Dolo ferox -- Capítulo 17


           Helena permanecia do lado de fora e tentava manter o banheiro inacessível.
        Ouvia os risos dos jovens que passavam pelos corredores ostensivos e simpaticamente explicava que havia um problema naquele toalete.
           Fitou o relógio dourado que trazia no pulso e imaginou quanto tempo tudo ainda demoraria.
         Sabia que Natasha estava possessa e estranhou aquele descontrole diante da situação para uma mulher que sempre se mostrara bastante fria em sua forma de agir.
        Viu os olhos verdes soltarem chispas quando praticamente ordenara que fosse até a trapezista. Leonardo ainda tentou acalmá-la, mas teve apenas que olhar perplexo para a esposa, pedindo ajuda.
           -- Use o banheiro do outro lado, esse está interditado! -- Disse a Isadora que se aproximava.
           A duquesa observava tudo com atenção e parecia ainda mais desconfiada.
         -- Onde está a Valentina? -- Indagou olhando tudo ao redor. -- Vi quando ela saiu contigo… -- Encarou Helena. -- Arrumou o trabalho de cuidar dos banheiros? Já vi que Leonardo não está muito bem das finanças! -- Debochou.
           A senhora Antonini apenas exibiu um sorriso singelo.
         Conhecia bem aquela nobre senhora e sabia que ela adorava ser cruel e depois posar de lady da caridade.
         Conhecera bem o duque e a infeliz Elizabeth para saber como um ser humano poderia infernizar a vida de outros até os levarem ao limite terreno. Mesmo que ela gritasse aos quatro ventos que amava Nathália, estava na cara que a neta protegida fora sempre usada para que ela conseguisse as coisas que desejava. Fosse no casamento mal sucedido da jovem como nas amizades perigosas que sempre tivera.
       -- Todo trabalho é digno… e indignação para mim é viver explorando as pessoas para ostentar algo que não se tem, afinal, nos dias atuais ninguém se importa se você é uma duquesa se não pode nem pagar um bom vestido…
        A Hanminton ficou tão vermelha que parecia que explodiria a qualquer momento.


