Dolo ferox -- Capítulo 20


         Natasha tinha acabado de tomar banho quando ouviu uma gritaria vindo da sala.
Vestiu o roupão preto que estava sobre a cama e deixou o quarto. Ao chegar ao topo das escadas viu a empregada tentando colocar a duquesa para fora.
Suspirou pesadamente.
Aquela velha nunca a deixaria em paz!
Desceu lentamente os degraus e logo os olhares se voltaram para si.
-- Então, estás livre, uma desgraçada mesmo! -- Esbravejava Isadora. -- Queria que morresse de uma vez!
A ruiva nada disse até chegar ao térreo. Com um olhar dispensou a empregada.
-- O que você quer, vovozinha? -- Indagou com um sorriso.
-- Não me chame assim, sua maldita!
Natasha continuou com o sorriso no rosto, seguiu até a poltrona, sentou-se com as pernas cruzadas.
-- A que devo a sua adorável visita? Veio ver como foi meu dia na prisão?
-- Pena que saiu, mas logo passará o resto da vida lá! -- Aproximou-se com o indicador apontado em riste. -- Exijo que mantenha distância da Valentina… -- Colocou as mãos nos quadris. -- Você não imagina como ela está ao lado da minha Nathália, cuidando, passou a noite ao lado dela e não quer deixá-la sozinha por nada.
O maxilar da Valerie enrijeceu, enquanto continuava a exibir o sorriso, mesmo os olhos tendo ficado ainda mais escuros.
-- A mim não interessa o que a palhaça de circo está ou não fazendo! -- Disse calmamente. -- Porém ela não ficará com a criança que está esperando… Dê o recado para ela!
Isadora esboçou um ar de superioridade.
-- Por que não? A criança é sua e da Verônica, então já que é a sobrinha dela que está servindo de barriga de aluguel…
Antes que ela terminasse de falar, a arquiteta praticamente voou sobre ela, segurando-lhes os ombros.
Os olhos estavam tão abertos e as bochechas rubras de raiva.
-- Que Diabos você está falando, sua miserável?
-- Ah, você não sabia que a Valentina é sobrinha da sua amada esposinha, sua sobrinha também? -- Falava com falsa inocência. - Imagina quando ela ficar sabendo disso… Você assassina da tia dela… Eu imagino a reação que ela vai ter...
A duquesa se livrou dos braços que a prendiam, enquanto deixava a cobertura com um olhar triunfal.
A ruiva quedou-se no mesmo lugar.
Seu rosto trazia uma expressão de pânico que logo era substituída por uma raiva insana.
Seria realmente aquilo verdade?
Não haveria motivos para a avó inventar algo daquele tipo e se realmente fosse verídico, óbvio que aquela era a razão pela qual Nathália a escolheu para engravidar, seria o trunfo perfeito.
Seguiu até a porta por onde a duquesa saiu, esmurrando com o punho fechado a madeira.
Que brincadeira cruel era aquela?
Que novo capítulo terrível estava por vir naquela história?
Seguiu até o escritório com passos largos e não demorou para sentir a perna reclamar.
Sentou-se, massageando demoradamente.
Precisava voltar a usar o aparelho e agora que não estava mais a fazer o papel da gêmea preferida, submeteria-se a uma nova cirurgia.
        Pegou o telefone logo discava o número de Rick e Leonardo, exigindoa presença dos dois o mais rápido possível no apartamento.
Apoiou as mãos na madeira, enquanto tentava manter a calma diante do que ouviu de Isadora.
Fechou os olhos e lembranças da esposa invadiram seus pensamentos.
Os olhos tão negros… Idênticos ao da trapezista…
Sentou-se na cadeira, inclinando a cabeça para trás, enquanto massageava as têmporas.
Alguns anos antes…
Natasha passara vários dias viajando e tinha chegado de madrugada na mansão que morava junto com a esposa.
Despertou cedo e foi para a piscina. Há três meses tinha se submetido a uma cirurgia, mas mesmo assim não diminuíra o ritmo de trabalho. Essa era a única coisa que a distraia dos seus problemas.
Deitou-se na espreguiçadeira, enquanto usava a prancheta para desenhar.
