Anjo caído -- Capítulo 29
O ruı́do das ondas batendo no casco podia ser ouvido, porém outro som era nı́tido naquele momento. A respiração acelerada das amantes que travaram uma árdua batalha e agora regozijava numa deliciosa derrota.
As batidas rápidas dos seus corações faziam eco, substituindo os gemidos roucos que há pouco era a música que tocava.
Duda não levara a sério quando a previsão fora feita por Angelina, apenas agira como se a herdeira do império Berlusconi fosse a pobre Kassandra cujos vaticı́nios eram motivos de escárnio de todos.
A morena descansava nos braços de sua ilustre guerreira. Sua cabeça repousava em seu peito, sentia em suas costas as carı́cias...
Sentia ainda o corpo em total regozijo...
Sim, ela sabia que encontrara uma mulher que se equipara a sua força...
Amara-a com toda a intensidade que fora possível, lutara contra sua própria loucura em alguns momentos, mas nada a continha quando o assunto era a jovem Fercodini.
Exibiu um singelo sorriso ao recordar de como ela gritara seu nome no auge do prazer, como arranhara suas costas em meio à intensidade da paixão.
Ela lhe pertencia, do mesmo jeito que pertencia a ela de corpo e alma. Fitou-a, vendo os olhos tão idênticos a outros conhecidos lhe encararem.
Não havia mais a fúria que dançara neles durante bom tempo, agora estava lı́mpidos, calmos como se a tempestade já tivesse e bonança reinasse.
-- Está bem? – Questionou preocupada. – Sente algo? Os dentes alvos exibiram um sorriso meigo, cansado.
-- Estou bem... Porém meu corpo ainda treme devido à intensidade dos seus toques.
-- Machuquei você? – Apoiou-se nos braços. – A feri?
-- Sim... – Acariciou-lhe a face, sentindo a maciez da pele. – Meu ego está demasiadamente ferido por não ter resistido a ti.
Angelina encarou-a, vendo o reflexo naquele olhar intenso.
-- Acredite ou não, meu amor... – Mordiscou o lábio inferior em meio a um suspiro. – Você que me vence... Você que me vence... – Afundou o rosto nos seios redondos, permanecendo lá por alguns segundos, até voltar a mirá-la. – Perdoe-me se sou tão intratável, se não consigo ter uma conversa linear contigo...
Eduarda percebia o quão difı́cil era para a filha de Antônio admitir tais coisas, conseguia visualizar em seu semblante como era praticamente impossível Angelina Berlusconi demonstrar os sentimentos, como ela se fechava, como se escondia...
Colocou uma mecha negra por trás da orelha da médica.
-- Eu te amo muito... Tanto que às vezes tenho a impressão que não vai caber dentro de mim... Tanto que cada segundo que não estou contigo me deixa atordoada, ansiosa... A' vida por sua presença... Porém eu não quero que nossa relação se resuma a sexo... —Mordiscou o lábio inferior. – Não que eu não goste... – Deu um sorriso. – Eu adoro quando me tocas, adoro quando te sinto dentro de mim... Amo mais senti-la em minhas mãos, em meu paladar... – Umedeceu o lábio superior. – Arrepio-me só de pensar... – Deu uma pausa. -- Sim, adoro quando nossas brigas acabam na cama, mas eu preciso que possamos conversar como pessoas civilizadas, eu preciso que me escute, que me deixe falar e que não seja tão arrogante.
-- Eu sei... – Respirou fundo. – A` s vezes não é fácil, ainda mais quando estou com ciúmes... Mas eu tentarei... E... como disse antes, eu confio em ti, meu bem, confio demais, porém eu sinto um medo de te perder... Talvez porque eu sinta que não sou boa o suficiente para ti...
A Fercodini tomou o rosto querido em suas mãos.
Podia ver realmente que havia temor naqueles lindos olhos, mas estava surpresa ao ouvir tais palavras.
Angelina insegura?
Só podia ser uma piada.
-- Meu lindo anjo... Eu te amo, te amo muito e não consigo me imaginar não te amando... – Segurou-lhe a mão levando-a até o seio esquerdo. – Sente? Ele pula por você, ele pulsa mais rápido diante do seu olhar ou mesmo da menção ao seu nome...
Angel sorriu, aproximando os lábios dos da jovem, beijando de forma carinhosa, doce, pacientemente sentindo o prazer de ter aquela boca colada a sua.