        De repente, Valentina teve a impressão que era como se não estivesse mais em seu corpo, como se uma força se apossasse de si.
Moveu os quadris contra ela e só parou quando um indescritível prazer tomou conta de todo seu ser.
        Natasha se levantou, puxando-a para si em um beijo apaixonado, enquanto a leva ao clímax com o toque dos dedos.
         Ouviu o grunhido sofrido e satisfeito.
         Sentiu-a lhe morder forte e o sabor de sangue misturou-se ao amentoado. 
         Abraçou-a, estreitando-a, sentindo em seu própria pele os espasmos que dominava a dela.
         Permaneceram naquela posição por inúmeros segundos, apenas ouvindo as batidas aceleradas do coração, enquanto o oxigênio voltava a ser aspirado normalmente.
        A arquiteta sentia a respiração contra o pescoço e tinha a impressão que estava fora de sua órbita. Por que algo tão comum em sua vida fizera tamanho efeito?
        Sentia as batidas do coração dela. Sentia o calor que o corpo jovem esbanjava e os tremores pareciam cada vez maiores, como se uma força maior a sacudisse.
          -- Xiiiii… -- Sussurrou em seu ouvido. -- Estou aqui contigo… Tudo vai ficar bem…
         Valentina tinha a impressão que a qualquer momento desmaiaria. Ainda sentia que uma corrente elétrica passava por todo seu ser. Sua mente parecia desconexa. Como se nada chegasse a seu cérebro, apenas aquelas sensações que pareciam não ter mais fim.
       Ouviu a voz dela… e foi como se anjos cantassem em couro naquele momento… como um anjo?
Tentou puxar as mãos que ela ainda segurava quando se livrara dos golpes que deu no momento de puro êxtase.
        Como permitira que a irmã gêmea da mulher que se dizia estar apaixonada fosse tão longe? Se não soubesse que estava a lidar com a cópia, isso seria até justificável, mas como justificaria seu ato quando tinha conhecimento de tudo?
          Como agiria depois de ter cedido miseravelmente àqueles encantos?
         Ainda tinha nos olhos as lágrimas que vertera no momento de prazer. Ainda lhe queimava a íris a grande satisfação que se apossou de si com cada toque recebido, mesmo sabendo que não deveria ter cedido, mas como resistiria? Como se negaria se tinha a impressão que perdia o controle da própria respiração quando a ruiva de olhos verdes se aproximava de si.
          A voz de Isadora esbravejando lá fora pôde ser ouvida.
        A circense levantou a cabeça, corando imediatamente quando se deparou com o olhar da Valerie.
          -- Calma, ela não vai entrar! -- Negou com firmeza.
          Natasha ainda estava entre as pernas dela.
          -- Quero ir embora daqui… -- Valentina disse chorosa. -- Quero voltar para o circo.
        A empresária fitou-a e pareceu tocada diante do olhar da garota. Nunca fora tão atingida por sentimentos alheios como naquele momento.
          -- Calma, palhacinha, logo tudo vai ser resolvido e você terá sua vida de volta…-- Acariciou-lhe a face. -- Precisa retocar a maquiagem para continuar desfrutando da aristocracia.
           -- Não… -- Voltou a chorar, escondendo a cabeça no pescoço da ruiva.
           Natasha tocava-lhe os cabelos, fazendo cafuné, enquanto buscava consolá-la.
        -- Eu prometo que não vamos demorar muito, meu amor, ficamos mais alguns minutos, no máximo trinta e depois voltamos para casa.
         Os soluções começaram a diminuir pouco a pouco até os olhos negros voltarem a fitar a bela mulher.
           -- Pra minha casa?
         A arquiteta em parte desejou fazer-lhe a vontade, ansiou para dizer que sim, fazê-la feliz naquele momento, mas por outro lado, a ideia de vê-la ir embora lhe causava uma sensação de perda que nunca antes sentira…
           -- Em breve… -- Voltou a lhe tocar a face. -- Por enquanto fica no apartamento.
           A morena meneou negativamente a cabeça.
          -- Eu não quero… eu não quero ficar contigo… Me faz mal e me tenta, é como se… -- Soluçou -- como se conseguisse entrar na minha mente… -- Tentava controlar a respiração -- como se pudesse dominar os meus sentidos…
             -- Valentina… -- Natasha falou o nome como se estivesse a fazer uma prece.
           -- Não! -- A trapezista desceu da pia, mas continuou entre os braços da ruiva. -- Veja, eu me rendi ao seu toque, desejei seus carinhos e você fizesse novamente, eu não resistiria -- Jogou os cabelos para trás. -- Por favor, afaste-se de mim!
            A Valeria suspirou, fazendo o que ela disse.
            Seguiu até a parte contrária, ficando de costas para a jovem.
          Olhou para os próprios pés por intermináveis segundos, ponderando sobre as ações que tinha tomado. Não deveria ter ido tão longe, não deveria tê-la tocado, mas perdera o controle, não agira friamente como sempre fazia, não imaginou que uma ação que para qualquer pessoa significaria algo normal, teria tamanho impacto para a circense.
         Como Nathália pôde se envolver com uma jovem tão inocente como aquela? Por que a usara naquela terrível plano?
           Passou a mão nos cabelos.
          Precisava se arrumar também, não poderia voltar àquela festa com tal aparência. Não que isso importasse, mas para fazer o papel da irmã, teria que agir como uma lady.
           Teve vontade de rir da ironia que acontecia.
          Passara a vida sendo excluída daquele tipo de evento e agora estava ali, bebendo o vinho da época da colonização africana.
            Lembrou-se da esposa…
       Depois do casamento ela deixou de frequentar aqueles bailes, mesmo sendo a arquiteta e empresária Natasha Valerie já bem-vinda, mesmo hipocritamente, afinal, sua fortuna era bem desejada pela falida classe de nobres.
           Seguiu até o espelho e começou arrumar os cabelos. A face estava corada, o nariz afilado tinha a ponta avermelhada, observou os lábios ainda mais rosados e o pequeno corte que fora feito pelos dentes da morena.
           Recordou-se dos beijos que trocaram e sentiu a boca salivar.
           Que feitiço era aquele que caiu sobre si?
           Valentina arrumou o vestido.
           Ainda as mãos estavam trêmulas ao começar o retoque na maquiagem.
           Será que alguém notaria o que se passou?
          Passou mais uma camada de batom, fazendo-o lentamente, como se aquele ato requisesse tanto complexidade.
           Pelo reflexo do espelho via a ruiva.
           Ela parecia tão absorta, compenetrada a fitar as próprias mãos.
           Deus, teria se apaixonado por aquela mulher?
           Sentiu um aperto no peito…
          Aquilo não podia jamais acontecer, seria uma condenação terrível… Qual pecado cometera para que algo assim lhe sucedesse?
            Fechou os olhos e as cenas do que se passara há pouco tempo, encheu-lhe os olhos em cheio.
          Ainda estava perplexa com a ousadia da arquiteta, envergonhada da própria reação ao desejo tão intenso.
           Sacudiu a cabeça para se livrar dessas lembranças, enquanto terminava de se arrumar.
        Voltou a prestar atenção na própria aparência, tentando terminar tudo o mais rápido e deixar aquele banheiro.
            Natasha se aprontou e ao se virar viu a bela mulher terminar de arrumar os cabelos.
             Permaneceu parada, apenas olhando-a como se fosse a coisa mais natural a fazer.
             Os olhos de ébano encontraram os seus e logo a face da circense voltou a corar.
            A ruiva olhou para o chão e logo seguiu até a porta para ver se já podiam deixar o banheiro.                  Ouviu a voz de Isadora esbravejando. Encostou-se a porta com os olhos fechados. Sentia o latejar na cabeça, sinal de uma provável enxaqueca. Por que aquela velha não a deixava em paz de uma vez por todas?
              Valentina terminou de se arrumar e se aproximou.
             Observou o semblante preocupado da bela mulher.
             -- O que está esperando? Já terminei! -- Disse irritada.
           A Valerie a fitou demoradamente. Percebia agora que a exasperação  já tinha se colocado no lugar da fragilidade. Sentiu-se bem melhor, assim saberia lidar.
             -- A duquesa está lá fora!
             A morena arqueou a sobrancelha esquerda.
            -- Está com medo que a sua avozinha descubra sua farsa?
            A ruiva meneou a cabeça lentamente.
        -- Ela já sabe… Desde o início. Ela conhece as duas netas, mesmo sendo cópias perfeitas fisicamente.
          Valentina mordiscou o lábio inferior, parecia ponderar sobre aquela informação. Passou-se um tempo até que ela indagasse:
           -- Por que ela te odeia tanto? -- Perguntou depois de alguns segundos. -- O que você fez de tão terrível para ela?
            Os lábios cheios e rosados se abriram em um sorriso de escárnio.
           -- Inicialmente nasci ruiva… -- Viu a confusão no olhar da circense. -- A sua querida Nathália tem os cabelos negros e quando fora feito o exame de D.N.A foi comprovado que tinhamos pais diferentes… ou seja, a respeitada filha da duquesa de Hanminton era quase uma cadela.
          A trapezista não acreditava naquele humor debochado que a arquiteta estava exibindo. Tinha certeza que aquelas coisas não podiam ser tão normais para ela.
            -- Eu não consigo entender…
            -- Nem tente!
            A jovem Rodrigues fez um gesto afirmativo, enquanto ficava lá parada, esperando junto com a Valerie.
              Passou-se alguns segundos. Pareciam distraídas, até o olhar de ambas se cruzarem de novo.
              Valentina corou violentamente, enquanto a ruiva a observava com atenção.
              -- Está se sentindo bem? 
             A garota não respondeu de imediato e quando o ia fazer, ouviram batidas na porta.
              -- Vamos! 
             Natasha deu passagem para ela, saindo em seguida.
            Helena observou as duas mulheres e percebeu de imediato que havia alguma coisa errada entre elas.
            Viu a trapezista se afastar sem nenhuma palavra, enquanto a arquiteta observava tudo ao redor.
               Ouviu o suspiro longo e viu observou a expressão inflexível.
              -- Eu não demorarei nessa festa! -- Disse por entre os dentes. -- Avise ao Leonardo.
            Antes que a mulher pudesse falar algo, viu a ruiva seguir orgulhosamente para fora da mansão.
            A senhora Antonini sabia que algo tinha se passado. Conseguia ver nos olhos verdes algo mais que toda aquela indiferença que ela costumava exibir. Sem falar no olhar corado da jovem trapezista que passou feito uma bala por ali. Teria algo entre as duas além de toda aquela guerra?
                Soltou um longo suspiro, enquanto retornava para o meio da aristocracia.


