Anjo caído -- Capítulo 28

             

                    O carro de Patrı́cia estava estacionado na praia.
                Ela viu o momento que José levou as jovens até o iate, ela sabia que a Angel estava lá, tinha essa informação, pois o detetive que contratara para seguir a ex tinha lhe dito.
                 Continuou lá, apenas observando e pensando o que deveria fazer para separá-las de uma vez por todas.



                -- Por que não me disse que ela estava aqui? – Duda questionou assim que ficaram sozinhas. 
                     O quarto era muito luxuoso.
           A suı́te máster era cenário de cama queen-size, amplas janelas com vista para o mar, escrivaninha, sofá e closet.
                   Ainda dois banheiros individuais para quem fosse dividir o quarto.
              Observou a poltrona confortável que tinha perto de uma porta que decerto daria para outro cômodo, sentiu o carpete macio sob seus pés.
                 Havia uma varanda que dava a vista para o mar.
                 -- Eu não sabia... – Ester disse cabisbaixa. 
                 Flávia tinha deixado-as sozinhas.
                -- Eu não acredito! – Duda retrucou tentando controlar a raiva.
              A Fercodini passou a mão pelos cabelos, caminhando de um lado para o outro parecendo uma fera enjaulada. 
                 A ruiva a fitou.
          Não deveria ter omitido esse fato, mas desejava muito que a amiga se acertasse com a Angelina. Suspirou resignada.
              -- Perdoe-me, mas eu não tinha certeza de que ela estaria aqui... Por isso não falei, na verdade era uma surpresa. 
                Eduarda a encarou com os olhos estreitos, sentando pesadamente no leito.
             -- E foi... Uma surpresa e tanto, mas você sabe que não estamos bem, não gostei da Forma que a Angel me tratou e também não gostei dela ter deixado de me ligar.
               Ester se acomodou ao lado dela.
           -- Ela ficou com ciúmes do Bruno... Eu também não gostaria que a minha namorada ficasse com o ex para cima e para baixo. – Mordiscou o lábio inferior. – E se fosse o contrário? Se soubesse que ela estava se encontrando com a tal da Patrı́cia?
              A afilhada de Antônio engoliu em seco, ponderando por alguns segundos.
            -- Namorada?! Acho que sou apenas a mulher que a Angel gosta de levar para a cama. Quanto à outra, prefiro nem mesmo ouvir o nome.
           -- Está vendo? Precisa aprender a se colocar no lugar do outro... E sobre não saber o que representa para a doutora, não é verdade, você sabe sim...
              Ester lhe segurou as mãos nas suas.
            -- Se quiser peço a Flávia para voltarmos, eu sei que ela aceitará sem problemas. 
             Eduarda fez um gesto negativo com a cabeça, esboçando um sorriso.
             -- Não, meu bem, quero que aproveite ao lado da sua loira, ela está apaixonada por ti.
           -- Eu sei! – Confirmou aflita. -- Mas estou tão nervosa, ainda mais por que sei que ela deseja me levar para a cama.
            -- Ela não fará nada que você não deseje, eu tenho certeza disso. – Tocou-lhe a face. – Você não quer? Não deseja fazer amor com ela?
              -- O problema é que eu quero, Duda, mas eu tenho medo... Medo de decepcioná-la... Medo de não conseguir satisfazê-la...
              -- Eu não acredito que a Marcela ainda te assombra... – Praguejou, levantando-se. – Aquela desgraçada era uma maldita vadia que nunca soube valorizar o sentimento que você tinha por ela. – Colocou as mãos nos quadris. – Por favor, não deixe que aquela mulher seja uma sombra na sua relação e também não compare a Flávia a ela.
                   A ruiva mordiscou o lábio inferior.
           -- Meu bem, entenda que não há nenhum problema contigo, sempre te disse isso, precisa apagar esse passado, melhor, precisa entender que você não tem nenhum bloqueio sexual.
           Ester ouvia e parecia um pouco perdida em seus pensamentos, temerosa com os passos que daria, mas desejosa de dá-los.
Respirou fundo!
             -- Prometo que sim. – Levantou-se, indo até a amiga, abraçando-a. – Desculpa...
             -- Está tudo bem... Vamos nos vestir...
             A ruiva assentiu, enquanto Duda desarrumava a mochila.
            A Fercodini sabia que teria que enfrentar a Berlusconi, sabia que precisavam conversar, mas só desejava ficar quieta para não terem uma nova discussão.




             Flávia se aproximou de Angelina.
             A herdeira estava deitada na espreguiçadeira, tendo Pigmaleão acomodado sobre sua barriga.
            -- Já contou para Duda que você é uma mulher livre? – Sentou ao lado da amiga. 
             Um garçom bem vestido se aproximou trazendo uma bandeja com sucos.
             A loira entregou um a morena, enquanto ficou com o outro.
         Angelina levantou os óculos, sentou, tomando cuidado para não assustar o pug, levou o canudinho à boca, sugando pacientemente.
               -- Não, tivemos uma briga antes disso.
           A Tavares perscrutou-lhe o rosto, parecia desejar encontrar algo naquela expressão, mas ela não demonstrava nenhuma emoção naquele momento, apenas uma máscara de arrogância estava presente.
               -- Eu sei disso, mas acho que ela deveria saber, afinal, assim ela não se sente como amante.
            -- Eu não sei qual é o problema de ser amante! – Retrucou exasperada. – É até mais gostoso...
             -- Gostoso?
             Pararam de falar ao verem as duas convidadas se aproximarem.
            A loira percebeu que a respiração da amiga ficara pesada ao ver a namorada e teve vontade de rir, porém naquele momento sua atenção fora totalmente monopolizada pela ruiva.
             Encantada, Flávia seguiu até a Ester.
            -- Vem comigo, quero te mostrar uma coisa. – Tomou-a pela mão, sem esperar consentimento. Caminharam até a popa traseira.
            O lugar era realmente de arrancar suspiros. Na área externa também ficava o ambiente gourmet da embarcação, que contava com pia, churrasqueira e espaço para preparo das refeições. Havia uma mesa retangular e quatro cadeiras em vime.
            A embarcação também contava com proteção de um toldo elétrico embutido no teto. Possuia sofás menores que cedem espaço para uma banheira de hidromassagem e um solário.
           Toda a decoração mesclava tons claros e escuros, que davam ao ambiente ar de sofisticação. Madeira, couro, aço e tecido finos também estavam presentes em toda a decoração.
             Flávia e Ester seguiram até a proteção da popa.
           A ruiva parecia interessada na água cristalina, na beleza da fauna aquática, enquanto a loira não se mostrava muito atraı́da pela paisagem, pois seus olhos não abandonavam por um único segundo a figura esguia que estava ao seu lado.
           Parecia examinar com atenção o biquı́ni branco que deixava os seios mais visıv́  eis, onde charmosamente algumas sardas se sobressaiam...
             Desejou tocar com a boca aquela parte tão atraente, mas apenas continuou a inspeção.