O sol estava convidativo.
A piscina grande em forma retangular exibia uma limpíssima água, estava vazia, esperando para que alguém a apreciasse.
Ouviu passos e ao levantar a cabeça se deparou com a bela morena que era sua esposa.
Encarou-a durante algum tempo, pensando mais uma vez como aquele casamento fora algo que nem mesmo fizera diferença em sua rotina. Vivia como se nenhum laço a prendesse a outrem, não porque não desejasse, pois até mesmo pensara que poderia viver algo diferente, construir uma família, porém com um tempo percebeu que o enlace era apenas uma extensão do que sempre viveu ao lado dos Hanmintons. 
-- Oh, se não é a bastarda da neta da duquesa que se encontra em casa depois de uma temporada com amantes no exterior. -- A mulher a acusou ao se aproximar. -- Cansou-se das amantes foi?
A ruiva a fitou por alguns segundos. Não teria que negar nada, afinal, sua relação com a neta do poderoso conde não tinha nenhum tipo de intimidade sexual, então não seria novidade ir para cama de outras.
Mirou o minúsculo biquíni branco, demasiado sensual que ela estava usando.
-- Leonardo já vai dar entrada no divórcio, os papéis já foram entregues e não vai demorar para que terminemos esse teatro. -- Falou como se fosse a coisa mais natural a se dizer.
A expressão da filha da irmã de Nícolas mudou na mesma hora.
-- É isso que quer? -- Colocou as mãos no quadril. -- É isso que você deseja, acabar com o nosso casamento como se fosse um negócio que não te rendeu lucros?
A Valerie permaneceu calada, pois já conhecia aquela forma da esposa dramatizar.
Voltou a desenhar e logo a morena se agachou, tocando-lhe os joelhos, massageava-os de forma sensual, até ousada para sua forma puritana de agir.
-- Não me deixe! -- Implorou. -- A minha família me odeia tudo porque casei contigo e agora vai me abandonar. -- Encarou-a. -- Aposto que tem outra, uma das suas amantes, imagino que seja uma daquelas que colocou na nossa cama na noite de núpcias.
Natasha se levantou irritada, livrando-se do toque.
Estava cansada daquela conversa, daquele jeito que Verônica agia para tentar uma manipulação, buscar dominá-la, fazê-la se sentir culpada para agir de acordo com seus desejos.
-- Nada vai faltar a você, deixarei em uma situação confortável financeiramente, não haverá problemas nesse quesito em sua vida.
A morena se levantou.
-- Disse que queria casar comigo, que queria ter uma família… -- Dizia em lágrimas, enquanto lhe abraçava pelo pescoço. -- Por favor, por favor, vamos ter um filho, um bebê nosso e vamos ser felizes.
A Valerie permanecia quieta, enquanto ouvia os soluços da outra ficarem cada vez mais descontrolados.
Suspirou, pensando se a ideia de ter um filho ajudaria em alguma coisa. Não se sentia inclinada a isso, ainda mais quando sabia que a relação sempre esteve falida, sempre esteve perdida, afinal, jamais sentira nada além de desejo sexual por Verônica e atualmente nem isso restara. 
-- Eu te amo… Te amo… -- A jovem repetia, tomando-lhe o rosto nas mãos. -- Quero ficar ao seu lado, eu escolhi isso, mesmo sabendo quem você era, mesmo sabendo do desprezo que todos tinham por você.
Natasha apenas assentiu, afastando-se.
Fora naquele dia que imaginou que uma criança poderia ajudar a esposa, mas sabia que se tivesse concretizado, teria vivido um inferno ainda maior.


Valentina estava na cafeteria.
Praticamente se instalou no apartamento do hospital para ficar ao lado de Nathália.
Sentou-se em uma mesa.
Naquele horário estava praticamente tudo vazio.
Uma moça gentil e sorridente se aproximou com o suco que ela tinha pedido.
A morena agradeceu e logo ficou sozinha com seus pensamentos.
Observou o jornal que estava sobre uma das cadeiras, decerto algum cliente havia esquecido.