                Valentina voltou a sentar e sentiu o olhar de Isadora perscrutador sobre si. Tomou um pouco da bebida que estava em sua taça e viu os dedos tremerem em contato com o delicado cristal. Deveria ter ido embora daquele lugar imediatamente, pois se antes sentia-se desconfortável, agora estava bem pior. Tentou se concentrar na música romântica que estava sendo cantada pela banda. Inclinou o pescoço para observá-los melhor, porém a ver a loira lhe encarando com ar irônico, voltou a atenção para a mesa. Ouvia as conversas de todos e se sentia totalmente entediada.
                 Levantou a cabeça e o olhar de um homem lhe chamou a atenção.
                Alto, cabelos grisalhos e os tão negros quanto os seus.
             Pelo que ouvia da conversa se tratava do filho de um conde. O homem em uma cadeira de rodas que estava ao lado dele.
               Percebia que não havia malícia no olhar que recebia, mas havia uma espécie de curiosidade ou até algo que não conseguia definir. Desde que chegou ali, sentira-se incomodada com a insistência da mirada. O que ele queria? Talvez estivesse também de olho nas irmãs Hanmintons...
                Estava perdida em suas hipóteses quando sentiu o cheiro dela…
                Não demorou para senti-la sentar ao seu lado.
              Umedeceu os lábios enquanto evitava olhá-la, mas sentiu o sutil roçar das pernas nas suas e isso foi o suficiente para arrepiá-la por completo.
              Levou a taça aos lábios novamente e foi quando sentiu a respiração da ruiva em seu pescoço.
            -- Cuidado para não exagerar, deve-se lembrar que está grávida. -- Natasha sussurrou em seu ouvido. -- O vinho dos nobres não é água! -- Advertiu-a.
             A morena a encarou por longos segundos e desejou penetrar naquele verde tão intenso e vê o que havia por trás daquela preocupação, decerto fazia parte do teatro que apresentava para convencer a todos que estava lidando com a Nathália.
            -- Não se preocupe… 
           Antes que pudesse falar mais alguma coisa viu a loira depositar os braços nos ombros da arquiteta, como se fosss a coisa mais natural do mundo fosse iniciar uma massagem naquele momento.
              Respirou lentamente, enquanto contava até 10…
              1: Por que incomodava tanto imaginar as duas juntas?
              2: Por que odiava tanto a ruiva se também a queria… ?
           Meneou a cabeça, esquecendo os cálculos e tentando focar em outras coisas, algo que não a deixasse tão entregue àquele sentimento.
              Que sentimento!? -- Indagava internamente revoltada com a ideia.
          Para seu desgosto, Rebeka sentou ao lado da irmã da mulher que deveria estar preocupada naquele momento, ansiando de todo coração para que ela retornasse.
              Viu o olhar de Isadora e não demorou para ouvir a voz da duquesa.
           -- Valentina, convide a Nathália para dançar, deixe que ela te mostre quão talentosa é para isso… Ela ganhou prêmios por sua performance… Diferente da aleijada da Valerie que foi condenada a nunca participar de um evento como esse… -- Torceu a boca em desagrado.
            A jovem mirou Natasha e imaginou que a veria com uma expressão de assustada ou ferida pela crueldade empregada pela nobre lady, mas o sorriso que lhe enfeitava a face era uma mistura de sarcasmo e desafio ao encarar a avó.
               Aquela mulher tinha medo de alguma coisa?
            -- Sim, amor, é verdade o seu talento entre tantos outros… -- A loira começou. -- Gostaria de dançar coladinha contigo a noite toda.
             Os olhos verdes se focaram nos negros de forma tão intensa que a trapezista desviou o olhar.
Com um suspiro alto ficou a observar a taça.
          Todos estavam esperando o desenrolar da história. Ela ficou a imaginar se fizesse naquele momento o que a senhora Hanminton desejava, terminaria de uma vez por toda com aquela farsa, com aquela angústia e a maldita Valerie pagaria caro por isso, porém algo dentro de si a impedia de fazê-lo.
              Encarou a ruiva.
             -- Não estou me sentindo bem, Nath, gostaria de ir para casa.
              Natasha a fitou e depois a Isadora:
           -- Bem, vovozinha, essa dança vai ficar para uma próxima vez, preciso cuidar da Valentina e do nosso bebê. -- Levantou-se, estendendo a mão para a jovem. -- Foi uma honra enorme participar da festa -- Fez um reverência- - na verdade parecia ser a minha primeira vez em meio a aristocracia.
              A circense se levantou, mas a loira fez a mesma coisa, sussurrando algo no ouvido da arquite e depois se afastou, beijando-lhe os lábios.
            Valentina viu os olhos verdes em sua direção e desejou marcar aquele rosto tão bonito com suas unhas.
               Vagabunda!
               -- Boa noite a todos!
            Sob o olhar perplexo de Isadora, as ilustres convidadas deixaram o ambiente carregado de ódio e rancor.
                Seguiram de mãos dadas diante de todos.
            Não falaram nada e quando chegaram no estacionamento não demorou para o manobrista trazer o carro.
               -- Solte-me! -- A morena tentou se livrar. -- Não quero que me toque!
             A ruiva tinha dispensado o motorista, pois sabia que a morena poderia fazer escândalos, o que não seria agradável.
              Viu o olhar de raiva que lhe dirigia, apenas respirou fundo, assentindo.
              O rapaz bem vestido abriu a porta do veículo e lhe entregou as chaves.
              A Valerie entrou e viu a trapezista dar a volta para fazer o mesmo. Deu a partida e logo seguia pelo caminho de palmeiras imperiais e logo  para a rua.
           As luzes iluminavam o caminho e a motorista dirigia devagar, não parecia ter pressa para chegar ao destino.
             Vez e outra, de soslaio, mirava a acompanhante que mantinha os olhos fechados como se estivesse a dormir.
                 Parou no semáforo.
            -- Vou te levar ao hospital para nos certificarmos que tudo está bem. -- Disse enquanto ligava o rádio do carro e deixa que a música baixa invadisse o automóvel com seus acordes delicados.
             Passou-se um tempo antes que o olhar gélido lhe encarasse.
             -- A única coisa que desejo é ir para um lugar bem longe daquelas pessoas e de você também.
             -- Já está bem? -- Questionou arqueando a sobrancelha esquerda. -- Você disse que não estava lá na festa.
             Valentina meneou a cabeça.
            -- Ah sim, eu disse a você que queria ir embora quando… -- Sentiu a face corar ao lembrar de quando falara isso. -- Mas como você se distraiu com sua loira, esqueceu da promessa de permanecer apenas mais trinta minutos naquele maldito lugar.
             Natasha não falou nada, apenas deu partida.
            As avenidas estavam pouco movimentadas naquele horário, mesmo sendo uma cidade grande.
           A ruiva fitou pelo retrovisor e viu um carro que não a ultrapassava desde que deixara os portões da mansão. Diminuiu a marcha e o motorista do outro veículo fez o mesmo. Decorou a placa e ao parar mais uma vez em um sinal, mandou uma mensagem para Rick.
           Valentina observava tudo e imaginava que a ruiva estaria a falar com a tal da Rebeka, decerto combinando de se encontrarem depois que lhe deixasse em casa. Que o fizesse logo, afinal, isso não lhe interessava de forma alguma.
               Virou a cabeça para o lado da janela e voltou a fechar os olhos.
              A Valerie continuava a se comunicar com Rick.
             O detetive a repreendeu por ter dispensado o motorista e os seguranças. Mas fez contato com uma viatura de polícia que fazia guarnição pela região e pediu para que enquanto eles não chegassem, tentassem manter-se em um lugar mais visível.Natasha não temia um ataque, porém ao lembrar da mulher que estava consigo, assustava-se com a possibilidade de algo lhe acontecer.
              Ao olhar de soslaio para o veículo que ficava lado a lado com o seu, viu a Nathália.
              O carro seguiu em alta velocidade e a ruiva ainda acelerou para ir atrás, porém o sinal fechou na sua passagem.
              Bateu com os punhos fechados contra o volante, praguejando alto.
              Valentina a fitou com os olhos semicerrados.
              -- Não sou obrigada a ouvir seu vocabulário de realeza falida.
              Natasha a encarou tentando manter a calma.
             -- Não irei te responder porque não desejo arrumar uma nova discussão. -- Passou a mão pelos cabelos. -- Porque se eu começar, não pararei um só segundo!
               Sabia o que tinha visto, a irmã estava a lhe seguir e lhe olhou cheia de deboche.
           Pegou o celular mandando mensagens para Rick e logo os carros começaram a buzinar atrás de si, pois o semáforo já tinha ficado verde novamente.
              Tomou o caminho do edifício onde morava e não demorou para parar diante do prédio.
             -- Entre, pois tenho umas coisas para resolver! -- Disse sem se voltar.
            A circense a fitou e não escondia a sua revolta.
             -- Ah, sim, decerto as coisas para resolver tem água oxigenada nas madeixas.
             Antes que a arquiteta pudesse responder, a garota abriu a porta, fechando-a com mais força ainda.
              Sem se importar com mais nada, a neta de Isadora saiu em alta velocidade novamente.