Quando Duda já intensificava a carı́cia, a médica se afastou.
-- Tenho algo para te mostrar! – Levantou-se.
A Fercodini pareceu meio frustrada ao ver a mulher se afastar. Sentiu aquele mesmo desconforto no abdome ao mirar o corpo nu. Ela era linda!
Desejava amá-la novamente... Deus!
Observou-a remexer em uma mala e só naquele momento percebeu que as coisas dela estavam naquele quarto. Observou-a se aproximar com um envelope grande nas mãos.
-- Como tinha tanta certeza que conseguiria me dobrar? – Apontou para onde estava a bagagem. Angelina piscou travessa.
-- Acho que suas fraquezas são as mesmas que as minhas. Seguiu até a cama lhe entregando o envelope.
Duda pareceu confusa, mas abriu e viu algumas folhas, parecia algo oficial. Lia com atenção cada sentença.
Angelina a observava, acompanhando todas as reações daquele rosto que se mostrava tão transparente. Talvez só naquele momento percebesse como aquilo era importante para Eduarda.
Quando os olhos claros a fitaram, ela viu como havia algo diferente neles.
-- Então a Patrı́cia é passado?
-- Meu amor – Ajoelhou-se ao lado dela -- antes desse papel ser assinado eu já estava livre dela, fiquei livre quando você chegou naquela mansão abandonada, quando me desafiou ou apenas cuidou de mim quando eu não estava bem. – Tirou o papel das mãos delas, segurando-lhe o rosto. – Mas se isso prova algo para ti, quero que saiba que a partir de agora, sempre foi na verdade... – Sorriu. – Eu sou sua, completamente sua, pode fazer o que desejar comigo.
A Fercodini abraçou-a pelo pescoço, trazendo-a para perto de si.
-- Tenho algo em mente nesse momento...
As bocas se encontraram e mais uma vez elas se amaram, unindo-se naquele sentimento cheio de paixão.
Flávia estava deitada de bruços na enorme cama. Mantinha os olhos fechados.
Ester insistira para que ela ficasse ali, enquanto seguia para ver como estava a situação entre Angelina e Duda. A jovem falara ter ouvido algo e ficara preocupada.
Sabia que a Angel não seria capaz de machucar a Fercodini, pelo menos não de maneira fı́sica, mas tinha certeza que ela não se importaria de usar todas as armas para conseguir o que desejava.
Suspirou impaciente!
Desejava que a ruiva voltasse logo, seu corpo reclamava pela presença dela, pelo toque, pelo jeito delicioso de amar. Jamais imaginara que seria tão divinamente maravilhoso fazer amor com a jovem de cabelos flamejantes.
Ainda se sentia trêmula, desejosa de muito mais.
Tê-la em seus braços, vendo os lindos olhos verdes brilharem no auge do prazer fora uma sensação única. Ouviu a porta se abrir, nem precisando se virar, pois o aroma dela invadiu o recinto.
Percebeu os passos se aproximarem, sentindo-a tocar em suas costas, deitando sobre si.
-- Está a dormir, meu amor? – Sussurrou em seu ouvido.
A loira sentiu o corpo se arrepiar, ao tê-la colada totalmente despida a sua pele nua.
-- Não, princesa.
Ester inclinou a cabeça para poder vê-la.
-- Acredito que a sua amada amiga vencera a batalha... Estão no quarto e parece que tem outras coisas para fazer melhor do que brigar.
-- Eu sabia que não haveria motivos para se preocupar...
A ruiva levantou-lhe os cabelos,cobrindo a região do pescoço de beijos.
-- O Pigmaleão fora levado para a cama por um funcionário. Vi e percebi que dorme como um anjo, nem mesmo reclamou da ausência da dona...
-- Hun... – Gemeu a senti-la esfregar sobre suas nádegas. – Ele é esperto, sabe que as mães estão se amando e que as tias precisam aproveitar para fazer o mesmo.
Flávia conseguiu virar-se de frente, tendo a bela jovem totalmente em pelo montada em seu quadril.
-- Podemos ser espertos e utilizar o tempo da melhor forma possível. —Inclinou-se para frente, segurando os bonitos seios em suas mãos.
A ruiva esboçou aquele sorriso tı́mido, mas continuou a expor o corpo bonito, adorando as carı́cias que recebia no colo.