Pegou-o e a manchete da primeira capa trazia a imagem de Natasha Valerie com seu olhar perturbador e arrogante.
Passou o indicador pela imagem como se assim pudesse senti-la mais uma vez.
Ainda não teve tempo para pensar no que se passara entre elas, na verdade desde aquela manhã tentava sufocar as lembranças e as sensações que ainda estavam tão vivas dentro de si.
Umedeceu os lábios demoradamente e mais uma vez imaginou que estava com a boca dela colada a sua.
Meneou a cabeça.
Voltou a prestar atenção na reportagem e ficou perplexa ao saber que a arquiteta estava livre.
Respirou fundo!
Precisava de respostas, necessitava que alguém lhe falasse algo, esclarecesse aquelas dúvidas que não a deixam em paz, aquelas perguntas que enchiam sua mente.
Levantou-se!
Naquele dia resolveria aquilo.


Rick e Leonardo permaneciam calados.
Estavam sentados na poltrona, enquanto a Valerie estava em sua cadeira de couro, girando de um lado para o outro.
Havia uma garrafa quase vazia de vinho sobre a escrivaninha e um copo vazio.
O arquiteto via a inexpressividade presente naquele olhar, via na face corado toda a irritação.
-- Estou esperando! -- Ela exigiu baixinho. -- Isso é verdade ou é mais veneno da minha avozinha? -- Voltou a encher a taça, bebericando. -- Eu tenho uma sobrinha? -- Arqueou a sobrancelha esquerda em puro sarcasmo. 
O detetive encarou o arquiteto durante alguns segundos e logo voltava a fitar os olhos incisivos da ruiva.
-- É verdade sim… Valentina Rodrigues é filha do Nícolas, então é sobrinha da Verônica! -- O mais jovem confirmou.
Antonini se levantou, aproximando-se, sabia que mesmo diante daquela falsa calma, havia um turbilhão de emoções em seu íntimo.
-- Filha, sabíamos que se você ficasse sabendo poderia colocar todo plano a perder, entenda que isso foi uma ação necessária que tivemos que tomar!
Natasha passava o polegar lentamente pela borda do cristal, parecia tão concentrada como se um ato daquele tipo necessitasse de mais do que as suas habilidades. 
-- Uma droga de plano que não serviu para nada e ainda me escondeu algo tão grave! -- Retrucou calmamente. -- Desde quando sabem disso? -- Encarou-os. -- Desde quando mentem para mim de forma tão descarada?
Mais uma vez um silêncio sepulcral caio no escritório e mais uma vez Rick pareceu pronto para esclarecer tudo.
-- Quando você viajou no cruzeiro foquei minhas investigações na Valentina… Eu precisava entender o motivo de Nathália ter escolhido justo uma garota simples, uma trapezista de circo que não tinha nada a oferecer… Segui até o circo, interroguei algumas pessoas e logo cheguei a verdade.
A ruiva se sentia incomodada sempre que falavam o nome da circense. 
Em sua mente a imagem dela estava tão viva que parecia chagas a lhe ferir.
Levantou-se, apoiando as mãos na madeira.
-- Por que não me contaram? Não entendem o que significa essa garota ser sobrinha da Verônica? -- Passou a mão pelos cabelos. -- Não permitirei que ela fique com meu filho junto com a Nathália, não permitirei que esse plano tenha sucesso.
Antes que continuassem a discussão a porta foi aberta e lá estava o motivo de toda aquela discórdia. 
Os olhos negros fitaram os verdes instantaneamente.
Não pensara duas vezes ao pegar o táxi e seguir até a cobertura. Precisava ver aquela mulher, necessitava de ouvir da boca dela toda aquela história.
Só naquele momento percebeu que não estavam sozinhas.
Voltou a encarar Natasha e mais uma vez encontrou a arrogância que nunca a abandonava.
Fitou os lábios rosados e entreabertos, o roupão atoalhado que lhe cobria o corpo, os cabelos flamejantes soltos, emoldurando a face bonita.
Pigarreou.
-- Quero falar contigo! -- A morena disse, levantando a cabeça em desafio. -- Exijo que me escute e que me esclareça as coisas!