          Os cabelos flamejantes estavam presos em um coque, enquanto alguns fios emolduravam o rosto delicado. Ansiou para livrá-la da canga que inoportunamente escondia a parte de baixo dos seus olhos atrevidos.
          Sentiu vontade de abraçá-la, mas acabou se contentando em pousar a mão sobre a dela, tentando acompanhar o olhar encantador.
            -- A vista é de tirar o fôlego! – A garota comentou, fitando a médica. – Eu sempre adorei o mar... Lembro que sempre fugia da escola para ir à praia.
         -- Nossa, eu não consigo imaginar você fugindo... – Flávia sorriu. – Você parece ser tão certinha...
            -- Antes você não achava isso... – Provocou-a com um piscar de olho. – Até proibiu a Duda de ser minha amiga. 
             A loira abraçou-a pela cintura, apoiando-a na proteção.
         -- Confesso que fiz isso sim, mas é que não foi muito fácil lidar com a rebeldia da sua amiga, você sabe que ela me deu muito trabalho. – Colou os lábios no pescoço bem feito. – Adoro o seu cheiro... – Voltou a mirá-la. – Adoro sentir sua pele colada a minha...
            O rosto de Ester tomou a mesma coloração dos cabelos.
            Ainda não conseguia acreditar que aquela mulher tão linda estava apaixonada por si. Sentiu a pele arrepiar com a proximidade, afinal estavam praticamente seminuas.
        Estava encantada com o biquı́ni vermelho que a loira usava, era tão sensual, ajustando-se perfeitamente àquele corpo perfeito.
             Afastou um pouco as pernas, pois percebeu que a médica parecia encaixar a coxa entre as suas.
              -- Você que é maravilhosa, doutora Tavares. – Umedeceu o lábio superior com a lı́ngua.
              As mãos de Flávia seguiram até a lateral dos seios, seguiu por baixo do tecido até senti-los em seu tato.
             Hesitou, esperando para que ela lhe repelisse ou repreendesse, mas os olhos claros pareciam ainda mais brilhantes naquele momento.
            Ester olhou para todos os lados, pois temia que alguém aparecesse, mas felizmente estavam sozinhas. Sentia os dedos tocarem o biquinho do peito... Mordiscou o lábio inferior para não gemer.
           As bocas se encontraram em uma ânsia de desejo... A carı́cia era exigente, dominadora. As lı́nguas se buscavam, se perdiam em perfeita sincronia...
           Flávia chupou-a forte, degustando deliciosamente do carinho, enquanto as mãos passeavam pelo corpo da jovem. Desejava tomá-la para si ali mesmo, porém pensava que a primeira vez das duas deveria ser algo mais memorável... Tirando todas as forças que ainda lhe restavam cessou os movimentos.
               Os olhos verdes a encararam mesclados de surpresa e paixão.
             -- Não se preocupe, meu amor, nosso final de semana está apenas começando... – Beijou-lhe a pontinha do nariz. – Prometo que será perfeito.
               Ester abraçou-a pelo pescoço, exibindo um enorme sorriso.
               -- Eu tenho certeza que cumprirá perfeitamente essa promessa...
              Flávia delineou os lábios rosados com o polegar.
               -- Já mergulhou alguma vez?
               -- Não, nunca...
              A loira apontou o dedo para o mar.
              -- Vamos ancorar mais na frente, lá vamos poder mergulhar... – Percebeu o olhar de aflição da jovem. – A Angel e eu temos experiência nisso e temos uma tripulação bem preparada, não correrá riscos. – Tomou a mão da amada, levando aos lábios. – Eu a protegerei com a minha vida.
                 Ester pareceu emocionada com as palavras que ouviu.
                -- Temos apenas que esperar a Angel se acertar com a Duda, assim vamos nós quatro...



           Eduarda observou a forma apaixonada que Flávia fitou a sua amiga. Permaneceu de pé, enquanto as via se afastar de mãos dadas.
              Desejava de todo o coração que aquela relação pudesse dar certo. Sabia como a amiga sofrera por causa de uma mulher imatura, insensível e não desejava que aquilo voltasse a acontecer.
                Fitou Angelina que parecia muito bem aproveitando o sol em sua espreguiçadeira, enquanto um Pigmaleão carente parecia adorar estar sobre o abdome definido da médica.
                Soltou um suspiro, sentando em outra cadeira.
             O sol não estava de incomodar, ao contrário, estava deliciosamente gostoso naquela manhã. Avisara a Bruno que não poderiam ir visitar o pequeno anjinho naquele dia.
             Esboçou um sorriso ao se lembrar do pequeno bebê que já parecia conhecê-la e acomodava-se em seus braços de uma forma tão carinhosa.
          Não podia deixar de agradecer ao ex-namorado, pois graças a ele que essas visitas estavam acontecendo, fora por seu empenho que conseguiram aquelas ordens para poder passar alguns minutos com a criança.
               Voltou a fitar a médica de soslaio.
             Não acha justo a forma como ela falara, ainda mais porque nem mesmo se importara quando falara sobre o bebê, apenas agira como um ogro que parecia adorar ser.
              Suspirou exasperada!
              Ela poderia ser totalmente um animal ou menos bela.
         O perfil era forte, como se tivesse sido esculpido para que não houvesse uma única imperfeição.
           Concordava com Flávia quando ela falara que era impossível não se apaixonar pela beleza que a doutora esbanjava, mas não acreditava que esse sentimento pudesse surgir pela morena ser um ser fácil de lidar. Desde que a conhecera ficara muito claro que a herdeira de Antônio era dona de uma personalidade difícil, arrogante na maioria das vezes, orgulhosa e petulante. Gostava de provocar, gostava de tomar o que desejava, independente se a pessoa desejasse lhe ceder ou não.
            De repente os olhares se cruzaram... O da Berlusconi perscrutador, o da Fercodini inquisitivo, rebelde... Angelina se remexeu inquieta, o pug pareceu reclamar pelo incômodo, então fora acomodado de lado. Voltou a encarar a Eduarda.
              Ela usava óculos de sol...
            O traje de banho era composto por um biquíni totalmente provocante, a cor idêntica aos olhos.
            Recordou-se de como era delicioso ter aqueles seios na boca, de como adorava o sabor daquele corpo, a forma que ela gemia seu nome...
                Pressionou uma coxa contra a outra.
              Sim, ela queria se aproximar, mas não aceitava o fato da jovem ter se encontrado com o antigo mancebo. No seu peito ainda queimava o ciúmes ao imaginá-los juntos.
               Voltou a deitar de forma ereta, levando o braço sobre a tez, fechando os olhos.
             Não acreditava nas boas intenções do tal Bruno, mesmo que a Duda tivesse deixado bem claro como o rapaz estava sendo solı́cito!
                “ Solı́cito uma ova!” – Pensou.
              Não acreditava naquelas boas intenções e naquela vontade que ela demonstrava de ajudar a ex a ver o tal do bebê. Agoniada, sentou-se, virando-se para ela, mas não estava mais ao seu lado.
                Viu o garçom se aproximar.
               -- Pois não, doutora! – O jovem respondeu prontamente.
           -- Viu para onde foi a moça que estava aqui comigo? 