-- O que passa por sua cabeça nesse momento, doutora?—Indagou prendendo a respiração ao sentir maior pressão no toque.
-- Penso que desejo amá-la muito...
Ester inclinou-se, colando praticamente os lábios aos delas.
-- Acho que pensei em algo gostoso para fazermos...
Tomou os lábios rosados nos seus, tocando-os com delicadeza, saboreando o gosto que era tão único. A loira a abraçou, enquanto sentia as mãos delicadas acariciando a lateral dos seus seios.
Abriu-se, adorando quando a perna dela se adentrou em meio as suas. Estreitou-a mais forte, porém a garota parecia ter outros planos.
Os olhares se encontraram!
Chegou a imaginar que receberia mais beijos na boca, mas o carinho fora em seu pescoço, sentindo-a inspirar seu aroma.
Observou a cabeleira flamejante sobre seu peito.
Gemeu ao senti-la acariciar um dos seios... Lambendo-o, usando a lı́ngua para incitá-lo, em seguida chupando gulosamente, mamando como um bebê faminto.
Ester fitou-a, enquanto se deleitava com os sons que saiam daqueles lábios rosados.
Hesitou um pouco, mas ao fitar o vermelho que se misturara com a cor branca da médica, percebeu o quanto ela parecia estar gostando daquele momento, como era transparente... Isso fora suficiente para esquecer a timidez.
Flávia sentiu o toque na barriga, o beijo molhado e um pouco desajeitado, mas tão instigante que quase se levantou para tomá-la com urgência, porém esperou, querendo ansiosamente saber quais seria os planos da jovem.
A garota parecia fascinada com a essência da pele branca...
Tocou o sexo com as mãos, acariciando-o, movendo os dedos... Abrindo-o...
-- Perdoe se sou desajeitada... – Disse antes de depositar um beijo na intimidade da amada. A Tavares fechou os punhos nas laterais do corpo... Sentindo a pressão em sua carne...
Viu-a afasta-lhe mais as pernas, dobrando-lhe os joelhos, usando as mãos para abrir-lhe para si... Sentiu os lábios posarem sobre outros lábios... Beijando-os...
Flávia apoiou-se nos cotovelos, encontrando os olhos verdes, então sentiu a lı́ngua brincar sobre seu clitóris. Gemeu alto, voltando a acomodar a cabeça no travesseiro.
Precisou morder o lábio inferior para não gritar de prazer, quando a boca começou a chupar seu sexo de maneira alternada, ora rápido, ora de forma lenta.
Começou a movimentar o tronco, adorando quando sentiu a lı́ngua invadindo seu corpo...
-- Ester... Ester... – Chamava-a debilmente...
A jovem segurou-lhe o quadril, impedindo-a que fugisse, pois desejava levá-la até o limite do controle. Aumentou mais a pressão, ouvi o rugido que saia da garganta da mulher que amava...
Sentiu-a tremer sob si...
-- Deixar, meu amor... Deixa acontecer... – Incentivou-a.
Poucos segundos depois, ouviu o grito de deleite, os espasmos...
Abandonou o sexo latejante e satisfeito, buscando a boca da amada, abraçando-a forte.
Sentia-se satisfeita por ter conseguido dar prazer à médica, temera ser tão desajeitada a ponto de não conseguir, mas agora sabia que não havia nenhum problema consigo.
Sussurrou ao ouvido da loira.
-- Eu te amo, doutora... Eu te amo...
No dia seguinte...
Bruno e Patrı́cia seguiram até o orfanato.
A psicóloga conversou durante horas com o diretor do local. Parecia que seus planos já seguiam por um rumo mais concreto.
O rapaz ouvia tudo com atenção e percebia como o dinheiro daquela mulher seria de grande ajuda para que tudo desse certo.
Dessa vez teria sua vingança, retomaria sua relação com a Duda e ainda humilharia a doutora Berlusconi.
Patrı́cia usava todo o seu charme e seu poder no diálogo que desenvolvia com o homem que parecia ser muito ambicioso, além de suas indiscretas olhadas para a loira.
Usaria algumas informações para introduzir o seu plano genial.
Lógico que ainda havia muita coisa envolvida, mas teria paciência, aquele era apenas o primeiro passo de muitos que viriam.