Leonardo observou o olhar cheio de sarcasmo que a arquiteta exibia. Sabia que por trás de toda aquela indiferença havia algo mais. Voltou sua atenção para a trapezista e desejou decifrar o que se passava entre elas.
Natasha observou o vestido florido que ela estava usando.
Fitou demoradamente o decote e logo voltou a encará-la.
-- Desde quando uma palhaça de circo exige algo de mim? -- A ruiva indagou com um sorriso cruel. -- Não tenho tempo para besteiras. Volte para o lado da Nathália e reze para que quando ela for presa, você não vá junto!
-- Não tenho medo das suas ameaças! -- Retrucou. -- E não vim até que para brigar ou para ser usada como saco de pancadas, vim conversar e não sairei até fazermos.
A Valerie gargalhou alto, o som rouco e debochado invadia o ambiente.
-- Eu não tenho nada para falar contigo, garota petulante, então volte para o inferno de onde saiu e me deixe em paz.
Natasha deixou o escritório sem falar mais nada.
A circense permaneceu no mesmo lugar, apenas tentando controlar a respiração acelerada e a vontade de esbravejar alto.
Não permitiria que aquela mulher a tratasse daquele jeito, não aceitaria esse tipo de tratamento da gêmea arrogante.
Encarou Leonardo por alguns segundos, umedeceu os lábios demoradamente e sem falar uma única palavra seguiu o mesmo caminho que a ruiva tinha feito.
Subiu as escadas correndo e chegara ao quarto dela quando a arquiteta fechava a porta.
Bruscamente conseguiu ultrapassar a barreira.
-- Quem te deu permissão para entrar aqui?! -- A Valerie indagou perplexa. -- Deixei claro que não havia nada para ser dito entre nós. 
-- Não sairei daqui enquanto não me explique o que se passa!
Natasha a encarou demoradamente.
Em sua cabeça martelava a verdade que Isadora fez questão de jogar em sua cara. Olhava a bela jovem e sabia que quando ela ficasse sabendo do parentesco que tinha com a família do conde a odiaria ainda mais, afinal para todos fora a arquiteta a assassina da bela Verônica.
Por que isso a assustava tanto?
O que representava uma noite de sexo para si com aquela garotinha de circo? Transara com tantas mulheres e muito mais experientes que aquela trapezistazinha, então não havia nada para se importar. Que ficasse sabendo logo, que a odiasse e sumisse de uma vez da sua vida, que corresse para os braços da irmã.
Passou a mão pelos cabelos em desalinhos, deu as costas a moça, seguindo até a janela que estava aberta.
Apertou forte o batente, mantendo os olhos fechados.
Buscava se concentrar na paisagem, nos carros de luxos que trafegavam por ali, mas não era tão fácil ignorar aquela garota, o cheiro dela invadia suas narinas.
Valentina deu alguns passos parando bem próximo a ela.
Aspirou o aroma que se desprendia do corpo coberto pelo roupão preto, não era apenas o vinho da aristocracia, mas havia muito mais presente naquele oxigênio.
Esticou a mão para tocá-lo, mas acabou deixando o braço pendendo no ar.
Por que estava ali? Por que insistia naquilo?
Parecia querer se enganar, mesmo diante das evidências.
A verdade é que algo dentro de si não aceitava que as coisas simplesmente acontecessem assim, não desejava ouvir apenas a versão raivosa e cheia de rancor de Isadora, precisava com todo seu coração saber da boca daquela mulher toda a verdade.
Observou a tensão presente nos ombros.
Respirou fundo, sentindo o ar entrar lentamente em seus pulmões.
-- Natasha… -- Chamou baixinho. -- Eu só quero que conversemos, depois irei embora e não nos veremos mais se assim for a sua vontade.
A ruiva cerrou os dentes, buscando conter a agonia em seu peito.
-- O que quer? Deveria estar ao lado da sua amada e não aqui comigo! -- Falou friamente. -- Volte para o hospital! -- Virou-se para ela, tendo os olhos fixos em sua face. -- Aqui não há nada para ti!
Valentina arrumou as madeixas por trás da orelha em um gesto nervoso ao senti-la praticamente colada a si.