               Ele fez um gesto afirmativo com a cabeça.
               -- Ela foi em direção aos quartos.
           A morena se levantou, caminhando em passos rápidos, na verdade quase correndo pelo luxuoso corredor, parando em frente à suı́te máster, pronta para entrar sem bater, mas a porta foi aberta e lá estava sua presa.
           -- Algum problema?—A Fercodini questionou desconfiada. Inacreditavelmente, a médica parecia desconsertada.
               Angelina  pigarreou.
           -- Hun, vim avisá-la para vestir as roupas adequadas, pois o capitão vai ancorar para que possamos mergulhar. – Disse mirando os olhos claros.
               Duda arqueou a sobrancelha esquerda em surpresa.
               -- Mergulhar?!
              A morena não respondeu imediatamente, pois seus olhos estavam parados sobre o decote da jovem.
                Eduarda cruzou os braços sobre os seios.
                -- Seu olhar é constrangedor, invade a intimidade, sabia? – Repreendeu-a.
                A Berlusconi exibiu aquele sorriso cı́nico que era demasiadamente provocante e irritante.
               -- Bem, o que esperaria? – Chegou mais perto, colando os corpos. – Você está muito gostosa nesse traje minúsculo e não é fácil controlar a vontade de ver ainda mais. – Colocou alguns fios rebeldes por trás da orelha da amada. – Se está sendo tão incomodante meu olhar, use uma saı́da de praia.
           Eduarda desvencilhou do toque, em seguida deixou os braços caı́rem na lateral do corpo. Ousada, empinou mais o colo diante dos olhos famintos.
            --Não, doutora, eu não me cobrirei, mas você vai ter que se conformar em apenas comer com os seus lindos olhos negros, pois enquanto agir como a dona da situação, não encostará um dedo em mim.
             A mirada ameaçadora que recebeu não a fez baixar a cabeça. Achava verdadeiramente que a Berlusconi passara muito tempo isolada do mundo e decerto esquecera muitos modos, os melhores com certeza.
             -- Você não é a única mulher do mundo, garotinha estúpida! Pode ter certeza que teria aos montes se assim quisesse.
               Duda praticamente beijou-lhe a boca, encostando os lábios em seu ouvido.
-- Como você mesma disse: Se assim quisesse – sussurrava – o problema é que a única que deseja comer bem gostoso, sou eu, amor. – Afastou-se com um sorriso enorme. – Eu irei mergulhar sim, nunca o fiz, mas estou super entusiasmada para fazê-lo.
              Angelina sentiu o sexo latejar diante das provocações que acabara de receber e ela vinha falar em mergulhar como se nada tivesse acontecido.
                -- Onde posso colocar a roupa? – A Fercodini continuou a provocação.
           A Berlusconi fez um gesto para agarrá-la, mas sons de passos a detiveram. Flávia e Ester apareceram de mãos dadas.
              A loira notou o olhar irritado da amiga e não entendeu ao ver o divertimento que a expressão da Eduarda denotava.
             -- Já estamos no lugar para o mergulho. – Disse tentando não se intimidar pelo péssimo humor que a morena demonstrava. – Vamos nos vestir para ir?
                  Angelina nada respondeu, seguindo a passos pesados em direção oposta.
                  -- Algum problema? – Ester questionou.
                -- Nenhum, eu tava apenas conversando um pouco com a Angel. Ela é um amor quando não está no controle da situação. – Piscou travessa. – Vamos nos vestir?
                 A Tavares assentiu, enquanto seguia até o vestiário onde os trajes se encontravam.


            Havia dois instrutores para acompanhar as jovens, pois mesmo Angelina e Flávia sendo experientes naquele quesito, não desejavam que as garotas tivessem algum problema.
              Quando as três retornaram, totalmente vestidas para em empreitada, ficaram sabendo que a Berlusconi já tinha seguido na frente.
              A Fercodini ficou preocupada com esse fato, mas a loira a tranquilizou, dizendo que a médica era uma verdadeira profissional, mesmo assim gostaria de tê-la ao seu lado.
                    Irritou-se.
              Acomodaram-se na lancha, enquanto as instruções eram passada e os equipamentos checados minuciosamente.
                  Ester e Duda pareciam fascinadas, ainda mais ao ver como a água era cristalina a ponto de poderem ver a fauna e flora dominante.
                 Depois de tudo acertado, mergulharam.
            Mesmo os mais experientes se impressionavam com a visibilidade que podia chegar a 50 metros na horizontal. Os iniciantes se encantavam com o processo de iniciação tranquilo nas águas transparentes que apresentava temperatura média de 27°C.
            Eduarda esqueceu o fato de Angelina não está com elas, ainda mais ao ver os peixes que pareciam se aproximar de forma curiosa dos visitantes.
                O cardume era colorido, suas escamas brilhavam em tons invejáveis.
             Aproximou-se dos corais, da vegetação aquática, encantada como tudo era tão colorido, tão vibrante.
             Retardou um pouco, coisa que não deveria ter feito, pois as instruções deixaram claro que não deveriam se afastar, porém ficara tão enamorada com uma rocha, algo lembrando a entrada de uma caverna, porém mais estreita, curiosa, se aproximou mais e foi nesse momento que percebeu que algo não estava certo.
            Tarde de mais percebeu que algo a tinha prendido e o cilindro de ar comprimido não executava mais sua função. Eduarda tentou gritar, chamar a atenção, mas em pouco tempo seu desespero não a deixou pensar claramente. Debateu-se, tentando ver o que tinha acontecido.
              Angelina desejou se afastar um pouco, pois ficara muito irritada com as provocações que a afilhada de Antônio ousara usar contra si.
              Sim, ela estava certa, pois a médica não desejava outra mulher, só a pirralha de lı́ngua afiada e isso não era bom de admitir.
               Desejara segui-los a uma boa distância e tinha percebido quando a fercodini ficara um pouco atrás do grupo.
             Seus pensamentos foram interrompidos ao ver alguém se debatendo, imediatamente percebeu de quem se tratava, nadando rapidamente até ela, sentindo o coração bater mais forte ao imaginar que algo pudesse ter acontecido com a jovem.
           Abraçou-a, percebendo que a jovem tentava se livrar, decerto agoniada com a falta de oxigênio. Segurou-lhe as mãos e rapidamente impulsionou para cima.
              Chegaram a superfı́cie e rapidamente recebeu a ajuda das pessoas que ficaram na lancha.
             Angelina rapidamente a deitou, começando a respiração boca a boca, até senti-la respirar, tossindo muito, a cabeça da Fercodini foi apoiada pela a amada que já sentava ao seu lado, amparando-a.
                 A garota começou a cuspir o excesso de água salgada que engolira.
             Eduarda não sentia o ar chegar aos pulmões, então tentou fazer isso lentamente, pois se sentia sufocada. 
              Flávia e Ester junto com os outros instrutores chegaram.
                A ruiva se desesperou ao ver a amiga, aproximando-se.
              -- O que houve? – Questionou, vendo-a pálida, tossindo, voltando a respirar com dificuldade. Ester assumiu o lugar da médica.
