Dolo Ferox -- Capítulo 18



          A noite estava estrelada, porém mesmo assim, algumas nuvens se escondiam anunciando uma possível  chuva. O vento balançava as folhas das árvores e esfriava a temperatura na movimentada cidade.
     Em um dos grandes prédios daquela metrópole, por algumas horas a guerra tinha dado uma trégua, idêntica aos momentos em que Tróia o fazia para recolher seus mortos… E nessas horas a bela Helena podia também se deliciar nos braços do seu jovem amante, assim se fazia nas paredes frias daquela cobertura. 
      O escritório era iluminado apenas pela pequena luminária, deixando o ambiente aconchegante para as adversárias que descansavam uma nos braços da outra. Estavam unidas, agarradas como se fosse aquilo a coisa mais natural a acontecer. Tremiam como se estivessem mergulhadas no pacífico, porém o suor escorria dos seus corpos como se estivessem em uma sauna nas profundezas do Hades. 
       A respiração de ambas aos poucos voltavam ao normal. Mas o som do ar acelerado entrando em seus pulmões ainda podia ser ouvido… Era como se tivessem acabado de correr uma maratona.
       Natasha a encarava, ainda tinha o olhar preso nos intensos negros. Sentia-se presa neles, perdida naquele ébano misterioso e que seu brilho era tão intenso que causaria inveja a própria Sirius que descansava majestosamente em seu Cão maior.
            A ruiva se apoiou nos braços, desejando vê-la melhor, buscando imortalizar em sua mente a beleza feminina. Viu os lábios inchados e entreabertos.
         Ainda sentia uma corrente elétrica passar por todo seu corpo, ainda estava trêmula com a intensidade das emoções que lhe assolaram. Era possível ouvir as batidas desenfreadas do coração, ainda sentia o prazer por tê-la ali… Ainda a desejava mais e mais, mesmo ainda respirando o regozijo avassalador de alguns minutos atrás. 
            O que se passava?
           Pensou em levantar, temerosa com o que estava a sentir, mas Valentina estendeu a mão, tocando-lhe o cabelo que lhe caia na face. Os dedos finos e longos moviam-se com cuidado, deslizando pelos fios rubros, depois seguiu pelo nariz afilado, parando na boca rosada.
            -- Está tudo bem, Natasha? -- Questionou apreensiva com a voz rouca.
         A Valerie fez um gesto de assentimento com a cabeça, permanecendo na mesma posição.
            A trapezista continuava a lhe tocar o rosto. Parecia fascinada com aquela bela mulher tão próxima de si.
           Vendo-a agora, percebia que realmente as duas irmãs podiam ser fisicamente idênticas, mesmo que houvesse todas aquelas diferenças na personalidade, havia outras coisas que as distinguiam, por exemplo, o olhar de ambas jamais poderiam ser confundidos. Quando mirava a arquiteta tinha a impressão que ela buscava desnudar sua alma e mesmo que houvesse toda aquela arrogância em seu semblante, agora via a fragilidade mesclada a uma personalidade forte e que buscava se mostrar inflexível o tempo todo.
         Quando Natasha fez menção de se levantar, a morena a abraçou pela cintura, mantendo-a cativa. Começou a lhe acariciar lentamente, passeando por toda costas e chegando ao ombro, retornava ao bumbum em uma carícia leve.
       -- Fica mais um pouquinho, quero ficar olhando pra ti… Gosto do seu corpo junto ao meu -- Acariciou a face que feriu com o tapa. Mordiscou a lateral do lábio inferior -- Desculpa se a machuquei… -- Pediu envergonhada. -- Não consigo me controlar quando me provoca…Consegues me levar ao extremo… Nem sei como me refrear meus instintos...
            A ruiva sorriu.
            -- Você é muito forte…  Acho que vou ter que sentar e te posicionar em meu colo para te dar umas palmadas na bunda, assim aprende a conter seus impulsos.
             A morena sorriu corando.
             A arquiteta a fitou encantada.
             -- Sabia que esse é o segundo sorriso que me dirige… e que eu acho lindo esses buraquinhos na sua bochecha… -- Encostou a boca em seu face, beijando demoradamente. -- Você é verdadeiramente muito bela...
           Valentina sentiu o corpo reagir àquele toque e se envergonhou ao notar a excitação dos seios, eles pareciam implorar pelas mãos dela, por seus lábios...
               A ruiva a encarou, ficando séria.
           -- Há algo em ti tão poderoso que me faz perder o controle… É como se eu estivesse a beira de um precipício… E eu sei que não devo… -- Cerrou os dentes. -- Desde que a vi pela primeira vez eu fui muito longe… Beijando essa boca tão deliciosa e depois desejando muito mais… -- Estreitou os olhos. -- Eu te via e te queira... 
         A circense umedeceu o lábio superior demoradamente, parecia ponderar no que era falado. Parecia desejar saber se realmente aquilo era realidade ou se estava a viver um devaneio. Passou-se alguns segundos até ela falar: 
         -- Eu não consigo entender… -- A morena começava. -- Nunca senti tanta raiva de alguém… -- Suspirou -- Mas também não sei o que acontece quando me toca… Sei que não deveria… E gostaria que se afastasse de mim… porém… -- Encarou-a. -- É que quando me olha sem sarcasmo é como se as minhas forças fossem anuladas… Há algo maior e mais forte… Mesmo que eu saiba que quando o sol nascer estaremos em guerra de novo…
Natasha sabia o que ela estava a falar, pois cada frase que ela dizia parecia que tinha saído dos seus pensamentos. Logo aquela trégua encerraria e as personagens assumiria a carga de frustração digitados pela autora daquele suplício. 
Aproximou a boca da dela.
-- A gente ainda tem muito tempo antes de travarmos a próxima batalha.
