick falou. -- Já falei com os advogados, você vai ter que lutar pela criança…
A Valerie respirou fundo!
Não queria de forma alguma ter se despedido de Valentina como ocorrera, desejara que ela entendesse, que percebesse como tudo aquilo também a estava perturbando.
Umedeceu os lábios demoradamente.
Leonardo foi até ela, colocando a mão em seu ombro.
-- Filha, pense que essa é a única forma de manter a Rodrigues e essa criança salvas… Sabemos bem que a Verônica não foi assassinada por acaso… Então devemos tomar todos os cuidados possíveis para que ninguém descubra do que se trata… Eu sei que não vai ser fácil, mas vai ser necessário.
A ruiva respirou fundo, enquanto assentia.
A partir daquele dia, retomaria a vida, seguiria como sempre o fez até que chegasse o momento certo para destruir a todos que a feriram.



Os dias se passavam tranquilos.
Valentina tinha seguido junto com Isadora e Nathália para a mansão dos Hanmintons.
Estava sentada no jardim.
Pouco conseguira dormir, na verdade raramente conseguia descansar.
Sentou na grama, enquanto fitava o pequeno lago. Havia garças elegantes a desfrutar do local.
O lugar era muito bonito, bem cuidado, mesmo tendo poucos empregados para dar conta de todo aquele trabalho.
Agradecia o fato de Nathália continuar com o discurso de que só desejava levá-la para a cama quando concretizarem o casamento, assim não teria que se submeter a intimidade com a bela neta da duquesa.
Não sentia nada…
Na verdade, ficava enjoada quando ela se aproximava, sorte que podia colocar a culpa pela indisposição na gravidez.
Naquele dia sairia o resultado da paternidade.
Não tinha nenhuma dúvida sobre ser filha de Nícolas.
Encostou as costas à frondosa árvore.
O Vallares sempre aparecia por ali, mesmo ela ainda não tendo aceitado ir até a casa dele, sempre recebia a visita e não tinha motivos para reclamar. Conhecendo-o, entendia o motivo da mãe ter se apaixonado pelo lord. Era um homem muito culto, inteligente e passava horas falando sobre coisas interessantes. Fazia-a lembrar da bela Eva. 
Ouviu passos e logo Nathália apareceu com o belo sorriso.
A jovem se aproximou, sentando ao seu lado, ela trazia nas mãos um jornal.
-- Você está cada dia mais linda, meu amor. -- Beijou-lhe a face delicadamente.
A morena a encarou com um sorriso.
Se não tivesse conhecido a Valerie tudo teria sido diferente…
-- Você gosta de ficar aqui… -- Tomou-lhe as mãos, beijando-as. -- Quando eu era criança e adolescente passava horas nesse lugar lendo livros. -- Fez uma pausa e depois continuou. -- Acho que sabes que passamos anos sem poder entrar nessa propriedade… Natasha a tirou da minha avó, fê-lo de forma cruel, ignorando a paixão que a duquesa tem por essa terra…
Valentina pareceu incomodada ao ouvir o nome da ruiva, mas nada disse quanto a isso.
Nathália lhe beijou os lábios e logo se levantou, entregando-lhe o periódico.
-- Vou à delegacia, fui intimada a depor sobre ter ficado no lugar da minha irmanzinha.
A morena a imitou, levantando-se.
-- Mas está tudo bem? -- A circense indagou. -- Você mesma já disse que foi obrigada, aquele homem confessou e tudo… -- Dizia enquanto buscava saber mais sobre tudo aquilo.
-- Sim, mas a Natasha não vai deixar barato, está usando todas as cartas contra mim, contra a gente. -- Abraçou-a. -- Mas eu te defenderei de tudo e de todos, disso você não precisa duvidar. -- Voltou a lhe beijar. -- Agora preciso ir, meu amor, não esquece que te amo. -- Agachou, beijando-lhe a barriga que já aparecia. -- Volto logo.
A circense a viu se afastar, observando-a caminhar com toda aquela segurança e orgulho que era característico da família.
Suspirou!
Estava ficando cada vez mais difícil não falar com a Natasha…
Ansiava por vê-la, mesmo que ainda estivesse furiosa com toda aquela história. Não acreditava que estava sendo totalmente ignorada, que a ruiva não se interessava por nada que estava acontecendo.
Umedeceu os lábios e ainda estava lá o gosto dela…
Arrumou os cabelos lentamente, como uma tarefa tão simples precisasse de tanta concentração.
Observou o jornal e sentiu a raiva ser fomentada ao ver quem estampava a manchete principal: Natasha aos beijos com Rebeka em uma casa de show.
              Levou a mão à boca, tentando manter a calma. 
              Maldita seja mil vezes!
Sentia-se frustrada por não poder fazer nada quanto àquilo, por não ter como retrucar e apenas aceitar o que se passava como se fosse o roteiro a seguir naquele momento.
Levantou a cabeça e viu Nícolas se aproximar sorridente. Antes que pudesse falar alguma coisa, foi abraçada. Inicialmente, manteve os braços caídos ao lado do corpo, mas depois retribuiu o carinho, sentindo-se protegida, confortada até.
-- Eu sabia que você era minha filha… -- Tomou-lhe a face nas mãos. -- Deus foi tão bom comigo que mesmo eu não merecendo, deixou-me um presente na terra.
Valentina observou as lágrimas que corriam solto pela face do homem.
Nem mesmo sabia o que dizer naquele momento, apenas o olhava, vendo a emoção que o dominava.
-- Quero que jante comigo e com o seu avô hoje, meu pai não aguenta de ansiedade para te conhecer e você disse que quando fosse confirmado a paternidade, aceitaria. -- Entregou-lhe o exame.
Valentina assentiu.
-- Sim, eu irei…
Mais uma vez o futuro conde a abraçou forte como se não quisesse soltá-la nunca mais, enquanto a trapezista fechava os olhos e tentava não pensar na mulher que parecia uma obsessão na sua mente. 