               Angelina se levantou.
             -- O que aconteceu é que por pouco a Duda não morreu pela irresponsabilidade de todos vocês! – Esbravejou. – Como a deixaram sozinha?
              Todos ficaram em silêncio, menos  Flávia que pareceu reclamar para si a culpa.
             -- Eu deveria ter prestado atenção, mas acabei me distraindo... – A loira disse demonstrando total pesar. – Jamais imaginei que algo assim pudesse acontecer.
               -- E esse idiotas estavam fazendo o quê? – Apontou para os instrutores.
                A loira a segurou, pois temia que a Berlusconi partisse para agressão fı́sica.
              -- Chega, Angel... – A voz debilitada de Ferdconidi pôde ser ouvida chamando a atenção de todos. – A culpa foi minha, eu que não segui as instruções.
               Angelina voltou, ajoelhando-se até ela.
           -- O que está sentindo, meu amor? – Tocou-lhe a face. – Vou chamar o helicóptero para te levar até o hospital. – Dizia preocupada.
             -- Eu estou bem, não precisa. – Tocou a mãe que lhe acariciava. – Eu estou bem, graças a você estou bem. 
                 A morena a abraçou forte, escondendo o rosto em seu pescoço.
               Seu coração ainda batia acelerado, ainda sentia o medo que se apossara de si quando a viu se debatendo, quando imaginara que a perderia.
             -- Eu estou bem – Duda sussurrou em seu ouvido. – Estou aqui contigo. – Segurou-lhe o rosto querido em suas mãos.
           Viu as lágrimas que corriam livres pelo rosto bonito e percebeu como sua doutora estava emocionada. Tentou seca-lhe o pranto com beijos, mas pareciam intermináveis.
               Abraçou-a mais uma vez.
          -- Eu estou bem graças a você, meu amor... – Sussurrou mais uma vez. – Nada vai me acontecer. 
               A Berlusconi a estreitou forte, depois se levantou, afastando-se.
              -- Cuide dela! – Pediu a Flávia.
          A loira sabia que o tinha se passado na mente da amiga, sabia que naquele momento tinha revivido o acidente que matara a mãe.
           Aproximou-se de Eduarda e junto com Ester, levantaram-na, fazendo-a sentar. A lancha voltava para o iate.



               Patrı́cia ligou para Bruno, convidando-a para jantar em um restaurante.
               -- E então? – O rapaz indagou assim que se acomodou na cadeira. – Ela está realmente com a Berlusconi?
                -- Sim! – A loira levou o copo à boca. – Ela não te disse? – Provocou-o.
             -- Não! Disse que acompanharia a Ester em um passeio. – O rapaz respondeu irritado. – O que vamos fazer?
                -- Como está indo com a tal órfã?
               -- Bem, a Duda está totalmente perdida pela criança, acredita que ela comentou que adoraria adotá-la. – O rapaz apoiou os cotovelos sobre a mesa. – Eu não me importaria de brincar de casinha e ser o papai.
               O garçom se aproximou servindo-os, em seguida se afastou discretamente.
             -- Adotar? – Patrı́cia levou um pouco de salada à boca. – Ela quer adotar a menina? Os olhos claros brilharam.
               -- Sim! Não sei como ela faria, você acha que a Angelina aceitaria?
             Patrı́cia parecia ponderar sobre as novas informações, tentando montar as peças em seus devidos lugares. Bruno não entendeu o motivo da gargalhada que a psicóloga deu.
                 -- Qual o plano? – Indagou.
              -- O plano é que a gente vai brincar de casinha com seu amorzinho... Mas só a gente vai brincar... – Encheu as taças, entregando uma a ele. – Brindemos ao lado maternal da Dudinha.
               O jovem fez como fora proposto imaginando o que Patrı́cia parecia estar tramando naquele momento...




                A lua estava linda, o céu estrelado.
             As luzes do iate contrastavam com o prateado das águas que refletiam as luzes do céu. Flávia, Ester e Eduarda ocupavam espreguiçadeiras, curtindo o ar noturno.
             Alguns garçons serviam aperitivos, bebidas. Verdadeiras iguarias.
           Angelina se mantivera distante durante todo o dia e só se aproximara para saber se Duda estava bem. Ester dividia a cadeira com a namorada, apoiando a cabeça em seu ombro.
            -- Onde ela está? – A Fercodini questionou fitando a loira.
            -- Está vindo para cá agora mesmo! – Apontou com a cabeça para a figura que se aproximava.
           A Berlusconi usava um minú sculo short jeans desbotado, camiseta, expondo os ombros bem feitos, os cabelos estavam molhados, devia ter tomado banho.
           Ela não falou nada, apenas deitou um pouco afastada, Pigmaleão , que dormia aos pés da dona, correu imediatamente até ela.
         Eduarda a fitou, mas não recebeu o olhar de volta. Observou-a pegar uma taça de vinho, começando a bebericar, enquanto acariciava a barriga do pug.
              Ester fitou a Flávia.
         -- Vamos deixá-las sozinhas. – A ruiva sussurrou. – Quem sabe não se entendem. 
             A loira assentiu e ambas se afastaram.
            A morena dirigiu o olhar para Duda.
             -- Como você está?
              A jovem deu um sorriso.
             -- Eu estou bem, doutora, muito bem. A Flávia checou todos os meus reflexos, mas se desejar fazer o mesmo, estou a disposição. – Gracejou.
             Angelina apenas deu de ombros, não parecia muito interessada em brincadeiras e mais uma vez levou o copo aos lábios, bebendo lentamente o conteúdo âmbar.
              Duda respirou fundo, voltando a olhar para o céu, observando as estrelas, pois percebia que o diálogo não aconteceria naquele momento.




                 Flávia levou Ester para a cabine que ocupava.
               A ruiva ficou encantada com a decoração delicada, tons claros compunha o visual das áreas internas de todo o iate. As cores mais escuras ficam por conta do padrão clássico da madeira para evitar um visual muito pesado no décor. As tradicionais listras – referência ao padrão navy – pontuam acessórios como as almofadas e o enxoval dos quatro dormitórios.
               O leito enorme parecia muito convidativo.
           -- Estou preocupada com a doutora Angel. – Ester seguiu até uma espécie de varanda do quarto. – Será que fizemos bem em deixá-las sozinhas?
               Flávia se aproximou por trás, abraçando-a pela cintura.
              Ambas estavam usando vestidos leves para uma noite de verão.
              -- Não se preocupe, a Angelina não fará nada para machucar fisicamente ninguém...
              -- Não estou falando disso, também sei que ela não faria, mas elas não estão bem.
            -- Sabe, amor, eu tive uma conversa coma Duda há algum tempo, expliquei para ela que não seria fácil, mas se ela realmente amasse a Angel, deveria lutar por esse sentimento.
           -- Ela a ama! – A jovem virou a cabeça para mirá-la. – Ama-a muito, mas nós sabemos que ambas são demasiadamente orgulhosas.