Valentina meneou afirmativamente a cabeça e lentamente a boca rosada voltou a se apossar da sua. Sentiu a forma delicada que o interlúdio iniciou, a forma que os lábios se moviam de encontro aos seus… Molhados, dominadores. A língua da ruiva tocou a sua, debatendo-se, encontrando-se, repelindo-se e logo conseguiu capturá-la, agarrando-a, chupando-a como se não quisesse nunca mais soltá-la. Ora leve, ora forte, acelerava a ação, parecendo querer devorá-la...
Deslizou as mãos por suas costas, arranhando-a devagar e logo acariciava o bumbum bem feito, se deliciando com a pele sedosa. 
Valentina abriu as pernas para acolhê-la melhor. Mexendo lentamente para senti-la.
Natasha interrompeu o beijo, encarando-a.
-- Estou tentando não te assustar -- dizia sem fôlego -- mas se continuar assim, juro que não me controlarei.
As bochechas da trapezista coraram, ela desviou o olhar por alguns segundos, focando no pescoço esguio, mirou as sardas que enfeitavam o colo. De repente os olhos tão negros fitaram a arquiteta.
A ruiva esperou, pensando se teriam uma discussão naquele momento, mas ao observá-la, viu que seus temores eram infundados.
-- Já que sei que hoje será a última vez que teremos momentos assim… Então não me importo com o que fará… Mas terá que ser gostoso pra mim… -- Valentina disse corajosamente.
A neta de Isadora sentiu um incômodo ao ouvi-la falar que não teriam outra oportunidade. Irritou-se ao recordar que logo a bela circense voltaria para os braços da sua irmã. Odiava imaginar que ela também se entregaria a ela.
Meneou a cabeça para se livrar das imagens que começou a se formar em sua mente. 
-- Sim, está certa, vou aproveitar o que está me dando, porque depois quando se tornar uma duquesa, não conseguirei desfrutar da sua gentileza! -- Provocou-a cruelmente. 
Valentina se sentiu magoada pela forma que ela falou, tentou se livrar do contato, mas Natasha lhe segurou os pulsos sobre a cabeça.
-- Calma, my lady, o galo ainda não cantou três vezes!
A arquiteta voltou a beijá-la, subjugando-a, mesmo diante dos protestos, tomou os lábios novamente em um beijo exigente,ousado, déspoto.
A trapezista tentou se soltar, mas logo teve a impressão que estava mergulhada em uma banheira de vinho, sentia-se embriagada, ébria.
Sentia a língua forçar entrada em seus lábios, logo o invadia majestosamente, explorando, reivindicando e se afastando, livrando-se da posse e novamente a tomava para si com furor, como se fosse a dona.
Valentina lhe segurou a cabeça, buscando não perder o contato, a chupou forte, adorando aquela forma que ela estava usando, prendeu-a nos dentes, mordiscando-a. 
A arquiteta rebolava contra seu sexo e isso estava a deixando enlouquecida. Sentia-os se encontrarem, escorregadios se grudavam, esfregando-se, produzindo barulhos, comendo-se, como se quisessem ser fundidos, imortalizados naquela posição...
A morena gemeu contra o beijo, choramingou como se aquele regalo fosse superior as suas forças.
Natasha lhe soltou as mãos e logo seguia com as carícias por seu pescoço. Mordendo-a, sugando-o… Desceu pelos seios e grosseiramente os tocou, apertando-os e logo os lábios os cobriam, chupando… Passava a língua pelos mamilos excitados, massageando-os e golpeando-os, fazendo-os implorar por ela… 
    -- Mama bem gostoso… -- Pediu com voz rouca. -- Adoro sua boca neles…
A Valerie a encarou com um misterioso sorriso no canto dos lábios. Passava a língua por toda aréola, degustando... 
Valentina lhe apertou ansiando por mais…
Sentia os dedos mais uma vez explorando seu sexo, enquanto a língua deslizava por seus mamilos, lambendo-os lentamente e em seguida mais rápido. Sentiu os dedos esfregando a ele e precisou se segurar para não gritar alto.
A ruiva usou o dedo médio para voltar a lhe explorar a carne sensível, enquanto não abandonava o colo. Mais uma vez sentiu a barreira e desejou ultrapassá-la, rompê-la como se necessitasse disso para continuar a viver.
Desceu a boca, beijando o ventre delicadamente, acariciando-o, estendendo sobre ele sua mão.
A trapezista a fitava, vendo como o semblante da arquiteta parecia mais sublime ao lhe tocar a barriga. Seu filho… Comprimiu os lábios.
  A arquiteta depositou uma gentil carícia e aos poucos chegava as pernas dobradas. Passou a língua pela coxa esbelta, enquanto sentia a jovem se mexer impacientemente. Deslizou a boca por toda extensão, lambendo-a do joelho à virilha, trincando os dentes na panturrilha.
A morena se apoiou nos cotovelos, curiosa, observava toda a ação e implorando intimamente para que ela chegasse ao ponto mais sensível da sua anatomia. Queria ela lá, era uma loucura, mas era o que mais desejava naquele momento. Sentiu um tremor passar por todo seu corpo ao se deparar com aquele olhar safado a lhe mirar. 
-- O que você quer, palhacinha? -- Exibiu um sorriso. -- Quer que a engula? -- Umedeceu os lábios. -- Diga… Fale o que anseia nesse momento… -- Exigiu arrogante.
Valentina nada disse, apenas a encarava com olhar desejoso.
Via as madeixas rubras cair em sua face, enquanto o verde daquele olhar estava tão escurecido que parecia os seus.
Entreabriu os lábios para falar algo, mas apenas soltou um longo suspiro.
-- Quer que eu faça isso? -- Beijou a parte externa do sexo. -- Ou quer que passe a língua em todo ele, assim? -- Com as mãos o abriu e com a língua espalhada, lambeu de baixo até em cima. 
A morena inclinou a cabeça para trás, enquanto fechava os olhos, depois voltou a fitá-la.
-- É assim que você quer? -- Voltou a executar a mesma ação mais uma vez, sem desviar o olhar. -- Ou você quer assim?
   A trapezista mordeu o lábio inferior demoradamente, enquanto a boca rosada da ruiva lhe beijava o sexo como fizera há algum tempo em seus lábios. Sentiu-a chupar, misturando-se a ele...
      Voltou a observar a forma que ela fazia, enquanto movia o quadril contra a face dela. Meneava contra ela, enquanto estreitava os olhos e buscava segurar a vontade de gemer alto.Esfregou-se contra o nariz prepotente, contra a face bonita.