O jetski deslizava pelas águas cristalinas.
Eduarda sorria, enquanto segurava firme na cintura da amada. Adorou a água respingando em seu rosto, adorou a adrenalina Acordaram cedo e Angelina a convidou para dar uma volta.
Sentiu-a diminuir a velocidade.
-- Tudo bem aı́ atrás, minha linda pirralha? – Fitou-a.
Duda ficava encantada como aquela mulher era linda, ainda mais quando seu rosto não trazia aquela expressão arrogante e fria.
Fitou a lente escura dos óculos, adorando o sorriso que brincava naqueles lindos lábios.
-- Não sou pirralha... – Mostrou a lı́ngua de forma travessa. – Sou uma mulher! – Levantou a cabeça em desafio.
A morena aproveitou para lhe roubar um beijo rápido.
-- Já está com fome? – Fitou os olhos claros. –Se quiser podemos voltar ao iate.
Realmente olhando-a com mais atenção, percebia que Henri tinha razão ao falar que era pai da garota. O sorriso, os olhos, até mesmo a expressão irritada eram idênticas a do professor.
Como ela reagiria ao saber que era filha dele?
-- Angel...
Distraiu-se e só naquele momento percebeu que a jovem a chamara várias vezes.
-- Sim, amor?
-- Em que está pensando? – Questionou curiosa. – Parece que está a viajar. O jetski estava sendo embalado apenas pelas águas.
-- Que desejo te levar para jantar hoje quando voltarmos para a cidade... – Tocou o decote da parte superior do biquı́ni através do colete salva vidas. – Pode ficar no meu apartamento?
-- Não... – Fitou a mão tocando em seu seio. – Preciso estudar e sei que contigo não conse... – Sentiu-a abrir o colete – Não conseguirei...
-- Mas... – Afastou o tecido, lambendo o biquinho rosado. – Não quero ficar sem ti... Meu apartamento é muito grande... E eu posso te ajudar na matéria que precisar.
Duda segurou a cabeça dela, mantendo-a cativa, enquanto sentia a boca mamando bem gostoso.
-- Prometo que outro dia irei lá... Ain... Adoro quando... Ain... Chupa assim...
Angelina circundou o biquinho com a lı́ngua, prendendo-os entre os dentes, mamando novamente. A Fercodini sentia o corpo já em brasas...
Abraçou-a pela cintura, levando as mãos até o sexo da médica.
Colocou a mão dentro da calcinha do traje de banho, encontrando-a úmido.
-- Sabe o que está fazendo, garotinha? – Fitou-a com expressão alterada pelo desejo. – Não se deve mexer com a libido da herdeira dos Berlusconis...
Eduarda continuou a tocá-la, sustentando o poderoso olhar...
Adorava quando a via lutando para não perder o controle, adorava quando a sentia tão entregue. Angelina viu quando Flávia em outra moto aquática se aproximava, trazendo Ester em sua traseira. Respirou fundo, virando-se para frente.
Deu partida mais uma vez no jetski, Duda já afastava a mão, porém a médica a manteve cativa dentro da calcinha.
-- Continue, meu amor...
A jovem pareceu hesitar, pois via que a ruiva e a loira pareciam bem próximas de si, porém a morena conduzia-lhe os dedos de forma insistente, dificultando-lhe a resistência.
Mirou rapidamente as companhias e pareceu temerosa com um possível flagrante, coisa que a herdeira de Antônio não parecia se preocupar muito.
-- A Flávia e a Ester... – Sussurrou em seu ouvido. – Vão acabar nos vendo. – Mordiscou o lábio inferior ao percebê- la ainda mais molhada.
-- Eu disse para você não brincar com o meu desejo. – Acelerou mais, tentando manter uma distância dos outros. – Toque-me... – Ordenou.
Duda sentia o próprio corpo reagir ao pedido. Sentiu-se quente, excitada...
Usou o indicador para iniciar os movimentos, sentindo o quadril se esfregando ao seu toque. Mais uma vez a médica diminuiu a velocidade do jetski.
Virou o rosto para ela.
-- Entra dentro de mim... – Pediu quase sem controle. Eduarda fitou os olhos negros, fazendo o que fora dito... Invadiu-a com o indicador...
Ouviu o gemido baixo...