          -- A Duda vai sair ganhando. – Virou-a para si. – Não só ela, mas você parece que nasceram com um dom de dominar as situações. – Acariciou-lhe a face.
           -- Eu? – A ruiva sorriu. – Não me lembro de ter esse poder. – Disse com o semblante pensativo. Flávia colocou-se mais a ela, afastando a alça fina do vestido, depositando um beijo no ombro. Fê-lo demoradamente, sentindo a maciez da pele, o cheiro delicioso que era caracterı́stico dela.
             -- Sim, meu bem... – Demorou os lábios na pele aveludada. – Você tem o dom de me dominar completamente... A ruiva mordeu a lateral da boca, sentindo um delicioso arrepio percorrer todo seu corpo.
              -- Dê-me um exemplo desse meu poder, então...
             Os beijos de Flávia seguiram pelo pescoço da jovem, beijando-o pacientemente, sentindo o aroma suave. Ester segurou na barra de proteção, inclinando a cabeça e dando total acesso à amada.
                Sentiu os seios se excitarem.
             Abraçou-a, tentando aplacar o desejo que seu corpo demonstrava de forma tão descontrolada. Desceu a mão tocando a coxa torneada da médica.
             Gemeu ao sentir a maciez em seus dedos. A loira a fitou.
              -- Veja o poder que tem sobre mim... – Conduziu a delicada mão até sua calcinha. – Sinta...
           A ruiva observou a expressão que se mostrava no rosto bonito... Sentiu o tecido fino totalmente ensopado, pegajoso... Deliciosamente pegajoso...
            -- Deixe-me te amar, meu amor! – Flávia disse contra os lábios rosados. – Deixe-me mostrar como te amo e como desejo me unir totalmente a ti.
            Ester via o sentimento brilhar nos olhos azuis, via o desejo presente em sua face e mesmo que ainda temesse, o que mais desejava naquele momento era pertencer totalmente àquela mulher de sorriso doce e olhar sedutor.
            Mesmo sentindo as pernas tremerem, deu alguns passos, afastando-se.
            Flávia a fitou, curiosa, imaginando se aquilo significava uma negativa, porém a cena a seguir a surpreendeu.
           A ruiva encarava-a enquanto lentamente se livrava do vestido, fazendo-o de forma lenta, mesmo diante do olhar faminto da médica.
            A Tavares mirou os seios nus, eram tão lindos como sempre imaginara em seus sonhos. Os biquinhos bem rosados estavam eretos.
                Baixou mais o olhar, deparando-se com a calcinha branca de renda. Aproximou-se.
           -- Eu sou toda sua, completamente sua... – Falou com voz rouca. Flávia se aproximou, estendeu as mãos, tocando-lhe o colo.
             -- Você é a mulher mais linda que já vi em toda a minha vida...
           As bocas se encontraram de forma sublime, lenta, doce... Abraçaram-se, enquanto as lı́nguas dançavam a um ritmo delicioso.
           Aos poucos, o vestido que a médica usava também passou a ocupar o chão, apenas a calcinha era a barreira entre elas. Sem interromper o beijo, seguiam abraçadas até a cama, Ester sentiu a barreira em suas pernas e delicadamente fora sentada sobre o leito.
              A loira a deitou.
               Ficou parada por alguns segundos, observando-a, fascinada.
           O quarto estava na penumbra, mas as luzes do luar faziam danças, refletindo e dando uma aparência mágica ao local.
            A ruiva apoiou a cabeça sobre o travesseiro, em seguida afastou as pernas para acomodá-la, estendeu os braços, chamando-a em silêncio.
             A médica seguiu até ela, unindo os corpos, posicionando sua perna entre as coxas torneadas. Apoiando-se nos braços, fitou-a, mas nada fora dito, apenas mais uma vez as bocas se uniram.
           Ester abraço-a forte, desejando muito mais do que aquilo, seu corpo estava totalmente em chamas, louco para sentir todo o prazer que aquela mulher lhe daria naquela noite.
              Esfregou-se a perna que estava entre as suas, desejou que não houvesse mais nada entre elas, que pudessem sentissem sem barreiras.
              A boca abandonou os lábios, descendo pelo pescoço, seguindo até os seios...
              -- Ain... – A ruiva gemeu com os dentes cerrados.
            Enquanto a lı́ngua estimulava o mamilo direito e rosado, a outra mão estimulava o esquerdo, apertando-o, incitando-o, arrancando suspiros da jovem.
           Quando Flávia abocanhou totalmente o peito, mamando ruidosamente, a ruiva precisou morder a lı́ngua para não gritar alto.
             A médica a fitava, via o prazer estampado em seu rosto... Seguiu para o outro seio, encarando-a enquanto repetia os mesmos movimentos... Seguiu beijando o abdome liso, o umbigo... Até chegar ao cois da calcinha...Tocou o sexo sobre o tecido... Sentindo-a totalmente molhada...
                Mexia, enquanto observava a expressão que ela exibia...
               Sorriu... Afastando o tecido lateralmente... Beijou a virilha demoradamente...
              -- Flávia... Ain... Está... Está judiando de mim... – Disse, apoiando-se no cotovelo, fitando-a.
           A loira passou as costas da mão no sexo... Esfregando-o... Usando os nódulos dos dedos para excitá-la ainda mais...
             -- Não, meu amor... Estou apenas degustando algo que desejei por muito tempo... Livrou-a da calcinha...
              Ajoelhou-se...
              -- Abra-se para mim...
           Ester não se constrangeu diante do pedido, ao contrário, sentiu-se à vontade para se entregar totalmente...
            Flávia fitou o sexo totalmente pronto para si... Seguiu até ele, depositando um beijo terno... Depois deslizou a lı́ngua de baixo para cima, fazendo-o de forma lenta, paciente...
           Adorou quando sentiu as unhas dela cravando em seu ombro... Tocou o clitóris... Sentiu-o intumescido, duro... Prendeu-o em sua boca, depois chupou... Chupou mais ao ouvir o gemido alto...                 Estimulou-o... Esfregando os lábios contra ela...
              Ester movimentou o quadril, rebolando na boca, adorando a pressão que ela fazia, sentindo a respiração acelerada contra a pele... Sentiu os lábios em contato com os seus...
                Arqueou mais ao sentir o polegar lhe massageando...
                -- Ain... Ain...
                -- Gostosa...
              Ester a puxou para si, pois temia que não aguentasse por muito tempo. Rapidamente a médica se livrou da calcinha que ainda usava.
                Encaixou-se entre as pernas dela...
               -- Abra-a para mim, meu amor, quero senti-las unidas... – A loira pediu.
              A ruiva fez o que fora dito. Quando a sentiu esfregar-se gostoso, fez a mesma coisa, adorando o escorregadio que lambuzava sua pele. Ver a loira cavalgar sobre si era maravilhosamente excitante, os cabelos dourados soltos, sendo despenteado pelo vento marı́timo.
              Ouvia os sexos se esfregarem, sabia que não aguentaria por muito tempo, sentiu os lábios colados aos seus, a lı́ngua que buscava a sua... Chupou-a mais forte, enquanto mexia mais impetuosamente...