              A circense subiu para o quarto e ao chegar lá, foi direto para o banheiro.
            Livrou-se do vestido de qualquer jeito, arrancando alguns botões em sua impaciência. Puxou o colar, deixando-o sobre o chão. Livrou da calcinha e ao senti-la ainda úmida, amassou-a forte, jogando-a no lixo.
               Gritou em frustração, enquanto batia no vidro do box.
              Evitava se olhar no espelho, pois temia o que poderia ver em seu olhar.
           Adentrou ao espaço, ligou o chuveiro e ficou sob ele, sentindo a água gelada enrijecer seu corpo, sentindo-a relaxar sua alma.
           Não tinha vontade de sair daquele lugar, nem forças para fazê-lo. Sentia como se aquela história já tivesse atingido seu ápice, como se desejasse ser a personagem que simplesmente era excluída de toda aquela trama ou deixada de lado para dar passagem a uma bem melhor.
             Observou a elegância daquele cômodo e a frieza daquelas paredes azul marinho. Tudo parecia sufocá-la. Bateu com a mão aberta no azulejo e continuou a repetir os golpes até as lágrimas correrem livres por sua face.



Nícolas estava parado diante do espelho, as mãos apoiadas sobre a penteadeira.
O quarto estava todo revirado. Papéis, livros, jornais antigos, um verdadeiro caos se apresentava ali.
O olhar assustado fitava uma foto em preto e branco recortada de um periódico de muito tempo. Lá havia uma reportagem sobre uma bela jovem que encantava a todos com a sua dança e sorriso de covinhas.
Pegou o papel gasto nas mãos e seu olhar pareceu ainda mais assombrado.
Eva!
Seu único amor!
Sua covardia o fez abandoná-la… O medo do que podiam falar, o temor dos pais cumprirem a ameaça de deserdá-lo foram suficientes para que abandonasse a mulher que desejara ter ao seu lado.
Bateu com o punho cerrado sobre a madeira.
O que adiantava tudo o que tinha? qual o sentido daquela vida que vinha levando? Seu pai estava aleijado, sua mãe estava morta e ele não via nada na qual se apegar, apenas vivia a sonhar com o momento que faria a Natasha pagar caro pelo o que fez a irmã 
Lembrou-se de que estivera tão encantada com a acompanhante da neta de Isadora que não prestara atenção se estava realmente a lidar com uma usurpadora.
Observou mais uma vez a imagem e ficou assustado com a semelhança entre a amada e a Valentina… Seriam parentes? Sobrinha ou… Filha?
Seguiu até o leito, sentando-se, enquanto sentia a cabeça ser invadida por flashes de momentos que estavam bem guardados dentro de si.



Uma hora depois Natasha estacionava no subsolo do prédio.
Estivera com Rick e Leonardo no apartamento do detetive. Ambos pareceram não acreditar quando ela falou ter visto a irmã.
        Baixou a cabeça, encostando-a ao volante com os olhos fechados. Estava cansada, impaciente com tudo e ansiosa para que aquele episódio chegasse logo ao fim.
            -- A senhora está bem?
         Ela ouviu a voz masculina e se deparou com o porteiro, um senhor dos seus cinquenta anos, fitando-a com expressão preocupada.
         A Valerie apenas fez um gesto de assentimento, enquanto se livrara do cinto e deixava lentamente o veículo.
         Caminhou até o elevador e não demorou para chegar à cobertura. Subiu as escadas, parando diante da porta da trapezista, pensou em bater para ver se estava tudo bem, mas sabia que não seria bem vinda. 
O que se passava entre elas duas?
Umedeceu os lábios demoradamente e seguiu para os próprios aposentos.
Livrou-se da roupa e foi até o banheiro.
Não desejava pensar no que estava tirando sua paz, porém agora a mente começava a trazer as imagens do momento que viveram no elegante toalete da mansão.
Seu corpo ainda estava em brasas e nada apagara aquela vontade de tê-la por completo em seus braços. Senti-la em toda sua intensidade, pois mesmo que a jovem negasse, sabia que ela tinha gostado e sentido prazer com o que se passara. 
Ainda sentia o sabor delicioso em sua boca, ainda tinha a textura delicada nos lábios.
Balançou a cabeça para se livrar das lembranças, pois estava tão excitada que nem mesmo se chegasse a se tocar, adiantaria.
Acabou a higiene, vestiu o roupão atoalhado e seguiu para o quarto, deitando-se pesadamente na enorme cama.
Mirava o lustre de cristal, tamborilando os dedos no colchão.
Logo a irmã retornaria, sentia isso e tudo voltaria ao normal e ela, com certeza, iria atrás da circense, decerto não desistiria do plano de tê-la e o bebê que estava esperando.
Seu filho!
Havia uma criança que nasceria e seria sua… Teria seu sangue, talvez até seu temperamento e suas características… O cabelo ruivo?
Cobriu o rosto com as mãos.
Por que tudo aquilo tinha que ter acontecido em sua vida?
Sentia-se satisfeita com a rotina de trabalho, suas reuniões, seus intermináveis projetos que lhe deixava chegar apenas para dormir…
Levantou-se irritada!