           Sentiu ela pressionar forte e logo os dedos acompanhavam a língua na exploração. 
      Natasha lhe chupou a pequena e deliciosa fruta, enquanto usava o indicador para pressionar, para invadi-la. Sabia que não deveria fazer, porém a sua vontade e raiva a impulsionava a ir mais fundo.
Esfregou a boca, lambuzando-se toda, fez mais rápido e viu os ruídos de satisfação que ela esboçava. Aproveitou para forçar mais, sentiu-a indo contra seu dedo, porém quando a invadiu, ela tentou recuar, contrair,  mas já era tarde para isso.
A ruiva viu a expressão de dor no rosto da amante, então foi até ela, segurando-a pelos braços.
Sentou-se, encostando as costas no sofá, depois trouxe a bela mulher para seu colo, fazendo-a sentar, com as pernas ao redor da sua cintura, como uma amazona montava sua égua.
Segurou-lhe gentilmente o queixo, fazendo-a encará-la. Viu as lágrimas presentes naqueles olhos. Brilhavam em dor, fazendo a arquiteta se arrepender do seu ato impensado. 
-- Quero ir para o meu quarto… -- a garota falou. -- Deixe-me… -- Sussurrou.
Natasha encostou os lábios em sua face e chegou até sua orelha, murmurando:
-- Você irá daqui a pouco…
Valentina viu a boca se aproximar da sua e não desejou que ela lhe beijasse. Estava sentindo um desconforto terrível e não queria que a arquiteta voltasse a lhe tocar, mas quando a língua começou a contornar seu lábio superior, passando depois para o inferior e logo abrir passagem para invadir sua boca, acabou cedendo e não demorou para a carícia voltar a incendiá-la, ainda mais quando as mãos da ruiva passeavam por seu corpo, tocando em seus seios e logo desciam até a sua coxa, afagando-as, massageando-as.
Natasha lhe acariciou a barriga e depois desceu até o sexo, mas sua mão foi detida.
-- Não, não quero mais… -- Negou-se, encarando-a. -- Me machucou! Disse que permitiria que o fizesse, contanto que me desse prazer e não foi isso que fez!
A Valerie umedeceu os lábios.
-- Foi inevitável… Mas prometo que vai se sentir melhor… -- Junto com a mão dela, depositou os dedos no ponto sensível da anatomia. -- Segure-me e guie-me para o seu prazer, se a machucar, você terá o poder de parar…
A jovem nada disse, mas parecia a ponto de protestar, porém apenas mirava desconfiada a bela mulher, desejando saber o que ela faria.
A irmã de Nathália voltou a tocá-la, deliciando-se com a acessibilidade que tinha. Usou o indicador, vendo que a amada não estava mais molhada. Usou o polegar, fazia-o lentamente. Beijou os seios, passando a língua, mamando-os, depois seguiu até seu ouvido, sussurrando:
-- Não sabes quantas vezes eu imaginei essa cena… -- Mexeu com mais força ao sentir que ela relaxava. -- Quando a vi aqui naquele dia com aquele livro… Imaginei as inúmeras maneiras de te possuir… Poderia ter te devorado naquela noite… Eu enlouqueço por ti… Naquela maldita festa, desejei que me desse tudo o que tinha...
Valentina voltou a se excitar e logo afastava mais as pernas para sentir o toque. 
-- Ain…-- Gemeu. -- Ain, Natasha… -- Dizia entre suspiros. -- Faz assim… Mas não machuca… Por favor… Te dou… Dou quantas vezes sentir vontade, mas não machuca… -- Dizia entre suspiros.
A Valerie voltou a lhe sussurrar ao ouvido:
-- Toque-me também e se eu feri-la, faça o mesmo comigo… Rasgue-me… Rasgue-me se assim desejar… -- Dizia em pura excitação.
A circense assentiu timidamente, pois ainda não sabia como fazer corretamente, mas se entusiasmou com a ideia.
Afastou um pouco, assim poderia ter o espaço necessário.
Viu a boca se aproximando da sua e aceitou-a com paixão, sentindo mais uma vez as línguas se encontrarem, prendeu-a, detendo-a para si e não demorou para sentir o toque em seu sexo novamente, então como fora dito, fê-lo também. Escorregava por toda parte, como a sentia mover, usando o polegar, pressionou-o… Sentiu o prazer começar a lhe dominar e entontecer os sentidos…
Escondeu a face no pescoço esguio da empresária, gemendo baixinho.
Sentiu o indicador invadi-la devagar, contraiu-se, temendo a dor.
-- Faça o mesmo… Entre dentro de mim… -- Natasha pedia cheia de paixão. -- Quero-a assim…
Valentina sentiu o corpo reagir àquele apelo e delicadamente penetrou-a, enquanto a sentia parada em seu interior, tendo a outra mão a lhe acariciar a parte externa. Moveu-se contra ela, pois o regozijo superava o pequeno desconforto. Agora a arquiteta deslizava com mais ímpeto, mexendo-a.
-- Ah… Mais… -- Pedia. -- Mais… Ah… -- Valentina falava com a respiração acelerada. 
-- Imponha o ritmo que quer no meu corpo e sentirá no seu… 
A morena a encarou por alguns segundos e logo começou a deslizar para o interior do sexo molhado. Fazia movimentos de vai-e-vem e logo sentiu-a retribuir, sabendo que ela quem controlaria o ato, meteu mais forte, pois desejava que ela acelerasse, adorou estar dentro dela dela.
Natasha a encarava, enquanto forçava mais, estava quase para se desestruturar totalmente, pois a forma desajeitada que estava sendo fundida, ultrapassava seu controle.
A circense gemia alto, tinha a respiração entrecortada…
Voltou a esconder o rosto no pescoço da amada, enquanto acelerava as investidas e recebia o mesmo de volta. Sentiu-a lhe prender e fez o mesmo… Deliciando-se mais ainda.
-- Mete mais um, mete… -- A ruiva sussurrava em seu ouvido. -- Ain, só mais um vai… vai… Mete… amor… Ain… Só um pouco mais forte…Vai… eu quero mais...
Valentina fez o que era lhe pedido, enquanto também movia mais rápido os quadris, adorando a forma que a amante tomava-a para si.
A ruiva aproveitou para incitá-la mais e mais, até vê-la cravar os dentes em seu ombro, enquanto gritava em um poderoso orgasmo, não demorou para se entregar também a intensa paixão.