               Ouviu a respiração acelerada, os gemidos e não teve certeza quem fazia aqueles deliciosos e excitantes sons.
            Fitou os olhos azuis e poucos segundos depois seu corpo fora arrebatado por um poderoso orgasmo... Unidas gritaram, perdidas...
            -- Eu te amo... – Flávia disse sem fôlego. – Quero que seja minha por toda a eternidade... Ester sentiu lágrimas lhe molharem o rosto...
                   Abraçou-a forte... Os corações batiam acelerados...




               Eduarda teve a impressão que cochilou por um bom tempo na espreguiçadeira. Quando abriu os olhos, deparou-se com o olhar da morena sobre si.
               Os olhos negros pareciam mais ameaçadores, decerto efeito da bebida. Havia também aquela mesma expressão de desejo que conhecia, aquela cara de safada enquanto passeava a vista despudoradamente por seu corpo.
                      Sentiu o rosto em chamas!
                     Deus, como essa mulher ainda me faz corar! – Pensou.
                     A médica desviou o olhar, levando mais uma vez o copo à boca.
                   Duda olhou o relógio de pulso e percebeu que já era tarde, fazia um bom tempo que Ester tinha saı́do com Flávia, chegara a imaginar que elas retornariam, porém agora percebia que não.
                 Ouvia o barulho relaxante das ondas batendo contra o iate. Angelina sentia o lı́quido etı́lico descer por sua garganta.
                  Bebera mais do que o suficiente e mesmo assim não se embriagara como desejara.
                 Aquele dia não estava sendo tão bom, na verdade, desde que tiveram uma briga tudo estava acontecendo da pior forma.
               Sentia-se culpada por ela quase ter se afogado, sentia-se culpada por não ter estado ao lado dela quando acorrera o problema, mas ainda sentia o ciúme lhe embaraçar a visão, não permitindo que ela pudesse pensar direito.
                Se algo tivesse acontecido com ela teria feito uma loucura.
              Deveria ter retornado imediatamente para a cidade, deixava-a em casa e ficaria em sua casa, tranquilamente, porém o que ela fez?
             Passara a última meia hora observando-a dormir e desejando possuı́-la com toda força que tinha em seu corpo. Maneou a cabeça como se aquele simples gesto pudesse lhe livrar de toda libido que sentia.
              Viu quando Eduarda se levantou, sentiu o cheiro dela invadindo suas narinas. Bebericou mais um pouco do vinho.
                 -- Vou levar o Pigmaleão para o quarto. – A jovem abaixou o tronco para pegar o pug.
                Antes que pudesse tocar no animal, Angelina segurou-lhe o pulso, forçando-a a ficar rente a seu rosto, mas seu olhar fora desviado para outro ponto.
                Duda usava um conjunto de saia e blusa feito em crochê. A cor verde ressaltava seus olhos e sua pele branca. O tecido se prendia ao pescoço, trazendo um decote chamativo. As pernas estavam quase todas de fora de forma sensual.
                 -- Não deveria usar esse tipo de roupa se o plano é me manter longe...
               A Fercodini tentou se desvencilhar do toque, mas incrivelmente para alguém que já tinha bebido demais, a médica estava bem forte, fazendo-a sentar em seu colo.
                 -- Não preciso usar roupas que se adéquam aos seus conceitos. – Disse, fitando-a.
               A morena se acomodou melhor a espreguiçadeira, enquanto seus dedos brincavam com os pequenos furinhos próprios do traje que ela usava.
                   Duda viu um sorriso cı́nico brincar naqueles lábios sedutores...
              -- Desde que era uma pirralha você tem essa lı́ngua afiada... – Afastou um pouco a blusa para tocar o seio esquerdo. Usou o polegar para incitá-lo, sorrindo ao vê-lo reagir tão prontamente.
            -- E desde que eu era uma pirralha a senhora age como se tivesse o rei na barriga... – Provocou-a, segurando-lhe a mão atrevida.
                 -- O rei na barriga? – Tocou a pele exposta da coxa, fazendo cı́rculos. – Não quero ter rei na barriga, eu prefiro ter a rainha no meio das minhas pernas, chupando bem gostoso e usando a lı́ngua afiada para torturar minha carne até o limite... – Seguiu por baixo da saia, até sentir a calcinha.
                Mesmo tendo apenas a luz do luar iluminando-os, fora possível ver o rosto se tingir de vermelho.
                Mais uma vez a jovem tentou se levantar e com o movimento brusco, o cachorro despertou, deixou a cadeira, seguindo para se acomodar do outro lado.
                -- Deixe-me ir, estou cansada e quero dormir.
              -- Não, ainda não... – Penetrou a mão sob o tecido, tocando o sexo com o polegar. – Temos que conversar, afinal, temos que nos acertar. – Se acomodou melhor para que a jovem sentar sobre suas coxas.
                -- O que quer conversar? – Retirou a mão que lhe tocava. – Diga.
         As mãos atrevidas voltaram ao seu lugar, dessa vez mais forte, sentiu-a molhada e se aproveitou desse detalhe.
          -- Não quero que tenha contato com aquele idiota, não desejo que se aproxime dele, nem mesmo que dirija a palavra a ele. – Fê-la montar sobre seu colo.
             -- Hã! – Duda parecia surpresa. – Então a sua conversa é impor sua vontade? – Tentou se levantar, mas foi em vão.
                -- Estou conversando... – Segurou-a pela cintura. – Não parece um diálogo para ti?
               -- Não! – Disse séria, encarando os olhos escuros. – Você não pode simplesmente me impor as coisas como se fosse a minha dona, como se eu devesse total obediência a ti.
              Percebeu o maxilar da médica se enrijecer, enquanto os lábios bonitos se resumiam a uma linha mal humorada. Angelina afastou a calcinha para a lateral, acariciando-a mais forte...
                 Viu o rosto bonito cheio de prazer, observou desviar o olhar...
              Penetrou o indicador dentro dela... Sentindo-a acomodá-lo, mexeu... Retirou-o, invadindo-a novamente...
                -- Eu sou a sua dona! – Disse por entre os dentes cerrados.
              Duda não gostou da forma arrogante que ela lhe falara, mesmo quando seu corpo reagia com prazer ao toque que recebia, enfrentou-a.
             -- Na cama, quando for da minha vontade, será a minha dona, ainda mais quando isso for prazeroso para ambas, porém quando estivermos fora dela, não pode e nem deve me tratar como se fosse um objeto que está sob as suas ordens.
              O silêncio pareceu se impor entre eles e apenas o barulho da água podia ser ouvido naquele momento.
            -- Bem, acho que agora eu devo ir para o quarto. – Duda lhe afastou a mão, se levantou e dessa vez não foi detida. Já caminhava para pegar o pug quando ouviu o som rouco.
                 -- Eu te amo e morro de ciúmes daquele desgraçado, fico louca a imaginar quais armas ele poderá usar para te tirar de mim...
                 Duda deu a volta, retornando até onde ela estava, parando de frente.
               -- Nada que o Bruno possa fazer poderá me fazer deixar de te amar... Apenas você tem esse poder, apenas você poderia fazer isso... – Apontou-lhe o indicador.