Valentina abriu a porta do escritório de Natasha.
Depois de passar horas virando na cama de um lado para o outro, seguiu até o térreo. Primeiro foi até a pequena biblioteca, mas nenhum livro lhe interessou, então seguiu até ali para ver uma obra sobre mitologia nórdica, um que já tinha visto em outro momento e lhe chamara bastante a atenção.
Observou a pequena luminária acesa e ao passar pelo enorme piano, parou… Ficou a observar as teclas, tocando-a.
A arquiteta estava em uma das estantes, arrumava uns clássicos que estava em seu quarto quando ouviu passos e viu surpresa de quem se tratava.
Permaneceu parada, apenas observando-a. 
A morena usava uma camisola de seda branca, não era um vestidinho, mas uma tipo de short. As pernas bem feitas ficavam toda a mostra, sentiu vontade de tocá-la de novo.
Distraída, deixou o livro cair, chamando a atenção imediata da trapezista.
Valentina virou-se e logo seus olhos se deparavam com a ruiva ali, mirando-a.
Ficou surpresa, pois tinha imaginado com a loira, passando a noite em seus braços.
-- O que faz aqui? -- Indagou desconfiada.
A arquiteta suspirou, seguindo até onde ela estava.
-- Não seria eu quem deveria fazer essa pergunta? -- Parou próximo a ela. -- Afinal, esse é meu escritório e não lembro de ter dado permissão para que viesse até aqui!
A morena cruzou os braços sobre os seios, enquanto a observava com atenção. Viu os cabelos úmidos e roupão preto atoalhado que estava a usar.
-- Ah, sim, porém imaginei que passaria a noite com a sua amante e não retornaria, por essa razão vim até aqui, caso soubesse da sua desagradável presença, nem teria aparecido aqui! -- Girou nos calcanhares para sair, mas foi detida delicadamente pelo braço. -- Solte-me! -- Ordenou.
-- Calma, senhorita, não quero machucá-la! -- Fitou o ébano profundo e intenso. -- Não precisa ficar com ciúmes… Não fui ao encontro da Rebeka! -- Disse com um riso de canto de lábios. -- Meus interesses tinham outro alvo…
A jovem observava com atenção, via o ar de superioridade que ela exibia, o nariz arrogante e arrebitado.
-- Achas que tenho ciúmes? -- Questionou corando. -- Nem gosto de ti…
A Valerie assentiu, enquanto tomava-lhe a mão na sua, observando-a e tocando em uma espécie de massagem.
-- Quero falar contigo sobre o aconteceu na festa…
-- Não quero falar sobre isso! -- Tentou se soltar, mas a tentativa foi vã. 
-- Calma, não quero brigar, meu amor, só quero que conversemos… -- Falou baixo. -- Sei que não gosta de mim, mas sei que seu corpo reage ao meu… -- Trouxe-a mais perto.
-- Óbvio que não! -- Conseguiu se soltar, afastando-se. -- Não a suporto, não a quero, se quer saber, te odeio, odeio quando se aproxima de mim, odeio quando sinto seus lábios aos meus… -- Respirou fundo. -- Odeio ter te conhecido!
Natasha a encarou demoradamente e apenas assentiu com um gesto de cabeça. Seguiu até o piano, sentando-se na banqueta.
Os dedos longos passeavam pelas teclas e não demorou para os primeiros acordes serem ouvidos. 
Valentina permanecia parada, observando o tensão que era possível perceber nos ombros da ruiva.
O melhor a fazer era deixar o escritório e seguir até seu quarto, mas algo a impedia de fazê-lo. Ouviu a música e quando terminou, a arquiteta se levantou, encarando-a, mas o olhar não parecia o mesmo de antes, estava novamente cheio de deboche quando esboçou um sorriso.
-- Pelo menos continua virgem, assim seu casamento com a minha irmã não será maculado… Imagina… Se quiser, darei um vestido branco para combinar com a sua pureza…
A morena até tinha se arrependido das frases duras que falara, mas ao ver todo aquele sarcasmo, viu que ela merecia.
-- Sabe que quando o Leonardo me falou sobre o tipo de relação que você tinha com a minha amada irmã, não acreditei… Mas desde que assumi o lugar dela, vejo esse seu olhar escandalizado cada vez que te toco… Realmente você é única, baby! -- Passou a língua no lábio superior.
Valentina sentia as bochechas corarem, enquanto lhe apontava o indicador em riste.
-- Você é o ser humano mais desavergonhado que eu tive o desprazer de conhecer… -- Puxou o oxigênio. -- Uma safada… Uma vagabunda… Sim… sim… Você é pior que isso.
A ruiva observou a própria mão, olhando as unhas vermelhas como se fosse a coisa mais normal a se fazer, depois voltou a mirá-la.
-- Para uma futura duquesa, você anda com o vocabulário bem expressivo. A minha irmã vai amar…
           Valentina sabia que aquilo fazia parte da provocação que ela usava, sabia que o melhor a fazer era sair dali dignamente e seguir até o quarto, deitar em sua cama e dormir, porém havia algo dentro de si, uma força tão grande que lhe tirava o ar, que a fazia ansiar por feri-la, machucá-la com a mesma intensidade do prazer que ela lhe deu naquela noite.
       -- Duquesa que você nunca será… -- Apontou-lhe o dedo novamente. -- Talvez, a senhora devesse fazer uma terapia para se livrar do trauma que deve ser a Natasha Valerie.
             -- Você também fará quando eu te comer por completo, palhacinha de circo?
         A ruiva não teve tempo nem de exibir o sorriso vitorioso quando sentiu os cinco dedos em sua face com uma força descomunal, fazendo que sua cabeça pendesse para o lado. Mas não tinha acabado ainda. A morena não se dando por satisfeita, praticamente voou sobre a arquiteta. Natasha conseguiu se livrar das investidas, dominando-a. Pressionou-a de costas contra o piano, segurando-lhe as mãos contra o tampo das teclas.
         Valentina tentava se soltar de todas as formas possíveis, mas a ruiva conseguiu usar o corpo para imobilizá-la.
           -- Pare ou vai se machucar! -- Ordenou.
      De cabelos desgrenhados e os olhos negros cheio de raiva, ela continuava a esbravejar.
           -- Odeio você… Odeio com tudo de mim, odeio-a como nunca cheguei a imaginar ser possível em toda a minha vida… Mesmo se a Nathália fosse a culpada de tudo que se passou, seria por ti todo o meu ódio…
          A ruiva não pareceu se importar com o que era dito quando aproximou a boca da dela esfomiadamente. 
      A morena foi pega de surpresa, assustando-se com a paixão presente no toque. Sentiu as lágrimas lhe queimarem a face, enquanto correspondia com mais furor ainda a carícia cheia de intensidade. 
            Tentou livrar as mãos, porém a ruiva não parecia dar trégua.
Sentia a língua encontrar a sua e não se fez de rogada. Permitiu que a chupasse, deixou que fosse sugada, adorando ouvir a respiração acelerada da irmã de Nathália.
A perna da neta de Isadora adentrou a sua e Valentina apoiou-se a ela. Estava perplexa com o poderoso desejo que já se manifestava em si, coisa que não imaginara ser possível em tão pouco tempo. Quanto mais a odiava  mais seu corpo a queria.
Aspirou o cheiro dela, tentou resistir, porém a forma como a outra se movia contra si era terrivelmente sedutor.
A Valerie lhe soltou os braços e para sua felicidade, sentiu-a lhe abraçar pelo pescoço. Queria mais que tudo aquela mulher, seu ser parecia totalmente sem controle por não ter sido tocado quando estiveram no banheiro.