Natasha estava na esteira.
Retomava à fisioterapia, tentando ocupar o tempo ao máximo.
Naquela manhã estivera com o advogado. Ficara sabendo sobre a intimação que a irmã recebera, provavelmente naquele momento, ela devia estar se fazendo de vítima de toda aquela história. Outro fato interessante era que a duquesa prestara uma queixa contra si, pedindo uma medida protetiva, pois de acordo com a grande dama, estava sendo ameaçada pela neta odiada.
Apertou forte o apoio, desejando poder de uma vez por todas acabar com tudo aquilo.
Ouviu a porta abrir e lá estava Rebeka com seu sorriso insinuante ao olhar por seu minúsculo short e a camiseta que estava colada ao corpo.
-- Agora entendo de onde vem o seu fôlego no sexo.
A Valerie continuou o exercício, vendo a jovem chegar mais perto, ficando de frente para ela.
A loira observava os cabelos molhados de suor e a face ainda mais rosada naquele momento.
-- A sua avozinha andou me procurando… Mas isso você já sabia que aconteceria…
-- E o que você falou sobre a gente? 
-- Que você é muito boa de cama, além de muito poderosa… Tudo o que eu sempre sonhei para mim… -- Completou com um sorriso. -- O que não é mentira, pois eu mesma venho me certificando dessas suas qualidades.
A ruiva apenas assentiu, dando de ombros, desejando que a mulher fosse embora e a deixasse sozinha.
-- Nossa foto na boate está estampando em todos os principais jornais.
           Natasha sabia muito bem disso e entendia como aquilo seria terrível em relação a Valentina.
            -- A sua trapezista já deve ter visto, afinal, sua irmãzinha não passaria algo assim em branco.
    A arquiteta nada respondeu, apenas aumentou a velocidade do exercício, ignorando a amante e a dor não só física que estava sentindo.
         Os dias não estavam sendo fáceis, ainda mais porque pela primeira vez na vida, sentia a necessidade de alguém, a vontade de estar perto, de não se afastar nunca mais, de despertar e ver aquele sorriso lindo dirigido a si sem todo aquele desprezo que tivera na última vez que se viram.
             Quanto ainda aguentaria?