Natasha se levantou da cama, pegou o roupão, vestindo-o, seguiu até a porta, porém hesitou, virando-se e vendo a bela garota que dormia tranquilamente. Mesmo com a penumbra do amanhecer, conseguia lhe ver a face.
Cerrou os dentes com força, sentindo a pressão no maxilar, aliviou-a.
Subiram para o quarto juntas e acabaram adormecendo, mas a ruiva despertou e mesmo que desejasse ficar mais um pouco, sabia que o melhor a fazer era voltar para a realidade que era sua vida. tinha certeza que não demoraria a ser mais um arrependimento na vida da trapezista...
Soltou um suspiro longo, enquanto voltava a se aproximar do leito.
Sentou-se na beirada da cama, mirando o rosto que denotava serenidade. Viu o cobertor deixar mais exposto que cobrir o corpo sensual.
Acariciou-lhe as costas e ouviu resmungar.
Sorriu!
Havia uma sensação de perda em seu peito, uma impressão que fora aquela a única vez que a tocou… O único momento que se amaram…
Meneou a cabeça, tentando se livrar dos sentimentos que pareciam prontos para explodir dentro de si. Nunca daria certo, disso tinha total certeza, pois não nascera para a felicidade, fora gerada para apenas ocupar um lugar de desonra naquele universo e o engraçado é que isso nunca a preocupou antes.
Inclinou-se, depositando um beijo demorado em sua testa e logo se levantou, deixando os aposentos sem se voltar.