Segurou-lhe a cintura, trazendo-a mais para si. Abandonou os lábios sob protestos da jovem, seguindo a carícia pelo pescoço esguio.
A trapezista fechou os olhos, enquanto a sentia mordiscar a pele. Espalmou as mãos nas madeixas ruivas, deliciando-se com os fios macios e cheirosos. Observou a boca descer pelas alças da camisola e desejou sentir os seios sendo acariciados por ela.
Ensaiou um protesto que não veio!
Fitaram-se por intermináveis segundos.
Valentina viu a marca de dedos na face da ruiva. Tocou lentamente-a com os dedos longos… Como se estivesse a eternizar cada detalhe em sua memória. Tocou o nariz arrebitado e ao passar pelos lábios, sentiu-o inchado o superior… Vermelhos como uma suculenta maçã.
-- O que está fazendo comigo, Natasha? Que diabos é isso? -- Questionou baixinho em lágrimas.
A arquiteta ficou em silêncio, parecia difícil falar algo, não era acostumada a esse tipo de situação, ainda mais quando se tratava da circense. 
-- Eu quero você… -- Tomou-lhe a mão e levou-a entre os seios sobre o roupão. -- Sinta… Veja como está acelerado… Preciso… Eu necessito...
A morena sentia as batidas do coração e desejou abraçá-la para senti-lo em seu corpo, mas algo a incomodou.
-- Não, não vou ceder, achas que não sei do seu jogo duplo? -- Tentou se desvencilhar, mas a ruiva a deteve. -- Ora está comigo, ora com a Rebeka…
A Valerie sabia que ela tinha ciúmes da loira e sabia que era culpada por aquilo, mas como lhe falar que a amante da irmã não a fazia sentir nada, diferente dela...
-- Com ela se trata de encenação… quero você… Só você…
-- Achas que não vi o olhar dela para ti? -- Suspirou irritada. -- Foi ao encontro dela! -- Acusou-a.
-- Não fui, amor… -- Baixou-lhe as alças da camisola. -- Só pensei em ti desde que a toquei… Estou queimando e o que mais desejo é poder consumar a vontade que tenho de senti-la por completo. -- Desnudou o colo, olhando-o, mordiscou o lábio inferior e logo a encarou. -- quer que eu pare? -- Usou o polegar para trocar as laterais dos seios, intumescendo os mamilos. -- É isso que deseja? -- Acariciou a pele, enquanto não lhe abandonava o rosto.
        Mais uma vez Valentina sentiu aquele vulcão dominar todos os seus poros. Queria-a mais que tudo, porém sabia que não deveria querê-la. Aquilo parecia uma espécie de maldição, uma praga antiga que fora rogada, pois os protestos não saiam.
Cerrou os olhos, enquanto se deliciava com a massagem no busto. As unhas arranhavam delicadamente, depois apertava-os com mais força.
              Fitou-a.
          A respiração de ambas pareciam pesadas, como se o oxigênio não chegasse aos pulmões.
        Observou a abertura do roupão, viu as sardas. As mesmas que lhe enfeitavam o nariz arrebitado. 
Umedeceu os lábios como se estivessem secos.
Inclinou a cabeça para trás e viu a porta que não estava totalmente fechada. Voltou a fitar a neta de Isadora.
            -- Deixa eu te ver nua… -- Pediu com a face em brasas.
           Natasha semicerrou os olhos em espanto diante do que ouvia, mas não negou o que fora solicitado.
       Afastou-se alguns centímetros e sem deixar de fitá-la, começou a desamarrar lentamente a veste, deixando a peça cair no chão.
            A morena sentiu um arrepio na espinha ao mirar a minúscula calcinha que ela estava a usar. Os seios eram redondos… medianos… as pintas vermelhas enfeitavam a pele rosada. Observou o abdome liso… a cintura fina… o quadril arredondado e ao encontrar o centro do prazer feminino, voltou a encará-la.
             Os lábios carnudos estavam entreabertos, deixando a mostra os dentes alvos.
             Antes que Valentina pudesse falar algo, Natasha lhe segurou pela nuca, trazendo a boca da trapezista para encostar a sua novamente. A morena não tinha nem forças para resistir. Apenas correspondia com paixão as carícias.
           A ruiva a livrou da camisola e adorou o fato da jovem está sem calcinha. Interrompeu o beijo para lhe falar:
-- Lembra quando a encontrei aqui uma certa noite… -- Falava bem próximo dela. -- Do livro… De você não estar usando peça íntima… Eu precisei me segurar para não ir atrás de ti e devorar cada parte do seu corpo… -- Dizia sem fôlego.
-- Fiquei assustada naquele dia…
-- E eu tão excitada… --Colou-se a ela, sentindo o calor do corpo moreno mesclar-se ao seu.
             Natasha a queria mais que tudo naquele momento e por essa razão não abriria mão de tê-la por completo, saciando toda aquela fome que parecia não ter mais fim. Esfregou-se a pele dela, sentindo o atrito produzido pelos seios em contato. Sentia o tecido da calcinha tão molhado que duvidava que aquele líquido fosse só seu.
               Valentina acolheu a perna entre as suas, ralando o sexo na coxa bem feita. Gemeu contra os lábios da arquiteta, cravando as unhas em seus ombros, enquanto executava uma dança, movendo os quadris contra ela.
    Era possível ouvir a fricção do contato escorregadio.
              Timidamente, passou a mão pelas costas da neta de Isadora, descendo lentamente até chegar ao bumbum arredondado e firme. Apertou-o contra si, adorando a maciez. Cravou as unhas nele, arranhando-o.
              Voltaram a se encarar, a respiração acelerada.
               A ruiva se livrou da minúscula calcinha, depois voltou a posição de antes.
          -- Dessa vez meu corpo também deseja a satisfação… -- Sentou-a sobre a parte coberta do teclado. -- Eu quero mais… -- colocou-se entre as pernas dela. -- E então? Vai me bater se eu seguir em frente? -- Provocou-a.
              A morena parecia ponderar sobre tudo, sabendo que jamais voltaria a ser a mesma depois de ceder a vontade que a dominava, porém não o fazer lhe condenaria ao mesmo sabor amargo que seria um possível arrependimento. O que poderia fazer? Sua carne estava a latejar pelas carícias dela, a paixão era uma droga cruel e prazerosa naquele momento.
             Corajosa, tomou-lhe as mãos, colocando-as nos próprios seios, adorando o contato.
           -- Eu sei que não devo, mas o desejo de dar pra você é maior que qualquer coisa… Tome o que quer hoje… agora… amanhã penso nas consequências desse ato.
           A ruiva exibiu um misterioso sorriso, enquanto tomava-a novamente para si.
        Beijou-a longamente, enquanto lhe acariciava a pele, enquanto apertava-lhe os seios, descendo os lábios pelo pescoço, chegando ao busto.
           Valentina apoiou as mãos por trás, tentando assim dar total acesso ao colo desnudo. Empinava-se para poder sentir melhor.
              Gemeu quando a sentiu morder o mamilo… Gemeu ainda mais alto quando a viu mamar com intensidade… Sentiu-a chupar forte, enquanto massageava o outro, apertando-o, amassando-o...
          Curiosa, começou a deslizar as mãos pelos seios da ruiva, desejando lhe proporcionar o mesmo prazer que estava a sentir.
                 Miraram-se.
                Natasha sorriu, depois a desceu do piano, tomou-lhe a mão, levou-a consigo até o sofá
               Sentou, depois fê-la sentar em seu colo em posição de amazonas, montando-a.
              Valentina tentou se levantar, mas foi detida. Parecia constrangida com a exposição.