Fitou os lábios rosados, os dentes alvos, o nariz arrogante arrebitado.
-- Foi você quem fez aquilo com a Nathália?
A arquiteta esboçou um sorriso cheio de sarcasmo.
-- Se eu tivesse feito, acredite, palhaça de circo de beira de estrada, ela não estaria viva, pois eu teria o prazer de matá-la por tudo que fez.
A morena sentiu um arrepio na espinha diante da ameaça.
-- Não deve dizer isso! É sua irmã!
-- Não, ela não é!
-- Esse ódio não vai te levar a lugar nenhum, esqueça o que aconteceu entre vocês e tente viver a sua vida sem desejar prejudicar a Isadora e a Nathália.
Natasha gargalhou, mas o humor não chegava aos seus olhos que exibiam total frieza.
-- Está querendo ganhar o Nobel da paz? -- Desdenhou. -- Suas ambições estão bem além das minhas expectativas. -- Usou as costas da mão para lhe acariciar a face. -- E como foi rever o amor da sua vida? Ela beijou sua mãozinha, falou que não queria morrer sem voltar ao ver seu sorriso… -- Debochava. -- Declamou um poema? -- Arqueou a sobrancelha esquerda. -- Uma serenata seria adequado.
Valentina se desvencilhou do toque, sentia-se magoada pela forma como ela se comportava, mesmo depois do que houve entre elas.
Idiota!
Como chegara a pensar que a forma de se tratarem mudaria, fora apenas sexo, só isso que a arquiteta desejou, usá-la, tomá-la para si e satisfazer seu ego e sua libido. 
-- É compreensível a raiva que os Hanmintons  sentem de ti! -- Murmurou, enquanto seguia até a porta.
O maxilar da ruiva enrijeceu, enquanto lhe segurava bruscamente pelo braço, fazendo-a voltar para si.
-- Vai voltar para o lado da sua adorável namoradinha? Ela já sabe que desfrutei dos seus deliciosos encantos? Que passei toda a noite comendo a deliciosa palhacinha? -- Provocou-a.
Os olhos negros estavam arregalados, revoltados quando livrou-se do toque e já se preparava para esbofeteá-la, porém daquela vez a Valerie lhe segurou o pulso, evitando que lhe batesse.
Miraram-se demoradamente, enfrentando-se como duas adversárias que passaram muitos anos para acertarem as contas.
Natasha empurrou-a forte contra a porta, prendendo-lhe os braços sobre a cabeça, evitando um novo ataque.
Valentina tentou arranhá-la, porém mais uma vez foi contida.
-- Solte-me! -- Exigiu, tentando conter as lágrimas que já lhe enchiam o olhar. -- Deixe-me!
-- Sim, eu o farei, mas apenas quando desfrutar novamente das suas atenções… -- Encostou a boca em sua orelha. -- Diga-me se quando estava ao lado da sua amada não lembrou de mim. -- Sussurrava em seu ouvido. -- Por que se assim o foi, dessa vez eu a tocarei de um jeito que sempre que fechar os olhos será em mim que pensará!
Valentina viu os olhos verdes inexpressivos lhe fitarem. 
Havia algo maior e mais poderoso entre elas, como se fosse a dona de tudo, como se pudesse controlar o que acontecia em seu corpo.
Não deixou de encará-la, enquanto sentia a mão lhe acariciar as coxas, massageando-as, apertando-a subindo pelo vestido e logo tocava em sua calcinha. Não esboçou nenhuma reação, apenas a mirava, enfrentando-a, desafiando-a com seu olhar atrevido.
Natasha lhe apertou bruscamente e logo puxava a delicada peça, adentrando-a, sentindo os pelos macios contra o tato, violentamente, arrebentando-a.
A morena sentiu a lingerie descer lentamente por suas pernas até chegar ao assoalho.
Sentiu o polegar lhe tocar a carne externamente. Cerrou os dentes, enquanto mirava o olhar triunfante ao perceber como estava molhada.
-- Tudo pra mim? -- Passou a língua pelo lábio superior. -- A minha irmanzinha não vai gostar disso viu. -- Invadiu-a. 