Rick e Leonardo chegaram à cobertura da Valerie.
Ambos ligaram inúmeras vezes para o celular dela e não receberam resposta, apenas mais cedo falaram com a empregada no residencial que informara que a ruiva não estava em casa, pois a buscara em todos os lugares e não a encontrou.
Não demorou para a arquiteta aparecer no topo da escada.
Usava calça justa na cor marrom, camisa branca de botões e jaqueta vermelha. Os cabelos estavam arrumados e ela tinha a expressão desconfiada.
-- O que fazem aqui? -- A mulher indagou. -- Alguma coisa especial para trazê-los aqui uma hora dessas. -- Começou a descer lentamente até chegar embaixo. -- O que se passa, senhores?
Antonini trocou olhares com Rick, parecia estar pedindo ajuda naquele momento.
Natasha franziu as sobrancelhas, enquanto os encaravam impacientemente.
-- Não vão falar? -- Questionou irritada.
O detetive se aproximou com expressão pesarosa.
-- Sua irmã apareceu! -- Disse, encarando-a. -- Está no hospital!
A ruiva estreitou os olhos em confusão.
-- O que se passou? -- Indagou por entre os dentes. -- Falem de uma vez! -- Ordenou.
Leonardo se antecipou.
-- Foi espancada violentamente e a encontraram desacordada no terreno que você comprou para construir o novo prédio.
Os olhos verdes escureceram, enquanto ela caminhava de um lado para o outro, parando diante deles, passou a mão pelas madeixas.
-- Eu a vi ontem! -- Apontou-lhes o indicador. -- Falei a vocês, contei e não acreditaram!
Antonini voltou a se manifestar. 
-- Não, filha, acreditamos sim, porém agora isso não vem ao caso, precisamos pensar em sua defesa. Já informei aos advogados!
-- Por quê? Agora seria o momento que a desgraçada da Nathália vai arcar por seus crimes!
Antes que os homens pudessem falar alguma coisa, a empregada apareceu com expressão assustada.
-- O que se passa, mulher? -- A arquiteta perguntou exasperada. 
A serviçal gesticulava as mãos se parar.
-- Diga logo! -- Rick ordenou.
A empregada respirou fundo e depois de alguns segundos falou:
-- A polícia… A polícia está subindo, querem prendê-la, senhora!
Mal a acabara de dizer e a campainha tocou.