             -- Vai ser mais gostoso… Apenas sinta… -- Voltou a lhe beijar.
               A jovem iria protestar novamente, mas teve suas reclamações sufocadas por um beijo.
                A carícia molhada se mostrava exigente.
                Faminta, Valentina lhe capturou a língua. Prendendo-a entre os dentes e depois chupando-a com loucura.
             Natasha lhe massageava as coxas, afagando-a sem pressa, enquanto permitia que a morena dominasse o beijo. Lentamente tateou o sexo aberto para si. Usou o polegar para tocá-lo com cuidado e sentiu o quão escorregadia e molhada ela se mostrava. Continuou os movimentos sentindo-a mexer o quadril contra sua mão.
          Voltou a tocar e dessa vez usou os nódulos dos dedos para brincar com o sexo úmido.
               A trapezista grunhiu contra seus lábios.
               A ruiva a fitou e viu a face corada.
        Usou o indicador para tocá-la com mais intensidade e viu os olhos negros se estreitarem em deleite, ousou mais, mexendo com dois dedos, aproveitando a paixão que via brilhar nos olhos negros.
             --Disse que me daria? -- questionou com voz rouca e baixa. -- Agora eu quero tudo… -- Levou os dedos lambuzados a própria boca, chupando os dois de uma vez.
-- Qual o sabor? -- indagou fascinada e curiosa.
A ruiva via os olhos negros brilharem e voltou a lhe tocar o sexo ensopado, fê-lo com delicadeza, lentamente, tentando tirar o máximo do líquido que parecia não ter fim.
Aproximou da boca dela.
-- Prova! 
Valentina hesitou por alguns segundos até que passou a língua pelo indicador que ela lhe apontava. 
Natasha observava a ponta da língua deslizar por seu dedo, enquanto o olhar não lhe abandonava a face, cerrou os dentes quando a sentiu chupar até não deixar resquício do “mel”. 
-- A sua também tem esse sabor?
A arquiteta sentiu o latejar em seu íntimo diante daquele ar inocente e ousado. Em sua mente imaginava aquele boca bonita lhe explorando a carne.
-- Não saberia dizer…-- Umedeceu o lábio superior. 
A trapezista arqueou a sobrancelha em desconfiança e logo se aproximava da boca da neta rejeitada. Beijou-a lentamente, esfregando os lábios aos dela. Desceu pelo pescoço, mordiscando-o, lambendo-o, depois abaixou a cabeça para provar dos seus rosados. Nath inclinou-se mais para frente, dando-lhe acesso. Fechou os olhos ao sentir a língua lhe circundar o mamilo, brincando com o biquinho duro. Mas não fora isso que lhe tirou todas as forças, mas sim, quando sentiu a mão lhe acariciar o abdome e logo chegar ao seu sexo.
Olhou-a, mas a jovem parecia tão concentrada que não a viu. Observou-a se afastar um pouco para ter mais acesso.
Os dedos lhe tocavam com cuidado, como se temessem feri-la. Abriu mais as pernas e logo sentia o dedo médio fazer movimentos circulares…
A morena voltou a lhe capturar os seios, mamando-os, imitando a forma que fora tocada, continuando a exploração pela parte sensível da anatomia feminina.
Gemeu baixinho, enquanto fechava os olhos se deliciando com o toque desajeitado, porém delicioso que recebia.
Moveu os quadris para fazê-la aumentar a pressão. Sabia que não demoraria a chegar ao seu límite, por isso a deteve. Segurando-lhe a mão.
A circense a mirou constrangida.
-- Fiz tudo errado, não é?
Natasha sorriu.
-- Não, mas eu não aguentaria por muito tempo… -- Disse com a respiração acelerada. -- Se você continuasse, eu gozaria bem gostoso…
-- E você não deseja isso? -- Levou o dedo à boca, lambendo-o como fez antes. -- O seu é mais gostoso. -- Disse com um sorriso.
A arquiteta então viu as covinhas na bochecha e os olhos se estreitarem do mesmo jeito que viu no navio quando ela tinha a criança nos braços.
Louca de desejo, voltou a beijá-la, mas logo se levantou, trazendo-a consigo. Valentina lhe abraçou pelo pescoço, desejando se fundir a ela. A ruiva colocou uma das pernas sobre o sofá, fazendo com que assim os sexos se encontrassem de forma mais acessível.
         -- Eu quero você... Só você... -- A morena repetia entre sussurros.
A Valerie lhe segurava as nádegas, pressionando-a contra si, fazendo-a se mover de encontro ao seu corpo.
         Virou-a de costas, fazendo-a apoiar o joelho no estofado. Esfregou-se ao seu bumbum, enquanto voltava a lhe acariciar o sexo.
          A jovem Rodrigues inclinou o pescoço para poder vê-la...Mexia-se no ritmo dos dedos, abriu-se mais...
           A ruiva não deixava de fitá-la, vendo-a fechar estreitar os olhos, enquanto mantinha os lábios entreabertos. Via os dentes alvo.
          Pressionou mais... 
          -- Ah...
          Aliviou, tocando-a com mais cuidado, movimentou o polegar em círculo, depois usou o indicador para buscar  a entrada... Usou a outra mão para lhe tocar o seio, amassando-o, apertando o mamilo até fazê-la gemer alto.
           Natasha se esfregava contra ela... Movia-se contra as nádegas bem feitas...
           Os olhos negros não abandonavam os verdes...
           -- Acho que... acho que irei desmaiar... -- A circense dizia. -- Meu corpo não tem... Forças...
           Os cabelos ruivos estavam colados à nuca e na face havia pingos de suor.
            Sorriu diante do olhar apaixonado.
            -- Eu quero muito mais ainda...
Continuou a acariciar o delicioso triângulo, abrindo-a mais... Forçando mais...
A respiração de ambas estava acelerada…
Valentina se movia com descontrole… Não tinha mais domínio das próprias ações.
A ruiva cessou os movimentos, virando-a para si, observou a frustração no olhar bonito. Beijou-lhe rapidamente os lábios.
-- Temos a madrugada toda… -- Lentamente fê-la deitar no carpete felpudo.
Ficou observando-a, vendo-a dobrar as pernas, abrindo-as, as mãos foram estendidas em um convite. 
Ajoelhou-se diante diante da bela fêmea, fitando-a, enquanto se deitava sobre ela.
A jovem a acolheu.
Natasha se apoiou nos braços, enquanto buscava a posição para os corpos.
A circense lhe procurou mais uma vez os lábios, abraçando-a, deliciando-se com o contato das peles.
-- Mexe comigo… -- a arquite pediu contra a boca dela. -- Quero que venha junto...
A morena assentiu, enquanto percebia como seu quadril estava colado ao dela… Os sexos pareciam se engolir… Devorando-se, batalhando... Moviam-se, dançando em um ritmo que alternava entre entre rápido e lento…
-- Natasha… -- A trapezista sussurrava… -- Por favor… Eu não aguento mais… Não aguento… Não aguento… -- Repetia. -- Dê-me... Eu quero agora...
A Valerie aumentou os movimentos… Esfregando com mais força, ouvindo o som que era produzido e os gemidos que saiam dos lábios bonitos da namorada da irmã.
Sentiu-a estremecer, mas não cessou os movimentos, aumentando ainda mais as fricções, Ouviu-a gritar, segurou-lhe os braços sobre a cabeça, mexendo impetuosamente até sentir o ar faltar em seus pulmões... sentiu o poderoso prazer lhe dominar… Desabou sobre ela…
Valentina sentiu ainda mais forte que a primeira vez… Estreitou-a, sentindo o coração dela bater acelerado contra o seu.
Encararam-se… Pareciam dispostas a falar tudo, mas aquele olhar parecia uma lousa com mil palavras escritas...