                Angelina se levantou indo até ela, segurando-a pelo braço.
                -- E você gostaria de saber que andei por aı́ com outras mulheres? Melhor, como se sentiria ao saber que estou passeando por aı́ com a Patrı́cia?
                  Eduarda balançou a cabeça em um gesto de decepção.
                -- Realmente não é uma boa conversarmos agora... – Tentou se soltar.
             A médica apertou mais forte o pulso que segurava, mas não a machucando, apenas se certificando que ela não escaparia.
                  -- Então deixemos isso para outro momento, pois agora eu desejo tomá-la para mim!
                -- Eu não vou fazer amor contigo! – Protestou irritada. – Não enquanto não chegarmos a um entendimento.
                   -- Ainda pouco estava se esfregando nos meus dedos...
                 Conseguiu segurar a mão que vinha em sua direção, livrando-se de uma possível bofetada.
              -- Você é  uma safada... – Dizia indignada. – Desavergonhada. – Tentou se livrar da mão que a prendia. – Não farei mesmo amor contigo, não mesmo! – Gritou.
               -- E quem disse que desejo fazer amor?
            Antes que a Fercodini pudesse responder, percebeu-se praticamente arrastada pelo iate, descendo as escadas, tentando não tropeçar e cair devido aos passos largos dados pela médica.
              Em pouco tempo chegaram ao quarto que fora destinado para Duda. Angelina a soltou assim que entraram, fechando a porta.
                -- Está louca?
             A Berlusconi a ignorou, enquanto lentamente se livrava das roupas que cobria o próprio corpo.
          O enorme quarto era iluminado por uma luminária, a luz não era forte, dava um ar aconchegante ao local. Duda estava pasma enquanto aos poucos, via-a ficar totalmente despida.
              Perturbada, deu alguns passos para trás, tentava manter a cabeça funcionando. Encarou o rosto que trazia um misto de sarcasmo com atrevimento.
           -- Já disse que não irei fazer amor contigo... Não seja infantil pensando que poderemos resolver nossos problemas fazendo isso. – Deu as costas, seguindo até a pequena varanda que dava uma belı́ssima vista para o mar
               A jovem tentava manter as batidas do coração controladas, mas a simples visão daquele corpo nu fora mais do que suficiente para lhe inflamar a carne.
              Odiara quando cedera aos encantos ainda pouco, realmente seu corpo não parecia ter controle diante dos apelos daquela mulher.
           Falara sério ao dizer que dormirem juntas não resolveria os problemas que enfrentavam, porém sua mente começava ficar turva, impossibilitada de pensar com clareza, ainda mais quando relembrava como era a magnı́fica a sensação de ser amada por ela.
            Rezou silenciosamente para que ela fosse dissuadida daquela ideia e acabasse indo embora. Permaneceu lá, quieta, então ouviu barulho de água.
              Virou-se!
              Ela não estava lá, fora tomar banho...
            Imediatamente tentou abrir a porta, mas percebeu que era inútil, pois havia um mecanismo de segurança que fora acionado, isso significava que ela estava presa com a médica.
            Frustrada e totalmente exasperada, sentou-se na poltrona com os braços cruzados sobre os seios.
             Ficaria ali a noite toda se fosse possível, não cederia aos encantos da filha de Antônio, não enquanto não tivessem uma conversa de verdade.
              Não demorou muito para a outra aparecer, pelo menos vestia um roupão.
            -- Então não pulou pela varanda para fugir? – Ironizou. – Os peixes gostariam de companhia...
          Eduarda não falou nada, sabia que se tratava de provocação, pois não tinha como sair pelo lugar que ela falara, a menos que quisesse cair ao mar.
             -- Não irei me submeter aos seus joguinhos, Angelina!
          A morena se aproximou com um sorriso convencido, ajoelhando diante dela, tomou-lhe as mãos nas suas.
           -- Meu amor, antes que o sol nasça, eu ouvirei você gemendo meu nome inúmeras vez enquanto goza para mim.
              A Berlusconi não fizera nada, mas apenas o gesto de lhe segurar as mãos e falar aquela frase olhando em seus olhos fora o suficiente para que Eduarda sentisse uma enorme pressão em seu ventre, sentindo-se ainda mais ú mida.
             -- Como pode estar tão segura disso? – Indagou tentando disfarçar o tremor na voz.
        A médica sorriu, afastando uma das mãos que a tocava, levando-a sob o roupão, demoradamente permanecendo lá, enquanto encarava os olhos claros que trazia o brilho diferente. Por fim, retirou os dedos, levando-os até o decote dela, molhando-os.
             Lambeu, passou a lı́ngua na parte pegajosa...
            -- Isso não é H2O... Mesmo eu tendo banhado.
            Antes que Eduarda pudesse falar algo, sua delicada blusa fora totalmente rasgada ao meio.
Tentou levantar, mas Angelina foi mais rápida, mantendo-a cativa, sentou na outra poltrona, trazendo-a para seu colo.
           De repente, a jovem teve a impressão que o ar faltava aos seus pulmões, ainda mais diante do olhar insistente. Sentiu os dedos lhe tocando o rosto como se estivessem gravando cada parte dos seus traços, internalizando-os, imortalizando-os em sua memória.
           A boca veio em sua direção, mas ela coseguiu desviar do beijo... Porém, a morena segurou-a pelo rabo-de-cavalo, praticamente obrigando-a a mirá-la.
              -- Quanto mais resiste, mais louca eu fico...
          A boca posou nos seios, beijando entre eles, passando a lı́ngua... Depois segurou-a pelas costas, trazendo-a mais junto a si...
                Amassou-os, depois levou à boca, mamando de forma ruidosa, possessiva...
             Duda fechou os olhos ao senti-la tão persuasiva, insistente, incansável... Teve a impressão que estava embriagada, ainda mais quando a eloquente lı́ngua buscou a sua... Encontrando-a, devorando-a, passeando-a do mesmo jeito que fazia quando a usava em seu corpo...
            Ouviu um som abafado e só depois percebeu que fora um gemido que traiçoeiramente escapara da sua garganta. Espalmou as mãos contra o peito da amante, tentando manter distância.
            -- Disse que havia outras mulheres no mundo... – Eduarda falou contra os lábios dela. – Hoje foram essas suas palavras, então por que não vai atrás delas ?
            -- Sim... – Espalmou a mão em sua coxa, subindo até a calcinha. – Ousou desdenhar do meu desejo, ousou negar-me o que há tempos me entregou... – Tocou o tecido da peça ı́ntima, sentindo-a ú mida.  – O que desejava? Que admitisse que a  única que me interessa é você? Que estou queimando de paixão por ti...
             -- Só pensa em sexo! – Acusou-a. – É apenas o que deseja de mim...
             -- E você quer o mesmo, por mais que fique negando.
            -- E ainda continuarei negando... Usarei todas as minhas forças para isso, doutora... 
         Sentiu os dedos provocando-lhe a carne, sentiu-o na pele, pressionando-a, incitando-a... Observou a boca se fechar sobre o seio direito, enquanto a penetrava com o indicador... Não desviou o olhar do dela.