      Os empregados estavam vestidos formalmente. Estavam enfileirados no hall da entrada. O Conde e Nícolas esperavam ansiosamente pela convidada que já tinha sido anunciada. A porta foi aberta e logo Valentina, Nathália e Isadora adentravam a enorme casa.
        Nicolay olhava embevecido para a neta. Ele negou-se a usar a cadeira de rodas, estava de pé com a bengala, portando-se como o orgulhoso aristocrata que era. 
Passara dias imaginando aquele momento. Sentia-se feliz ao saber que seu legado não encerraria no filho… De repente, recordou-se da filha e ao ver a neta, foi como se suas dores tivessem sido amenizadas.
         Valentina observava os homens e se sentia apreensiva até o mais velho se aproximar lentamente, abraçando-a 
          A circense encarou Nícolas e o pai fez um gesto de assentimento com a cabeça. Como se dissesse para ela aceitar o carinho que estava recebendo.
           -- Uma Vallares digna do nome! -- O Conde a encarou. -- Minha neta! Minha herdeira!
           Nathália e Isadora trocavam olhares sabendo o que aquela aceitação significava.
           Ouviam o entusiasmo do aristocrata, falando sobre a história da tradicional família.
         Seguiram para ostentosa mesa e mais uma vez Valentina ocupou o lugar que um dia pertenceu a Verônica.



          No decorrer dos dias, a trapezista se mudou definitivamente para a casa do pai. De certa forma, sentia-se feliz por isso, pois já não aguentava a duquesa falando mal da Natasha, quando a única coisa que desejava era esquecer por alguns segundos a mulher que lhe roubara o coração.
         Naquele dia haveria um jantar em homenagem a neta de Nicolay. O lugar escolhido era em uma mansão histórica que que tinha se transformado em um restaurante para a alta elite do país.
        Os gramados bem aparados e verdejantes. A elegância dos garçons. A banda que tocava ao centro.
Uma mesa enorme fora reservada. As melhores comidas e bebidas estavam sendo servidas.
A iluminação em led deixava tudo ainda mais bonito.
         -- Você está linda, filha! -- Nicolay lhe tomou a mão sobre a mesa. -- Não se preocupe com os olhares dessas pessoas… -- Cochichou em seu ouvido. -- Você é a mais bela de todas aqui…
           Na mesa com lugar para mais de cinquenta pessoas e todos ocupados só estavam a mais alta elite da região.
            -- Não me sinto bem nesses lugares… -- Falou timidamente. -- Sinto-me deslocada. -- Tomou um pouco do suco.
        -- Pois não sinta… você é uma Vallares… minha neta, meu orgulho, e ainda está levando em seu ventre mais um de nós… -- Segurou-lhe a mão. -- Já lhe disse como sua chegada mudou a minha vida? 
              Valentina sorriu.
            Sim, ela sabia, pois o avô tinha melhorado bastante depois de sua chegada. Não vivia mais dentro do quarto, fazia questão de levar a neta para conhecer os museus e sempre a acompanhava nas visitas ao médico. Era sempre muito atencioso, distraindo-a dos seus confusos pensamentos. 
Não havia do que reclamar, tudo estava funcionando da melhor forma com a família recém descoberta.
-- Há muita gente aqui, vovô… -- Observava as pessoas elegantes se aproximando.
-- Na outra parte está acontecendo um evento com um importante sheik. -- Encarou-a. -- Você está bem? Não está com enjoo por causa da gravidez?
Valentina fez um gesto negativo com a cabeça, enquanto se concentrava na deliciosa comida que estava sendo servida, mesmo estando sem apetite.
O jantar transcorria muito bem. Todos pareciam curiosos sobre a origem da neta do aristocrata mais importante do país. Um brinde foi oferecido em comemoração e a banda voltou a tocar.
Nathália se aproximou da namorada.
-- Dança comigo, meu amor! -- Estendeu a mão.
A morena ainda pensou em recusar, mas acabou assentindo.
A Hanminton a levou até o carpete vermelho onde outras pessoas bailavam, naquele momento uma balada romântica ecoava pelos cantos.
Valentina se distraiu observando os músicos, eles vestiam elegantes fraques brancos.
Sentia-se conduzida pela perfeita dançarina que estava consigo, realmente a duquesa investiu caro para a neta parecer tão perfeita. 
-- Está gostando? -- A lady questionou em seu ouvido. -- Esse é o seu mundo e deve se acostumar. -- Levou a mão a sua cintura. -- Não quero que fale que a criança que espera é da Natasha!   -- Disse, encarando-a.
A circense a fitou confusa.
-- Entenda, meu bem, temos que manter toda a distância possível da minha irmã… Falei com seu pai e ele entrou com uma medida protetiva, Natasha não deve de forma alguma se aproximar de você -- Tocou-lhe a face. -- não te disse, mas encontrei o advogada dela e ele deixou claro que vai entrar com uma ação para tomar o bebê.
A jovem apenas suspirou de forma impaciente.
-- Vou ao banheiro! -- Desvencilhou-se do toque.
Nathália nem teve tempo de falar nada, observando a circense se afastar.