Valentina estreitou os olhos, sentindo a deliciosa intromissão, odiando-se por aceitá-la, odiando por acolhê-la tão bem em seu interior como se aquele fosse o lugar que ela pertencia.
A Valerie tentou beijá-la, mas a jovem virou a cabeça para o lado, recebendo a carícia na face esquerda. A ruiva não pareceu se abalar com aquilo, esboçou um riso de lado, enquanto voltava a lhe acariciar a coxa esbelta, prendendo-a em seu quadril. Voltou a penetrá-la, dessa vez o fez com mais força, usava o indicador para subjugá-la. Depois usou o polegar para acaricia o broto que se mostrava duro, exigente de atenção.
A morena soltou um grunhido baixo, enquanto a sentia esfregar mais forte.
-- Seu corpo me pertence… Mesmo que negue a sua vontade! -- Dizia em arrogância, mirando-a.
-- Você se conforma com muito pouco… -- Disse desviando o olhar.
A ruiva usou toda a mão para esfregar, sentindo escorrer por sua pele. Aliviou a pressão, ficando quase imóvel.
Valentina projetou o quadril contra ela, contra o toque que parecia ficar ainda mais furioso.
Natasha sabia que não deveria continuar, pois se a intenção era mostrar que conseguiria controlar a circense pelo sexo, ela mesma estava totalmente sem controle, desejando mais que aquela entrega pacífica, chegava a tremer de vontade de senti-la em si.
Deveria parar, ainda mais por saber que estava com a sobrinha da esposa, que estava enlouquecida pela neta do conde, entretanto nada daquilo parecia fazer sentido para si, pois só desejava tomá-la mais uma vez e mais uma vez até não aguentar mais.
Voltou a tentar beijá-la e mais uma vez foi rechaçada.
      Furiosa, irrompeu-a duplamente, metendo-a com ferocidade, ouvindo a fricção, ouvindo-a se chocar contra si.
         Valentina levou a mão a boca, mordendo-a, assim conteria os gemidos de satisfação.
         Mordeu a própria carne buscando controlar a euforia que se apossava do seu ser.
        Observou o olhar orgulhoso a não lhe abandonar a face, viu as gotas de suor em sua testa, viu a boca entreaberta e desejou beijá-la, mas não  faria. Fitou os olhos que agora não eram mais verdes, há tempos tinham escurecidos de forma que nem se conseguia distinguir a cor.
      Natasha não deu trégua, socando-a com sofreguidão, sabendo que não demoraria para ela se derramar de uma vez mesmo que lutasse contra aquilo.
         -- Entregue-se, eu a domino, palhacinha, é por mim que seu corpo grita, você sabe disso.
         Soltou-lhe e agachou, posicionando-se abaixo dela, fazendo-a pousar sobre sua boca.
       A morena segurou o vestido, levantando-o para ver e imagem daquela mulher lhe chupando a carne foi mais que suficiente para destruir todo seu autocontrole. Era tão altiva que nenhuma lady da realeza chegaria aos seus pés.
     Projetou mais uma vez o quadril para frente, dançando contra a face dela, rebolando como estivesse a bailar como só uma debutante conseguia fazer.
        A posição era perfeita.
        -- Trepa bem gostoso… -- A voz rouca da ruiva ordenava. -- Eu sei que você quer… Então dá pra mim...
       Valentina sabia que deveria resistir a algo, mas naquele momento ao ouvir aquelas palavras, nem mesmo sabia contra o que era sua luta.
       Agachou mais um pouco e sentiu a língua entrar dentro da sua carne.
     Encarava, enquanto se movimentava para cima e para baixo, encaixando e desencaixando como uma peça de quebra cabeça que se inseria perfeitamente.
     Valentina sentiu-a entrar dentro de si e sem poder controlar mais o enorme desejo que a possuia, ajustou-se a ela, fazendo-a como ela ordenara, trepando-a, montando-a, tendo-a dentro de si e fazendo questão de prendê-la, contraindo-se até não aguentar mais e se entregar com um grito fino de pura satisfação.




        Isadora estava na casa do conde.