Valentina despertou, mas não abriu os olhos de imediato.
Esticou a mão buscando o calor do corpo de amante, porém ao tatear o leito e não a encontrar, abriu os olhos, constatando que estava sozinha.
Suspirou languidamente, enquanto exibia um sorriso que deixava a mostra os buraquinhos na bochecha.
Sabia que não deveria ter cedido aos encantos da ruiva. Tinha certeza de que fora uma escolha ruim, pois sabia que seu corpo jamais reagiria a outro toque como fez com ela.
Fechou os olhos e os flashes invadiram sua mente. Ainda estava vivo o momento que a sentiu dentro de si e quando a dor se transformou em puro prazer… A língua que passeava por sua carne.
Gemeu baixinho.
Teve a impressão que estava sendo tocada novamente por ela.
-- Natasha… -- Pronunciou lentamente.
Tinha a impressão que era um pecado proferir aquelas palavra… Mas quantas vezes gritara por ela antes de cair exausta sobre a arquiteta.
Sentou-se na cama, espreguiçando-se demoradamente, enquanto o lençol escorregava, desnudando-a.
Onde estaria a ruiva?
Sentia-se decepcionada em parte por não a ter visto ao despertar, porém sabia que se sentiria acuada ao vê-la depois de tudo o que viveram, depois da forma ousada que a tocara, que fizera…
Mordiscou o lábio inferior demoradamente, ansiando pelo toque dela.
O que faria com aquele sentimento? Sufocaria até não aguentar mais?
Ainda tinha a amante loira que a ruiva continuava a ver, sabia disso e essa era uma das razões de se sentir tão mal por ter se entregado… Ainda tinha a Nathália…
Viu o roupão sobre a cadeira, vestiu-o, seguindo para fora do quarto.



Natasha viu a empregada abrir a porta e não demorou para dois homens bem vestidos com uma escandalosa Isadora entrar no apartamento.
A ruiva cruzou os braços, apenas encarando os presentes.
-- Essa miserável não é a Nathália! -- A duquesa esbravejava.
-- Mantenha a calma, senhora! -- Um dos policiais a advertiu com um olhar. 
A velha torceu a boca em desagrado.
-- Não ficarei calada, enquanto essa assassina está livre!
O outro agente da lei se aproximou, entregando um papel para a arquiteta.
A jovem observou.
Havia um mandado de prisão contra ela, mas eles não tinham ainda como provar que se tratava dela.
Teve vontade de rir.
-- Essa senhora fez a denúncia e afirma que estamos lidando com a senhora Valerie, enquanto sua a Nathália se encontra em um hospital… -- O policial dizia. -- Então, estamos de mãos atadas, pois não sabemos com quem estamos a lidar!