-- Queria que estivéssemos na cama agora... – Duda usou a outra mão para tocar no próprio sexo. Angelina baixou a vista para olhar o que ela fazia.
Adorou ver a delicada mão mexendo...
-- A cama é o último lugar na minha lista para fazer sexo... – Rebolou mais. – Lembra da sua primeira vez? – Ajeitou- se para lhe tocar os seios novamente. – Foi tão delicioso naquele dia... Ou quando a comi na sala de aula... – Voltou sua atenção para a loira que parecia ter parado um pouco distante. – Não gostou?
A Berlusconi viu os olhos claros se fecharem em prazer, enquanto apenas confirmava com um gesto de cabeça.
-- Usa mais um dedo... – Pediu contra os lábios dela. – Quero sentir mais forte.
A preocupação de Duda pareceu ficar em segundo plano, ainda mais quando as mãos da médica substituı́ram as suas, tendo a indelicadeza da morena invadindo sua intimidade com impetuosidade.
Aumentou a pressão, ouvindo-a mais uma vez falar aquelas palavras em uma lı́ngua que não conseguia entender, mas que as frases ditas com aquela voz rouca eram por de mais excitante.
As bocas se encontraram em um beijo dominador.
A Fercodini sentiu o corpo ser sacudido por um prazer avassalador, sentindo-se tremer, enquanto a sentia sufocar um gemido alto contra os seus lábios... A médica lhe segurar a mão para deter os movimentos.
Fitou os olhos fechados e a expressão de deleite que mascarava o rosto bonito naquele momento. Abraçou-a forte, desejando que aquele dia jamais acabassem.
A volta para a cidade não quebrou o encanto do final de semana.
Os casais aproveitavam todos os momentos que podiam estar juntas, porém Duda e Ester se dedicavam mais aos estudos, pois sabiam que estavam sendo avaliadas de maneira mais rı́gida, ainda mais pelo fato de Angelina e Flávia não parecerem fazer nenhuma questão de manter em segredo a relação que tinha com as internas, apenas tentavam não terem encontros ı́ntimos no hospital.
A Berlusconi via alguns exames em seu consultório quando foi a anunciado pela secretária a presença de Mattarelli.
Há alguns dias não o via, mas sabia que ele estreitava cada vez mais a relação com a Eduarda. Observou-o a entrar, levantou-se, indo até ele, recebendo o abraço costumeiro.
-- Então fui trocada pela Duda? – Provocou-o quando ambos sentavam.
Observou o sorriso do professor e viu ainda mais a semelhança que tinha com a jovem. Henri abriu a pasta retirando um envelope.
-- Bem... Acho que tenho duas filhas. – Entregou-lhe. – Veja! Ambos estavam sentados lado a lado na poltrona de couro.
-- O exame de DNA? – Arqueou a sobrancelha em questionamento. – Já viu o resultado?
-- Não! – Suspirou. – Gostaria de vê-lo contigo. Recebi ainda pouco do laboratório.
A Berlusconi observou o papel com atenção, recordando que há alguns anos tivera um daqueles em suas mãos, recordara-se de que comprovara que a mesma jovem que era alvo daquela investigação de paternidade não era filha de Antônio.
Dessa vez não fora preciso quase arrancar o braço da garota, usara a polı́tica do hospital para exigir alguns exames e aquele fora um extra.
-- Abra! – Henri pediu.
Angelina fez um gesto afirmativo com a cabeça.
Retirou as folhas que estavam dentro do envelope, observando com atenção cada uma das palavras ali escrita. Levantou a cabeça e o professor pôde ver a algum tipo de emoção brilhar naqueles olhos negros.
-- E então?—Indagou temeroso.
-- Maria Eduarda Fercodini realmente é sua filha!
Os olhos claros choraram, enquanto a médica o acolhia em seu abraço.
Sentia a emoção daquele homem que fora tão bom para si, aquele ser humano que sempre agira de forma correta em todos os momentos, que sempre a apoiara em todos os momentos difı́ceis de sua vida.
Lagrimou.
Mais uma vez se sentiu mal por ter chegado a pensar que aquela jovem era filha de Antônio.
-- Precisa contar pra ela. –Segurou-lhe as mãos. – Agora já tem certeza da paternidade, precisará conversar, dizer toda a história.
-- Sim, eu farei... Porém quero esperar um pouco, desejo ter certeza de que não serei rejeitado.