Natasha tinha Rebeka ao seu lado. Fora praticamente obrigada a aceitar estar naquele jantar em homenagem ao sheik. Negara-se de todas as formas, não desejava sair da cobertura. Aqueles meses estavam sufocantes, como se nada fizesse sentido. Nem mesmo o trabalho a distraia como antes. Naquela tarde fora procurada por um oficial de justiça, entregando-lhe uma ordem judicial para que não se aproximasse da herdeira dos Vallares.
Relanceou os olhos em irritação.
A neta do conde já se achava com o rei na barriga...
Bebeu mais um pouco de vinho, depois esvaziou o copo.
Olhava para aquelas pessoas e era como se estivesse sozinha, como se fossem seres desconhecidos.
Observou Helena lhe encarar com aquele olhar de quem sabia de tudo o que se passava consigo e isso a incomodou. 
Levantou-se.
-- Onde vai, amor? -- A loira questionou.
-- Eu preciso de um pouco de ar, pois estou ficando sufocada. 
A acompanhante voltou a se sentar, enquanto os olhares de todos se dirigiam para a bela ruiva em seu vestido preto, colado ao corpo como uma segunda pele, moldando-se às formas sensuais.


Valentina estava diante do espelho.
Lavou o rosto, pois tinha passado mal. Observou as belas mulheres retocar a maquiagem e logo deixavam o toalete, deixando-a sozinha.
  Passou a mão no ventre que já estava bem à mostra. Seis meses… Não demoraria para poder conhecer o filho, para ver seu rostinho.
Mordiscou o lábio inferior…
Será que nasceria ruivo? 
Deus, se assim o fosse seria a prova viva de quem era a mãe..
Quanto tempo fazia que não a via?
Decerto estava com a loira…
Fechou os olhos… Tentando controlar a respiração… Respirou fundo sentindo o ar limpo do banheiro ser substituído por um aroma característico, um perfume que conhecia bem…
Ao abrir os olhos, viu a Valerie refletir no espelho.

Comentários

  1. Que perseguição com a Natacha!
    A Nathalia consegui ainda ser por qua a avó,pois a Valentina tem que ser mais esperta para descobrir os indícios de que essas duas NÃO valem nada.
    O pior é a Natacha achar que foi a Valentina está por trás da medida de segurança,mas ela já deveria conhecer um pouquinho a garota para saber que ela não capaz disso.
    A Valentina tem que se ligar nas pequeninas deixa da Nathalia,uma proibição aqui outra ali,isso tem que deixar uma pista.
    Adorei o capítulo❤️❤️❤️❤️
    Beijos autora querida.🌹

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  2. Elas gostam de um banheiro , heim !!!!! Kkkkk espero que dê uns segundos de paz e amor !!!! Depois é tapas e beijos , pq Rebeka , Nathália , Valentina & Natasha todas no mesmo ambiente será punk!!!!! Até mais escritora , Boa Sorte !!!!kkkk

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  3. "elas gostam de um banheiro" kkkkkkkkKK quem nunca heim? kkkkk Tomara que não coloquem tudo a perder, pq vai ser difícil resistir depois de tanto tempo separadas, mas confesso que estou torcendo para elas não resistirem.
    Estou amando acompanhar.
    Bjs Geh.

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