        Observava tudo com a mais pura ganância. 
       As peças eram caríssimas, antigas e valiosas e não demoraria para fazer parte dos seus próprios bens. Logo se mudariam para a mansão e herdariam tudo. E daquela vez não haveria erros, daquela vez fariam tudo de forma que as coisas não saíssem do seu controle.
        Ouviu passos e não demorou para o arrogante Nícolas aparecer.
        Correu ao encontro dele, abraçando-o em soluços.
        O homem permitiu que ela ficasse em seu peito, mas logo a encarou.
        -- O que se passa, duquesa? -- Questionou impaciente. -- A senhora está bem?
        Isadora soluçava e aceitou o lenço que educadamente ele lhe ofereceu.
        Passaram-se alguns segundos até que voltasse a falar.
        -- A minha neta está no hospital, graças a Deus foi encontrada… está viva!
        -- Mas ela está bem? -- Ele indagou preocupado. 
        -- Sim, está, Deus não permitiu que a maldita Natasha fosse longe com seu plano terrível.
      Nícolas assentiu, enquanto segurava-lhe a mão, seguindo com ela até a biblioteca. Fê-la sentar, enquanto pegava um copo de água e lhe entregava.
        -- Não vamos permitir que a Valerie cometa mais nenhum pecado contra os nossos.
        A duquesa assentiu, bebendo lentamente o líquido.
      -- Por isso estou aqui… -- Limpou as lágrimas. -- Minha neta me pediu algo e por isso estou aqui. -- Abriu a bolsa e retirou uma fotografia, entregando ao homem. -- Veja!
      O irmão de Verônica sentiu o coração acelerar ao ver a foto da amada Eva com uma garotinha de cabelos e olhos negros nos braços.
        Levantou-se, enquanto passava os dedos pela figura.
       -- O que significa isso? -- Indagou quando recuperou a voz.
       Ao ver o verso, reconheceu a caligrafia.
       “ Nossa amada filha, Nick!”
       Os olhos negros do filho do conde se arregalaram. 
       Só Eva o chamava assim.
      -- O que significa isso? -- Repetiu agoniado.
   -- Eu não sei, apenas a Nathália me implorou para te entregar… Disse-me algo em alguns momentos de lucidez que achei um verdadeiro absurdo… Pediu para que viesse até aqui, implorou para que você protegesse a Valentina da Natasha… -- Voltou a soluçar. -- Ela está  em desespero, temendo pela mulher que ama.
        Nícolas a encarou.
       -- O que a sua neta disse mais? -- Questionou por entre os dentes.
       -- Disse que você é o pai da Valentina!
      Era possível perceber o desespero na face do aristocrata, enquanto mirava a foto novamente.
       -- Como ela sabe disso? Quem disse a ela?
       -- Eu não sei, só sei isso, apenas vim até aqui como pedido de uma moribunda. 
      Nícolas seguiu até a poltrona, sentando-se.
      Parecia perdido em seus pensamentos, enquanto lágrimas começava lhe banhar o rosto.
    Isadora presenciava tudo, traçando em seus pensamentos os próximos passos que deveriam ser tomados.
       Nathália casaria com a Valentina e herdaria toda a fortuna do conde.

Comentários

  1. Uauuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuu!!!!!!!!!!!!

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  2. Pqp 😠 que raiva dessa Vó de meia tigela! Natasha não vai ceder um pouco de carinho a Valentina ainda...tem tanta coisa pra dar errado e elas duas ainda vão ficar brigando...
    Obgda Geh! Ótima história!

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    1. Olá, linda, essas duas não se entenderão tão cedo, ainda mais quando Natasha não parece interessada em fazer isso. A duquesa não vale nada, mas o castigo logo chegará.
      Beijos1

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Por favor não economize nas maldades quando chegar a vez e isadora e Natália,quero ver essas duas cobras pagarem por tudo que elas fizeram com natasha.

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    1. Ah, sim, essas duas estão me saindo verdadeiros demônios, não há dúvida que farão ainda muito mal nessa história.
      Um grande beijo!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Quero ver essa velha pedindo esmola antes de morrer,coisa detestável.

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