Leonardo tinha acabado de deitar para dormir quando o telefone tocou.
Estendeu a mão e viu que se tratava do detetive.
Sentou-se preocupado diante do olhar apreensivo de Helena.
-- O que houve, Rick?
Ficou em silêncio enquanto ouvia o que o detetive falava. Depois de alguns minutos desligou.
-- O que aconteceu? -- A mulher questionou.
Antonini ainda estava a olhar para o aparelho quando encarou a esposa.
-- Nathália foi encontrada desacorda em um terreno que a Natasha comprou para construir um novo prédio.

Comentários

  1. Fazendo uma segunda leitura percebi que Natasha chamou a Valentina de amor por duas vezes. Acho que natasha já começa a demonstrar seus sentimentos.muito fofo as duas juntas.

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    1. Ah, sim, a Natasha está perdida pela circense, agora é saber como lidar com esse sentimento de uma vez, pois as coisas agora não serão tão fáceis.
      Beijos, linda!

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  2. Que capítulo heim! Perfeitíssimo! Elas estão perdidinhas !!!!! Adorando

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    1. Ah, sim, agora a paixão falou mais alto, agora teremos as emoções a flor da pele.
      Beijão!

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  3. Não tem como não amar as suas histórias autora. Capítulo maravilhosa,essas duas ainda não se deram conta de que realmente sentem.
    A irmã do mal aparece e as coisas devem começarem a serem desvendada.

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    1. Olá, linda, sempre um prazer seus comentários, e sempre sou grata por tê-la acompanhando os meus textos. Agora com o retorno da Nathália, vamos ver o que teremos.
      Um beijão!

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  4. Quando sai o próximo? Estou ansiosa.
    Parabéns pela escrita... Seu trabalho me devolveu a paixão pela leitura.

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    1. Olá, linda, agradeço e me sinto feliz por saber disso... Espero que goste do próximo capítulo. Beijos

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  5. Qdo sai o próximo capítulo???? 😍😍😍

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