            Tentou se afastar, mas Angelina a segurou forte, colando os lábios em seu ouvido.
              -- Aceite que me quer, aceite que não consegue resistir a mim...
         Aquelas palavras serviram como uma injeção de adrenalina para a garota que conseguiu se desvencilhar dos braços que a prendiam, afastando-se, enquanto tentava fechar a blusa, coisa impossível de se fazer, pois estava totalmente em retalhos.
               O gargalhar rouco da Berlusconi era debochado, provocador... Irritantemente convencido.
          -- Eu exijo que você abra essa porta e saia daqui imediatamente! – Disse em altos brados. – Não me submeterei aos seus joguinhos, ainda mais quando passou toda a semana me ignorando e agora vem com essa cara de safada querendo fazer amor comigo... Ah, não! – Apontou-lhe o indicador mais uma vez. – Saia daqui agora!
               A herdeira de Antônio levantou, caminhando até ela, ficando a alguns passos de distância.
              -- Você é minha mulher e eu a quero e a terei...
              -- Só se for à base da força e mesmo assim, ainda negarei o que tanto quer...
            -- Por que negas? Sei que também deseja, eu senti... Está excitada... – Levou o dedo que a invadiu a boca, lambendo, cheirando... – Aqui está a prova.
            -- Não... Não e não! Saia daqui, eu exijo que me deixe sozinha, não deixarei que me toque até que conversemos... 
               A expressão da médica mostrava que a sua paciência já chegava ao fim...
              Rapidamente a segurou pelos ombros, pressionando-a contra a porta.
            -- Já conversamos e já deixei claro que não a quero junto com aquele idiota do Bruno, agora não desejo mais falar, usarei a minha boca para coisas melhores...
             O beijo dessa vez foi brusco, machucador, esmagando-lhe os lábios, forçando a passagem da sua lı́ngua, mesmo diante das mordidas que recebia não parou.
               Colou o corpo ao dela, mas as roupas eram barreiras indesejáveis.
             Livrou-se do roupão e rapidamente da saia que ela vestia, agora apenas a calcinha ficava entre ambas.
                 Segurou a mão que tentava lhe desferir um golpe.
                  -- Vai acabar se machucando... – Segurou-lhe firme. – Vamos fazer um acordo? 
                Os olhos verdes soltavam chispas naquele momento.
              -- Deixa eu te comer bem gostoso, deixa minha boca se lambuzar no seu mel... Deixa eu entrar dentro de ti e te dar muito prazer... Depois eu deixo você falar o que quiser...
              -- Não! – Caminhou até o sofá, buscando algo para cobrir o corpo. – Não permitirei mesmo...
-- Você que pediu então...
            Antes que pudesse ver do que ela falava, foi arrastada até a cama, enquanto a médica debruçava sobre si.
            Teve os pulsos segurados sobre a cabeça, tentou fechar as penas, mas já a tinha no meio dela, colando-se a ela, esfregando-se contra o tecido da sua calcinha...
             Duda sentiu um turbilhão de emoções se apossar de si e a raiva fazia parte de uma dessas, mesclada ao desejo animal que fora despertado.
               Puxou-lhe a cabeça, tomando a boca da médica, capturando a lı́ngua, chupando, sugando...
            Os quadris começaram seguir o ritmo imposto pela Berlusconi, mas ainda havia algo entre elas.
             Duda fechou os olhos, percebendo que a boca que se despregara da sua agora traçava beijos pela extensão do seu queixo, mordiscando-o, descendo pelo pescoço...
            Era possível ouvir palavras contra a sua pele, mas não conseguia saber o que se tratava, mesmo assim o som rouco a deixava mais enlouquecida.
             Os lábios pousaram sobre o colo que já estava em chamas, circundou um seio, partindo para o outro, deleitando-se famintamente sobre ele, ruidosamente incendiando todo seu corpo.
              Duda levou as mãos até a cabeleira da Angel num gesto irracional.
            -- Sabe que estou com muita raiva de ti... Ainda mais porque me faz perder o controle sobre mim... ain... – Falava entre gemidos a jovem. – Odeio quando faz isso...
            Cravou as unhas nos ombros nus quando sentiu as mãos espalmando em sua coxa, enquanto a lı́ngua ousada brincava com seu umbigo.
           As mãos afagavam bem próximo a sua intimidade... Gemeu alto quando os lábios pararam sobre a calcinha... Estava demasiadamente molhada...
             -- Você é minha... – Lambeu o tecido encharcado. – E mesmo quando tiver sentindo toda essa raiva, ainda vai desejar que eu te tome... Vai desejar ser minha...
          Angelina baixou um pouco o pano, observando o sexo que parecia tremer sob seu toque... Beijou a parte superior... Duda abriu ainda mais as pernas, pois a sensação estava inebriante, apresadora.
             -- Odeio quando é arrogante... Odeio quando age como se pudesse decidir tudo sozinha... ain... – Gemeu quando a lı́ngua posou no centro da sua intimidade. – Odeio porque amo o seu toque...
                 A médica retirou a calcinha, acomodando-se em seguida entre as coxas.
            Abriu bem a intimidade molhada, observando-a com atenção, em seguida cheirou-a, depois lambeu lentamente... Tomava em sua boca a carne desejante... Chupando, beijando... Enquanto os dedos acariciavam, até penetrá-la forte...
            -- E eu odeio quando é petulante... – Retirou, em seguida invadiu-a novamente, mas dessa vez usando dois. – Fico possessa quando me responde com atrevimento... – Socou-a mais forte, enquanto chupava o clitóris...
           Eduarda gritou quando a lı́ngua afundou em sua carne...
          Impulsionou o quadril para frente para tê-la mais fundo... Mais forte... Sabia que não demoraria muito para gozar... Sim, como ela previra... Chamaria seu nome naquele momento... Chamaria por ela, pois não havia outra a dominar seus sentidos...
            Os movimentos de vai e vem aceleravam... Ela se esfregava totalmente a boca que a devorava sem reservas, sem receios...
              Gemeu alto, sentindo o toque forte, indelicado, mas delicioso.
              -- Angel... – Chamava-a... – Angel...
             Angelina a fez seguir até a cabeceira da cama, deixando-a em uma posição mais ereta.
           Ajoelhada em meio às pernas dela, penetrava-a, enquanto as mãos da jovem fazia o mesmo em si...
           As estocadas eram cada vez mais rápidas, fortes, exigentes... Até que ambas gritaram em um delicioso orgasmo. A médica abraçou-a forte, sentindo os tremores dos corpos...
            -- Eu te amo... mesmo você sendo petulante, atrevida... – Sussurrava sem fôlego ao seu ouvido. – Perdoe-me... Ajude- me a ser melhor para ti... – Encarou-a. – Confio em ti... Confiarei sempre em ti...
                Duda segurou-lhe o rosto querido em suas mãos.
                 -- Amo-te mais que tudo...
                As bocas se buscaram mais uma vez... Mais uma vez o amor se fez na guerra...

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