Valentina seguia pelo corredor quando ouviu os gritos de Isadora, imediatamente seguiu até a escada, parando lá, enquanto observava o que se passava.
Viu a duquesa gritar que a ruiva era uma assassina, praticamente ela atacava fisicamente a neta, enquanto uns policiais lhe detinham.
Observava a expressão impassível da arquiteta e via como seu rosto não exibia nenhum tipo de sentimento. Era como se nada daquilo a atingisse. Olhando-a com mais atenção, nada lembrava a mulher que se entregara durante toda a noite.
Continuou no mesmo lugar e sua presença não foi percebida.



-- A minha neta está em uma cama de hospital e tenho certeza que ela é a culpada… -- Dizia a lady em lágrimas. -- Prendam-na ou eu mesma a matarei… -- Tentava se livrar dos braços que a seguravam. -- É uma amaldiçoada… Tem o sangue sujo do estuprador do seu pai… Deveria ter morrido junto com ele, pois desde que veio daquele convento só foi uma praga na minha família…
-- Chega, Isadora! -- Leonardo se intrometeu. -- Você é uma doente, o pior ser humano que tive o desprazer de conhecer!
A ruiva continuava a observar tudo, tendo nas mãos a ordem judicial.
-- Ah, não diga -- Gargalhava a duquesa -- Você mesmo não acredita na inocência da sua querida Nath, você mesmo tem dúvidas quanto ela ter matado a Verônica… Assassina… Assassina! -- Esbravejava.


Valentina desceu as escadas e só naquele momento todos os olhares se voltaram para si, mas foram os olhos verdes que a desconsertou. Era como se estivessem apenas as duas naquela sala. Sentiu um tremor em seu corpo, tentando manter as pernas firmes, enquanto chegava ao térreo.
Isadora se livrou das mãos dos policiais, seguindo até a trapezista, abraçando-a.
-- A Nathália apareceu… nossa Nathália apareceu!
A morena mantinha as mãos caídas ao lado do corpo, não retribuindo o abraço, enquanto olhava para a amante como que buscando uma explicação sobre tudo aquilo.
A duquesa segurou a face da jovem.
-- Eu te disse que essa desgraçada não era a minha amada neta… -- Falava em lágrimas. -- Quero que venha comigo até o hospital, a minha filha vai ficar tão feliz em te ver… Você vai curá-la!
Os olhos negros estavam confusos e mais uma vez, buscou o olhar da ruiva que simplesmente arqueou a sobrancelha esquerda em zombaria, dando de ombros.
-- Bem, policiais, vou acabar de uma vez por todas com as dúvidas de vocês! -- Disse se aproximando dos homens.
-- Filha! -- Antonini lhe segurou o braço delicadamente.
A arquiteta apenas meneou a cabeça.
-- Eu não sou a futura duquesa… -- Estendeu as mãos. -- Sou Natasha Valerie!
Valentina conseguiu se desvencilhar dos braços da Hanminton, enquanto observava a cena com aflição.
Abriu a boca para falar algo, porém a duquesa lhe tomou o braço novamente, exibindo um triunfante sorriso.
Os policiais assentiram, enquanto algemava a mulher, levando-a da cobertura.



           
          
             

Comentários

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  2. O capítulo começou lindo e ternimou com natasha sendo presa😢😢😢 .Será que Valentina vai começar a" investigar " para ajudar a tirar natasha da prisão ou vai continuar acreditando em isadora e Natália.

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  3. Excelente capítulo! Espero que Valentina tenha uma reação bem melhor que ficar contemplando sua ruiva ( que eu acho q ela ainda não entendeu bem que é sua kkk) ir presa injustamente e não fazer nada , não é!!!! Ansiosa pelo desenrolar desta situação! E torcendo por mais capítulos extras !!! Kkkkkk beijão escritora

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  4. Amei o início do capítulo,tudo tão perfeito entre elas,mas tinha que chegar essa bruxa com suas maldades.
    Espero que a Valentina comece a perceber quem de fato é essa Nathalia e essa velha maldita. Só a Valentina pode ajudar a Natacha,pois elas passaram a noite juntas.
    Não sei quem espancou a Nathalia,mas merece um prêmio,talvez tenha sido seu marido que deve estar vivo.
    Autora você vem postando aqui suas histórias maravilhosas,espero que a próxima seja: A FERA FERIDA,tem paixão por essa história.
    Beijos garota.

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