-- Henri, a Duda tem uma grande admiração por ti, escuto-a falando o tempo todo sobre você, acho que não deve esperar mais.
-- Só mais alguns dias e depois falarei com ela. – Juntou as mãos em gesto de oração. – Por favor. Angelina assentiu, levantando, seguiu até a sua cadeira, sentando.
-- Deixarei que você decida o momento certo. – Apontou a cadeira para que ele sentasse diante de si. – Agora eu que necessito da sua ajuda. – Disse assim que o viu se acomodar.
-- O que precisa?
-- Quero que venha comigo à Alemanha, estou disposta a me submeter à bendita cirurgia.
O sorriso que Mattarelli exibiu se igualava a mesma felicidade que sentira a pouco ao saber que era pai da Fercodini.
-- Nossa, acho que meu coração não vai aguentar tanta felicidade. A Berlusconi mordiscou o lábio inferior, sua expressão era séria.
-- Estou com medo...
Henri rapidamente deu a volta, ajoelhando-se diante dela, tomando as mãos nas suas.
-- Estarei ao seu lado e a Duda, a Flávia, todos estaremos sempre contigo...
-- Não quero que elas saibam ainda. – Mirou os olhos claros. – Desejo que venha comigo, inventarei uma desculpa, não desejo que se iludam muito.
-- Mas, Angel...
-- Por favor...
O professor assentiu.
Sim, faria qualquer coisa para ajudar sua pupila e ficaria muito feliz se ela pudesse voltar ao trabalho que tanto amava.
Aquela fora a vez dele abraçá-la, sentindo o temor em seu corpo.
-- Estarei contigo, meu anjo...
Eduarda aproveitou a hora do almoço para ir ao orfanato.
Conseguira recuperar a habilitação e agora já podia usar o próprio carro.
Soubera que Angelina estava em reunião, então não fariam a refeição juntas como se tornara costumeiro. Sorriu!
A relação de ambas estava indo muito bem, porém percebia que ela não se sentia muito à vontade quando falava sobre o bebê com ela, tanto que passara a não tocar muito no assunto.
Estacionou em frente ao abrigo.
Cada dia que chegava naquele lugar e tinha a pequena em seus braços, era como se algo dentro de si se agitasse, porém ter que deixá-la era sempre terrível.
A criança já estava muito apegada a si, sempre chorava quando tinha que ser deixada e a jovem acabava chorando com ela.
Permaneceu alguns minutos dentro do veı́culo.
Pedira a Bruno para poder saber quais os requisitos para adotar a garotinha.
Talvez fosse uma loucura, mas o amor que sentia pela criança era tão grande que estava disposta a cuidar da menina, amá-la como se fosse sua mãe.
Sabia que a Angelina não gostaria muito daquela ideia, na verdade quando falara sobre o assunto, a Berlusconi passara quase trinta minutos falando que não era um momento certo para uma responsabilidade daquela, ainda mais quando a jovem iniciava uma profissão que precisava de total dedicação.
Tentando não pensar sobre isso, deixou o automóvel.
Subiu os degraus, entusiasmada, porém ao chegar à recepção não pôde seguir diretamente até o berçário.
-- O que houve?
-- Não vai poder vê-la hoje, senhorita Fercodini.
-- Mas por quê? Tenho a autorização que o diretor me deu. – Protestou. – Disse que eu poderia vê-la a hora que eu quisesse.
-- Sim, porém alguém deseja adotar a pequena e provavelmente em breve ela não estará mais aqui.
Duda sentiu uma pontada no peito ao ouvir aquela frase.
Não acreditava que aquilo pudesse estar acontecendo, na verdade, não pensara que alguém pudesse ser tão rápido. Suspirou!
Bem, pelo menos a criança teria alguém para amá-la, cuidá-la...
-- Está bem... – Disse em um fio de voz.
Permaneceu encostada ao balcão por alguns segundos, até voltar a fitar a jovem.
-- Quem é a famı́lia que deseja adotá-la?
-- Não é uma famı́lia, querida...
Duda se virou ao ouvir aquela voz conhecida. Patrı́cia!
-- Eu quem irei adotá-la. – Exibiu um sorriso debochado.
Fiquei um tempo sem ler essa história com medo das maldades de Patrícia.
ResponderExcluirAmo a história, mas não gosto dessa mulher. Rsrs